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Guias e Dicas
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Introdução à Economia N.Gregory Mankiw - Livro (parte 4) POLITECNICOS.COM.BR, Manuais, Projetos, Pesquisas de Economia

LIVRO DE ECONOMIA

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2017
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Compartilhado em 10/08/2017

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Baixe Introdução à Economia N.Gregory Mankiw - Livro (parte 4) POLITECNICOS.COM.BR e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Economia, somente na Docsity! 1 0 MOEDA E PREWS NO LONGO PR-AZO - CAPITULO 29 0 SISTEMA MONETARIO 629 ativos da economia, como aches, tftulos, bens imOveis, °bras de arte e ate figuri- nhas de beisebol.Vamos examinar cada uma dessas funcoes da moeda. Um meio de troca é algoclue Os compradores dao aos ven es n compram bens e_servic. Quando voce compra uma camisa —numa loja de roupas, a loja lhe entrega a camisa e voce entrega moeda a loja. Essa transferencia de moeda do comprador para o vendedor permite que a transacao ocorra. Quando entra numa loja, voce esta confiante de que ela ira aceitar sua moeda em troca dos itens que estao a venda, porque a moeda é o meio de troca comumente aceito. Uma unidade de conta é um padrao de medida c ue as pessoas usam_para .anuncia egistrar debitos. Quando voce vai as compras, pode observar que uma camisa custa $ 20 e Lirn hambtirguer, $ 2. Embora seja correto dizer que o preco de uma camisa sao dez hambUrgueres e que o preco de um hamburg,uer é 1/10 do preco de uma camisa, os precos nunca sao cotados dessa maneira. De forma similar, se voce toma urn emprestimo corn urn banco, o montante de suas prestaches futuras sera medido em &Mares, n5o em uma quantidade de bens e ser- vicos. Quando queremos medir e registrar valor economic°, usamos a moeda como unidade de conta. Uma reserva de valor_e algo. q_ue as pessoas_ podem tisar para transferir poder com ra of_uturo. Quando urn vendedor aceita moeda hoje em troca de urn bem ou servico, ele pode ficar corn a moeda e tomar-se comprador de outro bem ou servico em outro momenta E claro que a moeda nao é a unica reser- va de valor da economia, já que uma pessoa tambem pode transferir poder de compra do presente para o futuro mantendo outros ativos..0 term° riqueza usado ,para fazer referencia ao total de reservas de valor, incluindo tanto a moeda quan: to os ativos nao-monetarios._ Os economistas usam o termo uidez -)ara descrever a facilidade corn que urn .ativo pode ser convertido em meio de troca da economia. Como a moeda é o meio de troca da economia, ela é o mais liquid° dos ativos disponfveis. A liquidez dos demais ativos varia muito. A maioria das aches e dos tftulos pode ser vendida facil- mente corn pequeno custo, de modo que esses sao ativos relativamente liquidos. Por outro lado, vender uma casa, uma pintura de Rembrandt ou uma figurinha de Joe DiMaggio de 1948 exige mais tempo e esforco, de modo que esses ativos sao menos liquidos. Quando as pessoas decidem sob que forma manter sua riqueza, precisam levar em consideracao a liquidez de cada ativo em relacao a sua utilidade como reserva de valor. A moeda é o ativo mais liquid°, mas esta longe de ser perfeita como reser- va de valor. Quando ossrecos sobem, o valor da moeda cai. Em outras palavras, quando os bens e servicos se tornam mais caros, cada Mar que voce tern na car- teira pode comprar menos. Essa ligacao entre o nivel de precos e o valor da moeda se revelara importante para entender como a moeda afeta a economia. mem de troca algo que os compradores dao aos vendedores quando que- (rem comprar bens e servicos funidade de conta o padrao de medida que as 1pessoas usam para anunciar precos e registrar debitos rreserva de valor j algo que as pessoas podem usar para transferir poder de i compra do presente para o ,futuro liquidez a facilidade corn que urn ativo pode ser convertido em meio de troca da economia teAEcO tVALOP, )(A MOF 630 PARTE 10 MOEDA E PREOS NO LONGO PRAZO eutro exemplo de moeda-mercadoria s.- c) os cigarros. Nos campos de prisionei- ros de guerra durante a Segunda Guerra Mundial, os prisioneiros trocavam bens e servios entre si usando cigarros como reserva de valor, unidade de conta e meio de troca. De forma similar, quando a União Sovietica estava em colapso, no final da decada de 1980, os cigarros comec;aram a substituir o ruhlo como moecla ern circu- lg -ao preferida em Moscou. Nos dois casos, ate os ficavam satisfei- tos em aceitar cigarros em uma troca, sabendo que poderiam usa-los para comprar outros bens e servi9o3 A moeda sem valor intrinseco écharnadadernoeda de curso foNado (fiat money). Isso significa que o mstrumento utilizado e moeda por decreto govema- mental. Por exemplo, compare as notas de dOlar (impressas pelo governo america- no) com as notas de um jogo de Banco Imobiliario (impressas pela fabrica de brin- quedos Parker Brothers). Por que voce pode usar as primeiras para pagar a conta de um restaurante, mas nao as seg,undas? A resposta é que o govemo americano decretou que seus dOlares são moeda valida. Em cada nota de dOlar ha a seg,uinte "Esta nota é moeda corrente para todas as dividas, pUblicas e privadas". Embora o govemo seja a figura central para estabelecer e regular um sistema de n-ioeda de curso foNado (processando os falsificadores, por exemplo), outros fato- res tambem s'ao necessarios para o sucesso de um sistema monetario desse tipo. Em g,rande medida, a aceita o da moeda de curso foNado depende tanto das moeda de curso forcado moeda sem valor intrinseco • que é usada comorri9eda_ _ por decreto governamental_ NOTIIC1AS MOEDA NA ILHA DE YAP 0 popel dos hdbitos sociais no sistema monetario é mais evidente em culturas estrangeiras com costumes muito diferentes dos nossos. 0 artigo a seguir descreve a moeda no ilha de Yap. À med • a que for lendo o artigo, pergunte-se se Yop esta usando uma moeda-mercadoria, uma moeda de curso forado ou algo entre os dois extremos. Ativos Fixos ou Por que É Tho Difícil Rolar Empr6timos em Yap Por Art Prrie Yap, Micronesia — Nesta minscula ilha do Pacifico Sul, a vida é facil e a moeda é forte. Em outros lugares, o sistema monetario mundial esta em dificuldades; taxas de cern- bio flutuantes tumultuam os mercados de moeda e as desvalorizaces sao lugar-co- mum. Mas em Yap a moeda é tao sdida quanto uma rocha. De fato, ela é uma rocha. Rocha calcaria, para ser exato. Por quase 2 mil anos os yapeses usa- ram grandes discos de pedra para pagar por grandes compras, como terras, canoas e licencas de casamento. Yap é um territ6rio americano e o ddar é usado nos supermer- cados e postos de gasolina. Mas a confianca no dinheiro de pedra, assim como o antigo sistema de castas da ilha e suas vestes tra- dicionais, ainda perdura. Comprar propriedades com pedras ije muito mais facil do que comprar com ddares dos Estados Unidos", diz John Chodad, que recentemente adquiriu um terreno com um disco de pedra de 90 cm de diametro. "N6s nao sabe'mos o valor do cldar americano." Os discos de pedra n -ao s'ao adequados para pequenos neg6cios, de modo que os yapeses usam outros tipos de moeda, como a cerveja, para pequenas transaces. A cer- veja é oferecida como pagamento por todos os tipos de servicos ocasionais, inclusive os de construck. Os 10 mil habitantes de Yap consomem entre 40 mil e 50 mil caixas de cerveja por ano, predominantemente da marca Budweiser. (...) 0 povo de Yap usa a moeda de pedra desde que um guerreiro yapes chamado Anagumang trouxe as enormes pedras das cavernas de calcario da vizinha Palau, ha 1.500 ou 2 mil anos. Inspirado pela lua, ele Dinheiro no ilha de Yap: nao exatamente moedinhas de bolso. CAPITULO 29 0 SISTEMA MONETARIO 631 expectativas e convencoes socials quanto do decreto govemamental. 0 govern° sovietico da decada de 80 jamais abandonou o rublo como sua moeda oficial. Mas o povo de Moscou preferia aceitar cigarros (ou mesmo dolares americanos) em troca de bens e servicos porque estava seguro de que essas formas alternativas de pagamento seriam aceitas por outras .pessoas no futuro. Moeda na Economia Americana Como veremos, a uantidade de moeda em circula ão na c_oriorilia nacia de estoque de nzoeda, tem torte influencia sobre muitas variaveis econOmicas. Mas antes de examinarmos por que isso é verdade, precisamos fazer uma pergunta prelimi- nar: 0 que é quantidade de moeda? Mais especificamente, suponha que voce rece- ba a tarefa de medir a quantidade de moeda na economia americana. 0 que voce incluiria em sua medida? 0 ativo mais Obvio para incluir é a moeda corrente - as notas e moedas de metal que--estao naS- niaos d-ol—pliblic-o. A moeda corr-ente e, claramente, o meio de troca mais aceito em nossa economia. Nao ha dUvida de que é parte do estoque de moeda. No entanto, a moeda corrente nao é o unico ativo que voce pode usar para com- prar bens e servicos. Muitas lojas tambem aceitam cheques. A riqueza mantida em sua conta corrente é quase to conveniente para comprar coisas quanto a riqueza moeda corrente as notas e as m-ciedas de• —___. metal em poder do public° Os yapeses encostam os discos de pedra em suas casas ou as enfileiram em "bancos" em cada aldeia. A maioria das pedras tem entre 75 cm e 1,5 m de diame- tro, mas ha algumas com mais de 3,5 m. Todas tem um furo no centro, de modo a poderem ser encaixadas no tronco de uma arvore caida e transportadas. Sao necessa- rios ate 20 homens para levantar algumas pedras. Por costume, as pedras perdem o valor quando se quebram. Em Yap, voce nunca ouvira alguem se queixar da falta de um pedaco de pedra. Em vez de correr o risco de quebrar uma pedra - ou as costas - os yape- ses tendem a deixar as pedras de maior porte onde estao e a contabilizar mental- mente as pedras que mudaram de dono - da mesma forma como as barras de ouro usadas em transacbes internacionais mudam de maos sem jamais deixar as cofres do Federal Reserve Bank de Nova York. Ha algumas vantagens evidentes no uso de pedras macicas como moeda. Elas esculpiu a pedra em grandes circulos. 0 sao imunes ao comercio no mercado para- resto é historia. lelo, par um lado, e representam um enor- me obstaculo para as batedores de cartel- ras. Alern disso, nao ha debates estereis sobre como estabilizar o sistema monetario yapes. Com apenas 6.600 rodas de pedra remanescentes na ilha, a oferta de moeda nao se altera... Entretanto, a moeda de pedra de Yap pode estar em vias de adquirir significado internacional. Ainda ontem, Washington recebeu a noticia de que Tosiho Nakayama, o presidente da Micronesia, pretende trazer um disco de pedra quando visitar as Estados Unidos no mes que vem. Sera transportado por um jato da Forca Aerea. Representantes do govern° afirmam que o Sr. Nakayama pretende que a pedra seja uma contribuick simbolica da Micro- nesia para reduzir o deficit orcamentario dos Estados Unidos. Fonte: The Wall Street Journal, 29 mar. 1984, p. Al. 1984 Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permis- sao de Dow Jones & Co. Inc. no format° livro-texto, via Copyright Clearance Center. 634 PARTE 10 MOEDA E PREOS NO LONGO PRAZO 0 SISTEMA DO FEDERAL RESERVE Sempre que uma econon-lia usa moeda de curso foNado, como é o caso da econo- mia dos Estados Unidos, deve haver um erg -a"o responsavel pela reg,ula o do siste- ma. Nos Estados Unidos, esse 6r0o e o Federal Reserve, muitas vezes chamado simplesmente de Fed. Se voce observar a parte superior de uma nota de delar, vera que ela é denominada "Nota do Federal Reserve" (Federal Reserve Note). 0 Fed um exemplo de banco centr ainstituião planejada para supervisionar o sis- tema bancario e reoular a quantidade de moeda na economia. Oiltros grandes ban-- cos centrais do mundo são o Banco da Inglatefra (Bank ot o Banco do Ia_ Lao113lk ". of Japan) e o Banco Central Europeu (European Cenp ( aL —-itral A Organizack do Fed 0 Federal Reserve foi criado em 1914, depois que uma serie de quebras de bancos ocorrida em 1907 convenceu o Cong,resso de que os Estados Unidos precisavam de um banco central para garantir a sailde do sistema bancario da nação. Hoje, o Fed administrado por seu Conselho de Governadores (Board of Governors), que composto por sete membros indicados pelo presidente e confirn-iados pelo Senado. Os governadores tem mandatos de 14 anos. Assim como os juizes federais tem mandato vitalicio para ficar isolados da política, os governadores do Fed tem man- datos longos para assegurar independencia de pressi5es politicas de curto prazo ao formular a politica monetaria. Entre os sete membros do Conselho de Governadores, o mais importante é o presidente. 0 presidente dirige o pessoal do Fed, preside às assembleias do conse- lho e depe regularmente sobre a politica do Fed perante comisses do Cong,resso. 0 presidente dos Estados Unidos nomeia o presidente do Fed para um periodo de quatro anos. Quando este livro estava no prelo, o presidente do Fed era Alan Greenspan, nomeado originalmente em 1987 pelo presidente Reagan e posterior- mente renomeado pelos presidentes Bush e Clinton. 0 Sistema do Federal Reserve se con-ip -cie do (Federal Reserve Board) Conselho do Federal Reserve, em Washington, D.C., e de 12 bancos reg,ionais da reserva federal (Federal Reserve Banks) localizados nas principais cidades do pais. Os presidentes dos bancos regionais sk) escolhidos pelo conselho diretor de cada banco, cujos mem- bros são norn-ialmente selecionados na con-lunidade bancaria e empresarial reg,ional. 0 Fed tem duas tarefas relacionadas. A primeira é regular as atividades dos ban- cos e garantir a saUde do sistema bancario. Essa tarefa e, basicamente, responsabili- dade dos bancos regionais da reserva federal. Mais especificamente, o Fed monitora as condices finnnceiras de cada banco e facilita as transa nca s realizando compensao de cheques. Atua tambem como banco dos bancos. Ou seja, o Fed cori- cede emprestimos quando os preprios bancos precisam. Quando bancos em dificul- dades financeiras se Veem com pouco dinheiro em caixa, o Fed age como empresta- dor de i'dtima iustâucia — um emprestador para aqueles que n'a",c) podem emprestar de mais ninguem a fim de manter a estabilidade do sistema bancario como um todo. segunda_e mais importante tarefa do Fed é controlar a quantidade_de moeda disponivel na economia, denominada oferta de moeda. As decis"67-es dos formula- dores de politicas a respeito da oferta de moeda c -onstitue-m a politica monetria. No Federal Reserve, a politica monetaria e formulada pela (Federal Open Market Committee — FOMC) Comiss"a"o Federal do Mercado Aberto. A FOMC rene-se a cada seis semanas, aproximadamente, em Washington, D.C., para discutir a situa- o da economia e estudar mudaNas na politica monetaria. A Comissh Federal do Mercado Aberto Federal Reserve (Fed) o banco central dos Estados Unidos banco central uma instituick planejada para supervisionar o sistema bandrio e regular a quantidade de moeda na economia oferta de moeda a quantidade de moeda d 6ñive na econornia politica monetaria - o estabefear-riento da oferta de moeda pelos formuladores de politicas do banco central A Comissk) Federal do Mercado Aberto se comp6e dos sete membros do Conselho de Governadores e de 5 dos 12 presidentes dos bancos regionais. Todos os 12 pre- Jui\, 1iJh G-\0 0 "Eu j6 ouvi fakir mu/to sobre moeda e agora gostaria de experimentar para saber coma e no pi-66m" CAPITULO 29 0 SISTEMA MONETARIO 635 sidentes reg,ionais participam das assembleias da FOMC, mas apenas 5 deles tern direito a voto. Periodicamente ha urn rodlzio entre os 12 presidentes reg,ionais para determinar os 5 que terao direito a voto. Contudo, o presidente do Fed de Nova York sempre tern direito a voto, porque Nova York é o tradicional centro financeiro dos Estados Unidos e porque todas as compras e vendas de titulos do govern° sac) conduzidas pela mesa de operacoes do Fed de Nova York. Por meio das decisoes da FOMC, o Fed tern o poder de aumentar ou diminuir o numero de Mares na economia. Utilizando uma metafora simples, podemos imaginar que o Fed imprima notas de Mares e as despeje de helicopter° por todo o pais. De forma similar, podemos imaginar que o Fed use urn aspirador gigante para aspirar notas de &Aar das carteiras das pessoas. Embora, na pratica, os meto- dos do Fed para alterar a oferta de moeda sejam mais complexos e sutis, a metafo- ra do helicopter° e do aspirador serve como uma boa aproximacdo inicial do signi- ficado da politica monetaria. Veremos mais adiante neste capItulo como o Fed altera, verdadeiramente, a oferta de moeda, Inas vale observar aqui que o principal instrumento que ele usa sao as operacaes no mercado aberto — a compra e a venda de tctulos do govern() dos Estados Unidos (lembre-se de que urn titulo do governo dos Estados Unidos é urn ;,;0U fJ 0 31 -) c.-; Au rf.,E certificado de divida do governo federal). Se a FOMC decide aurnentar a oferta de oF e c „ rOCDA, moeda, o Fed emite Mares e os usa para—comprar titulos do go----vernagieestaonas ov,c cp., 0 i) L , • ercados se FOMC—crecT—le diminuir a oferta de moeda, o Fed vende titulos do govern° de sua carteira nos 1-10u('-c-st\M DE CI t,i0•0 mercados de litulos. AID& venoTa-6-S o ares recebido os titulos saem das (,) •;;.e. maos do paha). Portanto, uma venda de tItulos no mercado aberto realizada Flelo 0 Fed reduz a oferta_de moeda. ,poic ue-tiDe_ 0 VI rJHE• 0 Fed é Lima instituicao importante porque mudancas na oferta de moeda ,4 0 podem afetar profundamente a economia. Urn dos Dez Principios de Economia do CapItulo 1 é que os precos aumentam quando o govern° emite moeda demais. Outro dos Dez Principios de Economia é que a sociedade enfrenta urn tradeoff de curto prazo entre inflacao e desemprego. 0 poder da FOMC repousa nesses • Por razoes que discutiremos corn maior profundidade nos proximos capitu- los, as decisnes pollticas da FOMC tern forte influencia sobre a taxa de inflacao da economia no longo prazo e sobre o emprego e a producao da economia no curto prazo. De fato, o presidente do Federal Reserve tern sido chamado de a segunda pessoa mais poderosa dos Estados Unidos. Teste Rapid° Quais sao as principals responsabilidades do Federal Reserve? Quando o Fed quer aumentar a oferta de moeda, o que costuma fazer? E. P00 5; 64. 12(2, c 1\1\ M LO 1) • C/N q6P.. (\no OS BANCOS E A OFERTA DE MOEDA Ate aqui, introduzimos o conceit° de "moeda"e discutimos como o Federal Reserve cc' controla a oferta c_iemc_s)ela__psar_Lue.io cla_compra e venda de titul ci gouem.c operacoes do mercaclorto_Embok p-a essa ex licacao da oferta de moeda seja cor: reta, ela nao é completa. Mais es ecificamente, ela omite o papel central desempe- nha o pe os bancos no sistema monetario. Recorde que quantidade de moeda que voce mantem em seu poder inclui tanto a moeda corrente (as notas em sua carteira e as moedas em seu bolso) quan- to os depositos a vista (o saldo em sua conta corrente). Como os depositos a vista sao mantidos ern bancos, o comportamento dos bancos pode influenciar a quanti- ° Z Ji5 • 0 96,D0 E r() vi) c o4 eo i-k rrn D QO : 0+ A- AJ-7- De frooe•bilS Euo4 1114 e/-Tfrif---A' maos do ti ulos do pos a compra, os Mares pas- qv t, up h \o- Liblico. Portant°, uma compra de titulos no mercado aberto I ° j1\64\ tp.2. /„4 ,realizada pelo Fed aumenta a oferta e moeda. Inversamente se a sam para as maos do 636 PARTE 10 MOEDA E PREOS NO LONGO PRAZO dade de depOsitos à vista na economia e, portanto, a oferta de moeda. Esta se o examina como os bancos afetam a oferta de moeda e como complicam a tarefa do Fed de eservas dep6sitos recebidos pel-o-s\ bancos, mas que \emprestados 0 Caso Simpies do Sistema de 100% de Reserva Bancria Para ver como os bancos influencian-i a oferta de moeda, e útil imaginar, em pri- meiro lugar, um mundo em que Iião haja bancos. Nesse mundo simples, a moeda corrente é a Unica forma de moeda. Em termos concretos, suponha que a quanti- dade total de moeda corrente seja $ 100. A oferta de moeda é, portanto, cle $ 100. Suponha agora que alguem abra um banco, chamado apropriadamente de Primeiro Banco Nacional. 0 Primeiro Banco Nacional e apenas uma institui o depositkia - ou seja, aceita depOsitos, mas iião concede emprestimos. 0 objetivo desse banco é proporcionar aos depositantes um lugar seguro para guardar seu dinheiro. Sempre que alg-uem deposita algum dinheiro, o banco o g,uarda em seu cofre ate que o depositante venha ou emita um cheque sobre seus depOsi- tos. Os de Ositos que os bancos recebem, mas n;-io emprestam, sk)shamados de reservas. Nessa economia imagmana, todos os depOsitos s' o mantidos como reser- vas, de modo que esse sistema é denominado sistema de 100% de reserva bancdria. Podemos representar a posi o financeira do Primeiro Banco Nacional com uma conta-T, que e um registro contbil simplificado que mostra as varia'Oes do ativo e do passivo do banco. Eis a conta-T do Primeiro Banco Nacional se todos os $ 100 em moeda da economia estiverem depositados nele. PRIMEIRO BANCO NACIONAL Ativo Passivo Reservas $ 100,00 DepOsitos $ 100,00 QU . - Nr k f 4, QW.-.7.