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Guias e Dicas
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História da Anatomia Humana, Notas de estudo de Anatomia

Apostila sobre o princípio e trajetória da anatomia humana desde os primórdios até a atualidade

Tipologia: Notas de estudo

2017
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Compartilhado em 22/03/2017

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Baixe História da Anatomia Humana e outras Notas de estudo em PDF para Anatomia, somente na Docsity! Brasília-DF. História da anatomia Elaboração Igor Duarte de Almeida Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração CAPÍTULO 2 PIRIGOV ............................................................................................................................... 66 CAPÍTULO 3 SOBBOTA .............................................................................................................................. 67 CAPÍTULO 4 ANATOMIA NO BRASIL ........................................................................................................... 68 UNIDADE VII TECNOLOGIA .................................................................................................................................... 72 CAPÍTULO 1 FERRAMENTAS ATUAIS ............................................................................................................ 72 UNIDADE VIII DICIONÁRIO ...................................................................................................................................... 76 CAPÍTULO 1 ETIMOLOGIA ......................................................................................................................... 76 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 95 6 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 7 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 10 que religiosos afereciam ao corpo. Esses religiosos proibiam qualquer prática que agredisse a constituição do corpo por considerá-lo sagrado (GARDNER, OSBURN 1980). No século IX o estudo do corpo humano voltou a interessar os sábios graças à escola médica de Salerno, na Itália. Logo depois outros médicos medievais enfatizaram a afirmação de que o conhecimento anatômico era importante para o exercício da cirurgia. Então todos os estudos feitos nesse período eram considerados clandestinos e contrários à regra. Atualmente, o estudo anatômico do corpo humano e o material utilizado é o cadáver ou as peças cadavéricas. O conhecimento deve ser transposto diretamente para a utilização prática e clínica do estudante, tornando-se viável a utilização de modelos anatômicos sintéticos e softwares aproximando o conteúdo básico do específico (NOBESCHI 2010). Objetivos » Fornecer informações sobre o princípio e a trajetória da anatomia desde os primórdios até a atualidade. » Abordar temas relevantes sobre a mística e a ciência que envolve essa fascinante matéria. » Compreender os aspectos históricos e evolutivos da anatomia. » Conhecer a linguagem técnica anatômica. 11 UNIDADE IREFLEXÃO CAPÍTULO 1 Oração ao cadáver Você conhece Karl Von Rokitansky? Talvez este nome não lhe seja familiar, mas se você estudou algum curso de nível superior na área da saúde com certeza conhece uma obra escrita por ele. A famosa reflexão ao cadáver desconhecido. Karl Von Rokitansky foi um renomado médico patologista nascido aos 19 de fevereiro de 1804 na cidade de Hradec Králóve, Replública Tcheca e faleceu em 28 de julho de 1878 em Viena, Austria (NOBESCHI 2010). Estudou medicina na cidade de Praga e adquiriu o título de doutor em 06 de março de 1828 pela Universidade de Viena. Dentre suas pesquisas, desenvolveu o método conhecido como a técnica de autópsia que ainda é um dos métodos padrões usado hoje. Conta-se que Rokitansky supervisionou cerca de 70.000 autópsias, e conduziu pessoalmente cerca de 30.000 uma média de 2 por dia durante 45 anos. Ele foi o criador da famosa Oração ao Cadáver Desconhecido. Trata-se de uma reflexão ao respeito que se deve ter ao corpo já sem vida. Os corpos que em muitas das vezes não lhe foram concedidos o devido valor e respeito, tiveram um fim muitas vezes indigno e desumano, porém sua participação para a evolução da ciência pode ajudar as pessoas que a eles negaram a ajuda correspondendo a um verdadeiro paradoxo da vida. Permitir a desintegração de seu corpo pelo estudo reforça a teoria de que a vontade de ajudar, independente da forma e o amor ao próximo são mais fortes do que a própria morte. Em países desenvolvidos o estudo de anatomia é preconizado com cadáveres oriundos de doações com o aval familiar. Entretanto, no Brasil, essa prática está longe de ser uma realidade e o meio de estudo se dá quase sempre é por meio de cadáveres de pessoas de rua desconhecidas. A oração ao cadáver desconhecido Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. 12 UNIDADE I │ REFLEXÃO Por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram. Acalentou e esperou um amanhã feliz, e agora jaz (morto) na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só DEUS o sabe, mas o destino inexorável (duro) deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente. Aqui é o lugar onde a morte se compraz (alegra) em socorrer a vida. Tu que tiveste teu corpo perturbado por nossas mãos ávidas de saber, e desvendar os mistérios do corpo humano, o nosso agradecimento e o nosso respeito. Karl Von Rokitansky 1804-1878 Talvez a intenção do autor fosse de homenagear o indivíduo desconhecido que está cumprindo o seu papel de cidadão. Não se sabe ao certo o que motivou o autor a escrever tal obra. O que se sabe é que nas aulas iniciais de anatomia, os professores leem o material para que o aluno reflita sobre a falta de oportunidade que o dono daquele corpo teve e que a única forma que encontrou para colaborar com a humanidade foi se doar para o estudo. Após essa reflexão, o aluno terá um mínimo de respeito para com aquele corpo que do seu passado nada se sabe, mas que no presente está ajudando o aluno a se tornar um grande profissional da saúde. Figura 1. Karl von Rokitansky. Autor da reflexão ao cadáver desconhecido. Fonte: <radiographics.rsna.org> 15 1o PERÍODO │ UNIDADE III vulneráveis ao ataque desses animais. A anatomia é, possivelmente, a mais antiga ciência que pode ser relacionada à medicina. A Cirurgia é a mais primitiva das atividades reconhecidas como médicas por ter como substrato a manipulação do corpo humano. Acredita-se que no início era orientada para tratamento de pequenos ferimentos, drenagens e alívio da pressão. Figura 2. A imagem rupestre pintada na rocha mostra 6 elefantes e cerca de 15 homens. Fonte: <geschichteinchronologie.ch> A primeira cirurgia O arqueólogo americano Ephraim George Squier encontrou um crânio que apresentava um pequeno orifício retangular na região frontal datado por volta de 1500-1400 a.C. Devido às características do orifício, concluiu que havia feito por mãos humanas. O crânio descoberto em 1865 constitui um divisor de águas com relação a uma nova interpretação dos crânios trepanados descobertos em culturas pré-históricas e essa descoberta levou a uma busca por outros crânios trepanados produzidos por outras culturas. De fato, diversos crânios com as mesmas características foram identificados em sítios arqueológicos do período neolítico na França, muitos deles datados de cerca de 4.000 a 5000 a.C. (CLOWER, FINGER, 2001; MUNRO,1891). Especialistas afirmam que o procedimento cirúrgico de nome trepanação era realizado principalmente em jovens para o tratamento de convulsões simples e associadas a possessões demoníacas. Dessa forma, atribuía-se a uma função religiosa, propondo que a trepanação teria a capacidade de libertar demônios que estariam atormentando o doente (CLOWER, FINGER, 2001; MUNRO,1891). 16 UNIDADE III │ 1o PERÍODO Figura 3. Crânio encontrado por Squier no Peru, com abertura do osso frontal e datado de 1500-1400 a.C. Fonte: Castro, Landeira-Fernandez (2008). É bem possível que os doentes tinham algum tipo de pressão intracraniana e quando abria- se o crânio diminuía a pressão e consequentemente o paciente tinha um alívio do sintoma. Após o procedimento, acreditava-se na libertação de um espírito ruim que estaria atormentando a cabeça do doente. <https://www.youtube.com/watch?v=T4TzZ00CzHY> 17 CAPÍTULO 2 Os sumérios Berço da civilização A área da antiga mesopotâmia é a região localizada entre os rios Tigre e Eufrates no sudoeste da Ásia. Embora seus limites variassem durante diferentes períodos da história, de modo geral, a região da mesopotâmia abrangia o território do atual Iraque e parte da Síria. Muitos grupos étnicos dominaram sucessivamente essa região em diferentes períodos, como os Sumérios, os Assírios e os Babilônicos. Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento, por volta de 4000-3500 a.C., da escrita cuneiforme, na qual os símbolos eram cunhados em placas de barro (OPPENHEIM 1964). Esses escritos fazem dos Sumérios um povo com importância histórica pelos escritos em placas de argila encontradas por arqueólogos, as quais eram usadas pelos sacerdotes da época. Essas que contém escritos médicos importantes. Eles acreditavam que o sangue era a fonte de todas as funções vitais e o órgão fígado o centro da distribuição do sangue. Portanto, o centro da vida. A partir dessa informação sabemos o motivo pelo qual esse povo recorria ao órgão para previsões (OPPENHEIM 1964). Figura 4. Modelo em argila de fígado de carneiro, possivelmente utilizado para hepatoscopia utilizado na formação de sacerdotes Fonte: Castro, Landeira-Fernandez 2008 20 CAPÍTULO 5 Os egípcios Anatomia egípcia A antiga cultura egípcia desenvolveu-se a oeste da Mesopotâmia, onde foi aperfeiçoada a ciência do embalsamento dos mortos do que nós conhecemos como múmias. Não se buscava o conhecimento do corpo humano para tratamento de doenças ou mesmo adquirir conhecimento sobre anatomia, já que embalsamar era estritamente religioso e reservado para a realeza e para os ricos a fim de prepará-los para uma vida depois da morte. Para os egípcios, a imortalidade da alma se conservava no corpo, daí o motivo pelo qual o povo desenvolveu métodos de preservação dos cadáveres. O coração não era retirado do cadáver por acreditavam que era o local onde residia a alma. Aliás, o coração era o local onde se armazenavam os delitos cometidos pelo morto. Era medido e pesado e se o valor ultrapassasse as medidas padrões, esse era condenado ao inferno. Assim, quanto mais pesado seu coração, mais pecados se tinha o condenado. O coração e a crença Os egípcios consideravam o coração como o centro da emoção, pensamentos e por todas as demais funções hoje associadas ao sistema nervoso central. Esse povo acreditava na existência de um nervo localizado no 4o dedo da mão (digitus cordis) que se dirigia diretamente ao coração e, portanto, era via direta de comunicação. Então os casais egípcios passaram a usar argolas no 4o dedo para que os corações permanecessem unidos. Essa prática foi incorporada ao cristianismo que introduziu como tradição o uso de argolas de ouro nos dias atuais. Os antigos egípcios acreditavam que o coração era o centro do organismo e que estava conectado com os demais órgãos do corpo por meio de uma rede de canais chamados de METU. Essa rede seria formada por canais que partiriam do coração onde não haveria apenas sangue. Assim, não só os vasos sanguíneos eram considerados METU, mas também o trato respiratório, os dutos glandulares e os músculos e consequentemente, não era feita distinção entre artérias, veias, tendões, nervos ou ligamentos (WILLERSON, TEAFF 1996). 21 1o PERÍODO │ UNIDADE III Figura 5. Imagem mostra o coração sendo pesado pelo deus anúbis. Segundo a mitologia egípcia, era o deus dos mortos e quem determinava o local para onde deveria ir o suposto condenado, cujo coração se mostrasse mais pesado que uma pena. Fonte: <fascinioegito.sh06> As múmias A mais famosa múmia encontrada é a do faraó Tutankámon, encontrada no começo do sec. XIX em um sarcófago com uma máscara de ouro. Tutankámon é conhecido como o faraó menino e nasceu em 1346 e morreu aos 19 anos de idade em 1327 aC. Foi faraó do Egito antigo entre os anos de 1327 e 1336 aC. Era filho do faraó Akhenaton. Esse achado atesta a tecnologia avançada nos estudos do corpo humano principalmente, na conservação. Os egípcios retiravam os órgãos do corpo e o desidratavam com salitre, após era enfaixada como as múmias que conhecemos de filmes e desenhos. Figura 6. As imagens correspondem ao jovem faraó que possivelmente morreu de malária aos 19 anos. À direita mostra a parte de seu caixão feito inteiramente em ouro. Os egípcios dominavam as técnicas de conservação. A múmia de Tutankámon se manteve conservada por milhares de anos. Fonte: <sobreegito.com> 22 UNIDADE III │ 1o PERÍODO Mumificação A análise do termo múmia no dicionário revela que um dos seus significados seria: qualquer cadáver enterrado em local muito seco e quente que passando pelos processos endurecimento não entra em estado de putrefação. Perceba que esta definição engloba as múmias naturais que podem ocorrer devido às condições do ambiente. As mais famosas múmias foram produzidas artificialmente por meio de técnicas de embalsamamento. A ligação de múmias com o povo egípcio é tanta que no mesmo dicionário há referências apenas a este povo desconsiderando o fato de haver inúmeras citações na bibliografia de múmias de outras civilizações inclusive mais antigas que as do próprio povo egípcio. Contudo, a expressão múmia não é de origem egípcia, mas na verdade, deriva da palavra árabe mumiyah que significa corpo preservado por cera ou betume (CHEMELO 2006). Ao contrário do que possa se pensar, a mumificação egípcia pouco contribuiu para o avanço do conhecimento Anatômico, pois a técnica era puramente religiosa e sem registros acerca dos aspectos corporais, mesmo os egípcios tendo uma verdadeira lição de anatomia. Aproveitavam o momento para aprender as relações das estruturas internas do corpo humano. O processo de mumificação contribuiu muito para a medicina e justifica o destaque que os egípcios antigos possuíram nesta área. Naquele tempo já existiam médicos, os quais eram chamados de SUNU, equivalente a Doutor. Dentre os três tipos de categorias de SUNUS, merece destaque uma que atendia as pessoas em espécies de consultórios, parecido com o que acontece hoje. O mais interessante disto tudo é que eles eram especialistas em determinadas áreas do corpo como o exemplo do mais antigo SUNU do Egito antigo, Hesy-Ra que viveu por volta de 3000 a.C. e só cuidava de dentes. O médico egípcio Menés teria escrito o primeiro manual de anatomia que se tem registro histórico (VAN DE GRAAFF, 2003; CHEMELO, 2006). Os egípcios acreditavam que a alma da pessoa necessitava de um corpo para a vida após a morte. Portanto, devia-se preservar este corpo para que ele recebesse de forma adequada, a alma. Preocupados com esta questão, os egípcios desenvolveram um complexo sistema de mumificação. Todo o ser humano, segundo os egípcios, possuía uma força espiritual, uma força vital e um corpo. Na morte, quebrava-se o vínculo entre estes três elementos. Para renascer e viver para sempre em uma terra em que todos permanecessem jovens, ágeis e belos a força vital e a força espiritual de uma pessoa tinham que reconhecer seu corpo e se unir novamente a ele. A felicidade no além dependia da habilidade do embalsamador. O cadáver era aberto na região do abdome e tinha suas vísceras retiradas espaço deixado era preenchido com linho. Esta prática é comprovada pela existência de inúmeros recipientes para vísceras encontrados em túmulos. Estes apresentavam a forma de quatro jarras com tampas em forma de cabeças humanas, realizados em pedra ou cerâmica (SPENCER,1991). O corpo era lavado com essências e água. O coração era mantido e os outros órgãos colocados em jarras canópicas. O cérebro também era extraído, mas era tratado com desdém e seus fragmentos não tinham nenhum valor. Em seguida, o corpo era empacotado e coberto com natro, um tipo de sal, e deixado para desidratar durante 40 dias. Após esse período era empacotado com linho ensopado de resina, natro e essências aromáticas. As cavidades do corpo eram tampadas e finalmente era coberto de resina e enfaixado como as múmias dos filmes. Durante o ritual, os sacerdotes colocavam amuletos entre as camadas de faixas, sempre acompanhado de orações e encantamentos. Todo esse processo levava cerca de 70 dias (STARNEWS, 2001). 25 1o PERÍODO │ UNIDADE III O pai da medicina Platão (427- 347 a.C.) conhecia a propagação do som pelo ar, penetrava pelo ouvido e chegava até a alma por meio do cérebro e do sangue e tinha como o destino o fígado. Outro personagem grego histórico e ligado à anatomia foi Hipócrates (460-372 a.C.). Considerado como o pai da medicina devido aos seus estudos sobre doenças. Sua maior façanha foi tirar dos deuses o poder da cura e empregá-lo aos homens. Por isso o nome de Hipócrates é bem difundido no meio acadêmico, principalmente por estudantes de medicina, já que devem fazer o juramento Hipocrático, ao serem diplomados médicos (SOUZA 2010). Juramento Hipocrático Eu juro por Apolo médico, por Esculápio, Higeia e Panacéa e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte, fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens, ter seus filhos por meus próprios irmãos, ensinar-lhes esta arte se eles tiverem necessidade de aprendê-la sem remuneração e nem compromisso escrito, fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado. Deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobre tudo longe dos prazeres do amor com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados. Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens. Se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça. Acredita-se que foi escrito pelo próprio Hipócrates ou algum discípulo. Este texto tornou-se um tributo à sabedoria grega representada pela figura de Hipócrates que tempos depois seria considerado pai da medicina. O juramento de Hipócrates é uma síntese bem elaborada dos preceitos éticos e morais que devem nortear a profissão medicina e manter a dignidade desta. 26 UNIDADE III │ 1o PERÍODO Hipócrates escreveu técnicas de anatomia relacionadas ao pericárdio como uma membrana que reveste o coração (SOUZA 2010). As escritas de vários filósofos gregos tiveram um forte impacto no pensamento científico futuro como Homero, em Ilíada que descreveu com precisão a anatomia das feridas ocorridas em batalhas, aproximadamente 800 a.C. Como mencionado anteriormente, os termos anatomia e dissecar são derivados de palavras gregas devido à sua importância na história da anatomia (BARBOSA, LEMOS 2007). Figura 9. Hipócrates desvinculou a medicina do misticismo. Fonte: culturasclassicas Teorias de Hipócrates Hipócrates foi bem disciplinado na popular teoria humoral de organização do corpo. Esta teoria reconhecia quatro humores no corpo, e cada um deles se associava com um órgão em particular: sangue com o fígado, cólera ou bile amarela com a vesícula biliar, fleuma com os pulmões e melancolia ou bile preta com baço. Imaginava-se que uma pessoa com saúde teria um equilíbrio dos quatro humores. O conceito dos humores há muito tempo foi abandonado, mas dominou o pensamento médico durante mais de 2000 anos. A visão hipocrática do sistema nervoso foi inovadora. Ficaram conhecidas as meninges e na medula espinhal, se vê um prolongamento do cérebro. Os nervos foram confundidos com tendões e com os vasos. A alma foi considerada parte do corpo. Grosseiros erros anatômicos foram registrados, como a comunicação direta entre estômago e rim entre a traqueia e as vias urinárias. Tanto Hipócrates quanto Aristóteles imaginavam que o coração era a sede do intelecto. 