Baixe Historia-do-Negro-Brasileiro - Clovis Moura -1992 e outras Notas de estudo em PDF para História, somente na Docsity! 5
É
e career oro
e Jormafista em São Paulo
Clóvis Moura .
Profeseor do Ensino Superior
qu
Direção
Benjamin Abdala Junior
Samira Youssef Campedeii
Preparação de texto
Sérgio Roberto Torres.
Edição de arte (míolo)
Milton Takega
Divina Rocha Corte
Composição!Diagramação em vídeo
“Aristeu Escobar
Capa
Notmanha
Antonio Ublrajara Domiencio i
TER SIVERSMARO |
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“mio POR
A nossa cllização vem da costa c'áfrica,
Bernsavo DE VasconcsLos
ISBN 85 08 034520
88%
Todos os diritos reservados :
: Editora Ática S.A, — Rua Barão de Iguape, 10
i ei: (PABIO 2766922 — Cata Postal 656
' End, Telegráfico “Bomlivro" — São Paulo ;
propriedades, Muitos desses colonos, no entanto, protesta-
Tãm Contra 6 limite estabelecido pelo rei, pois desejavam im-
portar um número bem superior. Por outro lado, alguns
historiadores acham que bem antes dessa data já haviam cn.
trádo negros no Brasil. Afirmam mesmo que na nau Breroa,
para aqui enviida em 1511 por Fernando de Noronha, já
Se encontravam negros no seu bordo, Essa preseiiça, como
vemos, confunde-se com a formação da Colônia e, depois,
do Império, chegando até os nossos dias.
A consolidação da economia colonial intensificou o
áfico de africanos para o Brasil, especialmente para o
Nordeste, onde um tipo de agroindústria se concentrou e
floresceu com o cultivo da cana-de-açúcar
O negro nessa fase é o grande povoador, aquele que
chega em ondas sucessivas para preencher os vastos espa-
ços geográficos desocupados. Enquanto o Reino vinha pa
ta a aventura da colonização pensando em um breve regres-
so, deixando. muitas vezes, a família em Portugal. o negro
africano sabia que a sua viagem era definitiva o que as pos.
sibilidades de voltar não existiam.
O negro dinamiza demograficamente
o Brasil
O primeiro (o branco) ou se instálava no comércio,
ou lutava para conseguir cartas de sesmaria, terras, final.
mente para iniciar suas atividades na agricultura. E para &
concessão de sesmarias exigia-se a posse de escravos. Um
cronista da época dirá, por isto, que 0s escravos negros
eram as mãos e os pés do Brasil.
Com o deslocamento do eixo econômico da Colônia pa-
12 6 Nordeste, para lá também se concentra 0 fluxo demo-
gráfico de negros vindos da África. Para avaliarmos o cres-
cimento da Colônia com essa entrada permanente de africa-
nos, basta dizer que em 1586 as estimativas davam uma
população de cerca de 57000 habitantes — e deste total
25000 eram brancos, 18000 índios é 14000 negros. Segun-
do cálculo de Santa Apolônia, em 1798, para uma popula
são de 3250000-habitantes, havia um total de 1 582000 es.
cravos, dos quais 221000 pardos é 361000 negros, sem
contarmos os negros libertos, que ascendiam a 406000.
Prosseguindo a chegada de africanos, aumentava o
seu peso demográfico no total da população brasileira.
Para q biênio 1817-818, as estimativas de Veloso de Oli-
veira davam, para um total de 3817000 habitantes, a
cifra de 1930000 escravos, dos quais 202000 pardos e
1361000 negros. Havia, também, uma população de ne.
gros e pardos livres que chegava a 585000, No século
XVIII, o qual, segundo o historiador Pandiá Calógeras.
foi o de imaior importação de africanos, a média seria
chegado a 55 000 entrados antialmente, Essa massa popu-
lacionainegro-africana, embora concentrando-se especial
menre na região nordestina, se espraiará, em maior ou
menor quantidade, por todo O território nacional.
Embora não tenhamos possibilidades de estabelecer o
mero exato de africanos importados pelo tráfico, pode.
vos fazer vários estimativas, Elas variam muito e há sem-
pre uma tendência de se diminuir esse número, em parte
porfalia de estatisticas e também porque muitos historiado
res procuram Arunguear à nossa população. Essas discus-
ses sobre o múmero de africanos entrados no Brasil se re-
acenderam quando se procurou quantificar essa população
africana cscrava.- e posteriormente a afro-brasileira, paca
com isto estabelecer-sz q padrão do que se poderia chamar
de homem brasileiro.
A apuração da nossa realidade émica excluíria o bran
co como representativo do nosso homem. Daí se procurar
subestimar o negro no passado e a sua significação atual
Essas estimativas variam desde a do historiador Rocha
Pombo, que calcula em 10000000 6 número de negros atri-
canos entrados, às de Renato Mendonça, que afitmon 1er
sído de 4830000. Esse autor, que fez os seus.cálculos basc.
i
rem
u
ado em estatísticas aduanciras, não sabemos apoiados em
que critérios, pois desde 1831 O tráfico era considerado ile-
gal, elaborou 0 seguinte quadro:
NÚMERO DE ESCRAVOS ENTRADOS NO BRASIL
(avaliação feita baseada em estatísticas aduaneiras)
Entradas | Totet | Totaida
Periodo Região anuais | ênvo | importação
século x | todo o Brasil — - 0000
século ma | Brasilholandes | 3000 | 8000 8000
Pará Goo
Recife sod0
século xau | Peri dado | 25000 | 2500000
| Rio de Janeiro | "12000
século xx a
dae i8ão) | Mio de Janeiro; 20000 | 50000 | 1500000
durante o
E - - | — | asso
Fonte: Menoonça. Renato. A influência africana no português
do Brasis. São Paulo, Nacional, 1895,
Esses dados, como se pode facilmente compreender,
são inexatos e/ou incompletos. O problema do conrraban-
do obviamente não foi computado como uma variável a
ser considerada. Mas O certo é que quase 40% do.total de
africanos retirados do Continente Negro durante à existên-
cia do tráfico foram desembarcados no Brasil, Conforme
dissemos, ele se distribuiu por todo o território nacional.
“Em 1819, pelas estatísticas de Veloso de Oliveira, assim
se distribuia à nossa população nacionalmente, segundo o
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Presença nacional do negro
Segundo fica demonstrado por estes dados que ceilerem
à isibuição nacional da população negra, esta foi, ape-
sar da sua condição dé inferioridade econômica e social, a
grande povoadora do nosso território. E não apenas povo
ou, mas criou pequenas comunidades rurais em todo o ter-
sitório nacional através de quilombos, fundando núcleos po-
pulacionais, muitos dos quais existem até hoje.
Por ter sido a escravidão um faro de ordem nacional,
a peescaça do negro, escravo ou livre; também se espalhou
nacionalmente. Em 1872, quando a população negra escee
va entrava já em declínio, os escravos constituíam 15,2%
da população do país, nenhuma região tinha menos de
7% dê habitantes escravos e à taxa mais ália era de apenas,
19,5%», Podemos por esses dados ver, de um lado, a expres-
são nacional da população negra escrava e, de outro, a pro-
gressiva diminuição dessa população percentualmente em re
lação ao século precedente. Convém salientar, porém, que
nessa estatística não foi computada a população negra livre,
O que aumentaria em muito esses percentuais.
A Mas à certo é que 0 negro (quer escravo, quer livre)
o-grande povoador do nosso território, empregando o
[ sêu trabalho desde as charqueadas do- Rio Grande do Sul
aos ervais do Paraná, engenhos e plantações do Nordeste
pecuária na Paraíba, acividades extrativas na Região Ama
| Zônica e na mineração de Goiás e Minas Gerais. Q.ngsro
não apenas povoou, mas Ocupou os espaços sociais e econô
*- micos que, através do seu trabalho, dinamizavam o Brasil
A produção de uma economia colonial, e por isto dês.
inada a um mercado externo cada vez maior, era fruto des-
se trabalho nesro-escravo. E essa economia, que passa pe
É la produção açuareirá, pela mineração, produtos tropicais
; € términa na fase do café, é feita pelo negro. No entanto,
/ esse fato não comribui em nada para que cle consiga um
Í minimo dessa renda em proveito próprio. Pelo conrrário.
| Toda essa produção é enviada para o exterior, e os senho-
| ves de escravos ficam com todo O lucro da exportação e co
«nerciálização
Houve, de um lado, utná demanda mundial pelos pro
duros aqui produzidos, mas, de curro, uma impossibilida.
de estrutural de as produtores dessa riqueza participarem
e se beneficiarem deia.
Isto ócorreu durante todo o tempo em que perdurou
o regime escravista, Após 1530, quendo se pode falar reat
B
mente em colonização, com engenhos montados em São Yi-
sente, irerios encontrar um dinamismo crescente na produ-
cão colonial brasileira. No século XI à nossa produção já
era superior à América espanhola. Os cronistas quinhentis-
tas mais representativos, como Fernão Cardim, Gabriel Soa-
res de Souza e o padre Anchíera, avaliam a cifra de 300000
arrobas para a produção anual do açúcar brasileiro, o que
daria uma rendá per capisa das mais altas do Brasil em to-
dos os tempos. Ng outro século essa produção se duplica
No entanto, como já dissemos, a grande população negra es-
crava não participava da divisão dessa riqueza, sendo consi-
derada igual aos animais e assim tratada.