- 3)-=,?J::--," Pr O A .r) C5 - P i, "-}- m,., ,isf\ Do lac_ oesquerdo da conta =T, temos os $ 100 em ativos oto banco (as reservas ue ele mantem em seus cofres). Do lado direito_dasonta-T, temos o passivo do ..banco,e$100 (a quantia que ere -d-eVe aos seus de ositantes). Qb_serve que o ativo assivo do Primeiro Banco Naciona sao Examinemos agora a oferta de moed —a nessa economia imaginkia. Antes da abertura do Primeiro Banco Nacional, a oferta de moeda s5o os $ 100 em moeda corrente que as pessoas tem ern seu poder. ApOs a abertura do banco e clepois de as pessoas terem depositado nele sua moeda corrente, a oferta de moeda s" - o os $ 100 em depOsitos à vista. (N- o há mais moeda corrente em poder do porque ela est-1 toda depositada no cofre do banco.) Cada depC_)sito no banco recluz> 11 , c -)rren e . e os d Ositos à vista exatarnente na mesma quantia, clelxando irQl_t_erac ta_dc..2 rno_edaJortanto, se os bancos mante'm tock cyc±- sitos c Cria0o de Moeda por Meio do Sistema de Reservas Bandrias Fracion&ias Eventualmente, os donos do Primeiro Banco Nacional podem comear a reconsi- derar sua politica de reservas banckias de 100%. Parece desnecesskio deixar todo aquele dinheiro ocioso nos cofres. Por que não usar parte dele para conceder emprestimos? As familias que querem comprar casas, as empresas que querem construir novas ffibricas e os estudantes que querem pagar F-)or seus estucios fica- riam felizes em pagar juros para tomar emprestado, por um periodo de tempo, um pouco do dinheiro. É claro que o Primeiro Banco Nacional precisa manter algumas reservas para que haja mocda corrente disponivel, caso os seus depositantes dese- jem fazer retiradas. Mas se o fluxo de novos depOsitos for aproximadamente igual CAPh-ULO 29 0 SISTEMA MONETARIO 639 similar, se a razao de reserva fosse de 1/5 (20%), os depOsitos seriam cinco vezes maiores do que as reservas, o multiplicador da moeda seria 5 e cada dfflar de reser- va geraria $ 5 cie n-ioeda. Portanto, quanto maior a raz -do de reserva, menor a parcela de cada dep6sito que os bancos emprestam e menor o multiplicador da moeda. No caso especial da reserva de 100%, a razao de reserva e 1, o multiplicador da mocda e 1 e os bancos nao concedem emprestimos nem criam moeda. Os instrumentos de Controie Monet&io do Fed Como ja vimos, o Federal Reserve é responsavel por controlar a oferta de n-ioeda na economia. Agora que sabemos como funciona o sistema bancario de reservas fra- cionarias, estamos em melhor posiao para entender como o Fed executa essa tare- fa. Uma vez que os bancos criam moeda em um sistema de reservas fracionarias, o controle do Fecl sobre a oferta de moeda e indireto. Quando o Fed decide alterar a oferta de moeda, precisa avaliar como suas a0es se refletirao no sistema bancario. 0 Fed tem tres instrumentos em sua caixa de ferramentas monetarias: as ope- ra95- es no mercado aberto, as reservas exigidas e a taxa de redesconto. Vamos ver como o Fed usa cacia um desses instrun-ientos. Operac"O'es no Mereado Aberto Como ja vimos anteriormente, o Fed conduz opera es no mercado aberto quando compra ou vende titulos do governo. Para aumentar a oferta de moeda, o Fed instrui seus agentes no Fed de Nova York a comprar titulos do púhlico nos mercados de titulos do pais. Os dOla- res que o Fed paga pelos titulos aumentam o niimero de dOlares em circulaao. Alguns desses dOlares sao mantidos como moeda corrente e alg,uns sao deposita- dos em bancos. Cada novo dOlar mantido como moeda corrente aumenta a oferta de moeda em exatamente $ 1. Cada novo dOlar depositado em um banco aumen- ta a oferta de moeda em uma magnitude maior porque aumenta as reservas e, por- tanto, a quantidade de moeda que o sistema bancario pode criar. Para reduzir a oferta de moeda, o Fed faz justamente o contrario: vende titulos do governo ao púhlico nos mercados de titulos do pais. 0 pblico paga por esses titulos com moeda corrente e depOsitos bancarios que j_-> ossui, reduzindo direta- mente a quantidade de moeda em circulaao. Alem disso, à medida que as pessoas fazem retiradas dos bancos, estes se veem com uma quantidade de reservas cada vez menor. Como resposta, eles reduzem o volume de emprestimos, e o processo de crigao de moeda se reverte. As operK -6es no mercado aberto sao faceis de conduzir. Na verdade, as compras e vendas de titulos do governo que o Fed executa nos mercados de titulos do pais sao semelhantes as transa(; ;(5es que qualquer pessoa poderia realizar para sua prOpria carteira (e claro que, quando um inclividuo compra ou vende um titulo, a moeda muda de mao, mas a quantidade de moeda ern circulgao permanece a mesma). Alem disso, o Fed pode usar as opera es no mercado aberto para alterar a oferta de moeda em maior ou menor quantidade a qualquer momento, sem maiores altera- es nas leis ou nos regulamentos bancarios. Portanto as opera5es no mercado aberto sao o instrumento de politica monetaria que o Fed usa com maior freqiiencia. Reservas Exigidas 2 0 Fed tambem influencia a oferta de moeda por meio das reservas exigidas, que é a reg,ulamentgao que diz respeito ao montante minimo de reservas que os bancos devem manter sobre seus depOsitos. As reser- vas exig,iclas influenciam a quantidade de moeda que o sistema bancario j_-)ode criar a partir de cada dOlar de reserva. Um aumento nas reservas exigidas significa que 2 N.R.T.: Tamb&n conhecido como DepOsitos CompulsOrios ou Reservas ObrigatOrias. operaOes no mercado aberto a compra e venda de titulos do governo norte-americano pelo Fed reservas exigidas regulamentaco que diz respetto ao montante minimo de reservas que os bancos devem manter sobre seus depOsitos 640 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO taxa de redesconto a taxa de juros sobre os emprestimos que o Fed concede aos bancos os bancos devem manter maiores reservas e, portant°, podem emprestar menos de cada dOlar que é depositado. Como resultado, a razdo de reserva aumenta, o mul- tiplicador da moeda diminui e a oferta de moeda cai. Inversamente, uma queda nas reservas exigidas reduz a razao de reserva, aumenta o multiplicador da moeda e eleva a oferta de moeda. O Fed usa as alteracoes nas reservas exigidas muito raramente, uma vez que mudancas frequentes ciesorganizariam a ativiciade bancaria. Quando o Fed au- menta as reservas exigidas, por exempla, alg-uns bancos podem se ver corn falta de reservas, mesmo que na-o tenham sofrido qualquer alteracao de depOsitos. Ern con- sequencia, eles precisam reduzir os emprestimos ate que tenham elevado suas reservas ao novo nivel exigido. A Taxa de Redesconto 0 terceiro instrumento da caixa de ferramentas do Fed a taxa de redesconto, a taxa de juros sobre os emprestimos que o Fed faz aos ban- cos. Urn banco toma emprestimo do Fed quando possui poucas reservas para fazer frente as reservas exigidas. Isso pode acontecer porque o banco concedeu empresti- mos em excesso ou porque ocorreram retiradas recentes. Quando o Fed concede urn emprestimo desse tipo a urn banco, o sistema bancario fica corn mais reservas, e essas reservas adicionais permitem que o sistema bancario crie mais moeda. 0 Fed pode alterar a oferta de moeda mudando a taxa de redesconto. Uma taxa de redesconto mais elevada desencoraja os bancos de tomar emprestimos para reservas ao Fed. Portanto, urn aumento na taxa de reciesconto reduz a quantidade de reservas no sistema bancario, o que, por sua vez, reduz a oferta de moeda. Inversamente, uma taxa de redesconto menor incentiva os bancos a tomar empres- timos no Fed, aumenta a quanticiade de reservas e eleva a oferta de moeda. O Fed usa a taxa de redesconto no so para controlar a oferta de moeda, mas tambem para ajudar instituiches financeiras que estejam em dificuldades. Por exempla, em 1984, circularam rumores de que o Continental Illinois National Bank fizera urn gr, ande ntimero de emprestimos duviclosos, e esses rumores induziram muitos depositantes a sacar seus depositos. Como parte de urn esforco para salvar o banco, o Fed agiu coma emprestador de Ultima instancia e repassou ao Conti- nental Illinois mais de $ 5 bilhaes. De forma similar, quando o mercado de aches quebrou em 19 de outubro de 1987, muitas corretoras de Wall Street se viram tern- porariamente necessitadas de fundos para financiar o elevado volume de negacios corn aches. Na manila seguinte, antes da abertura da balsa, o presidente do Fed, Alan Greenspan, anunciou a "disposicao do Fed de servir como fonte de liquidez para dar sustentacao ao sistema economic° e financeiro". Muitos economistas acreditam que a reacao de Greenspan a quebra da balsa foi uma das principais razoes para que houvesse Ca° poucas repercussoes. Problemas corn o Controle da Oferta de Moeda Os tres instrumentos do Fed — operaches no mercado aberto, reservas exig,idas e taxa de redesconto — tern poderoso efeito sobre a oferta de moeda. Mas o controle que o Fed exerce sabre a oferta de moeda nao é preciso. 0 Fed é obrigacio a lutar corn dais problemas, que surgem porque grande parte da oferta de moeda é criada pelo sistema bancario de reservas fracionarias. O primeiro problema é que o Fed nao controla a quantidade de moeda que as familias decidem manter depositada nos bancos. Quanta mais moeda as familias ciepositam, mais reservas os bancos tem e mais moecia o sistema bancario pode criar. E quanta menos moeda as familias depositam, menos reservas os bancos tern e menos moeda o sisterna bancario pode criar. Para ver por que isso é urn proble- ma, suponha que, urn dia, as pessoas comecem a perder a confianca no sistema bancario e, por essa razdo, decidam retirar seus depositos e ficar corn moeda cor- CAPiTULO 29 0 SISTENIA NIONETARIO 641 rente em seu poder. Quando isso acontece, o sistema banckio perde reservas e cria menos moeda. A oferta de moeda cai, mesmo sem nenhuma a' "o do Fed. 0 seg-undo problema do controle monetkio é que o Fed não controla a quan- tidade que os bancos decidem emprestar. A partir do dep6sito de n-ioeda em um banco, existe criação de mais moeda somente quando o banco concede empresti- mos. Uma vez que os bancos podem optar por manter um excesso de reservas, o Fed poden - o estar seguro de quanta moeda o sistema banckio irá criar. Por exem- plo, suponha que, um dia, os bancos se tomem mais cautelosos em rela o às con- dições da economia e decidam conceder menos emr)restimos e manter reservas maiores. Nesse caso, o sistema banckio criará menos moeda do que antes. Por causa da deciso dos bancos, a oferta de moeda cai. Assim, num sistema banckio de reservas fracionkias, a quantidade de moeda na economia depende, en-i parte, do comportamento dos depositantes e dos bancos. Como o Fed não pode controlar ou prever perfeitan-iente esse comportamento, pode controlar perfeitamente a oferta de moeda. Mas se o Fed se mantiver vigilan- te, esses problemas não precisan-i ser grandes. 0 Fed coleta dados semanais sobre os depOsitos e as reservas dos bancos, de modo que rapidamente fica a par so- bre quaisquer mudaNas no comportamento dos depositantes ou dos bancos. E pode, portanto, responder a essas altera es e manter a oferta de moeda prOxima ao nivel desejado. Estudo de Caso CORR1DAS AOS BANCOS E A OFERTA DE MOEDA Embora, na vida real, voce provavelmente jamais tenha testemunhado uma da aos bancos, talvez tenha visto alguma em filmes como Mary Poppins ou A felici- dade nr7o se compra. Un-la corrida aos bancos acontece quando os depositantes sus- peitam que urn banco pode falir e, por isso, "correm" para retirar seus dep6sitos. As corridas aos bancos são um problema para os bancos em um sistema de reservas fracionkias. Como o banco mant(I'm apenas uma fra o de seus dep6sitos em reserva, não pode satisfazer os pedidos de retirada de todos os depositantes. Mesmo que o banco esteja, de fato, solvente (sig,nificando que seu ativo e maior do que o passivo), n - o terá dinheiro em caixa suficiente para possibilitar a todos os depositantes acesso imediato ao seu dinheiro. Quando ocorre uma corrida, o banco foNado a fechar as portas ate que alg-uns emprestimos concedidos sejam pagos ou ate que alg,um en-iprestador de última instklcia (como o Fed) lhe fornea a moeda corrente de que necessita para satisfazer os depositantes. As corridas aos bancos complicam o controle sobre a oferta de moeda. Um importante exemplo desse problema se deu durante a Grande Depresso do da decada de 1930. Ap6s uma onda de corridas aos bancos e de fechamento de bancos, as familias e os bancos tomaram-se mais cautelosos. As familias retiraram seus depOsitos dos bancos, preferindo manter a moeda sob a forma de moeda cor- rente. Essa deciso reverteu o processo de cria o de moeda, à medida que os ban- cos responderam à queda das reservas com uma redu o na concesso de empres- timos. Ao mesmo tempo, os bancos aumentaram a raz"k) de reserva para ter dinheiro suficiente em caixa para atender à demanda de seus depositantes, em caso de futuras corridas a bancos. A razk) de reserva mais elevada reduziu o multiplica- dor da moeda, o que reduziu a oferta de moeda. Entre 1929 e 1933, a oferta de moeda caiu 28%, mesmo sem qualquer K^ : o contracionista deliberada do Federal Reserve. Muitos economistas apontam essa enorme queda na oferta de moeda para explicar o alto desemprego e as quedas de preos reg-istradas durante esse periodo (em capitulos futuros examinaremos os mecanismos pelos quais as varia- es na oferta de moeda afetam o desemprego e os preos). 644 PARTE 10 MOEDA E PRECOS NO LONGO PRAZO (Credit° extra: Qual o estado que possui dois Federal Reserve Banks?) 6. Seu tio pagou urn emprestimo de $ 100 do Decimo Banco Nacional corn urn cheque de $ 100 sobre seus depositos ern conta corrente mantida no mesmo banco. Use contas-T para demonstrar o efeito dessa transacao sobre seu tio e sobre o banco. A riqueza de seu tio mudou? Explique. 7. 0 Banco BSB mantem $ 250 milhOes em depositos e uma razao de reserva de 10%. a. Mostre a conta-T para o BSB. b.Agora, suponha que a major depositante do banco retire $ 10 milhoes em dinheiro de sua conta. Mostre a nova conta-T do BSB, caso ele decida restaurar sua razdo de reserva, reduzindo a quantidade de emprestimos concedidos. c. Explique o efeito que a ac5o do BSB tera sobre os demais bancos. d. 0 que poderia dificultar a acao do BSB descrita na questa° anterior (b)? Discuta outro meio pelo qua! o BSB poderia voltar a sua razao de reserva original. 8. Voce pega $ 100 que havia escondido debaixo do colchao e os deposita em sua conta corrente. Se esses $ 100 ficarem no sistema bancario como reservas e se os bancos mantiverem reservas iguais a 10% dos depositos, em quanto aumentara o total de depOsitos no sistema bancario? Em quanto aumentara a oferta de moeda? 9. 0 Federal Reserve compra, no mercado aberto, titulos do governo no valor de $ 10 milhoes. Se a razao de reservas exigidas é de 10°/0, qual o major aumento possivel na oferta de moeda que poderia resultar? Explique. Qual o menor aumento possi- ye!? Explique. 10. Suponha que a conta-T do Primeiro Banco Nacional seja a seguinte: Ativo Passivo Reservas $ 100.000 Depositos $ 500.000 Emprestimos 400.000 a. Se o Fed exig,ir que os bancos mantenham 5% dos depositos como reserva, qual é o excesso de reservas que o Primeiro Banco Nacional passa- ria a manter? b. Suponha que todos os outros bancos mante- nham apenas as reservas edgidas. Se o Primeiro Banco Nacional decidir reduzir suas reservas para o nivel de reservas exigidas, em quanto aumenta- ria a oferta de moeda da economia? 11. Suponha que a reserva exigida sobre os depositos em conta corrente seja de 10% e que os bancos nao mantenham excesso de reservas. a. Se o Fed vender $ 1 milhao em titulos do gover- no, qual sera o efeito sobre as reservas e sobre a oferta de moeda da economia? b. Suponha agora que o Fed reduza as reservas exi- gidas para 5°/0, mas que os bancos decidam manter mais 5% dos depOsitos como excesso de reservas. Por que os bancos fariam isso? Qual a variacao total do multiplicador da moeda e da oferta de moeda por causa dessas acoes? 12. Suponha que o sistema bancario tenha urn total de $ 100 milhoes em reservas. Suponha tambem que as reservas exigidas sejam de 10°/0 sobre os deposi- tos cm conta corrente, que os bancos nao tenham reservas em excesso e que as familias nao te- nham moeda corrente em seu poder. a. Qual é o multiplicador da moeda? Qual é a ofer- ta de moeda? b. Se o Fed elevar as reservas exigidas para 20% qual a variacao nas reservas e na oferta de moeda? 13. (Este problema é desafiador.) A economia de Elmendyn tern 2 mil notas de $ 1. a. Se a populacao mantiver toda a moeda coma moeda corrente, qual sera a quantidade de moeda existente em Elmendyn? b. Se as pessoas mantiverem toda a moeda como depOsitos a vista e os bancos mantiverem reser- vas de 100%, qual sera a quantidade de moeda existente em Elmendyn? c. Se aS pessoas mantiverem quantidades ig,uais de moeda corrente e de depositos a vista e os bancos mantiverem reservas de 100°/0, qual sera a quan- tidade de moeda existente em Elmendyn? d. Sc as pessoas mantiverem toda a moeda como depositos a vista e os bancos mantiverem razdo de reserva de 10%, qual sera a quantidade de moeda existente em Elmendyn? e. Se as pessoas mantiverem quanticiades iguais de moeda corrente e depositos a vista e os bancos mantiverem razao de reserva de 10%, qual sera a quantidade de moeda existente em Elmendyn? CRES PtiW TO DA MOEDA E FLACik0 mbora nos dias de hoje voce precise de um ou dois d6lares para comprar um sor- vete de casquinha, a vida era muito diferente ha 60 anos. Na cidade de Trenton, New Jersey, em uma loja de doces (dirigida, casualmente, pela avó deste autor na decada de 1930), os sorvetes eram apresentados em dois tamanhos. Um sorvete de casquinha pequeno custava tres cents. Clientes mais esfomeados podiam comprar um sorvete de casquinha grande por cinco cents. Voce provavelmente não esta surpreso com o aumento do preo dos sorvetes. Em nossa economia, os preos tendem a aumentar com o passar do tempo. Esse aumen- to do nivel geral de prec;os é chamado de inflac -do. Ja vimos em um capitulo anterior como os economistas medem a taxa de iriflação, ou pela varia o 1.-)ercentual no ce de preos ao consumidor, ou pelo deflator do PIB ou por qualquer outro indice do nivel geral de prec;os. Esses indices cle pre(;os mostram que, nos últirnos 60 anos, os preos subiram, em media, 5 c)/0 ao ano. Acumulada ao longo de muitos anos, uma inflgo de 5°/0 ao ano levou a um aumento de 18 vezes no nivel de preos. A inflaao pode parecer natural e inevitavel para alguem que tenha crescido nos Estados Unidos durante a segunda metade do seculo XX, mas na verdade n'ao e algo inevitavel. No seculo XIX houve dois longos periodos durante os quais a maioria dos prec;os caiu — um fenOmeno chamado defh4Ty7o. 0 nivel medio de preos da econo- 646 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO mia norte-americana era 23`)/0 menor em 1896 do que em 1880, e essa deflacao foi urn assunto de grande importancia na eleicao presidencial de 1896. Os fazendeiros, que haviam acumulado grandes dividas, sofreram quando a queda dos precos de suas colheitas reduziu suas rendas e, corn isso, sua capacidade de pagar dividas. Eles defendiam polfticas governamentais que tivessem por objetivo reverter a deflacao. Embora a inflacao tenha sido a regra durante a historia recente, tern havido uma variacao substancial na taxa de aumento dos precos. Durante os anos 90, os precos subiram a uma taxa media de cerca de 2% ao ano. Ja durante os anos 70, os precos subiram cerca de 7% ao ano, o que implicou duplicacao do nivel de pre- cos durante a decada. 0 pilblico frequentemente considera essas taxas tao eleva- das de inflacdo como urn grande problema economic°. De fato, quanto o presi- dente Jimmy Carter concorreu a reeleicao em 1980, o desafiante Ronald Reagan apontou a inflacao elevada como uma das falhas da politica econOmica de Carter. Dados internacionais mostram uma extensao ainda mais ampla de experiencias inflacionarias. Apos a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha registrou uma infla- cao espetacular. 0 preco de urn jomal subiu de 0,3 marco em janeiro de 1921 para 70 milhoes de marcos menos de dois anos depois. Outros precos subiram na mesma proporcao. Uma taxa de inflacao extraordinariamente elevada, como essa, é chamada hiperinflacao. A hiperinflacao alema teve um efeito tao adverso sobre a economia do pais que é frequentemente vista como urn dos principais elementos que contribuiram para o inicio do nazism° e, como consequencia, da Seg-unda Guerra Mundial. Nos ultimos 50 anos, corn esse episOdio ainda em mente, os for- muladores de polfticas alemaes tern sido extraordinariamente avessos a inflacao, e a Alemanha tem apresentado inflacao muito menor que a dos Estados Unidos. 0 que determina se uma economia apresentara inflacao e, em caso positivo, de quanto? Este capitulo responde a essa pergunta, desenvolvendo a teoria quantitati- va da moeda. 