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Guias e Dicas
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ARTIGO RBG.pdf, Manuais, Projetos, Pesquisas de Geologia

Histórias da Pesquisa Geológica e Arqueológica na Amazônia

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2017

Compartilhado em 02/05/2017

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Baixe ARTIGO RBG.pdf e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Geologia, somente na Docsity! 1 Histórias que marcaram a pesquisa geológica-arqueológica da Amazônia, com destaque ao estado do Pará. Stories that defined the geological and archaeological research in the Amazon, especially the state of Pará. Geol. TaylorCollyer¹, Geol. Otávio Augusto Chaves². ¹Consultor, ²Consultor; Travessa Dom Romualdo de Seixas, 1630, Ap. 1105, Umarizal, CEP66050- 200, Belém, PA. Tel. 091. 988387454, tayloraraujocollyer@yahoo.com.br¹, chavesotavio@hotmail.com² 2 Histórias que marcaram a pesquisa geológica-arqueológica da Amazônia, com destaque ao estado do Pará. Stories that defined the geological and archaeological research in the Amazon, especially the state of Para. RESUMO. A convivência com a história da pesquisa mineral e arqueológica brasileira, particularmente na Amazônia paraense, levou os autores a resgatar alguns eventos de importância regional marcante, como a milenar utilização dos recursos minerais na Amazônia, seja por necessidade, busca de fortuna ou poder. Questões políticas, além do caráter dos governantes brasileiros, incentivaram ou frearam a rapinagem desses recursos, como o bom exemplo dos bandeirantes do período colonial, fundamentais na conquista do território e descoberta de depósitos minerais. A vinda de pesquisadores estrangeiros como Henri & Octavie Coudreau, Orville Adelbert Derby, Friedrich Katzer e Emílio Goeldi, além dos brasileiros Domingos Ferreira Penna, João Barbosa Rodrigues e Ladislau Neto, entre outros, alavancou a pesquisa e a descoberta dos recursos naturais, a despeito dos mercadores estrangeiros, que têm transformado a Amazônia em almoxarifado de amostras para os museus e instituições americanas e europeias. Como tristes lembranças destacam-se as expedições de Theodore Roosevelt e o sonho de uma “Guiana Americana” amazônica e a vergonhosa pesquisa nazista no rio Jarí. No século XX também se destacaram as descobertas da Província Mineral do Carajás e dos Distritos Mineiros, além da criação do Instituto de Geociências-UFPA e das instituições de pesquisa governamentais ou privadas. Geologia; Prospecção; Mineração; Histórias. ABSTRACT. Living with the history of mineral exploration and Brazilian archaeological, particularly in Para Amazon, led the authors to rescue some events marked regional importance, such as the ancient use of mineral resources in the Amazon, is by necessity, search of fortune or power. Political issues and the character of the Brazilian rulers have encouraged or restrained to plunder these resources, as the good example of the pioneers of the colonial period, fundamental in the conquest of territory and discovery of mineral deposits. The coming of foreign researchers as Henri & Octavie Coudreau, Orville Adelbert Derby, Friedrich Katzer and Emílio Goeldi, as well as Brazilian Domingos Ferreira Penna, João Barbosa Rodrigues and Ladislau Neto, among others, boosted research and the discovery of natural resources, despite the foreign merchants, which have transformed the Amazon warehouse in samples for museums and American and European institutions. How sad memories stand out expeditions of Theodore Roosevelt and the dream of a "Guiana American" Amazon, and the shameful Nazi research on the Jari River. In the twentieth century also highlighted the findings of the Carajás Mineral Province and the Mining Districts, as well as creating of the Institute of Geosciences-UFPA and government or private research institutions. Geology; Prospection; Mining; Stories. INTRODUÇÃO. Ao longo de mais de quarenta anos de atividades como geólogos, os autores conviveram ou tomaram conhecimento de muitos fatos que marcaram a história do Setor Mineral Brasileiro, em particular no Estado do Pará. Muitos desses fatos resultaram de políticas públicas nacionais e/ou internacionais, que refletiram regionalmente de forma positiva ou negativa. Por outro lado, muitos dos eventos aqui citados tornaram-se conhecidos por meio de extensas pesquisas bibliográficas realizadas devido à participação dos autores em projetos de pesquisa mineral na Amazônia brasileira e andina, como também, pela realização de teses de pós-graduação. Durante a pesquisa geológica na Amazônia torna-se impossível ignorar-se a presença da grande quantidade de sítios arqueológicos, tornando-se fundamental o resgate dos artefatos encontrados e o estudo básico sobre suas utilizações pelas antigas culturas que habitaram a porção Norte do Continente Sul-americano. Ademais, os sítios arqueológicos, as terras indígenas e quilombolas, as reservas garimpeiras e aquelas de proteção ambiental, são importantes áreas especiais, por serem impeditivas das atividades mineiras não autorizadas às empresas de mineração. Assim, devido à 5 Portuguesa, que destacaram as figuras rupestres,a paisagem, a diversidade da fauna e da flora, além da riqueza mineral, cuja grande quantidade de clorita nos sedimentos regionais, levou-os à sugestão sobre a presença de ouro no rio Parauapava, atual rio Araguaia. Um petroglifosolísticosemelhante à Coroa dos Martírios de Cristo, levou esses bandeirantes a denominar as montanhas regionais de Serra dos Martírios, no atual município paraense de São Geral do Araguaia. Outras bandeiras se aventuraram no território paraense, destacando-se as de Domingos Rodrigues (1596-1600), Tomás de Souza Vila Real (1793), Cunha Matos (1824), Castelnau (1844) e Rufino Segurado (1847), todas destacando a riqueza do subsolo paraense, além da fauna e da flora. A descoberta efetiva de ouro no Pará data do final do século XVII, sendo atribuída aos viajantes que faziam a interligação entre as cidades de Belém e São Luís, na então Província do Maranhão e Grão-Pará, a partir de revelações feitas por índios catequizados e escravizados. Nas trilhas entre as duas cidades, no atual percurso da BR 316, descobriram vestígios do metal na região rios Gurupi e Piriá, sendo desta região o ouro retirado em 1615, pelo francês Daniel De La Touche, antes de ser expulso de São Luís por Jerônimo de Albuquerque. Dessa região também foram explotadas as rochas granitoides do atual município de Tracuateua (antiga pedreira da prefeitura) para a produção dos paralepípedos, pedras de calçamento e encantaria utilizados na construção do Forte do Presépio, em Belém. Essas rochas há milhares de anos, já haviam servido de matéria prima para fabricação de machados, cinzéis e outros artefatos líticos, comercializados sob a forma de escambo pelos índios Timbiras locais, com outros povos da região, em particular os Marajó. Com a chegada dos Jesuítas ao Pará, em 1665, iniciaram-se as primeiras explotações desse ouro, através da mão de obra dos negros africanos e dos índios “catequisados” para esta atividade. Observa-se assim, que as atividades de prospecção no Setor Mineral no Estado do Pará se deram bem antes da descoberta do ouro na região de Ouro Preto, Minas Gerais, em 1699. Nessa época, também já se utilizava a concentração do ouro em bateias, feita pelos negros africanos que detinham o conhecimento milenar, originado nas Minas do Rei Salomão & Rainha Sabá, na região onde hoje se situam a Etiópia, Eritreia, Somália e o Iêmen, e que até hoje têm na bateia cônica sua principal ferramenta de trabalho. Toda a atividade extrativa cessou na segunda metade do século XVIII, com a sábia expulsão dos Jesuítas do Brasil, pelo Marquês de Pombal. 