27 1o PERÍODO │ UNIDADE III Hipócrates teria descrito que o centro do cérebro era oco, sendo a primeira vez que alguém se referia aos ventrículos cerebrais (SOUZA 2010). O pai da anatomia Certamente, nenhum outro estudioso grego teve tanta responsabilidade no estudo de anatomia quanto Herófilo (335 – 280 a.C.), nascido em Calcedônia ficou conhecido como o primeiro anatomista da história. É considerado por muitos como o açougueiro de homens por sua prática cruel de estudar em vivos. Ele praticava vivissecção em criminosos da prisão real. Estima-se que ele esfolou vivo mais de 600 seres humanos, muitas vezes em demonstrações públicas (SOUZA, 2010). A história remete a dois cientistas que procuram comprovar a teoria de que ao beber o sangue de um animal, o homem adquiria a característica moral deste. Ao tomar o sangue de uma aranha o homem desenvolveria o dom da música. Em nome da ciência, Stroibus e Pítias matam lentamente milhares de ratos. Teriam adquirido a característica dos ratos de roubar. Roubaram importantes livros da biblioteca e pretendiam fugir, mas foram capturados por Ptolomeu e condenados. Aí Herófilo sugeriu a Ptolomeu conforme diz o livro de Machado de Assis (1884): — Tenho me limitado até agora a escalpelar cadáveres, mas eles me dão a estrutura e não a vida. Eles me dão órgãos e não as funções. Senhor, eu preciso das funções e da vida. — Queres estripar os ratos de Stroibus? — Não senhor. Peço- lhe alguns homens vivos. — Vivos não é possível, disse Ptolomeu. — Vou convencê-lo que só não é possível, mas até legítimo e necessário. As prisões egípcias estão cheias de criminosos e esses ocupam uma escala inferior na escala humana. Já não são cidadãos, nem mesmo pode-se dizer homens, porque a razão e a virtude que são as principais características humanas, eles perderam infringindo a lei e a moral. Além disso, uma vez que têm de expiar a morte por seus crimes, não é justo que preste algum serviço à verdade e a ciência? Ptolomeu achou o argumento plausível e ordenou que os criminosos fossem entregues a Herófilo. Nenhum criminoso sabia do seu fim. Já haviam sido escalpelados cerca de 50 homens até chegar a vez de Stroibus e Pítias. A intenção era saber se o nervo do latrocínio residia na mão ou nos dedos. Stroibus foi o primeiro sujeito à operação. Compreendeu tudo, desde que entrou na sala e pediu-lhes que poupassem a vida de um filósofo. Herófilo disse-lhe mais ou menos isto: — Ou é um aventureiro ou o verdadeiro Stroibus. No primeiro caso, tens aqui o único meio para resgatar o crime de iludir a um príncipe esclarecido, presta-te ao escalpelo; no segundo caso, não deves ignorar que a obrigação do filósofo é servir à filosofia e que o corpo é nada em comparação com o entendimento. 30 CAPÍTULO 7 Os romanos Célsus Depois de grande pausa histórica sobre anatomia, encontramos Aurélius Cornélius Célsus (30 a.C. – 45 d.C.). Existem dúvidas se era médico ou apenas colecionador de obras médicas. O saber de Célsus está relacionado às obras de Alexandria, embora a medicina hipocrática também o tenha influenciado. A sua maior obra é a De Re Medica fragmento de uma obra mais vasta de Artibus escrita entre 25 e 35 anos da era Cristã. A maior parte do que se conhece sobre a escola médica da Alexandria baseia-se nas escrituras do enciclopedista romano Cornélius Célsus. Ele compilou estas informações em um trabalho de oito volumes. Contudo, Célsus, teve influência apenas limitada em seu próprio tempo, provavelmente por causa do uso do latim em lugar do grego. O enorme valor de sua contribuição não foi reconhecido até o Renascimento (SOUZA 2010). Constituída por múltiplas partes das quais destacamos as seguintes: história da medicina e das escolas, generalidades, doenças de cada parte do corpo, medicamentos, fraturas e luxações. Juntamente com a obra de Hipócrates é considerada uma das mais importantes da antiguidade. Dá ênfase à alimentação, cirurgia e farmácia. Célsus considerava que as doenças deveriam ser classificadas de acordo com o tratamento: alimentação, exercícios físicos, trabalho e banhos (SOUZA 2010). Figura 11. Célsus é o primeiro nome em anatomia da era Cristã. Fonte: LEITNER et. al. 2007. 31 1o PERÍODO │ UNIDADE III Galeno Claudio Galeno (131 – 201 d.C.) nasceu em Pergamo, cidade grega hoje região da Turquia. É provavelmente o escritor médico de maior influência de todos os tempos. Ele produziu diversos textos que perduraram determinando o conhecimento médico-anatômico por cerca de 1500 anos. Tendo feito apenas duas ou três dissecações humanas durante toda sua vida, seus conhecimentos advinham da dissecação de animais, assim, se sujeita a muitos equívocos quando não considera as características anatômicas variáveis das espécies, e quando pretende ser a palavra final nos aspectos que discute. Sua obra somente é refutada por Andreas Vesalius em 1543. Médico de Marcus Aurélius Antonius, concluiu seus estudos em Alexandria e regressou à cidade natal onde trabalhou como médico até 164 d.C., depois se estabeleceu em Roma até sua morte. Galeno dividiu os nervos espinhais de acordo com sua região e os nervos cranianos foram divididos em sete partes: óptico, oculomotor, troclear, trigêmeo, palatino, acústico, facial, grupo vagal e hipoglosso. (MARGOTA, 1998). Galeno conhecia o infundíbulo da hipófise que acreditava comunicar-se com a cavidade nasal, as cartilagens da laringe e teria batizado a cartilagem tireoide de Chondros Thyreoides pela sua suposta semelhança ao escudo dos gregos que ia do queixo ao tornozelo. Galeno comparava o movimento do sangue com o movimento de fluxo e refluxo das marés. Parte do sangue voltava ao sistema de vasos depois de atingir os vasos e se coagular para formar a estrutura do corpo. Para ele, o sangue se movimentava num sistema aberto, tinha um princípio e um fim, passava uma só vez pelo coração e a produção pelo fígado era incessante (PORTO 1994). Figura 12. Galeno não provou, mas sugeriu que as moléculas de ar chegam até o coração por meio dos pulmões Fonte: <drmarcosgomes.com.br> 32 UNIDADE III │ 1o PERÍODO Ao lado dos seus conhecimentos sobre o sistema nervoso, entre outras descobertas, destaca-se sua teoria sobre a origem da asma. Galeno, assim como Hipócrates, acreditava que a respiração se originava no cérebro e que a cavidade craniana possuía comunicação com a nasofaringe. Sua teoria era baseada na observação de que os odores, que se supunha serem percebidos pelo cérebro, passavam através desta via. Outras observações, como a de que cheiros fortes poderiam causar dificuldades respiratórias em alguns indivíduos e de que a dispnéia frequentemente era associada com secreções nasais de muco espesso, reforçavam suas conclusões. Galeno atribuía a causa da asma a uma obstrução intermitente da respiração secundária a secreções que pingavam do cérebro no pulmão (PORTO 1994). SOUZA, C. S. Lições de anatomia: manual de esplancnologia. Salvador: EDUFBA, 2010. 500 p. 35 1o PERÍODO │ UNIDADE III Figura 14. Os escritos anatômicos de da Vinci concentravam-se em osteologia e músculos superficiais. Fonte: Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci Coração Leonardo da Vinci também dedicou seus estudos sobre o coração e fez considerações importantes como a trabécula supramarginal do ventrículo direito à qual batizaram de corda de Leonardo. 36 UNIDADE III │ 1o PERÍODO Figura 15. Desenhos de cardilogia Fonte: Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci Embriologia Seus desenhos também se referiam ao estudo da embriologia. Num de seus manuscritos, encontrava- se a imagem de um útero gravídico. Figura 16. Desenhos de embriologia. Fonte: Os Cadernos Anatômicos de Leonardo da Vinci 37 CAPÍTULO 9 Michelângelo Artista anatomista Michelangelo Buonaroti (1475-1564), Michelângelo universalmente conhecido por suas magníficas pinturas e esculturas, foi arquiteto, escultor, pintor e poeta. Nasceu em Caprese na Itália e com apenas 13 anos e contra a vontade de seu pai Ludovico, ingressou no atelier de pintura do renomado Domenico Ghirlandajo em Florença onde efetuou o seu aprendizado artístico. Com seu notável talento destacou-se frente aos outros aprendizes sendo indicado por Domenico Ghirlandajo para estudar na escola mantida por Lorenzo de Médice, no palácio dos Médice, local onde se concentravam artistas de toda a Itália, filósofos e também médicos renomados que despertaram em Michelangelo através das sessões de dissecação, o interesse pela Anatomia. Michelângelo adquiriu vasto conhecimento em anatomia. Fato que é confirmado pela perfeição em que o ser humano é representado em suas obras. Este fato chama a atenção de estudiosos de diversas áreas relacionadas com o estudo do corpo humano para ser interessado em sua arte. Michelângelo retratou no teto da capela sistina no vaticano várias passagens bíblicas como a famosa em que Deus toca o dedo de Adão. Desde então nada se falou sobre essas obras a não ser estarem relacionadas à arte contemporânea da época. A partir de 1990 discute-se a possível presença da representação de estruturas anatômicas incluídas nas obras de