Deslocamento para as áreas de trabalho
Se isto acontecen no pêríodo da produção açucareira.
a mesma coisá iremos constatar no período da mineração.
Minas Gerais desponta e consegue O seu apogeu até o últ-
mo quartel do século XVIII, como uma nova e florescente
etapa da exploração colonial, a mais importante, segundo
as autoridades de Portugal.
O negro é deslocado para preencher os vazios demográ
fios dessa nova faixa de trabalho. Não leva apenas 0 seu
srabalho, contudo, mas a sua cultura, ensinarido técnicas
de metalurgia e mineração, aperfeiçoando métodos de tra.
balho, extraindo O ouro, procurando diamantes para pro-.
potcionar a riqueza dos contrazadores e da Coroa portugue-
sa. O negro escravo em Minas Gerais, por questões partich-
ares, sofre as mais violentas formas de controle'no trab;
lho, é vigiado diariamente. Quando fugia, tinha toda uma
milícia de capitães-do-mato para persegui-lo. Mesmo assim
conseguia extrair do subsolo mineiro toda a riqueza que
foi enviada para Portugal e se destinava ao pagamento da
dívida que a metrópole havia contraído com a Inglaterra
Segundo Aztur Ramos, a quem devemos o esquema
acirrá
Esta olassificação 6 evicertemente forçada e tem LT inteses.
se meramente didático. Os Instrumentos de captuza comer. 4
ter-se faollmente em instrumentos ds suplício, como é fácil :
gecuzirse. As correntes, as troncos, as algemas e machos
visam princizalmente à contenção da escrava, para transpor.
te ou para impedilhe a fugs. Mes esses instrumentos, provo-
cando a imobilidade fo:gade, toram-se urr vercadeiso sua
clo. Ainda mets: cualquer. um cos instrumentos de captira
Ou de suplicic tem um aviltamento moral. *
Os. dois instrumentos de suplizio mais usados exam o
tronco é o pelourinho, onde eram aplicâdas as penas de açoi-
28, O pilmeiro poderemos colocar coma o símbolo da Justi-
'va privada, e 9 segundo como símbolo da Justiça pública.
Mas, de qualquer forma, a disciplina de trabalho imposta
ao escravo baseava-se na violência contra a sua pessoa.
Ao escravo fugido encontrado em quilombo mandava-se
ferrêr com Um F na isstã é Em caso de reincidência coria- ,
vami-Mé uma orelha. * O Jultiganidito do escravo eta na
máforiá das vezes Esito na própria fazenda pelo seu senhor,
havendo casos de negros enterrados vivos, jogados em cal-
deirdes de água ou azeite fervendo, castrados, deformados,
além dos castigos corriqueiros, como os aplicados com a
palmatória, o agoite, o vira-mundo, os anjinhos (também
aplicados pela capitão-do-mato quando q escravo captura- :
do négâva-se a informar 9 nome do seu dono) é mititas ou-
iras formas de se coagir O negligente ou rebeíde
“Na divisãS Sótial do trabalho, noventa por cento ou
mais dos escravos eram destinados às atividades da agroin-
4 Raios, Arrur, À acuizuração negra no Brosi. Rio de Jancito, Neciona!,
1942, p. TIO.
O tema desse alvará encontra-se em: Moura, Clóvis, Quilombas; resis-
“ência do escreviscto. São Paulo, Ática, 1988, p. 20.
oi ntoreeraegernecemder
aústria açucareira; atividades nas minas. ou fazendas de café.
s
Ôs quiros Eraim os clifimados escravos domésticos
— “ESsês eltravos, assim distribuídos Hã Rorá dó irabalho,
finda a faina coridiana, eram recolhidos às senzalas, onde
se amontoavem sem nenhuma condição de higiene ou con-
jorro, Os escravos que não eram do eiro e do engenho, da
faiscação ou plantação de café, trabalhavam na casa do se-
nhor como, mucamas, cozinheiras, socheiros, carregadores
de Hteiras, transportadores de :igres, limpadores de estreba-
rias, moleques de recado, doceiras, aimas-de leite, parteiras,
“fia essa” população que vivia lteralmeme excluiga
de qualquer direiro-político constituía a única fonte produ-
tora de bens, sob a coerção extra-econômica que a sua con-
dição de semovente permitia. Como vemos, 9 escravo era
q, Irabalhador fundamental de uma economia que exigia
mà tecnica múito complexa, pois nã Grá apenás uma có
jomia extrativa, imas uma agroindústria cuja diversificação
interna do trabalho era bem acentuada. i
—
Do eito para a senzala.
Antoni assim descreve à sociedade asceavista na épo-
ca dó Brasil-Colônia:
Toda a escravatura (que nos malores engenhos passa o ná-
mero de 150 a 200 peças contando es dos partidos) quer
mantimentos & fárdas, medicamentos, enfermaria 4 enfer
ro: e para Issa são necessárias roças de multas rril co-
vas de mandioca. Querem os barcos, velemes, cabos, cordas
& breu. Querem as forralhas cue por sete ou oito meses ar.
dem de diz e «e noite, muita lenha; e para isto é mister dois.
barcos velejados, para se buscar nos portos, indo um atrás
do outro san. usrár, é muito dinheiro para a comprar, 08 gran-
des matos, os muitos carros, é muitas juntas de boi para se
z
t
Ê
É
à
trazer, Querem: Os canaviais tarrsém suas barcas, = carros
com dobradas squfpações de bois. Quecem enxeças staices.
Querem as serrarias rachagos é serras, Que a mmoenda de
cosa à basta de naus de le: sobressa'ente, e muitos quintais
e ego e de ferro. Quer & carsintaria madeiras seletas e tor.
tes pare esteios, viças aspas e rotas; é pelo menos os instrur
mentos mais Jsuais, à saber: serras, trados, verrumas, com»
passos, réguas, escopros, enxós, golvas, machados, mérte
los, cenins e funtei:as, pregos e plalnas. Quer a fábrica ce
eguca: faróis, * caldelras, tachas é bacias, e outros muitos
instumentos” menares, todos de cobre. [..] São finsmerte
necessários, além das serzalas cos asorevos e alba da mo.
ratá do capelão, feitores, mestra, purcador, hanqueito e cai
xeiro, uma capela decente com seus ornamentos, toda c ana
relho do altar, e umas cadas para. o senho: de engenho tor
sau quarto separado pare os hóspedes, que no Brasil, falto
totelmente de estalagens, são cortinuos; e o edificio do en
genho, forte é essaçoso, com as mais aíicinas, e a casa ce
purgar, csixaria, alambique e outres cousas, que sor miúdes
aqui se escusa esontálas e deles não se “elará. É
Esse longo periodo é muito elucidarivo, pois mostra,
muito bem; pelos instrumentos enumerados na primeira
parte; como O negro escravo atuava em todos os níveis da
divisão do trabalho, não apenas plantando e/ou colhendo
cana, mas participando, das técnicas e profissões exigidas
para à prosperidade. e o dinamismo dos engenhos. Na se-
gunda parte, por outro lado, vemos o srande nr
pessoas que se fenefciaam, aireta ou indiretamente, des-
iadó dos fincionários Essalzadores, , padees, hóspedes e pa”
zenies até especialmente o senhor de escravos.
Neste mundo economicamente fechado, durante o Bra
sil-Colônia somente quem trabalhava era 9 negro escravo.
O fausto dessa ecâmôrmia, que permifiã as seiilióres finpor-
tarem seda e vinhos da França e O seu comportamento de
5 Antoxt., André João. Op, cit, 2. 18,
a
verdadeiros nababos, tinha como único suporte o trabalho,
da escravaria. que vivie sob às formas mais violentas de
E Errorismo permanente, "ou.
se rsbelava é fugia para as matas, organizando quilombos,
onde reencontrava a sua condição humana -
3
A quilombagem
como agente de
mudança social
Entendemos por guilombagem o movimento de rebel-
ge permanente organizado e dirigido pelos próprios escra-
Serificon durânte 6 escrávismio brasileiro er to-
do o território macio al. Movimento de mudança sociat pro-
vOvado; HE ford força de desgaste significativa ao sisre-
ma escravista, solapou as suas bases em diversos níveis —
econômico, social e militar — e influiu poderosamente pa-
za que esse tipo de trabalho entrasse em crise e fosse subsri-
tuído pelo trabalho livre.
A sua dinâmica expressava a contradição. fundamental,
E aquela que existia entre os escravos e os
ja, em consegiiência di
da época, Ts
€ Os intereints dat clas-
o, poderá consolida.
em todas as,
da ciilombagem, embora outros tipos de manifestação de
rebeliia também se apresentassem, como as guerrilhas e di-
versas outras formas de protesto individuais ou coletivas
Entendemos, portanto, por geortesem ama constelação
organizacional o quilombo, So qual páriani Gu pá
convergir e sé aliavaia as demais formido de rebelde
“Jomgólãs, mas também porque esses negras urbanos conte-.
vam Gomo aliádôs Os escravos refugiados nos diversos qui-
lombog gásentes na periferia de Salvador. evalmenre de-
verá ser incluído na quilombagem o bandoleitismo dos es-
cravos fugidos, os quais em grupos ou isoladamente ataca-
vam povoados e estradas, Desse bandoleirismo quifoiib5”
Já, 05 exemplos mais destacados são 6s de João Mulungu,
em Sergipe, e. Lucas da Feira, na Bahia, embóia inúmeros
oliros tenham existido duratité à Escravidão em todo o ter..
xitório nacional.
