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Logosofia Ciencia e Metodo, Notas de estudo de Administração Empresarial

Logosofia Ciencia e Metodo find

Tipologia: Notas de estudo

2017

Compartilhado em 28/10/2017

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alessandro-pereira-dias-6 🇧🇷

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Baixe Logosofia Ciencia e Metodo e outras Notas de estudo em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity! Lo go so fi a Ca rlo s B er na rd o Go nz ál ez P ec ot ch e R AU M SO L LO GO SO FI A CI ên CI A E M éT OD O As penetrantes verdades da Logosofia estão destinadas a revolucionar as ideias que, até o presente, existiram sobre a psicologia humana. Como ciência integral, a Logosofia se vale de suas próprias concepções, expondo com clareza os conhecimentos que delas emanam. Cada inteligência pode facilmente apreciar seus valores, e cada alma captar o significado profundo de seu aparecimento nestes momentos cruciais para a humanidade. A verdade logosófica traça um roteiro seguro, chamando à realidade aqueles que têm vivido à margem dela e confun- dido a verdadeira orientação psicológica com as abstrações metafísicas. Os filósofos e psicólogos sinceros, aqueles que não especulam com a ignorância humana, terão neste livro a oportunidade de examinar os conteúdos desta ciência e deles extrair as conclusões ditadas pelo acerto com que o fizerem. Desdenhá-los seria fechar os olhos para uma realidade que, além de visível, é palpável. A Logosofia marca o princípio de uma nova cultura, nascida na República Argentina, pátria do autor. Não veio do estrangeiro, com ressonâncias europeias ou exóticas, que tanto seduzem e, ao mesmo tempo, apequenam a mentalidade nativa. Pela primeira vez em nossa história, não foi necessário importar de outras culturas a “matéria-prima”. As “jazidas” da Logosofia são inesgotáveis e haverão de abastecer o mundo inteiro. É ela uma nova energia mental que ilumina o homem por dentro, permitindo-lhe conhecer a si mesmo nos mais recônditos meandros de sua psicologia. A Fundação Logosófica, instituição onde é ministrado e praticado o ensino desta nova ciência, expande-se atual- mente por vários continentes e, com suas sedes culturais, tem presença oficializada em muitos países. é este um livro de estudo que abre rumos seguros ao encaminhamento da atenção para os grandes objetivos prefixados pela Logosofia: o conhecimento de si mesmo, dos semelhantes, dos mundos mental e metafísico, e, acima de tudo, o acercamento à Sabedoria Eterna, pelo enriquecimento da consciência e pela elevação do espírito até sua verdadeira e integral formação, determinada pela conexão do homem com seu Criador mediante a identificação entre o espírito e o ente físico ou alma. www.editoralogosofica.com.br LOGOSOFIAciência e método Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL LOGOSOFIAciência e método Técnica da formação individual consciente Lo go so fi a Ca rlo s B er na rd o Go nz ál ez P ec ot ch e R AU M SO L LO GO SO FI A CI ên CI A E M éT OD O As penetrantes verdades da Logosofia estão destinadas a revolucionar as ideias que, até o presente, existiram sobre a psicologia humana. Como ciência integral, a Logosofia se vale de suas próprias concepções, expondo com clareza os conhecimentos que delas emanam. Cada inteligência pode facilmente apreciar seus valores, e cada alma captar o significado profundo de seu aparecimento nestes momentos cruciais para a humanidade. A verdade logosófica traça um roteiro seguro, chamando à realidade aqueles que têm vivido à margem dela e confun- dido a verdadeira orientação psicológica com as abstrações metafísicas. Os filósofos e psicólogos sinceros, aqueles que não especulam com a ignorância humana, terão neste livro a oportunidade de examinar os conteúdos desta ciência e deles extrair as conclusões ditadas pelo acerto com que o fizerem. Desdenhá-los seria fechar os olhos para uma realidade que, além de visível, é palpável. A Logosofia marca o princípio de uma nova cultura, nascida na República Argentina, pátria do autor. Não veio do estrangeiro, com ressonâncias europeias ou exóticas, que tanto seduzem e, ao mesmo tempo, apequenam a mentalidade nativa. Pela primeira vez em nossa história, não foi necessário importar de outras culturas a “matéria-prima”. As “jazidas” da Logosofia são inesgotáveis e haverão de abastecer o mundo inteiro. É ela uma nova energia mental que ilumina o homem por dentro, permitindo-lhe conhecer a si mesmo nos mais recônditos meandros de sua psicologia. A Fundação Logosófica, instituição onde é ministrado e praticado o ensino desta nova ciência, expande-se atual- mente por vários continentes e, com suas sedes culturais, tem presença oficializada em muitos países. é este um livro de estudo que abre rumos seguros ao encaminhamento da atenção para os grandes objetivos prefixados pela Logosofia: o conhecimento de si mesmo, dos semelhantes, dos mundos mental e metafísico, e, acima de tudo, o acercamento à Sabedoria Eterna, pelo enriquecimento da consciência e pela elevação do espírito até sua verdadeira e integral formação, determinada pela conexão do homem com seu Criador mediante a identificação entre o espírito e o ente físico ou alma. www.editoralogosofica.com.br LOGOSOFIAciência e método Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL LOGOSOFIAciência e método Técnica da formação individual consciente Lo go so fi a Ca rlo s B er na rd o Go nz ál ez P ec ot ch e R AU M SO L LO GO SO FI A CI ên CI A E M éT OD O As penetrantes verdades da Logosofia estão destinadas a revolucionar as ideias que, até o presente, existiram sobre a psicologia humana. Como ciência integral, a Logosofia se vale de suas próprias concepções, expondo com clareza os conhecimentos que delas emanam. Cada inteligência pode facilmente apreciar seus valores, e cada alma captar o significado profundo de seu aparecimento nestes momentos cruciais para a humanidade. A verdade logosófica traça um roteiro seguro, chamando à realidade aqueles que têm vivido à margem dela e confun- dido a verdadeira orientação psicológica com as abstrações metafísicas. Os filósofos e psicólogos sinceros, aqueles que não especulam com a ignorância humana, terão neste livro a oportunidade de examinar os conteúdos desta ciência e deles extrair as conclusões ditadas pelo acerto com que o fizerem. Desdenhá-los seria fechar os olhos para uma realidade que, além de visível, é palpável. A Logosofia marca o princípio de uma nova cultura, nascida na República Argentina, pátria do autor. Não veio do estrangeiro, com ressonâncias europeias ou exóticas, que tanto seduzem e, ao mesmo tempo, apequenam a mentalidade nativa. Pela primeira vez em nossa história, não foi necessário importar de outras culturas a “matéria-prima”. As “jazidas” da Logosofia são inesgotáveis e haverão de abastecer o mundo inteiro. É ela uma nova energia mental que ilumina o homem por dentro, permitindo-lhe conhecer a si mesmo nos mais recônditos meandros de sua psicologia. A Fundação Logosófica, instituição onde é ministrado e praticado o ensino desta nova ciência, expande-se atual- mente por vários continentes e, com suas sedes culturais, tem presença oficializada em muitos países. é este um livro de estudo que abre rumos seguros ao encaminhamento da atenção para os grandes objetivos prefixados pela Logosofia: o conhecimento de si mesmo, dos semelhantes, dos mundos mental e metafísico, e, acima de tudo, o acercamento à Sabedoria Eterna, pelo enriquecimento da consciência e pela elevação do espírito até sua verdadeira e integral formação, determinada pela conexão do homem com seu Criador mediante a identificação entre o espírito e o ente físico ou alma. www.editoralogosofica.com.br LOGOSOFIAciência e método Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL LOGOSOFIAciência e método Técnica da formação individual consciente LOGOSOFIAciência e método Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL Técnica da formação individual consciente 12ª edição Editora Logosófica 2013 Título do original Logosofía, Ciencia y Método Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL Tradução Filiados da Fundação Logosófica do Brasil Projeto Gráfico Carin Ades Produção Gráfica Adesign Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) González Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963. Logosofia : ciência e método : técnica da formação individual consciente / Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol). – 12. ed. – São Paulo: Logosófica, 2013 Título original: Logosofía, ciencia y método. ISBN 978-85-7097-088-6 1. Logosofia I. Título. II. Título: Técnica da formação individual consciente. 