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Guias e Dicas
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Livro Introdução à Economia, Manuais, Projetos, Pesquisas de Administração Empresarial

Introdução à Economia

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2017

Compartilhado em 29/07/2017

joao-divino-10
joao-divino-10 🇧🇷

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Baixe Livro Introdução à Economia e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Administração Empresarial, somente na Docsity! INTRODUÇÃO À ECONOMIA 2012 2ª edição Carlos Magno Mendes Cícero Antônio de Oliveira Tredezini Fernando Tadeu de Miranda Borges Mayra Batista Bitencourt Fagundes Ministério da Educação – MEC Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Diretoria de Educação a Distância – DED Universidade Aberta do Brasil – UAB Programa Nacional de Formação em Administração Pública – PNAP Bacharelado em Administração Pública Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:591 I61 Introdução à economia / Carlos Magno Mendes ...[et al.]. – Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2012. 170p. : il. Inclui bibliografia Bacharelado em Administração Pública ISBN: 978-85-61608-72-9 1. Economia - Estudo e ensino. 2. História econômica. 3. Política monetária. 4. Comércio internacional. 5. Desenvolvimento econômico. 6. Educação a distância. I. Mendes, Carlos Magno. II. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Brasil). III. Universidade Aberta do Brasil. IV. Título. CDU: 330 Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 © 2012. Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Todos os direitos reservados. A responsabilidade pelo conteúdo e imagens desta obra é do(s) respectivos autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFSC. O leitor se compromete a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/ou profissionais poderá ser feita com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1º ao 3º, sem prejuízo das sanções cíveis cabíveis à espécie. 1ª edição – 2009 Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:592 SUMÁRIO Apresentação.................................................................................................... 9 Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia O Significado de Economia................................................................................ 15 Explicação sobre o Sentido de Escassez na Economia.................................. 17 Tomada de Decisões............................................................................. 18 Funcionamento das Economias............................................................... 20 Bens e Serviços......................................................................................... 21 Agentes Econômicos............................................................................ 24 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico O Pensamento Econômico em Diferentes Épocas e Escolas.................................. 31 Ecomonia Medieval ou Economia da Idade Média........................................ 31 Mercantilismo..................................................................................... 32 Escola Fisiocrata...................................................................................... 33 Escola Clássica.................................................................................. 36 Escola Marxista......................................................................................... 41 Escola Neoclássica............................................................................ 43 Escola Keynesiana............................................................................ 42 Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:595 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica O Objetivo da Análise Econômica................................................................... 55 Evolução dos Sistemas Econômicos............................................................... 59 Funcionamento de uma Economia de Mercado............................................. 63 Mercado................................................................................................... 66 Estrutura de Mercado.................................................................................... 77 Unidade 4 – Introdução à Teoria Monetária Introdução à Teoria Monetária............................................................................. 97 Princípios de Teoria Monetária.................................................................. 97 Tipos de Moeda...................................................................................... 99 Política Monetária......................................................................................... 109 Demanda de Moeda...................................................................................... 100 Oferta de Moeda.................................................................................... 102 Funções do Banco Central............................................................................ 104 Instrumentos de Política Monetária................................................................. 106 Unidade 5 – Noções de Comércio Internacional Noções de Comércio Internacional....................................................................... 115 Os Determinantes do Comércio Internacional................................................ 115 Taxa de Câmbio...................................................................................... 119 Balanço de Pagamentos................................................................................. 121 O Papel da Organização Mundial do Comércio (OMC)................................ 123 Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:596 Unidade 6 – Desenvolvimento Econômico e Funções do Setor Público Desenvolvimento Econômico: Tópicos Introdutórios.................................. 129 Guerra Fria...................................................................................... 132 A Economia Brasileira e o Desenvolvimento Econômico............................... 132 Fontes de Financiamento................................................................................ 133 Fontes de Crescimento.................................................................................... 137 Funções do Setor Público....................................................................... 139 Intervenção Governamental...................................................................... 139 O Setor Público nas Correntes do Pensamento Econômico........................... 142 Por Que Regular?................................................................................ 146 O que é Política Fiscal?................................................................................ 150 Déficit e Superávit.................................................................................... 151 Opções de Política Fiscal............................................................................... 152 Financiamento........................................................................................... 155 Política Fiscal e Taxa de Juros....................................................................... 156 Tributação........................................................................................... 156 Qualidade de Vida X Distribuição de Renda................................................ 158 Referências.................................................................................................... 163 Minicurrículo.................................................................................................... 169 Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:597 10 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Todos (você e nós) temos muita pressa e, na maioria das vezes, sequer conseguimos avaliar o real motivo disso tudo, porém, um fato parece comprovar esta nossa concepção: ninguém no mundo quer “perder” tempo. Há uma racionalidade instalada pela técnica que domina nossos movimentos e sentidos, como relógio invisível tendendo a nos governar de forma direta e indireta, tal qual a batida de um coração. Neste sentido contamos com a tecnologia da informação para auxil iar na velocidade da comunicação instantânea e regular o nosso mundo econômico, político, social e administrativo o tempo todo. Há uma nova forma de trabalho em curso que ocupa tecnologia avançada e que pode ser realizada sem tempo fixado e lugar estabelecido, levando ao aumento da produtividade em rede. Veja, por exemplo, os cursos de educação a distância. A ampliação do desenvolvimento tecnológico está aí, e como favorável ao seu crescimento, não acreditamos ser a tecnologia a responsável pelo aumento do desemprego na economia. Uma das explicações para o desemprego pode ser a de que, no sistema econômico em que vivemos – devido à capacidade ilimitada do desenvolvimento tecnológico e à limitada capacidade aquisitiva, em algum momento –, certa tendência ao decréscimo da taxa de lucro pode vir a colocar o sistema em risco. Procurando entender o caráter contraditório dessa lógica, muitos estudiosos, dentro do seu tempo, examinaram o funcionamento da Economia. Lembramos a você que é na forma de apropriação do que é produzido, redistribuindo-o de maneira igualitária e transparente, que poderemos superar as desigualdades e romper, de uma vez por todas, com as barreiras que vêm dificultando o acesso dos excluídos do jogo econômico. Trata-se de ruptura difícil, pois os interesses são muitos e as oportunidades não são iguais para todas as pessoas. Mas será que esse processo, esse movimento social e histórico da Economia, que é sentido por todos nós na carne e no bolso, é compreendido? O que você ouve nos telejornais, nos bate- papos com amigos, ou lê em revistas e jornais sobre os aspectos econômicos da realidade brasileira e mundial, como é entendido por você? Pois, a Economia abarca diferentes áreas do Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5910 11 Módulo 1 Apresentação conhecimento, como, por exemplo, Administração, Ciências Contábeis, Geografia, História, Direito, Estatística, Matemática, Engenharias, Meio Ambiente, Sociologia, Filosofia, Política, Turismo, Educação, Urbanismo, entre outras. Você sabia disso? Como podemos observar, a Economia precisa trabalhar interdisciplinarmente para poder enfrentar os desafios postos às análises econômicas, que requerem diagnósticos precisos. Logo, todos nós contribuímos na construção do conhecimento da Economia, com nossos valores culturais. É preciso que você traga consigo uma ideia do quanto a nossa participação na feitura e construção do mundo tem importância. Aliás, cabe relembrar que todos somos produtores e consumidores de conhecimentos. Observamos que as diversidades precisam ser respeitadas e que não temos a verdade, apenas a procuramos intensamente, num mundo de muitos tempos dentro de um tempo. A Economia está nos mais diversos lugares e espaços, sendo uma ciência que envolve, como já dissemos, muitos juízos de valor. Para saber um pouco mais a respeito dessa área de conhecimento, convidamos