“ar quilgmbáSBmera, por isto, à manifestação mais im-
portáite, quis Sipressava a contradição fundamenrel do regime
Quilomãe co Palmar
2 - Qui ombos de O nea
11 - Qui ernbo do subúrbio de enganto Camarim
2 - Quilombo de Goiana
18 - Quilombo de Iguaraçu
Fontes: diversas, eoorcenadas pelo autor. Especialmente:
Mata, Josemir Camilo de. Quilomibes sm Perr ambuco; sécu
lo XIX. Revista da Arquivo Sébitoo. Recife, 1978. n. 31, 32.
Freças, Gi.Barto. Norelaste. Pia de Janeiro, José Olympio, 1937.
PARaiaa ,
1- Guitombo do Cumbe
2- Quiombo da serra de Capuaba.
3 - Quitombo de Gremame (Paratuba)
à - Quiombo do Livramento
Fonte: Posto, Valdice Merdença. Pareiba sm preto e breno,
João Pessoa, s. ed. 1976.
REGIÃO AMAZÔNICA
4 - Amapá Olapocua e Calçoene
2. Amapá: Mazagão
E. Pará: Alenquer fio Curuéy
&« Pará: Óbidos frio T:ombetas e Cuminá
5. Pará: Caiu Supim
6 - Alenbaça (hoje Tucurui), Cametá (rio Tc
7 « Pará: Mocajuba (litoral atlântica do Pará)
8 + Pará: Gurupi (atuzl divisa enire o Perá & o Maranhão!
S - Marenhãe: Turiaçu fic Marecagumel
“0 - Maranhão: Turiaçu érlo Turiaçu)
“1 - Parê: Angias (laçoa Mocamao, ilha de Merajã;
42 - Margem do baixa Tacamirs: Quilombo ce Felia Merie.
ararhe
ntins)
Fonte: Saes, Vicente. O negro no Parg. Ric de Jeneiro,
FGWUERA, 1971
RIO DE JANEIRO
1- Guiiomba de Mantel Gorço
2 - Quitombos às marzens do rio Paralha
3- Quiiomhos na serra dos Órgãos
à - Quitombos da região de Inhetma
5- Qul.ombos dos Carnpos de Goltacazes
eee
”
&- Quilombo do Labioa
7- Quilombe do marro do Desterro
8- Bastilhes de Campos lacilombos arganizados pelos abe.
Ecionistas dac-eia cidade)
Fontes: diversas, esordenadas selo attor
RIO GRANDE DO SUL
Quilombo do negro Lúcio d'+a dos Marinheiros)
Quilombo do Arrcio
Quilombo da serra dos Tapes
Quilombo de Menus: Padeiro
Quilombo do município de Ric Perco
Quilombo nê serra do Distrize de Couto
Quilombo no munleípla de Mentenegro (?,
Note: & interrogação poste cepois do ouilombo do municipio
ca Montenegro significa que às fontes informativas não sec
corclusives quanto à sua existêneis; o quilombo ce Mani
Padeiro é chamado, em algumas fontes, de Manuel Pedreiro
Fonte: Massrar Fino, dos& Mário. O escravo no Rio
de Su! Porto Alegre, Escola Superiorce TeologiaSzc Lourenço
de Brindas/EDUCS, 1984.
SANTA CATARINA
Quilombo da Asagoa (Lagoa)
Quilombo da Erseada do Brit
Outros quilombos mensres "
trabalho”
ue devem ter dado musto
Fonte: Piazza, Walter. O escravo numa economis minifunciá-
ria, São Paulo, Resenha UalversitêrialUDESC. 1975.
SÃO PAULO
1- Quilombos dos Campos de Araraquara
2 - Quilombo ds cachoeira do Tembau
3. Quilombos à margem do rio Tieté, no caminho de Guiatê
à - Quilombo das cabeceiras do rio Corumatei
5 - Quilombo de Moji-Guaçu
6- Quilombas de Campinas
7 - Quilombo de Atibaia
8 - Quilombo de Santos
3 - Quilombo da Aldeis Pinheiros
10. Quilornbo de Jundiai
11 - Quitornbo de Itapetininça
12 - Quilombo da fazendo Monjolinho (São Gartos)
43 - Quilombo de Água Fila
14 « Qullorabo de Piracicaba
15 - Quilombo de Apial (de José de Oliveira)
16 - Quilombo do Sitio do Forte
“7 - Quilombo do Canguçu
18 Quilombo co termo de Parnéiba
18- Quilornão sa Freguesia de Nazaré
20 - Quilombo de Sorocaba
21 - Quilomba do Gururu
22 - Quilombo do Pai Fetipe
28 Quilombo ds dabaçuara
Fontes: diversas, coordenadas pele autor.
SERGIPE
Quilombo de Capela .
Quilombo de Itabaiana
- Quilombo de Divina Pastora.
- Quilombo de Itaporanga
« Quilombo do Rosário
8 - Quilombo do Engenho do Brejo
7 - Quilombo Ge Laranjeiras -
8- Quilombo de Vila Nov
9 - Quitombo de São Cristóvão
10 - Quilombo da Masoim
17 - Quilombo de Brsjo Grande
12- Quilornbo de Estância
18. Quilombo de Rosário
14 - Quilombo de Santa Luíza
15 - Quilombo de Socorro
18 - Quilembos do rlo Cotinguiba
17 - Quilombo do-lo Vaza Barris
Fontes: Fiauerazoo, Ariosvaldo, O negro e a vialênoia da bran-
co. Ria de Jeneiro, José Álvares, 1977. Moura, Clóvis. Aebe-
fiões da senzais. 4, ed. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1858.
Mor, Luis R. B. Pardos e pretos em Sergipe (1774-1851), Se.
parate da Reviste do Instituto de Estudos Brasileiros, São
* Paulo, 1876. Sampaio, Aluysio. Os quilombos do Gotinguibe,
Seiva, Salvador, 6/1).
3
Essa pequená listagem bem demonstra como a quitom-
bagem era um fenômeno nacional. Convém salientar que
dênios ver Umá corrente migrarória quilombola para as
fronteiras, especialmente rumo às dos países vizinhos, des-
tacando-se, nesse sentido, a que demandava às goianas
movimento migratório chegou a impressionar e preo-
cupar &s autoridades e políticos, tendo Tavares Bastos a
ele se referido como um elemento de fraqueza militar. Diz
ele nesse sentido:
O governo oriental ne úntime guerra (1864) axpedira errissá.
rios pera sublevarem os escravos do Pio Grande. Na Cruz Al.
te em Taquari é outros lugeres house par issa tentativas ce
insurreição. Muscz e Aparício, cheies orientais, irvedindo
aquela drevincia proclamaram que vinham car liberdade aos
escravos. O último relatério do Ministério da Justiça atribui
a manejos de alguns orientais as tentativas de Insurraição
em Taim e Taques,
Além disso, no témpo de gaz, & fuga Ge escravos pa.
ta as territórios vizinhos é outros fatos promovem conílitos
entre es eutoridedes e amarguraram algumas de nossas
quessões internacionais, Ainda há pouco, eotlcia-se da Ner.
te à fuça de ascravos do alto Amazanas pars o teritério
do Pery 9 uma considerável evasãc de ouiros do Pará para
o terrltário da Guiana Francesa ou para o terreno contesta
do do Amapá.“
Como vemos, os escravos fugidos se acoitavam naque-
les países onde não havia mais a escravidão, criando, em
cansegiência, vários problemas diplomáticos. Por mdo is-
to, à quilombagem — até hoje estudada como um elemen-
to secundário, esporádico ou mesmo irrelevante durante a
Xe Bastos, Tavares, Resposta à uma carta de Chameravos da Antistavery
Sociers, Im: Castro, Edison. Aniologir do regro brasileiro. Porio
re, Cloba, 1950, p. 29.
a
escravidão —, à medida que os cientistas sociais avancem
5 suas pesquisas, demonstra ter sido um elemento dos
nas
mais importantes no desgaste permanente, quer social, eco.
nômico e milirar, no prozesso de substituir-se o trabalão es-
cravo pelo assalariado.
4
A variável cultural
| nas onegro são apenas povoon o Brasi é deu-lhe pros
| peridade econômico através do seu trabalho. Trouxe, ta!