Michelângelo. Nesse ano, o anatomista americano Frank Linnashberger sugeriu muita semelhança entre a imagem citada anteriormente e o corte sagital do encéfalo. Figura 17. Após a criação, o Criador estaria transferindo o intelecto para adão. Fonte: <pandawhale.com> 40 UNIDADE III │ 1o PERÍODO Para Barreto, Oliveira (2004), Michelângelo aponta onde está escondida a peça anatômica em todas as suas obras. Para isso, deve observar o contexto da imagem. A imagem a seguir mostra o profeta Joel provavelmente, lendo um manuscrito, com dois anjos atrás dele. Observe que um deles aponta para uma região que provavelmente será representada na obra. Figura 22. Profeta Joel e sua leitura apesenta uma peça anatômica. Fonte: <pandawhale.com> O anjo à direita da imagem figura de Joel aponta para a região lateral da cabeça do outro anjo, justamente a região onde encontra-se o osso temporal. Veja a suposta coincidência ou intenção do artista em representar o osso lateral do crânio na figura que representa um personagem bíblico. Figura 23. Suposta imagem do osso temporal na figura do profeta Joel. Fonte adaptado de: <pandawhale.com> 41 1o PERÍODO │ UNIDADE III Segundo os autores, algumas estruturas do osso temporal estariam representadas na imagem pintada na capela sistina: o processo mastoide, o meato acústico, a parte escamosa e o processo zigomático que estaria representado pelo pergaminho onde o Profeta faz sua leitura. A imagem a seguir apresenta uma interpretação plausível dos autores brasileiros com relação ao osso hioide representado pelo tórax e braços de Deus. Figura 24. Imagem onde o Criador separa a luz da escuridão. Fonte: BARRETO, OLIVEIRA (2004). Existe uma perspectiva de o osso hioide estar embutido na imagem do teto da capela sistina em que Deus separa a luz das trevas. Figura 25. Osso hioide na figura que representa Deus. Fonte: BARRETO, OLIVEIRA (2004). 42 UNIDADE III │ 1o PERÍODO As letras a, b e c representam os respectivos acidentes do osso hioide: corno maior, corno menor e corpo do osso hioide. Os respectivos acidentes ósseos correspondem aos braços, ombros e tórax da pintura que representa Deus separando a luz das trevas. Além dessa possibilidade, Ian Suk e Rafael Tamargo, especialistas em neurociências da Universidade de Johns Hopkins em Baltimore, Maryland encontraram o que acreditam ser órgãos do tronco cerebral no pescoço da pintura que representa Deus e a medula espinhal no centro do tórax e abdome. Figura 26. Suposta semelhança com o tronco cerebral Fonte adaptado de Suk, Tamargo 2010 Figura 27. Estruturas do tronco cerebral na imagem de Deus. Fonte adaptado de Suk, Tamargo 2010 45 2o PERÍODO │ UNIDADE IV Segundo suas próprias declarações, ele saqueava os cemitérios e roubava da forca, cadáveres de criminosos que conservava escondidos debaixo da sua cama e só trabalhava neles durante a noite. Conta a história que Vesalius caiu em desgraça durante a corte e o clero por ter dissecado o cadáver de um nobre cujo coração ainda pulsava. Teria um de seus assistentes reclinado para ter uma melhor visão do procedimento quando se desequilibrou e apoiou sobre o cadáver e fez com que o sangue venoso entrasse no átrio. Por esse crime foi condenado a peregrinar para a Terra Santa. Na volta sofreu um naufrágio na ilha de Zante, Grécia, onde morreu na miséria. Seu corpo foi encontrado por um ourives italiano, na casa de um camponês, que deu a ele um enterro em Santa Maria (SINGER, 1996). 46 CAPÍTULO 2 Eustáquio Bartolomeu Eustáquio Bartolomeo Eustáquio nasceu em San Severino, Itália, aproximadamente em 1510. Foi anatomista contemporâneo de Vesálio, com quem compartilha a reputação de ter criado a ciência da anatomia humana. Filho de médico, estudou medicina em Roma e começou a clinicar em 1540. Tornou- se professor de anatomia no Archiginnasio della Sapienza, em Roma, o que lhe proporcionou a possibilidade de obter cadáveres humanos para dissecção. A reverência religiosa ao corpo fez com que, durante muitos séculos, a dissecção de cadáveres humanos fosse proibida pela Igreja Católica. Depois da epidemia da Peste Negra, contudo, os papas permitiram a autópsia das vítimas da peste, pois queriam saber a causa da doença. Mas somente 200 anos depois é que o Papa Clemente VII, em 1537, permitiu as dissecções nas aulas de anatomia. É interessante notar que a Peste Negra atingiu a Europa em 1348. Em 1552 Eustáquio e um artista amigo, elaboraram uma série de matrizes de cobre gravadas, ilustrando as dissecações de Eustáquio. Somente oito dessas ilustrações foram publicadas durante sua vida. As outras 39 só foram descobertas no século XVIII e só foram publicadas em 1714. A razão pela qual elas não foram publicadas é que Eustáquio temia ser excomungado pela Igreja Católica. Se essas ilustrações tivessem sido publicadas conjuntamente com as oito primeiras, Eustáquio teria sido tão famoso quanto Vesálio e a anatomia teria atingido o nível de perfeição do século XVIII duzentos anos antes. O fato do livro de Eustáquio ter sido um best seller por mais de um século após a sua morte nos mostra a extensão das restrições religiosas através do Renascimento. Figura 29. Eustáquio teve seu nome inserido na anatomia a partir da descoberta do canal auditivo Fonte: <wikimedia.org> 47 2o PERÍODO │ UNIDADE IV No início da década de 1560 Eustáquio publicou trabalhos sobre os rins, os órgãos associados à audição e aos dentes. Seu livro De Renum Structura foi o primeiro dedicado aos rins. Seu livro sobre os dentes – De Dentibus – descrevia o número de dentes nos bebês e nos adultos e a sua estrutura interna e externa. Ele contribuiu para o conhecimento do ouvido interno, descrevendo a cóclea. Descreveu com precisão a tuba auditiva, que se tornou conhecida durante séculos como trompa de Eustáquio. Descreveu, também, os músculos do martelo e do estribo. Descobriu as glândulas adrenais. Além da pesquisa anatômica, investigou, também, a estrutura dos órgãos, muitas vezes utilizando lentes de aumento. Eustáquio faleceu em Roma no dia 27 de agosto de 1574. 50 UNIDADE IV │ 2o PERÍODO » Vesálio foi o reformador da anatomia e antagonista às teorias de Galeno. Por acidente descobriu que o sangue venoso seguia para o átrio direito. » Eustáquio descobriu a tuba auditiva e descreveu os músculos do martelo e do estribo. » Falópio descreveu o canal do nervo facial, ligamento inguinal, tuba uterina, válvula ileocecal, osso etmoide, o ducto lacrimal, seio esfenoidal e os pares de nervos cranianos. » Fabricius afirmou que clinicar sem conhecer anatomia é como navegar sem bússola. 51 UNIDADE V3O PERÍODO CAPÍTULO 1 Harvey Willian Harvey O estudo da Anatomia tinha se tornado bem estabelecido no final da Renascença. Diversos anatomistas eternizaram seus nomes criando uma série de epônimos particularmente para estruturas do membro superior. No final do século XVIII, o interesse na Anatomia sofreu um arrefecimento. A atenção da maioria dos estudiosos se voltou para a o estudo da patologia, embriologia e anatomia comparada. A nova Anatomia do renascimento exigiu uma revisão da ciência. O médico inglês William Harvey (1578-1657) educado em Pádua combinou a tradição anatômica italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Em 1628, publicou Exercitatio anatomica de motu cardis et sanguinis em animalibus (Um estudo anatômico da movimentação do coração e do sangue em animais) (SOUZA 2010). O livro é um tratado de anatomofisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e de descrição de órgãos isolados, o livro de Harvey estuda a mecânica da circulação do sangue comparando o corpo humano a uma máquina hidráulica. O autor explica como o sangue é bombeado e rebombeado por um circuito endovascular, o qual inicia e termina no mesmo ponto, o coração. Ele mostrou que o pulso resulta do enchimento de artérias com sangue. Na sístole o ventrículo direito bombeia sangue para a circulação pulmonar e o esquerdo para a sistêmica (SOUZA 2010). William Harvey nasceu em Folkestone em 2 de abril de 1578. Tive oito irmãos, dos quais cinco do sexo masculino, estes se dedicaram ao comércio e conseguiram invejáveis situações financeiras em várias cidades da Inglaterra. Somente William, o mais velho, invencivelmente atraído pelas ciências naturais tentou a medicina. Não foi rico como seus irmãos, mas conseguiu a glória de ligar seu nome a uma das mais imortais descobertas da fisiologia, descoberta que nem sequer podia ele imaginar quando embarcou para a Itália onde deveria seguir, em Pádua, o curso de Fabrício. Foi em Pádua que no ano de 1602 se formou em Medicina depois de cinco anos de estudo. De volta à Inglaterra, achou que seria uma honra ser médico e para defender uma tese totalmente britânica, passou dois anos em Cambridge (SENET 1958). 