0 Capitulo 1 resume essa teoria como urn dos Dez Principios de Economia: Os precos aumentam quando o governo emite moeda demais. Essa ideia tern uma longa e veneravel tradicao entre os economistas. A teoria quantitativa foi cliscutida pelo famoso filOsofo do seculo XVIII David Hume e, mais recentemente, foi defendida pelo proeminente economista Milton Friedman. Essa teoria da infla- cao pode explicar tanto inflacoes moderadas, como aquelas ocorridas nos Estados Unidos, quanto hiperinflacoes, como aquelas vividas pela Alemanha no period() entre as guerras e, mais recentemente, por alg-uns 'Daises da America Latina. ApOs desenvolver a teoria da inflacao,,voltaremo-nos para uma questa° corre- lata: por que a inflacao é urn problema? A primeira vista, a resposta pode parecer obvia: A inflacao é um problema porque as pessoas nao gostam dela. Nos anos de 1970, quando os Estados Unidos apresentavam taxas de inflacao relativamente altas, as pesquisas de opinido colocavam a inflacdo como o maior problema enfren- tado pela nacao. 0 presidente Ford refletiu esse sentimento em 1974, quando cha- mou a inflacao de "inimigo paha) numero 1". Ford usava na lapela urn button em que se lia "WIN"— Whip Inflation Now (Acabar corn a Inflacao Jai). Mas quais sao, exatamente, os custos que a inflacdo imp-6e a uma sociedade? A resposta pode surpreender voce. Identificar os diversos custos da inflacao nao é tao simples e direto quanto pode parecer a primeira vista. Como resultado, embora a maioria dos economistas condene a hiperinflacao, alg-uns deles afirmam que os custos de uma inflacao moderada nao sao tao elevados quanto o pilblico ern geral acredita. A TEORIA CLASSICA DA INFLA00 Comecaremos nosso estudo da inflacao desenvolvendo a teoria quantitativa da moeda. Essa teoria é muitas vezes chamada de "teoria cl6ssica"porque foi desen- oferta de moeda Demanda de moeda CAPITULO 30 CRESCIMENTO DA MOEDA E INFL~0 649 FIGURA 1 Como a Oferta e a Demanda de Moeda Determinam o Nivel de Precos de Equilibrio 0 eixo horizontal mostra a quantidade de moeda. 0 ! ebco vertical da esquerdo mostra o valor da moeda, e o eiXo vertical da direita mostra o nivel de precos. A curva de oferto de moeda é vertical porque a quantidade de moeda ofertada é Th(ada pelo Fed. A curva de demanda de moeda tem inclina- cao negativa porque as pessoas desejam manter em m -dos uma maior quantidade de moeda quando cada dlar compra menos. No equilibrio, ponto A, o volor da moeda (no eixo da esquerdo) e o nivel de precos (no eixo da direita) ajustaram-se pora trazer a quantidade de moedo ofertada e a quantidade de moeda demandoda para o Valor da Moeda, 1IP (Alto) 3/4 1/ 2 Valor de equilibrio da moeda /4 (Baixo) 0 Nivel de Pre9Ds, P 1 (Baixo) 1,33 2 \ Quantidade Quantidade fixada pelo Fed de moeda Nivel de prev3s de equilibrio 4 (Alto) Os Efeitos de uma Inje0o de Moeda Vamos agora considerar os efeitos de uma alterg -cTio na politica monetkia. Para tanto, imagine que a economia esteja em equilibrio e, subitamente, o Fed dobre a oferta de moeda, emitindo alg-umas notas de d6lares e despejando-as de helicOp- tero por todo o pais (ou, de maneira menos dramEitica e mais realista, o Fed pode- ria injetar moeda na economia, compranc_io alguns titulos do governo que estio em rmios do pUblico, em opera -c5es de mercado aberto). 0 que acontece apOs tal inje- c;"o monetkia? Como o novo equilibrio se compara com o antigo? A Figura 2 (p. 650) mostra o que acontece. A injeco n-ionetkia desloca a curva de oferta para a direita, de OM, para OM-, e o equilibrio de move do ponto A para o ponto B. Como resultado, o valor da moeda (mostrado no eixo da esquercla) diminui de 1/2 para 1/4 e o nivel de preos de equilibrio (mostrado no eixo da direi- ta) aumenta de 2 para 4. Em outras palavras, quando um aumento na oferta de moeda toma os dOlares mais abundantes, o resultado é um aumento no nivel de preos que diminui o valor de cada dOlar. Essa explica o de como o nivel de pre9os é determinado e por que ele pode mudar com o passar do temi3o se chama teoria quantitativa da moeda. De acor- do com a teoria quantitativa, a quantidade de moeda disponivel na economia teoria quantitativa da moeda teoria que afirma que a quantidade de moeda disponivel determina o nivel de precos e que a taxa de crescimento na quantidade de moeda disponivel determina a taxa de inflack 650 PARTE 10 MOEDA E PRECOS NO LONGO PRAZO FIGURA 2 Um Aumento na Oferta de Moeda Quando o Fed aumenta a oferto de moeda, a curva de oferto de moedo desloca-se de 00 para 0M2. 0 valor do moeda (no eixo esquerdo) e o nivel de preps (no eixo dire/to) ajustam-se para trazer a oferta e o demanda de volta ao equilibrio. 0 equilibrio move-se do ponto A para o ponto B. Corn isso, quando um aumento no oferta de moeda toma os acres mais abundantes, o nivel de preps aumenta, fazendo corn que coda dolor valha menos, Valor da Nivel de Moeda, 1/P OM 1 OM2 Precos, P (Alto) 1 1 (Baixo) M 21 Quantidade de Moeda determina o valor da moeda, e o crescimento da quantidade de moeda é a princi- pal causa da inflacao. Como disse uma vez o economista Milton Friedman, "a infla- cao é sempre e em todo lugar um fenomeno monet6rio". Uma Breve Olhada no Process° de Ajuste Ate agora, comparamos o antigo equilibrio corn o novo equilibrio apos uma inje- cab de moeda. De que maneira a economia vai do antigo para o novo equilibrio? Uma resposta completa a essa questa° exige urn entendimento das flutuagoes de curt° prazo da economia, que examinaremos mais adiante. Contudo, ja seri instru- tivo analisar brevemente o process° de ajustamento que ocorre depois de uma alte- racao na oferta de moeda. 0 efeito imediato de uma injec5o de moeda é criar urn excesso de oferta de moeda. Antes da injecao, a economia estava em equilibrio (ponto A da Figura 2). No nivel de precos vigente, as pessoas tern exatamente a quantidade de moeda que desejam. Mas depois que os helicopteros jogaram a nova moeda e as pessoas a recolheram das ruas, elas tern mais Mares do que desejam em suas carteiras. No nivel de precos vigente, a quantidade de moeda ofertada agora excede a quantida- de de moeda demandada. As pessoas tentam se livrar desse excesso de oferta de moeda de varias manei- ras. Elas podem comprar bens e servicos corn esse excesso de moeda. Ou podem CAPh'ULO 30 CRESCINIENTO DA NIOEDA E INFLA-A0 65 1 usa-lo para conceder emprestimos às outras por meio da compra de titulos ou do clepc5sito desse excesso de moeda em contas de pouparka. Esses emprestimos per- mitem que outras pessoas comprem bens e servios. Em qualquer caso, a inje o de moeda aumenta a demanda por bens e servkos. A capacidade que a economia tem de ofertar bens e servkos, contudo, não foi alterada. Como vimos no capitulo sobre produc;"a - o e crescimento, a produc;'.^ao de bens e servkos da economia é determinada pela disponibilidade de trabalho, capi- tal fisico, capital humano, recursos naturais e conhecimento tecnol6gico. Nenhum deles é alterado com a inje o de moeda. Portanto, a maior demanda por bens e servk'os faz com que os prey)s cios bens e servi os aumentern. 0 aumento no nivel de preos, por sua vez, eleva a quanti- dade de moeda demandada porque as pessoas necessitam de mais dOlares para cada transa -ao. Finalmente, a economia atinge um novo equilibrio (ponto B da Fig,ura 2) em que a quantidade de moeda demandada novamente é igual à quanti- dade de moeda ofertada. Dessa forma, o nivel geral de preos dos bens e servios ajusta-se para trazer a oferta e a demanda de moeda para o equilibrio. A Dicotomia Cl sica e a Neutralidade Vioneria Vimos como as altera es na oferta de moeda levam a mudaNas no nivel geral de pre9ps dos bens e servkos. De que forma essas alterai5es monetarias afetam outras variaveis macroecoi-kmicas importantes, como produc;:(- -io, emprego, salarios reais e taxas de juros reais? Essa quest -ao ha muito tem intrigado os economistas. De fato, o gr, ande filc5sofo David Hume escreveu sobre ela no seculo XVIII. A resposta que damos hoje deve muito à analise de Hume. Hume e seus contemporaneos sugeriram que todas as variaveis econOmicas devem ser divididas em dois g,rupos. 0 primeiro grupo consiste de variaveis nomi- nais — variaveis medidas em unidades monetarias. 0 segundo, de variaveis reais — variaveis medidas em unidades fisicas. Por exemplo, a renda dos produtores de milho e uma variavel nominal porque e medida em dOlares, ao passo que a quan- tidade de milho que eles produzem é uma variavel real porque e medida De forma simi ar, o_ nomina e umã í e na1 por ue m o valor em c-Ic5 -ires da produao ee bens e servkos da economia; o r léuma variave real porc ue me e a quari -tic rvios produzidos na e influenc~~ -c—cirrentes desses bens e servi os. sa separgao das eri-i-79-,Ripo .s-t-d-e-nom icotorma classica (uma dicotomia é uma divisa- o em dois grupos e cldssica refere-se aos primeiros pensadores econOmicos). A aplicK'ao da dicotomia classica é um pouco complicada quando nos voltamos para os prec;os. Os preos na economia s'a - o normalmente cotados em termos de moeda e, portanto, são variaveis nominais. Por exemplo, quando dizemos que o preo do milho e de $ 2 por saca ou que o prey) do trigo é de $ 1 por saca, os dois pre9os s'ao variaveis nominais. Mas, e quanto aos prews relativos — o preo de uma coisa comparado ao prey) de outra? Em nosso exemplo, poderiamos dizer que o preo de uma saca de milho s'ao duas sacas de trigo. Observe que o preo relativo n'a'o mais é medido em termos de n-ioeda. Quando comparamos os preos de dois bens quaisquer, os sinais de dOlar se cancelam e o ni:imero resultante e medido em unidades fisicas. A lk'ao é que os preos em d6lar são variaveis nominais, ao passo que os pre9ps relativos são variaveis reais. Essa lição traz diversas implica es importantes. Por exemplo, o salario real (o salario en-1 dólar corrigido pela infla o) é uma variavel real porque mede a taxa variavels nominais var&eis medidas em unidades monethrias variveis reais vari veis medidas em unidades fisicas dicotomia ffissica a separack te6rica entre vari veis nominais e vari veis reais 654 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO 0 I I I I I I I 1 Fonte: Departamento do Comercio dos 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 Estados Unidos; Federal Reserve Board. (f m L qP,Ecro Q. D E_ cy) ti Esses cinco passos sao a essen ia da teoria quantitativa da moeda. 1.A velocidade da moeda é relativamente estavel ao longo do tempo. 2. Como a velocidade é estavel, quando o banco central altera a quantidade moeda (M), ele causa alteracoes proporcionais no valor nominal da producao (P x Y). 3. A producao de bens e servicos da economia (Y) é determinada, principal- mente, pela oferta de fatores (trabalho, capital fisico, capital humano e recur- SOS naturais) e pela tecnologia de producao disponivel. Em particular, como a moeda é neutra, ela nao afeta a produc5o. 4. Sendo a producao (Y) determinada pela oferta de fatores e pela tecnologia, quando o banco central altera a oferta de moeda (M) e induz alteracbes pro- porcionais no valor nominal da produc-ao (P x Y), essas alteracoes se refletem em alteracoes no nivel de precos (P). 5. Portanto, quando o banco central aumenta rapidamente a oferta de moeda, o resultado é uma alta taxa de inflacao. Estudo de Caso MOEDA E PRECOS DURANTE QUATRO HIPERINFLKOES Embora os terremotos possam ter como consequencia a devastacao de uma sociedade, tern como subproduto benefico proporcionar muitos dados titeis para os especialistas em sismologia. Esses dados podem lancar luz sobre teorias alter- (a) Austria (b) Hungria Nivel de pre9osNivel de preos Oferta de moeda Oferta de moeda 1922 192519241923 Mdice (Janeiro de 1921 = 100) 100.000 1 0.000 1.000 100 1921 Mdice (Julho de 1921 = 100) 100.000 10.000 1.000 100 - 1921 1922 1923 1924 1925 1921 1923 19251922 1924 (d) Nivel de pre9os Oferta de moeda CAPrTULO 30 CRESCIMENTO DA MOEDA E INFL~0 655 FIGURA 4 Moeda e Precos durante Quatro Hiperinflaces Esto figura mostra o quontidade de moeda e o nivel de precos durante quatro hiperinflocaes (observe que as variaveis estao grafadas em escalas logaritmicas. Isso significa que distancias verticais iguais no grafico representam voriocaes percentuais iguais da variOvel). Em cada coso, o quantidade de moedo e o nlvel de precos movem-se rigorosamente juntos. A forte associacao entre essas duas variaveis é consistente com a teoria quantitativa da moeda, que afirma que o crescimento da oferta de moeda é a principal causa do inflocao. Mdice (Janeiro de 1921 = 100) 1 0.000.000 1.000.000 1 00.000 10.000 1.000 100 Oferta de moeda 1921 1922 1923 1924 1925 Fonte: Adaptado de Thomas J. Sargent. The end of four big inflations. 1n: Robert Hall (ed.). Inflation. Chicago: University of Chicago Press, 1983, p. 41-93. Reproduzido com permissk. nativas e, com isso, ajudar a sociedade a prever e a lidar com amegas futuras. De forma similar, as hiperinflg -6es oferecem aos economistas monetth-ios um expe- rimento natural que eles podem usar para estudar os efeitos da moeda sobre a economia. As hiperinflK"c5es ski interessantes, em parte, porque nelas as altera5es na oferta de moeda e no nivel de precs:os s'k) muito grandes. De fato, a hiperinfla o geralmente definida como uma inflação que supere 50°/0 ao m6. Isso significa que o nivel de prkos aumenta mais de cem vezes no curso de um ano. Os dados sobre hiperinfla o mostram uma clara liggo entre a quantidade de moeda e o nivel de preos. A Figura 4 representa g,raficamente dados de quatro hiperinflg -6es clssicas que ocorreram na dkada de 1920 na ikustria, na Hung,ria, na Alemanha e na Pol6nia. Cada grffico mostra a quantidade de moeda da econo- mia e um indice do nivel de preos. A inclinação da linha da moeda representa a 656 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO taxa a qual a quantidade de moeda estava crescendo e a inclinacao da linha de pre- cos representa a taxa de inflacao. Quanto mais inclinadas as linhas,' mais elevadas as taxas de crescimento da moeda ou da inflacao. Observe que, em cada g,rafico, a quantidade de moeda e o nivel de precos sac) quase paralelos. Em cada caso, o crescimento da quantidade de moeda é modera- do no inicio, o mesmo ocorrendo corn a inflacao. Mas, corn o tempo, a quantidade de moeda da economia comeca a crescer cada vez mais rapid°. Aproximadamente ao mesmo tempo, a inflacao tambem decola. Entao, quando a quantidade de moeda se estabiliza, o nivel de precos tambem fica estavel. Esses episOdios ilustram hem urn dos DezPrincipios de Economia: Os precos sobem quando o govern° emite moeda demais. • imposto inflacionario a receita arrecadada pelo govern() por meio da criacao de moeda 0 Imposto Inflacionario Se é tao fad explicar a inflacao, por que alguns paises passam por hiperinflacao? Ou seja, por que os bancos centrals desses paises decidem emitir tanta moeda que seu valor por certo ira cair rapidamente corn o tempo? A resposta esta no fat° de que os governos desses paises estao usando a cria- c5o de moeda como meio para pagar suas despesas. Quando o govern° deseja construir estradas, pagar salarios aos policiais ou fazer pagamentos de transferen- cias aos pobres ou aos idosos, precisa antes levantar os fundos necessarios. Normalmente, o governo faz isso por meio da arrecadacao de impostos, como o imposto de renda e o impost° sobre as vendas, e tomando emprestimos do co pela venda de titulos. Mas o governo tambem pode pagar suas despesas sim- plesmente emitindo a moeda de que necessita. Quando o govern° aumenta sua receita por meio cla emissao de mocda, diz-se que esta arrecaciando urn imposto inflacionario. 0 impost° inflacionario nao é como os outros, porque ninguem recebe uma cobranca do govern° para paga-lo. Em vez clisso, o impost() inflacionario é mais sutil. Quando o govern° emite moeda, o nivel de precos se eleva e os Mares em sua carteira perdem valor. Portant°, a impost° inflaciandrio é coma um imposto sobre todas as pessoas que tem moeda. A importancia do impost() inflacionario varia de pais para pais e ao longo do tempo. Nos Estados Unidos, em anos recentes, o impost° inflacionario tern sicio uma fonte insignificante de receita: responcleu por menos de 3% das receitas do govern°. Durante a decada de 1770, contudo, o Congress° Continental dos Estados Unidos dependia muito da inflacao para pagar as despesas militares. Como o novo govern° tinha capacidade limitacia de levantar recursos por meio de impostos nor- mais ou emprestimos, emitir clalares era a maneira mais facil de pagar os soldados norte-americanos. Como preve a tcoria quantitativa da moeda, o resultaclo foi uma elevada taxa de inflac5o: os precos medidos em termos do dolar continental subi- ram mais de cern vezes em poucos anos. Quase todas as hiperinflacoes seg-uem o mesmo 'Dadra° da inflac5o ocorrida durante a Revolucao Americana. 0 governo tern despesas elevadas, receita tribu- taria inaciequada e capacidade limitada de obter emprestimos. Como resultado, volta-se emiss5o para pagar suas despesas. 0 aumento macico na quanticiade de moeda conduz a uma inflacao elevada. A inflacao acaba quanclo o govern° institui reformas fiscais — como cortes nas despesas — que eliminam a necessidade do imposto inflacionario. CAPh'ULO 30 CRESCIMENTO DA NIOEDA E INFL ~0 659 0 efeito Fisher e crucial para o entendimento das varia -Oes na taxa de juros nominal ao longo do tempo. A Fig,ura 5 mostra a taxa de juros nominal e a taxa de inflaylo na economia dos Estados Unidos desde 1960. A estreita associa o entre essas duas variveis fica evidente. A taxa de juros nominal subiu desde o inicio da de.cacia de 1960 ate o fim da decada de 1970 porque a inflação tambem estava aumentando durante o periodo. De forma similar, a taxa de juros nominal caiu a partir do inicio da decada de 1980 ate o final da decacla de 1990 porque o Fed con- seguiu controlar a Teste R4icio 0 governo de um pais aumenta a taxa de crescimento da oferta de moeda de 5% ao ano para 50 0,/o ao ano. 0 que acontece com os precos? 0 que acontece com as taxas de juros nominais? Por que o governo teria feito isso? OS CUSTOS DA INFLACAO No final da decada de 1970, quando a taxa de inf1ação dos Estados Unidos ating,iu cerca de 10% ao ano, a infla0o dominava os debates sobre politica econOmica. E en-thora a inflação fosse baixa durante os anos 90, continuou a ser uma vari vel macroeconOmica observada com aten o. Um estudo recente constatou que infla- ção era o termo econOmico mencionado mais freqentemente nos jornais dos Estados Unidos (muito à frente do seg,undo colocado, desemprego, e do terceiro, produtividade). A inflação é observada com atenc;i :io e muito discutida porque é considerada um problema econOmico serio. Mas seth isso verdade? E, em caso positivo, 1_->or que? Queda no Poder Aquisitivo? A Falacia da Infla0o Se voce perguntar a uma pessoa comum por que a inflac;:&) é ruim, ela lhe dirá que a resposta e Obvia: a infla o rouba o poder aquisitivo dos dOlares ganhos com muito trabalho. Quanclo os prec;:os sobem, cada dOlar compra menos bens e servi- os. Portanto, pode parecer que a inflg"a'o reduz diretamente os padrOes de vida. Mas uma retlex.o adicional revela uma falácia nessa resposta. Quando os pre- c;os aumentam, os compradores de bens e serviv:is pagam mais por aquilo que compram. Ao mesmo tempo, contudo, os vendedores de bens e servios recebem mais pelo que vendem. Como a maioria das pessoas obtem sua renda pela venda de seus servios, tal como o trabalho, a infla o das rendas anda de rrios dadas com a infla o dos preos. Portanto, a inflação n'do reduz, por si só, o poder aquisitivo real das pessoas. As pessoas acreditam na falácia da infiação porque não percebem o principio da neutralidade monetria. Um trabalhador que receba um aumento anual de 10% tende a enxergar esse aumento como recompensa por seu talento e esfoNo. Quando uma taxa de inflação de 6% reduz o valor real do aumento para apenas 4°/0, o trabalhador pode se sentir prejudicado por ter sido despojado de algo que leg,itimamente lhe é devido. De fato, como vimos no capitulo sobre produ o e crescimento, as rendas reais são determinadas por variveis reais, como capital fisi- co, capital humano, recursos naturais e a tecnologia de produ o disponivel. As rendas nominais s -a- o determinadas por esses fatores e pelo nivel geral de 1_-)reos. Se o Fed reduzisse a taxa de inflação de 6% para zero, o aumento anual do traba- lhador diminuiria de 10% para 4%. Ele poderia se sentir menos prejudicado pela n-las sua renda real n -a- o aumentaria mais rapidamente. 660 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO Se as rendas nominais tendem a acompanhar os aumentos nos precos, por que a inflacao seria urn problema? Ocorre que nao ha uma unica resposta a essa ques- tao. Pelo contrario, os economistas identificaram diversos custos decorrentes da inflacao. Cada urn desses custos mostra alguma maneira pela qual o crescimento persistente da oferta de moeda tern, de fato, alg,um efeito sobre variaveis reais. custo de sola de sapato os recursos desperdicados quando a inflacao incentiva as Ressoas a reduzir a- . qua ntidade-de moeda man_tid__a _e_m_maos Custos de Sola de Sapato Como vimos, a inflacao é como urn impost° sobre as pessoas que detem moeda. 