Í bém, as suas culturas que deram o ethos fundamental
| cuia brasilia
; Vindos de várias partes da Ática, os negros escravos
trouxeram as suas diversas marcizes culturais que aqui sobre
viveram é serviram como patamares de resistência social «o
regime que os oprimia é queria transformá-los apenas em
máquinas de trabalho. Em todas as áreas de trabalho os atri.
| incorporavam os seus modos de vida — a sua ceigião
f
i
í
* sob o controle do aparelho dominador. A exteriorização
dEsgês traços culturais somente era permitida como
de dominação social, isto é, enquanro os negros permane-
cessem usanco-as como manifestações de uma classe domi
a
para aqui vieram tinham isto em comum:
em anteparos de resistência do escravo na situação espe
cial na quel 0s seus mêmbros se encontravam, Houve, p
isto, uma Subsritilição de furição desses padrões culturais,
especialmente das suas religiões. Q escravo resistia.com as
punha, é as suas culrucas 5 deseo jpgram
mo vélcilo ideológico de luta na socied:
Após a escravidão, os BrUpOs negros que se organiza-
ram como específicos, na sociedade de capitalismo dépen-
deité que a fubstitido, tambêm dproveirarami os valores
Isto não quer dizer que se conservassem puros, pois so-
frem 4 influência aculfurativa (isto é, branqueadora) do
aparelho ideológico dominante. É urna luta ideológico-cultu-
tal que se trava em todos os níveis, air
sog olhos. O exemplo das escolas de samba, especialmente
no Rio de Taneiro — que perderam a sua especificidade
de protesto simbólico espontâneo de antigamente para se
institueionalizarem, assumindo propôrções de um colossalis-
mo quentitativo e competitivo antipopular e subordinando-
se à instituições ou grupos fihanciadátês quis às despersóna-
lizam inteirá ou paicialmênte do seu papel iniciál —, sem.
plífica o que estamos àlismando.
“Mestity Quando a iemárica é eventualmente de protes-
10, cla está subordinada a uma concessão ideológica, impli-
cita ou explícita, dos grupos que as dirigem, orientam e pa-
trocinam.
Por outro lado, a dinâmica interna desses grupos en-
contra combustível ideológico para reagir e criar novos gru-
pos que se articulam dentro de padrões afro-brasileiros in-
dependentes e reiniciam à trajetória abandonada pelos gruz
pos negros que se institucionalizarem.
ransformaram-
5
O negro e sua
participação política
Qunssro. não apenes povoou e criou a riqueza nacio-
nal, assim como transmitiu a sua cultura, más, também,
participou da sua vida política. Em quase todos os movi-
mentos sócio-políticos que te desenrolaram no Brasil durám-
te a-sua trajetória social e histórica, houve & par
a sontribuição do, negro escravo ou livre. Sem nos re
mos aos quilombos, que tambér Consideramos movimen-
“os políticos independentes, dos próprios escravos, em to-
das ou quase todas as lutas que se tráxgram ou foram pro-
jetadas eles estiveram presentes, quer na Colônia, quer no
Império, aré chegarmos aos dias atuais.
Nas Jutas pela expulsão dos holandeses, mas h
la Independência é a sua consolidação, na Revolução Far:
roupilhá/ Aôs motimentos radicais da plebe rebelde, como
a Cabanágen, flo Pará, hó Mvimênto Cabario em Al&”
gigas, ele esteve présente. Também ná Incoiifidênçia Mi
Tê, Ná Inconfidência Baias, para lembrarmos mais alguns,
a Fit preseliça é indoniêstável como elemento majoritário
gu como participante menor. Após o fim da escravidão
do Império, o negro se incórporaré àós movimentos da
“o
plebe, como em Carados, na comunidade do beato Lourenco,
e, rtais destacadamente, na revolra dé João Cândido.
Desde as primeiras lutas sociais no Brasil ue o negio
ao deras participar, conseguiu ampliá-las e transformá-las
em Íutas sócio-raciais. Isto é: colocou um componente no-
vo, gbriu.o leque de participação é réivihidicações, porque
uniu essas luras de explorados às reivindicações dá eiaia ne-
sra; Que além de explorada Era discriminada racialmeate.
As invasões holandesas e o negro
Durante as invasões e o domínio holandês, os escravos
e negros em geral tiveram ativa participação nas lutas restau-
radotas. O seu comportamento não foi ui
aje dSsúmirare uma posição radical
dessas tas faeiram para as matas,
a
paiealá dé négros, éstiavos ou livres,
aderiy ao movimento contra à permanência dos holandeses
versas origen, muitos deles pertencente ãos Jenfúndiá-ios
escravistas, Os, quais 6º Gpuniâm, por interesses econômi.
cos, ag domínio baravo na colônia portuguese,
Já na primeira invasão holandesa, ocorrida em Salve-
dor, em 1624, os negros se comportaram bravamente dian-
invasor, Nó Ínicio, os Holandeses que ocuparam a ci-
gade também organizaram milizarmente
sliram ficar a seu lado. Segundo depoimento de Johann;
Gregor Aldengurgk, foram
aiguns destinados a trabairar, e outros, armados de arcos;
fleotas, velhas espacas espanholas, rodelas, siques e se.
bres de abordagem, se organizarem numa compenhia de
a
negros, para capitão de qual *ai escolhido um dees próprios.
enamado Francisco. *£
A essa tálica dos holandeses, recrutando negros evadi-
dos, revidaram os portugueses com & máxima crueldade
Estes organizaram, por seu tuo, os escravos de Salvador
que não fugiram, para desempenherem “unções milrares
na cidade sitiada, Nessa primeira invasão holandesa de Sal-
vador (1624/1625), & iegro Párricinou das escáramucás
quêr de uni lado; duéi do vuiro, ines hãé ievé úm projeto
de emBricipaças próprio.”
Nasennido invasão Tealizade no Recife, as negros tam-
bém âmajam, dessa vez máis prólóngada e dindiicainente.
Henrique Dias; tonfonnê já dissemos, colocou-se ao lado
dos latifundiários de Pernambuco e do governo colonial
português, Foi um guerreiro eficiente, Lutou nas batalhas
das Tabocas, feriu-se várias vezes e conquistou títulos hono-
ríficos do rei de Portugal, Por outro lado, Calabar deu inuú-
meras vitórias &0s holandeses, cambém demonstrou um al-
to espírito militar e grande capacidade de comando, tendo,
em determinada fase da luta, feito virar os êxitos militares
em favor dos batavos
Ko entanto, Henrique Dias. após a exgulsão dos holan-
deses, queixar-sa-ia 20 rei pela forma desrespeirosa e hum.
Thante como ele e seus homens estevam sendo tratados pe-
as autoridades jócais, Calabar, ao ser capturado pelós por:
tugueses é brasileiros, é julgado E cosidenâdo à tmorte, não
tendo os baravos feito nenhum esforço pará livrá-lo do gar-
rorsiailo...
Somente os negros de Palmares, que. escolheram a via.
independente de litá, conseguiram auto-afirmar-se até 1695
Diurânte a ocupação holandesa, conforme vimos, os
negros Sé porigram de três Toruras:
2 AtneNquRax, Iobana Grego. Retação dia conquisi e perca ca cidade
te Salvaçor pelos holandeses em 1626-1625, São Paulo, Bresliensia Do-
mumenta, 1963, p. 277
a) fugiram para as matas e organizaram: quilombos,
sendo o mais famoso é aquele que mais durou a Re-
pública de Palmares;
b) participaram como soldados e guerrilheiros ao la-
do das tropas luso-brasileiras;
&) lutaram ao lado dos holandeses
A esses três tipos de comportamento deverhos acrescen-
tar o bendoleirismo quilombola, exemplificado nos bosch-
negroes (cómo os Holandeses Chamavam os negros), que ata.
cevam as estradas, “axendas « engenhos indistintamente, fu-
gindo para as matas após cada surtida.
Sempre querendo a mudança social
Nas furas que se seguiram à ocupação holandesa ele es:
tará presente, de fórmê violenta ou pacífica, pouco ou mui
to significativa, mas sempre atudare,"——
No movimênto de Felipe dos Santos, ocorrido em
la Rica (Minas Gerais), no ano de 1720, vemos notícias da
participação de portugueses com os seus négras. No dia
“23 de Junho de T726, seit mascarados, juntamente com
muitos pretos armados, desceram do morro onde se encon-
travam, invadindo e depredando casas. Em seguida inritma.
ram o governador a não abrir mais novas casas de ão,
símbolo do terrorismo do fisco naquela.época..
Também da Inconfidência, Mineira, embora não se
possa chamar esse movimento de abolicionista, os escravos
negros participaram. João Álvares Maciel, filho de um ca-
pirão-mor de Vila Rica, ao depor nos autos de devassa, con-
fessa que pão O númeo cedo
ta ado ais mm gui
do capitão-mor Unha as suas razões. Os escravos mineiros
a
àquela altura baviam fundado diversos quifombos em qua-
se toda a área da capit; “anto Ísto é verdade que o re.
cElo do Alho do capitão mor era endossado por Alvarenge”
Peixoto, que não desejava radicalizar & Inconfidência ao ni —
verde pREIapaçãO do escravo Como agente político dinâm
So nos seus quadros,
Por outro lado, O sargento Luis Vaz de Toledo propu
nha que gs escravos participassem.
to com os Inconfidentes, pois, para ele, “um negro com
uma carta de alforria à resta se deixava mrorer”. Essa par |
ticipação foi parcial e pouco significativa, pelo fato de que
em Sabará, segundo depoimento de Brito Malheiro, “se pu-
seram uns pasquins que diziam que tudo o que fosse ho-
mem do Reino havia de morrer e que só ficaria algum ve.
lho clérigo e que isto foi posto em nome dos quilomboles”
Isto bem demonstra como os quilombolas estavam atentos
aos fatos políticos que se desenrolavam na cidade.