5- A PROSPECÇÃO NO BRASIL DO SÉCULO XIX. Foi a partir do século XIX, que se iniciou o período transformador para o Setor Mineral Brasileiro, com a chegada em 1808 da família real portuguesa ao Brasil, posta em fuga por Napoleão Bonaparte e sob a tutela do Império Britânico. Impuseram-se, assim, os Tratados de Comércio, Aliança e Amizade com a Inglaterra, liberando-se as tarifas alfandegárias aos produtos ingleses e proibindo-se em parte asatividades da Inquisição Católica. A Coroa Portuguesa também institucionalizou a espoliação dos tesouros pertencentes ao povo brasileiro, permitindo o envio à Europa de metais nobres, do acervo arqueológico, fauna e flora, entre outros, e ainda, liberando todo o território nacional às pesquisas das cortes europeias. Triste exemplo tem-se no comportamento do Príncipe MaximilianzuWied-Neuwied que em 1815 veio ao Brasil caçar e cortar cabeças de índios botocudos, mantendo por 14 anos o índio Quek como serviçal e amante, levando-o ao alcoolismo, suicídio e posterior exposição de sua cabeça na Universidade de Bonn. Este Príncipe foi o “cartão de visita” para JohannBaptistVon Spix e CarlsFriedrich Von Martius, naturalistas/mineralogistasalemãos, comandarem a expedição ao Brasil, denominada de “Missão Artística Austro-Alemã”, entre 1817 e 1820, quando levaram para o Museu de História Natural de Munique, cerca de 10.000 amostras de rochas, minerais, artefatos arqueológicos, além de índios, para serem vendidos e abusados.Sabe-se que alguns índios foram levados para exposição emHamburgo e Berlim, outros adultos faleceram durante a travessia do Atlântico, e dois curumins Isabella Miranha e Yuri Comás, morrerem de frio em Munique, no inverno de 1821. Já nessa época, a região nordeste da Província do Maranhão do Grão Pará, possuía uma atividade mineira intensa, incrementada em meados de 1818, pelo Conde de Vila-Flor, Governador Geral da Província, que incumbira o desembargador Miguel Joaquim de Cerqueira e Silva de efetuar uma exploração mineral durante nove meses,entre a região de Turiaçu, até a atual cidade de Bragança. 6 FIGURA 09 FIGURA 10 FIGURA 08 Cerqueira voltou com 3quilos de ouro, incluindo uma pepita chata (folheada) de cerca de 140 gramas. Tal descoberta incentivou a proliferação dos quilombos e mocambos na região, em busca da liberdade e da faiscação, como forma de fugir das perseguições. O primeiro reconhecimento geológico oficial, entretanto, foi feito em 1895 por Miguel Ribeiro de Arrojado Lisboa, na bacia do rio Gurupi, tendo sido patrocinado pelo Barão de Capanema, detentor das concessões de pesquisa concedidas pelo Império. Foi a íntima relação dos brasileiros com os ingleses durante o período colonial, que permitiu o empréstimo de dois milhões de libras esterlinas e apoio militar para que em 1822, Dom Pedro I, convocasse uma Assembleia Constituinte, as tropas e a Armada inglesa e decretasse a Independência do Brasil, com total submissão ao Reino Unido. Assim, teve início a implantação das empresas britânicas no Brasil, em particular as denavegação na Amazônia (Amazon River), de energia (Para Eletric e Light) e comunicações telegráficas. Liberou-se também a pesquisa geológica e arqueológica em todo o país, surgindo os primeiros acervos nacionais, mas enviando-se, contudo, a maior parte para o Museu Alberto&Vitória em Londres e para colecionadores acadêmicos ou particulares. Em 1831, o Imperador do Brasil, foi obrigado a abdicar do trono e se exilar na Europa, levando em sua bagagem uma fortuna em ouro, prata, joias, moedas diversas, além da sua causa mortis, a sífilis adquirida durante sua vida de farras e estupros. Ao chegar à Europa foi pressionado pelo governo inglês, por meio do Sir William Foster, Sexto Duque de Devonshire e Assessor de Finanças do Império Britânico, a pagar a dívida contraída pelo Imperador em 1822. Este Duque, conhecido por suas farras e extravagâncias sexuais, e ser amigo íntimo do Czar Nicolau da Rússia e do Rei Guilherme IV, havia sido o avalista da dívida brasileira ocorrida para financiar ou comprar a independência brasileira(Figura 08). Assim, D. Pedro presenteou o nobre inglês com uma esmeralda de origem colombiana, da mina de Muzo, presente do Rei da Espanha ao Brasil, possuindo 30 cm de comprimento, pesando 1383,95 quilates e cor forte superior. Ocorreu assim, a primeira “rolagem” da dívida externa brasileira, além de sugerir ou caracterizar, o pagamento de uma propina institucional. Tal procedimento permitiu também, que, a Coroa Britânica mantivesse durante décadas suas empresas do Brasil.A família do Duque permaneceu administrando as finanças da Coroa Britânica até a segunda guerra mundial, sendo o atual Duque de Devonshire, representante do Condado na Câmara dos Lordes. A esmeralda em questão encontra-se desde 1996 em exposição no castelo da ilustre família, após fazer parte por empréstimo da coleção do British Museum of Natural History (Figuras 09 e 10). Figuras 09 e 10. AcervoDevonshire:Raríssima esmeralda de 1383.95 ct, de cor verde extra, presenteada ao Duque de Devonshire por D. Pedro I Imperador do Brasil em 1832 (à esquerda); Castelo da FamíliaDevonshire (à direita). Acervo Devonshire: William George Spencer Cavendish, 6º Duque de Devonshire(1790-1858). 7 FIGURA 11 As pesquisas geológicas e arqueológicas sistemáticas no Brasil Império viriam a ocorrer a partir de meados do século XIX, pelo interesse do monarca D. Pedro II e do mineralogista José Bonifácio de Andrada e Silva, abastecendo o acervo dos primeiros museus brasileiros. No período republicano, pesquisadores dessas instituições e de museus estrangeiros, contribuíram ao aumento do número de coleções nos museus brasileiros, além do surgimento dos primeiros artigos científicos no Brasil. Por outro lado, D. Pedro II, como seu pai, foi autor de um lamentável exemplo, quando durante uma visita à Alemanha, levou o restante dos crânios de índios Botocudos, caçados no Brasil pelo príncipe MaximilianzuWied-Neuwied, para compor o macabro acervo dos militantes darwinistas. 