0 impost() em si nao representa urn custo para a sociedade: ele é apenas uma trans- ferencia de recursos das familias para o govern°. Mas a maioria dos impostos pro- porciona as pessoas urn incentivo para que alterem seu comportamento de manei- ra a evitar o pagamento de impostos, e essa distorcao nos incentivos é urn peso morto para a sociedade. Como os °taros impostos, o imposto inflacionario tambem constitui um peso morto porque as pessoas desperdicam recursos escassos na ten- tativa de evita-lo. Como alguem pode evitar o pagamento do impost° inflacionario? Uma vez que a inflacao corroi o valor real da moeda que esta em sua carteira, voce pode evitar o impost() inflacionario mantendo menos moeda ern maos. Uma maneira de fazer isso é ir ao banco corn mais frequencia. Por exemplo, em vez de retirar $ 200 a cada quatro semanas, voce poderia retirar $ 50 por semana. Indo corn mais frequencia ao banco, voce pode manter uma parcela maior de sua riqueza em sua conta de poupanca, que rende juros, e ficar corn menos moecia em sua carteira, onde a infla- cao corroi seu valor. 0 custo de reduzir a quantidade de moecia em sua carteira é denominado custo de sola de sapato da inflacao, porque ir ao banco corn major frequencia faz corn que seus sapatos se desgastem corn major rapidez. E claro que esse termo nao deve ser interpretado literalmente: o custo real de reduzir a quantidade de moeda mantida em ma-os lido é o desgaste dos sapatos, mas o tempo e a comodiclade que voce precisa sacrificar para ter menos moeda em m5os do que teria, caso nao houvesse inflacao. 0 custo de sola de sapato da inflacao pode parecer insignificante. E, de fato, o é na economia dos Estados Unidos, que tern apresentado uma inflacao moderada em anos recentes. Mas esse custo é ampliaclo em raises que passam por hiperinfla0o. Eis uma descricao da experiencia de uma pessoa na Bolivia durante seu period° de hiperinflacao (como publicada na edicao de 13 de agosto de 1985 do The Wall Street Journal, p. 1): Quando Edgar Miranda recebe seu salad° mensal de professor, de 25 milhaes de pesos, ele na'o tern urn seg,undo a perder. A cada bora, o valor dos pesos diminui. Entao, enquanto sua esposa corre ao mercado para comprar o supri- mento mensal de arroz e macarra), ele sai corn o restante dos pesos para troca- los por Mares no mercado negro. 0 Sr. Miranda esta pondo em pratica a Primeira Regra de Sobrevivencia em meio a inflacao mais descontrolada que he no mundo de hoje. A Bolivia é urn estudo de caso sobre como uma inflacao excessiva enfraquece uma sociedade. Os aumentos dos precos sao tao g,randes quo os numeros se elevam para alem da nossa compreensao. Num period() de seis meses, por exemplo, os precos subiram a uma taxa anual de 38.000%. Pela contagem oficial, contudo, a infla- cao do ano passado atingiu 2.000% e a deste ano estd prevista em 8.000% - embora outras estimativas atinjam ntimeros muitas vezes maiores. De qualquer modo, a taxa de inflacao boliviana é gigantesca ern face dos 370% de Israel e dos 1.100% da Argentina - °taros dois casos de inflacao severa. CAF4TULO 30 CRESCIMENTO DA MOEDA E INFLACAO 661 mais facil entender o que acontece com o salario do Sr. Miranda, de 38 anos, se ele nao converte-lo rapidamente em dOlares. No dia em que ele rece- beu seu pagan-tento de 25 milh -Oes de pesos, um dOlar valia 50 mil pesos. Assim, ele recebeu $ 50. Alguns dias depois, com um dOlar valendo 900 mil pesos, ele teria recebido $ 27. Como essa histOria mostra, o custo de sola de sapato da inflacao pode ser subs- tancial. Com a elevada taxa de inflacao, o Sr. Miranda nao pode se dar ao luxo de manter a moeda local corno reserva de valor. Em vez disso, e foNado a converter rapidamente seus pesos em bens ou em dOlares dos Estados Unidos, que propor- cionam uma reserva de valor mais estavel. 0 tempo e o esforco que o Sr. Miranda despende para reduzir a quanticlade de moeda mantida em maos sao urn desper- dicio de recursos. Se a autoridade monetaria adotasse uma politica de inflacao baixa, o Sr. Miranda ficaria satisfeito em manter os pesos e poderia destinar seu tempo e seu esforco a um uso mais produtivo. De fato, pouco depois da publicacao desse artigo, a taxa de inflac -ao boliviana foi substancialmente reduzida por meio de uma politica monetaria mais restritiva. Custos de Menu Muitas empresas nao alteram os precos de seus produtos todos os dias. Em vez disso, as empresas muitas vezes anunciam seus precos e os deixam inalterados por semanas, meses ou mesmo anos. Uma pesquisa constatou que a empresa tipica nos Estados Unidos altera seus precos cerca de un-la vez por ano. As empresas modificam seus precos com pouca freqiiencia porque a alteracao de precos tem custos. Os custos dos ajustes de precos sao chamados de custos de menu, um tern-io derivado dos custos que um restaurante tem ao imprimir um novo cardapio. Os custos de n-ienu incluem o custo de decidir sobre os novos pre- cos, o custo de imprimir novas listas de precos e catalogos, o custo de enviar essas novas listas de precos e catalogos aos fornecedores e clientes, o custo de anunciar os novos precos e ate o custo de lidar com o aborrecimento dos clientes com a mudanca de j_->recos. A inflacao aumenta os custos de menu com que as emj.-)resas arcam. Na atual economia dos Estados Unidos, com sua baixa taxa de inflaca'o, o reajuste anual dos precos e un-ia estrategia de negOcios adequada para muitas en-ipresas. Mas quando uma inflacao elevada j_->rovoca um rapido aumento dos custos das empresas, o rea- juste anual de precos é impraticavel. Durante hiperinflacb - es, por exemplo, as empresas precisam mudar seus precos pelo menos diariamente, ou com maior fre- qencia, para acompanhar os demais precos da economia. Variabilidade dos Precos Reiativos e a Aloca0o Distorcida de Recursos Suponha que o Restaurante Eatabit imprima um novo cardapio, com novos precos, a cada mes de janeiro, e ent'ao os mantenha inalterados pelo restante do ano. Se nao houver inflacao, os precos relativos do Eatabit — os precos de suas refeic5es comparados aos demais precos da economia — permaneceriam constantes durante o ano. Por outro lado, se a taxa de inflaca- o fosse de 12°/0 ao ano, os precos relativos do Eatabit reduziriam, automaticamente, 1% a cada mes. Os precos relativos do restaurante (isto e, seus precos comparados aos outros precos da economia) seriam elevados nos primeiros meses do ano, logo apOs a impressao do cardapio, e mais baixos em meses posteriores. E quanto mais elevada a taxa de inflaca - o, maior essa variaco automatica. Portanto, como os precos sO sao alterados de vez em quando, a inflaco provoca uma maior variac'ao nos precos relativos do que ocorreria caso nao houvesse inflacao. I custos de menu os custos da alteraca- o de pre9Ds -"u....— ... 664 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO -1) E. NOTICIAS HIPERINFLAcii0 NA SERVIA Sempre que o govemo se volta para as impressoras rotativas para financior despesos substanciais, ro resultado 6 a hiperinflocao. Como aprenderam as habitantes do Servia no inicio do decado de 7990, a vido nao 6 nada fed nessas condicaes. Oferta Especial de Hoje: 6 Milhoes de Dinares por Chocolate Por Roger Thurow Belgrado, lugoslavia — Na butique Luna, uma barra de chocolate Snickers custa 6 milhoes de dinares. Ou, pelo menos, e o que custara ate que o gerente da loja, Tihomir Nikolic, leia o fax que seu chefe envia a cada noite. "Eleve os precos em 99%", ordena sucin- tamente o documento. E seriam 100%, se nao fosse o fato de que as computadores da butique (que seria considerada uma lojinha de segunda em outros lugares) nao podem lidar com remarcacOes de tres digitos. Entao, pela segunda vez em tres dias, o Sr. Nikolic se poe a remarcar precos. Ele trava a porta com um esfregao para impedir que os clientes saiam com uma pechincha. 0 com- putador emite uma nova lista de precos. 0 gerente e dois assistentes rasgam o papel em tiras e as colam com fita adesiva nas pratelei- ras. Eles estavam habituados a colar os precos diretamente nas mercadorias, mas as etique- tas eram tantas que ficava dificil ler os rotulos. Depois de quatro horas, o esfregao e reti- rado da porta. Os clientes vagueiam pela loja, esfregam os olhos e leem as etiquetas, con- tando os zeros. 0 proprio Nikolic olha para o novo preco de um gravador de videocassete, emitido pelo computador. o passar do tempo. Como a inflacdo faz corn clue as Mares tenham valores reais diferentes em periodos diferentes, calcular o lucro de uma empresa — a diferenca entre suas receitas e seus custos — é mais complicado em uma economia corn infla- cao. Portanto, ate certo ponto, a inflacao faz corn que os investidores fiquem menos cap_aies de istin as em maarco-dida—s;-crque, for sua vez, impede os mercados financeiros de desempenhar s'eu papel de alocar a poupanca da economia entre tipos alternativos de investment°. Urn Custo Especial da lnflacao lnesperada: Redistribuicoes Arbitrarias de Riqueza Ate aqui, as custos da inflacao que discutimos se verificam mesmo quando a infla- ca.) é estivel e previsivel. Entretanto, a inflacao traz urn custo adicional quando chega de maneira inesperada. A inflacao inesperada redistribui riqueza entre a populacdo de uma maneira que nada tern a ver corn merit° ou necessidade. Essas redistribuicoes se dao porque muitos emprestimos da economia sao especificados em termos da unidade de conta — a moeda. Vamos considerar urn exemplo. Suponha que Sam Student contraia urn emprestimo de $ 20 mil a juros de 7%, no Bigbank, para financiar sua instrucao. 0 emprestimo vencera em dez anos. Corn a aplicacao de juros compostos de 7% ao ano, durante dez anos, Sam devera ao Bigbank urn total de $ 40 mil. 0 valor real dessa divida dependera da inflacao durante a decada. Se Sam tiver sorte, a econo- mia ter6 tido uma hiperinflacao. Nesse caso, os salarios e as precos aumentardo tanto que Sam podera pagar sua divida de $ 40 mil corn as trocados que carrega no CAPITULO 30 CRESCIMENTO DA MOEDA E INFL/WAO 665 "Isso esta em bilh6es? 11, ele se pergunta. E esta: 20.391.560.223 dinares, para ser mais exato. Ele aponta para sua camiseta, bordada com os dizeres "Fantastico", o nome de um suco de fruta que a loja vendia ha algum tempo. Ele sugere que seria um lema perfeito para a bizarra situack econ6mica da Servia. "Combina com essa loucura", diz. E de que outra maneira descrever isso? Desde que a comunidade internacional imp6s sanc6es econ6micas, a taxa de infla- c -ao tem sido de, pelo menos, 10% ao Isso corresponde a uma taxa anual na casa dos quatrilh6es — tao alta que chega a ser sem sentido. Na Servia, um cl6lar dos Estados Unidos compra 10 milh6es de dinares no hotel Hyatt, 12 milh6es com os cambistas de aspecto sombrio que trabalham na Praca da Repblica e 17 milh6es em um banco opera- do pelo submundo de Belgrado. Os servios reclamam que o dinar é tao sem valor quan- to o papel higienico. Mas, pelo menos por enquanto, ha papel higienico suficiente para todos. Dizem que a casa da moeda, escondida no parque que fica atras do aut6dromo de Belgrado, esta produzindo dinares 24 horas por dia, num esforco furioso para acompa- nhar a inflack que é estimulada, por sua vez, pela emissao ininterrupta. 0 governo, que acredita poder resolver seus problemas distri- buindo dinheiro, precisa de dinares para pagar trabalhadores para na- o trabalhar nas fabricas e nos escrit6rios, que estk fechados. Precisa de dinares para comprar a produck dos agricultores. Precisa de dinares para financiar suas incurs6es no contrabando e outros meios de fugir as sanc6es, trazendo de tudo, de petr6leo aos chocolates que o Sr. Nikolic vende. E precisa de dinares para man- ter irmks servios lutando na B6snia- Herzegovina e na Croacia. Os cambistas, cujos dedos são capazes de perceber as menores alterac6es na quali- dade do papel, insistem que a casa da moeda estaria ate contratando graficas priva- das para atender à demanda. "Ncis somos especialistas. Eles na- o nos enganam", diz um dos cambistas, enquanto entrega a um cliente mais de 800 milh6es de dinares em notas de 5 milhões. "Estas", observa, confiante, "acabaram de sair da casa da moeda". Ele diz que as obteve de um banco privado, que as obteve do banco cen- tral, que as obteve da casa da moeda — um caminho obscuro que liga o mercado negro ao Ministerio da Fazenda. "E uma loucura coletiva", diz o cambista, com um sorriso per- verso. Fonte: The Wall Street Joumal, 4 ago. 1993, p. Al . 1993 Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permissk de Dow Jones & Co. Inc. no formato livro-texto via Copyright Clearance Center. bolso. Por outro lado, se a economia tiver passado por uma forte defla o, entk) os salarios e os pre9ps ter -ao diminuido e Sam descobrira que a divicla de $ 40 mil un-i encargo maior do que tinha previsto. Esse exemplo mostra que as variK -6es nc"--io-previstas nos preos redistribuem riqueza entre credores e devedores. Uma hiperinflg -ao ira enriquecer Sam à custa do Bigbank porque diminuira o valor real da divida; Sam 1.-)odera pagar o empres- timo com d6lares que valem menos do que previra. A defla -ao enriquece o Bigbank custa de Sam porque aumenta o valor real da divicla; nesse caso, Sam tem de pagar o emprestimo com dfflares mais valiosos do que previra. Se a infla o pudes- se ser prevista, o Bigbank e Sam poderiam levar a inflação em conta ao estabelecer a taxa de juros nominal (lembre-se do efeito Fisher). Mas se a infla -ao for dificil de prever, ela impora um risco a Sam e ao Bigbank que ambos prefeririam evitar. importante considerar esse custo da inflg .a- o inesperada com outro fato: a infla o e especialmente volatil e incerta quando a taxa media de inflac;:ao é alta. Isso pode ser visto de maneira simples ao examinarmos a experiencia de diferentes paises. Paises com uma inflg"ao media baixa, como a Alemanha no final do seculo XX, tendem a ter uma inflg -ao estavel. Paises com inflg -ao media alta, como mui- tos dos paises da America Latina, tendem a ter uma iiiflação instavel. Não ha exem- plos conhecidos de paises com infla es altas e estaveis. Essa rela o entre o nivel e a volatilidade da iiiflação aponta para outro de seus custos. Se um pais seguir uma politica monetaria de alta inflação, tera de arcar n -ao só com o custo da alta esperada, mas tambem com as redistribuic;:c5es arbitrarias de riqueza associadas infla o n'ao esperada. 666 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO Estudo de Caso 0 MAGICO DE OZ E 0 DEBATE DA PRATA LIVRE Quando crianca, voce provavelmente assistiu ao filme 0 Magic() de Oz, baseado em urn livro infantil escrito em 1900. 0 livro e o filme contam a historia de uma meni- na, Dorothy, que se ye perdida em uma terra estranha e distante de casa. 0 que voce provavelmente nao sabe é que a histOria é, na verdade, uma alegoria sobre a politica monetaria dos Estados Unidos no fim do seculo XIX. De 1880 a 1896, o nivel de precos na economia dos Estados Unidos caiu 23%. Como esse foi urn fato inesperado, levou a uma gr, ande redistribuicao de riqueza. A maioria dos agricultores do Oeste do pais estava endividada. Seus credores eram os banqueiros do Leste. Quando o nivel de precos caiu, o valor real dessas dividas aumentou, enriquecendo os bancos a custa dos agricultores. NOTiCIAS COMO PROTEGER SUA POUPAKA DA INFLA00 Como vimos, alteracoes inesperadas no nivel de preps redistribuem riqueza entre credores e devedores. Isso deixaria de ser verdade se as contratos de financiamento fossem elaborados em termos reais, nab nominais. Em 1997, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos comecou a emitir titulos corn retomo indexado Go nivel de precos. No art/go a seguir, escrito alguns meses antes de essa politica ter sido implementoda, dois proeminentes eco- nomistas discutem as mEritos dessa politica. Combatentes da Inflacio para o Longo Prazo Por John Y. Campbell e Robert J. Shiller 0 secretario do Tesouro, Rober Rubin, anun- ciou na quinta-feira que o governo planeja emitir titulos indexados pela inflacao — ou seja, titulos cujos pagamentos de juros e prin- cipal sao corrigidos pela inflacao, garantindo seu poder aquisitivo real no futuro. Trata-se de urn momento historic°. Os economistas vem defendendo titulos como esses ha longos e frustrantes anos. Os titulos indexados foram mencionados pela primeira vez em 1822, pelo economista Joseph Lowe. Na decada de 1870, foram defendidos pelo economista britanico William Stanley Jevons. No comeco do seculo XX, o lendario Irving Fisher construiu sua carreira defendendo tais titulos. Nas decadas recentes, economistas de todos as tipos de opinik politica — de Milton Friedman a James Tobin, de Alan Blinder a Alan Greenspan — os apoiaram. Mas coma havia pouco clamor pUblico par esse tipo de investimento, o governo nunca emitiu titulos indexados. Vamos esperar que essa falta de interesse nao continue, agora que as titulos serk dispo- nibilizados. 0 sucesso dos titulos indexados depende de eles serem ou nao compreendi- dos — e comprados — pelo public°. Ate agora, a inflacao fez dos titulos governamentais um investimento de risco. Em 1966, quando a inflacao era de apenas 30/o, se alguem corn- prasse urn tub do governo corn prazo de 30 anos e rendimento de 5%, esperaria que seu investimento valesse hoje 180% do seu valor original. Contudo, apos anos de inflacao maior do que a esperada, o investimento vale ape- nas 85% do seu valor original. Como a inflacao tern sido modesta em anos recentes, hoje muitas pessoas nao estao preocupadas em coma ela ira afetar sua poupanca. Essa complacencia 6 perigosa: mesmo uma baixa taxa de inflacao pode cor- roer seriamente as poupancas ao longo do tempo. Imagine que voce se aposente hoje, corn sua pensao investida em titulos do Tesouro que pagam $ 10 mil fixos a cada ano, inde- CAPiTULO 30 CRESCIMENTO DA MOEDA E INFL~0 669 coN.clusAxo Este capitulo discutiu as causas e os custos da inflação. A sua principal causa é sim- plesmente o crescimento da quantidade de moeda. Quando o banco central cria moeda em grandes quantidades, o valor da moeda cai rapidamente. Para manter os preos estEiveis, o banco central deve manter um rigido controle sobre a oferta de moeda. Os custos da inflgk) sk) mais sutis. Incluem o custo de sola de sapato, os custos de menu, o aumento da variabilidade dos preos relativos, mudaNas nk)-intencio- nais nas obrigg5es tributkias, confu es e inconveni&icias e redistribui es arbitr- rias de riqueza. Serk-) esses custos, tomados em seu conjunto, grancles ou pequenos? Todos os economistas concordam que eles se tornam enormes durante uma hiperin- flK -k). Mas seu tamanho quando a iiif1ação e moderada — quando os preos sobem menos de 10% ao ano — estEl mais aberto a debates. Embora este capitulo tenha apresentado muitas das mais importantes sobre a infigk), a discuss . o ainda nk) está completa. Quando o banco central reduz a taxa de crescimento da iiioeda, os pre9 ps sobem menos rapidamente, como sugere a teoria quantitativa da moeda. Porem, enquanto a economia faz essa tran- sição para unia menor taxa de inflação, a mudaNa na politica monetk-ia causa efeitos que produzem ruptura sobre a produ o e o emprego. Ou seja, muito embora a politica monetkia seja neutra no longo prazo, ela tem profundos efeitos sobre as vari veis reais no curto prazo. Mais adiante veremos as razes da nk)- neutralidade da politica monetkia no curto prazo, a fim de aumentar nossa com- preensk) das causas e dos custos da RESUMO • 0 nivel geral de pre9:)s em uma economia ajusta- se para trazer a oferta e a demanda cle moeda ao Quando o banco central aumenta a oferta de moeda, provoca um aumento no nivel de prec;os. 0 crescimento persistente da quantidade de moeda ofertada leva à infig -a- o continuada. • 0 principio da neutralidade monetkia afirma que varia es na quantidade de moeda influenciam as vari veis nominais, mas iião as vari veis reais. A maioria dos economistas acredita que a neutrali- dade monetkia descreve aproximadamente o comportamento da economia no longo prazo. • Um governo pode pagar parte das suas despesas simplesmente emitindo moeda. Quando os paises confiam demasiadamente nesse "imposto nkio", o resultado é a hiperinfla o. • Uma aplica o do principio da neutralidade mo- netkia e o efeito Fisher. De acordo com o efeito Fisher, quando a taxa de infla c) aumenta, a taxa de juros nominal aumenta no mesmo montante, de modo que a taxa de juros real se mantem cons- tante. • Muitas pessoas pensam que a inflac;5o as deixa mais 1.-)obres porque aumenta o custo daquilo que compram. Mas essa vis -k) é uma fala - cia porque a inflacs io tambe.m aumenta as rendas nominais. • Os economistas identificaram seis custos da custo de sola de sapato associado à redu o da moeda mantida, custos de menu associados a reajustes mais freqiientes dos prec;os, maior varia- bilidade clos pre9ps relativos, altera es n*('Io- intencionais das responsabilidades tributkias decorrentes da n'a- o-indexa o do c6cligo tribut- rio, confusk) e inconveni ncia resultantes de uma mudaNa na unidade de conta e redistribuic.6-es arbitrkias de riqueza entre devedores e credores. Muitos desses custos s -k) elevados durante uma hiperinfla o, mas a dimensk) desses custos em tempos de infla o moderada n'cio é tão clara. 670 PARTE 10 MOEDA E PREcOS NO LONGO PRAZO CONCEITOS-CHAVE teoria quantitativa cla moeda, dicotomia classica, p. 651 imposto inflacionario, p. 656 p. 649 neutralidade monetaria, p. 652 efeito Fisher, p. 658 variaveis nominais, p. 651 velocidade da moeda, p. 653 custo de sola de sapato, p. 660 variaveis reais, p. 651 equacao quantitativa, p. 653 custos de menu, p. 661 QUESTOES PARA REVISAO 1. Explique como urn aumento no nivel de precos afeta o valor real da moeda. De acordo corn a teoria quantitativa da moecia, qual o efeito de um aumento na quantidade de moecia? 