13-01068 CDD – 149.9 Índices para catálogo sistemático: 1. Logosofia : Doutrinas filosóficas 149.9 Copyright da Editora Logosófica www.editoralogosofica.com.br | www.logosofia.org.br Fone/fax: (11) 3804 1640 Rua General Chagas Santos, 590-A – Saúde CEP 04146-051 – São Paulo-SP – Brasil Da Fundação Logosófica Em Prol da Superação Humana Sede central: Rua Piauí, 762 – Bairro Santa Efigênia CEP 30150-320 – Belo Horizonte-MG – Brasil Vide representantes regionais na última página. Editora afiliada Uma verdade é inefável quando sentida e compreendida no íntimo do ser. Nesse instante, o espírito recebe o eflúvio da luz cósmica e experimenta, como entidade consciente, a sensação de eternidade até em seu existir físico. LIÇÃO V O SISteMA SenSíveL Sua configuração – A sensibilidade – Os sentimentos – As faculdades sensíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71 LIÇÃO VI O SISteMA InStIntIvO Sua definição e atividade como força energética – As energias do instinto a serviço do espírito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79 LIÇÃO VII O enSInAMentO LOGOSÓFIcO Suas particularidades e atributos – Seu valor – Dois aspectos do poder fecundante do ensinamento – Requisito para sua assimilação – Como adaptar a mente ao ensinamento – Norma indeclinável de conduta . . . . . . . . . . . . . . . .85 LIÇÃO VIII O MétOdO LOGOSÓFIcO Suas qualidades e alcances – Estrutura e função do método – Um aspecto de seu exercício prático – O método logosófico no conhecimento de si mesmo – Campo experimental do conhecimento logosófico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99 LIÇÃO IX dIRetRIzeS que AjudAM nO APeRFeIçOAMentO IndIvIduAL A condução consciente da vida – Defesas para a mente – A pergunta, fator de indagação – A dieta mental – Trabalho de interpretação do ensinamento – As diretrizes do conhecimento transcendente não devem ser alteradas – O ambiente no desenvolvimento da vida interna – A edificação do permanente no homem – O valor do tempo – A paciência ativa e consciente – O afeto, princípio fixador das relações humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 PARte FInAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .141 PRÓLOGO 13 PRÓLOGO O benefício é, pois, imponderável de qualquer ponto de vista, e o exercício e a prática dos conhecimentos que por esse meio são adquiridos facilitam grandemente a realização do processo de evolução consciente que, como dissemos, leva ao exato conhecimento de si mesmo, dos semelhantes e do verdadeiro mundo metafísico. Aprender Logosofia é conhecer uma técnica nova para encarar a vida com auspiciosos resultados. Para essa finalidade conduz o pensamento logosófico exposto nas páginas deste livro, que o autor oferece a quantos queiram experimentar por conta própria tudo o que nele está dito. C. B. G. P. 15 LIÇÃO I A LOGOSOFIA Atributos da nova ciência O caminho da evolução consciente Características fundamentais do conhecimento logosófico A reação psicológica de um hábito Potencialidade dos novos conceitos Um poderoso reconstituinte psicológico e espiritual A firmeza na determinação de superar-se Bases para a capacitação logosófica ATRIBUTOS DA NOVA CIÊNCIA A Logosofia é sabedoria criadora, porque os conhecimentos que dela emanam lhe são consubstanciais em sua totalidade: formam um todo indivisível e imutável. Sustenta seus ensina- mentos com o extraordinário vigor de sua força estimulante e apoia cada uma de suas verdades na evidência mesma de sua realidade incontestável. Seu nome reúne numa só palavra os elementos gregos lógos e sophía, que o autor adotou, dando-lhes a significação de verbo criador ou manifestação do saber supremo, e ciência original ou sabedoria, respectivamente, para designar uma nova linha de conhecimentos, uma doutrina, um método e uma técnica que lhe são eminentemente próprios. 18 Logosofia, ciência e método O homem sempre pressentiu um algo além, uma prolongação indefinida de sua existência, que chegasse inclusive a identi- ficá-lo com a própria divindade que anima a Criação. Para sua desdita, pretendeu internar-se nessas zonas profundas, e de difícil acesso a toda inteligência carente de ilustração superior, sem os conhecimentos que haveriam de auxiliá-lo nessa realização. A Logosofia proporciona, com seus conhecimentos, o ingresso nessas zonas, cujo percurso o homem haverá de iniciar – como é lógico – a partir da primeira parte do grande processo evolutivo consciente. Esse processo ou caminho excepcional, traçado pela Logosofia, percorre-se em virtude do método que lhe é próprio. Sua sólida e reta construção tem sido posta à prova durante anos de incessante e esforçado trabalho, e é um caminho aberto a todos, sem exceção, ainda que por ele não possam marchar os que pretendam levar sobre os ombros o peso de seus preconceitos, de suas crenças ou de suas dúvidas. Por esta razão, a Logosofia estabeleceu o percurso de um prudente trecho preparatório que, ao ser coberto com verdadeiro anelo de superação, permite o desprendimento gradual dos preconceitos e a eliminação das dúvidas. O caminho logosófico é tão longo como a eternidade, porque é o caminho determinado pela lei de evolução, que impera sobre 19 a logosofia todos os processos que se realizam dentro da Criação. Eis sua extraordinária virtude. O homem comum anda por esse caminho alheio às prerrogativas que essa lei lhe concede, e seu avanço é tardio e penoso, mas poderá percorrê-lo conscientemente tão logo seus passos sejam guiados pelas luzes do conhecimento transcendente. Seu trajeto só está vedado à ignorância humana, mas não aos que deixaram para trás as etapas preparatórias desse conhecimento. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO CONHECIMENTO LOGOSÓFICO Em geral, o ser humano ignora que, além da instrução que recebe – compreendendo até a mais esmerada educação e a ilustração que é possível obter na universidade em matéria de especialização técnica e científica –, existem uma cultura e uma ciência cujos conhecimentos, não sendo semelhantes aos minis- trados nos centros oficiais de estudo, têm de ser adquiridos fora deles, pelo esforço pessoal e dedicação intimamente estimulados e postos a serviço de um ideal cuja concepção escapa às conside- rações e juízos correntes. Para empreender tarefa de tão vastos alcances, nada se deve ignorar do que concerne à própria constituição psicológico-mental e, além disso, cumpre conhecer profundamente o mistério dos pensamentos; mistério que deixará de sê-lo tão logo a inteli- gência atue sobre eles, dominando-os e fazendo-os servir aos 20 Logosofia, ciência e método propósitos de uma cabal superação, isto é, tão logo o ser esteja capacitado para proceder a um reajustamento consciente e efetivo de sua vida. Não será possível ao homem, por mais empenho e boa vontade que ponha nisso, criar dentro de si uma nova individualidade, com características que a façam superior à que possui, se não adquirir e utilizar para esse fim conhecimentos como os ofere- cidos pela Logosofia, que constituem toda uma especialidade. Dizemos que constituem uma especialidade porque são de índole ou natureza diferente se comparados aos conheci- mentos de uso corrente; de uma diferença substancial, pois compreendem um sistema ainda desconhecido para o mundo da ciência. Se estivessem em seu acervo, sem dúvida já teriam sido empregados. Tais conhecimentos promovem no espírito humano um novo gênero de vida, que proporciona enormes satisfações e permite colocar o entendimento muito acima da conduta comum e das apreciações generalizadas. É fundamental sua força estimulante e construtiva; estimulante, pelos benefícios imediatos que traz; construtiva, porque organiza a vida para cumprir ciclos de evolução muito superiores ao processo lento que a humanidade tem seguido até aqui. 23 a logosofia a decidir-se por uma realidade que, em muitos casos, chega a ser-lhe inevitável. Contudo, a experimentação do novo deve ser feita, já que é imprescindível para comprovar sua eficácia, sua utilidade ou, pelo menos, as vantagens que representa para o homem sobre o já conhecido e generalizado. POTENCIALIDADE DOS NOVOS CONCEITOS Ninguém ousará negar, sem contrariar a lógica, que, à medida que o homem avance na conquista do saber, os conceitos sejam suscetíveis de evoluir. Negá-lo seria negar a própria evolução, que é sinal de superação e aperfeiçoamento; seria pretender a permanência do homem na ignorância de suas grandes prerro- gativas humanas e espirituais. A Logosofia, ao anunciar que chegou a hora da evolução cons- ciente, modifica radicalmente os conceitos que nesta ordem de ideias foram adotados como satisfatórios às exigências intelectuais e às necessidades espirituais de cada época. A desorientação atual é sinal inconfundível de que tais conceitos já não conseguem satisfazer a essas exigências, e o espírito humano hoje clama, imperativamente, por uma solução para o intrincado e sombrio problema que paira sobre a vida de cada indivíduo. 