6- A OBRA DO CASAL HENRI & OCTAVIE COUDREAU. Muitos estrangeiros contribuíram com a pesquisa dos recursos naturais da Amazônia, com a publicação de vasta literatura temática e formação técnica de brasileiros. Destacam-se o casal francês Henri & Octavie Coudreau, que prospectou cerca de 2.600 quilômetros de rios, além de 1.400 quilômetros na montanhosa Serra do Tumucumaque, que se estende por cerca de 320 quilômetros nas fronteiras entre o Brasil, Suriname e Guiana Francesa, estudando os recursos naturais e seus habitantes, os povos Aparaí e Uairanas. Realizaram pesquisas nessa região durante 210 dias pelos caminhos indígenas da floresta tropical, valendo-se da bússola, do sabre para a abertura de picadas e da caça para a alimentação. Com o auxílio dos índios cadastraram grande parte das nascentes dos cursos d’água, em particular dos rios Maroni e Oiapoque originários na Serra do Tumucumaque. Quanto aos itinerários e levantamentos na Amazônia, foram assinalados pelo casal Coudreau, um total de 38 folhas de levantamentos. O estudo dos recursos naturais da região Amazônica levou o explorador francês a acreditar na possibilidade da sua exploração econômica e consequente colonização, e do ponto de vista etnográfico, descobriu cerca de 20 tribos indígenas sedentárias, agrícolas, pacíficas e inteligentes, das quais estudou os costumes, os hábitos e os dialetos. Em 1895, o casal Coudreau inaugurou o Serviço de Exploração do Estado do Pará, incumbidos pelo Governador do Pará, Lauro Sodré, quando foram exploradas as bacias dos rios Tapajós, Xingu, Tocantins, Araguaia, Itaboca, Itacaiunas, Nhamundá e Trombetas ( Figura 11). Neste último, Henri Coudreau faleceu de febre amarela em Cachoeira Porteira, na embocadura do rio Mapuera com o rio Trombetas, no Estado do Pará. Merece destaque, entre as milhares de amostras coletadas pelos Coudreau, um bloco de hematita que marcou a chegada dos pesquisadores à Serra dos Carajás, dando-lhes os créditos de descobridores da Província Mineral de Carajás. Exposta na Coleção de Geologia, no prédio da Rocinha /MPEG, até o centenário do Museu, a referida peça foi lamentavelmente roubada! Entre outros destaques coletados pelo casal de pesquisadores, encontravam-se um grande cristal de topázio incolor de hábito placoso, com cerca de 25 cm de diâmetro e 3cm de espessura, e 1.200 gramas, além de amostras de cassiterita da região do rio Xingu, em cujo Distrito Mineiro, a partir da década de 1970, do século XX, haveria intensa atividade mineral de explotação da cassiterita. Tanto a amostra de topázio, como a da hematita, também foram roubadas! Outro fato marcante desses pesquisadores, foram as informações acerca das tribos descobertas, que serviram de base durante a década de 1940, para a elaboração pelo Serviço de Proteção aos Índios/SPI, das cartas do Estado do Pará, na escala 1: 6.500.000 (Figura 12), contendo as localizações das aldeias, dados de produção regional, demografia estimada dos grupos étnicos e cartografia regional. Foto: Acervo MPEG: O casal Henri Anatole Coudreau, Madame Octavie Coudreau e colaboradores. 10 FIGURA 14 1889, e sem prestígio, concluiu sua obra no Museu Nacional em 1892, promovendo a grande Exposição Antropológica Nacional, de repercussão internacional. Emílio Augusto Goeldi (FIGURA14) após elaborar um amplo estudo sobre a história da ciência, a partir de manuscritos, livros e acervos de naturalistas que percorreram o Brasil nos séculos XVIII e XIX, foi demitido juntamente com outros pesquisadores, após a proclamação da República. Com o Museu Imperial transformado em Museu Nacional, e uma reforma administrativa com novo regulamento, tabela de vencimentos diminuidos e a exigência de "ponto" para os naturalistas, praticamente expulsou Emílio Goeldi, Orvile Derby, Fritz Müller, Hermann Von Lhering, Wilhelm Schwacke e Carl Schreiner. Assim, em 1893, Goeldi aceitou o convite do governador do Pará, Lauro Sodré para dirigir o Museu Paraense, que se encontrava abandonado, visando transforma-lo em um centro de pesquisa sobre a Amazônia. O Museu Paraense havia tido o seu período pioneiro entre 1866 e 1894, marcado pelos trabalhos de Domingos Soares Ferreira Penna, seu idealizador, passou então a ter o período goeldiano entre 1894 e 1907, marcado pelas pesquisas de Emílio Goeldi, do casal Coudreau, de João Barbosa Rodrigues e Aureliano Lima Guedes.Passou- se, então, a uma fase de grandes excursões pela Amazônia, contando com coletas sistemáticas dos recursos naturais mais representativos, para serem formadas as primeiras coleções do Museu. Foi dada ênfase à participação ativa na luta nacional contra a Febre Amarela, quando Goeldi mobilizou o Museu para identificar as principais espécies de mosquitos da Amazônia. Assim, foi identificado o ciclo reprodutivo desses insetos, em 1902, eobjeto de publicação no Diário Oficial de um trabalho sobre profilaxia e combate à Febre Amarela, Malária e a Filariose, antecedendo as recomendações que o médico Oswaldo Cruz faria em Belém, em 1910. Durante sua gestão o Museu Paraense Emílio Goeldi-MPEG ganhou nome internacional, pelas pesquisas geológicas, geográficas, arqueológicas, climatológicas, agrícolas, faunística, florística e etnológicas. Após 13 anos de atividades em Belém, Emílio Goeldi retirou-se, doente, para a Suíça, onde faleceu aos 58 anos. Entre os grandes colaboradores de Goeldi, destaca-se Aureliano Pinto de Lima Guedes (1848-1912) de Salvador, Bahia, colaborador do Museu Paraense nas pesquisas do antigo território do Contestado, hoje Amapá, e mesmo sem ser funcionário do Museu, prestou relevantes serviços entre 1894 e 1897. Além de histórico servidor dos Governadores Lauro Sodré, Justo Chermont, Paes de Carvalho e José Veríssimo, foi juntamente com Goeldi, o formador de várias coleções produzidas em duas excursões no ano de 1895, para o levantamento e coleta de material geológico, arqueológico e espécies animais. Ambos percorreram grande parte da “Guiana Brasileira”, então território do Contestado, nos rios Cunaní (antigo Goanany), Cassiporé, Maracá e Anauerapucu, descritos na obra "Escavações archeológicas em 1895"e publicado em 1900 nas Memórias do Museu. Outro colaborador de Goeldi foi Friedrich Katzer (1861-1925), geólogo e mineralogista austríaco, que a partir de 1895 passou a chefiar o Departamento de Geologia do Museu Paraense, em Belém. Entre outras atividades de pesquisa, Katzer participou de diversos projetos exploratórios, destacando-se o primeiro Mapa Geológico do Estado do Pará, para o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Por outro lado, também montou as coleções mineralógicas e geológicas para o Museu Nacional da Bósnia em Sarajevo, para onde, sempre que podia enviava amostras de minerais, rochas e artefatos arquológicos. Em 1925, em parceria com Adolpho Ducke, publicou a obra “Geologia do Estado do Pará”, descrevendo aspectos geológicos do Baixo Amazonas, sobre as pinturas rupestres da gruta de Itatupaoca (Serra do Ererê), as cavernas na região de Monte Alegre efiguras rupestres em arenito. Encontrou, ainda, em uma pequena cavidade próximaàs figuras rupestres, uma ossada humana, concluindo ser o localum monumento sepulcral para os antigos chefes indígenas. Contribuiu para o conhecimento do Paleozóico da Amazônia, em particular do Foto: Museu Nacional do Rio de Janeiro. Emílio Augusto Goeldi. 