3. Explique a diferenca entre as variaveis reais e as nominais e dê dois exemplos de cada. De acordo corn o principio da neutraliclade monetaria, quais variaveis sao afetadas por alterac6es na quantidade de n-ioeda? 4. Em que sentido a inflacdo é como urn imposto? De que forma pensar na inflacao como urn tipo de impost° ajuda a explicar a hiperinflacao? 5. De acordo corn o efeito Fisher, como urn aumento na taxa de inflacao afeta a taxa de juros real e a taxa de juros nominal? 6. Quais sao os custos da inflacao? Na sua opinido, quais desses custos s-do mais importantes para a economia dos Estaclos Unidos ? 7. Se a inflacao for menor do que o esperado, quern se beneficia: os devedores ou os credores? Explique. PROBLEMAS E APLICAOES 1. Suponha que a oferta de moeda deste ano seja de $ 550 bilhoes, o FIB nominal seja de $ 10 trill-16es e o FIB real seja de $ 5 trilh5es. a. Qual o nivel de precos? Qual a velocidade da moeda? b. Suponha que a velocidade seja constante e que a producao de bens e servicos da economia aumente em 5% ao ano. 0 que acontecera corn o FIB nominal e corn o nivel de precos do ano que vem se o Fed mantiver a oferta de moeda constante? c. Qual oferta de moeda o Fed deveria estabelecer para o proximo ano se quiser manter o nivel de precos estavel? d. Qual oferta de moeda o Fed deveria estabelecer para o proximo ano se quiser urna inflacao de 10°,/o? 2. Suponha que mudancas na regulamentacao dos bancos expandam a clisponibilidade de cart-6es de credit°, de modo que as pessoas precisem manter menos moeda em maos. a. Como esse evento afeta a demanda de moeda? b. Se o Fed nao reagir a esse event°, o que aconte- cera corn o nivel de precos? c. Se o Fed quiser manter o nivel de precos estavel, o que devera fazer? 3. Frequentemente se sugere que o Federal Reserve tente atingir inflacao zero. Se admitirmos que a velocidade é constante, essa meta de inflacao zero exig,iria que a taxa de crescimento da moeda fosse igual a zero? Em caso positivo, explique por que. Em caso negativo, explique qual deve ser a taxa de crescimento da moeda. 4. 0 economista John Maynard Keynes escreveu: "Dizem que Lenin teria afirmado que a melhor maneira de destruir o sistema capitalista seria cor- rompendo a moeda. For urn processo continuo de inflacao, os governos podem confiscar, secreta- mente e sem serem observados, uma parte impor- tante da riqueza de seus cidadaos". Justifique a afirmacao de Lenin. 5. Suponha que a taxa de inflacao de um pais aumente abruptamente. Qual o efeito do imposto inflacionario sobre os que possuem moeda em n-idos? For que a riqueza mantida em contas de poupanca nao esta sujeita a uma alteracao no impost() inflacionario? Voce consegue pensar em uma maneira pela qual os detentores de contas de poupanca sejam negativamente afetados por urn aumento na taxa de inflacdo? 6. As hiperinflacoes sac) extremamente raras em /Dai- ses cujos bancos centrais sao independentes do restante do govern°. Qual seria o motivo? CAPh'ULO 30 CRESCIMENTO DA 11/10EDA E INFL~0 671 7. Van-los considerar os efeitos da inflax; -a- o em uma economia composta somente de duas pessoas: Bob, um agricultor que cultiva feijo, e Rita, uma ag,ricultora que cultiva arroz. Bob e Rita sempre consomem quantidades iguais de arroz e feijk). No ano 2000, o preo do feijão era $ 1 e o do arroz, $ 3. a. Suponha que, em 2001, o prec,-o do feija- o fosse $ 2 e o do arroz, $ 6. De quanto foi a infla o? Com o aumento de preos, Bob ficou em ção melhor, pior ou ru-lo foi afetado pela mudan- ça de preos? 0 que dizer de Rita? b. Suponha agora que, em 2001, o preo do fosse $ 2 e o do arroz, $ 4. De quanto foi a Com o aumento de prey)s, Bob ficou cm situaa- o melhor, pior ou não foi afetado pela mudana de prey)s? 0 que dizer de Rita? c. Finalmente, suponha que, em 2001, o prew do feijaTh fosse $ 2 e o do arroz, $ 1,50. De quanto foi a inflg -a- o? Com o aumento de preos, Bob ficou em situa -a- o melhor, pior ou na- o foi afetado pela mudaNa de prec;os? 0 que dizer de Rita? d.0 que é mais importante para Bob e Rita: a taxa de inflga- o geral ou o preo relativo do arroz e do feija-o? 8. Se a aliquota clo imposto e de 40°/0, calcule a taxa de juros real antes dos impostos e a taxa de juros real ap6s os impostos, em cada um clos casos a seguir. a.Taxa de juros nominal de 10% e taxa de inflga-o de 5 % . b.Taxa de juros nominal de 6% e taxa de inflga-o de 2%. c.Taxa de juros nominal de 4°/0 c taxa de de 1%. Qual o seu custo de sola de sapato ao ir ao banco? Como voce poderia medir esse custo em d6lares? Na sua opinião, como o custo de sola de sapato do diretor da sua faculdade difere do seu? 10. Lembre-se de que a moeda tem tres furi5es na economia. Quais scio essas func; -c--)es? Como a afeta a capacidade da moeda de cumprir cada uma dessas fun es? 11. Suponha que as pessoas esperem inflação de 3%, mas os preos aumentem, de fato, 5%. Descreva como essa taxa de infiação inesperadamente alta pode ser favoravel ou desfavoravel para: a. o governo b. um 1.-)roprietario de im6vel com hipoteca a taxa de juros fixa c. um trabalhador sindicalizado no seg,undo ano cle seu contrato de trabalho d. uma faculdade que tenha investido parte de sua dotKa- o oNamentaria em titulos do govemo. 17. Explique um mal associado à inflga- o inesperada que uão esteja associado à iiiflação esperada. Depois, explique um mal associado tanto ção esperada quanto à inflac; -a- o inesperada. 13. Explique se as seguintes afirmg'6es sZio verdadei- ras, falsas ou incertas. a."A infiação prejudica os tomadores de empresti- mo e beneficia os que emprestam porque os devedores precisam pagar taxas de juros mais altas." b."Se os preos mudarem de maneira a deixar o nivel geral de prec;os inalterado, ent5o ninguem fica em pior ou melhor situaio." c."A iiifiação iião reduz o poder aquisitivo da maioria dos trabalhadores." MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS: CONCEITOS BASICOS Quando voce decide comprar urn carro, pode comparar os modelos mais recentes oferecidos pela Ford e Toyota. Quando tirar suas proximas ferias, podera optar entre passa-las nas praias da Florida ou nas praias do Mexico. Quando comecar a pou- par para sua aposentadoria, pode escolher entre urn fundo mUtuo que compre acOes de empresas dos Estados Unidos e outro q-ue compre acoes de empresas estrangeiras. Em todos esses casos, voce esta participando nao so da economia dos Estados Unidos, mas de economias de todo o mundo. Ha claros beneficios em se estar aberto ao comercio internacional: o comercio permite que as pessoas se dediquem a producao daquilo que sabem fazer melhor e consumam a gr, ande variedade de bens e servicos produzida em todo o mundo. De fato, urn dos Dez Principios de Economia destacados no Capftulo 1 é o de que o comercio pode melhorar a situacao de todos. Como vimos no Capitulo 3, o corner- cio internacional pode elevar os padraes de vida em todos os 'Daises, permitindo que cada pais se especialize na producao dos bens e seiyicos nos quais dispoe de vantagem comparativa. Ate aqui, nosso estudo da macroeconomia praticamente ignorou a interacao da economia corn outras economias do mundo. Na maioria dos assuntos macroeco- nemicos, os problemas internacionais sdo perifericos. Por exemplo, quando discu- 676 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS timos a taxa natural de desemprego, no Capitulo 28, e as causas da inflação, no Capitulo 30, os efeitos do con-iercio intemacional puderam ser ig,norados sem difi- culdades. De fato, para manter suas analises simples, a maioria dos macroccono- mistas freq-Lientemente assume uma economia fechada — uma economia que n'ao interage con-i as outras economias. Contudo, alg-umas novas quesU5es macroeconmicas surgem em uma econo- mia aberta — que e aquela que interage livremente com outras economias no mundo. Este capitulo e o pr6ximo, 1.-)ortanto, oferecem uma introclu o à macroe- conomia da economia aberta. Comearemos, neste capitulo, discutindo as variaveis rnacroecon6micas chave que descrevem as interac;5es de uma economia aberta nos mercados rnundiais. Voce talvez tenha reparado nas meNC'Ses a essas variaveis — exporta0"es, importg5es, balaNa comercial e taxas de cârnhio — ao ler o jomal ou ao assistir ao noticiario noturno na TV. Nossa primeira tarefa sera a de entender o que esses dados significam. No prximo capitulo, vamos desenvolver um modelo para explicar como essas variaveis s'ao detern-iinadas e como s'ao afetaclas pelas diversas politicas governamentais. OS FLUXOS INTERNACIONAIStE BENS E CA Uma economia aberta interage com as demais economias de duas maneiras: prando e vendendo bens e servic;os nos mercados mundiais de produtos e comprando e vendendo ativos de capital, como a"(.5es e titulos, nos mercados finan- ceiros mundiais. Aqui, discutiremos essas cluas atividades e a estreita relaylo que ha entre elas. 0 Fluxo de Bens: Exportaces, importaces e Exportaces Liquidas Como observamos no Capitulo 3, as exporta es s'a- o bens e servios produzidos internamente e venclidos no exterior, ao 1,-)asso que as importaes s'ao bens e ser- vic;os produzidos no exterior e vendidos intemamente. Quando a Boeing, a fabri- cante cle aeronaves dos Estados Unidos, constrcii um av-i o e o vende para a Air France, a venda é uma exportKlio dos Estados Unidos e uma importK -ao da Franyi. Quando a Volvo, a fabricante sueca de automOveis, procluz um carro e o vencle a um residente. dos Estados Unidos, a venda é uma importK"ao dos Estaclos Uniclos e uma exportay--io da Suecia. As ex~s liquidas~uer pais s'a- o o valor das suas exporta es rne'i s valor das suas importa es. A venda realizada pela Boemg aumenta as exportaies liquidas dos 'Estados Unidos, e a vencla realizacla pela Volvo reduz as exportK5es liquidas dos Estaclos Unidos. Como as exporta es liquidas nos dizem se um pais e, no total, um comprador ou um vendedor nos mercados mun- diais cle bens e servi os, elas são tambe.m denon-iinadas balaNa comercial. Se as exportK -15es líquidas seTio positivas, as exporta es s'cio maiores do que as importa- es, indicando que o pais vende ao exterior mais bens e servi os do que compra de outros paises. Nesse caso, diz-se que o pais tem um superi vit comercial. Se as exportg -cies liquidas negativas, as exporta(;5es s'a- o menores do que as impor- tK5es, indicando que o pais vende menos bens e servios ao exterior do que com- pra de outros paises. Nesse caso, diz-se que o pais tem um dgicit comercial. Quando as exporta es liquidas são iguais a zero, as exporta(;6'es e importa6es exatamente iguais e diz-se que o pais tem equilibrio comercial. No prximo capitulo, desenvolveren-tos uma teoria que explica o equilibrio comercial de uma economia, mas mesmo nesse estkgio inicial é fácil 1,-)ensar em muitos fatores que odem influenciar as exporta6es, as importK -6. es e as exporta- es liqui as de um pais. Esses fatores incluem os segifintes:_ economia fechada uma economia que naC interage com outras economias do mundo -e‘conomia aberta ei l uma economia que interage livremente com outras economias do mundo :-- Cki -k. (X A exportaccies bens e servicos produzidos internamente e vendidos no exterior importa95es bens e servicos produzidos no extenor e vendidos internamente exportacOes liquidas o valor das exportaces de um pais menos o valor de suas importac(jes; tambem chamado de balanca comercial balanca comercial o valor das exportaces de um pais menos o valor de suas Importa0es; tambem chamado de exportaces liquidas superavit comercial um excesso de exportaces sobre as importac'Oes \k) n deficit comercial um excesso de importaces sobre as exportaces (\I\ equilibrio comercial uma situaca- o em que as exportaces são iguais as importaces ,t,N CAPETULO 31 11/1ACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS: CONCEITOS BASICOS do, o proprietario norte-americano tern urn papel mais passivo. Nos dois casos, resi- dentes dos Estados Unidos compram ativos localizaclos em outro pais, de modo que as duas compras aumentam o investimento extemo liquid° dos Estados Unidos. Desenvolveremos, no proximo capitulo, uma teoria para explicar o investimen- to extern° liquid°. Aqui, vamos considerar rapiciamente algumas das principais variaveis que influenciam o investimento extern° liquido: • As taxas de juros reais pagas sobre os ativos estrangeiros • As taxas de juros reais pagas sobre os ativos internos • Riscos econemicos e politicos percebidos de se manter ativos nd exterior • As politicas governamentais que afetam a propriedade de ativos intemos por estrangeiros Suponha, por exemplo, investidores norte-americanos decidindo se devem comprar titulos do govern° mexicano ou titulos do govern() americano (lembre-se de que urn titulo é, na pratica, urn IOU - urn acordo escrito para devolucdo de uma divida dado pelo emitente). Para tomar essa decisao, os investidores dos Estados Unidos comparam as taxas de juros reais oferecidas pelos dois titulos. Quanto mais alta a taxa de juros real de urn titulo, mais atraente ele sera. Enquanto fazem essa comparacao, entretanto, os investidores dos Estados Unidos tambem precisam levar em conta o risco de que urn desses governos possa se tomar inadimplente em relacao a sua divida (ou seja, deixar de pagar os juros ou o principal no tempo devi- do), bem como quaisquer restricoes que o governo mexicano tenha imposto ou venha a impor no futuro sobre os investidores estrangeiros no Mexico. A Igualdade das Exportacoes Liquidas e Investimento Extern° Liquido Vimos que uma economia aberta interage corn o resto do mundo de duas maneiras - nos mercados mundiais de bens e servicos e nos mercaclos financeiros mundiais. As exportacoes liquidas e o Investimento Externo Liquid° rnedem, cada urn, urn tipo de desequilibrio nesses mercados. As exportacoes liquidas medem urn desequi- librio entre as exportacCies e as importac5es de urn pais. 0 investimento externo liquid° mede um desequilibrio entre o total de ativos estrangeiro ompfa b's residentes internos e o total de ativo-s-internos-co-m-p-r —ados por estrangeiros. Urn fato importarite,-poren-i-sutil, da contabilidade afirrna qUe-,--13-ara—unia econo- mia como urn todo, esses dois desequilibrios devem compensar urn ao outro. Ou seja, o investimento extemo 11. ido (IE de e s s r al a_e_2 ortaca ./.. ..la (EL): IEL = EL Essa equacao é valida porque todas as transacoes que afetam urn lado da equa- (do tambem clevem afetar o outro lado pelo mesmo montante. Essa equacao é uma identidade - uma igualdade que é mantida pela maneira como suas variaveis sac) definidas e medidas. Para ver por que essa identidade contabil é verdadeira, consiciere urn exemplo. Suponha que a Boeing, a fabricante de aeronaves dos Estados Unidos, venda alguns avioes para uma companhia aerea japonesa. Nessa vencia, uma empresa norte-americana entrega avioes a uma empresa japonesa e uma empresa japonesa entrega ienes como pagamento a uma empresa norte-americana. Observe que as duas coisas ocorrem simultaneamente. Os Estados Unidos venderam parte de sua producao (os avi5es) a urn estrangeiro e essa venda aumenta as exportac5es liqui- das dos Estados Unidos. Alem disso, os Estados Unidos adquiriram alguns ativos estrangeiros (os ienes) e essa aquisicao aumentou o investimento extern° liquid° de capitais dos Estados Unidos. Embora a Boeing provavelmente nao fique corn os ienes que adquiriu corn essa venda, quaisquer transacoes subseqUentes preservadio a igualdade entre as expor- 679 680 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS tK6'es Ifquidas e o investimento externo liquido. Por exemplo, a Boeing pode tro- car seus ienes por dlares com um fundo mtuo americano que deseja os ienes para comprar ações da Sony Corporation, a fabricante japonesa de produtos eletr3- nicos. Nesse caso, as exportaC5es liquidas de avi5es da Boeing são iguais ao inves- ti mento externo líquido em KCies do fundo mUtuo cla Sony. Portanto, EL e IEL aumentam pelo mesmo montante. Alternativamente, a Boeing pode trocar seus ienes por d1ares com outra empresa dos Estados Unidos que deseje comprar computadores da Toshiba, a fabri- cante japonesa de computadores. Nesse caso, as importK5es dos Estados Unidos (de computadores) compensam exatamente a exportg.5o dos Estados Unidos (de avi es). Juntas, as vendas da Boeing e da Toshiba não afetam nem as exportgc5es liquidas nem o investimento externo liquido dos Estados Unidos. Ou seja, EL e IEL são os mesmos que eram antes da realiza(; :a- o das duas transK-6es. A ig,ualdade das exportKes liquidas e investimento extemo liquido decorre do fato de que cada transK5o internacional é uma troca. Quando um pais vendedor transfere um bem ou servic;o para um pais comprador, o pais comprador entrega alg-um ativo para pagar por tal bem ou servio. 0 valor desse ativo iguala o valor do bem ou servic;o vendido. Quando somamos tudo, o valor liquido dos bens e servi- ws vendidos por um pais (EL) deve ser igual ao valor liquido dos ativos adquiridos (IEL). 0 fluxo intemacional de bens e servios e o fluxo intemacional de capital dois lados da mesma moeda. NOTkIAS COMO OS CHINESES AJUDAM OS COMPRADORES DE CASAS PRI5PRIAS NOS ESTADOS UNIDOS Este artigo descreve como o capital esta fluindo do China para os Estados Unidos. A China Envia Capital para os Estados Unidos Por Craig S. Smith Xangai, China — Um gigantesco pais em desenvolvimento cercado por um atoleiro econmico seria uma fonte improvi vel de capital para as potencias industrializadas do mundo. Mas a China, com grandes supe- vits comerciais e enormes reservas de moeda forte, está comprando titulos do governo dos Estados Unidos, principalmente titulos do Tesouro e titulos emitidos pela Fannie Mae e pela Freddie Mac. Isso é bom para os Estados Unidos. Esses investimentos aumentam a liquidez do mercado imobiUrio residencial dos Estados Unidos e ajudam a manter baixas as taxas de juros americanas. E a China prova- velmente continuará a comprar muita divida dos Estados Unidos nos pr6ximos anos. Cracas a altas taxas de poupanca inter- na, a um influxo continuado de investimen- to estrangeiro e a um firme controle das despesas internas, a China está transbordan- do de capital. 0 supevit de capital do ano passado (...) atingiu uma estimativa de $ 67 A China poupa mais da metade disso em reservas em moeda est •angeira, as quais são investidas no exterior. As empresas chi- nesas canalizam grande parte do restante diretamente para o exterior por meio de transferencias bandrias — ignorando, por vezes, as restrices chinesas ao envio de capital. Assim, enquanto a crise financeira transformou o restante da Asia Oriental em um buraco que suga capital, a China tornou- se uma fonte que jorra capital. a primeira vez que urn pais em desenvolvimento envia para o exterior fun- dos que poderiam ser usados internamente de maneira produtiva..Freqentemente esse dinheiro estava fugindo da instabilidade, como foi o caso da America Latina na deca- da de 1980, da Rssia na decada de 1990 e da Africa em ambas as decadas. Usualmente, entretanto, os paises em desenvolvimento investem seu capital em suas prc5prias economias crescentes. E alguns dirigentes chineses acreditam que CAPiTULO 31 MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS: CONCEITOS BASICOS 681 Poupanca, Investimento e Sua Reiacao corn os Fluxos Internacionais A poupanca e o investment° de uma nac5o sao, como vimos cm capitulos ante- riores, cruciais para seu crescimento economic° de longo prazo. Vamos, portant°, analisar como essas variaveis se relacionam COm os fluxos intemacionais de bens e capital, tais como medidos pelas exportacoes liquidas e investment° extern° liquid°. Podemos fazer isso mais facilmente corn a ajuda de urn pouco de matemzi- tica simples. Como voce deve se lembrar, o termo exportacoes liquidas surg,iu anteriormente neste livro quando discutimos os componentes do produto intern° bruto. 0 pro- duto intern° bruto da economia (Y) divide-se em quatro componentes: consumo (C), investment° (I), compras do govern° (G) e exportacoes liquidas (EL). Isso pode ser escrito como "Y =C+I+G+EL A despesa total na producao de bens e servicos da economia é a soma das des- pesas de consumo, investment°, compras do govern° e exportacoes liquidas. Como cada Mar de despesa é classificado em urn desses quatro componentes, essa equac5o é uma identidade contEibil: deve ser verdadeira por causa da manei- ra como as variaveis so definidas e medidas. isso o que a China deveria estar fazendo tambem. Urn antigo executivo do banco central chines disse ser "escandalosoli que urn pais de camponeses pobres esteja finan- ciando o investimento de uma potencia industrializada como os Estados Unidos. Outros queixam-se de que a China nao esta sequer recebendo urn born retorno sobre seus investimentos. 