24 Logosofia, ciência e método Já dissemos que o homem tem experimentado durante séculos a necessidade de vincular-se metafisicamente a Deus. Na falta de conhecimentos que lhe permitissem realizar essa esperança, permitiu a falácia e o absurdo de crenças e promessas que, ao contrário, adormeceram sua alma. O avanço do tempo o foi despertando desse sonho pernicioso, e ele, erguido de novo, inquieto e ansioso, reclama com insistência cada vez mais firme o conhecimento orientador de sua existência. Os novos conceitos, os conceitos logosóficos, haverão de ir se impondo inevitavelmente, porque consubstanciam verdades inatacáveis e estão sustentados por uma excepcional força lógica, que impele o homem a comprovar por si mesmo sua transcendental realidade. Porém este deverá abrir os olhos; não fechá-los, como os fanáticos, que não querem ver nem ouvir. Deverá abrir os olhos ao eflúvio benéfico e construtivo dos novos conhecimentos, destinados a iluminar a vida e libertá-la da opressiva escravidão em que foi submergida pelo bloqueio dos velhos conceitos. Todo conceito que o homem não modifica com sua evolução se torna um preconceito, e os preconceitos acorrentam as almas à rocha da inércia mental e espiritual. 25 a logosofia UM PODEROSO RECONSTITUINTE PSICOLÓGICO E ESPIRITUAL O conhecimento logosófico age como tal no interior do ser, ao propiciar, animar e estimular pensamentos que transformam a vida indiferenciada e comum em vida de plenitude. Se pensamentos de ordem corrente podem levar o homem a realizar um estudo ou uma viagem; se esses mesmos pensa- mentos podem carregá-lo até um teatro, um baile, uma reunião, etc., ou impulsioná-lo a qualquer atividade sem repercussão positiva na vida de seu espírito, o pensamento logosófico, em virtude de sua força construtiva, pode conduzi-lo – com sobeja razão – a assistir com verdadeiro interesse à sua própria trans- formação. Esta se vai produzindo mediante a aplicação desse mesmo pensamento aos movimentos internos e externos da vida; isto equivale a dizer que, enquanto se aprofunda no ensi- namento e se aperfeiçoa por meio dele o mecanismo pensante, vão sendo levadas a cabo as mais extraordinárias mudanças que o ser humano pode experimentar dentro de si. Essa transformação se evidencia num sem-número de manifes- tações, que ultrapassam as possibilidades de antes e ampliam o campo de projeção do espírito, coisa que influi muito favo- ravelmente, e com fundados motivos, sobre o ânimo. Não sente inexprimível satisfação aquele que adquire uma porção de terra para acrescentar à que já possui, sobretudo se esta é pequena? E essa ampliação de seus domínios não o faz acalentar 28 Logosofia, ciência e método universal plasmada em sinais de sabedoria, por ser ela modelo insubstituível para todas as inspirações do pensamento. Com esse fim terá sempre presente que, desde o começo do trabalho, será necessário exercer um grande domínio sobre as próprias ações, isto é, desde o princípio terá de lutar contra uma tendência muito comum, caracterizada pela forma sutil com que se manifesta; referimo-nos à inconsciência, essa cortina de fumaça que, por momentos, costuma obscurecer as visões mais claras, as concepções mais puras e os pensamentos mais brilhantes. A inconsciência não é outra coisa que o antigo hábito, por demais arraigado, de permitir que os fatos, as coisas e até os pensamentos flutuem sempre na superfície do pequeno mundo individual, sem penetrar em seu interior e, muito menos, em suas profundezas, como nos casos em que a consciência atua. É assim que, dominada a vida pela pressão de ambientes contrários ou pouco propícios às aspirações internas de superação e aper- feiçoamento, o homem se deixa levar amiúde por pensamentos que o entretêm em coisas pueris, que a nada conduzem, salvo a debilitar a vontade e eclipsar a inteligência mediante a sugestão do fácil e o artifício das aparências nos múltiplos aspectos de que se reveste. 29 a logosofia O desconhecimento em que o homem permaneceu acerca da prerrogativa de evoluir conscientemente, com a qual o Criador o distinguiu, foi acentuando nele uma resistência que obstina- damente abate seu ânimo, toda vez que se propõe a encaminhar seus esforços para a conquista de tão apreciado bem. Daí que as solicitações do espírito se vejam com frequência postergadas. Contra essa tendência funesta que oprime a vida, submergindo-a numa inércia suicida, dever-se-á lutar com empenho e valentia, pois do triunfo surgirá a força que haverá de impedir os esmore- cimentos e as reações céticas do temperamento. Para não sofrer os padecimentos da angústia moral, a vida humana deverá ser preenchida com o bem, com esse bem imenso que se desprende generosamente da vida universal, e que o conhecimento logosófico põe ao alcance do homem. Tendo isto presente, fácil será ceder às solicitações do espírito, dispondo-se com perseverança a satisfazer suas exigências. Isso significa dar à vida um conteúdo inestimável. 30 Logosofia, ciência e método BASES PARA A CAPACITAÇÃO LOGOSÓFICA Aquele que se propõe a construir um edifício necessita, para assegurar sua estabilidade e solidez, conhecer antes a firmeza do terreno sobre o qual levantará os alicerces, bem como a qualidade do material que empregará para levá-lo a cabo; com igual lógica podemos dizer que a obtenção de uma capacitação psicológica e mental, como a que a Logosofia demanda, deve basear-se na solidez à prova de observação do terreno mental e no conhecimento prévio dos elementos que haverão de integrar essa capacitação. Ao considerá-la subordinada em parte à qualidade e harmonia do conjunto das faculdades centrais do mecanismo mental, é razoável pensar que se deverá começar por conhecer como funcionam tais faculdades ou, melhor ainda, como haverá de funcionar o sistema mental próprio. Oportunamente, ao nos referirmos ao dito sistema e à função de pensar, explicaremos o que se relaciona com esses pontos. A Logosofia já mencionou, em mais de uma oportunidade, a tendência do homem para o fácil, afirmando que a causa dessa propensão reside na falta de capacidade para enfrentar as difi- culdades que se apresentam, provenham elas de problemas, projetos, situações, etc. Isso obedece quase sempre à falta de um treinamento que possibilite realizar com êxito o esforço que essas dificuldades demandam; resumindo, tal inaptidão se revela pela carência dos estímulos positivos que a própria capacidade proporciona diante de qualquer emergência. 33 LIÇÃO II O PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE A grande prerrogativa humana O processo de evolução consciente O processo interno A GRANDE PRERROGATIVA HUMANA Não existiu, até o presente, sistema ou ensinamento que reve- lasse ao homem o caminho do aperfeiçoamento mediante a ação lúcida e continuada da consciência. Pela primeira vez, pois, na história da humanidade, é encarada a realização do processo de evolução consciente, único meio real e seguro de tirar o homem do ostracismo mental e psicológico em que permaneceu até aqui e elevá-lo a níveis de superação extra- ordinários; a prova disso é que ninguém jamais mencionou tão importante assunto, nem deu notícia de progressos dessa ordem que tivessem sido alcançados. Aceitar-se-á, então, a afirmação de que fora da órbita de nossos conhecimentos não é possível levar a cabo tal realização. Como ponto inicial para a consumação de tão alto objetivo, a Logosofia ilustra a inteligência acerca da conformação mental-psicológica que habilita o ser humano para satisfazer o desiderato – tantas vezes mencionado e jamais alcançado – de 34 Logosofia, ciência e método conhecer-se a si mesmo. Precisamente nesse conhecimento se condensa a ciência do aperfeiçoamento, desde o instante em que o homem, enfrentando-se com as partes perfectíveis do ente moral e psicológico que configura seu ser físico e espiri- tual, dispõe-se a superá-las. O desenvolvimento dessa possibilidade é impulsionado pela