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Guias e Dicas
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Manual do cacau cabruca, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Florestal

Este documento elaborado com objetivo de subsidiar a 1ª Oficina de Qualificação do Plano ABC na Bahia, teve por base: (i) o capítulo CACAU CABRUCA – sistema agrossilvicultural tropical de autoria de Dan Érico Lobão (Ceplac- Uesc) Wallace Coelho Setenta (Cnpc – Cdac), Érico de Sá Petit Lobão (Cdac), Kátia Curvelo (Cdac),Laércio Pinho - in memorian) (Uesc) e Raúl René Valle (Ceplac) que compõe a 2ª Edição 2011 do livro CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MANEJO DO CACAUEIRO. In: Raul Valle. (ii) o manual para p

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

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Baixe Manual do cacau cabruca e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Florestal, somente na Docsity! SEAGRI SECRETARIA DE AGRICULTURA DA BAHIA - SEAGRI COMISSÃO DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA CEPLAC/SUEBA/CEPEC/SERAM 1º OFICINA DE CAPACITAÇÃO PLANO ABC – BAHIA Ceplac, Ilhéus (Ba), 27 a 29/08/2013 MANUAL DO CACAU CABRUCA SISTEMA AGROSSILVICULTURAL TROPICAL Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 2 SEAGRI MANUAL DO CACAU CABRUCA - SISTEMA AGROSSILVICULTURAL TROPICAL - Este documento elaborado com objetivo de subsidiar a 1ª Oficina de Qualificação do Plano ABC na Bahia, teve por base: (i) o capítulo CACAU CABRUCA – sistema agrossilvicultural tropical de autoria de Dan Érico Lobão (Ceplac- Uesc) Wallace Coelho Setenta (Cnpc – Cdac), Érico de Sá Petit Lobão (Cdac), Kátia Curvelo (Cdac),Laércio Pinho - in memorian) (Uesc) e Raúl René Valle (Ceplac) que compõe a 2ª Edição 2011 do livro CIÊNCIA, TECNOLOGIA E MANEJO DO CACAUEIRO. In: Raul Valle. (ii) o manual para preenchimento de projetos agrossilvi- culturais sustentáveis com cacau de autoria de Dan Érico Lobão e Ednaldo Ribeiro Bispo. Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 5 SEAGRI Considerando que no litoral da região Sul da Bahia - região cacaueira, onde se encontra grande parte dos mais significativos remanescentes de Mata Atlântica em áreas agricultáveis, ressalta-se a necessidade da ma- nutenção do sistema cacau cabruca para a conservação desses remanescentes florestais. De acordo com o re- ferencial teórico do estudo regional no Sul da Bahia apresentado por Lobão et al. (1994), a cacauicultura, ao longo de sua história, mostrou ser a atividade agrícola tropical que melhor compatibilizou o desenvolvimento sócio-econômico de uma região agrícola com a conservação ambiental, seja através do cacaueiro implantado sob sombreamento monoespecífico com a eritrina (Erythrina fusca e/ou E. poepigiana) ou sob multiespecífi- co do sistema cabruca (Fig. 2), com maior eficiência ambiental (Lobão & Setenta, 2000; Setenta, 2003; Se- tenta et al. 2005; Costa et al. 2002; Lobão et al., 2002f; Mello & Bispo, 2005). Figura 2. Cacaual sombreado com eritrina (A), perfil de um cacau cabruca (B). A integração do cacau cabruca ao ecossistema regional é um fato incontestável. Embora não sendo um espa- ço natural, está perfeitamente integrado, protegendo-o, beneficiando-se e interagindo com os recursos natu- rais e em especial com os fragmentos florestais da região Sul da Bahia. Portanto, interferências nesse espaço territorial devem ser realizadas com muito critério e através de uma visão multidisciplinar, considerando as- pectos legais, sociais, desenvolvimentistas, econômicos, técnico e ambiental, na busca de alternativas que promovam o desenvolvimento regional. Afinal, esse sistema proporcionou a sustentação dos recursos natu- rais de forma produtiva, sem alterar substancialmente suas características básicas, permitindo que o uso, a conservação e a produção coexistissem harmonicamente num mesmo ambiente, instituindo uma nova relação na interação homem- ambiente: a conservação produtiva. É estimulante perceber que o cacau cabruca é a resultante de uma luta árdua, para implantar uma agricultura com eficiência econômica em uma região de floresta tropical úmida, densa e de difícil antropização. Outro fato incentivador é que o sistema cabruca permitiu inúmeras vantagens apesar de ter sido desenvolvido de modo empírico, pela duplicação de acertos e correção