0 pais paga, ern media, 70/b a 8% sobre sua divida externa de $ 130 bilhoes, mas obtern apenas cerca de 5% sobre os $ 140 bilhOes ern reservas investidas no exterior. Isso se deve, ern parte, ao fato de que os rendimentos sobre a divida norte-americana — amplamente considerada como os titulos de mais baixo risco — sao relativamente baixos. Mas a China tern bons motivos para enviar certa quantidade de seu capital para o exterior. Seu investimento ern ativos fixos como porcentagem do produto interno bruto ern 1996, o éltirno ano para o qual he dados disponiveis, foi extraordinariamente elevado, de 34%. E pouco provavel que a China possa aumentar essa proporcao sem desperdicar dinheiro ou estimular a inflacao. A proporcao da Tailandia era de 40% e a da Coreia era de 37% antes que seus gastos excessivos r,ninassem as economias desses 'Daises (...) "Eles ja estao investindo tanto quanto podem absorver", diz Andy Xie, urn econo- mista da Morgan Stanley Dean Witter & Co. de Hong Kong. Mas embora o investimento esteja enfrentando restricOes, a poupanca continua crescer. A porcentagem de pessoas ern idade economicamente ativa na populacao aumentou de 51% para 62% nos ultimos 30 anos. E esses trabalhadores, a quern fre- quentemente so e permitido ter urn filho corn o qual gastar, estao atingindo seus anos de maior poupanca. Corn baixo consumo, o aciimulo de dinheiro empurra o capital para o exterior. Resultado: o capital chines esta se espa- lhando para todos os lados. 0 pais é urn grande comprador de campos petroliferos, por exemplo, tendo empenhado mais de $ 8 bilhOes ern concessoes no Sudao, na Venezuela, no Iraque e no Cazaquistao. Capital da China continental tambern che- gou a Hong Kong, onde ajudou a inflar os precos dos imoveis antes que a crise do Leste Asiatico comecasse a estourar essa bolha. 0 excesso de capital ate permitiu que a China ajudasse seus vizinhos quando eles se viram ern dificuldades: Pequim confiou $ 1 bilhao as operacoes de socorro do Fun- do Monetario Internacional na Tailandia e na Indonesia. A maior parte do dinheiro, contu- do, vai para titulos do Tesouro americano. A China nao diz quanto, mas as estimativas chegam a ate 40%. E o banco central chines, como 50 outros pelo mundo, empresta dinheiro para a Fannie Mae e a Freddie Mac, que usam os fundos para comprar emprestimos hipoteca- dos concedidos por bancos e outras institui- cOes financeiras a norte-americanos co- muns. A enxurrada de dinheiro mantern a liquidez do mercado e reduz as taxas de juros pagas pelos compradores de imoveis residenciais nos Estados Unidos. Fonte: The Wall Street Journal, 30 mar. 1998, The Outlook, p. 1. ,g) 1998 Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido corn permissao de Dow Jones & Co. Inc. no formato livro-texto via Copyright Clearance Center. Investimento interno Poupanca nacional 18 16 10 14 12 (a) PoupaNa Nacional e Investimento Interno (conno porcentagem do PIB) Porcentagem do PIB 20 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 684 PARTE 11 A MACROECONOM1A DAS ECONOM1AS ABERTAS FIGURA 2 Poupanca Nacional, Investimento Interno e Saida Liquida de Capitais 0 poinel (a) mostra a poupanco nacional e o investimento intemo como percentual do P18. 0 painel (b) mostra o investimento externo líquido como percentual do P18. Podemos ver nc figura que, a partir de 1980, a poupanca nacional relativamente ao que era antes. Essa queda no poupanca nacional tem-se refletido principal- mente na reducao do investimento extemo llquido e nao em uma reducao do investimento intemo. —1 - 2 - 3 -4 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 altera es no investimento. Entre 1980 e 1987, o fluxo de capital para os Estados Unidos passou de 0,5`)/0 para 3,0% do PIB. Dessa varig -a- o de 2,5 pontos percen- tuais, uma queda na poupaNa responde por 2,1 pontos percentuais. Esse declinio na poupaNa nacional, por sua vez, pode ser atribuido em parte a um declinio na pouparia pUblica — ou seja, um aumento no deficit oNamentffiio do govemo. Uma histria diferente explica os acontecimentos na decada seg,uinte. De 1991 a 2000, o fluxo de capital j_-)ara os Estaclos Unidos passou de 0,3% para 3,7% do PIB. Nada dessa muclana de 3,3 pontos percentuais pode ser atribuiclo a um declinio na pouparwa; na verdade, a pouparwa aumentou nesse periodo, enquanto o oNa- mento do governo passou de deficitrio para superavitrio. Mas o investimento aumentou de 13,4% para 17,9% do PIB quando a economia experimentou um boont da tecnologia da informa o e muitas empresas estavam ansiosas por fazer CAPiTULO 31 MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS: CONCEITOS BASICOS 685 esses investimentos de alta tecnologia (o boom acabou em 2001, quando uma reces- sao deprimiu tanto o investimento quanto a poupanca; voltaremos a esse evento de curto prazo num capitulo futuro). Esses deficits comerciais sao um problema para a economia dos Estados Unidos? Para responder a essa questa°, é importante ficar de olho na poupanca e no investimento da nacao. Vamos considerar, primeiro, urn deficit comercial causado por uma queda na poupanca, como ocorreu durante a decada de 1980. Uma menor poupanca signi- fica que a nacao esti reservando uma parcela menor de sua renda para precaver- se quanto ao futuro. Uma vez que a poupanca nacional tenha diminufdo, contudo, nao ha motivo para lamentar os deficits comerciais resultantes. Se a poupanca nacional caisse sem causar deficit comercial, o investimento nos Estados Unidos teria de diminuir. Essa queda no investimento, por sua vez, afetaria desfavoravel- mente o crescimento do estoque de capital, a produtividade do trabalho e os saki- hos reais. En-1 outras palavras, dado que a poupanca dos Estados Unidos declinou, é melhor ter investimento estrangeiro na economia norte-americana do que nao ter nenhum investimento. Vamos agora considerar urn deficit comercial causado por urn boom de investi- mento, como o que vimos na decada de 1990. Nesse caso, a economia esta toman- do dinheiro no exterior para financiar a compra de novos bens de capital. Se esse capital adicional proporciona urn born retomo sob a forma de major producao de bens e servicos, entao a economia devera ser capaz de arcar corn as dividas que acumular. Por outro lado, se os projetos de investimento nao proporcionarem os retomos previstos, o endividamento parecera menos desejavel, pelo menos em retrospect°. Nao ha uma resposta simples e correta para a pergunta feita no titulo deste estudo de caso. Assim como as pessoas podem se endividar de maneira prudente ou prodiga, as nacoes tambem podem se endividar. 0 deficit comercial nao é urn problema em si, mas, por vezes, pode ser urn sintoma de urn problema. • Teste Rapido Defina exportacao liquida e investimento extern° liquido. Explique como se relacionam. OS PREOS DAS TRANSAOES INTERNACIONAIS: TAXAS DE CAMBIO REAL E NOMINAL Ate aqui, discutimos as medidas do fluxo de bens c servicos e do flux° de capital pelas fronteiras de uma nacao. Alem dessas variaveis quantitativas, os macroeco- nomistas tambem estudam variaveis que medem os precos aos quais se dao essas transacaes internacionais. Assim como o preco ern qualquer mercado desempenha a importante funcao de coordenar compradores e vendedores no mercado, os pre- cos internacionais ajudam a coordenar as decisoes dos consumidores e dos produ- tores quando interagem nos mercados mundiais. Aqui, discutimos os dois precos internacionais mais importantes - as taxas de cambio nominal e real. Taxa de Cambia Nominal A taxa de cambio nominal e a taxa a qual uma pessoa pode trocar a moeda de urn pais pela de outro. Por exemplo, se voce for ao banco, pode ver anunciada uma taxa de cambio de 80 ienes por Mar. Se voce der ao banco urn &Aar o banco lhe dara em troca 80 ienes japoneses; e se voce entregar ao banco 80 ienes japoneses, ele lhe taxa de cambio nominal a taxa a qual uma pessoa pode trocar a moeda de urn pais pela de outro 686 PARTE 11 A MACROECONOM1A DAS ECONOMIAS ABERTAS dari um dOlar dos Estados Unidos. (Na pthtica, o banco cobrani pre9os ligeiramen- te diferentes para a compra e a venda de ienes. As diferenas proporcionam ao banco algum lucro por oferecer esse servi o. Para os nossos fins, podemos ig,norar essas difereNas.) Uma taxa de G:1'mbio pode sempre ser expressa de duas maneiras. Se a taxa de cimbio for de 80 ienes por dOlar, tambem é ig-ual a 1/80 (= 0,0125) dOlar por iene. No decorrer do livro, sempre expressaremos a taxa de câmhio nominal como uni- dades da moeda estrangeira por dOlar dos Estados Unidos, por exemplo, 80 ienes por dOlar. Quando a taxa de câmbio muda de modo que um dOlar compre mais moeda estrangeira, essa mudaNa é chamada de aprecia o do dOlar. Se a taxa de cârnhio muda cle modo que um dOlar compra menos moeda estrangeira, essa mudaNa chamada de deprecia o do dOlar. Por exemplo, quando a taxa de cffinbio sobe de 80 para 90 ienes por dOlar, diz-se que o dOlar apreciou. Ao mesmo tempo, como um iene japones agora compra menos moeda dos Estados Unidos, diz-se que o iene depreciou. Quando a taxa de cffiribio cai de 80 para 70 ienes por dOlar, dizemos que o dOlar depreciou e que o iene apreciou. Voce talvez jEl tenha ouvido a midia relatar que o dOlar est forte" ou "fraco". Essas descri es usualmente referem-se a alterac-5es recentes na taxa de cffiTibio nominal. Quando uma moeda se aprecia, diz-se que ela está fortalecida porque pode, assim, comprar mais moeda estrangeira. De forma similar, quando uma moeda se deprecia, diz-se que ela est. enfraquecida. Para cada pais, há muitas taxas de cmbio nominais. 0 dOlar dos Estados Unidos pode ser usado para comprar ienes japoneses, libras britffilicas, pesos mexi- canos e assim por diante. Quando os economistas estudam as variab'es na taxa de freqiientemente usam indices que representam uma media dessas diver- sas taxas de câmhio. Da mesma maneira que o indice de preos ao consumidor transforma os muitos preos da economia em uma medida Unica do nivel de pre- c;os, um indice de taxa de cârnhio transforma essas diversas taxas de cârnbio em uma só medida do valor intemacional da moeda. Desse modo, quando os econo- mistas falam sobre aprecia o ou deprecia5o do dOlar, freqiientemente est;-io se referindo a um indice de taxa de dimbio que leva em conta diversas taxas de m- bio individuais. apreciack um aumento do valor de uma moeda medido pela quantidade de moeda estrangeira que ela pode comprar depreciado uma reduck do valor de uma moeda medida pela quantidade de moeda estrangeira que ela pode comprar ==1› Taxa de Gmbio Real A taxa de ckribio real e a taxa à qual uma pessoa pode trocar os bens e serviy:is de um pais pelos bens e servios de outro pais. Por exemplo, suponha que voce às compras e descubra que um quilo de queijo suko custa duas vezes mais do que um quilo de queijo americano. Poderiamos, ento, dizer que a taxa de c. .mbio real de 1/2 quilo de queijo suio por quilo de queijo americano. Observe que, como a taxa de câmhio nominal, a taxa de cffinbio real é expressa como unidades do item estrangeiro por unidade do ite.m nacional. Mas, nesse caso, o item e um bem e n". o uma moeda. As taxas de cffinbio nominal e real esto estreitamente relacionadas. Para ver por que, vamos considerar um exemplo. Suponha que uma saca de arroz americano custe $ 100 e que uma saca de arroz japones custe 16 rnil ienes. Qual e a taxa de mbio real entre o arroz americano e o arroz japones? Para responder a essa per- gunta, devemos primeiro usar a taxa de cârnhio nominal para converter os preos em uma moeda comum. Se a taxa de cmbio nominal é de 80 ienes por dOlar, ent',5o o preQo do arroz americano, de $ 100 por saca, e equivalente a 8 mil ienes por saca. 0 arroz americano custa a metade do que custa o arroz japones. A taxa de cffinbio real é de 1/2 saca de arroz japones por saca de arroz americano. taxa de dmbio real a taxa à qual uma pessoa pode negociar os bens e servicos de um pais pelos bens e servicos de outro pais r çAJ •-V) (\31'. '" 1, („&) „ X • CAPETULO 31 MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS: CONCEITOS BASICOS 689 economistas acreditam que a paridade do poder de compra descreve as forcas que determinam as taxas de cambio no longo prazo. Consideraremos agora a logica em que cssa teoria de longo prazo das taxas de cambio esta baseada e suas implicacoes e limitacOes. A Logica Fundamental da Paridade do Poder de Compra A teoria da paridade do poder de compra se baseia em urn principio chamado lei do pi-cc-7o unico. Essa lei afirma que urn bem deve ser vendido pelo mesmo 'Drew em todas as localidades. Caso contrario, haveria oportunidades inexploradas de lucro. Por exemplo, suponha que o cafe em grad seja mais barato em Seattle do que em Boston. Uma pessoa poderia comprar café em Seattle por, digamos, $ 4 o quilo e entao vende-lo em Boston por $ 5 o quilo, obtendo urn lucro de $ 1 por quilo devi- do a diferenca de preco. 0 processo de tirar vantagem das diferencas de preco em diferentes mercados é chamado de arbitragem. Em nosso exemplo, a medida que as pessoas tirassem vantagem dessa oportunidade de arbitragem, aumentariam a demanda por cafe em Seattle e a oferta de cafe em Boston. 0 preco do café aumen- taria em Seattle (em resposta a major demanda) e diminuiria em Boston (em res- posta i major oferta). 0 process() continuaria ate que, finalmente, os precos ficas- sem iguais nos dois mercados. Examinemos agora como a lei do Few inico aplica-se ao mercado internacio- nal. Se urn Mar (ou outra moeda qualquer) pudesse comprar mais cafe nos Estados Unidos do que no Japao, os negociantes intemacionais podcriam lucrar comprando cafe nos Estados Unidos e vendendo-o no Japao. Essa exportacao de cafe dos Estados Unidos para o Jal.-)ao elevaria o preco do café nos Estados Unidos e o reduziria no Jal.-)ao. De modo inverso, se urn Mar pudesse comprar mais cafe no Japao do que nos Estados Unidos, os negociantes comprariam cafe no Japao para vender nos Estados Unidos. Essa importacao de cafe do Japao para os Estados Unidos reduziria o preco do cafe nos Estados Unidos e o aumentaria no Japao. No final, a lei do preco unico nos diz que urn dOlar deve comprar a mesma quantida- de de café em todos os paises. Essa logica nos leva ii teoria da paridade do poder de compra. De acordo corn essa teoria, uma moeda deve ter o mesmo pocier de compra em todos os paises. Ou seja, urn dolar dos Estados Unidos deve comprar a mesma quantidade de bens nos Estados Unidos e no Japao, e urn iene japones deve comprar a mesma quantidade de bens no Japao e nos Estados Unidos. De fato, o nome da teoria descreve-a bem. Paridade significa ig,ualdade e poder de compra refere-se ao valor da moeda. Paridade do poder de corn pea sig,nifica que uma unidade de todas as moedas deve ter o mesmo valor real em todos os paises. ImplicacOes da Paridade do Poder de Compra 0 que a teoria da paridade do poder de compra nos cliz sobre as taxas de cambio? Ela nos diz que a taxa de cambio nominal entre as moedas de dois paises depencie do nivel de precos nesses Raises. Se urn Mar compra a mesma quantidade de bens nos Estados Unidos (onde os precos sao meclidos em Mares) e no Japao (oncie os precos sao medicios em ienes), entao o niimero de ienes por dolar deve refletir os precos dos bens nos Estados Unidos e no Japa-o. Por exemplo, se urn quilo cafe custa 500 ienes no Japao e $ 5 nos Estados Unidos, a taxa de cambio nominal deve ser de 100 ienes por &Tar (500 ienes/$ 5 = 100 ienes por Mar). Caso contra- do, o poder de compra do dol.& nao sera o mesmo nos dois Raises. Para entender melhor como isso funciona, é ütil usar urn pouco de matematica. Suponha que P seja o preco de uma cesta de bens nos Estados Unidos (medido em 690 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS dOlares), P* seja o pre93 de uma cesta de bens no Japao (medido em ienes) e e seja a taxa de cambio nominal (o nmero de ienes que um dOlar pode comprar). Considere agora a quantidade de bens que um dOlar pode comprar nos Estados Unidos e no exterior. Nos Estados Unidos, o nivel de 1_-)reos é P, de modo que o poder de compra de $ 1 e 1/P. No exterior, um dOlar pode ser trocado por e unida- des da moeda estrangeira, que, por sua vez, tem poder de compra de elP*. Para que o poder de compra do dOlar seja o mesmo nos dois paises, e preciso que: 1/P = elP* Reorganizando, a equaao resulta 1 = ePIP* Observe que o lado esquerdo dessa equgao é uma constante e que o seu lado direito é a taxa de cambio real. Portanto, se o poder de compra do d6lar é sempre o mesmo, seja nos Estados Unidos ou no exterior, ent -do a taxa de câiiibio real — o prep rela- tivo dos bens internos e ex-ternos — niTh pode inudar. Para ver a implicaao dessa analise para a taxa de cambio nominal, podemos reorganizar a última equgao resolvendo-a para a taxa de cambio nominal: c = P*IP Ou seja, a taxa de cambio nominal é igual à razao entre o nivel de preQos extemos (medido em unidades da moeda estrangeira) e o nivel de preos intemo (medido em unidades da moeda interna). De acordo COM a teoria da paridade do poder de COM- pra, a taxa de cthnbio noi-ninal entre as moedas dos dois paises deve refietir os diferentes niveis de preps desses dois paises. Uma implicgao-chave dessa teoria e o fato de que as taxas de cambio nominais mudam quando os niveis de 1_-)rey3s n-iudam. Con-io vimos no capitulo anterior, o nivel de preos em urn pais qualquer ajusta-se para equilibrar a quantidade de moeda ofertada e a quantidade de moeda demandada. Como a taxa cie cambio nominal depende dos niveis de preos, depende tambem da oferta e da demanda de moeda em cada pais. Quando o banco central de um pais aun-ienta a oferta de moeda e provoca uma elevaao no nivel de pre9os, ele tambem provoca a depre- cigao da moeda do pais em relgao a outras moedas do mundo. Em outras pala- vras, quando o banco central emite grandes quantidades de moeda, a moeda perde valor, tanto em termos dos bens e serviffis que pode comprar, quanto em termos da quantidade de outras moedas que pode comprar. Agora poden-los dar resposta à pergunta que iniciou esta seao: por que o dOlar americano perdeu valor comparado com o marco alemao e ganhou valor compara- do com a lira italiana? A resposta é que a Alemanha seguiu uma politica moneta- ria menos inflacionaria do que os Estados Unidos, e a Italia seguiu uma politica monetaria mais inflacionaria. Entre 1970 e 1998, a inflaao nos Estados Unidos foi de 5,3% ao ano. Por outro lado, a inflgao foi de 3,5% ao ano na Alemanha e de 9,6% ao ano na Italia. Como os pre9os dos Estados Unidos aumentaram em rela- ao aos da Alemanha, o valor do dOlar caiu em relgao ao rnarco. De forma similar, como os pre9ps nos Estados Unidos cairam em relgao aos preos na Italia, o valor do dOlar aumentou em relaao à lira. Alemanha e Italia te'm, hoje, uma moeda comum — o euro. Isso significa que os dois paises compartilham uma sO politica monetaria e que suas taxas de ção estarao estreitamente relacionadas. Mas as lições histOricas da lira e do marco se aplicarao ao euro da mesma forma. Se o dólar americano claqui a 20 anos ira Indices (Jan. 1921 = 100) 1.000.000.000.000.000 10.000.000.000 100.000 Nivel de brews) 0,0000000001 I 1921 1922 , 1923 CAPiTULO 31 MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS: CONCEITOS BAS1COS 691 comprar mais ou menos euros do que hoje, depende de o Banco Central Europeu produzir mais ou menos inflacao na Europa do que o Federal Reserve nos Estados Unidos. Estudo de Caso A TAXA DE CAMBIO NOMINAL DURANTE UMA HIPERINFLACAO* Os macroeconomistas raramente podem conduzir experimentos controlados. Mais frequentemente, des clevem extrair aquilo de que necessitam de experimentos naturais que a histaria lhes proporciona. Urn experiment° natural é a hiperinflacao — a alta inflacao que aparece quando o governo recorre a emissoes para pagar gran- des despesas governamentais. Como as hiperinflac5es sao eventos extremos, elas ilustram claramente alguns principios economicos basicos. Consiciere a hiperinflacao alema do inicio da decada de 1920. A Figura 3 mostra a oferta de moeda alema, o nivel de precos alemao e a taxa de cambio nominal (medida como centavos de Mar dos Estados Unidos por marco alemao) para aquele period°. Observe que as series se movem de maneira muito proxima. Quando a oferta de moeda comeca a crescer rapidamente, o nivel de precos tam- hem decola e o marco alemao deprecia. Quando a oferta de moeda se estabiliza, o mesmo ocorre corn o nivel de precos e a taxa de cambio. 0 padrao apresentado nessa figura aparece em todas as hiperinflacoes. Isso nao deixa cinvida de que ha uma ligacao fundamental entre moeda, precos e a taxa de cambio nominal. A teoria quantitativa da moeda discutida no capitulo anterior explica como a oferta de moeda afeta o nivel de precos. A teoria da paridade do poder de compra aqui discutida explica como o nivel de precos afeta a taxa de cam- bio nominal. • FIGURA 3 Moeda, Precos e a Taxa de Cambio Nominal Durante a Hiperinflacao Alema • Esta figura mostra a oferta de moeda, o nivel de precos e a taxa de combio (medi- da coma centavos de dolor par marco) durante a hiperinflacao alema, entre janeiro de 1927 e dezembro de 1924. Observe coma essas tres variaveis se movem de modo semelhante. Quando a quantidade de moeda comecou a crescer rapidamente, o nivel de precos a seguiu e o marco se depreciou em relocao ao dolor. Quando o banco central alemao estabilizou a oferta de moeda, o nivel de precos e a taxa de cambia tomb& se estabilizaram. Fonte: Adaptado de Thomas J. Sargent The end of four big inflations. In: Robert Hall (ed.). Inflation. Chicago: University of Chicago Press, 1983, P. 41-93. Reimpresso corn permissao. 