52 UNIDADE V │ 3o PERÍODO Harvey descreve as válvulas das veias e afirma que a distância que as separam é variável de pessoa para pessoa. Aparecem ao longo da parede da veia, voltadas para cima, para a raiz da veia e para o seu lúmen. Pela maior parte dispostas aos pares, uma em face da outra, tocam-se e aderem rapidamente pelas bordas livres, de modo a impedir completamente o sangue de passar da raiz da veia para os seus ramos ou de uma veia grande para outra menor. (SOUZA, 1996). Figura 32. Harvey foi o primeiro grande anatomista da era moderna não italiano. Responsável pelo estudo de fisiologia em conjunto com anatomia. Seus estudos foram relevantes para o avanço da cardiologia Fonte: <medicinajoven.com> A importância do trabalho de Harvey não pode ser sobrepujada. Os princípios de fisiologia que ele estabeleceu, levaram a uma compreensão da pressão sanguínea primeiramente medida em um cavalo em 1733, pelo clérigo Stephen Habes e que mais tarde teve seu uso na clínica de cateterização cardíaca por grandes clínicos como Werner Forssman, Andreas Cournand e Dickenson Richards e a prática da cirurgia do coração por Robert Grass, Elliot Cutler, Charles Hufnagel, Alfred Blalock e muitos outros. Harvey passou o resto de sua vida buscando identificar os capilares e embora não os tivesse visto, previu sua existência. Quatro anos após a morte de Harvey, em 1657, Marcello Malpighi conseguiu ver pela primeira vez os capilares sanguíneos em um preparado de pulmão de rã. Juntos, os trabalhos de Vesalius e Harvey promoveram bases intelectuais para muitos avanços na anatomia humana, fisiologia, clínica e cirurgia que se seguiram durante o milênio. Harvey afirmou que o coração de um homem bate em média 72 vezes por minuto e a cada batida ejeta cerca de 60 cm³ de sangue (SINGER 1996). 55 CAPÍTULO 4 Ruysch Frederick Ruysch Ruysch (1638 – 1731) foi um médico com interesses diversos igualmente à mão para fazer as drogas, o cultivo de plantas exóticas, o aconselhamento de parteiras e o mais importante, investigando a anatomia humana. Ele combinou atividades científicas com uma paixão pelas artes com excelentes desenhos, pinturas e gravuras. Professor de anatomia em Amsterdan e descreveu as válvulas dos ductos linfáticos e demonstrou a circulação linfática (PRATES 2010). Foi um grande mestre na arte da injeção e fez muitas peças anatômicas como as artérias coronárias. Em seu museu, possuía cerca de 1300 peças conservadas em líquidos. Atribui-se a ele a primeira descrição dos vasos bronqueais da parte torácica da artéria aorta. Aperfeiçoou o método de introduzir massas coradas nos vasos, método iniciado na Itália por Desmanes (PRATES 2010). Figura 35. Ruysch conservou centenas de peças anatômicas em seu museo Fonte: <wickpedia.org> Coleção anatomia do ruysch encheu cinco salas com inúmeras garrafas alinhadas nas prateleiras, oferecendo uma vista deslumbrante para todos os visitantes que se reuniram para ver suas coleções. Dentre muitas peças destacavam-se uma garrafa com órgãos auditivos de um bebê e outra do bebê monstruoso que parecia veludo. 56 CAPÍTULO 5 Malpighi O microscópio O microscópio só surgiu ao final do século XVI, quando em 1590 Johannes e Zacharias Jansen construíram na Holanda, um aparelho rudimentar para ampliar imagens. Tal aparelho se transformou em luneta por Galileu Galilei (1564 – 1642). O equipamento foi melhorado pelo físico inglês Robert Hooke (1635 – 1703) e também por Anton Leeuwenhouek (1632 – 1723). Este foi um naturalista holandês que contribuiu para o estudo da anatomia microscópica associada à coloração em 1714 e também descobriu o espermatozoide e os glóbulos do sangue (PRATES 2010). Marcellus Malpighi Em 1661 Marcellus Malpighi (1628 – 1694) nasceu no dia 10 de março em Crevalcore perto de Bolonha, Itália. Ingressou na Universidade de Bolonha com a idade de 17 anos. Foi professor de anatomia na mesma Universidade de Bologna, utilizando o microscópio (recém-inventado). Publicou o trabalho em 1664 De Externo Tactus Organo (Epístola sobre o órgão do tato), no qual descreveu as estrias elevadas e as várias figuras que apareciam na superfície da pele. Ele relata as estrias desenhadas em presilhas e espirais na ponta dos dedos. No entanto não fez nenhuma referência sobre a utilização das impressões digitais como método de identificação. Uma camada da pele foi chamada de camada de Malpighi como homenagem a sua descoberta (FIGINI et. al. 2003). Figura 36. Malpighi introduziu o microscópio em seus estudos Fonte: <wickpedia.org> 57 3o PERÍODO │ UNIDADE V A melhora do microscópio acrescentou uma dimensão inteiramente nova para a anatomia e consequentemente conduziu às explicações das funções básicas do corpo. A microscopia ajudou Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima dos pulmões, baço e rins (SOUZA 2010). 60 CAPÍTULO 7 Importantes anatomistas Thomas Wharton Wharton (1616 – 1673) foi um médico e anatomista inglês e o primeiro a estudar e descrever o tecido conectivo gelatinoso que envolve os vasos do cordão umbilical (Geleia de Wharton). Também estudou o pâncreas e descreveu a glândula submandibular e seu ducto. Thomas Willis Médico e anatomista inglês (1621 – 1675) nasceu em Great Bedwyn, Inglaterra. Foi um dos fundadores da Royal Society (1662). Descreveu partes do sistema nervoso. Como o complexo arterial denominado polígono de Willis, hoje conhecido por círculo arterioso do cérebro. Francis Glisson Glisson (1597 – 1677) foi médico anatomista inglês nascido em Bristol. Foi escritor e sobre assuntos médicos. Ajudou a derrubar a teoria da contração muscular, mostrando que quando um músculo é contraído sob a água o nível da água não sobe e, portanto, não há entrada de ar ou fluído no músculo. Também descreveu a cápsula fibrosa do fígado e o ducto cístico. Richard Lower Lower (1631 – 1671) nasceu em Bodmin, Cornwall. Foi ele quem constatou a mudança de cor do sangue oxigenado em (1669) e elaborou a teoria sobre a respiração, descrevendo a ação do ar atmosférico sobre o sangue venoso. Foi médico assistente de Thomas Willis quando este trabalhava na estrutura do cérebro. Em 1665 fez a primeira transfusão de sangue bem sucedida entre dois cachorros. Felice Abbada Abbada (1732 – 1805) foi um físico italiano e professor em Pisa. Descobriu a reação de deslocamento de água a gás em 1780. Ele também é creditado com o lançamento de toxicologia moderna e investigando o olho humano. Descreveu o canal seio venoso da esclera e o espaço do ângulo iridocorneal. 61 3o PERÍODO │ UNIDADE V Peter Camper Camper (1722 – 1789) médico holandês foi anatomista e fisiologista. Descreveu a medida do ângulo facial, camada superficial da tela subcutânea do abdome fáscia perineal média e o ângulo maxilar. Willian Hunter Willian (1718 – 1783) foi médico e anatomista escocês. Ele era um professor líder da anatomia, e obstetra notável de sua época. Sua orientação e treinamento contribuiu para a formação de seu irmão John Hunter. Seu irmão teria sido mais famoso que Willian. Estudou o círculo articular, a rede arterial anastomótica junto à inserção da cápsula articular e linha alba. John Hunter John (1728 – 1773) irmão de Willian Hunter foi fundador do museu de Londres. Descreveu o canal adutor, a fáscia vasta adutora e o gubernáculo do testículo. Leopoldo Marcantonio Caldani Caldani (1725 – 1813) nasceu e estudou medicina em Bolonha, Itália. Recebeu seu diploma em 1750 e tornou-se professor de medicina prática em 1755. Caldani deixou para se tornar professor de medicina teórica na Universidade de Venesa e Pádua. Caldani descreveu o ligamento coracoclavicular. Pierre Demours Demours (1702 – 1795) nasceu em Marselha, frança. Foi um oftalmologista renomado e autor. Estudou medicina em Avignon e em seguida foi para Paris. Descreveu a lâmina limitante posterior da córnea. Carl Samuel Andersch Andersch (1732 – 1777) foi hábil anatomista de quem pouco se sabe. Ele estudou em Göttingen, Alemanha. Ele provavelmente foi diplomado médico na mesma cidade em que também teria falecido depois de ter caído em depressão em 1775. Ele é lembrado como o descobridor do gânglio inferior do nervo glossofaríngeo e nervo timpânico. Foi autor de uma exemplar monografia sobre a anatomia do sistema nervoso. Domenico Cotugno Cotugno (1736 – 1822) nascido em Ruvo di Puglia, Bari em uma família humilde. Contudo, passou por dificuldades físicas e econômicas para obter uma educação. Ele foi enviado para Molfetta para aprender latim voltando a Ruvo para estudar lógica, metafísica, matemática, física e ciências 62 UNIDADE V │ 3o PERÍODO naturais. Ele logo descobriu sua inclinação natural para medicina e continuou seus estudos a partir de 1753 na Universidade de Nápoles. Em 1756 se formou na escola de medicina Salerno. Em 1808 foi nomeado médico da corte do rei de Nápoles. Descreveu o ducto endolinfático, a helicotrema, a perilinfa e a rampa do tímpano. » Harvey estuda a mecânica da circulação do sangue comparando o corpo humano a uma máquina hidráulica. » Rolfink deu maior importância ao estudo de Harvey e estudou a catarata. » Pecquet descobriu por meio de estudos em cachorros a cisterna do quilo e o ducto torácico. » Ruysch começou a preparar peças anatômicas, sendo um dos pioneiros na conservação de cadáveres. 