11 Devoniano e sua relação com outras regiões, além de estudos da geologia de diversas regiões do Estado do Pará. Sem dúvida, durante o século XIX a grande presença de naturalistas estrangeiros em solo brasileiro, e em particular na Amazônia, resultou no envio de milhôes de amostras de nossa fauna, flora, objetos indígenas e artefatos arqueológicos para fora do Brasil. Ainda assim, Emílio Goeldi, entre outros méritos, conseguiu com muito esforço e colaboração dos abnegados colaboreadores, ampliarem a coleção do MPEG. Na verdade, ao longo do século XIX a Amazônia foi o paraíso dos naturalistas e mercadores de recursos naturais. Segundo o naturalista inglês Henry Bates, a região tornara-se rota obrigatória para todos aqueles que queriam participar dos debates, do comércio e das últimas descobertas científicas. Dos que vieram ao Brasil, a maioria incluiu a Amazônia no seu roteiro de “pesquisas”, eram botânicos, zoólogos, entomólogos, médicos, geólogos, geógrafos, ictiólogos, de várias nacionalidades, entre eles, destacam-se os alemães Príncipe Adalberto da Prússia (1845), os já citados Karl Friedrich Philipp Von Martius (botânico) e Johann Baptiste Von Spix (zoólogo), entre 1817 e 1820, com as primeiras informações sobre arte rupestre na Amazônia. O inglês Alfred Wallace, em 1848,também descreveu as pinturas rupestres da Serra da Lua, Monte Alegre, registrando informações sobre a cor, forma e dimensões dessas pinturas. O geólogo canadense Charles Frederick Hartt, empregado do escroque americano John Morgan,também escreveu sobre a geologia da Amazônia durante sua viagem em 1870, na região de Monte Alegre e Ererê. Conhecida como Expedição Morgan, devido ao financiador dessa viajem haver determinado a compra e coleta de tudo que pudesse enfeitar os salões do arquimilionário, resultando numa série de trabalhos sobre a geologia e arqueologia regional, além de publicações dos desenhos das figuras pintadas de Monte Alegre, com minuciosa descrição quanto às formas, dimensões, técnica de execução e a matéria-prima utilizada na sua confecção. Esta expedição também marcou a chegada ao Brasil do geólogo Orville Adelbert Derby, como assistente recém-formado de Hartt. Nascido em 1851, em New York, Derby passou mais de 40 anos dos seus 65de vida, no Brasil, publicando 173 trabalhos científicos sobre a Geologia do Brasil entre 1873 e 1915.Seus trabalhos sobre Mineralogia e Geologia Econômica perfazem 48 publicações, sobre diamante, Geografia Física, Cartografia, Geologia Geral, Petrografia, Meteorologia, Arqueologia e Paleontologia e o Mapa Geológico do Brasil. Graduado em Geologia em 1873, e orientado por C.F. Hartt, recebeu o "Master's Degree", com a tese "OntheCarboniferousbrachiopodaof Itaituba, Rio Tapajós". Em 1892, foi homenageado com a medalha “Wollaston”da GeologicalSocietyof London, pelos trabalhos realizados para o Journal of Geology e para a American Journal of Science. Quando Hartt organizou a Comissão Geológica do Império do Brasil, nomeou Orville Derby como assistente, e com a dissolução dessa Comissão em 1877, Derby entrou para o Museu Nacional, até 1906, quando criou o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Outros nomes menos expressivos também deixaram relatos das suas viagens pela Amazônia, como o ingles Alfred Russel Wallace (1848-1852), os americanos Daniel P. Kidder (1839), Willian Lewis Herdon e Lartdner Gibbon (1851-1852), os italianos Gaetano Osculatti (1847-1848) e Ermanno Stradelli (1888-1889), os alemães, príncipe Adalberto da Prússia (1845), Johann Von Naterrer (1820) e Robert Ave-Lallemant (1859). Todos fizeram da Amazônia seu almoxarifado de produtos roubados, de eventuais pesquisas e comércio. Outros predadores como o Pe Lisle du Dreneuc, do Museu de Nantes na França, detalha em sua obra de 1889, “Nouvelles découvertes d’idoles del’Amazones”, dois ídolos confeccionados em nefrita, e que haviam sido roubados pelo Pároco de Óbidos, Pe Augusto João Maria Cullerre. Ainda assim, fez sucesso com a apresentação dessas peças arqueológicas no IX Congresso Internacional dos Americanistas, em 1892 em Huelva, Espanha. Essas pessoas podiam fazer parte de grandes comissões científicas financiadas pelo estado, pelas igrejas ou serem financiadas por fundos privados, através da articulação com o mercado de coleções de histórica natural. O fato é que, se atualmente centenas de organizações sociais depredam o patrimônio natural da Amazônia, camufladas na defesa desta, no final do século XIX ja havia dezenas de instituições, sociedades e museus americanos e europeus, comercializando ou roubando os recursos naturais brasileiros em geral. Podem-se destacar as seguintes instituições: American Antiquarian Society (1812), Society of Antiquaries of Newcastle upon Tyne (1813); Société des 12 Antiquaires de Normandie (1824); Kongelige Nordiske Oldskriftselskab (Sociedade Real dos Antiquários do Norte) (1825); Deutsche Gesellschaftzur Erforschungvaterländischer Sprache und Alterthümer (German Society for Research on the German Language and Antiquities) (1827); Keninklik Frysk Genoatskipfoar Skiednis en Kultuer (Frisian Society for History and Culture) (1827); Société de Statistique D’histoire et D’Archéologie de Marseille et de Provence (1827); KongeligeNordiskeOldskriftselskab (Sociedade Real dos Antiquários do Norte, 1825); SociétéArchéologique du Midi de la France (1831); AntiquarischeGesellschaft in Zürich (Sociedade dos Antiquários de Zürich, 1832); Société Françaised’Archéologie (1834); Société d’Histoire et d’Archéologie de Genève (1838); Sociedade dos Antiquários da França, SociétéEthnologique de Paris (1839); American Ethnological Society (1842); Ethnological Society of London (1843); Archaeological Institute of GreatBritain and Ireland(1844); Smithsonian Institution(1846);Sociétéd’Anthropologie de Paris (1859); London Anthropological Society (1863); Berliner Gesellschaftfür Anthropologie; Ethnologie und Urgeschichte (1869); Anthropological Institute of Great Britain and Ireland (1871); Bureau of Ethnology (1879) do Smithsonian Institution e Society for American Archaeology (SAA); Императорское Русское Археологическое Общество (SociedadeArqueológica Imperial Russa). 