Na linha de frente
Se na Inconfidência Mineira não podemos ver a ação
prática dos negéos (mesmo porque foi um movimento sem
prática política), na Inconfidência Baiana (Revolta dos Al
faiates), de 1798, essa participação é bem mais visível e di
rea. Ísto porque Baiana tinha. objetivos
bes
criminados na sociedade colonial da Bahia da Cpo:
Um dos seus líderes | Mani Fáustino dos Sanrôs, ao
ser perguntado sobre quais seriam os objetivos do levante,
não teve dúvidas em afirmar que era para
a
escravidão: tras deseja lenta, regular legal. O governo não
engana rirçuêm; 2 coração se lhe sengra ac ver longinaua
ra época tão interessante, mas não a quer prapóatere. Pa.
tistas: voseza srcpilasades ainda às “vais onucnartes co
ideal de Justiça serão sagrâdes: o Governo gorá metas de dl
minulr 6 mal, não o ferá cessa: pela força
O, liberalismo escravista, que marcou como ideologia
quase todos os movimentos de mudança social quer no Bra-
si Colônia, quer no Império, ieclarava-se defensor da es.
amomaticame p dir
daria, Aliás, esta será uma constante do liberahimo escra-
ASAS aproveitar-se da disposição dinâmica dos escravos
no sentido de mudar O sisterna de produção vigente , pos-
teriormente, descartá-los da composição da nova estrutura
de poder, conservando a instituição escravista.
Essa tática da classe senhorial de usar o négro como
massa de manobra vem desde as lutas conira os holandeses
e continuará posteriormente. Nas luras pela consolidação
da independência o mesmo quadro se repetir. Parte de es-
cravaria irá lutar. ou sob as ordens dos sens senhores ou
por vontade. própria ao lado das fileiras independentistas.
Mas, a Independência também não o libertou.
Conquista-se a independência,
conserva-se a escravidão.
Conforme vimos, logo depois do grita de D. Pedro E
artiéntaram-se os mecanismos políticos que irão organizar
o novo tipo de Estado. Enquanto isto te verificava, havia
necessidade de se organizarem núcléos patrióticos para con--
solidá-la militarmente. E O nepro foi mais uma vez mobili
zado, Qs eserayos, no entanto, não aceitaram passivamente
1
;
o
a situação de simples objetos mandados pelos seus senho-
ES, E estagio para as maias, engrossando 6 confin-
Resumindo pódeios dizer qe o elemento nego (es-
cravo ou livre) tsve quarro formas. fundamentais de com.
portamento: 1) aproveitou-se da confusão e fugi par as.
maias debandando dos seus senhores. su E uetandosea ar
E para
ci 4) Jutou por Ea "obaência aos aos
«eus EenBóresi e 4) participo
ridades não tiveram dúvidas de reprimi-la com violência
A defeca da propriedade escrava, da mesma forme como
nos movimentos anteriores, apresentava-se como medida
prioritária. ÍO Governo Provisório que ze instalara na pro-
vincia procura dbaielar-se contra os prejuizos que essas
fugas continuadas cepresentavam aos senhores é contra O
perigo que slgnificavam à ordem social baixando es segui.
1y Que toda e qualquer pessoa que thvor em seu poder aigum
escravo que por legitimo sítulo- lhe não sertança, o enire-
gue ao seu verdaceiro serhor; e, ignorando cuem ele seja.
vá logo recolher £ cadeiz mais wzinha. entregando-o 80
Juiz resogctiva; “sto no prezo de quinze dias depois da
peslicação deste, abaixo das zenas estabelecidas côntra
os tecaptores dos escravos elhiics,
2 Quezados os Juizes e Capitães-Mores fagar a mais axar
<aindagação pera descobrirem tais escravos a fezê-los pren»
der. Recolhicos que sejam 3 cadela, darão conte zela Se-
cteteria deste Governo, remetenda uma lista circurstarcia-
de, na qual se Seolarem os norres, nação e sinais cos so
bréditos ascravos e a duem pertencem, sendo qua elas o
contasse; outrossim declarem es «encimentos zue tiva.
rem os Capitães-So-Mato ou quem 68 for prender, os queis
sa deverão regular pela distância em cus forem presos
com relação à morada dos referidos Capities-do-Mato,
aa conformidade do seu reglmerto: a o dia em que fererr.
s
recolhidos à csdeia a fm de saberso o quenio tem ces-
pendico o carcereiro em corredorias, o cue tudo se izz par
blico pela folha que chegue à noxícle das seus donos.
3 Que todos os gropristários de Engenhos é Fazendas inca.
guem se nas suas terras se acolhem alguns destes escra.
vos e 25 farão prencer e remeter à oaceia izlntia; e não
os podenda prender, por se recolrerem às matas, cêer 1o-
go parte nos Capisães-Mores e Juízes, deolasando o lugar
once ines constem que existem, '<
'oda Essa participação dó negro nos movimentos so-
ciais e políicos resultou, sempre, em uma experiência frus-
trade.
Uma república de homens livres
no Brasil escravista
Uma exceção, no entanto, deve ser feita: a sua parti
pação na República de Piratini. Em pleno regime escravis.
ta, durante o Segundo Império, os eserávos viveram em.
esdado dante, os apos de JE3E 6 1846, um momeneo
do
pilha e na proclamação da,
pou o espaço geográfica dos atuais Estados ds Santa Cata-
Progresso, 1957 E.
* Apud AnanaL, Brás do, História dades e sacar,
as
nsdes tita, so o contrário da.
r05 movimentos, à sud razão de sei
nicaimente e não sendo
Se tipo de atiidado, 08 seus DxomGRoreS
dificuldages em alforriar os seus
ser homens livres, tendo a éi joria se eligajado nas | Ho
“pas di fartdpos, Far SAfar los Tai repubiGaRa:
províncias insurgentes não receberam um con-
tingente demográfico africano considerável em relação a ou.
tras, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Ma-
nhão e Babie, embora q seu coeficiente tenha sido bem
maior do que se supõe. O tipo de economia pastoril e extra-
tiva prescindia do escravo ou o usava em quantidade bem
inferior à dos engenhos de açúcar do Nordeste ou na mine.
ção. Por outro lado, os trabalhos agrícolas, especialmente
da erva-mate, também não eram de natureza a exigir uma
concemração de braços escravos como a que à economia
dos engenhos ou a da imineração impunham. Além disso,
devemos salientar que, nas regides fronteiriças, havia sem-
pre o perigo de O escravo fugir para outros países, Daí não
terem .as camadas dirigentes da República interesse em
manter a escravidão. O Rio Grande do Sul tinha, na época,
100090 negros na sua população de 360000 habitantes.
O escravo negro participou nesse episódio como afia-
do Jivre, criem Feras de pero militar para 0 4d.
gersário em rodas ás
ão db ditina hora, Desde a tomada de Porto Alegre
pelos farrapos, quando se inicia a revolta, o escravo negro
estará presente, resgatando a sua liberdade com essas lutas,
Todos os depoimEntós EO negro 1
Ea EpoCa Afinal úie O negro Toi
»
um aliado dos mais importantes da R: de Piratini
Danic de Layianio:
No ssange sobre à capital, er 20 de junho = em 30 ce junho
[és 1835, é no cesco de Pelotas, em 1838, cue marcam os
passos inicis's e impontantas das querras de dez aros, es es-
ersvos neç-cs tiveram um lugar de primeiro plano.
Os negros, escravas ou libertos, iam, daí par diante, to-
nar es posições da saliente coragem e entusiasmo de lu-ar.
Foram elas elemercos de colaboração, entraram com
as primeiros insurtatos, estivezam so par dos segredos e das
senhas revelucionárias e tomararr perte na prirraira axalar
che que se jageu corta à Império.
O major João Manuel de Lima assumiu o comando
da 1º Legião de escravos que entrou na cidade ds Pelotes
Os escravos tinham 132035 de sobra para corabatsr ao lado
dos farrapos, O sentido antiescravisra dos seus líderes justifi.
cavê plenamente esse engajamento. Berra Gone
mingos de Almeida, minist MtErior da o.
vei E SERA REPUBIG “espeivamiento ao obras que
prenderem. negros soldado FEFTONpT
7 O Presidente da Renblis, peza sebvinck
vels da humanidade, não consentindo quero Ie riograncer
é se de quelquer cor que os acidentes da Nacureza os terham
é imune é nãos gado o indigna, báriaco
aviltante e afrentoso testamento que lhe pragara 6 infama Go
verno Imperial, em represália so que lhe é provocado, Decre-a:
ARIgo Única: desde o momenio $m que acuve: sido
aoeltado um homem ce cora solto da República pelas zu-
torigades do ras, o Goneral Cartend :a-Chaio do Ex É
clte, ou Comandante das diversas divisões do mesmo, ti
rará a soria aos oficisis de quaiques grau que sejem das!
trogas Immnsriais nossos prisioneiros, e fará passar pelas 4
armas equele que & mesma sorte designar. :
/
randensê, Porco alegre,
mExiano, Dante de, História di Pepiíbiica rio
Globo, 1936, p. 14.