65 4o PERÍODO │ UNIDADE VI A teroria de Darwin e a anatomia A anatomia humana começou a enfocar a comparação entre a forma de animais e plantas. A proposta de Darwin para A Origem das Espécies constituiu uma das maiores generalizações na história da biologia. Aristóteles e Harvey pressentiram essa generalização. Os estudiosos de anatomia comparada chegaram a colher dados que a apontavam. Mas foi preciso a inteligência e o espírito de síntese de Darwin para que se concluísse que os seres vivos estavam ligados por traços de hereditariedade. Darwin, afirmou que espécies de animais que habitavam as ilhas Galápagos eram diferentes entre si e diferentes daquelas que habitavam no continente. Ao contrário do que se costuma pensar, Charles Darwin não descobriu a evolução, a ideia de que as espécies não permaneciam imutáveis, mas sofriam modificações com o passar do tempo é bem mais antiga e já tinha tido bastantes proponentes. O grande mérito de Darwin foi ter descoberto o mecanismo pelo qual ocorrem modificações na descendência, responsáveis pela alteração evolutiva: a seleção natural. Naquela época, as maravilhosas adaptações dos seres vivos interpretavam-se como uma manifestação da magnificência divina. Darwin, graças à sua genial ideia, trouxe espécies animais que habitavam as ilhas Galápagos serem diferentes entre si e diferentes daquelas que habitavam no continente. No entanto, só depois do seu regresso, observando as suas coleções e revendo as suas anotações, é que chegou à conclusão de que a única explicação possível era que essas espécies se tivessem desenvolvido a partir de indivíduos vindos, muito antes, do continente (SOLAR 2009). O filme de Darwin <https://www.youtube.com/watch?v=ZVj76SpbGeA> 66 CAPÍTULO 2 Pirigov T1. Nikolai Pirogov Pirogov (1810 – 1881) foi um dos maiores cirurgiões militares de todos os tempos. Era um importante anatomista, médico e educador russo. Membro da Academia de Ciências da Rússia (1847). É considerado como o fundador da cirurgia de campanha e um dos primeiros médicos da Europa que utilizaram éter como anestésico. Ele inventou vários tipos de intervenções cirúrgicas e desenvolveu sua própria técnica para o tratamento de fraturas ósseas por talas de gesso. É um dos mais renomados médicos russos na história da medicina. No início de sua vida, ele decidiu por uma carreira na cirurgia, mas se tornou um anatomista e foi nomeado professor aos 26 anos. Mais tarde, passou para a cadeira de cirurgia e aos 30 anos iniciou a pioneira secção de cadáveres congelados em cortes (BLAIR 2002). Figura 40. Pirogov foi médico e anatomista russo Fonte: <wickpedia.org> Atlas secção Publicou o seu atlas de anatomia seccional denominado Topographical anatomy em 1852 o qual mostrava cortes de partes do corpo de cadáveres congelados. Pela primeira vez relacionamentos espaciais puderam ser preservados e ensinados no estudo anatômico. Os estudos de Pirogov serviram de base para o entendimento das informações obtidas a partir de modernos recursos de tomografia computadorizada. 67 CAPÍTULO 3 Sobbota Robert Heinrich Johannes Sobotta Johannes Sobotta (1869 – 1945) nasceu em Berlin e aos 22 anos, formou-se em medicina. Neste mesmo ano ingressou como assistente voluntário no departamento de anatomia da Universidade de Berlin onde foi graduado. Sobotta ascendeu rapidamente como professor de anatomia e ganhou respeito internacional nessa profissão tendo alcançado o cargo de diretor do instituto de anatomia de Bonn. Criou o atlas de anatomia de maior reconhecimento no Brasil e no mundo. Teve sua primeira edição publicada em 1903 e em 1945 estava na 11a publicação. Figura 41. Sobotta foi autor de um dos mais famosos atlas de anatomia Fonte: stepaheadmedicine 70 UNIDADE VI │ 4o PERÍODO O professor Locchi foi o continuador da Escola Anatômica de Alfonso Bovero e deixou muitos discípulos espalhados pelos estados brasileiros e nos EUA ao qual destacamos o professor José Carlos Prates. Publicou dezenas de trabalhos científicos e orientou inúmeras teses de doutorado e livre docência, além de prepar muitos professores, hoje titulares em vários estados do país. José Carlos Prates O professor Prates graduou-se em medicina em 1959 pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em Sorocaba. Enquanto aluno foi monitor de anatomia de 1956 a 1959, disciplina regida pelo professor Renato Locchi. Após a sua graduação tornou-se médico interno da 2ª cirurgia de homens da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1960-1962). Em 1967 tornou-se professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) onde obteve seu doutorado em anatomia em 1969 e a livre docência em 1998. Prates é membro do Comitê Ibero-americano de Terminologia Anatômica, Histológica e Embriológica, Presidente da Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia e Presidente da Comissão de Terminologia Anatômica da Sociedade Brasileira de Anatomia. Possui 150 trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais. É autor de 5 capítulos de livros, orientador de 46 teses de mestrado e 21 de doutorados, todas já defendidas. Figura 44. Professor de anatomia da Escola Paulista de Medicina Fonte: <unifesp.br> 71 4o PERÍODO │ UNIDADE VI » Darwin propôs que as espécies evoluem. » Nikolai Pirigov foi o primeiro a dissecar cadáveres congelados. » Robert Heinrich Johannes Sobotta escreveu um dos melhores atlas de anatomia humana. » Alfonso Bovero fundador da escola de anatomia da USP. » Renato Locchi foi aluno de Bovero e formou grandes mestres. » José Carlos Prates foi aluno de Locchi e presidente do comitê Ibero- Americano de terminologia anatômica. 72 UNIDADE VIITECNOLOGIA CAPÍTULO 1 Ferramentas atuais Raio-X Sem dúvidas o microscópio foi uma grande ferramenta para o estudo de anatomia, mas quando falamos de anatomia macroscópica, nada supera o atual e simples raio-X. Os raios catódicos, assim descritos inicialmente por Wilhelm Conrad Roentgen (1845 – 1923) são responsáveis pela visualização de estruturas duras como ossos e calcificações. A partir desse ponto torna-se possível o estudo de anatomia por imagens e nasce uma nova ciência, a anatomia radiológica. O primeiro exame de raio-x feito por Roentgen foi a mão de sua mulher Anna Bertha Roentgen. Figura 45. Mão de Anna Bertha Roentgen. 75 TECNOLOGIA │ UNIDADE VII » O raio-X permitiu o estudo de osteologia sem a necessidade de dissecação ou cirurgia. » A tomografia permitiu a visualização da evolução de uma doença. » O ultrassom permite o estudo de embriologia e cardiologia. Jogo para treinar anatomia seccional nas modalidades tomografia e ressonância magnética. <http://www.purposegames.com/game/tomografia-axial-cerebro-3-game> 76 UNIDADE VIIIDICIONÁRIO CAPÍTULO 1 Etimologia Palavras latinas e gregas A história conta a importância do Latim e do Grego na terminologia anatômica atual. Este capítulo contém termos anatômicos e sua origem etimológica agrupadas em ordem alfabética para facilitar o estudo. Você verá que a maior parte dos termos anatômicos tem sua origem ou no latim ou no grego por semelhança com objetos ou mera suposições. A Acetábulo – Origem incerta. Talvez do latim Acetum = Vinagre e Abulum = Pequena Vasilha. Acceptabulum = Pequeno Recipiente. Em Anatomia, localiza-se nos quadris e designa o encaixe para a cabeça do fêmur. Acrômio – Do grego Akromion = Extremidade do Ombro, Akrós = Extremo e Omos = Ombro. Adrenal – Do latim Ad = Perto e Ren = Rim. Termo usado para designar as glândulas situadas junto aos rins de ovelhas. Em anatomia, refere-se à glândula localizada superiormente aos rins (glândula suprarrenal). Adrenalina – Do latim Ad = Perto e Ren = Rim e a terminação Ina = Princípio Ativo ou Substância Ativa. Produzida pela glândula adrenal ou suprarrenal. Aferente – Do latim Afferre. Ad = Perto e Ferre = Trazer. Quer dizer o que leva para dentro. Em neurologia, refere-se aos impulsos neuronais que iniciam na periferia e têm como destino o SNC. Albugínea – Do latim Albugo = Brancura. O termo significa semelhante à cor da casca do ovo cozido. Em anatomia, refere-se ao tecido de revestimento externo dos testículos. Alvéolo – Do latim Alveolus = Diminutivo de Alveus, Pequena Cavidade ou Órgão Oco. Em anatomia, refere-se às vesículas pulmonares. 77 DICIONÁRIO │ UNIDADE VIII Ampola – Origem incerta. Provavelmente do latim Ampulla = Vaso, Frasco. Em anatomia, refere- se às dilatações terminais dos ductos deferente, lactífero, pancreático e tuba uterina, ou expansões globosas do reto. Anal – Do latim Annalis = Relativo ao Ânus. Anencefalia – Do grego A = Sem e Enkephalos = Encéfalo. Em anatomia, refere-se à monstruosidade anatômica, onde o feto se desenvolve sem o encéfalo. Aorta – Origem incerta. Talvez do grego Aeirein = Levantar ou ser Levantado ou pode ser derivado do grego Aortés = faca de cabo curto e curvo usado pelos povos macedônios. Em anatomia, refere-se à principal artéria do corpo humano. Apêndice – Do latim Appendix = o que pende. Em anatomia, refere-se ao órgão intestinal com funções discutíveis. Ápice – Do latim Apex = ponta. Aponeurose – Do grego Apó = Sobre e Neuron = Cordão de Fibra. Em anatomia, refere-se ao tendão de alguns músculos que se dispõem em leque. Aqueduto – Do latim Aqua = Água e Ductus = condução. Em anatomia, refere-se à uma passagem através de certa estrutura, onde conduz líquido claro. Aracnoide – Do grego Arachnè = Aranha ou sua Teia e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere- se à meninge intermediária. Aréola – Do latim Área = Espaço e com o sufixo Ola. Em anatomia, refere-se à ao espaço ao redor das papilas mamárias. Artéria – Do grego Era = Ar e Terein = Conservar ou Guardar. Os gregos antigos acreditavam que as artérias conduziam o ar. Em anatomia, refere-se aos vasos que levam sangue para todas as partes do corpo. Articulação – Do latim Articulatio = Nó ou Junção. Em anatomia, refere-se à união de dois ou mais ossos. Átrio – Do latim Atrium = Sala íntima ou Grande aposento central da casa romana com lareira num dos cantos. Em anatomia, refere-se às câmaras cardíacas superiores. Aurícula – Do latim Auricula = Diminutivo de Auris ou Orelha Externa. Significava o lóbulo do pavilhão da orelha externa. Em anatomia, refere-se às aurículas dos átrios do coração. B Baço – Do latim Opacius ou Opacus = Opaco, Escuro, Sem Brilho. Em anatomia refere-se, ao órgão linfático localizado na parte superior abdominal esquerda. 