você a nos acompanhar e elaborar conosco os conhecimentos necessários à formação do administrador público. O objetivo central dessa disciplina é despertar seu interesse pelo estudo da Economia e ampliar seus conhecimentos com os principais conceitos, pressupostos e teorias que compõem a ciência econômica. Esperamos que este livro o auxilie na aplicação dos conhecimentos apreendidos junto aos problemas locais, estaduais e nacionais e também na construção de uma nova percepção do domínio do conhecimento, tendo em vista o maior entendimento do presente, a partir do passado, com vistas à prospecção de um futuro melhor e menos desigual, tendo compreensão dinâmica da totalidade. Por meio de uma linguagem acessível, procuramos mesclar nossa visão teórica com exemplos do dia a dia. Esses conceitos, concepções e teorias serão apresentados ao longo do livro nas seis Unidades que o integram: Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia; Unidade 2 – Evolução do pensamento econômico; Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5911 12 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Unidade 3 – Mensuração da atividade econômica; Unidade 4 – Introdução à teoria monetária; Unidade 5 – Noções de comércio internacional; e Unidade 6 – Desenvolvimento econômico e funções do setor público. Esperamos que os estudos desses temas auxiliem você na aplicação dos conhecimentos apreendidos. Para você, futuro bacharel em Administração Pública, um bom curso de Introdução à Economia! Professores Carlos Magno Mendes, Cícero Antônio de Oliveira Tredezini, Fernando Tadeu de Miranda Borges e Mayra Batista Bitencourt Fagundes Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5912 15 Módulo 1 Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia O SIGNIFICADO DE ECONOMIA Caro estudante! Nesta primeira Unidade do livro de Introdução à Economia, faremos uma abordagem de alguns conceitos que consideramos básicos no estudo da Economia, além de apresentarmos temas variados sobre o funcionamento do sistema econômico que, devido à escassez, precisa tomar decisões corretas sob pena de todos perdermos. Atualmente, com a velocidade das transformações e a redução das distâncias, o mundo ficou mais próximo, e com isso os problemas afligem a todos com maior rapidez. Nos dias de hoje, quando andamos pela cidade, percebemos grande movimento no comércio. Centenas de pessoas enchem as lojas, despertando contentamento enorme nos vendedores. Os compradores também demonstram parecer contentes, pois as lojas oferecem uma infinidade de produtos, desde roupas de todos os tipos até equipamentos eletrônicos mais sofisticados, de modo a satisfazer a todos os gostos. Veja que essa variedade de bens satisfaz a vontade do consumidor desde o mais exigente e mais rico até o menos exigente e com menor poder de compra. O importante é que muitos produtos milhares de pessoas podem comprar todos os dias. Essa cena pode ser vista em qualquer cidade do Brasil e do mundo. A disciplina Introdução à Economia, que estamos iniciando, se interessa, em grande medida, por essas coisas ditas comuns. Então mãos à obra! Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5915 16 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia No Século XIX, Alfred Marshall disse que a Economia procura estudar os negócios comuns da vida da humanidade. Por negócios comuns, podemos entender as cenas comuns da vida econômica. Mas, o que vem a ser a Economia? Como funciona nosso sistema econômico? Quando e por que o sistema econômico entra em crise, ocasionando mudanças de comportamento das pessoas e empresas? Você saberia responder? Etimologicamente, a palavra “economia” vem dos termos gregos oikós (casa) e nomos (norma, lei). Pode ser compreendida como “administração da casa”, pois, administrar uma casa é algo bastante comum na vida das pessoas. Portanto, é interessante essa aproximação do mundo da casa com o mundo da economia. Em outras palavras, podemos dizer que a Economia estuda a maneira como se administram os recursos disponíveis com o objetivo de produzir bens e serviços, e como distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade. Agora é sua vez. Faça uma reflexão a partir de: como você e sua família tomam decisões no dia a dia? Que tarefas cada membro deve desempenhar e o que cada um vai receber em troca? Quem vai preparar o almoço e o jantar? Quem vai lavar e passar? Que aparelho de televisão vai ser comprado? Que carro vai ser adquirido? Onde passar as férias de final de ano? Quem vai? Onde vai ficar? Alfred Marshall (1842-1924) Considerado um pensador da economia com contribui- ções às teorias da demanda e da utilidade. Matemático, se dedicou aos estudos eco- nômicos e lecionou Economia na Univer- sidade de Cambridge. Seu livro Princípios de Economia Política, lançado no final do Século XIX, influenciou o desenvolvimento de novas pesquisas e deixou marcas nos ensinamentos da Economia Neoclássica no Século XX. Fonte: Hunt (2005). Saiba mais Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5916 17 Módulo 1 Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia Segundo, Nicholas Gregory Mankiw (2005, p. 3), “[...] cada família precisa alocar seus recursos escassos a seus diversos membros, levando em consideração as habil idades, esforços e desejos de cada um”. Cabe observar que, além das habilidades, os recursos produtivos ou fatores de produção, são elementos também utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de bens (mercadorias) e utilizados para satisfazer às necessidades humanas. O que você entende por necessidade humana? Isso mesmo! A necessidade humana envolve a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo de satisfazê-la. Acreditamos que todas as pessoas sentem necessidade de adquirir alguma coisa, sentem desejo tanto por alimentos, água e ar, quanto por bens de consumo como comprar sapatos, sabonete, televisão, computador, geladeira etc. Da mesma forma que uma família precisa satisfazer suas necessidades uma sociedade também precisa fazer o mesmo. Aliás, precisa definir o que produzir, para quem produzir, quando produzir e quanto produzir. Em linhas gerais, a sociedade precisa gerenciar bem seus recursos, principalmente se considerarmos que estes, de maneira geral, são escassos. EXPLICAÇÃO SOBRE O SENTIDO DE ESCASSEZ NA ECONOMIA Assim como uma família não pode ter todos os bens que deseja, ou seja, dar aos seus membros todos os produtos e serviços Nicholas Gregory Mankiw Um dos maiores economistas dos EUA e professor da Universidade Harvard. Saiba mais Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5917 20 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia FUNCIONAMENTO DAS ECONOMIAS A questão básica que norteia o processo econômico implica em como as pessoas interagem, ou seja, como as economias funcionam. Logo, a partir desse princípio, podemos compreender que o comércio pode ser bom para todos os agentes, os mercados são geralmente bons organizadores da atividade econômica, os mercados às vezes falham e, por isso, os governos podem melhorar os resultados do mercado, através de uma eficiente administração pública. Portanto, o desenvolvimento econômico e a expansão das atividades econômicas de um país são pontos fundamentais para entender como funciona sua economia. O padrão de vida das pessoas depende da sua capacidade de produzir bens e serviços. Na realidade, a ideia de que há ganhos com o comércio foi introduzida na Economia de forma mais bem elaborada em 1776, por Adam Smith. Isto aumenta a produtividade do sistema e consequentimente a quantidade de bens e serviços à disposição das pessoas. Dessa forma, temos mais comércio, mais desenvolvimento dos lugares e das pessoas. Você concorda? Em economias central izadas, são os planejadores que estabelecem quanto vai ser produzido e o que vai ser consumido. Dessa forma, apenas o governo, através do órgão de planejamento, pode organizar a at ividade Adam Smith Nasceu em Junho de 1723, faleceu em 1790, com 67 anos de idade. Considera- do um grande f i lósofo e economista – o maior dos clássicos e o pai da Ciên- cia Econômica. Em 1776 publico o livro A Teoria dos Sentimentos Morais, um dos mais influentes livros de teoria moral e econômica do mundo. Fonte: <http:// www.pensador.info/autor/Adam_Smith/ biografia/>. Acesso em: 30 jun. 2009. Saiba mais Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5920 21 Módulo 1 Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia econômica de maneira a oferecer e atender a todas as demandas eventualmente estabelecidas pela população. Veja que em economias de mercado essa função de estabelecer o quanto e como produzir é atribuição do mercado, ou seja, as decisões do planejador central são substituídas pelas decisões de milhares de pessoas e empresas. Diante disso, o mercado é considerado, na maioria das vezes, a melhor forma para destinar os recursos escassos. Porém, às vezes, ele falha nesse processo de destinar de maneira eficiente os recursos e fazer a distribuição equitativa de seu produto, e, quando isso acontece, o governo precisa intervir na economia. Atenção! Quando os mercados não estão alcançando a eficiência econômica e a equidade na distribuição de renda, a intervenção do governo deve ocorrer. Podemos dizer que a questão da capacidade de produzir bens e serviços está relacionada ao nível de produtividade do país. Para Romer (2002), o que explica as grandes diferenças de padrão de vida entre os países ao longo do tempo é a diferença de produtividade entre eles. Logo, onde a produtividade das pessoas é maior, ou seja, produzem mais bens e serviços em menos tempo, o padrão de vida é maior. BENS E SERVIÇOS De um modo geral, o objetivo de toda e qualquer indústria é produzir bens e serviços para vendê-los e obter lucros. Mas o que você entende por bens? E por serviços? Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5921 22 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Podemos dizer, de forma global, que bem é tudo aquilo que permite satisfazer às necessidades humanas. Os bens podem ser:  Bens livres: aqueles cuja a quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço na natureza. Por exemplo: a luz solar, o ar, o mar. Esses bens não possuem preços.  Bens econômicos: são relativamente escassos, têm valor no mercado, e supõem a ocorrência de esforço humano para obtê-lo. Por exemplo: um carro, um computador etc. Os bens econômicos são classificados em dois grupos:  Bens materiais: como o próprio nome já diz são todos aqueles de natureza material, que podem ser estocados e são tangíveis, tais como roupas, alimentos, livros, televisão etc.  