de erros cometidos, ao longo de toda sua história. Por- tanto, há muito a ser feito técnica e cientificamente. O sistema cabruca pode evoluir e proporcionar melhores e maiores benefícios sócio-econômicos e ambientais. A perspectiva é aprofundar, no contexto regional, estadual e mesmo nacional, as discussões, as análises e as decisões sobre questões que envolvem o ambiente, a sustentabilidade dos recursos naturais, o desenvolvi- mento sustentável, o uso e a exploração de recursos naturais com foco na conservação produtiva (Fig. 3). Nessa perspectiva devem ser compreendidas dialeticamente as contradições históricas e sociais entre os di- versos posicionamentos acerca dessas questões, devendo-se considerar também o sistema de produção ca- bruca como uma forma de conservar os recursos naturais (hídricos, edáficos, diversidade biológica e rema- nescentes florestais) do Bioma Mata Atlântica do Sul da Bahia (Setenta, 2003). Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 6 SEAGRI Figura 3. Cacau-cabruca às margens do rio Cachoeira (A) e do rio Almada (B) evidenciando a relação har- mônica entre o cacau cabruca e recurso natural água. A necessidade de refletir as relações de uma determinada sociedade com a natureza tem o intuito de compre- ender a dimensão local como uma materialização dessas relações. Isso porque diferentes sociedades têm suas formas peculiares, explorando os recursos disponíveis, segundo seus valores culturais e necessidades, sejam elas econômicas e sociais (Setenta, 2003). Assim sendo, as principais características da região em que uma sociedade vive têm intrínseca relação com os elementos da paisagem, a singularidade da região e as condi- ções históricas em que se organizou esse espaço (Curvelo, 2006). Esse conjunto constitui a base concreta pa- ra a forma como o indivíduo, inserido num contexto histórico-social, determina sua maneira de gerir e usar os recursos naturais, da qualidade de vida, bem como, os destinos de sua realidade (Fig. 4). Figura 4. Região de bovinocultura no município Barra do Choça, Bahia (A) e no extremo Sul da Bahia (B). Região cacaueira baiana, cidade de Barro Preto (C). MARCO LEGAL A Região Cacaueira da Bahia tem enfrentado uma ambigüidade quanto à interpretação e a prática da legislação ambiental vigente. Apesar das áreas cultivadas com cacau serem ecológica, técnica e cientificamente incontes- táveis áreas de produção agrícola, e não florestal, as peculiaridades que a tornaram um modelo agrícola de grande eficácia ambiental, estimularam o movimento ambientalista da vertente mais preservacionista, a tratar a cabruca como área de floresta natural e subjugá-la ao rígido aparato legal estabelecido para a Mata Atlântica. O que demonstrou total desconhecimento quanto às características regionais, relações e inter-relações existentes no agroecossistema cacaueiro. Submetê-la a uma legislação ambiental com perfil preservacionista foi no mínimo uma ação irresponsável, vis- to que é incongruente às práticas agrícolas necessárias à cacauicultura. A cacauicultura por possuir uma dinâ- mica própria, a legislação vigente, inviabiliza a atividade, induzindo o cacauicultor a abandonar a área ou subs- tituir o atual uso do solo. É importante ressaltar que foram exatamente os ativos ambientais que o sistema cabruca é capaz de gerar, que despertaram e estimularam as organizações ambientalistas preservacionistas a criarem o cenário propício Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 7 SEAGRI a que se estendesse a rígida legislação ambiental da Mata Atlântica para o sistema agrossilvicultural cacauei- ro. Essa atitude, por outro lado, ressalta a eficiência ambiental do sistema cabruca em gerar produtos e serviços ecossistêmicos. Enquanto que a aplicação da legislação que disciplina a interferência em áreas de floresta tropical (Lei 4771/65, 11.428/06 e o Decreto 6.660/08), ressalta a inexistência de uma legislação específica para com o sistema agrossilvicultural cacaueiro. A legislação ambiental atual, na sua essência, disciplina a interferência apenas em áreas de vegetação nativa em diferentes estádios sucessionais; não fazendo alusão a áreas agrícolas cultivadas. Apesar de ter sua origem, intrinsecamente, ligada à floresta nativa, a cabruca não deve ser confundida con- ceitualmente como floresta. A cabruca é uma área cultivada, ou