«iodo a
sa rmedida extrema de Bento Gonçalves bem: demons-
tra o níve) de valorização dos negros combatentes por par-
“e dos farroupilhas. Isto porque, como é evideme, q negro
desempenho como soldado. Porém.
farroupilha. Éim várias sranidades tiveram de provar a
Air BRAVE Conforme o <estemumho de outros participan-
tes dessas refregas. Rafael e Procópio, negros, participaram
juntamente com Garibaldi, que aderiu aos jarroupilhas,
dos combates que suas tropas travaram em Camaquã con-
tea Frederico Moringue, das tropas imperiais. Muita da re
sistência que foj oferecida aquele chefe legalisra ds
disposição dos negros Que esevait xo Sé la
O próprio Caribaldis-que-cão ativimênto participou
ao fado das tropas de Bento Gonçalves criando, mesmo. a
auréola de Heidi de Dois Mundos, nas suas memórias refo-
re-se eloglosamente a esses combatentes
Esse intermeçro de liberdade durou pouco,
porém do
ram ur am con eláusala na qu:
ve EURO
revolução”
ont se instalar.
emos, uma reptb]
Nas demais províncias vemos uma economia es
da. com uia população ilepra incorporando -se aos tipos Te
sionais de exploração camp às téiilicres não 1É-
fara investir na dinamização
cadente O RESFo é, âssim, néquelas áreas,
já analisamos antes, a uma econo-
dessa economia d
incorporado,
Decomposição da sistema
e comportamento senhorial
Desta forma, na passagem de crise pai
são do sistema escravista TEMOS Gas serfentes seonômicas
À pomeira cra à do”
depto e estagnada do Nordes
mercadoria aínda através do trabalho, escravo, o que sra
dh ijatconismo.
Tudo isso levava a que se pensasse em oútro tipo de
organização do trabalho.
No Brasil, ao se pensar em novo tipo de organização
do trabalho, por miecanismos ideofógicos elitistas, pensave-
se, também, em outro tipo de trabalhador. E aqui se cru-
2arm os preconceitos racistas das nossas elites com os inte.
las: MOURA, Clóvis, O Hegro; de Doi escravo sau cidadãs? |
Fio de Janeiro, Conquista, 1977, passi.
s
resses x sercantis daqueles segmentos da barguesia nativa
que se organizaram e investiram para explorar a empresa
imigrantista.
Essas caztes que co
visreo fizeram com que, 4 parár de 1871, o mo iménia bo”
Jicionista se. organizasse ém pequenos etupos de boêmios é
intelectuais influenciados por idéias liberais mais radicais
Nabuco, registrando o início de: By Escreve
guram a crise estrutural do escia.
Não há mtito se falz no Brasil em abolicionismo e Parido
abolicionista. à téie de suprimir a escravidão, !ibariando
as escravos existen-es, sucadau à idéia de suprimir a escra-
visão, entregando-lhe a milhão a melo da homens de qua ela
se achava de posse em 1877 é deixando. acabar com: eles,
Foi na iegislatura de 1873/80 que, pela primeira vez, se viu
dentro e fora do Partamento um grupo de homens faze: de
emancipação dos escravos, não ca limitação do cativeiro
És gerações atuais, a sua bandeira política, a condição pre
rúiner dos saridos.
à história das posições que à Esoravidão encontrara
até então pode ser “esumida em poucas palavras. No perio-
do anterior à Independência e nos primeiros anos subseqler-
188, Tcuve, na geração trabalhada pelas idéias liberais do co.
mago do século, um certa desdsgossego de consclêrcia se-
la necessidade em que ela se viu de realizar a eriancipação
nacional, deixando grende parte da população em caúeeiro
pessoal. Os acontecimentos políticos, porém, sesorerarr a
azenção do povo, e, com a revolução de 7 ce aixil de 1881
comsgou o serlncio de excltação que durou até a Maiorida-
de, Pol somente no Segunda Relnada que o prograssa dos
costumes públicos tomou poesívl a primeira resistência sé
ria à Escravidão, *
Somente quando o escravismo entra. em crise estrutu-
ral, crise que tem GIO co: inção do tráfico, comê:
E epoca di Dic
“de JSEO, secando o prémio Nabuco, é que e abelicionismo
“E Naguce, Joamcim. Op. cit, p. 12
resenta uma proposta
meti Como vemos, a dinâmica râdical interior à esse
movimento comtrz a escravidão parti dos próprios escre
vos, airavés da quilo nBager,
Nestas circunstâncias o povo, especialmente os grupos
residentes nas áreas urbánas, enchava 0 eseravos fugido.
As leis contra esses aros não eram mais aplicadas. Em 1883,
funda-se a Confederação Abolicionista, que atuará nacio-
nelmenre. O.Clybe. Militar, em 1887, através do seu p
dente, mostra as desvantagens de O Exércits sagar negros
figidos- como queria governo-igaperial, Dixe.carta envia-
da ao então ministro da Guerra Manue! Antônio da Forse-
ca da Coste:
19º Ex. Pe fderechel co Exéccito Visconde da Gávea. Não 6
tanto sele voz da caridade, a humenidece, da jusiça, e da
azão que a Gluse Mlitar. de que sou érgzo, dé esse passo
Não é cento paia cadenção dos ostivos que, Foje, opor berrai.
ras à forte corrente abolicionista é imstudência, hoje que
se faz ouvi: à voz da lprera de Cristo, hoje que cs supremos
ministros de Deus-19mem, de Deus a ceridade, afinel, falam
& qué Fá mu'to deviam clasrar.
Não é sento pela injustiça clamo:osa do marticinta ce
cretado a cmens que buscam a liherdede sem combaies
dem represálias; é pe 0 papel menos decoroso, menos S'ç
ne que se quer car ao Exérclie
O Exétaiio é sara a guerra Isal, ne defesa do Trore
da Zátria, para outros afazeres que neceásitem força arma.
de hé é polícia, aLe alistov-sé para esse sim,
A V. Exê, pois, venho pedir que se clgre der andames.
Jo ao requerimento junto que tenho É hos:a de passa; às
mãos de V. Ex?, porquanto € ganiço — pegar regros fugidos
— selo Exército, sê pare ur é “ácil e agradável, care sutros
é repugnante e poce torranse improficuo; reste segundo
caso, cuja verdade 6 0 rãe-curprirento de crdens, embora
salves as aparências, há presuizos, verda da força merale in
para a esp
a
O serviço — pega: negres lugldos — é congênsre, a
tudo e poí tudo, ao astige — captura de reg:os novos — am
que tambéra não “via curmprimeasa de crddens, serdo a cite
ençe Única esse ce que artão <s ordens eram dacas no ser
to de se “alher a diligércia, e o resutado c iase sempra esa
'o contrário, fazia-se a cesturs; hoja quer-se a captura, e o te-
sultado será a “elha,
Dinseá que nada :enos com isso; é um ergano, per.
que soraos soldados 6 vemos as mesmas inconveniâncias
sisciplinares é perseguições como 25 que se davam antica-
mente, quer em relação aq não-cu“rsrimento de o:dem, quer
sobre à ação comre 0 oficial cus fazia à castura desejada.
V. Ex? tara paciência eceite o reque:imento, once
aproveito a ocasião zara parentear a adesão e fcelidade ão
nosso bom Imgeradar a à sue cirastia, que somerte sonos.
co, com a Exérckia e Armada, pode e deve corar. De V. Ex?
at amigo e camaraca iraito grato — Merechalde-Campo ra.
ntel Decdore da Fonseca — Rio de Jareira, 25 de outubro
de 1887,
Como vemos, foi o Clube Militar, uma sociedade civi!
de militares, quem FESTSON, 0 papal decapiio-degaiá.
não o Exército como institu
=>""Pôr ouiro lado, somando-se a esses fatóres, nã últi-
ma fase da escravidão, a simples fuga passiva dos escravos
já era suficiente pare desestebilizar o sistema ou condicio-
mar psicologicamente os membros da classe senhorial e ou-
tras camadas sociais em desenvolvimento, Xa fase do que
ctiamamos escravismo tardio, a insegurança na compra de
escravos e a pouce pouca a remrabilidade « de. seu au trabalho, rar sui
Crie aa ue O nano seus pia
eculação. Nesse sentido, escreve Vicente Licinio
Cardoso:
Er 1584. em plerc Zarlamsnra, uma cortissgo gravissime.
de Andrade Figueira, traduzineo a abaio des fuges dos esc:a.
vos err grances sragsas, bem diria o periço do ememento: “O
contenlência à disciplina, conquarto ssa a “elta cometida
de disc, sendo imoossivél srova posa Já perdeu & conitança na única indústria que alimerta
anosse riqueza, a incúsira agricoia. Os capitais sô procuram
]
j
|
il
I
|
E
É
i
emprego, em apólices, não amesganco segurança em cutre
peste”,
O papel da guilombagem, mesmo na fase do capitalis-
rão tardio, quando er& apedas passiva, conseguia influi
na apisação de cspius, poha adrome do eo srs &
specu
passara à procurar qutn
E Evoráias e ERbros de inpetmeo.
“Além dessas causas esteutusais, fatores externos levam
o sistema esoravisra a um impasse cuja solução foi a Aboli-
ção sem reformas. O dilema se apresentava diante dos a-
zenâeicos: ou aceitavam a Abolição compromissada como
é Trono queria, conservarido-lhes os privilégios, eu corre-
riam o risco de ver à Abolição feita pelos próprios escra-
vos, através de medidas radicais, como a divisão das terras
senhoriais. A concordata foi feita. O problema da mão-ds
otra já estave. praticamente zesolvido com a importação
de milhares de imigcentos o
ERG doc como sobra na periferia,
a in aaa remaniputato end
E
ves da sonledade (8/o-UNISNIS Rara TO dependente é
implantado, perfurando até hoje
1 CARDOSO, Visente Licínio. 4 m ária do Bras. 2. ed. São
Pacio, Nacioni!, 1938, 9, 155.6
“do mecanismos de barragem para O negro RE Todos BNAr
1
Em busca da cidadania
: , Ser negro é os costumes
cizeremauevaister decor.
cuistar os direitos que a
constituição te garantia já.