0,00001 Taxa de cambio 694 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS RESUMO • Exportagoes liquidas é a denominacao que se di ao valor dos bens e servicos nacionais vendidos no exterior menos o valor dos bens e servicos estran- o-eiros vendidos internamente. 0 investimento externo liquid° é a aq-uisicao de ativos estrangeiros por residentes intemos menos a aquisicao de ati- vos internos por residentes no exterior. Como cada transacao internacional envolve uma troca de urn ativo por urn bem ou servico, o investirnento exter- no liquid° de urn pais é sempre igual as suas exportacoes liquidas. • A poupanca de uma economia pode ser usada tanto para financiar o investimento interno como para comprar ativos no exterior. Portant°, a pou- panca nacional é igual ao investimento intemo mais o investimento externo liquid°. • A taxa de cambio nominal é o preco relativo da moeda de dois Raises, e a taxa de cambio real é o prey) relativo dos bens e servicos de dois paises. Quando a taxa de cambio nominal muda de maneira que cada Mar compra mais moeda estrangeira, diz-se que o dolar esti apreciado ou fortalecido. Quando a taxa de cambio nominal compra menos moeda estrangeira, diz-se que o Mar esti depreciado ou eilfraquecido. • De acorcio corn a teoria da paridade do poder de compra, urn dolar (ou uma unidade de outra moeda qualquer) deve ser capaz de comprar a mesma quantidade de bens em todos os palses. Essa teoria implica que a taxa de cambio nominal entre as moedas de dois paises deve refletir os niveis de precos desses dois Raises. Como resulta- do, palses corn inflacao relativamente elevada deverao ter sua moeda depreciada e palses coin inflacao relativamente baixa deverao ter sua moeda apreciada. CONCEITOS-CHAVE economia fechada, p. 676 economia aberta, p. 676 exportacoes, p. 676 importacoes, p. 676 exportacoes liquidas, p. 676 balanca comercial, p. 676 superavit comercial, p. 676 deficit comercial, p. 676 equillbrio comercial, p. 676 flux° liquid° de capitais externos, p. 678 investimento externo liquido, p. 678 taxa de cambio nominal, p. 685 apreciacao, p. 686 depreciacao, p. 686 taxa de cambio real, p. 686 paridade do poder de compra, p. 688 QUESTOES PARA REVISA0 PROBLEMAS E APLICACOES CAPITULO 31 NIACROECONOMIA DAS ECONONIIAS ABERTAS: CONCEITOS BASICOS 695 e. Um cidadao canadense faz compras em uma loja no norte do estado americano de Vermont para evitar o imposto sobre vendas do Canada. 2. 0 comercio internacional de cada um dos produ- tos a seguir aumentou com o passar do tempo. De algumas razes especificas para explicar 1_-)or clue isso ocorreu. a. trigo b. servios bancarios c. programas de computador d. automOveis 3. Descreva a diferenc;a entre investimento externo direto e investimento extemo em carteira. Quem tem maior probabilidade de fazer investimento externo direto: uma empresa ou um investidor individual? Quem tem maior probabilidade de fazer um investimento externo em carteira? 4. Como as transac;6es a seguir afetariam o investi- mento externo liquido dos Estados Unidos? Indique ainda se cada uma envolve investimento direto ou investimento em carteira. a. Uma companhia de servi90 teleffinico celular norte-americana abre um escritOrio na blica Checa. b. A Harrod's de Londres vende a95es ao fundo de pensao da General Electric. c.A Honda exi,-)ande sua fabrica de Ohio. d. 0 fundo miituo Fidelity vende suas g -Oes da Volkswagen a um investidor frances. 5. Mantendo constante a poupana nacional, um aun-iento no investimento externo liquido aumen- ta, diminui ou mantem inalterada a acumulgao de capital interno de um pais? 6. A seao de economia da maioria dos grandes jor- nais contem uma tabela mostrando as taxas de cambio dos Estados Unidos. Encontre uma tabela como essa e utilize-a para responder as perg,untas a seg,uir. a. A tabela apresenta as taxas de cambio nominais ou reais? Explique. b. Quais sao as taxas de cambio entre os Estados Unidos e o Canada e entre os Estados Unidos e o Japao? Calcule a taxa de cambio entre o Canada e o Japao. c. Se no ano que vem a inflgao dos Estados Unidos fosse maior do que a inflac;ao japonesa, voce esperaria uma apreciaao ou uma deprecia- ao do dOlar em relKao ao iene japones? 7. Cada um dos grupos a seguir ficaria satisfeito ou insatisfeito com uma aprecigao do dOlar america- no? Explique. a. Fundos de pensao holandeses que mantem titu- los do governo dos Estados Unidos. b. A indstria manufatureira dos Estados Unidos. c.Turistas australianos que planejam uma viagem aos Estados Unidos. d. Uma empresa dos Estados Unidos que esta ten- tando comprar propriedades no exterior. 8. 0 que esta acontecendo com a taxa de cambio real dos Estados Unidos en-i cada uma das situges a seguir? Explique. a. A taxa de cambio nominal dos Estados Unidos permanece inalterada, mas os prec;os aumentam mais rapidamente nos Estados Unidos do que no exterior. b.A taxa de cambio nominal dos Estados Unidos permanece inalterada, mas os preos aumentam mais rapidamente no exterior do que nos Esta- dos Unidos. c.A taxa de cambio nominal dos Estados Unidos cai e os pre.Qc)s permanecem inalterados tanto nos Estados Unidos quanto no exterior. d. A taxa de cambio nominal dos Estados Unidos cai e os preos aumentam mais rapidamente no exterior do que nos Estados Unidos. 9. Liste tres bens para os quais a lei do preo Unico provavelmente se aplica e tres bens para os quais provavelmente nao se aplica. Justifique suas esco- lhas. 10. Uma lata de refrigerante custa $ 0,75 nos Estados Unidos e 12 pesos no Mexico. Qual seria a taxa de cambio peso—dOlar na vigencia da paridade do po- der de compra? Se uma expansao monetaria fizes- se com que todos os preos no Mexico dobrassem, de modo que uma lata de refrigerante aumentasse para 24 pesos, o que aconteceria com a taxa de cambio peso—dOlar? 11. Suponha que o arroz an-iericano seja vendido a $ 100 por saca, o arroz japones seja vendido a 16 mil ienes por saca e a taxa de cambio nominal seja de 80 ienes por dOlar. a. Explique como voce poderia lucrar com essa situgao. Qual seria o seu lucro por saca de arroz? Se outras pessoas explorassem a mesma oportu- nidade, o que aconteceria com o preo do arroz no Japao e nos Estados Unidos? b. Suponha que o arroz seja a única mercadoria no mundo. 0 que aconteceria com a taxa de cambio real entre os Estados Unidos e o Japao? 696 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS 12. Urn dos estudos de caso do capitulo analisou a paridade do poder de compra para diversos 'Daises usando o preco do Big Mac. Apresentamos aqui dados para mais alguns paises: Preco do Pais Big Mac Indonesia 16.000 rupias Hungria 459 forintes ReptIlica Checa 56,29 korunas Israel 12 shekels Canada 3,33 Mares canadenses a. Para cada pais, calcule a taxa de 6mbio prevista da moeda local por Mar dos Estados Unidos (lembre-se de que o preco de urn Big Mac nos Estados Unidos era de $ 2,49). Ate que ponto a teoria da paridade do poder de compra as taxas de cambio? b. De acordo corn a paridade do poder de compra, qual a taxa de cambio prevista entre o shekel israelense e o Mar canadense? E qual a taxa de cambio vigente? Taxa de Carnbio Taxa de Cambio Prevista Vigente r(ipias/$ 9.430 rupias/$ forintes3 272 forintes3 korunas3 34,0 korunas/$ shekels3 4,79 shekels3 &flares 1,57 Mares canadenses3 canadense3 Oferta de fundos para emprstimos (da poupanca nacional) Demanda por fundos emprestveis (para investimento interno e para investimento externo liquido) Taxa de Juros Real Taxa de juros real de equilibrio Quantidade Quantidade de de equilibrio fundos para emprestimos CAPh-ULO 32 TEORIA MACROECONI5MICA DA ECONOMIA ABERTA 699 Sempre que uma ng -a- o poupa um dc5lar de sua renda, pode usar esse dlar para financiar a compra de capital interno ou para financiar a compra de 1.1M ativo estran- geiro. Os dois lados da identidade representam os dois lados do mercado de fundos de emprestimos. A oferta de fundos de emprestimos vem da pouparwa nacional (S). A demanda por fundos de emprestimos vem do investimento intemo (1) e do inves- timento extemo liquido (IEL). Observe que a compra de um ativo cle capital se acrescenta à demanda por fundos de emprestimos, independentemente de o ativo estar localizado no pais ou no exterior. Como o investimento externo líquido pode ser tanto positivo quanto negativo, ele pode tanto ser somado quanto subtraido da demanda por fundos para emprestimos que decorre do investimento interno. Con-io aprendemos em nossa discusso anterior do mercado de fundos de emprestimos, a quantidade ofertada de fundos para emprestimos e a quantidade demandada de fundos para emprestimos dependem da taxa de juros real. Uma taxa de juros real mais elevada incentiva as pessoas a poupar e, portanto, aumenta a quantidade ofertada de fundos para emprestimos. Uma taxa de juros mais elevada tambem torna os emprestimos para financiamento de projetos de investimento mais dispendiosos; com isso, desencoraja o investimento e reduz a quantidade demandada de fundos de emprestimos. Alem de influenciar a poupaNa nacional e o investimento interno, a taxa de juros real de um país afeta o investimento externo líquido desse pais. Para ver por que, considere dois fundos miituos — um nos Estados Unidos e outro na Alemanha — decidindo entre a compra de um titulo do governo norte-americano e um titulo do governo alemão. Os fundos mtuos tomariam essa decis"o, em parte, compa- rando as taxas de juros reais nos Estados Unidos e na Alemanha. Quando a taxa de juros real dos Estados Unidos sobe, o titulo dos Estados Unidos toma-se mais atraente para ambos os fundos mtuos. Portanto, um aumento na taxa de juros real dos Estados Unidos desestimula os norte-americanos a comprar ativos estrangei- ros e estimula os estrangeiros a comprar ativos dos Estados Unidos. Por essas duas razes, esses dois motivos, uma taxa de juros real elevada nos Estados Unidos reduz o investimento extemo líquido desse pais. FIGURA 1 0 Mercado de Fundos de Emprestimos A taxa de juros, tanto em umo econo- mia aberta quanto em uma economia fechada, é determinada pela oferto e demanda de fundos para emprti- mos. A poupanca nacional é a fonte de oferta de fundos para emprti- mos. 0 investimento intemo e o inves- timento extemo liquido sao as fontes de demanda por fundos para empr ,s- timos. A taxa de juros de equilíbrio, a quantio que as pessoas desejam pou- par é exatamente igual à quantia que as pessoas querem tomor empresta- do para comprar capital intemo e ati- vos estrangeiros. 700 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS Na Figura 1, representamos o mercado de fundos de emprestimos por meio do ja familiar diag,rama de oferta e demanda. Como em nossa an6lise anterior do sis- tema financeiro, a curva de oferta tern inclinacao positiva porque uma taxa de juros major aumenta a quantidade ofertada de fundos para emprestimos e a curva de demanda tern inclinacao negativa porque uma taxa de juros major reduz a quanti- dade demandada de fundos para emprestimos. Ao contrario da situac5o em nossa discussao anterior, contudo, o lado da demanda agora representa o comportamen- to do investimento intern° e do investimento extern° liquido. Ou seja, em uma economia aberta, a demanda por fundos para emprestimos vem no so daqueles que querem fundos para emprestimos para comprar bens de capital internos, mas tambem daqueles que os desejam para comprar ativos estrangeiros. A taxa de juros se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda por fundos para emprestimos. Se a taxa de juros estiver abaixo do nivel de equilibria a quantidade ofertada de fundos para emprestimos seria menor que a quantidade demandada. A resultante escassez de fundos para emprestimos empurraria a taxa de juros para cima. De modo inverso, se a taxa de juros estivesse acima do nivel de equilibria a quantidade ofertada de fundos para emprestimos excederia a quantidade deman: dada. 0 excess° de fundos para emprestimos levaria a taxa de juros para baixo. A taxa de juros de equilibria a oferta de fundos para emprestimos é exatamente igual a demanda por fundos para emprestimos. Ou seja, L'7 taxa de juros de equilibria a quantia quo as pessoas desejam poupar e exatamente igual a quantidade desejada de investimento intern° e de investimento extern() liquido. 0 Mercado de Cambia de Moeda Estrangeira 0 segundo mercado em nosso modelo de uma economia aberta é o mercado de cambio de moeda estrangeira. Os participantes desse mercado trocam Mares ame- ricanos por moedas estrangeiras. Para entender o mercado de ca'mbio de moeda estrangeira, comecaremos corn outra identidade apresentada no capitulo anterior: IEL EL Investimento extern° liquid() = Exportacoes liquidas Essa identidade afirma que o desequilibrio entre a compra e a venda de ativos de capital no exterior (/EL) é igual ao desequilibrio entre exportacoes e importacoes de bens c servicos (EL). Por exemplo, quando a economia dos Estados Unidos tern superavit comercial (EL> 0), os estrangeiros est5o comprando mais bens e servicos nos Estados Unidos do que os americanos est5o comprando bens e servicos estran- geiros. 0 que os americanos estao fazendo corn a moeda estrangeira que obtem dessa venda liquida de bens e servicos para o exterior? Eles devem estar compran- do ativos estrangeiros, de modo que o capital dos Estados Unidos flui para o exte- rior (IEL > 0). De maneira inversa, se os Estados Unidos tiverem deficit comercial (EL <0), os norte-americanos estcio gastando mais em bens e servicos estrangeiros do que est5o ganhando corn as vendas ao exterior. Parte dessa despesa deve ser financiada corn a venda de ativos norte-americanos ao exterior, de modo quo o capital estrangeiro fluj para os Estados Unidos (IEL < 0). Noss° modelo da economia aberta trata os dois lados dessa identidade como representantes dos dois lados do mercado de c5mbio. 0 investimento externo lIquiclo representa a quantidade de Mares ofertada para comprar ativos estrangei- ros. Por exemplo, quando urn fundo mutuo dos Estados Unidos deseja comprar urn titulo do govern° japones, precisa trocar Mares por ienes, de modo que ele °fere- ce Mares no mercado de Can-tbio. As exportacoes liquidas representam a quanti- CAPITULO 32 TEORIA MACROECONCIMICA DA ECONOMIA ABERTA dade demandada de Mares corn a finalidade de comprar exportacaes liquidas de bens e servicos dos Estados Unidos. Por exemplo, quando uma empresa aerea japo- nesa deseja comprar urn avid° fabricado pela Boeing, precisa trocar seus ienes por Mares, de modo que demanda clolares no mercado de cambio. Qual o preco q-ue equilibra a oferta e a demanda no mercado de cambio? A res- posta é a taxa de cambio real. Como vimos no capftulo anterior, a taxa de cambio real é o preco relativo dos bens intemos e dos bens estrangeiros e, portant°, é urn determinante-chave das exportac6es liquidas. Quando a taxa de cambio real se aprecia, os bens americanos ficam mais caros ern relacao aos estrangeiros, o que torna os bens norte-americanos menos atraentes tanto para os consumidores internos quanto para os consumiclores externos. Como resultado, as exportacoes dos Estados Unidos diminuem e as importacoes dos Estados Unidos aumentam. Por ambas as razoes, as exportacoes liquidas diminuem. Conseqiientemente, uma apreciacao da taxa de cambio real reduz a quantidade demandada de Mares no mercacio de cambio. A Figura 2 mostra a oferta e a demanda no mercado de cambio de moeda estrangeira. A curva de demanda tern inclinacao negativa pela razao que acabamos de discutir: uma taxa de cambio real mais elevada torna os bens norte-americanos mais caros e reduz a quantidade demandada de Mares para comprar esses bens. FIGURA 2 0 Mercado de Carnbio de Moeda Estrangeira A taxa de cambia real e determinado pela oferta e pela demanda de cambio. A oferto de dalares a ser trocados par moeda estrangeira e determinada pelos investimentos externos liquidos. Como o investimento extern° liquido nao depende do taxa de combio real, a curva de oferta e vertical. A demand° par dolares vem dos exportocaes liquidas. Como uma taxa de cambia real mais baixa estimula as exportacoes liquidas (e, assim, aumenta a quontidade de °blares demandado para pagar par essas exportacoes liquidas), o curva de demanda tem inclinacao negativa. A taxa de cambia real de equilibria, a quantidade de dc5lares que as pessoas ofertam para comprar as ativos estrangeiros e igual 0 quantidade de acres que as pessoas demandam para comprar exportacc5es 701 Taxa de Carnbio Real Taxa de cambio real de equilibrio Oferta de dOlares (do investimento externo liquido) Demanda por &flares (para exportacoes liquidas) 1 Quantidade Quantidade de Dolares de equilibrio Trocados por Moeda Estrangeira 704 PARTE 11 A NIACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS Equilibrio Simulfaneo nos Dois Mercados Podemos agora reunir todas as partes do nosso modelo na Fig,ura 4. Essa fig-,ura n-lostra como o mercado de fundos de emprestimos e o mercado de c'dmbio deter- minam, conjuntamente, as importantes varialveis macroeconOmicas de uma econo- mia aberta. 0 painel (a) da figura mostra o mercado de fundos de en-iprestimos (tirado da Fig,ura 1). Como antes, a poupari a nacional é a fonte de oferta de fundos para emprestimos. 0 investimento interno e o investimento externo Iíquido s.o as fon- tes de demanda por fundos para emprestimos. A taxa cle juros real de equilibrio (ri) conduz a quantidade ofertada e a quantidade demandada de fundos para empres- timos ao equilibrio. 0 painel (b) da figura mostra o investimento externo liquido (extraido da Figura 3). Ele mostra como a taxa de juros do painel (a) determina o investimento extemo Uma taxa de juros interna mais elevada torna os ativos internos mais atraentes e isso, por sua vez, reduz o investimento externo liquido. Portanto, a curva de investimento externo líquido no painel (b) tem inclina o negativa. 0 painel (c) da figura mostra o mercado de c'&11bio de moeda estrangeira (tira- do da Figura 2). Como os ativos estrangeiros devem ser comprados com moeda estrangeira, a quantidade de investimento externo líquido do painel (b) determina a oferta de dlares a serem trocados por moedas estrangeiras. A taxa de cârnbio real n - c) afeta o investimento externo líquido, de modo que a curva de oferta é vertical. A demanda por dOlares vem das exporta95es liquidas. Como a deprecia o da taxa de cârnbio real aumenta as exportg -6es líquidas, a curva de demanda por moeda estrangeira tem inclina o negativa. A taxa de câmbio real de equilibrio (E i) con- duz ao equilibrio a quantidade ofertada e a quantidade demandada de dOlares no mercado de cârnbio. Os dois mercados representados na Figura 4 determinam dois preos relativos — a taxa de juros real e a taxa de câmbio real. A taxa de juros real deten-ninada no painel (a) é o preo dos bens e servi os no presente em rela o ao prec;o dos bens e servi os no futuro. A taxa de caimbio real determinada no painel (c) é o prec;o dos bens e ser- Taxa de Juros RealOferta ri Demanda Quantidade de Fundos de Emprestimos Taxa de Cambio Real lnvestimento Extern° Liquido, 1EL lnvestimento Externo Liquido Oferta Demanda CAPITULO 32 TEORIA MACROECONSMICA DA ECONOMIA ABERTA 705 FIGURA 4 Equilibrio Real em uma Economia Aberta No pa/net (a), a oferta e a demanda par fundos para emprestimos determinam a taxa de juros real. Na painel (b), a taxa de juros determina o investi- mento extern° lIquido, que prove a oferta de Mares no mercado de cambio. No painel (c),a oferta e a demanda de Mares no mercado de cOmbio determinam a taxa de cambia real. (a) 0 Mercado de Fundos de Emprestimos (b) lnvestimento Externo Liquido El Quantidade de DOlares (c) Mercado de Cambio de Moeda Estrangeira Taxa de Juros Real ri Cc)Nit Vf oij-ot wrtmo3') ç. kUJ 0&_3, t».) 'JWn • (W)Niu-ri-wax\\ tz) rowb 706 PARTt 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS vi9ps internos em relação aos pre9os dos bens e servic;os estrangeiros. Esses dois pre- 9os relativos ajustam-se simultaneamente para equilibrar a oferta e a demanda nesse dois mercados. Quando o fazem, eles determinam a poupana nacional, o investi- mento interno, o investimento exten-io liquido e as exportg5es liquidas. Em breve usaremos esse modelo para ver como todas essas variveis se alteram quando alg,u- ma politica ou alg-um acontecimento faz com que uma dessas curvas se desloque. Teste R4ido No modelo de economia aberta que acabamoš de desenvolver, dois mercados determi- nam dois precos relativos. Quais s". o os dois mercados? Quais s", ' o os dois precos relativos? COMO POUTICAS E EVENTOS AFETAM UMA ECONOMIA ABERTA Tendo desenvolvido um modelo para explicar como varffiTeis n-lacroeconOmicas chave são determinadas em uma economia aberta, podemos agora para ana- lisar como mudaNas de politica econ3mica e outros eventos alteram o equilibrio da economia. Enquanto avaNamos, tenha em mente que nosso modelo é apenas ofer- ta e demanda em dois mercados — o mercado de fundos de emprestimos e o n-ier- cado de cârnbio. Quando usamos o modelo para analisar qualquer evento, podemos aplicar os trs passos delineados no Capitulo 4. Prin-teiro, determinamos quais das curvas — a de oferta ou a de demanda — o evento afeta. Segundo, determinamos em que dire o as curvas se deslocam. Terceiro, usamos os grMicos de oferta e deman- da para examinar como esses deslocamentos alteram o equilfbrio da economia. Nficits Orcamentklos do Govemo r-k Quando discutimos pela primeira vez a oferta e a demanda por fundos para emprestimos, examinamos os efeitos dos deficits oNamentffi-ios do governo, que ocorrem quando a despesa do govemo excede sua receita. Como o déficit oNan-ien- tkio do governo representa uma poupaNa pública negativa, ele reduz a poupaNa nacional (a soma da poupana pUblica e privada). Portanto, um cleficit oNament- rio do governo reduz a oferta de fundos para empre.stimos, aumenta a taxa de juros e desloca o investimento. Agora vamos considerar os efeitos de um deficit oNamentkio em un-la econo- mia aberta. Primeiro, qual das curvas em nosso modelo se desloca? Assim como numa economia fechada, o impacto inicial do deficit oNamentElrio se dá sobre a 1.