10- SÍNTESE DA PESQUISA NA AMAZÔNIA NO SÉCULO XX. O período compreendido entre o início do século XX e a década de 1940, é de quase nula atividade de pesquisa na Amazônia, em decorrência das duas grandes guerras, da falência do comércio regional, devido em grande parte ao roubo das 70 mil sementes de seringueira pelo agente britânico Henry Wickham, em 1870, e que depois de plantadas na Malásia, tornou o Reino Unido independente da borracha brasileira e principal fornecedor desse produto às empresas consumidoras da borracha. Tal fato atingiu o Brasil e a Bolívia, que tinham na borracha um dos seus principais vetores de desenvolvimento. A Amazônia viu desaparecer a ferrovia Madeira-Mamoré e a quase ruína do comércio regional. Surgem assim, novas aberrações científicas, reforçadas pela incompetência dos governantes. 10.1- A “pesquisa” de Theodore Roosevelt na Amazônia. Em 1913, frustrado com a derrota nas urnas, e não ter sido reeleito presidente dos Estados Unidos para um terceiro mandato seguido, Theodore Roosevelt resolveu afogar as mágoas políticas da forma que ele julgava a melhor possível: aventurar-se em algum ponto inóspito do mundo, onde toda sua capacidade humana de sobrevivência seria testada (Figura 16). Com a experiência de quem já participara de safáris na África e de excursões pelo interior selvagem da América do Norte, Roosevelt escolheu os territórios inexplorados do Brasil, com especial atenção pela Amazônia, em face ao antigo sonho americano de possuir uma “Guiana Americana”. Assim, o Ministro de Relações Exteriores brasileiro, LauroMüller, a pedido de Roosevelt, organizou um safári brasileiro, como uma espécie de gran finale para sua jornada sul- americana, sob o patrocínio do Governo Americano e do Museu de História Natural Americano. O plano inicial foi fazer um cruzeiro pelo Rio Amazonas, que mudou com a sugestão do Governo Brasileiro de que Roosevelt acompanhasse o Marechal Cândido Rondon em uma exploração através do rio da Dúvida, na selva amazônica. Roosevelt escolheu descer este rio que nasce emMato Grosso eque havia sido descoberto pelo português Pires da Silva Pontes, em 1798. Denominado rio da Dúvida, foi rebatizado pelo Governo Brasileiro com o nome de Theodore Roosevelt, por conta dessa famigerada “expedição científica Roosevelt”, de dezembro de 1913 a março de 1914 (Figura 16). Foto: Philadelphia Museum.Theodore Roosevelt. FIGURA 15 15 FIGURA 21 FIGURA 22 amostras coletadas para a Alemanha. Etnologista, Koch-Grünberg estudou os povos indígenas da América do Sul, em particular da região Amazônica, sua mitologia, lendas, etnologia, antropologia e história. Explorou os rios Japurá, Negro, Branco e Orinoco, foi diretor do Museu Linden em Stuttgart e consultor especial do Museu Paraense Emílio Goeldi. As suas narrativas dos povos indígenas, inspiraram o amigo Mário de Andrade, em 1928, na sua obra Macunaíma ao descrever o herói da Amazônia, imbecil e sem nenhum caráter. Entre os objetivos específicos das pesquisas estava o desenvolvimento da aerofotogrametria de uso militar, e de grande sucesso durante a 2ª Guerra Mundial. Foi um trabalho cheio de lacunas e erros, com os alemães abatendo milhares de espécimes da fauna, coletando e enviando para os museus da Alemanha, rochas e minerais, artefatos arqueológicos, peles, crânios, ossos, dentes, plumagens e órgãos conservados em álcool, com total apoio logístico do Diretor do MPEG, Carlos Estevão e cúmplice desses atos extremamente desabonadores. É curioso destacar também, que, durante a fantástica expedição nazista, Otto Schulz-Kampfhenkel, oficial do Partido Nazista, viveu nos idos de 1937, uma paixão tórrida com a bela Macarrani, filha do cacique Aparaí, resultando no cruzamento da “superior raça alemã” com uma selvagem, nascendo a cabocla Cessé, de olhos azuis e chamada pelos seus contemporâneos de “Alemoa”. Outro cidadão alemão que vivia há anos em Belém, Curt Nimuendaju Unkel, também convidado a guiar a expedição nazista, negou-se por ser antinazista, além de ter contas a pagar com a justiça alemã por ter se recusado a servir durante a 1ª Guerra Mundial e por suspeita de estupro naquele país. Apesar de não possuir diploma universitário, Curt NimuendajuUnkel obteve destaque no Brasil, pelo seu trabalho etnográfico "Mapa Etnohistórico do Brasil", e pela chefia da Seção de Etnologia do Museu Paraense Emilio Goeldi. Sua obra sobre petroglifos amazônicos foi publicada em 1907, pelo Museu Goeldi e Instituto Socioambiental de Arapyaú, com o título“Petróglifos Sul- Americanos”, sendo considerada, à época, importante fonte de documentação sobre as gravuras rupestres do Alto Rio Negro. Contêm, ainda, informações sobre gravuras e pinturas rupestres no Brasil e outros países da América do Sul, que as considerava, assim comoKoch-Grünberg,produto do ócio das antigas subculturas sul-americanas. Segundo Schulz-Kampfhenkel, Nimuendaju era dedicado ao seu harém de índias de diversas etnias, ao comércio de minerais, cerâmica, ídolos de pedra e líticos em geral da região do Baixo Amazonas, além de ser contratado do Museu de Göteborg, Suécia, para reunir coleções para compor as vitrines relativas à Amazônia, ou para o comércio dessas. Dessa relação entre o Brasil e a Alemanha, fez surgir na década de 30, o primeiro Serviço Aéreo Internacional Condor, localizado na Praça Princesa Isabel, às margens do Rio Guamá, em Belém. Era a Europa em três dias Belém-Berlim, em hidroaviões da empresa Condor Syndikat, depois vendida à empresa de aviação Cruzeiro do Sul. Dessa fase ficou apenas a lembrança e a herança da pronúncia alemã ‘Condor’, em relação ao bairro boêmio belenense. Fotos: Acervo de Curt NimuendajuUnkel. Curt em Belém como chefe da Seção de Etnologia do MPEG; como cacique índio e com suas esposas. FIGURA 20 16 FIGURA 23 10.3- A prospecção garimpeira. Durante o século XX merecem destaque as novas descobertas de ouro no Estado do Pará, particularmente na década de 50, quando seringueiros encontraram as reservas auríferas do rio Tapajós, tornando a região importante produtora de ouro e gemas. Sabe-se, no entanto, por meio de documentos da antiga Coletoria de Santarém, que desde o século XVII havia notícias daexplotação de ouro nessa região, quando os Jesuítas estabeleceram ali os primeiros núcleos populacionais e incentivaram os indígenas à garimpagem do metal nobre. O rio Tapajós já era reconhecido como produtor de ouro desde 1810, quando Antônio Peixoto de Azevedo em trabalhos de exploração, obteve aproximadamente 64 (sessenta e quatro) oitavas de ouro que foram enviadas para o rei D. João VI. Na verdade Peixoto de Azevedo deu nome aos rios Arinos, Tele Pires e Rio Sangue, quando buscava alternativas aos transportes praticados na época, em direção a capital paraense, denominada