Bens imateriais ou serviços: consideramos aqui tudo que é intangível. Por exemplo, serviço de um médico, consultoria de um economista ou serviço de um advogado, que acabam no mesmo momento de produção e não podem ser estocados. Os bens materiais classificam-se em:  Bens de consumo: são aqueles usados diretamente para a satisfação das necessidades humanas. Estes bens podem ser:  de consumo durável, tais como: carros, móveis, eletrodomésticos; e Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5922 25 Módulo 1 Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia Portanto, tanto as empresas quanto as famílias e os governos se interagem o tempo todo, dando o toque econômico, de onde resultam as mais diversas explicações. Chegamos ao final da Unidade 1, na qual você conheceu ou relembrou alguns conceitos da Economia, como o da ciência da escassez. O entendimento destes conceitos é imprescindível para que você prossiga de forma proveitosa o seu curso. Caso tenha ficado com dúvidas em algo que lhe foi apresentado, volte e releia e, se necessário, faça contato com seu tutor para esclarecer. Complementando...... Para saber mais sobre os Conceitos de Economia, leia a obra de:  BRUE, Stanley L. Histórias do pensamento econômico. 1. ed. 2004. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5925 26 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Resumindo O estudo desta Unidade nos permitiu a compreensão de nosso sistema econômico e o sentido de nossa economia como “administração da casa”. Além disso, os princípios que norteiam as decisões e os agentes econômicos encarrega- dos do funcionamento da organização econômica foram ob- jeto de reflexão e aprendizagem. Como você sabe, cada disciplina tem seu campo de estudo, tem sua linguagem e sua maneira de organizar o pensamento. A Economia também possui a sua, portanto, falaremos, nas Unidades subsequentes, de escolas econô- micas, produção e renda, oferta e demanda, elasticidade, moeda, comércio internacional, taxa de câmbio, gastos do governo, tributos etc. Nosso principal objetivo é oferecer a você alguns elementos para ajudá-lo a compreender me- lhor o mundo que o cerca. Nesta primeira Unidade, buscamos desenvolver os conceitos que consideramos fundamentais para que você compreenda o estudo da Economia ao longo do curso e de sua formação acadêmica. Não pare por aqui, busque novas referencias, pesquise os assuntos apresentados. Você deve construir seu conheci- mento. Bons estudos! Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5926 27 Módulo 1 Unidade 1 – Conceitos Fundamentais da Economia Atividades de aprendizagem Vamos verificar como foi seu entendimento até aqui? Uma forma simples de verificar isso é você realizar as atividades propostas a seguir. 1. Liste e explique sucintamente os quatro princípios da tomada de decisão. Depois, observe as situações de seu cotidiano e veja se são aplicados a elas os quatro princípios. Qual a importância disto tudo para um administrador público? 2. Explique como você entende o ditado dos economistas que diz que “não existe almoço grátis”. Como fazer para que a adminis- tração pública aplique os seus recursos evitando desperdícios? Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5927 30 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5930 31 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico O PENSAMENTO ECONÔMICO EM DIFERENTES ÉPOCAS E ESCOLAS Estamos iniciando uma nova Unidade em que você vai acompanhar a evolução histórica da Economia. Para tanto, estudaremos as contribuições das principais correntes do pensamento econômico, tendo como ponto de partida os mercantilistas e, depois, as escolas Clássica, Marxista, Neoclássica e Keynesiana. Num primeiro momento vamos relembrar, bem resumidamente, alguns fatos históricos que você já conhece no intuito de familiariza-la com a relação entre economia e história, o que auxilia na compreensão do desenvolvimento estrutural da sociedade como um todo. Leia com atenção e realize as atividades que estão indicadas no final da Unidade pois esta proposta tem um só objetivo: ajudar você no processo de construção do conhecimento e no desenvolvimento de habilidades que caracterizarão seu novo perfil profissional ao final deste curso. Bem-vindo à história da dinâmica econômica! ECONOMIA MEDIEVAL OU ECONOMIA DA IDADE MÉDIA A Idade Média (500 a 1000 d.C) abriu uma nova era para a humanidade. Uma outra concepção de vida deu a largada com o cristianismo, que floresceu com a queda do Império Romano. Seus ensinamentos, a partir da legalização por um decreto do ano 311, Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5931 32 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia assinado pelo Imperador Constantino, passaram a ser disseminados por toda a Europa. Foi nessa época, segundo Gastaldi (1999), que as igrejas e os mosteiros tornaram-se poderosos. A igreja tornou-se o maior agente de perpetuação da cultura de disseminação do saber e de desenvolvimento administrativo. Como o pensamento cristão condenava a acumulação de capital (riqueza) e a exploração do trabalho, a opção da igreja, então, foi pelo retorno à atividade rural. Diante dessa situação o que de fato aconteceu foi que a igreja, através de seus conventos e mosteiros, acabou tornando-se proprietária de grandes áreas de terra. A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nasceu, assim, o regime feudal, caracterizado por propriedades nas quais os senhores e os trabalhadores viveram do produto da terra ou do solo. Neste período embora fosse o rei quem dirigia o Estado, ele não possuía influência ou poder de decisão nos feudos, onde a autoridade máxima era a do senhor da gleba (os proprietários ou arrendatários) e onde labutavam* os servos (os trabalhadores). MERCANTILISMO Com a propagação do Novo Mundo (inclusive o Brasil nas Américas), com o crescimento e o desenvolvimento das cidades, as fisionomias social, política e econômica tão profundamente moldadas na Idade Medieval, sofrerem profundas transformações. Novos conceitos surgiram no campo do comércio e da produção. Na mesma proporção em que se enfraquecia o pensamento religioso, operava-se uma forte centralização política, ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias absolutas, germes do capitalismo. A prática mercantilista predominou até o início do século XVII, dando como base fundamental ao comércio o aumento das *Labutavam – ato de fa- zer, trabalho árduo, pe- noso. Lida canseira. Fonte: Houaiss (2001). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5932 35 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico  comércio baseado no regime do exclusivo comercial (metrópole e colônia); e  monopólio do Estado na regulamentação das atividades comerciais. Você esta conseguindo acompanhar nosso pensamento? Vamos adiante, então? Mas, em caso de dúvida não hesite em consultar seu tutor. Os fisiocratas concedem à ordem da natureza uma economia inteiramente de mercado (capitalista), na qual cada um trabalha para os demais, ainda que acredite que trabalhe apenas para si mesmo. Os fisiocratas acreditavam que as economias obedeciam a leis naturais. O Quadro Econômico proposto por Quesnay influenciou os estudos macroeconômicos e quantitativos na ciência econômica. É importante destacarmos ainda a elevada menção que os fisiocratas atribuíam à ordem natural decorrente da estrutura econômica francesa por volta de meados do Século XVIII. Tratava- se de uma economia predominantemente agrícola, sendo a terra propriedade de caráter eminentemente senhorial. O capitalismo já se desenhava na agricultura, e existia uma classe bem definida de arrendatários (pessoas que arrendavam as terras dos senhores para trabalhar). Também existiam muitos camponeses (pequenos agricultores) em boa parte do país. Do confronto entre a agricultura capitalista e a camponesa, obtivemos a superioridade da agricultura capitalista em termos da capacidade produtiva. Naturalmente, isso levava à crença de que Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5935 36 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia agricultura baseada na produção capitalista (e não mais no fundamento do feudalismo), baseada na capacidade empresarial dos arrendatários burgueses (lembre-se disso!), constituía a mais avançada e a mais desejável das formas de produção. O único trabalho produtivo dos fisiocratas é o trabalho agrícola. E está na terra o poder de dar origem a um produto líquido que se liga, fundamentalmente, à renda fundiária. Talvez, nesse ponto, resida grande limitação teórica dos fisiocratas, na medida em que consideravam apenas produtivo o trabalho agrícola. Como observamos, para os fisiocratas, a sociedade é governada por leis naturais semelhantes às que existem na natureza. Portanto, o Estado, não deve intervir nesta ordem natural. Com isso, conforme dito antes, criticavam o intervencionismo estatal do mercantilismo e defendiam a posição liberal do Estado, com frases que ficaram na história: laissez- faire e laissez-passer (deixai fazer e deixai passar). A seguir, as principais escolas do pensamento econômico: clássica, marxista, neoclássica e keynesiana. ESCOLA CLÁSSICA A Escola Clássica refere-se a uma linha de pensamento econômico com base em Adam Smith e David Ricardo. Foi com esta escola que a Economia adquiriu caráter científico integral à medida que passou a centralizar a abordagem David Ricardo (1772-1823) Economista inglês, consi- derado um dos mais im- portantes pensadores da Escola Clássica. Em opo- sição ao mercanti l ismo, formulou um sistema de livre comér- cio e produção de bens que permitiria a cada país se especial izar na fabri- cação dos produtos nos quais tivesse vantagem comparativa, também cha- mado de sistema de custos comparati- vos. No ano de 1817 publicou sua obra mais conhecida: Princípios de Economia política e Tributação . Fonte: <http:// w w w. b r a s i l e s c o l a . c o m / b i o g r a f i a / david-ricardo.htm>. Acesso em: 30 jun. 2009. Saiba mais Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 15:5936 37 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico teórica do valor, cuja única fonte original era identificada no trabalho em geral. Para Paul Singer (1985, p. VII), David Ricardo foi, ao lado de Adam Smith, o principal representante da Escola Clássica de Economia Política. [...] Quase não há problema teórico atualmente debatido pelos economistas, como o da teoria do valor, da reparti- ção da renda, do comércio internacional, do sistema mo- netário, que não tenha como ponto de partida as formula- ções expostas, no começo do século passado, por David Ricardo. Além da Teoria do Valor-Trabalho, a Escola Clássica baseou- se nos preceitos filosóficos do liberalismo e do individualismo, e firmou os princípios da livre-concorrência, que exerceram decisiva influência no pensamento revolucionário burguês. Como podemos observar, a Escola Clássica foi uma escola que caracterizou a produção, deixando a procura e o consumo para o segundo plano. Segundo Smith, o objeto da economia é estender bens e riqueza a uma nação. E, nesse sentido, entende Smith (1981) que a riqueza somente pode ser conseguida mediante a posse do valor de troca. Valor de troca, ele é a capacidade de obter riquezas, ou seja, é a faculdade que a posse de determinado objeto oferece de comprar com ele outras mercadorias. Smith também refutou as ideias mercantilistas argumentando que a riqueza é constituída pelos valores de troca, e não pela moeda, na medida em que esta é apenas um meio que permite a circulação de bens. Portanto, para Smith (1981), a verdadeira fonte de riqueza de um país somente pode ser alcançada mediante o trabalho, e essa fonte somente pode ser elevada com:  o aumento da produtividade;  a extensão de sua especialização; e Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0037 40 