-)oupaNa nacional e, portanto, sobre a curva de oferta de fundos para empresti- Segundo, em que direção se desloca essa curva de oferta? Novamente, como numa economia fechada, um deficit oNamentrio representa poupaNa pUblica negativa, de modo que ele reduz a poupaNa nacional e desloca a curva de oferta de fundos para emprestimos para a esquerda. Isso é representado pelo deslocamento de 01 para 07 no painel (a) da Fig,ura 5. 0 terceiro e últirno passo e comparar o novo equilibrio con-i o antigo. 0 painel (a) mostra o impacto de um deficit oNamentrio dos Estados Unidos sobre o mer- cado norte-americano de fundos de emprestimos. Com menos recursos clisponi- veis para os tomadores nos mercados financeiros norte-americanos, a taxa de juros se eleva de r1 para r7 a fim de equilibrar oferta e demancla. Em face de un-ia taxa de juros mais elevada, os tomadores de emprestimos no mercado de fundos de emprestimos optam por tomar n-ienos emprestimos. Essa n-iudancs-a é representada na figura pelo movimento do ponto A para o ponto B ao longo da curva de deman- da por fundos para emprestimos. Mais especificamente, fan-iflias e empresas redu- zem suas compras de bens de capital. Como em uma economia fechada, os deficits oNamentrios deslocam o investimento interno. Quantidade de Fundos para Ernpr6timos Investimento Externo Liquido 3. As exporta95es liquidas, entretanto, permanecem inalteradas. IEL Taxa de Cknbio Real Oferta 1. Uma cota de importa0o aumenta a demanda por 2.... e faz com que a taxa de câmbio real se aprecie. CAPiTULO 32 TEORIA MACROECONC)MICA DA ECONOMIA ABERTA 709 FIGURA 6 Os Efeitos de uma Cota de Importac-ao Quando o govemo americano impae umo coto sobre a importacao de carros japoneses, nada ocontece no mercado de fundos empresthveis, no painel (o), ou com o investimento extemo líquido no painel (b). 0 Cinico efeito é o das exportacaes Ithuidas (exportacaes menos importacaes) para qualquer taxa de cambio real dada Como resultado, a demanda por dOthres no mercado de cambio aumenta, conforme mostra o deslocamento de D i para D2, no painel (c). Esse aumento na demando por dalares faz com que o valor do dOlar tenha uma apreciacao de E 1 para E2. Essa apreciacao do dOlar tende a reduzir as exportocaes líquidas, compensando o efeito direto da cota de importacao sobre a balanca comercial. (a) Mercadode Fundos de Ernprstimos (b) Investimento Externo Liquido Taxa de Juros Real ri Quantidade de DPIares (c) Mercado de Cknbio de Moeda Estrangeira 710 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS seu ponto de vista, os lobistas do setor automobilistico afirmam que a restricao comercial reduziria a magnitude do deficit comercial dos Estados Unidos. Estarao eles certos? Nosso model°, ilustrado na Figura 6, oferece uma resposta. 0 primeiro passo para analisar a politica comercial é determinar qual a curva que se desloca. 0 impacto inicial da restricao a importacao se de, naturalmente, sobre as importacoes. Como as exportacoes liquidas sao iguais as exportacoes menos as importacoes, a politica tambem afeta as exportacoes liquidas. E como as exportacoes liquidas sao a fonte da demanda por Mares no mercado de cambio, a politica afeta a curva de demanda desse mercado. 0 segundo pass° é determinar em que direcao a curva de demanda se desloca. Como a cota restringe o ntimero de carros japoneses vendidos nos Estados Unidos, ela reduz as importacoes a qualquer taxa de cambio real dada. Portant°, as exporta- coes liquidas, que sao iguais as exportacoes menos as importacoes, aumentarao para qualquer taxa de cambio real dada. Como os estrangeiros precisam de Mares pa- ra comprar as exportacoes liquidas dos Estados Unidos, ha urn aumento na deman- da por Mares no mercado de cambio. Esse aumento na demanda por Mares representado no painel (c) da Figura 6 como urn deslocamento de Di para D2. 0 terceiro passo é comparar o novo equilibrio corn o antigo. Como podemos ver no painel (c), o aumento na demanda por Mares causa uma apreciacao da taxa de cambio real, de Ei para E,. Como nada aconteceu no mercado de fundos de emprestimos, painel (a), rid° he nenhuma alteracao na taxa de juros real. Nao havendo nenhuma alteracao da taxa de juros real, tambem nao ha alteracao no investimento externo liquid°, representado no painel (b). E como nao he alteracao no investimento externo liquid°, nao pode haver nenhuma mudanca nas exporta- goes liquidas, muito embora a cota de importacao tenha reduzido as importacoes. A razao pela qual as exportacoes liquidas podem se manter inalteradas enquan- to as importacZes caem é explicada pela variacao na taxa de cambio real. Quando o dolar se aprecia no mercado de cambio de rnoeda estrangeira, os bens intemos tomam-se mais caros em relacao aos bens estrangeiros. Essa apreciacdo estimula as importacoes e desestimula as exportacoes — e essas duas alteracoes operam no sentido de contrabalancar o aumento direto das exportacoes liquidas em decorren- cia da cota de importacao. No fim, uma cota de importacao reduz tanto a importa- cao quanto a exportacao, mas as exportagnes liquidas (exportacaes menos impor- tacoes) permanecem inalteradas. Portanto, chegamos a uma conclusao surpreendente: as politicas comerciais afetanz a balanca comercial. Ou seja, politicas que influenciam diretamente as expor- taco-es ou as importacoes nao alteram as exportacoes liquidas. Essa conclusao pare- cera menos surpreendente se nos recordarmos da identidade contabil: EL = IEL = S — I As exportacoes liquidas sao ig,uais ao investimento extern° liquid°, que é igual poupanca nacional menos o investimento interno. As politicas comerciais nao afetam a balanca comercial porque nao alteram a poupanca nacional ou o investi- mento interno. Para quaisquer niveis dados de poupanca nacional e investimento interno, a taxa de cambio real se ajusta para manter o mesmo equilibrio comercial, independentemente das politicas comerciais que o governo adote. Embora as politicas comerciais nao afetem a balanca comercial total de um pais, elas atingem empresas, inthistrias e paises especificos. Quando o govern° america- no impoe uma cota de importacao sobre os carros japoneses, a General Motors enfrenta menos competicao estrangeira e vendera mais carros. Ao mesmo tempo, como o Mar apreciou, a Boeing, a fabricante americana de aeronaves, tere major dificuldade em competir corn a Airbus, a fabricante europeia de aeronaves. As exportacoes de aeronaves dos Estados Unidos diminuirao e as importacoes de aero- naves dos Estados Unidos aumentarao. Nesse caso, a cota de importacao de carros CAP1TULO 32 TEORIA MACROECONI5MICA DA ECONOMIA ABERTA 711 NOTIICIAS 0 WICIT COMERCIAL DOS ESTADOS UNIDOS Como urn pais deve lidar com um grande dfficit comercial? Os economistos Martin e Kathleen Feldstein oferecem uma resposta. Fechando o Dfficit de $ 1 Bilhb por Dia Por Martin e Kathleen Feldstein Em contraste marcante com o crescente superavit do orcamento federal, o deficit comercial norte-americano continua a cres- cer, aumentando os riscos para a economia dos Estados Unidos. Importando mais do que expor-tando e vendendo ativos norte- americanos, a populack dos Estados Unidos consome mais do que pode pagar. Tomar emprestimos no exterior ajudou os americanos a elevar seu padrao de vida, mas tambem deixou a economia vulneravel se os estrangeiros decidirem reduzir o fluxo de emprestimos e investimentos para os Estados Unidos. Um objetivo importante do prciximo presidente deveria ser desenvolver politicas eficazes para reduzir esse perigo, aumentando a poupanca nacional a fim de reduzir a dependencia de recursos vindos do exterior. Embora os Estados Unidos sejam tomadores liquidos de emprestimos ha duas decadas, os valores ficaram realmente grandes nos últimos oito anos. Em 1992, os Estados Unidos importaram $ 28 bilhes a mais do que exportaram. No primeiro tri- mestre de 2000, as importaces liquidas — .ou o excesso das importaces em relack as exportaces — chegaram a uma taxa que corresponde a mais de $ 330 bilhões por ano (...). Por que os estrangeiros estao dispostos a conceder tanto credito aos Estados nidos? Os titulos em d6lar tem sido atraentes para os estrangeiros porque as taxas de juros estao mais elevadas nos Estados Unidos do que na Europa e no Japao (onde estao pr6ximas de zero). E empresas como a Dalmler, a Vivendi e a AXA compraram neg6cios nos Estados Unidos porque sk um lugar melhor para a expansao de suas atividades do que seus paises de origem e outros lugares da Europa. É s6 na area dos investimentos estrangeiros em carteira que as aquisices dos Estados Unidos no exterior equiparam- se as aquisices estrangeiras nesse pais. Uma conseqUencia importante desse fluxo liquido de investimento para os Estados Unidos é o aumento do valor do d6lar. Desde 1992, o valor do d6lar subiu quase 140/0 em relacao a um indice amplo de outras moedas e ajustado para diferen- cas de inflacao entre os paises. 0 d6lar forte tornou os produtos estrangeiros relati- vamente baratos para os compradores americanos e deixou as exportac -(ies ameri- canas mais caras para o exterior. Assim sendo, nao é de surpreender que os estran- geiros tenham reduzido suas compras de bens americanos, enquanto os americanos consomem avidamente bens importados de todos os tipos, de carros a brinquedos. Os menores precos das importa0es tam- bem ajudaram a manter a inflacao baixa nos Estados Unidos. Tudo isso parece benigno. Mas por quanto tempo os estran- geiros estarao dispostos a emprestar e investir tanto nos Estados Unidos? E quais serao as conseqencias se e quando eles decidirem recuar? (...) Em suma, o aumento acelerado da tomada de emprestimos do exterior duran- te a decada passada deixou a economia norte-americana em uma situacao delicada. Se — ou quando — os estrangeiros decidi- rem que nao querem mais emprestar tanto para os Estados Unidos, o valor do d6lar caira, as taxas de juros aumentar -ao e a inflacao subira. Essas nao sao condices sob as quais os americanos tenderao a poupar mais para substituir os influxos perdidos de investimento estrangeiro. Para reduzir a vul- nerabilidade, é importante que os america- nos aumentem sua poupanca agora. Isso significara rever-ter uma duradoura queda da poupanca das familias americanas. 0 desenvolvimento de politicas para incenti- var uma maior poupanca familiar deve ser uma das prioridades-chave da pr6xima administracao e do Congresso. Fonte: The Boston Globe, 18 jul. 2000, p. C4. Copyright 2000 by Globe Newspaper Co. (MA). Reproduzido com permissk de Globe Newspaper Co. (MA) no formato Livro-texto via Copyright Clearance Center. 714 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS atraentes, isso somente compensa parcialmente o impact° da fuga de capitais sobre o investimento extern° liquido). 0 painel (c) mostra que o aumento do investimen- to externo lIquido aumenta a oferta de pesos no mercado de cambio de 01 para Ou seja, conforme as pessoas tentam se livrar de seus ativos mexicanos, hi uma g,rande oferta de pesos para serem convertidos em Mares. Esse aumento na oferta faz que o peso deprecie de El para E2. Portant°, a fuga de capitais do Mexico ta a taxa de juros mexicana e diminui o valor do peso mexicana no mercado de climbio. Foi exatamente o que observamos em 1994. De novembro de -1994 a marco de 1995, a taxa de juros dos titulos de curto prazo do govemo mexicano aumentou de 14% para 70% e o peso depreciou de 29 para 15 cents de Mar por peso. Essas variacoes de preco que resultam da fuga de capitais influenciam algumas variaveis macroeconemicas-chave. A depreciacao da moeda toma as exportacoes mais baratas e as importacbes mais caras, empurrando a balanca comercial em dire- cao ao super6vit.Ao mesmo tempo, o aumento na taxa de juros reduz o investimen- to intern°, o clue desacelera a acumulacao de capital e o crescimento econ3mico. Embora a fuga de capitais tenha seu major impact() sobre o pais de onde o capi- tal est6 fugindo, ela tambem afeta outros paises. Quando capital sai do Mexico para os Estados Unidos, por exemplo, ele tern sobre a economia norte-americana efeito oposto ao que exerceu sobre a economia mexicana. Mais especificamente, o aumento do investimento extern° lIquido mexicano coincide corn uma queda do investimento externo lIquido norte-americano. A medida que o peso se deprecia e as taxas de juros mexicanas sobem, o Mar se aprecia e as taxas de juros norte- americanas caem. A magnitude desse impact() sobre a economia dos Estados Unidos é, contudo, pequena, porque a economia desse pais é muito gr, ande se corn- parada a do Mexico. Os eventos que descrevemos poderiam ocorrer em qualquer economia do mundo e de fato eles ocorrem de tempos em tempos. Em 1997, o mundo descobriu que os sistemas bancEirios de diversas economias asi6ticas, inclusive da Tailandia, Coreia do Sul e Indonesia, estavam perto da bancarrota, e essa noticia induziu fugas de capital dessas nacoes. Ern 1998, o govern° russo deixou de pagar sua da, induzindo os investidores intemacionais a pegar todo o dinheiro que podiam e promover uma fuga de capitais. Urn conjunto de acontecimentos semelhantes (mas mais complicados) se verificou na Argentina em 2002. Em todos esses casos de fuga de capitais, os resultados foram muito semelhantes aos previstos por nosso mode- lo: aumento das taxas de juros e depreciacao da moeda. Serzi que a fuga de capitais pode acontecer nos Estados Unidos? Embora a eco- nomia norte-americana seja he muito considerada uma economia segura para investir, acontecimentos politicos nesse pais por vezes induziram a pequenas fugas de capitais. Por exen-iplo, a edicao de 22 de setembro de 1995 do New York Times informou que no dia anterior o "Presidente da Camara dos Deputados, Newt Gingrich, ameacara levar os Estados Unidos C inadimplencia em relacao C sua da, pela primeira vez na historia do pais, para forcar o govern° Clinton a equilibrar o orcamento de acordo corn as condicoes desejadas pelos republicanos" (p. Al). Embora a maioria clas pessoas considerasse improv6vel o cumprimento da amea- ca, o efeito do amincio foi, em menor escala, semelhante ao que o Mexico experi- mentou em 1994. Durant@ aquele dia, a taxa de juros sobre urn titulo de 30 anos do govern° norte-americano aumentou de 6,46% para 6,55% e a taxa de cambio caiu de 102,7 para 99,0 ienes por Mar. Portant°, ate a est6vel economia norte-america- na é potencialmente suscetivel aos efeitos de uma fuga de capitais. Test Rapido Suponha que os norte-americanos decidam gastar uma parcela menor de suas rendas. Qual seria o efeito sobre a poupanca, o investimento, as taxas de juros, a taxa de cambia real e a balanca comercial? CAPITULO 32 TEORIA MACROECONC/MICA DA ECONOMIA ABERTA 715 CONCLUSik0 A economia intemacional e um tOpico de in-iportncia crescente. Cada vez mais cidaffios norte-americanos compram bens produzidos no exterior e produzem bens para serem vendidos no exterior. Por meio dos funclos nilltuos e cle outras tituições financeiras, tomam e concedem emprestimos nos mercados financeiros clo mundo todo. Conseqentemente, uma análise con-ipleta da econon-lia dos Estados Unidos exige o entendimento de como a economia norte-americana inte- rage com outras economias do mundo. Esse capitulo ofereceu um modelo para pensar na macroeconomia das economias abertas. Embora o estudo da macroeconomia internacional seja valioso, devemos ser cuidadosos para não exagerar sua importncia. Os formuladores de politicas e os analistas politicos freqentemente se apressam a culpar os estrangeiros por proble- mas enfrentados pela econon-lia norte-americana. Os economistas, por sua vez, entendem que em geral esses problemas tth-n origem intema. Por exemplo, os poli- ticos n-mitas vezes dizem que a competi o estrangeira e uma amega aos padr ĉ5es de vida norte-americanos. Já os economistas tendem a lamentar o baixo nivel de poupanyl intema. Uma baixa poupaNa impede o crescimento do capital, da pro- dutividade e dos padres de vida, independentemente de a economia ser aberta ou fechada. Os estrangeiros são um alvo conveniente para nossos politicos porque um bom jeito de se eximir de responsabilidades sem ofender quaisquer eleitores do país. Portanto, sen-ipre que ouvir c.-Iiscusses populares sobre o comer- cio e as finaNas internacionais, e especialmente importante tentar separar o mito da realidade. As ferramentas apresentadas nos dois últirnos capitulos devem ser teis para isso. RESUMO • Para analisar a macroeconomia das economias abertas, dois mercados são centrais: o mercado de fundos de emprestimos e o mercado de câmhio de moeda estrangeira. No mercado de fundos de emprestimos, a taxa de juros real se ajusta para equilibrar a oferta de fundos para emprestimos (provenientes da pouparwa nacional) e a demanda por fundos para emprestimos (provenientes do investimento intemo e do investimento externo liquido). No mercado de câmbio, a taxa de cârnhio real se ajusta para equilibrar a oferta de dOlares (proveniente do investimento externo liquido) e a demanda por dOlares (proveniente das exporta- 5es liquidas). Como o investimento extemo liqui- do e parte da demanda por fundos para empresti- mos e prov/e' a oferta de dOlares para o câmhio, ele a vari vel que liga esses dois mercados. 716 PARTE 11 A MACROECONOMIA DAS ECONOMIAS ABERTAS • Uma politica que reduza a poupanca nacional, como um deficit orcament6rio do govemo, reduz a oferta de fundos para emprestimos e eleva a taxa de juros. Uma taxa de juros mais elevada reduz o investimento extemo liquido, o que reduz a oferta de Mares no mercado de cambio. 0 Mar se apre- cia e as exportacoes liquidas caem. • Embora as polfticas comerciais restritivas, como as tarifas ou as cotas de importacao, sejam por vezes defendidas como meio de alterar o equilibrio comercial, elas nao tern, necessariamente, esse efeito. Uma restricao ao comercio aumenta as exportacoes liquidas, para uma taxa de cambio dada e, assim, aumenta a demanda por Mares no mercado de cambio. Como resultado, o dOlar se aprecia, tomando os bens produzidos internamen- te mais caros em relacao bens estrangeiros. Essa apreciacdo contrabalanca o impacto inicial da res- tricao ao comercio sobre as exportacoes liquidas. • Quando os investidores mudam suas atitudes em relacao a posse de ativos de urn pais, os efeitos para a economia do pais podem ser profundos. Mais especificamente, a instabilidade politica pode induzir a fuga de capitals; que tende a aumentar as taxas de juros e provocar a depreciacao da moeda. CONCEITOS-CHAVE politica comercial, p. 708 fuga de capitais, p. 712 QUESTOES PARA REVISAO 1. Descreva a oferta e a demanda no mercado de fun- dos de emprestimos e no mercado de cambio de moeda estrangeira. Como esses mercados estho ligados urn ao outro? 2. Por que os deficits orcamentarios e os deficits comerciais sao as vezes chamados de deficits ge- meos? 3. Suponha que urn sindicato de trabalhadores na inch:Istria textil incentive as pessoas a comprar ape- nas roupas fabricadas nos Estados Unidos. Qual o irnpacto dessa politica sobre a balanca comercial e a taxa de cambio real? Qual o impact° sobre a industria textil? Qual o impact() sobre a inclustria automobilistica? 4. 0 que é fuga de capitais? Quando urn pais apre- senta fuga de capitais, qual o efeito desse event° sobre sua taxa de juros e sobre sua taxa de cambio? CAPITULO 32 TEORIA MACROECON6MICA DA ECONOMIA ABERTA 1719 12. Suponha que os fundos mlituos norte-americanos decidam subitamente investir mais no Canada. a. 0 que aconteceria corn o investimento externo liquido, a poupanca c o investimento intern° ca- nadenses? b. Qual o efeito de longo prazo sobre o estoque capital canadense? c. Como essa mudanca no estoque de capital afe- taria 0 mercado de trabalho canadense? Esse investimento norte-americano no Canada dei- xaria os trabalhadores canadenses em melhor ou em pior situacdo? d. Em sua opinido, isso deixaria os trabalhadores norte-americanos em melhor ou em pior situa- c5o? Voce conseg,ue imaginar alguma razdo pela qual o impact° sobre os ciciaddos dos Estados Unidos geralmente pode ser diferente do impac- to sobre os trabalhadores norte-americanos? 12 FLUTUAOES ECONC5MICAS NO CURTO PRAZO
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