de "Navegação Paranista." Os poucos registros históricos em relatar maiores detalhes dessa expedição, em parte fracassada, fez a região permanecer bruta e intocada até a década de 70, com o projeto do Governo Brasileiro de construir grandes estradas na Amazônia. Assim, em 1979, grandes quantidades de ouro foram descobertas com a abertura da Br 163, e com a notícia se espalhando rapidamente, chegaram à região milhares de pessoas em busca do enriquecimento em mais uma "corrida do ouro", tornando-se garimpeiros os muitos colonos do Sul do Brasil, trazidos pelo INCRA para assentamentos agrícolas. Em termos regionais, além da reserva do Tapajós, a atividade garimpeira foi muito atuante também ao sul de Carajás (Andorinhas, Tucumã e Cumarú), na região do rio Gurupi, no Amapá, no norte do Estado do Mato Grosso (Juruena e Teles Pires), no alto rio Negro (Cabeça do Cachorro), em Rondônia (rio Madeira) e em Roraima (Surucucus e vizinhanças). Durante a década de 80 do Século XX essa região chegou a ter mais de trezentas pistas de pouso em áreas de produção aurífera, tendo ocorrido muitos conflitos sociais. Como grande destaque regional, encontra-se o garimpo de Castelo dos Sonhos, atualmente aspirando a município, distante 1.100 km da sede Municipal de Altamira, nas proximidades da Floresta Nacional do Jamanxim. Descoberto pelos geólogos do Projeto PÓLAMAZÔNIA (SUDAM/IDESP) em pesquisa mineral nos anos 70, ao identificarem a presença de ouro contido nos aluviões utilizados pelo 8º Batalhão de Engenharia e Construção, no aterro de trecho da rodovia Santarém-Cuiabá. Tal notícia deu início à lavagem da rodovia, e à ocupação dessa área por milhares de garimpeiros, comerciantes, implantação de sete pistas de pouso, muitas fortunas e infortúnios. Em 1979, iniciou-se o fenômeno de Serra Pelada, quando o ex-aluno de geologia Vilfredo “Cara de Bolacha”, trabalhando como topógrafo, encontrou ouro no local denominado “Grota Rica”. Surgiu assim, o maior garimpo de ouro do mundo, tendo atingido cerca de oitenta mil pessoas. O ápice da produção de Serra Pelada se deu no início da década de 80, com a produção anual atingindo cerca de 40 t (Figuras 24 e 25). FIGURA 24 FIGURA 25 Fotos DNPM. Concentração de garimpeiros na área que produziu mais de 40 t anuais de ouro. 17 Atualmente, apesar da exaustão do ouro contido na superfície do solo, a região ainda possui reserva em profundidade com grande quantidade do metal, sendo necessário para a sua explotação o uso da lavra mecanizada. No final da década de 90, com as atividades garimpeiras em Serra Pelada já paralisadas, houve uma tentativa de retomar as atividades mineiras em Serra Pelada, quando a Federação das Indústrias do Estado do Pará- FIESP recebeu uma comitiva de empresários chineses interessados em investir na mecanização desse garimpo. Assim, o Presidente da Federação, à época o eng. Fernando Flexa Ribeiro, convidou o geol. Taylor Collyer, por haver trabalhado na região durante os três primeiros anos do garimpo, a acompanhar um grupo de empresários chineses, para explicar alguns detalhes técnicos sobre a região e o garimpo, entre outros. Em menos de uma hora após a chegada da comitiva, destacou-se entre o grupo de garimpeiros da Cooperativa e outros remanescentes que acompanhavam os visitantes, um personagem baixo, ruivo e bêbado, tristemente famoso na região, como o pistoleiro “Fogoió”. Este sacou um revolver calibre 38, introduziu na boca do geólogo, quebrando-lhe um dente, dizendo que “é assim que trato os cara da Vale”. Com a gritaria generalizada dos garimpeiros e membros da Cooperativa, de que ninguém era funcionário da Vale, o mesmo retirou-se de costa com o revolver em punho, diante da correria dos chineses para o avião e o socorro ao geólogo. Serra Pelada continua um grande centro de bandidos, cidadãos falidos, garimpeiros iludidos por políticos corruptos e sem perspectivas em curto prazo. Outras regiões produtoras de ouro que se destacaram a partir da década de 80 foram a do Cumarú, Gurupi, Redenção e Tucumã, além da Volta Grande (Xingu) e do rio Jarí. No caso da cassiterita, entre os anos de 1969 e 1970, uma pesquisa foi realizada pelo geól. Otávio Chaves, nas rochas granitoides constituintes das estruturas circulares do município de São Felix do Xingu, tendo como principal ferramenta as fotos aéreas do Projeto Araguaia, na escala 1: 45.000. Foram então encontrados importantes depósitos de cassiterita, anteriormente citados pelo casal Coudreau no final do séc. XIX ecaracterizando toda a região como oDistrito Estanífero de São Félix do Xingu. Esta região foi objeto da explotação pelas empresas PROMIX, TABOCA e IMPA, por mais de trinta anos, além de alvo da ação de milhares degarimpeiros instalados nas áreas do entorno dessas mineradoras. 10.4- A demanda por geólogos e a mineração nas décadas de 1960 a 2000. Durante dos anos 50, somente o geólogo Pedro de Moura, realizou pesquisas geológicas através do mapeamento geológico regional em busca de carvão e petróleo na Amazônia em um extenso trabalho topográfico e de amostragem. Profissional intrépido foi o descobridor do primeiro campo comercial de petróleo no país, o Campo de Candeias, no Estado da Bahia, utilizando uma sonda montada em uma carreta puxada por um trator, com o auxilio de várias juntas de bois. Mesmo no MPEG, os poucos técnicos que participavam de prospecção geológica/arqueológica, como o casal de americanos Clifford Evans e Betty Meggers, o faziam objetivando o comércio de minerais, rochas e artefatos arqueológicos para a Werner Green Foundantion e o Departamento de Antropologia da Universidade de Columbia, no projeto denominado “Archaelogical Study in the Lower Amazon, Brazil”. Abasteceram os museus e instituições patrocinadoras com peças obtidas nas escavações, doações e compras. Assim, face à carência de profissionais para os projetos de pesquisa, particularmente no Estado do Pará,com uma enorme demanda para as atividades nos novos depósitos minerais descobertos, em uma reunião histórica em 1963, os geólogos Avelino Ignácio de Oliveira, Pedro de Moura, Carlos Walter Marinho Campos, e o engenheiro de petróleo Raimundo Ruy Pereira Bahia, decidiram criar o primeiro Curso de Geologia da Amazônia. Uma Resolução do Conselho Universitário (CONSUN), de 23/12/63, criou o curso de Geologia na UFPA, e, um acordo entre a UFPA e PETROBRÁS permitiu a contratação de técnicos dessa empresa. Assim, o Instituto de Geociências da UFPA teve início há cerca de 50 anos com o Curso de Graduação em Geologia e o primeiro curso de Pós-Graduação da UFPA, em Geofísica. Atualmente possui uma estrutura que contempla os cursos de graduação, mestrado e doutorado, em Geofísica, Geologia, Meteorologia, Oceanografia, Geofísica e Geoquímica. Conta, ainda, com dezenas de laboratórios, uma Biblioteca Setorial, com acervo superior a 37.000 volumes e o Museu de Geociências, criado pelo Prof. 20 ouro e cobre do Igarapé Bahia, Salobo, Alemão e Sossego, entre outros. Assim foram aumentadas as reservas minerais paraenses, como fruto dessa intensa atividade prospectiva. 