força renovadora e construtiva do método logosófico, no cumprimento das altas realizações conscientes que o magno processo de evolução exige. Esse processo transforma a vida e a enriquece progressiva- mente, até o fim dos dias, com inestimáveis conhecimentos que o espírito cultiva, ampliando seu campo de ação. A fonte da sabedoria logosófica não está vedada a ninguém, mas não se chega a ela senão pelo avanço gradual nesse processo que exige ser cumprido com toda exatidão e em que o esforço é compensado com o eflúvio das grandes verdades que chegam até o homem na proporção de seus merecimentos. O fato registrado pela história do mundo, no qual aparecem grandes espíritos – não precisamente escalando as elevadas regiões, mas delas descendo para ajudar o avanço da humanidade – não prova uma exceção à regra. Basta-nos saber que o mecanismo mental-psicológico do homem, perfeito O prOcessO de evOluçãO cOnsciente 35 em sua concepção original, mas travado pela ignorância do respectivo dono acerca de tão admirável sistema, pode ser restituído à normalidade de seu funcionamento e alcançar essas prerrogativas, o que se revela na dimensão das concepções da inteligência, na força irresistível da palavra, na vastidão da sabedoria, no exemplo da própria vida. O PROCESSO DE EVOLUÇÃO CONSCIENTE O processo de evolução consciente se define por sua parti- cular característica integral. Queremos com isso dizer que se desenvolve sob a fiscalização direta do entendimento e em plena consciência de cada um dos estados que se vão alcançando, ou seja que, em obediência a esse processo, o ser efetua por si mesmo as constatações de seu melhoramento, precisando com inteiro discer- nimento as vantagens comprovadas. A evolução realizada ao longo do tempo estimado para a exis- tência do homem, sem a verificação pessoal de cada um dos movimentos que o espírito consegue efetuar com relação ao grau de conhecimento em que se encontrava ao enfrentar a vida, é monótona e enormemente demorada em seu avanço. Esta é a evolução inconsciente, que conduz os seres a um destino intranscendente. 38 Logosofia, ciência e método O PROCESSO INTERNO A Logosofia aplica o termo processo à vida interna, dando a entender com isso a série ininterrupta de mudanças posi- tivas que o ser experimenta dentro de si desde o momento em que se inicia na prática do conhecimento logosófico; são mudanças que evidenciam os sintomas inequívocos de uma evolução progressiva que o próprio ser propicia e encaminha conscientemente. Esse processo se inicia em virtude de uma necessidade interna, de uma inquietude, de um pensamento que incita a mente e o ânimo à sua realização. Quem não sabe que, para conhecer a fundo alguma das tantas verdades semeadas pelo mundo, é indispensável aproximar-se dela, deixando- -se atrair pela influência que exerce sobre o espírito? Não é um impulso irreprimível aquele que, firmando a vontade, se vale das próprias forças e impele o ser rumo à verdade mesma que ele quer conhecer? Por exemplo, se alguém nos diz que, em tal ou qual ponto do país, existe um lugar extra- ordinariamente formoso, em cuja contemplação a alma se extasia. De mil que isto escutam, uns hoje, outros amanhã, recordando a notícia, são atraídos para o local onde haverão de confirmar o juízo que lhes fora transmitido, ou seja, para onde comprovarão a verdade encarnada no fato mesmo. Os incômodos e as dificuldades não diminuem a intensidade do propósito; isso até contribui para intensificar o afã natural O prOcessO de evOluçãO cOnsciente 39 de levá-lo a termo. Pois o mesmo costuma acontecer a quem, atraído pela verdade logosófica, sente em seu interior essa necessidade, essa inquietude de que falávamos; e se é viva e intensa a atração, assim será a celeridade e o interesse com que se disporá a ir em busca de sua fonte. De nossa parte, acrescentamos que tampouco os esforços demandados pela aproximação ou pela posterior vinculação a ela devem, neste caso, diminuir a intensidade do propósito, já que desse contato direto é muito provável que surjam para a vida insuspeitadas possibilidades de índole superior. O processo interno rege e abarca a vida toda do ser. Partindo da realização consciente, encerra em sua totalidade as ativi- dades do pensamento em relação a tudo quanto diga respeito à vida em sua tríplice configuração: espiritual, psicológica e física. Seu início se dá no instante em que, por própria decisão, o ser começa a experimentação logosófica e se aplica ao estudo e prática daquilo que, para tal fim, recebe de nossa ciência, acelerando-se seu avanço quando, familiarizado com ela, reforça seus propósitos e dedica à realização desse processo uma parte maior de tempo e de atenção que a dispensada até então. Entender-se-á, pois, que à primeira etapa do aprendizado na condução da vida interna se seguirão outras de aper- feiçoamento, nas quais o próprio processo irá propiciando e consolidando mudanças substanciais na vida do ser. 40 Logosofia, ciência e método Geralmente, por lógico império da própria razão, é destinado ao encaminhamento do processo o melhor do entusiasmo e das energias, mas é também muito certo que esse entusiasmo e essas energias nem sempre são aproveitados em sua totali- dade. Como é natural, isso deve ser evitado, aumentando-se o acervo de elementos de ilustração que concorram para o bom juízo e tornem mais eficiente e completo o adestramento das faculdades mentais; ou seja, que essa perda deve ser anulada pela reflexão compreensiva sobre os atos internos, reduzindo-se o entusiasmo e as energias às proporções exigidas pela realização logosófica, aumentando-os depois, paulatinamente, de acordo com o avanço obtido no conhecimento de novas verdades, o que influirá positivamente sobre os diferentes aspectos que configuram a vida do ser. As primeiras realizações do processo interno se cumprem de forma gradual e firme, como se fosse o processo pré-natal do ser. Tal semelhança está também determinada por numerosas circunstâncias, nas quais é fácil comprovar a existência de uma nova vida que pugna por manifestar-se na realidade de singulares aspectos e qualidades antes não existentes no ser. A ação renovadora, vitalizadora e permanente dos conheci- mentos logosóficos modifica substancialmente as características que conformavam a vida anterior. O que antes interessava, agora não interessa; o que antes não se via, agora se vê, chamando poderosamente a atenção o fato de se haver permanecido 43 LIÇÃO III O SISTEMA MENTAL Sua estrutura As duas mentes Ação coordenada das faculdades do sistema mental A função de pensar no processo de evolução consciente A percepção consciente no ato de pensar Guia para o adestramento mental ESTRUTURA DO SISTEMA MENTAL Nossa ciência hierarquiza a mente humana, ao apresentá-la numa concepção que a eleva à categoria de sistema. Tal sistema está configurado por duas mentes: a superior e a inferior, ambas de igual constituição, mas diferentes em seu funcio- namento e em suas prerrogativas. A primeira tem possibilidades ilimitadas e está reservada ao espírito, que dela faz uso ao despertar a consciência para a realidade que a conecta ao mundo transcendente ou metafí- sico. O destino da segunda é atender às necessidades de ordem material do ente físico ou alma, e em suas atividades pode intervir a consciência. 