80 UNIDADE VIII │ DICIONÁRIO Colo – Do latim Coellum ou Collum = Pescoço. Em anatomia, refere-se a parte mais fina sob uma arredondada. Coração – Do latim Cor = Coração. Coracoide – Do grego Korax = Corvo e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao acidente ósseo da escápula com suposta forma de bico de corvo. Corrugador – Do latim Com = Junto, Rugare = Preguear e Actor = Agente. Em anatomia, refere- se ao músculo que enruga a pele e as estruturas adjacentes quando bravo. Córtex – Do latim Córtex = Casca de árvore. Em anatomia, refere-se ao revestimento externo de um órgão em oposição ao seu interior (Córtex cerebral, Córtex renal). Cotovelo – Do latim Cubitus = Forma corrupta de Cubitellum = Diminutivo de Cubitum = Cotovelo. Em anatomia, refere-se ao limite entre braço e antebraço. Cribiforme – Do latim Cribrum = Peneira e Formis = Semelhante. Em anatomia, refere-se a um tipo de hímen. Cricóideo – Do grego Krykos = Círculo e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se à cartilagem cricoide da (laringe). Crural – Do latim Cruris = da Perna. Cuboide – Do grego Kúbos = Cubo e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao osso do tarso posicionado lateralmente aos cuneiformes e anterior ao osso calcâneo. Cuneiforme – Do latim Cunoeus = Cunha e Formis = semelhante. Em anatomia, refere-se à sequência de três ossos do tarso, posicionados medialmente ao cuboide e anterior ao osso tálus. Cúspide – Do latim Cuspis ou Cuspidis = Ponta de lança ou de dente de javali. Em anatomia, refere-se às estruturas pontudas como as válvulas das valvas atrioventriculares. Cutâneo – Do latim Cutanoeus = Pertencente à Pele. D Dartos – Do grego Dartós = Sem pele. Em anatomia, refere-se à porção muscular sob a pele que compõem o escroto. Decíduo – Do latim Deciduus = Caído ou que cai. Em anatomia, refere-se aos dentes da primeira dentição (dentes de leite). Delgado – Do latim Tenue = Fino ou Delicado. Em anatomia, refere-se à porção do tubo alimentar que se localiza entre o estômago e o intestino grosso. 81 DICIONÁRIO │ UNIDADE VIII Deltoide – Do grego Delta = Letra D e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se aos órgãos que têm a forma da letra grega delta como o músculo deltoide (ombro). Detrusor – Do latim Detrudere = Repelir ou Expulsar e Actor = Agente. Em anatomia, refere-se ao músculo liso que compõem a bexiga urinária. Diáfise – Do grego Dia = Entre e Physis = Sulco de Crescimento. Em anatomia, refere-se à parte média do osso longo situada entre as extremidades que crescem. Diafragma – Do grego Dia = Entre e Phagma = Parede ou Cerca. Em anatomia refere-se ao músculo que separa as cavidades torácica e abdominal e tem importância na respiração. Diencéfalo – Do grego Dia = Entre e Enkephalous = Encéfalo. Em anatomia, refere-se à divisão embriológica do SNC que posteriormente dará origem ao tálamo e hipotálamo. Digástrico – Do grego Di = Dois e Gastrikos = Relativo a ventre. Em anatomia, refere-se ao músculo que tem dois ventres musculares. O músculo digástrico atua na depressão da mandíbula e movimentos do osso hioide. Díploe – Do grego Diploè = Cobertura e Diplòos Duplo. Em anatomia, refere-se ao osso com duas camadas de tecido compacto e uma camada interna de tecido poroso. Divertículo – Do latim Diverticulum = Afastado. Em Roma, os divertículos eram caminhos secundários como afluentes menores de um rio ou estradas vicinais. Em anatomia, refere-se à envaginação produzida em órgão tubular. Dorsal – Do latim Dorsalis = Dorsal ou das Costas. Ducto – Do latim Ductus = Condução. Em anatomia, refere-se à tubo que conduz substância de um lugar ao outro (ducto parotídeo). Duodeno – Do latim Duodeni = A Dúzia, Doze. Tem a largura de 12 dedos. Em anatomia, refere-se à primeira porção do intestino delgado. Duramáter – Do latim Dura - Dura ou Forte e Mater = Mãe ou protetora. Em anatomia, refere-se a mais externas das membranas que revestem o SNC. E Eferente – Do latim Eferre = Levar para fora. Em anatomia, refere-se aos impulsos neuronais que iniciam no SNC e têm como destino a periferia. Eminência – Do latim Eminentia = Elevação ou Acréscimo. Eminência intercondilar (tíbia). Em anatomia, refere-se ao acidente ósseo da tíbia. Endométrio – Do grego Endon = Dentro e Metra = Útero. Em anatomia, refere-se ao tecido que reveste o útero internamente. 82 UNIDADE VIII │ DICIONÁRIO Endomísio – Do grego Endon = Dentro e Mys = Músculo. Em anatomia, refere-se à membrana de revestimento da célula muscular. Endósteo – Do grego Endon = Dentro e Osteon = Osso. Em anatomia, refere-se à membrana que reveste o osso internamente. Entérico – Do grego Enterykos = Intestinal. Em anatomia, refere-se à artéria mesentérica que irriga os intestinos delgado, grosso e pâncreas. Epicárdio – Do grego Epi = Sobre e Kardia = Coração. Em anatomia, refere-se ao tecido de revestimento externo do coração. Epífise – Do grego Epi = Sobre e Physis sulco de crescimento. Em anatomia, refere-se às extremidades ósseas que constituídas de osso poroso. Epiglote – Do grego Epi = Sobre e Glottis = Laringe. Em anatomia, refere-se à válvula que impede a entrada de líquido ou sólido nas vias respiratórias. Epimísio – Do grego Epi = Sobre e Mys = Músculo. Em anatomia, refere-se à membrana de revestimento do ventre abaixo da fáscia muscular. Escafoide – Do grego Scaphe = Canoa e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao primeiro osso do carpo. Escaleno – Do grego Skalenos = Desigual. Em anatomia, refere-se aos músculos escalenos que têm importância na respiração elevando as costelas e inclinando o pescoço. Escápula – Do latim Scapulae = Ombros. Em anatomia, refere-se ao osso do cíngulo escapular e importante para os movimentos do ombro. Esfenoide – Do grego Sphen = Vespa ou Mariposa. Em anatomia, refere-se ao osso pneumático que foi assim batizado pela suposta semelhança com os insetos. Esfíncter – Do grego Sphinktèr = Atadura. Em anatomia, refere-se aos músculos com funções de válvula (esfíncter anal, esfíncter da uretra, esfíncter esofágico). Esôfago – Do grego Oiso = Eu Levo e Phagos = Comida. Em anatomia, refere-se ao tubo encarregado de conduzir o bolo alimentar até o estômago. Esterno – Do grego Sternon = Peito Masculino. Em anatomia, refere-se ao osso anterior do tórax onde se articulam as costelas e clavícula. Estiloide – Do grego Stylos = Lança e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao acidente dos ossos rádio, ulna e temporal (processo estiloide). Estômago – Do grego Stoma = Boca e Cheien = Derramar. Em anatomia, refere-se ao órgão muscular localizado no hipocôndrio esquerdo. É importante para a digestão do alimento. 85 DICIONÁRIO │ UNIDADE VIII Hematopoiese – Do grego Haima = Sangue e Poiesis = Produção. Em anatomia, refere-se ao fenômeno da produção de células sanguíneas. Hialino – Do grego Hialos = Transparente. Em anatomia, refere-se à cartilagem de revestimento das extremidades articulares dos ossos. Hímen – Do grego Hymen = Membrana. Na mitologia grega, Hymen era o deus do casamento e seu culto era celebrado durante as núpcias do casal. Em anatomia, refere-se à membrana localizada no óstio da vagina e que rompe durante as primeiras relações sexuais. Hipófise – Do grego Hypo = Sob e Physis = Crescimento. Em anatomia, refere-se à glândula assim denominada por crescer debaixo do cérebro. Hipotálamo – Do grego Hypo = Abaixo e Thalamos = Câmara interna. Em anatomia, refere-se à parte do diencéfalo que tem ação sobre o sistema endócrino. I Íleo – Do latim Ileum = Que é provavelmente a latinização do grego Ileós = Enrolado. Em anatomia, refere-se à terceira parte do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo). Ílio – Do latim ilium = Quadril. Em anatomia, refere-se ao osso superior do quadril. Incisivo – Do latim incisivus = Cortante. Em anatomia, refere-se aos dentes anteriores com propriedades cortantes. Incisura – Do latim incisura = Incisão ou Corte. Em anatomia, refere-se ao acidente de alguns ossos próprios para articularem-se com outros ossos (incisura radial, incisura fibular). Infundíbulo – Do latim Infundibulum = Funil. Em anatomia, refere-se à extremidade distal da tuba uterina com característica dilatada. Inserção – Do latim insertio = Introdução. Em anatomia, refere-se ao ponto ósseo próprio para ligação do tendão. Ínsula – Do latim Insula = Ilha. Em anatomia, refere-se ao lobo cerebral interno com funções no sistema límbico e emoção (lobo insular). Intersticial – Do latim Interstitium = Entre e Sistere = Estar. Em anatomia, refere-se ao espaço extracelular. Intestino – Do latim Intestinum = Entranhas. Em anatomia, refere-se aos tubos de captação de nutrientes. Intumescência – Do latim Tumescere = Aumentar de volume. Em anatomia, refere-se às partes mais largas da medula espinhal onde se concentram os corpos de neurônio para a formação dos plexos. 86 UNIDADE VIII │ DICIONÁRIO Íris – Do grego Íris = Qualquer círculo colorido brilhante. Em anatomia, refere-se à região colorida do olho ao redor da pupila. Ísquio – Do grego Ischion = Quadril. Em anatomia, refere-se ao osso inferior do quadril. Istmo – Do grego Isthmós = Entrada ou Passagem Estreita. J Jejuno – Do latim Jejunus = Vazio. Em anatomia, refere-se à segunda parte do intestino delgado. Jugular – Do latim Jugulum = Garganta ou lugar onde o pescoço se liga aos ombros. Em anatomia, refere-se às veias de drenagem de sangue da cabeça e pescoço. L Lábio – Do latim Labrum = Lábio ou borda. Em anatomia, refere-se às bordas mucosas que revestem a boca e a vagina. Lactífero – Do latim Lacteus = Leitoso e Ferus = Que transporta. Em anatomia, refere-se ao ducto que transporta o leite (ducto lactífero). Lambdoide – Do grego Lambda e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se à sutura craniana com a forma da letra lambda (sutura lambdoide). Laringe – Do grego Larynx = Gaita ou Gritar. Em anatomia, refere-se ao órgão cartilaginoso localizado no plano mediano do pescoço e tem função importante na fonação e respiração. Lata – Do latim Lattus = Largo ou Extenso. Em anatomia, refere-se ao músculo da coxa tensor da fáscia lata com função de flexão, abdução e rotação medial do quadril e rotação lateral da perna. Ligamento – Do latim Ligamentum = Ligadura ou Atadura. Em anatomia, refere-se ao conjunto de fibras dirigidas no mesmo sentido que liga ossos articulados ou mantém os órgãos nas posições. Linfa – Do latim Lympha = Água. Em anatomia, refere-se ao líquido que circula pelos vasos linfáticos e possui células de defesa do organismo. Lobo – Do grego Lobos = Saliência Arredondada. Em anatomia, refere-se á divisão de certo órgãos (lobo fronta, lobo parietal). M Maléolo – Diminutivo do latim Malleus = martelo. Em anatomia, refere-se ao acidente dos ossos, tíbia e fíbula (maléolo medial e maléolo lateral). Mandíbula – Do latim Mandibula = maxila inferior. Em anatomia, refere-se ao osso inferior da face que se articula com o osso temporal. 