TLrnea Bpow de.
ciais da Abolição
O dia J4 de maio foi festivo para grande parte dos es.
Dr sa SRS Eae
crávos que sajrani dás tenzatas. Durante a euforia predomi-
mánie,
SOpUSRFERA que Havia conquistado a liberdade «
E
À princesa Isabel passou a ser, para à
fo da redEmena a capvaiTo OX cicesc
TeRá à NA eqipáração sos demais cidada rn
Houve uma parcela de negros que criou 0 isafelismo, pen.
samento que reivindicava a defesa da princesa regente por
acreditarem que ela fosse à personalidade que os redimira
da escravidão nin ais dé Bonaáe Dessa.
TT Tosê do Patrocínio foi o mais fervoroso adepto do isa.
delismo, é procurou aliciar libertos para defender a'monar-
quia ameaçada pela onda republicana que crescera ap:
a
Marinha de Guerra, pois comandavam, praticamente, a ar-
mada e tirham os canhões das suas belonaves apontados
para à capital de República.
Depois de muitas reuniões políticas, nas quais entrou,
entre outros, Rui Barbosa, que condenou os “abusos com
os quais, na gloriosa época do abolicionismo. levantarros
a indignação dos nossos compatriotas”, foi aprovado um
projero de anistia para os amotinados. Com isto, es mari
Pheitos Gestora so bandeira vermelhas cos magros dos
es A revolta Kuviadurado-cihco-dfas 'é Terinina”
apar D à. Desaparasia, assumo não, da ghivar
porma! de punição dis: ciplinar nã, Marinha de Guerra. do Brasil
ce Fogão militares, aão-conformadas com à solução
polfiêa enconTádE para” GH agardi--sérto comrá.
Os marinheiros. João Cândido, sentir
“a pEuN O rConive Geralda Bevsliç
arm Rui Barbosa e Severino Vigira, qu
ja em favor deles, mas sequer são recebidos. por esses dois
olieos Tinem-se, agora, civis e militases para desadron
“belos da Maiiiiha'de Guerra” porcetes atingidos. Fi
spterverr. uni” deúreto pelo qual “amalquer-smarinhenio
+ sumariamente démitido. Ala
que haveria uma outra sublevação. Finalmente, afirmam
que à guamição da ilha das Cobras havia sc sublevado. Pre
texto pata que a repressão se descncadeasse violentamente
sabre 45 miarinHBiPas Ages: O prasideme Hermes dá FOM
Sega necessitava de um prerexto para decretar 0 estado de
sítio, a fim de sufocar os movimentos democráticos que
organizevam. As oligarquias regionais tinham: interesse em
um governo forte, Os poucos sublevados daquela ilha pre
põem rendição incondicional, o que não é aceito. Segue-se
uma verdadeira-chacincirArilha é bombandgada aLé Ser Ara”,
sada, Estava restaurada a homeada Marinha,
s
João Os seus compenheiros de. ievoba-são..e
“presos incomnnicáveis, £.n. governo--a-Mariaha sesolnora.
“exterminar fisicamente os marinheiros, Exebana-as ao Uê-mem
vio Satélite rumo no Amazor8E
SE 66 mavijOs Que se encontravam em uma masmorra
do Quartel do Exército e mais 31, que se encontravam no
Quartel do 1º Regimento de Infantaria, são embarcados jua-
.£o com assessinos, ladrões e marginais nará a
“gados HAS SENar anmerontcas Os marinheiros, poréra, tinham,
aesono é diferente dês der femais ee dos 1
Tão Cândido, que não embarca no Satélite, juntaniéi:
EO args companttettos fora resormimos-acnitanhas-
morra da ilhe das Cobras, onde viviam como arms Doe
E tesolpidos a 16 morte nrematados sem juleamen-
E omegte
teme, Dessesúido, Canstantemente, mesre corop. vendedor
no Enifeposto de Peixes da cidade do Rio de Janeiro, « EM
“parente, Sem apotemadoria E te: Roma Ene AGO ql
vB Tor chamado, , com méri-o, de Almirante Negro.
Uma voz independente para o negro
A revolta dos marinheiros de João Cândido Ieumina...
* a,
como vimos gu 1911 Quatro anos depois tem início, em,
São Pavlo, uma relevante manifestação de [SERIaAdE Einica,
das Tnáis IaipórántES para conhecermos a isajerdria dá He:
o aro martura pet Cidagahia "Reterimo-hos à
charada irop/ençã, Esta PangieeiaiTo Briineiro jornal int
”
jula-se O Menelick é começa a circular em 1915. Fenôme-
no dos Mais Sgniiicanivos para SE amaro cearamor -
9.8 5 JdEoIRia deite SCEmento MégrO Urbado, os jornais
editados porn as, SE até rtS6S: quando
ê feciadp.a Correip. aiEbano.
Os negros paulistas, sentindo a necessidade de um mo-
vimento de identidade émica, e enfrentando as barreiras de
uma imprensa branca (Grende Imprense) impermeável aos
anseios e reivindicações da comunidade, recorreram à solu-
cão meis viáy e que esa fo a fundar uma impsenea altemnativa
Menelick, que conseguiu grande prestigio na comunidade
negra, difundindo aquilo que os seus redatores achavam
mais interessante para a vida social e cukiural dos negros.
pôs O primeiro, outros se sucederam na seguinte ordem:
A ima é O Xauter, 1916; O Alfinete, 491
1919; 4 Liberdade, 1919; A Sentinela, 1920; O Kosmos,
1922: O Gerulino, 1923; O Clarim da Alvorada e Elite,
1924: Auriverde, O Patrocínio e O Progresso, 1928; Chiba-
1a, 1932; A Evolução é 4 Voz da Raça, 1933; O Clarim
O Estímulo, A Raça é Tribuna Negra, 1935; A Alvorado,
1936; Sencala, 1946; Mundo Novo, 1950; O Nova Horizon
te, 1954; Notícias de Ebano, 1957; O Mutirão, 1958; Hífen
iger, 1960; Nosso Jornal, 1961; e Correio d'Ebano, 1963,
Eése conjunto de periódicos que se sucedem durante
quase cingijenta anos influirá significativamente na forma-
são de uma ideologia émica do
à, no SEU Comportamento. Concentiando o
sei gaciario ne aGEiTEmEneos da Rita divlgande
es
O Bandeirante”
Bra rende Nego, £
a
Os seus sobreviventes, como José Correis Leite, Fran-
tisco Luerécio & Aristides Berbose ainda rememo-am com
nostalgia esse periodo. Esses jornais, mantidos pelos pró-
prios grupos que os editavam é alguns membros da comuni-
dade que se cotizavam para ajudá-los, construíram um fa-
to único no Brasil. A obstinação desses grupos negros em
manterem um espaço ideológico é informativo independe:
te, bem como & sua consciência émica, dererminou a sua
gontinvidade, embora intermitente. Por outro lado, estes *
Jornais também gemifam de Veiculo orgenizacionsl dos ne-
Er05, AS discussões que JE Sravam NAS Suas páginas, à coló-
permanente de peciricos dar csnriiraa
in acismo é à Violência RENENde”
Ego Fonceelos,. oi Tudo, 1389 levou à que os negros de Sá
“Paulo fundassem o maior moviméntã pOlnica pesso no Bra"
sleica,
Esses jornais, conforme já dissemos, não refletiam as
áginas os grandes acontecimentos nacionais. Nada sa-
demos, pela sua leitura, da Coluna Prestes, da revolução
de 1930, do movimento de 1932 em São Paulo, da revolta
comunista dé 1935 e de outros acontecimentos relevantes
nesse período. Há, mesmo, uma certa cautela tática. pois
neles também não se encontram notícias ou comentários so-
bre o movimento sindícal, as lutas operárias, grexes é 2 par-
ticipação dos negros nesses eventos. Também não se encon-
tram críticas ao governo. É uma imprensa altamente setori-
zada nas suas informações e dirigida a um público específico.
“Os sgus dois jornais mais importantes. ) Clarim dr AL |
xorada 2 À Vora Rafa
pigEiosos para que o negro se auto idemificasãe na sua negrt. |
sue, O a Toi p órgão di Pie à Brasis
2 :
A Frente Negra Brasileira
No bojo dessa movimentação ideológica da comunida-
de negra panlistana, arrevês dos seus jorrais, surge a idéia
de formação da Frente Negra Brasileira. Ela iré constituir.
se em um movimento de E Tácion
clógico) e maisalbim"
fundada em 16 de setembro de 1931, sua seds
central localiiáva-e Hã Flá LiSerdadé, ia TApIá pala.
star Hamisstiosial fá bra bastaíite complexe, mui:
to mais do que a quase inexistente dos jornais, Era dirigi.
da por um Grande Conselho, constituído de 20"mémbros,
silêciorianida-sã dentre les, o-Chese e tário, Havia,
ajrda, um conselho Alia (Bnnádo, pelas. Cabos.
ais da Capital.)