44 Logosofia, ciência e método As duas mentes, a superior e a inferior, têm exatamente o mesmo mecanismo, constituído pelas faculdades de pensar, de raciocinar, de julgar, de intuir, de entender, de observar, de imaginar, de recordar, de predizer, etc., as quais são assistidas em suas atividades por outras faculdades que chamaremos de acessórias, e que têm por função discernir, refletir, combinar, conceber, etc. Todas as faculdades formam a inteligência. A Logosofia a chamou de faculdade máxima, porque abrange a todas em conjunto. As faculdades de ambas as mentes funcionam independente- mente, embora possam fazê-lo de forma combinada. Integram também o sistema mental, na zona dimensional que lhes corresponde em cada mente, os pensamentos, entidades psicológicas animadas que cumprem um papel preponderante na vida humana. Quando o sistema mental é usado pelo ente físico ou alma em atividades de natureza exclusivamente comum ou material, permanece limitado ao funcionamento da mente inferior; quando as atividades físicas ou comuns se enlaçam com as reque- ridas pela vida superior, ambas as mentes participam, ou seja, o sistema em conjunto; quando é o espírito que se vale dele, obedecendo a exigências de ordem transcendente, usa apenas a mente superior, mas sem privar o ente físico de usar a que corres- ponde ao atendimento de suas necessidades comuns. o sistema mental 45 Salta à vista, nos dois últimos casos, a harmoniosa combinação do sistema mental, quando o processo de seu desenvolvimento e exercício não sofre alterações nem é interceptado por pensa- mentos que se opõem a seu funcionamento normal. AS DUAS MENTES Estabelecida a semelhança entre ambas as mentes no que diz respeito à sua estruturação, apontaremos de modo breve as peculiaridades que determinam seu diferente funcionamento. A mente inferior ou comum tende em geral para o conhecido, para o exterior, e, salvo exceções, funciona sem intervenção direta da consciência, ou só com sua participação circunstancial. Isto poderá ser mais bem compreendido tão logo se avance no estudo dos temas que aprofundam esta matéria. Quando a mente inferior se supera em suas funções – refe- rimo-nos aos casos em que permanece fora dos auspícios do conhecimento transcendente –, pode acercar-se dos domínios da mente superior e até penetrar neles, em virtude da relação que existe entre ambas, participando em certo grau dos elementos que assistem a esta última; mas, por altos que sejam os níveis que alcance em seu desenvolvimento, suas prerrogativas são sempre limitadas. A mente superior se organiza em função dos conhecimentos transcendentes, cuja finalidade essencial é pôr em atividade a 48 Logosofia, ciência e método do processo consciente de evolução humana. A faculdade de pensar não atua aqui isoladamente; ao contrário, conduzida pelo próprio método, conecta cada esforço que realiza a uma perspectiva ou oportunidade mediata ou imediata, que deverá ser preparada com antecipação para o seu aproveitamento. Utilizemos, para maior ilustração, o caso similar do indivíduo que respirou, durante toda a sua vida, sem pensar nisso a não ser em circunstâncias isoladas, nas quais até se impôs a prática de algumas inspirações profundas, para levar com mais ampli- tude o ar a seus pulmões. Em determinado momento, decide submeter-se à direção de um especialista para poder realizar, com método, exercícios respiratórios convenientes à sua saúde e à sua conformação física. Até esse instante, não havia pensado nos benefícios de um adestramento dessa natureza, mas, agora, ao praticá-lo visando a um resultado já previsto, seu pensar analisa as vantagens do procedimento e comprova os frutos desse empenho, manifestados num maior volume torácico, numa melhor irrigação do cérebro e num enriquecimento da corrente sanguínea. Sua respiração contém, pois, o impulso profundo da ação mental consciente. Pois bem, desliguemos este fato da função comparativa que acaba de cumprir, e passemos a considerá-lo como um dos tantos que se produzem na vida do ser comum, tais como são, o sistema mental 49 por exemplo, os referentes ao esforço que se dedica ao cumpri- mento de um dever, ao cultivo de um hábito, de um estudo, de uma arte, de uma vocação, etc., etc. É indubitável que a conse- quência da ação mental consciente fica estabelecida, em tais atividades ou esforços, pelo aproveitamento das energias internas dirigidas para um fim, mas temos de ressaltar que, por positiva que seja essa consequência, sempre estará circunscrita ao plano físico, e a ação consciente se esfumará tão logo o propósito venha a ser alcançado. Algumas palavras mais bastarão para concretizar e definir melhor o pensamento que nestes momentos gerou a imagem plasmada. A Logosofia estabelece que a consciência nunca deve permanecer sujeita ou reduzida em seus alcances, porque o homem deve projetar para um futuro de ilimitadas possibilidades o potencial dinâmico da consciência, por ser ela que sustém, em razão de sua essência incorruptível, a vida do homem como principal figura da criação terrena. Isso signi- fica que os resultados obtidos por meio da função mental consciente, por bons que sejam, carecem de virtude diante das prerrogativas que a Logosofia oferece, ao faltar a realização que rompe a estreiteza física e conecta cada esforço à aspiração de alcançar o aperfeiçoamento transcendente. 50 Logosofia, ciência e método É de vastas projeções para a vida – e fala ao entendimento com uma eloquência capaz de conduzir a percepções mais amplas – o saber que a mente pode funcionar com uma lucidez acima da habitual; mas, não o é, com mais justa razão ainda, saber que, além daquilo que se pensa no momento de fazer uso dessa facul- dade, pode-se conhecer o que se pensará amanhã, em virtude de uma preparação adequada da mente, que o ser levará a cabo por si próprio, utilizando à vontade os recursos com que conta? Em outras palavras, o que se pensará amanhã estará sempre relacio- nado intimamente com o que se pensa hoje, e existirá também a certeza de que o pensar futuro seja um complemento que vai melhorar o que a faculdade de pensar se ache atualmente elaborando. A PERCEPÇÃO CONSCIENTE NO ATO DE PENSAR Tão logo concebemos a ideia de fazer uma viagem, porven- tura não nos vêm à mente os meios de que nos valeremos para realizá-la, os recursos econômicos com que contamos, os inconvenientes mais imediatos, as pessoas que poderiam nos acompanhar e um sem-número de implementos relacionados com a ideia de viajar: roupas, malas, objetos, etc.? Nisso não interveio, entretanto, a função de pensar; o que ocorreu foi simplesmente um ato prévio a essa função, já que o sistema mental 53 O domínio do campo mental próprio permite que o ser trans- cenda sua limitação e desenvolva sua vida em planos de consciência mais elevados. Nisso se baseia o segredo da reali- zação humana. 55 LIÇÃO IV OS PENSAMENTOS Sua natureza Como nasce um pensamento na vida mental Reprodução de pensamentos Individualização de pensamentos Classificação e seleção Disciplina mental Aspectos da organização do sistema mental O pensamento-autoridade OS PENSAMENTOS E SUA NATUREZA Apesar de filósofos e sábios, tanto da Antiguidade como da idade moderna e contemporânea, haverem exercido a facul- dade de pensar, nenhum deles jamais atribuiu vida própria aos pensamentos, nem declarou que pudessem reproduzir-se nem ter atividades dependentes e independentes da vontade do homem. A Logosofia, ao expor seus conhecimentos, apresenta o que se refere aos pensamentos como um dos mais transcendentes e de vital importância para o homem. Afirma serem entidades psicológicas que se geram na mente humana, na qual se desenvolvem e ainda alcançam vida 58 Logosofia, ciência e método concurso dos pensamentos que sustentam a ciência, a arte ou a profissão escolhida. Ao culminarem os esforços na etapa final de seu desenvol- vimento, o conhecimento adquirido será o fruto hereditário do pensamento-propósito que deu origem aos pensamentos- -conhecimentos, dos quais a inteligência se servirá daí por diante para desenvolver suas atividades no campo correspon- dente à especialidade cultivada. O exposto será suficiente para se compreender que não basta criar um propósito, senão que é necessário dotá-lo de tudo quanto possa contribuir para seu desenvolvimento, até sua total execução. A reprodução de pensamentos aumentará, assim, a energia mental que a realização de uma aspiração demanda, e permitirá ao pensamento-propósito abarcar uma zona da mente cada vez mais extensa. INDIVIDUALIZAÇÃO DE PENSAMENTOS Os pensamentos, conforme seja sua natureza, exercem funções específicas dentro da mente. Se observarmos o que ordina- riamente ali ocorre, encontraremos – além dos pensamentos os pensamentos 59 relacionados com as tarefas de uma profissão, seja ela qual for, e que denominamos pensamentos-conhecimentos – aqueles outros diretamente vinculados às necessidades da existência, caso em que tomam a forma característica das preocupações econômicas; encontraremos os que promovem inquietudes pelo próprio futuro ou o da família; os que inclinam o ser às viagens, aos esportes, às diversões ou às especulações, e, também, os que impulsionam as ações em benefício do próximo e da huma- nidade. Quando os conhecimentos transcendentes passam a participar dessas atividades, vemos aparecer pensamentos que elevam e configuram a classe superior, isto é, os que dão ao homem possibilidades e vantagens que os demais por si sós não lhe podem oferecer. Em contraposição aos pensamentos de natureza construtiva, encontraremos também os negativos, ou seja, aqueles que, de forma manifesta ou encoberta, fazem incorrer em erro e, conti- nuamente, atentam contra a paz interior e a integridade moral. Vamos nos referir apenas aos