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia O fundamento no pensamento smithiano é o fato de haver indicado quase todos os problemas que viriam a ser objetos de reflexão científica subsequente. De Smith, partiram todas as demais linhas de pesquisa que serão tratadas por outros economistas, como Marx Keynes. Adam Smith teve muitos seguidores, dos quais destacamos os seguintes: John Stuart Mill e Jean Baptiste Say. Cabe ressaltar que alguns economistas daquela época rejeitaram a lei formulada por Say e dentre eles podemos destacar: Malthus, Karl Marx e Keynes. Você já deve ter ouvido falar de Malthus, devido ao enfoque da teoria formulada sobre a falta de alimentos para atender ao grande crescimento da população e que, até os dias de hoje, conquista um batalhão de seguidores pelos quatro cantos do planeta. Mas quem foi Malthus? Qual o nome dado a esses novos seguidores da teoria de Malthus? Thomas Robert Malthus, estudioso pensador inglês do seu tempo, continua fazendo história ainda nos dias de hoje com a sua famosa tese sobre o crescimento da população. Na sociedade mundial contemporânea os seus seguidores f icaram conhecidos como neomalthusianos. Foi com a obra Ensaio sobre o princípio da população, publicada anonimamente em 1798, que Malthus tornou-se conhecido mundialmente. Das suas ideias, a mais famosa dizia que, enquanto a população tinha tendência John Stuart Mill (1806-1873) Economista inglês que trouxe ao público os ensinamentos da escola clássica. Seu livro intitulado Princípios de Econo- mia Polít ica foi publicado pela primeira vez em 1848 e teve desta- que como indicação de leitura até ser pu- blicado o l ivro de Alfred Marshall intitulado Princípios Econômicos, em 1890. Fonte: Brue (2006). Jean Baptiste Say (1767-1832) Economista francês que estu- dou a fundo a obra do funda- dor da Escola Clássica, Adam Smith. Say, como ficou conhe- cido, acreditava na liberdade do mercado e criou uma lei que acabou levando o seu nome e que dizia o seguin- te: a oferta cria sua própria demanda, ou em outras palavras, a própria produção estimula o crescimento da produção. Fon- te: Hunt (2005). Thomas Robert Malthus (1766-1834) É daqueles personagens que quase todas as pesso- as sabem alguma coisa. Contudo, é importante fri- sar que Malthus formou-se em Matemática, e ressaltar que a sua mais importante obra foi publicada de forma anônima. Para a Demografia o tra- balho de Malthus tem um destaque es- pecial. Fonte: Szmrecsánye (1982.) Saiba mais Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0040 41 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico a crescer de forma geométrica, os alimentos cresciam de forma aritmética. Embora atraente, é óbvio que, nos dias de hoje, temos certa dificuldade em pensar assim, devido às transformações tecnológicas ocorridas na agricultura e ao sucesso dos métodos de controle de natalidade. Tanto Malthus quanto Ricardo tiveram grande influência de Adam Smith. Na realidade, o inglês Ricardo adquiriu fortuna, desde muito jovem, operando na Bolsa de Valores. Divergiu dos estudos sobre população, de Malthus, por não acreditar que a demanda efetiva seria incapaz de se realizar no mercado. De Ricardo, herdamos o importante estudo sobre a renda da terra. Segundo os seus ensinamentos, a expansão agrícola, ao se dar em terras menos férteis, levava à valorização da terra mais fértil, e nas relações econômicas internacionais, à Teoria das Vantagens Comparativas. Ao estudar a produção, Ricardo dedicou-se a tentar entender a formação do valor a partir das horas trabalhadas e sua distribuição. Na concepção ricardiana, a troca das mercadorias estava diretamente ligada às quantidades de trabalho relativas que haviam sido utilizada para sua produção. Era a Teoria do Valor– Trabalho, que começava a ser explicada com certos detalhes e que Adam Smith não conseguira superar. A importância da contribuição de Ricardo para o entendimento da formação do valor na Economia só veio ser percebida a partir dos estudos de Karl Marx. ESCOLA MARXISTA O representante maior desta escola foi Karl Marx (1818- 1883). Nascido em Trier, no sul da Alemanha, teve a sua principal obra, O capital, publicada pela primeira vez em 1867. Ao mergulhar nos estudos dos clássicos, Marx avançou nas formulações, e realizou uma leitura das mais completas e ampliadas do processo capitalista. Marx trouxe interpretações consistentes sobre a Teoria do Valor– Karl Marx Fonte: <http:// tinyurl.com/nosduf> Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0041 42 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Trabalho e buscou compreender de forma profunda a realização do capital. As contribuições efetivas de Karl Marx sobre o sistema capitalista estão reunidas nos três volumes da obra O Capital. O volume I foi publicado em vida e os outros dois alguns anos após sua morte. Depois da propagação da teoria formulada por Marx, que ficou conhecida como Marxista, o mundo não foi mais o mesmo. Mesmo nos dias de hoje, com forte presença do neoliberalismo, as teorias elaboradas por Marx são respeitadas, as defesas das suas ideias continuam despertando interesse e sendo estudada. Foi no estudo do processo de acumulação capital ista que Marx observou a gênese das crises, ora de superprodução, ora de estagnação, bem como a distribuição da renda. Para ele, o valor da força de trabalho despendido para produzir uma mercadoria era determinado pelo tempo de trabalho empregado na produção da mercadoria. Logo podemos dizer que Marx refere-se a compreensão de um valor social. Marx publicou alguns livros em parceria com o amigo de vida Friedrich Engels, sendo o primeiro A sagrada família, de 1845. O livro Ideologia alemã, escrito por Marx e Engels por volta de 1845 a 1846, só veio a ser publicado em 1932, e é considerado um dos trabalhos mais significativos para a compreensão do materialismo histórico. Outro fator que precisamos destacar é que Karl Marx elaborou uma crítica científica do capitalismo, e este é um dos motivos pelos quais sua obra continua tendo grande repercussão, tornando-se um autor obrigatório a ser lido ainda hoje. Segundo Friedrich Engels (1820-1895) Filósofo alemão, que colabo- rou com Karl Marx em muitos trabalhos, fundando juntos o chamado socialismo científico ou marxismo. Francis Wheen abriu o l ivro de sua autoria, intitulado Karl Marx, com as se- guintes palavras: “Havia apenas onze pessoas presentes no funeral de Karl Marx, em 17 de março de 1883. ‘Seu nome e sua obra permane- cerão por séculos afora’, predisse Friedrich Engels, numa oração fúnebre no cemitério de Highgate. Parecia uma presunção improvável, mas ele tinha razão.” Fonte: Wheen (2001). Saiba mais v De acordo com a concepção do materialismo histórico, a transformação social está ligada ao desenvolvimento da forças produtivas. O livro Manifesto do Partido Comunista, de Marx, em co-autoria com Engels, foi publicado em 1848 e inaugurou a Modernidade. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0042 45 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico pensamento keynesiano vigorou até f inal dos anos 80, principalmente no que diz respeito ao Estado interventor. Ou seja, a forte intervenção do Estado na economia brasileira, entre as décadas de 50 e 80, foi realizada com base teórica fundamentada no pensamento de Keynes. A análise keynesiana veio opor-se aos postulados das economias Clássica e Neoclássica, que tinham na Lei de Say* a sua pedra angular. Os pensadores que mais contribuíram para a concepção e divulgação dessa Lei, passada como um dos princípios inquestionáveis da Economia Polí t ica Clássica, foram os economistas Jean Say, David Ricardo e Stuart Mill. Introdutoriamente, a Lei de Say estabeleceu que toda produção encontra uma demanda, ou seja, que toda a renda (lucros, juros, salários) é inteiramente gasta na compra de mercadorias e serviços, e, portanto, não pode haver um excesso de produção ou renda em relação à demanda ou às despesas efetivamente realizadas. Observando a Lei de Say, muitos economistas deduziram que o seu princípio é válido para uma economia de produtores simples, de troca, de escambo, na qual cada família seria proprietária de seus meios de produção e trocaria apenas o excedente de bens que ela mesma produz, mas não consome. Diante do exposto você sabe destacar qual a atribuição que cabe ao dinheiro? Exatamente nesta Lei, o dinheiro é visto apenas como um meio de troca, sendo gasto imediatamente. Para Say, ninguém teria interesse em conservá-lo (atribuindo-lhe reserva de valor). Para Ricardo, o fato de ninguém querer conservá-lo se deve ao fato de o dinheiro servir apenas para aquisição de bens de consumo ou bens de produção, para a criação de bens de consumo no futuro. Assim podemos afirmar que dentro da filosofia de Say os produtores ou possuidores de dinheiro não tinham interesse em *Lei de Say – diz que a soma dos valores de tudo aquilo que é produ- zido é sempre equivalen- te à soma dos valores empregados como fato- res na produção. Fonte: Lacombe (2004). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0045 46 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia mantê-lo em suas mãos mais que o necessário e a demanda seria ilimitada. Mas você pode estar se perguntando: o que significa isso? Significa que sempre existirá uma demanda por um ou outro tipo de produto ou seja, ainda que ocorra excesso de produção, isso acontece apenas para certos tipos de mercadoria e em caráter temporário. Esse argumento de que a demanda é ilimitada é essencial para os clássicos e neoclássicos, pois assegura a inexistência de um excesso de produção em relação à demanda. Isso significa que tudo o que for produzido é, naturalmente, vendido. Todo o poder de compra da sociedade é sempre utilizado. Mas o que é poder de compra? É demanda. É procura. Diante do que vimos até aqui, fica entendido que toda a renda ganha é sempre gasta no processo produtivo, sinalizando a inexistência de entesouramento. Ou seja, na Lei de Say, inexiste entesouramento do dinheiro. Nenhum indivíduo, ao auferir uma renda, deixa de usá-la inteiramente. Uma parte dela é utilizada para o consumo pessoal, enquanto a outra parte é poupada. Cuidado: aqui, poupança, deve ser dito, não significa entesouramento para a Lei de Say. A poupança será sempre utilizada. Ou o indivíduo a emprega para acumular capital ou a empresta para outro, que deve imediatamente fazer uso dela. Assim podemos dizer que tudo que é ganho deve ser gasto. E se parte não é, outra pessoa o faz, recebendo o dinheiro por empréstimo. Considerando que o volume dos meios de produção e da força de trabalho é regulado pela produção, temos que a economia tende a operar com pleno emprego de recursos (ou plena capacidade de produção). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0046 47 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico Mas se ocorrer excesso de capacidade produtiva (seja de força de trabalho, seja de capital), o que fazer? Nesse caso, os recursos empregados se deslocariam para outro ramo da atividade no qual existisse demanda suficiente para absorver uma produção adicional, assegurando, desta forma, uma taxa de lucro compensatória. Os economistas adeptos da Lei de Say encaravam o desemprego como uma pequena anormalidade do sistema capitalista, que tinha a sua origem na intervenção estatal e na associação dos trabalhadores sindicais. Indicavam que também uma das causas do desemprego eram os altos salários pagos. Então, para corrigir o desemprego, os salários deveriam ser flexíveis. Baseados na Lei de Say, os gastos públicos não exerciam qualquer efeito positivo sobre a economia e, em especial, sobre o crescimento econômico. Acreditavam, que os gastos do Estado poderiam ser um obstáculo para o crescimento econômico, visto que transferiam fundos de acumulação para utilizá-los em atividades improdutivas. O pensamento de Keynes é a própria negação do pensamento clássico. Ao contrário de Ricardo e Say, Keynes entendeu que, para a sobrevivência do capitalismo, era necessária uma ação efetiva do Estado na regulação das crises do capital. Keynes pode ser considerado como o retrato do indivíduo liberal de seu tempo. Detinha um caráter profundamente individualista, mas percebia os problemas sociais de sua época. É considerado o mais célebre economista do Século XX, pioneiro da Macroeconomia. As obras de Keynes mostram que suas preocupações estavam sempre ligadas a questões práticas e políticas de conjuntura. Não parecia interessado em reconstruir a teoria econômica a partir da análise do valor, mas em verificar por que as teses marginalistas, nas quais fora educado, conduziam a políticas inconsistentes. Em 1930, escreveu Tratado sobre a moeda, e em 1936 a sua principal obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Foi esta Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0047 50 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Resumindo Ao finalizarmos esta Unidade podemos concluir que o neoliberalismo retornou de forma modificada, apoiado na teoria de Friedrich August Von Hayek – economista austría- co com contribuição na área monetária e sobre as relações econômicas e institucionais. O livro mais conhecido de Hayek, O Caminho da Servidão, teve sua primeira edição no ano de 1944. A influência do seu pensamento na economia mundial, principalmente nestes últimos anos, tem sido mai- or do que se esperava –, que ganhou o Prêmio Nobel de economia em 1974 e propôs uma menor participação do Es- tado na Economia. Diante deste cenário tivemos a onda de privatizações vividas mundialmente, o individualismo em curso e a cren- ça desenfreada das pessoas no mercado. Mas nos perguntamos o tempo: todo para onde estamos sendo conduzidos? Os novos estudos que, por sua vez, se encontram em processo de investigação podem, a qualquer momento, nos surpreender. Fiquemos atentos! Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0050 51 Módulo 1 Unidade 2 – Evolução do Pensamento Econômico Atividades de aprendizagem Neste tópico apresentamos a evolução histórica da economia. Se você realmente entendeu o conteúdo, não terá dificuldades de responder às questões a seguir. Se, eventualmente, ao responder, sentir dificuldades, volte, releia o material e procure discutir com seu tutor. 1. Faça um quadro síntese das principais escolas do pensamento eco- nômico. 2. Fale sobre a importância da Escola Fisiocrata para a economia. 3. Pesquise sobre o significado do pensamento keynesiano na atua- lidade. 4. Apresente as principais ideias da Escola Marxista. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0051 +] | Introducao Economia Grafica pm se 25/07/2012, 16:00 55 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica O OBJETIVO DA ANÁLISE ECONÔMICA Nesta Unidade você vai conhecer como funciona o sistema econômico, seus principais indicadores, como é feita a mensuração das atividades econômicas e, ainda, os aspectos fundamentais da Microeconomia e da Macroeconomia. É importante que, depois de ler esta Unidade, você entenda como funcionam o sistema econômico e uma economia de mercado centralizada. Assim, poderá distinguir as diferenças existentes entre as estruturas de mercado, entender a importância do conceito Produto Interno Bruto e, por fim, conhecer o Índice de Desenvolvimento Humano. Comumente nós falamos e pensamos em economia com frequência. A economia consiste em milhões de pessoas envolvidas em várias atividades como comprar, vender, trabalhar, contratar, fabricar, produzir, distribuir, alocar etc. Diariamente, milhões de pessoas participam de milhares de trocas em todos os lugares. Se ocorrem milhares de trocas, é sinal de que milhões de pessoas em algum lugar estão produzindo para milhões de pessoas. O objetivo da análise econômica é explicar o que faz com que a economia mundial e suas diversas partes funcionem do jeito que o fazem. Veja que, quanto mais aprendemos e analisamos a respeito das relações e do comportamento econômico moderno, maior capacidade temos de direcionar nossas energias para a produção de bens e serviços que venham a proporcionar maior nível de satisfação para toda a sociedade. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0055 56 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Segundo Thompson e Formby (1998), o desafio analítico da economia é enorme e complexo, tendo-se em vista o conjunto de relações e interações que a cada minuto são feitas pelo mundo: Considere que nos diversos países do mundo as pessoas estão tomando bilhões de decisões entre gastar seu dinhei- ro com as diferentes coisas de que necessitam e as que desejam. Em toda parte, empresas de todos os tipos e por- tes estão decidindo a respeito de quanto e quais bens e serviços produzir e que tecnologias e recursos utilizar para ofertá-los. Todos os tipos de agências governamentais e instituições sem fins lucrativos estão coletando impostos e solicitando doações para fornecer bens e serviços ao públi- co e a grupos especiais como os pobres, os idosos e os desempregados (THOMPSON, JR.; FORMBY, 1998, p. 1). É bom lembrarmos que o grande desafio da análise econômica é dar um sentido, uma lógica a todas essas decisões e, por conseguinte, propiciar o entendimento das consequências no conjunto da economia. A abordagem comumente utilizada pelos analistas para dar sentido a todo esse conjunto de comportamento econômico diário envolve alguns procedimentos como:  tentar descobrir por que os eventos econômicos ocorrem de uma determinada forma;  analisar fatos econômicos confiáveis para tentar estabelecer relações de causa e efeito mais ou menos plausíveis;  apresentar teorias econômicas formais; e  construir modelos econômicos*. Sendo assim, para melhor entendermos e analisarmos o mundo econômico contamos com economistas que buscam simplificar esse mundo real complexo através do uso de modelos. Os economistas empregam modelos (simplificação da realidade) para descrever as relações econômicas. Para isso ocorrer com *Modelo econômico – modelo que procura re- presentar a real idade econômica de forma simplificada, mediante equações matemáti- cas, estudando as rela- ções entre as variáveis mais significativas para a análise do fenômeno que está sendo pesquisado. Fonte: Lacombe (2004). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0056 57 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica seriedade, os estudiosos fazem uso do método científ ico, apresentando suas teorias e seus modelos. Os métodos representam exatamente um caminho que se deve percorrer quando se busca o conhecimento, embora ele, por si só, não garanta que se alcance a verdade. Logo, podemos dizer que o método serve para que o conhecimento seja alcançado já que o conhecimento requer esforço para ser alcançado. Enquanto você está lendo este livro, deve estar pensando: “afinal, o que é esse tal de sistema econômico? Como isso funciona?” Conforme chamam a atenção os professores Hall e Lieberman (2003), neste momento, aparentemente íntimo, você está acoplado ao mundo real por caminhos nunca antes imaginados. Por exemplo, para que você possa ler este material, primeiramente foi preciso que os autores escrevessem. Na sequência foi necessário sua motivação e empenho para lê-lo. Outro fator acoplado neste cenário diz respeito à equipe envolvida no processo, tais como o pessoal da adaptação de linguagem, o revisor de português, o diagramador, a comissão editorial, o pessoal da gráfica, da embalagem e a turma da distribuição. Observe que são diversas pessoas partipantes do processo de criação e distribuição deste livro. Além das pessoas envolvidas, tivemos também incorporado ao processo de produção deste material uma quantidade de papel e tinta, caixas, computadores, impressoras, transporte, combustível etc. Note que estamos falando de um conjunto de pessoas e materiais que estiveram envolvidos na produção do material que está agora em suas mãos, propiciando a você conhecer melhor como funciona o sistema econômico*. Nesse mesmo caminho, observe a cadeira ou banco no qual você está sentado, agora, observe o espaço físico que você se encontra. Veja que, apesar desse isolamento momentâneo em que você se encontra, ao estar folheando este material, você está v Sobre a questão do método na Ciência Econômica, leia os livros Métodos da Ciência Econômica, de Gentil Corazza, e Metodologia da Economia, de Mark Blaugb. *Sistema econômico – sistema de proprieda- de, de forma de decisão sobre a alocação dos recursos produtivos, de determinação de pre- ços, e demais mecanis- mos que caracterizam o sistema produtivo de uma sociedade e a dis- tribuição dos produtos pelos agentes econômi- cos. Fonte: Lacombe (2004). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0157 60 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Figura 1: Diagrama do fluxo circular Fonte: Elaborada pelos autores Podemos observar que o diagrama do fluxo circular evidencia visualmente as relações econômicas instituídas e facilita o entendimento no que diz respeito ao funcionamento da economia, utilizando as seguintes categorias: produtores (organizações), consumidores (famílias), governo e setor externo. Verificamos no diagrama do fluxo circular a existência de relações entre os diversos agentes que compõem o mercado interno e também a relação desse mercado com o setor externo. Com a presença de pessoas, empresas (grandes, médias, pequenas, formais e informais) e governos (municipal, estadual e federal), as relações estabelecidas dão sustentação ao mercado. Isto acontece em quase todos os lugares, e uma relação direta e indireta com o meio ambiente acaba sendo processada. Para pensarmos em produção de bens e serviços precisamos considerar como elemento básico da análise a questão ambiental. Diante do exposto, podemos dizer que a atual discussão sobre o tema meio ambiente e desenvolvimento econômico reflete a relação contrária que se manifesta, por um lado, diante do modelo de desenvolvimento adotado e os impactos provocados ao meio ambiente e, por outro lado, o que esses impactos ambientais podem provocar no modelo de desenvolvimento. vEm suas análises lembre-se sempre da análise do meio ambiente. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0160 61 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica Você sabia que, no sistema econômico, tudo pode e deve ser avaliado monetariamente, de modo que toda a produção de bens e serviços que uma economia produz pode ser transformada em valor, medido pelo dinheiro ou pela moeda? Mas como mensurar as atividades econômicas? Mensurar significa quantificar essas relações. Logo quando as atividades econômicas de um país são mensuradas, a sociedade passa a ter mais clareza do seu processo de desenvolvimento econômico. Acompanhe como se desenvolvem o Fluxo Real e o Fluxo Monetário da economia, i lustrados nas Figuras 2 e 3, respectivamente. Figura 2: Fluxo real da economia Fonte: Elaborada pelos autores Figura 3: Fluxo monetário da economia Fonte: Elaborada pelos autores Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0161 62 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia De acordo com as figuras, note que enquanto o Fluxo Real procura evidenciar as relações de demanda e oferta existentes no mercado de bens e serviços, o Fluxo Monetário deixa claro a relação de pagamentos efetuados no mercado de bens e serviços, e a remuneração dos fatores de produção. Assim podemos afirmar que o sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Independentemente do seu tipo, todo sistema econômico deve, de algum modo, desempenhar três funções básicas – básicas em Economia, determinando:  O que produzir e em que quantidade: precisamos definir entre as possibil idades, o que e qual a quantidade a ser produzida, de modo a satisfazer o mais adequadamente a sociedade.  Como produzir tais bens e serviços: devemos definir quem vai ser o responsável pela produção, qual a tecnologia a ser empregada, qual o t ipo de organização da produção etc.  Para quem produzir, ou seja, quem será o consumidor: devemos definir o público-alvo e as maneiras através das quais o produto deverá atingi-lo. Mas como as sociedades resolvem os seus problemas econômicos fundamentais: o que e quanto, como e para quem produzir? A resposta depende da forma de organização econômica. Cada relação entre esses agentes caracteriza um mercado em particular. No campo da Microeconomia*, podemos analisar o mercado de petróleo, de soja, de mão de obra para o setor financeiro etc., enquanto, no campo da Macroeconomia*, podemos destacar *Microeconomia – preo- cupa-se com a eficiên- cia na alocação dos fa- tores de produção, as quantidades de bens e serviços ofertadas e de- mandadas, os preços absolutos e relativos dos bens e serviços, e a otimização dos recursos orçamentários de cada um dos agentes econô- micos. Fonte: Lacombe (2004). *Macroeconomia – es- tudo do comportamen- to da economia como um todo, isto é, dos fe- nômenos econômicos abrangentes, como o nível de preços, a infla- ção, o desemprego, a polít ica monetária de um país etc. Fonte: Lacombe (2004). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0162 65 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica vA Revolução Industrialaconteceu na Inglaterra, na segunda metade do Século XVIII, e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo. Por pelo menos cem anos, do final do Século XVIII, com a Revolução Industrial, ao final do Século XIX, predominava um sistema de mercado muito próximo da concorrência pura. No Século XX, quando se tornou mais presente a força dos sindicatos e dos monopólios e oligopólios, associada a outros fatores, como aumento da especulação financeira e desenvolvimento do comércio internacional, a economia tornou-se mais complexa. Diante dessa realidade podemos afirmar que a atuação do governo justifica-se com o objetivo de eliminar as chamadas distorções alocativas ( isto é, na alocação de recursos) e distributivas, e promover a melhoria do padrão de vida da coletividade. Isso pode se dar das seguintes formas:  mercado sozinho não promove perfeita distribuição de renda, pois as empresas estão preocupadas em maximizar seu lucro, e não com questões distributivas;  atuação sobre a formação de preços, via impostos, subsídios, tabelamentos e fixação de salário mínimo;  fornecimento de serviços públicos; e  complemento da iniciativa privada etc. Temos ainda o sistema de economia centralizada, onde a forma de resolver os problemas econômicos fundamentais é decidida por uma Agência ou Órgão Central de Planejamento, e não pelo mercado. Os preços são determinados pelo governo, que, normalmente, subsidia fortemente os bens essenciais e taxa os bens considerados supérfluos. Com relação ao lucro, uma parte vai para o governo, outra parte é usada para investimentos nas empresas, dentro das metas estabelecidas pelo próprio governo, e a terceira parte é dividida entre os administradores e os trabalhadores, como prêmio pela eficiência. Se o governo considera que determinada indústria é vital para o país, esse setor será subsidiado, mesmo que apresente ineficiência na produção ou nos prejuízos. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0165 66 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia MERCADO Todos os dias, você ouve ou lê algo que trata do mercado. Basta abrir os jornais, assistir à televisão ou visitar as ruas de sua cidade. Portanto, não é nada tão distante do seu dia a dia, pelo contrário, é algo que faz parte do seu cotidiano, de sua vida. Pindyck e Rubinfeld (2006) dividem as unidades econômicas em dois grandes grupos, de acordo com sua função: o de compradores e o de vendedores. Os compradores abrangem os consumidores, aqueles que adquirem bens e serviços, e as empresas que adquirem mão de obra, capital e matérias-primas que utilizam para produzir bens e serviços. Já no que se refere os vendedores, podemos listar as empresas que vendem bens e serviços, além dos trabalhadores que vendem seus serviços e os proprietários de recursos que arrendam terras e comercializam recursos minerais. Mas qual relação destes termos com o termo mercado? A relação é direta, uma vez que o mercado consiste num grupo de compradores (lado da procura) e um de vendedores (lado da oferta) de bens, serviços ou recursos, que estabelecem contato e realizam transações entre si. Ou seja, a interação de compradores e vendedores dá origem aos mercados. O lado dos compradores é consti tuído tanto de consumidores, que são compradores de bens e serviços, quanto de empresas, que são compradoras de recursos (trabalho, terra, capital e capacidade empresarial) utilizados na produção de bens e serviços; enquanto o lado dos vendedores é constituído pelas empresas, que vendem bens e serviços aos consumidores, e pelos proprietários de recursos (trabalho, terra, capital e capacidade empresarial), que os vendem (ou arrendam) para as empresas em troca de remuneração (salários, aluguéis e lucros). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0166 67 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica Nas economias modernas, a maioria das decisões sobre o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir são tomadas nos mercados. Logo, para determinarmos os compradores e vendedores que estão participando do mercado, devemos incorporar a ideia do que seja a extensão do mercado. Por extensão de mercado, devemos entender os seus limites, tanto geográficos quanto em termos da variedade de produtos que nele são oferecidos. Porém, percebemos que, em algumas situações, o mercado falha nessa tomada de decisões. Quando isso ocorre, é preciso que o Estado intervenha no sentido de ajustar o processo. Assim, podemos afirmar que o mercado é, ao mesmo tempo, o meio mais simples e o mais complexo de alocação de recursos. Mas você pode estar se perguntando: Que história é essa de meio mais simples e mais complexo de alocação de recursos? O que significa isso? Isso significa que, mesmo em situações de livre mercado, há ocasiões em que o mercado não é capaz de fazer de maneira eficiente* o processo de alocação e distribuição dos recursos. Em função desta constatação, mercados não funcionam a contendo, contamos com a regulação a fim de proporcionar a eficiência econômica. Você já ouviu falar das agências reguladoras no Brasil? Essas agências de regulação surgem em função da existência de falhas do mercado. Assim, ao ouvirmos falar em regulação, podemos imaginar formas de contornar essas falhas à luz do modo de produção capitalista, enquanto a desregulamentação significa deixar v Quando alocamos recursos estamos determinando um fim específico a eles. *Eficiência – pode ser en- tendida como a capaci- dade de minimizar o uso de recursos para alcan- çar as metas definidas, ou seja, é a capacidade de otimizar o uso dos re- cursos, e seria medida pela relação entre recur- sos aplicados e o produ- to final obtido. Fonte: Lacombe (2004). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0167 70 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia *Fatores de produção – todos os insumos usa- dos para produzir bens e serviços: recursos natu- rais, informações, ener- gia, capital , trabalho, capacidade empresari- al etc. Fonte: Lacombe (2004).  expectativas sobre o futuro; e  facilidades de crédito (disponibilidade, taxa de juros e prazos). Agora que você já sabe que a curva da demanda pode sofrer alteração, observe a Figura 5 para verificar como funciona este deslocamento. Figura 5: Variações da curva da demanda Fonte: Elaborada pelos autores A Teoria da Oferta muda o foco da análise, pois o vendedor vai ao mercado com a meta de obter o maior lucro possível. Neste cenário o vendedor (uma empresa) pode se deparar com uma restrição importante: a produção de bens e serviços requer a utilização de recursos produtivos, e essa quantidade depende do padrão tecnológico utilizado pela firma. Observe que a tecnologia de produção nos diz o que a empresa pode fazer. Portanto, o padrão tecnológico acaba se tornando um fator restritivo para a empresa poder produzir, além dos preços dos outros fatores de produção* e do próprio preço praticado no mercado. Assim, podemos definir oferta como sendo a quantidade de um bem ou serviço que os produtores (vendedores) desejam produzir (vender) por unidade de tempo. Observamos que a oferta é um desejo, uma aspiração. Logo, a quantidade ofertada de um bem ou Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0170 71 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica serviço refere-se à quantidade que os vendedores querem e podem vender. Dessa maneira, existe uma associação de comportamento dos preços com o nível de quantidade ofertada, ou seja, a quantidade ofertada aumenta à medida que o preço aumenta e reduz quando o preço se reduz. Logo, a quantidade ofertada está positivamente relacionada com o preço do bem e serviço, como podemos verificar na Figura 6: Figura 6: Curva de oferta Fonte: Elaborada pelos autores Conheça agora as variáveis que podem deslocar a curva da oferta como um todo:  disponibilidade de insumo;  tecnologia;  expectativa; e  número de vendedores. Veja na Figura 7 este deslocamento que estamos nos referindo. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0171 72 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Figura 7: Variações da curva de oferta Fonte: Elaborada pelos autores Agora você já conhece as mais diferentes condutas dos consumidores (demanda) e dos produtores (oferta) em separado. Vamos combiná-las para, numa interpretação conjunta, identificarmos como se determinam a quantidade e o preço de equilíbrio de um bem ou serviço vendido no mercado? Esta intersecção das curvas de oferta e de demanda identifica o ponto em que tanto os consumidores quanto os produtores se encontram satisfeitos e dispostos a agir. É nesse ponto que temos o equilíbrio de mercado, veja na Figura 8. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0172 75 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica Conheça agora alguns exemplos de demandas elásticas ou inelásticas.  bens com alta elasticidade da demanda (elástica) incluem refeições em restaurantes, veículos automotores, viagem aérea, carne bovina, refrigerante, turismo, manteiga etc.; e  bens com baixa elasticidade da demanda (inelástica): aqui temos a insulina, sal, gasolina, petróleo, ovos, leite etc. Outro ponto a ser destacado é que o aumento na renda do consumidor, normalmente, aumenta a demanda por um bem. Logo, mantendo o preço constante, podemos avaliar a variação na quantidade demandada para uma dada variação na renda. A sensibilidade da quantidade demandada a uma variação na renda do consumidor é chamada de elasticidade-renda da demanda. Se a elasticidade-renda for maior do que zero, o bem é normal*, e se for menor do que zero, o bem é inferior*. A elasticidade-renda varia muito de bem para bem e esta variação pode ser expressa algebricamente como sendo: Vejamos aqui alguns exemplos de elasticidade-renda maior que zero (bem normal) e menor que zero (bem inferior):  os bens normais têm elasticidade-renda da demanda positiva. Por exemplo, frutas frescas, computadores, viagens aéreas, lazer, carne de soja etc.; e *Bem normal – aquele cuja quantidade deman- dada varia proporcional- mente à variação na ren- da do consumidor. Fonte: Lacombe (2004). *Bem inferior – bem cuja quantidade demanda- da varia inversamente ao nível de renda do consumidor. Fonte: Lacombe (2004). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0275 76 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia  os bens inferiores têm elasticidade-renda negativa. Por exemplo, passagem de ônibus, moradia, carne de segunda, pão, batatas etc. De modo semelhante à elasticidade-preço-demanda e à elasticidade–renda, temos a elasticidade cruzada da demanda. A elasticidade cruzada da demanda nada mais é que uma medida utilizada para analisar a relação entre os diversos produtos. Entre dois produtos, a elasticidade cruzada da demanda mede a variação percentual na quantidade demandada do bem 1 em resposta a uma dada variação percentual no preço do bem 2. O coeficiente de elasticidade cruzada pode ser positivo ou negativo. Quando positivo, dizemos que os produtos são substitutos um do outro. Sendo negativo, dizemos que os produtos são complementares. Conheça alguns exemplos de bens substi tutos e complementares de acordo com o Quadro 1. Bens substitutos Bens complementares O aumento de um produto não interfere na satisfação do consumidor, que imedi- atamente tem a possibilidade de substi- tuí-lo por um outro. Exemplo: manteiga e margarina, cinema e locação de fitas de vídeo, carne de frango e carne de vaca, cerveja e refrigerantes. O aumento no preço de um deles ocasio- na uma redução na quantidade deman- dada do outro. Exemplo: gasolina e óleo para motor, camisa social e gravata, sapa- to e meia, pão e margarina, computador e software. Quadro 1: Exemplos de bens substitutos e bens complementares Fonte: Elaborado pelos autores Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0276 77 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica Veja bem: esta abordagem da elasticidade também poder ser utilizada no lado da oferta. A elasticidade-preço da oferta mede o quanto a quantidade ofertada responde à mudança de preço. A oferta de um bem é chamada de elástica se a quantidade ofertada responde bem a mudanças no preço. Quando essa resposta na quantidade ofertada é pequena às mudanças de preço, dizemos que a oferta é inelástica. Diante disso, podemos afirmar que a elasticidade–preço da oferta depende da flexibilidade que os vendedores (produtores) têm para mudar a quantidade do bem que produzem. Ao contrário da elasticidade da demanda, a elasticidade- preço da oferta é positiva. Isso ocorre, porque as variações de preço e quantidade se dão no mesmo sentido. Você se lembra do professor de Matemática falando de funções crescentes? Podemos calcular a elasticidade da oferta dividindo a variação percentual na quantidade ofertada pela variação percentual no preço. Logo, a relação entre o preço de um produto e o volume de vendas é muito importante para as empresas. Isto ocorre porque toda a relação descrita serve de base para a formação da política de preços, estratégia de vendas, atendimento dos objetivos de lucro e participação no mercado. Assim, entender como se comporta a elasticidade torna-se muito importante para o administrador público contemporâneo. ESTRUTURA DE MERCADO Na estrutura de mercado clássica, podemos distinguir dois casos extremos: Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0277 80 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia encarregados da fabricação de medicamentos, valem-se deste instrumento de patentes ou controle de matérias-primas-chave. Finalmente, há o monopólio estatal ou institucional, protegido pela legislação, normalmente ocorria em setores estratégicos ou de infraestrutura. Até pouco tempo atrás, no nosso país, tínhamos como exemplo as centrais de energia elétrica, telecomunicações etc. Uma outra estrutura bastante conhecida, nos dias de hoje, no campo da competição imperfeita é o oligopólio*. Esse tipo de estrutura normalmente é caracterizada por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode-se caracterizá- la como um mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou, então, onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de bebidas. O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria de bebidas, indústria química, indústria farmacêutica etc. O oligopólio pode ser:  puro: quando os concorrentes oferecem exatamente os mesmos produtos homogêneos, iguais, substitutos entre si. Temos como exemplo, o cimento, da indústria de cimento; o alumínio, da indústria de alumínio; ou  diferenciado: quando o produto não é homogêneo. Por exemplo: indústria automobilística ou de cigarro. Ou seja, embora semelhantes entre si, esses produtos não são idênticos. Por exemplo, o Gol é diferente do Fiat Uno, etc. O oligopólio apresenta como principal característica o fato de as firmas serem interdependentes. Isso decorre do pequeno número de firmas existentes na indústria, e significa que as firmas levam em consideração e reagem às decisões quanto a preço e produção de outras firmas. No oligopólio, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por meio de conluios ou cartéis. *Oligopólio – forma de organização do merca- do em que poucas em- presas dominam com exclusividade a oferta de determinado produ- to ou serviço que não tem substituto próximo. Fonte: Lacombe (2004). Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0280 81 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica O cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele per tencem. Por exemplo: Car tel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Este cartel estabelece o preço do petróleo no mercado mundial. Será que existe formação de cartel entre os distribuidores de álcool no Brasil? E entre os distribuidores de gasolina? Pense nisso! Além dos cartéis, existe um outro modelo de oligopólio, chamado de liderança de preço. Liderança de preço é a forma de conluio imperfeito em que as empresas do setor oligopolístico decidem, sem acordo formal, estabelecer o mesmo preço, aceitando a liderança de preço de uma empresa da indústria. Esse modelo pressupõe que a liderança decorre do fato de que uma das firmas rivais possui estrutura de custos mais baixos que as demais. Por essa razão, impõe-se como líder do grupo. Inicialmente, os preços podem ser diferenciados. Entretanto podemos observar que o mercado opta por produtos que estejam sendo oferecidos a preços mais baixos. Assim, restam às empresas que oferecerem o produto a preços mais elevados duas possibilidades: ou mantêm o preço e, como consequência, são banidas do mercado, ou, então, aceitam o preço praticado pela concorrências, que é mais baixo, e continuam no mercado, sem maximizar seus lucros. Assim é que a firma líder de preço permanece no mercado, através de um acordo tácito (isto é, um acordo não formal), responsável pela determinação do nível de venda do produto, enquanto as firmas menos favorecidas, em termos de preços, tornam-se seguidoras dos preços fixados pela firma líder. Temos ainda outra estrutura de mercado imperfeito, denominada de concorrência monopólica ou concorrência monopolista. Esta forma de mercado tem como característica v Esta estrutura de mercado, mais presente do que você imagina, está em vários setores da economia. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0281 82 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia marcante empresas produzindo produtos diferenciados, embora sendo substitutos próximos. Notamos, então, que, na concorrência monopolística, a empresa tem determinado poder sobre a fixação de preços. A diferenciação do produto pode ocorrer por características físicas, de embalagem ou pelo esquema de promoção de vendas. Como exemplo, temos os laboratórios farmacêuticos, as indústrias alimentícias, automobilísticas etc. A concorrência monopolista é uma estrutura de mercado que contém elementos da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em uma situação intermediária entre essas duas formas de organização de mercado. Contudo não se confunde em nada com o oligopólio. Agora que já conversamos um pouco sobre monopólio vamos conhecer as principais características da concorrência monopolista. São elas:  margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado; e  número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porém com segmentos e produtos diferenciados, seja por características físicas, seja por embalagens ou prestação de serviços complementares (pós-venda). Observe que diante dessas características acabamos dando um pequeno poder monopolista sobre o preço do produto, embora o mercado seja competitivo – daí o nome de concorrência monopolista. Agora que já discutidos os principais aspectos ligados à Microeconomia, vamos passar à Macroeconomia? Você está pronto? Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0282 85 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica trabalho. Contudo deparamo-nos, então, com duas variáveis que, de fato, determinam, a priori, a quantidade de cadeiras existentes na economia: o crescimento econômico e a produtividade do trabalho. Mas você sabe quem são os “atores” que decidem sobre essas variáveis? Como afirmamos, a inovação tecnológica, a princípio, não determina o nível de emprego. Essa é apenas uma faceta menos grave do problema. A outra é a questão do crescimento econômico. Vamos considerar como dada a variável produtividade. Caso não houvesse um crescimento da economia suficiente para absorver os entrantes no mercado de trabalho, inevitavelmente teríamos desemprego, pois não haveria emprego para os novos profissionais. Dessa forma, a questão agora é entender o porquê de taxas tão medíocres de crescimento, como, por exemplo, o da economia brasileira, principalmente nos anos 1990. Agora, trata-se de uma escolha, principalmente, política. Em suma, a verdadeira explicação para o desemprego é justamente a estagnação do crescimento econômico. Os conceitos mais abrangentes de política são úteis para definirmos política econômica, dado que esta não pode ser vista como um conjunto de procedimentos estanques e isolados. A política econômica abrange uma das partes integrantes da política pública. Situa-se no campo da Economia Normativa, por se sustentar não apenas no conhecimento positivo da Economia, mas também em juízos de valor, decorrentes de posições filosóficas e culturais assumidas pelos formuladores. Para ser direto, podemos resumir os objetivos da política econômica em quatro, a saber:  crescimento da produção e do emprego;  controle da inflação; v Foi justamente nesta década em que assistimos a uma das maiores taxas de desemprego de nossa história. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0285 86 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia  equilíbrio nas contas externas; e  melhor distribuição da renda gerada no país. Observe que os objetivos de política econômica são amplos. Segundo Lanzana (2002), “[...] é preciso ter consciência de que os objetivos de política econômica não são independentes, sendo, no mais das vezes, conflitantes”. O crescimento econômico é expresso usualmente por intermédio do acompanhamento de algumas variáveis, traduzidas em indicadores. As análises macroeconômicas tomaram impulso com o desenvolvimento da chamada contabilidade nacional, ou seja, de um instrumental capaz de mensurar a totalidade das atividades econômicas praticadas em um determinado período de tempo. O crescimento econômico está entre as metas* dos formuladores da política econômica e refere-se à expansão da produção do país, uma quantidade maior de bens e serviços à disposição da sociedade. O Sistema de Contas Nacionais*, tal como é empregado no Brasil e no resto do mundo, deve-se aos trabalhos de vários economistas que se dedicaram à tarefa de homogeneizar a linguagem e definiram as principais variáveis como: consumo, investimento, renda, poupança, produto interno e nacional. Se observarmos o comportamento da economia de um determinado país, facilmente notaremos que as atividades econômicas oscilam com o decorrer do tempo. Para medir as oscilações referidas, entre os vários tipos de indicadores, um dos mais representativos desta performance é o Produto Interno Bruto (PIB)* , calculado tr imestralmente e que deve ser acompanhado com atenção. O PIB faz uma radiografia de toda a atividade econômica. Existem três formas de medir a atividade econômica de um país: a ótica da produção, que é o próprio conceito de PIB; a ótica da renda, que se refere à remuneração dos fatores que participam do processo de produção como salários, juros, aluguéis e lucro; e a ótica da despesa, que se refere aos agentes que compram a *Produto Interno Bruto – refere-se ao valor de mer- cado de todos os bens fi- nais e serviços produzi- dos pelos residentes de um país em determinado período. Fonte: Lacombe (2004). *Meta – está normal- mente vinculada a uma data e geralmente se caracteriza por meio de realizações específicas e mensuráveis, isto é, quantif icáveis. Fonte: Lacombe (2004). *Sistema de Contas Naci- onais – segue o Manual de Contas Nacionais das Nações Unidas com o objetivo de evidenciar o processo produtivo e de melhor descrever todos os fluxos entre os agen- tes econômicos que ocorrem em uma econo- mia. Fonte: <http:// w w w . i b g e . g o v. b r / > . Acesso em: 30 jun. 2009. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0286 87 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica produção – como as famílias, o investimento das empresas, os gastos do governo e as exportações e importações. Hipoteticamente, podemos dizer que, se a produção de bens e serviços de um país cresce mais rapidamente que a taxa de crescimento da população, em média, a produção por pessoa deve aumentar. Contudo, lembre-se de que o que importa para as pessoas é o valor real da moeda, traduzido no poder de compra da sua renda (salários, juros e aluguéis). Onde estiver ocorrendo um processo de mudança de preços (inflação ou deflação), vamos falar em PIB real. Portanto, o PIB real deve ser compreendido como uma medida de produto que leva em conta as alterações dos preços e não pode ser desprezada. Mas o que determina o crescimento? Como já explicitado, a variação do PIB é a medida do crescimento econômico. Assim, precisamos saber quais são os componentes do PIB para saber o que realmente determina o crescimento econômico de um país. Separamos para você uma equação que representa os condicionantes do crescimento econômico. Veja a Figura 9. Figura 9: Condicionantes do crescimento econômico Fonte: Elaborada pelos autores Vamos analisar, agora, cada um dos componentes separadamente.  Consumo das famílias: ao se apropriarem de suas rendas, as famílias destinam uma parte ao consumo de bens e serviços. Quanto mais as famíl ias consumirem, mais as empresas terão que produzir para suprir as demandas por bens e serviços das pessoas. v Se dividirmos o PIB pela população residente no país, temos a renda per capita . Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0287 90 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia subdesenvolvidas a ocorrência de crescimento sem desenvolvimento. Contudo, se o crescimento for muito concentrado, ou seja, mal distribuído, a maior parte da população não se beneficiará da elevação da renda gerada na economia. Vale a pena observar que uma das formas de avaliar o desenvolvimento é acompanhar a evolução de alguns indicadores relativos à saúde e à educação, porque seu comportamento fornece uma boa aproximação do que está ocorrendo com a qualidade de vida da população. Algumas instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), vêm divulgando sistematicamente dados como os de expectativas de vida, mortalidade infantil, condições sanitárias, nível e qualidade da educação do país. Tais estatísticas, além de permitirem avaliar a qualidade de vida de um país, possibilitam comparações entre os países e fornecem uma ideia mais precisa do que vem a ser caracterizado como um país desenvolvido. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado nos Relatórios do PNUD, tem como objetivo avaliar a qualidade de vida nos países. O PNUD calcula o IDH desde o início dos anos 1990 e, atualmente, o estima para muitos outros países. O IDH agrega em sua metodologia de cálculo três variáveis:  Indicador de renda: é a renda per capita, ajustada para refletir a paridade do poder de compra (PPP) entre os países (portanto, renda avaliada em US$ PPP).  Indicador das condições de saúde: é a expectativa de vida (índice de longevidade).  Indicador das condições de educação: é uma média ponderada de outros dois indicadores, a taxa de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0390 91 Módulo 1 Unidade 3 – Mensuração da Atividade Econômica Por fim é importante destacarmos que o IDH varia de zero a um, permitindo classificar os países em três grupos distintos:  baixo desenvolvimento, quando o IDH for menor ou igual a 0,5;  médio desenvolvimento, quando o IDH estiver entre 0,5 e 0,8; e  alto desenvolvimento, quando o IDH for maior que 0,8. Complementando...... Amplie seu conhecimento através das indicações a seguir: Portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – onde você tem informações sobre como é calculado o PIB no Brasil e sua evolução durante os últimos anos. Para verificar consulte o site: <http:// www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 4 mar. 2011. Portal Ideadata – é uma base de dados macroeconômicos, financeiros e regionais do Brasil que oferece também catálogo de séries e fontes, dicionário de conceitos econômicos, histórico das alterações da moeda nacional e dicas sobre métodos e fontes utilizadas. Para conhecer acesse: <http://www.ipeadata.gov.br>. Acesso em: 4 mar. 2011. Portal Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – aqui é possível conhecer mais sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e sua evolução nos principais países. Para tanto acesse: <http://www.pnud.org.br/home/> e <http://www.pnud.org.br/idh/>. Acesso em: 4 mar. 2011. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0391 92 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Resumindo Esperamos que você, na presente Unidade, tenha en- tendido pelo lado da Microeconomia como se formam as curvas de demanda e oferta, no caso de uma economia em regime de concorrência perfeita, bem como a formação do preço de equilíbrio, com destaques para os excessos de pro- cura e oferta, e os conceitos de bens elásticos e inelásticos; e no caso de uma economia em regime de concorrência im- perfeita, o monopólio e o oligopólio. Na Macroeconomia, centramos a atenção na formação das políticas econômicas, com vistas ao crescimento da pro- dução, controle da inflação, equilíbrio das contas externas e melhor distribuição da renda gerada no país. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0392 UNIDADE 4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de:  Conhecer o funcionamento do sistema monetário;  Compreender a importância da moeda como meio de troca, unidade de conta e reserva de valor para o funcionamento das teorias monetárias;  Discutir a política monetária como instrumento de controle da liquidez; e  Identificar as funções do Banco Central. INTRODUÇÃO À TEORIA MONETÁRIA Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0395 96 Bacharelado em Administração Pública Introdução à Economia Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0396 97 Módulo 1 Unidade 4 – Introdução à Teoria Monetária INTRODUÇÃO À TEORIA MONETÁRIA Estamos iniciando uma nova Unidade. Convidamos você para refletir sobre o funcionamento do sistema monetário. Mas, para entender como o sistema monetário funciona, precisamos saber o papel da moeda na Economia, o funcionamento do mercado monetário, ou seja, oferta e demanda da moeda. Compreendendo como funciona, fica mais claro entendermos como ele pode sofrer intervenções através da política monetária. Vamos apresentar ainda, os instrumentos de política monetária. PRINCÍPIOS DE TEORIA MONETÁRIA Você, como bom observador, já deve ter notado que, no mundo moderno, a moeda está presente em praticamente todos os momentos de nossa vida. Diante disso, podemos afirmar a importância do estudo da moeda. De maneira corriqueira, as pessoas no seu dia a dia usam a palavra “dinheiro” para significar riqueza. Se alguém tem muito dinheiro, entendemos que essa pessoa tem muita riqueza ou é rica. Mas estamos falando do valor das ações, dos imóveis ou de outros bens dessa pessoa. Você já parou para pensar como deve ser uma cidade, uma região, um país sem a presença do dinheiro, da moeda? Estamos falando do real (R$). Imaginou? Quais são suas observações? Para você o que distingue o dinheiro ou moeda de outras formas de riqueza? v Os economistas normalmente definem dinheiro ou moeda não como a única forma de riqueza. Temos outras formas de riqueza, tais como carros, casas etc. Introducao Economia Grafica.pmd 25/07/2012, 16:0397
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