seja, antropizada para gerar serviços e/ou produtos com finalidade preestabelecida. Tecnicamente classifica-se como sistema agrossilvicultural (SAGS). Uma floresta tropical úmida natural é um ecossistema ecologicamente complexo. A simplificação de um ecossistema é uma característica de áreas antropizadas. Por mais diversidade de espécies (riqueza e abundân- cia) que possuam, os sistemas agrossilviculturais são sistemas que possuem dinâmica ecológica bem mais simples que de uma florestal natural. Uma floresta tropical natural se caracteriza por ser ineqüiênia (diferen- tes idades), pela presença predominante de indivíduos autóctones, pela alta diversidade de espécies distribuí- das nos seus três componentes clássicos: o arbóreo, o sub-arbóreo e o herbáceo. Deve-se ressaltar que o componente arbóreo protagoniza as inter-relações existentes no ambiente florestal. Em uma floresta tropical natural o componente arbóreo deve estar distribuídos em pelo menos três estratos verticais, superior (dossel), médio (arbustivo) e inferior (herbáceo), de modo a garantir a reposição e consequentemente à sustentabilida- de desse componente. Sistemas agrossilviculturais (SAGS), ou agroflorestais (SAF), são sistemas de produção consorciada envol- vendo um componente arbóreo e outro componente, que pode ser animal e/ou cultivo agrícola, de forma a maximizar a ação compensatória e minimizar a competição entre as espécies. Os SAGS tem por objetivo conciliar o aumento de produtividade e rentabilidade econômica com a proteção ambiental e a melhoria da qualidade de vida das populações rurais, promovendo, assim, o desenvolvimento sustentável. Atualmente, o conceito que incorpora as evoluções ocorridas e considera as características comuns a todas as suas formas é: “sistema agroflorestais são formas de uso e manejo dos recursos naturais, nos quais espécies lenhosas (árvores, arbusto e palmeiras) são utilizadas em associações deliberadas com cultivos agrícolas e/ou animais, na mesma área, de maneira simultânea ou seqüencial (Catie, 1986), para tirar benefícios das interações ecológicas e econômicas resultantes (Ludgren e Raintree, 1982; Nair, 1983). Uma das principais características de um SAGS é a presença de árvores no sistema, sendo a sua função in- fluenciada pelas características, número e arranjo dessas árvores e pelas interações que se estabelecem entre os componentes. A REGIÃO CACAUEIRA SULBAIANA A zona cacaueira baiana está inserida no corredor central da Mata Atlântica (Fig. 5), um dos principais cen- tros de endemismo deste bioma. O bioma Mata Atlântica, considerado como um dos hotspots mais importan- tes do planeta em razão da sua diversidade biológica e grau de endemismo, tem passado por um processo contínuo de eliminação, fragmentação e isolamento de florestas (Fonseca, 2000). Segundo Redford (1992), esses processos são as formas mais comuns de redução indireta de fauna silvestre provocada por atividade humana nas florestas tropicais (Filho et al., 2002; Lobão, 2006; Lobão et al., 2006). A formação vegetal primária dominante na Região Cacaueira do Sul da Bahia, Brasil, localizada entre o oce- ano atlântico e 41o 30' W e 13-18o 15' S é de floresta tropical úmida costeira. Classificada como floresta pe- renifólia latifoliada higrófila hileana baiana por Andrade-Lima (1966), enquanto que Veloso et al. (1991), considerando-a como integrante do corredor central do Bioma Mata Atlântica, a classifica como floresta om- brófila densa pertencendo à zona Neotropical. Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 10 SEAGRI floresta foi eliminada, tendo como árvore de sombra (proteção de topo) a espécie exótica Erythrina fusca numa densidade arbórea de 25 ind ha -1 ; além disso, possui mosaicos com diversificação agrícola e de rema- nescentes florestais (Alvim, 1958, 1969, 1972; Cunningham & Arnold, 1964; Amorim, 1965; Alvim & Pe- reira, 1972; CATIE, 1976; Coutinho, sd; Silva, 1989; Lobão & Setenta, 2002; Lobão et al., 2002f). CONCEITOS E CRITÉRIOS A palavra cabruca é uma corruptela de o verbo brocar, o qual deu origem a cabrocar ou cabrucar que signi- fica roçar, brocar a Floresta, cortando arbustos e algumas árvores para plantar o cacaueiro. Regionalmente, ainda hoje, esse conceito inicial está muito arraigado. O método de implantação do cacau em cabruca é na verdade um sistema agrossilvicultural