que, sob esse rótulo, aparecem em segundo plano, como a vaidade, a intolerância, a exces- siva autoestima, o ceticismo, a negligência, etc., porque os que ocupam o primeiro – por exemplo os de ódio, luxúria, avareza e outros, cuja audácia em muitos casos chega a utilizar a vida inteira do ser para levar a cabo seus fins – quase sempre sufocam no homem toda tentativa de reforma. Tal é o caso do jogador, do bebedor e do ladrão, a cada um dos quais os 60 Logosofia, ciência e método respectivos pensamentos dominantes arrastam para os lugares de suas torpes inclinações. Estabelecido um princípio, este rege todas as compreensões que se suscitam dentro da linha por ele traçada. Isso significa que, tomando por base as explicações precedentes, facilmente se poderá chegar à identificação dos pensamentos próprios, devendo-se, para tanto, começar pelos que costumam preo- cupar a mente ou atrair em maior grau a atenção da inteligência. A prática desse exercício permitirá individualizá-los gradativa- mente, trabalho este que ajudará, ao mesmo tempo, a fazer a seleção conveniente aos fins do melhoramento psicológico e moral que se busca. CLASSIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE PENSAMENTOS Individualizados os pensamentos, segundo acabamos de indicar, passar-se-á a classificá-los por ordem de atividade e de contribuição. Aparecerão assim os úteis, que respondem às necessidades diárias e de cujo concurso não se pode prescindir; os que servem aos altos objetivos da inteli- gência, participando no desenvolvimento das preferências do espírito; os que não contribuem praticamente com nada; os contrários a toda tentativa de aperfeiçoamento. Efetuada a classificação de pensamentos que a princípio se consiga fazer, já não será difícil proceder à sua seleção, que os pensamentos 63 ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA MENTAL A mente pode criar pensamentos que permanecem dentro dela a serviço do ser. A prerrogativa de criá-los corresponde – como já dissemos – à faculdade de pensar, cuja inter- venção também permite discernir situações, pronunciar juízos sensatos, analisar com acerto fatos e palavras, promover acon- tecimentos e propiciar toda atividade construtiva1. Mediante a referida faculdade, pode-se efetuar um rigoroso exame dos pensamentos que habitam a mente e alcançar maior capaci- dade na sua seleção, pois é ela que ajuda a distinguir e rechaçar os improdutivos e indesejáveis, bem como a escolher os que dão seu apoio aos propósitos de superação2. A fim de que se possa aprofundar no conhecimento dos valores com que se conta para levar adiante o autoaperfei- çoamento, que progredirá de acordo com a organização do sistema mental próprio, daremos a seguir noções mais deta- lhadas sobre os pensamentos em suas respectivas classes. 1 Ao nos referirmos à função desempenhada pela faculdade de pensar em tais casos, não excluímos, como é natural, a intervenção das outras faculdades, as quais – separadamente ou em conjunto, e toda vez que as circunstâncias o exigem – prestam seu concurso, participando ora na formação, ora na seleção, ora na coordenação dos elementos que dão origem à criação de um pensamento ou intervêm em seu desenvolvimento, seja numa investigação, num pronunciamento, etc. 2 Ver O Mecanismo da Vida Consciente, do autor. 64 Logosofia, ciência e método Em suas atuações, o homem se conduz usando quer pensamentos próprios – ou seja, elaborados ou criados pela própria mente, graças ao saber adquirido com o estudo e a experiência –, quer alheios ou provenientes de outras mentes, os quais, impressos em livros ou periódicos, ou transmitidos por meio da expressão oral, são aceitos e usados frequentemente como próprios. Intervêm também nas ditas atuações os pensamentos com vida própria, ou seja, aqueles que se movem e desenvolvem suas atividades prescindindo da intervenção da mente que os abriga. Tais pensamentos, que tanto podem ter-se gestado nela como proceder de outras mentes, atuam independentemente do juízo pessoal e até chegam a exercer absoluto predomínio nas determinações do ser. A influência destes pensamentos sobre a vontade pode chegar a ser tal, que o homem só age impulsio- nado por esses agentes estranhos à sua consciência e alheios, por conseguinte, a seu conhecimento. Isto acontece quando os pensamentos que atuam no recinto mental – sejam próprios ou provenham de fora – não são orientados e disciplinados pela inteligência, que deverá fazê-los servir a fins úteis e louváveis. A Logosofia estabelece que a mente pode ser capacitada para alcançar a máxima expressão de seu conteúdo consciente, isto é, que a influência dos pensamentos que costumam governá-la é suscetível de ser neutralizada, e até mesmo anulada, ao funcionar o sistema mental em concordância com a ação consciente. os pensamentos 65 A intervenção da consciência no esclarecimento das funções que cada pensamento desempenha na mente é, pois, essen- cial, porque permite distinguir com toda a exatidão quais são os pensamentos produzidos pela própria mente, quais os adotados ou de procedência alheia incorporados ao acervo indi- vidual, e quais os que têm vida própria, ou seja, os que atuam com autonomia ou com prescindência da mente que os abriga. Nem seria preciso dizer que a consciência facilita grande- mente a identificação dos pensamentos inúteis ou estéreis, bem como dos maus, que têm quase sempre parte ativa em cada uma das três categorias citadas. Aquele que seguir estes estudos deverá, como primeira medida, ocupar-se destes últimos, por serem os que dificultam e até tornam impossível levar à realização todo propósito elevado. E será bom ter especialmente em conta que a esses pensamentos negativos deverão ser somados os alheios de igual característica, prontos a penetrar na mente a qualquer instante, por intermédio das versões defeituosas, quando não malévolas, de conhecidos e de estranhos. Tais pensamentos se introduzem na mente como se entrassem num ônibus. Situados nela, falam, persu- adem, convencem e, quando já não têm o que fazer ali, saem do veículo mental em que viajam, mas não sem antes deixar para trás um sedimento cujos efeitos se fazem sentir ao menor sinal de desordem, confusão ou falta de vigilância mental. 68 Logosofia, ciência e método sistema mental, o espírito estará seguramente preparado para internar-se no mundo mental transcendente, ao qual faremos referência mais adiante. O PENSAMENTO-AUTORIDADE A vida consciente há de ser concebida como uma necessidade vital do espírito, o qual, reagindo diante do desvio, da insegu- rança e da desorientação em que se encontra a vida do ser que ele anima, adquire inusitada força de expressão ao se abrirem para este as portas de um mundo que lhe oferece a possibili- dade de levar a cabo realizações extraordinariamente fecundas. Para se aproximar dessa realidade, será necessário estabelecer na mente um pensamento com autoridade suficiente para dirigir todas as atividades compreendidas na realização do plano que se pretenda seguir. O pensamento-autoridade será, daí em diante, o representante direto da consciência e aquele que, encarnando as aspirações e decisões do ser, manterá a ordem, apesar das argumentações da dúvida, da impaciência e da resistência dos velhos hábitos, fazendo cumprir a disci- plina exigida pelo trato contínuo com os pensamentos que, provindos das fontes do conhecimento logosófico, acorrem em auxílio do ser. Dessa maneira, serão evitadas interferên- cias incômodas e inoportunas, ou a intromissão de tendências estranhas aos altos fins da evolução. os pensamentos 69 O homem reflexivo rara vez se deixa levar por seus pensa- mentos, e até nos momentos mais críticos costuma amparar-se na serenidade, para não atuar levado por nenhum impulso, ou seja, sob a sugestão de pensamento algum ao qual não tenha concedido, por íntima relação com ele, sua confiança e seu prévio consentimento em tê-lo como solução. Na nobre luta que terá de enfrentar no campo da vida cons- ciente, o ser deverá se valer ao máximo de suas forças internas; afastará assim os perigos do desânimo nas frequentes e arris- cadas alternativas pelas quais haverá de passar, enquanto conquista as posições firmes que, por sua vez, darão consistência às razões em que se baseia sua conduta e sua determinação. O repasse consciente dos pensamentos que tomam parte nas atividades de sua mente e o exame dos resultados do trabalho que realiza, dar-lhe-ão a pauta dos adiantamentos obtidos; a partir dessa posição, caso seja vantajosa, prepa- rará seu ânimo, como