87 DICIONÁRIO │ UNIDADE VIII Manúbrio – Do latim Manubrium = Cabo da espada. Em anatomia, refere-se ao acidente do osso esterno. Masséter – Do grego Maseter = Mastigador. Em anatomia, refere-se ao músculo da mastigação (músculo masseter). Mastoide – Do grego Mastos = Mama e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao acidente do osso temporal que lembra uma mama (processo mastoide). Maxila – Do latim Maxilla = Parte Superior da Face ou Bochechas. Meato – Do latim Meatus = Canal ou Via. Em anatomia, refere-se ao canal auditivo (meato acústico). Mediastino – Do latim medieval Mediastinum = colocado no Meio. Em anatomia, refere-se ao espaço onde abriga o coração. Medula – Do latim Medulla = Miolo. Em anatomia, refere-se à parte central de certos órgãos (medula espinhal, medula renal, medula óssea). Meninge – Do grego Meninx = Membrana. Em anatomia, refere-se às três membranas que revestem o SNC (dura-máter, aracnoide e pia-máter). Menisco – Do grego Meniskos = Crescente = Derivado de Men = Lua. Em anatomia, refere-se aos coxins do joelho. Mento – Do latim Mentum = Queixo. Em anatomia, refere-se ao acidente ósseo da mandíbula (protuberância mentual). Mesencéfalo – Do grego Mesos = Meio e Enkephalos = Encéfalo. Em anatomia, refere-se ao órgão do tronco cerebral por onde passam os tratos motores e sensitivos. Metacarpo – Do grego Meta = Depois e Karpus = Punho. Em anatomia, refere-se aos ossos localizados entre as falanges e carpos. Metáfise – Do grego Meta = Depois e Physis = Crescimento. Em anatomia, refere-se à parte óssea responsável pelo crescimento. Mielina – Do grego Myelos = Miolo. Em anatomia, refere-se ao tecido de revestimento dos axônios dos neurônios. Miocárdio – Do grego Myo = Músculo e Kardia = Coração. Em anatomia, refere-se ao músculo cardíaco. Mitral – Do latim Mitra. A válvula mitral recebeu esse por assemelhar- se com Mitra = Chapéu com Pontas de um Bispo. Molar – Do latim Molaris = Relativo à Mó = Pedra de Moinho. Em anatomia, refere-se aos dentes com propriedades triturantes. 90 UNIDADE VIII │ DICIONÁRIO Periósteo – Do grego Peri = Ao redor e Osteon = Osso. Em anatomia, refere-se ao tecido de revestimento externo do osso e tem importância no crescimento ósseo e na fixação dos tendões. Peristalse – Do grego Peri = Ao redor e Stellein = Mudar. Em anatomia, refere-se aos movimentos peristálticos. Peritônio – Do grego Peri = Ao redor e Teinein = Cobrir. Em anatomia, refere-se ao tecido que reveste os órgãos abdominais. Petroso – Do latim Petrosus ou Pétreo = Rochoso ou Pedra. Em anatomia, refere-se à parte do osso temporal (parte petrosa). Piamáter – Do latim Pia = Suave e Mater = Mãe. Em anatomia, refere-se à meninge mais fina e mais interna. Piloro – Do grego Pylorus = Guarda do Portão. Em anatomia, refere-se à parte terminal do estômago. Pineal – Do latim Pinea = Pinha. Em anatomia, refere-se à glândula cerebral que teria função na regulação do sono. Piriforme – Do latim Pirum = Pera e Formis = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao músculo do quadril com função de rotação externa. Pisiforme – Do latim Pisum = Ervilha e Formis = Semelhante. Em anatomia, refere-se ao quarto osso do carpo. Pituitária – Do latim Pituita = Secreção mucosa. Glândula hipófise. Em anatomia, refere-se à glândula hipófise. Platisma – do grego Platysma = Placa plana e Platus = plano ou Chato. Em anatomia, refere-se ao músculo que estica a pele do pescoço e levanta a clavícula (músculo platisma). Pleura – Do grego Pleura = Que primitivamente significava ao lado da costela. Em anatomia, refere-se à membrana dupla que envolve os pulmões. Plexo – Do latim Plexus = Trança. Em anatomia, refere-se à rede de nervos que se misturam (plexo braquial e lombossacral). Podálico – Do grego Pous = Pé. Polegar – Do latim Polles = Polegar. Poplíteo – Do latim Poplitis = Relativo ao Jarrete. Em anatomia refere-se Ao músculo e a artéria da parte posterior do joelho. Prosencéfalo – Do grego Pro = Antes e Enkephalos = Encéfalo. Em anatomia, refere-se à primeira vesícula primordial que posteriormente, dará origem as vesículas telencéfalo e diencéfalo. 91 DICIONÁRIO │ UNIDADE VIII Próstata – Do grego Pros = Antes e Sta = Parar. Em anatomia, refere-se à glândula masculina que produz parte do sêmen. Protuberância – Do latim Proe = Antes e Tuberis = Tumor. Em anatomia refere-se à proeminência anterior da mandíbula (protuberância mentual). Pterigoide – Do grego Pteryx = Asa e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se às duas colunas do osso esfenoide (processo pterigoide). Pulmão – Do latim Pulmo = Pulmão. Em anatomia, refere-se aos órgãos da respiração. Pupila – Do latim Pupilla = Diminutivo de Pupa = Menina. Em anatomia, refere-se à região de captação de luz. Putame – Do latim Putamen = Casca de Noz. Em anatomia, refere-se ao órgão cerebral que juntamente com os globos pálidos constituem o núcleo lentiforme e atuam nos movimentos grosseiros do corpo humano. Q Quadríceps – Do latim Quadri = Quadro e Caput = Cabeça. Em anatomia, refere-se ao músculo anterior da coxa (quadríceps femoral). Quiasma – Do grego Chiasma = Duas Linhas Cruzadas X. Em anatomia, refere-se ao cruzamento dos nervos ópticos acima da sela turca. R Renal – Do latim Renalis = Relativo aos Rins. Retal – Do latim Rectalis = Relativo ao Reto. Retina – Do latim Retina, provido de fina rede. Em anatomia, refere-se ao sensor de captação de luz. Retináculo – Do latim Retinaculum = Amarra. Em anatomia, refere-se ao limitador dos tendões (retináculo dos flexores). Rombencéfalo – Do grego Rhombos = Rombudo e Enkephalos = Encéfalo. Em anatomia, refere- se à terceira vesícula primordial que dará origem às vesículas metencéfalo e mielencéfalo. Rombóide – Do grego Rhombos, obtuso, rombudo e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se aos músculos retratores da escápula. Rostro – Do latim Rostrum = Bico de Ave ou objeto pontudo. Em anatomia, refere-se ao acidente do osso esfenoide (rostro esfenoidal). 92 UNIDADE VIII │ DICIONÁRIO S Sacro – Do latim Sacrum = Sagrado. Em anatomia, refere-se ao osso formado por cinco vértebras fundidas no final da coluna vertebral. Safena – Origem inserta. Pode ter vindo do grego Saphena = Visível. Em anatomia, refere-se às veias dos membros inferiores. Sagital – Do latim Sagitta = Seta. Sartório – Do latim Sartor = Alfaiate. Em anatomia, refere-se ao maior músculo do corpo humano que recebeu este nome pela sua ação flexora e adutora e rotadora da perna, posição típica de costura adotada pelos alfaiates romanos. Semilunar – Do latim Semi = Metade e Lunaris = Lua. Em anatomia, refere-se ao segundo osso do carpo. Semimembranáceo – Do latim Semi = Metade e Membranosus = Membranoso. Em anatomia, refere-se ao músculo posterior da coxa com função de extensão do quadril, flexão e rotação medial da perna. Seminífero – Do latim Semen = Semente e Ferre = Carregar. Em anatomia, refere-se ao túbulos onde ocorre a espermogênese. Serrátil – Do latim Serratus = Serreado. Em anatomia, refere-se ao músculo e as suturas cranianas com forma de serra. Sesamoide – Do grego Sesamen = Gergelim e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se aos ossos que se formam em tendões que atravessam articulações. Patela, fabela e ciamela são exemplos. Sigmoide – Do grego Sigma (a letra grega S) e Eidos = Semelhante. Em anatomia, refere-se à penúltima porção do intestino grasso com forma de letra S (colo sigmoide). Sincondrose – Do grego Syn = Junto e Chondros = Cartilagem. Em anatomia, refere-se à articulação cartilaginosa (anfiartrose) esternocostal e esfeno-occipital. Sindesmose – Do grego Syn = Junto e Desmos = Ligamento. Em anatomia, refere-se à articulação fibrosa (sinartrose) fora do crânio (sindesmose tibiofibular e membrana interóssea tibiofibular e membrana interóssea radioulnar). Sínfise – Do grego Synphisis = Crescer junto. Em anatomia, refere-se à articulação cartilaginosa (anfiartrose) entre os ossos púbis e entre as vértebras. Sinóvia – Do grego Syn = Com e do latim Ovum = Ovo. A sinóvia tem aparência de clara de ovo. Em anatomia, refere-se ao fluído viscoso das articulações. Sutura – Do latim Sutura = Costura. Em anatomia, refere-se às articulações fibrosas (sinartroses) entre os ossos do crânio. 95 Referências ASSIS, m. Volume de contos. Rio de Janeiro: Garnier, 1884. BARBOSA, D.F.; LEMOS, P. C. P. A medicina na Grécia antiga. Rev Med (São Paulo). 2007 abr.-jun.;86(2):117-9. BARRETO, G.; OLIVEIRA, M.G. A arte secreta de Michelangelo: uma lição de anatomia na Capela Sistina. São Paulo: ARX, 2004. BENCHIMOL, L. J.; SÁ, R. M. Adolpho Lutz: Sumário: Obra completa. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2004. 456 p. BLAIR, J. S. G. Nikolai Ivanovich Pirogov (1810-1881). International Society for the History of Medicine, The Brae, 143 Glasgow Road, Perth, PH2 0LX. 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