10.8- A precária infraestrutura do estado do Pará. Durante a última década de 70 houve uma intensa atividade de pesquisa mineral no Estado do Pará, com a descoberta de muitos depósitos. Tal fato demandou para que houvesse aintegração rodoviária e ferroviária estadual, tão necessária para o acesso e escoamento da produção mineira paraense. A construção da ponte rodoferroviária sobre o rio Tocantins, em Marabá, com 2.340 m de extensão, tinha como função inicial fazer apenas o cruzamento ferroviário das cargas de minério ferro,interligando a Província Mineral de Carajás, no Pará, ao Terminal Portuário de Ponta da Madeira em São Luís, Maranhão.Entretanto, como a CVRD afirmava que as empreiteiras brasileiras não estavam em condições técnicas de executar obras de integração ferrovia/rodovia, o que atenderia ao pleito do grupo político maranhense, o ex Governador do Pará Aloysio da Costa Chaves intercedeu veementemente junto à Presidência da República, sendo a ponte com o sistema binário inaugurada em fevereiro de 1985. Viabilizou-se então, a ligação do sudeste paraense com costa nordeste brasileira.Por outro lado, o Governo do Pará optou ainda por uma integração estadual rodoviária, em Convênio IDESP-GEIPOT, e com financiamento previsto pelo Governo Japonês. Assim, os autores iniciaram o reconhecimento geológico e avaliação das alternativas para a implantação de quatro pontes para uma futura rodovia Belém-Vila do Conde, conhecida como Alça Viária. Após extensa pesquisa bibliográfica, fotointerpretação e imagens de radar ampliadas para 1: 60.000, 20 horas de helicóptero de apoio durante trinta dias de trabalhos de campo, foi pesquisada toda a região compreendida entre os municípios de Belém e Abaetetuba, avaliando-se todas as alternativas, geológicas, arqueológicas e ambientais, para o percurso da futura rodovia.Entretanto, como as ONGs americanas de plantão na Amazônia haviam pedido ao Presidente Americano Ronald Reagan, que intercedesse negativamente junto ao Japão, durante sua visita a este país, foram então cancelados todos os procedimentos conveniados. Assim, somente nos anos 2000 foi implantada essa rodovia com recursos da privatização da empresa de energia estadual, pelo Governador Almir Gabriel, sendo aprovados e mantidos pelos construtores todos os estudos realizados pelos técnicos doIDESP. 11-OS ÍNDIOS E A PROSPECÇÃO MINERAL. Praticamente todos os geólogos e afins que trabalharam nos projetos de mapeamento ou na pesquisa mineral nas décadas de 60, 70 e 80 passadas, conviveram ou tiveram bons contatos, ou nem tanto, commembros das diversas etnias que habitam a Amazônia. Entre os muitos casos de sequestro, mortes e suspensão das atividades de pesquisa, ocorridos com vários colegas da CVRD, CPRM, DNPN, entre outros, destacamos alguns que efetivamente participamos. Vale a pena narrar um fato, e suas consequências, ocorrido durante o Projeto Rio Fresco do IDESP, no final dos anos 60, na aldeia Gorotire, utilizada como base de campo para as dezenas de técnicos do referido projeto. O índio mais alto e forte da aldeia de nome Kempó, tornou-se amigo do chefe do projeto, o saudoso José Maria Santana Santos. Este, do alto dos seus 1,50 metros, sempre que podia passava pelo Kempó e o cutucava na barriga, escutando”catiiiamiúri”(para rato), apelido do Zé Maria! Em um fim de tarde ao repetir a brincadeira, o Kempó segurou o Zé pelo braço e pelo tornozelo, arremessando-o do alto de um barranco para dentro do rio Fresco. Continuaram amigos, e ao longo dos anos 70, sempre que o temido Cacique Pombo vinha à Belém, com sua comitiva, trazia o Kempó para ver o implicante amiúri. Semanas antes do Cacique Pombo trucidar um grupo de invasores das suas terras, incluindo criança e uma mulher grávida de gêmeos, com uma borduna, ele, seu sobrinho Paiakan, Kempó e o Cacique Kruier, estiveram em Belém e no IDESP, em visita ao Zé Maria. Este, já doente, mandou avisar que havia saído, e então, todos os índios sentaram-se na entrada do prédio e avisaram que esperariam sem pressa. Já pela tarde, o Zé Maria precisou pular o muro dos fundos do IDESP, dar a volta no quarteirão, entrar fazendo festas para os para os cerca de vinte guerreiros e ouvir os gritos “amiúri, amiúri”.Foi graças ao apoio e amizade da FUNAI e das lideranças das aldeias Gorotire, Kumbenkranken e Krenekrakore, que foram concluídos os trabalhos de prospecção mineral na Bacia do rio Fresco. 21 Outro fato marcante se deu entre 1975 e 1977, no Projeto POLAMAZÔNIA, Convênio IDESP&SUDAM, quando os autores, em trabalhos de mapeamento geológico com uso de helicóptero em um afluente do alto rio Cuminapanema, encontraram uma aldeia, que os recebeu com flechadas pelos índios. Assim, a etnia identificada pela FUNAI comoZo'é, entraram para a história como um dos últimos povos "intactos" na Amazônia, sendo a altura dos homens adultos maior que 1,80 metros, e as mulheres com mais de 1,70 metros. A divulgação pela mídia desses índios “gigantes” atraiu os “missionários” protestantes americanos da ONG/Missão Novas Tribos do Brasil, que abriram uma pista de pouso, e em nome de Cristo, levaram este povo Tupi, até então isolados, a conhecer e morrer de doenças diversas, inclusive venéreas. Atualmente a FUNAI ocupa a pista construída tendo expulsado os “missionários” da região. Na bacia do rio Cuminapanema, região contígua aos campos gerais e acima do Paralelo 0º, encontra-se a Serra da Borboleta, onde em 1977 encontramos cerca de duzentos índios, liderados pelo Cacique Pedro e seu filho, que ao perder uma perna por picada de cobra, compensou a deficiência, tornando-se o mais ágil guerreiro do grupo. Haviam abandonado a área da Missão deTiriós, devido à imposição dos missionários católicos, padres italianos que os proibiam de praticar seus cultos religiosos, além do assédio sexual aos jovens incluindo crianças. Com o apoio deles foi mapeada a Serra da Borboleta, encontrado o primeiro depósito de amazonita da Amazônia, além de um sítio arqueológico com inúmeros muiraquitãs e artefatos líticos. Concluem-se as lembranças indígenas, quando no final dos anos 80, o Cacique Pombo chegou com a sua comitiva à sede do 5º Distrito do DNPM, em Belém, invadindo o prédio para questionar a suposta invasão do espaço aéreo das “Nações” Gorotire, Kumbenkranken, KruiereKrenekrakore, pelas aeronaves da Cruzeiro do Sul, que realizavam o levantamento aerogeofísico regional, dentro do Programa de Levantamentos Geológicos Básicos/PLGB, uma realização CPRM-DNPM. Após uma tarde de debates, ameaças e conversas fiadas, soubemos que as ONGs americanas e europeias que atuavam no Sul do Pará, os haviam convencido de eram nações livres, que poderiam contar com apoio americano, europeu e da ONU e que representantes do Governo Brasileiro deveriam pedir autorização às ONGs e aos caciques para entrar nos territórios das “nações”. Após todas as explicações e convencimentos além de presenteá-los com cristais de calcita transparentes, que duplicam as imagens, tudo terminou bem, apesar dos furos de balas nas aeronaves invasoras. 