nos campos de batalha, para realizar futuros avanços em direção a progressos cada vez maiores no caminho da evolução consciente. Uma vez que se consiga experimentar as satisfações íntimas produzidas pelo triunfo dos esforços feitos dentro da ordem citada, tudo começará a mudar sob o império de concepções mais amplas, que iluminarão progressivamente o entendi- mento pelo caminho da mais bela de todas as realidades: a 70 Logosofia, ciência e método de saber-se capaz de conhecer a si mesmo e compreender a finalidade da existência. O empenho inteligente é, em toda atuação, fator de triunfo. o sistema sensível 73 A faculdade cumpre por algum tempo seu trabalho peculiar, assistindo o sentimento nas diferentes fases do processo forma- tivo que haverá de levá-lo a alcançar existência sensível. No curso desse processo, a inteligência, em combinação com o sistema sensível, vela pela qualidade e pureza do sentimento que se acha em via de consumar sua formação. OS SENTIMENTOS São os agentes diretos da região sensível e os que estabelecem, em definitivo, as qualidades da alma; em outras palavras, são os agentes potenciais da sensibilidade. Recebem o influxo vital do mundo mental, mas subordinados a seu sistema. Como os pensamentos, os sentimentos requerem uma consagração íntima por parte daquele que se dedique a seu cultivo, devendo esforçar-se por conservá-los e incrementá- -los, enobrecendo-os gradualmente. Os sentimentos se perpetuam pelo estímulo incessante da causa que lhes deu origem. Em virtude desse estímulo, eles se enraízam e se afirmam na alma e, ao contrário, se debilitam ou se anulam quando esse estímulo se desvanece ou perde o influxo vital que o animava. Daí vermos tão frequentemente o declínio de sentimentos que pareciam inalteráveis. A falta de uma coerência consciente é quase sempre o motivo desse singular episódio da vida sensível. 74 Logosofia, ciência e método Sendo o homem suscetível de esquecer as causas que o instaram a dedicar-se a eles com uma acendrada firmeza, explica-se a instabilidade de seus sentimentos, que ele muda com a mesma frequência com que muda de pensamentos. Isso explica, também, por que tão amiúde maltrata até aqueles que são mais caros a seu espírito. O pesar e a contrarie- dade costumam ser a consequência de tais atitudes, quando, mais tarde, restabelecida a calma, o ser percebe o erro de não haver mantido seus sentimentos livres das flutuações mentais ou psicológicas que atentam contra a sua estabili- dade no coração. Ficará assim subentendido que, enquanto o ser humano permaneça sujeito às variações oriundas de sua indisci- plina, os esforços que isoladamente realize para prosseguir o processo de formação consciente de um sentimento, sob as diretrizes do método logosófico, não conseguirão dar a ele firmeza como existência sensível, porquanto isso requer continuidade. Temos de frisar, ainda, que o simples fato de alguém conhecer mentalmente esta concepção do sistema sensível não significará haver alcançado a consciência dos movimentos que se realizam nele, nem tampouco dará lugar a pensar isso a prática de uma conduta mais ou menos acorde com o ensinamento. Chega-se à consciência dessa realidade quando se segue, passo a passo, o processo prescrito para a assimilação do conhecimento. Impõe-se – é óbvio – a execução de um o sistema sensível 75 estudo profundo e consciente dos dispositivos que articulam o sistema sensível, a fim de poder seguir, por meio das manifestações que dele procedem, cada um dos movimentos promovidos internamente. O conhecimento das funções que, separadamente ou em conjunto, as faculdades sensíveis cumprem, permitirá expe- rimentar uma nova e mais íntima realidade do conteúdo interno da vida. AS FACULDADES SENSÍVEIS A fim de não nos afastarmos da finalidade que este livro deve cumprir, que é a de encaminhar o estudo logosófico em seus trechos iniciais – de per si importantes pela reati- vação psicológica que promovem –, limitamo-nos a assinalar aqui, muito superficialmente, as funções que particularizam algumas faculdades sensíveis, dentre as quais escolhemos só aquelas que, por sua denominação, talvez pudessem se tornar menos acessíveis ao entendimento. Começaremos pela faculdade de sentir, cuja função guarda uma semelhança apreciável com a desenvolvida, dentro do respectivo sistema, pela faculdade de pensar, pois é ela a que promove a gestação e o nascimento dos sentimentos e fortifica a sensibilidade. Quando é dirigida conscientemente, sustenta de forma elevada os sentimentos, e não só faz com 78 Logosofia, ciência e método O conhecimento logosófico desperta e ativa – como dissemos – as faculdades do sistema sensível, mediante o processo de evolução consciente, durante o qual o ser se familiariza com elas e se adestra no saudável exercício do seu manejo. Quanto maior seja a elevação moral e espiritual alcançada, maior será também a segurança adquirida a respeito desse manejo. 79 LIÇÃO VI O SISTEMA INSTINTIVO Sua definição e atividade como força energética As energias do instinto a serviço do espírito SUA DEFINIÇÃO E ATIVIDADE COMO FORÇA ENERGÉTICA Que mistério envolve o instinto? Já que não é um órgão nem uma célula, e não podendo ser definido como se define o pensamento ou o sentimento, de que se compõe ele? Que força o move? Vamos explicar o assunto dando apenas uma noção geral do papel que o instinto desempenha na conformação psicológica humana. Constituído em sistema, o instinto configura uma das três partes em que se dividem as energias psicológicas do indivíduo; isso quer dizer que essas energias são constitutivas dos três sistemas: o mental, o sensível e o instintivo. Conta este sistema com as energias que o homem precisou utilizar em sua defesa nas primeiras idades, incitado pelas exigências naturais da vida primitiva. 80 Logosofia, ciência e método Foi necessário o transcurso de milhares de séculos para adaptar essa força – que no princípio o resguardou da voracidade das feras e da inclemência dos fenômenos cósmicos – aos meios menos rudes que a vida civilizada ia paulatinamente criando em torno dele. Mas, à medida que o rigor das primeiras épocas perdia intensidade, o homem, longe de encaminhar essas energias do instinto na direção que seu desenvolvimento mental e espiri- tual lhe indicava, foi cedendo a seu influxo, que o incitava a se voltar contra tudo o que era nobre, sadio e bom contido em sua natureza. Alterado assim o processo que ele devia ter seguido em seu desenvolvimento integral, o predomínio do sistema instin- tivo sobre os outros sistemas, em vez de debilitar-se enquanto o homem ia transpondo épocas e idades, acentuou progressiva- mente seu império sobre a vontade, manifestando-se cada vez mais numa luta aberta contra os altos fins para os quais o ser humano foi criado. As energias que movem este sistema sempre se opuseram às demandas circunstanciais dos outros dois sistemas, sendo isso motivo para as grandes perturbações que na ordem interna e externa o homem veio sofrendo até aqui. Fora da função geradora específica que o coloca a serviço da conservação do indivíduo, o instinto se caracteriza pelas mani- festações ardentes que sua atividade funesta sempre desencadeou na natureza humana. o sistema instintivo 83 aos centros superiores de energia, vai liberando-o dos aspectos que o inferiorizam. Ao pôr-se em contato com as energias mentais e sensíveis conscientemente ativadas, as energias do instinto são aproveitadas com grandes resultados no próprio aperfeiçoa- mento, porque contribuem para robustecer as forças do espírito, colaborando na realização dos sucessivos encargos que o processo de superação impõe. A formação moral e espiritual consciente contrabalança os impulsos passionais do instinto. Sua consolidação equivale ao afastamento da nociva participação deste na vida do ser. A influência do instinto jamais pode alcançar a mente superior, cujo funcionamento se relaciona rigorosamente com a eman- cipação do ser em relação aos motivos que o impedem de elevar-se. 85 LIÇÃO VII O ENSINAMENTO LOGOSÓFICO Suas particularidades e atributos Seu valor Dois aspectos do poder fecundante do ensinamento Requisito para sua assimilação Como adaptar a mente ao ensinamento Norma indeclinável de conduta PARTICULARIDADES E ATRIBUTOS DO ENSINAMENTO Nosso ensinamento é a expressão cabal do saber transcendente contido no conhecimento logosófico, cujas profundas verdades ele expõe e explica com simplicidade e clareza. Cada uma delas guarda em si um conjunto de elementos que correspondem a uma finalidade