Crigu-se, ainda, uma milícia frente-neerina, orgêniza-
“são parâmilitar. Os seus componentes usavam camisas bran-
cas e recebiâm higido tiatêrtiento; como se fossem soldados.
Segunão ura dos seus fundadores — Francisco Lucrécio
—, a Frente Negra foi fundada por ele e outros compantei-
sos embnio de tm pós de “lumiliação:" Ainda segundo a
o ao conrário.
com o tempo, os membros da Frente Negra fo-
ram sdquiindo * confiança não apenas da comunidade,
tias de toda a sociedade paulistana. As próprias airocida-
« respéltavam. Os seus membros possuía: uma carrei-
“dE identidade. expedida pela entidade, «com, retratos de
frente e de perfil. Quando as autoridades policiais encontra-
vam um negro côm Esse documento, iespeitavaiino por-
quiê sabiam que na Frente Negra só envravam pessoas-de
Dam” Ajhda segundo depoimento de Frâncisco Lucrécio,
conseguiram acabar com a discriminação racial que existia
B
na então Força Pública de São Paulo. Até aquela data os
negros ão pódiam entrar na corporação. A Frente Negra
mais de. 400 negros, tendo muitos detes feito car.
tas, Por outro lado,
impor aos seus membros. Isso iria se refletir na trajetó-
sia da entidadde. Uma visão direitista levou muitos dos
seus adeptos à p cas em relação ao integralis-
mo e 40 nazismo.
Paradoxalmente. 9 conceito de raça é manipulada pe-
los frente-negrinos, que, no seu jornal 4 Voz da Raça, colo-
gam como seu sfogen “Deus, Párria, Raças Familias, que”
“depois foi modificado. Era um siogan decalcado diretamen-
te do “Deus, Pátria e Família”, da Ação Inregralista. Ape-
sar dessas contradições ideológicas, a Frente Negra se desen.
volyeu rapidamente, criando múcicos em vários Estados do
ções exigidas pelã Jusiça Eleitoral da época, e entrou com
pedido nesse sentido em 1936. Sobre 0 assunto nom
tones |
cussão entre membros do Tribunal, que chegaram a alEgar
Tê eles a Frente Nesta Brasileira.
Houve um *rauma muito grande na comunidade que
a acompanhava ou miltava nos seus quadros. Milhares de
negros. sentiram-te desarvorados politicamente, Um :
seus fundadores, Raul Jovino do Amaral, tenra conserv
a énitidade, imudando-lhê o home para Uhido Negra Brast
”
Apesar de tudo isto, à Assogiasão Cultural do Negro
não tem mais o seu ethos inicia, tendo de fechar as suas portas
“> Devemos salientar, tambéni, O funcionameato das esco-
as de samba que serviam e server de veículos de organiza:
cão cultural do nesro, centenas de pequenos clubes, reg:
pos mantém o negro Und o Gado 2 Es Eee ERRA pre
GEE Sua me
dee tértm ports de Be
ER Cuimeatmaa da saida dos militares do poder, fun-
dem se ozzanizações mais estruturadas, que retomam à trá”
“lição de uma posição de Tmrá Ethica e cultirar Essas orgás
hizações asticulam-se E próihoveim érie de atividades
culzurais, sociais e recreativas, t anão,
posições abertas contra q preconceito racial” Xinificação
dessas oreanizações deu-se, finalmente, a partir do dia 18
de junho de 1978, quando da realização de um ato públi-
co de protesto nas escadarias do Teatro Municipal de São
Paulo. Os fatos que determinaram a sua convocação foram.
a morte do trabalhador negro. Rábson Silveira da Luz, no
mês de maio, devido a torturas em uma delegacia de Guaie-
nasés, Tiã capital de São Paúila; a expulsão, no mês.de maio,
de quasro atle:as juvenis negros do Clube de Regatas Tietê;
&, finalmente, o astasginato por um policial, no baicro pau-
listeno da Lapa, d , Opérário negro.
—— Durante esse aro Foi criado O Movimento Nigro Umif.
Gixos ou com outras idades espalhados em. ndo 9, e
A paris daí vátias. outras organizações. de. milizantes
surgirem no, Brasi inteiro e atualmente reivindicam o fim”
do jacismo e da exploração econt nica, social Ementa
“Jo negro. Mas irá História flo aíncia está
“vida, páia depois ser conrada.
8
Vocabulário crítico
Ladino: nome dedo ao africano jé instruído na Engua por
tuguesa, religião e serviços domésticos ou do campo. La-
dino é corruptela de latino, equivalente a lctrado, culto,
inteligente. Segundo Goncalves Viana, o termo foi origi-
nariamente aplicado em Portugal e na Espanha ao mou-
ro bilíngiie e, portanto, inteligente.
Manumissão: ato de dar-se alforria ao escravo. Havia vá-
rias meneiras de manurmitir. dependendo da vontade ou
condições de cada caso particular.
Mocarmau: escravo refugiado em quilombo, termo de possi-
vel origem africana. O mesmo que quilombola.
Pombeiros: indivíduos que compravêm escravos no interior
da África para transportá-los e vendê-los no litoral. Alua-
varm nas feiras de escravos a mando dos seus respectivos
senhores. Acompanhados por outros escravos negras,
sob suas ordens, rumavam para o “sertão” levando as
mercadorias destinadas às permutas, tais como ferro, co-
Tre, utensílios de cozinha, aguardeme, sal ele
Serão: segundo Debret, em certas épocas, nas grandes ia
Zendas de café ou de cana, o trabalho se prolongava até
meia-noite; é 0 que se chama serão. Quando acontece,
a
por exemplo, caírem chuvas abundantes ou se verificarem
borrascas, por ocasião da maruração do café, ocupam
se todos as braços, alugando-se mesmo outros para fazo-
tem serão.
Tigre: barril de madeira de tamanho médio, que servia pa-
1a a coleta de excremento das casas locafizadas na região
urbana no Brasil escravista. Como não existia esgoto, de.
pois de cheias essas vasilhas cram dadas aos escravos pa-
ra que eles procurassem um lugar distante para atirar
os dejetos. Muitas vezes a sua madeira já estava podre
eo conteúdo derramava-se pela cabeça e corpo do escra-
vo que 6 conduzia.
Trezena: castigo que consistia em vergastar o escravo consi-
derado insubordinado durante treze dias seguidos, publi
camente. Não havia limites para o número de vergasta-
das em cada dia, embora a lei estabelecesse um máximo
de cinquenta. Quando o castigo era aplicado em nove
dias, chamava-se de novena.
9
Bibliografia comentada
ANAIS DO ARQUIVO PUBLICO DA Bamla, Autos de devassa
do levantamento e sedição intenzados na Bahia em 1758.
Salvador, Imprensa Oficial da Bahia, 1959, v, 35-6.
Contém a parte fundamental dos documentos originais
do processo contra os implicados na chamada Inconfi.
dência Baiana. À outra parte foi publicada pela Bibliote-
«a Nacional nos seus anais, volumes 43-5 (1931).
avo, Célia Maria Marizho de. Onda negra, medo bram-
co. Rio de Janeiro. Par e Terra, 1987.
Trabalho que aborda, asravés de mma posição renovado-
15, à problemática da transição do escravismo para.o tra-
balho livre. Procura ver a problemática não como se tem
feito usualmente, achando o trabalhador negro incapaz
para o trabalho assalariado, mas mostrando os mecai
mos econômicos e ideológicos que eriararr. essa imagem.
Feszara, Miriam Nícolan. A imprensa negra paulista;
1915-1963. São Paulo, FFLCH/USP, 1986,
Monografia sobre a imprensa negra que circulou nesse
periodo, com levantamento da sua ideologia, da estrutura
8
das suas empresas e dos elementos que fizeram com que
sie desaparecesse
MoreL, Edrrar. A revolta da chibata. Rio de Tansiro, Graal,
1979,
Livro escrito com amor, coragem e paixão, tornou-se in.
dispensável para quera deseja conhecer a revolta dos ma-
inheiros negros liderados por João Cândido. A paixão
com que foi escrito não lhe tira a objetividade. Basea.
do em farta documentação e pesquisas pessoais, o autor
elaborou uma obra-documer-to gue recóloca no seu devi
do jugar um dos acontecimentos históricos cos mais rele.
ventes e caiuniados.
Pesoição, Malheiro. A escravidão no Bresil. São Patlo,
Cultura, 1944.
Obra cléssica e insubstituível para quem desejar ter uma
visão histórica do que Joi a escravição ind africa
ne no Brasil. me abundante documerração de fontes
primárias enriquece ainda mais à obra.
SaLvapor, José Gonçalves. Os magnaras do tráfico negrei-
so. São Paulo, Pioneira/USP, 1981
Obra analítica e precisa que mostra os mecanismos regu
ladores do tráfico de escravos nas suas Civersas épocas,
baseado em Cocumeatação de primeira ordem.
Tisaonão, José Ramos. Os sons dos negros no Brasil. São
Paulo, Art, 1988
Livro que aborda com grande senso anelítico « infivê
cia do negro no surgimento da quase totalidade da nos
sa música poputee. O autor procuca analisar es origens
dessas manifestações, cesgatasdo es suas matrizes 3