12- SÍNTESE DO ATUAL SETOR MINERAL PARAENSE. Figura 27. O Estado do Pará com cerca de 850.000 Km² de rochas cristalinas e grande potencial para minérios polimetálicos, gemas e rochas ornamentais, possui também cerca de 400.000 Km² de rochas sedimentares, com possibilidades de óleo e gás, calcário, bauxita, fosfato, gipsita, turfa e minerais de aplicação na construção civil. Com possibilidade de tornar-se em breve o maior produtor mineral do Brasil, mesmo com as atuais reservas nacionais de 30,5% do ferro (17.354.527.000 t); 80,6% da bauxita (2.394.675.000 t); 43% do caulim (81.800.000 t), 75% do cobre (1.348.298.000 t); 25,4% do manganês (80.807.000 t); 21,2% do níquel (80.725.000 t), e 12,3% do ouro, por contar ainda com 50 depósitos de ouro, bauxita, sienito, estanho, água mineral, cobre, calcário e argila, com grandes possibilidades de explotação. Nas seis Províncias Minerais: Carajás, Andorinhas/Sapucaia, Aurífera do Tapajós, Xingu/Pacajá, Calha Norte e do Gurupi (Figura27), 17 minas ocupam 2.770 Km², ou 0,2% do território estadual, correspondendo a uma fazenda com capacidade para menos de 100.000 cabeças de gado. Fruto da pesquisa, e da histórica atividade garimpeira, o Estado do Pará transformou-se nos últimos anos no segundo produtor brasileiro de minérios, com francas possibilidades de atingir, nos próximos anos, o topo da Principais ProvinciasMineraisParaenses. Mm Mineraisr Minerais. 22 produção nacional, uma das maiores do Ocidente e representando mais de 80% do total das exportações do Estado. Encontra-se também no Pará a maior jazida mundial de ferro, que responde por 31% das reservas brasileiras, com 17,4 bilhões de toneladas, a terceira concentração mundial de bauxita, com 2,4 milhões de toneladas, ou 80% das reservas existentes no país e a maior produção nacional de ouro (30%), com reservas estimadas em 300 toneladas. Possui ainda, as maiores reservas nacionais do cobre (77%), gipsita (43%), caulim (43%) e participação expressiva nas de manganês (36%), níquel (16%) e tungstênio (33%), importantes concentrações de estanho (41,8 milhões de m³) e calcário (1,7 bilhão de toneladas), como também o atualMapa Gemológico do Estado do Pará, identifica 256 ocorrências de minerais e rochas com caráter gemológico, com destaque para diamante, água marinha, ametista, berilo, calcedônia, citrino, cristal de rocha, fluorita, granada, malaquita, opala, quartzo, rutilo, turmalina e topázio. Por outro lado, agrande produção mineral regional ainda está alicerçada em sete Projetos Mineiros, originalmente capitaneados pela Companhia Vale do Rio Doce, Grupo Cadam, Albras/Alunorte, Mineração Rio do Norte, Imerys Caulim Brasil e Camargo Corrêa Metais, além de uma intensa atividade garimpeira, e de pequenas minas que operam sobre depósitos superficiais. As cinco áreas com maior extração garimpeira de ouro perfazem cerca de 100 mil km², sendo a mais importante a região do Tapajós, no oeste do estado e maior produtora aurífera do país, tendo atingido entre 1980 e 1997, 46,8% das 308,9 toneladas de ouro extraídas do subsolo paraense. Nesse período, a produção do Pará representou 1/3 da brasileira, estimada em 927 toneladas. Atualmente seis empresas estrangeiras, algumas delas com larga tradição em prospecção, lavra e beneficiamento de ouro, realizam pesquisa geológica no estado. 12.1- As gemas e o Programa Polo Joalheiro. Atualmente, o Estado do Pará tem reservas medidas e estimadas da ordem de 300 t de ouro, além de cerca de 250 ocorrências de gemas catalogadas,com mais de 60 variedades, com destaque para as regiões sul e sudeste do estado. Além dos 30.000 garimpeiros de ouro cadastrados e de algumas pequenas empresas, destaca-se o trabalho de aproximadamente 10.000 garimpeiros em umacooperativa na localidade de Alto Bonito, explotandoametista e citrino. Outros cerca de 5.000garimpeiros extraem diamante, cristal de rocha, malaquita, turmalina, topázio,opala, além das variedades “quartzo opalescente Araguaia”, “jade Araguaia” e “quartzo tricolor”. Estes fatos colocaram o Pará como uma região das mais importantes para o Setor Gemológico Brasileiro. Baseado nas informações contidas no Mapa Gemológico do Estado do Pará, foi criado no início do ano 2000, o Programa Polo Joalheiro, constituído portrês polos, em Belém, Itaituba (oeste do estado) e Parauapebas (no sudeste), em parceria com o SEBRAE, entre outras instituições, incentivando o associativismo entre os joalheiros estaduais, a formação de cooperativas e o aperfeiçoamento da tecnologia de produção. A sede deste programa foi estabelecida no prédio do antigoPresídio São José, em Belém, que após restauro, foi implantado um centro de lapidação, artesanato e comércio, além do Museu de Gemas do Polo Joalheiro. Este Museu conta com milhares de amostras representativas das gemas da Amazônia Pan-americana, da Amazônia brasileira, com ênfase ao Pará, além de uma exposição arqueológica, que evidencia o uso das gemas pelas antigas civilizações regionais, desde a pré-história até as ceramistas Konduri, Tapajó e Marajoara, o que ensejou o tema “Arqueologia Amazônica” para a produção joalheira paraense. 13- CONSIDERAÇÕES FINAIS. A carência de levantamentos geológicos continua dificultando a implantação de novos projetos desenvolvimentistas, apesar das potenciais vocações metalogenéticas regionais, que titularam a região como a última fronteira mineral do planeta. A mineração paraense pode atrair investimento, com excelente posição competitiva em relação a outros estados, sendo uma alavanca do desenvolvimento sustentado. Faz-se necessário elevar a capacidade estadual em competir por capital internacional de risco, com ação pública em promover o conhecimento geológico regional, priorizando programas de gestão da atividade mineral, incrementando a verticalização setorial. Ressalte-se que as minas em atividade e os grandes depósitos minerais conhecidos, foram em sua maioria aqueles descobertos nas décadas de 60/70, havendo, entretanto, extensas regiões desconhecidas. Cite-se como exemplo, a Mesorregião Baixo Amazonas, interflúvio Xingu- 25 ___________. 1988. O depósito de ametista do Pau D’arco, Município de Conceição do Araguaia, Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 35., Belém, 1988. Anais. Belém, Sociedade Brasileira de Geologia, v. 1, p. 374-382. 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