específica: aproximar o conhe- cimento ao homem. O ensinamento logosófico não teoriza, não argumenta, não formula hipótese de espécie alguma. Vai de um modo direto à vida do homem para assisti-lo em seus múltiplos problemas. É medular para a razão humana. Manifesta-se em todo o expressado pela Logosofia, pois tudo no vocabulário desta ciência tem um conteúdo ajustado estritamente 88 Logosofia, ciência e método Em suma, os valores enunciados como atributo do ensina- mento logosófico se manifestam com toda a evidência no fato de originarem e impulsionarem no ser uma série de mudanças psicológicas de importância crescente, que o afastam do estado inseguro e confuso em que se encontrava antes de adotá-lo; manifestam-se igualmente no suporte que, mediante a assistência constante da fonte geradora de seus princípios, prestam ao desenvolvimento pleno das faculdades e das condições superiores da existência. Por meio do ensinamento logosófico se reconstrói a vida, mas se entenderá que isso acontece proporcionalmente ao grau de boa vontade e de resolução com que cada um seja capaz de contribuir para tão elevado fim. DOIS ASPECTOS DO PODER FECUNDANTE DO ENSINAMENTO O processo de fecundação mental promovido pelo conheci- mento logosófico apresenta, ainda em sua fase inicial, aspectos que estimulam o labor de quem estuda. A atividade que a energia mental passa a ter, como efeito dessa ação fecundante, é de todo evidente, cumprindo-se com isso um dos propósitos do ensinamento, que é o de estimular a função intelectual, de forma que, gradualmente, aumente a capacidade para encarar os problemas superiores que se apresentam no o ensinamento logosófico 89 vasto campo da ciência logosófica. Isto nos revela um impor- tante aspecto do processo de fecundação mental, configurado na ampliação de possibilidades que, por meio do estudo logosófico, a inteligência experimenta, ajustando-se imediata- mente, após a verificação de cada avanço, à grata tarefa de criar para si condições mais elevadas, auspiciosas para a evolução de suas ideias. É frequente observar como, sob a ação fertilizante do conheci- mento logosófico, as ideias ou os projetos que ontem brotaram defeituosos da mente que se dedica a estes estudos, hoje se manifestam, ao serem novamente elaborados, com marcante aperfeiçoamento em relação aos anteriores, tanto na questão dos detalhes como em sua concepção de conjunto. Desta maneira, ao desenvolver-se a capacidade intelectual, simultaneamente são criadas aptidões para encarar novas fases do conhecimento transcendente, até então inacessíveis à inteligência. Compreender-se-á que tais mudanças de posição interna não se produzem de golpe, mas sim de forma gradual, à medida que o conhecimento logosófico é assimilado com maior consistência, numa confirmação dos princípios que ele sustenta. Amiúde se pensa que o ensinamento atua de forma instantânea no ser e que, em consequência, este experimenta mudanças imediatas. Isso depende – como é lógico – das condições ou aptidões de cada um, embora tampouco seja difícil deduzir que, ao se insti- tuir o processo de evolução consciente para o aperfeiçoamento do homem, foi necessário também estabelecer um tempo 90 Logosofia, ciência e método prudencial para sua realização, em cujo transcurso haveriam de ir ocorrendo as mudanças e as transformações que essa evolução se propõe a cumprir. Nunca se deverá esquecer que na Criação nada foi ou é feito bruscamente, senão por meio de um desenvolvimento gradual, tal como a natureza mostra, demonstra e seguirá demonstrando sempre. Outro aspecto da ação estimulante do processo de fecundação mental é constituído pela variada série de indagações que aparecem na mente, aspecto este que define um dos primeiros movimentos que ocorrem ao contato com o ensinamento. Tal fato poderia muito bem ser definido como o renascer da vida interna. Na maioria dos casos, o conhecimento logosófico desperta no ser recordações de coisas que noutra época preocuparam sua mente, de noções incompletas que em vão tentou ampliar, as quais permaneciam estáticas dentro dele, por falta de estí- mulos que as mantivessem ativas, ou por outras causas que talvez o próprio ser não conheça. O ensinamento, atuando como fator de reativação das energias mentais, desperta essas recordações, que de novo impelem a buscar a explicação do que se tinha esquecido, explicação esta que agora acorre ao entendimento, atraída pelos motivos que, reanimados, se pronunciam em forma de perguntas. Mas, mesmo que a resposta não fosse facilitada por intermédio desse movimento que acabamos de explicar, a inteligência nunca insistirá em vão o ensinamento logosófico 93 O ensinamento logosófico é um facho cuja luminosidade orienta e estimula aqueles que fazem dele seu norte e seu guia. Isto explica por que sua função essencial não termina com a simples leitura, nem com umas poucas interpretações. Essa função essen- cial prossegue indefinidamente, como fonte que é de energia mental que, renovando-se sem interrupção pela força de seu impulso criador, brota clara e fresca para satisfazer a sede dos que nela bebem. Tudo no ensinamento concorre para definir um rumo, para descobrir, em prol da felicidade do homem, um caminho que há de levá-lo com absoluta segurança ao encontro dos grandes recursos que cada vida contém em reservada latência. A perseverança e a lealdade às próprias confissões de sinceridade, postas a serviço da investigação que o ensinamento logosófico promove, são condições indispensáveis. Aqueles que assim procederem terão assegurado o êxito no trabalho empreendido. COMO ADAPTAR A MENTE AO ENSINAMENTO O ensinamento logosófico, em virtude de sua apertada síntese, requer uma concentração mental especial por parte de quem o estuda. Se se tem em conta que uma coisa é o ensinamento em si, e outra a interpretação que dele se deve fazer, teremos estabelecidas 94 Logosofia, ciência e método duas posições: a do ensinamento com respeito ao valor de seu conteúdo, e a que assinala o grau de capacidade da mente para extrair esse valor. É frequente que, por insuficiência desse grau de capacidade, se suscitem divergências no princípio dos estudos, cujas causas nem sempre se percebem. Isso nada mais é que a dificuldade que a mente encontra para penetrar em seu conteúdo; difi- culdade, aliás, muito compreensível, por ainda não ter sido exercitada o suficiente para captar seu alto significado. A posição da mente que busca o ensinamento e procura interpretá-lo nem sempre corresponde, desde o princípio, às condições reclamadas por sua parte viva1. Poder-se-ia, de certo modo, fazer uma comparação com a luva ou o sapato, quando dificultam a entrada da mão ou do pé, mas que, adaptados com o tempo aos respectivos membros, permitem a um e a outro sentir-se cômodos nos movimentos e ações. Isso quer dizer que, suportados os primeiros desconfortos, o ser tem a compensação de levar consigo um elemento útil. Algo parecido, repetimos, acontece com a mente a respeito do ensinamento, já que, conseguida a adaptação que se segue ao esforço mental para assimilar o conhecimento que o anima, o ensinamento propulsiona dentro da mente uma atividade que a agiliza e a predispõe para atuar com desenvoltura e acerto. 1 Ao dizer parte viva do ensinamento, referimo-nos à força ativa que lhe é própria. o ensinamento logosófico 95 É de todo necessário que o ensinamento penetre na mente sem que esta lhe oponha maior resistência. Essa resistência comumente se define pela presença de preconceitos ou conceitos que se contrapõem à compreensão que se trata de alcançar. Isso não quer significar que se deva prescindir do livre exame; pelo contrário, o ensinamento mesmo assim o exige, mas o exame deve ser – como expressamos – livre, quer dizer, isento de toda trava ou preconceito que impeça a razão de emitir seus ditames com plena independência de juízo. NORMA INDECLINÁVEL DE CONDUTA Os olhos do entendimento devem estar sempre atentos a tudo quanto concerne à evolução do ser; se os olhos físicos se inter- põem aos do entendimento, a razão se nubla, distorcem-se as coisas e surgem a confusão e o caos. Pois bem, as leis que regem a Criação são inexoráveis em suas determinações. A sabedoria, regida por essas leis, ao oferecer- -se à inteligência humana por via do conhecimento, exige também, como é natural, uma conduta cujo cumprimento não se pode evitar. Ao oferecer-se por essa via à inteligência humana, a sabedoria manifesta o maior gesto de altruísmo. Em consequência, o
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