de produção (sistema cacau cabruca), criado sem precedentes vem ge- rando benefícios (produtos e serviços) silviculturais, agroecológicos e ambientais (ecossistêmicos) muito va- lorizados no desenvolvimento sustentável, mas não facilmente percebidos por técnicos da área clássica de produção e nem pela sociedade regional. O cacau cabruca é o resultado primoroso da evolução e da ocupação do espaço agrícola, cuja origem está di- retamente relacionada com a colonização da região Sudeste da Bahia. Sua prática evoluiu a ponto de se tor- nar um sistema agrossilvicultural de produção que apresenta vantagens agro-ambientais sustentáveis quando comparado a outros sistemas agrícolas de produção. Conceituação i. Agroecossistema cacaueiro: é o conjunto de sistemas agrícolas praticados na região cacaueira; são áreas com cacau cabruca, sistemas agrossilviculturais (agroflorestais), cultivo diversos e áreas com re- cursos naturais, acrescidos dos fragmentos florestais existentes, oriundos, suportados, interferidos e conservados direta ou indiretamente pela cacauicultura. ii. Cacau cabruca: é uma forma de cultivo de baixo impacto ambiental baseado na substituição dos ele- mentos do sub-busque (estratos intermediários) da floresta tropical nativa por uma cultura de interesse econômico - o cacau; implantada sob a proteção de árvores remanescentes de forma descontinua e cir- cundada por vegetação natural, estabelecendo relações equilibradas com os recursos naturais associa- dos (Lobão et al., 1997b), concebido num contexto limitado de um espaço geográfico, pela relação di- reta homem-natureza, que propiciou as bases da formação histórica e cultural de um “território genuí- no”, a região cacaueira da Bahia. iii. Conservação produtiva: é a resultante da atividade técnica em um sistema de produção agrícola de bai- xo impacto ambiental, que possibilita a sustentação dos recursos naturais renováveis de forma produti- va, sem alterações substanciais na paisagem local e nas suas características básicas, garantidas o uso, a conservação e a produção de forma sustentável. iv. Conforto térmico: é o que a proteção de topo proporciona ao cacaueiro e está diretamente relacionado a fatores que influenciam a produção, produtividade e sustentabilidade do cultivo. A prática para gerar o conforto térmico, interfere na luminosidade disponível, exposição à radiação solar, temperatura do ar, amplitude térmica, velocidade do vento, umidade do ar, ou seja, nas condições microclimáticas da área; e, por conseguinte, na fotossíntese e atividades enzimáticas relacionadas à produção, proteção e abrigo de agentes causadores de pragas, doenças e predadores do cacaueiro, bem como, dos antagôni- cos que possibilitam o controle natural. v. Diversidade arbórea em cacauais: é a relação entre o número de espécies arbóreas (riqueza) e a abun- dância de cada espécie (número de indivíduos) na área cultivada com cacaueiros. vi. Espécie exótica: é uma espécie não nativa com ocorrência em determinada área geográfica fora de sua área de distribuição natural. vii. Espécie exótica adaptada: é uma espécie não nativa com ocorrência em determinada área geográfica fora de sua área de distribuição natural, mas os indivíduos da espécie se mostram ajustados em termos reprodutivos ou produtivos para a característica desejada. Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 11 SEAGRI viii. Espécie exótica naturalizada: é uma espécie não nativa com ocorrência em determinada área geográfi- ca fora de sua área de distribuição natural, mas os indivíduos da espécie se mostram ajustados, encon- trando-se ecologicamente adaptados e inseridos. Essa adaptação é de tal ordem que sua exclusão pro- porcionaria impactos ambientais. ix. Produtos e serviços ecossistémicos: o mesmo que produtos e serviços ambientais; benefícios diretos ou indiretos que as pessoas obtêm dos ecossistemas, como a produção do alimento entre outros e a regula- ção do clima, respectivamente. x. Sistema cabruca: é um sistema agroflorestal (agrossilvicultural) ou simplesmente sistema cabruca, tem como precursor o cacau cabruca; ele abriga o próprio cacau cabruca e todas as variações e composi- ções que o sistema permite inclusive as áreas de cacau que não foram plantadas sob a floresta atlântica original raleada (Figura 8); bem como em áreas abertas e manejadas como um sistema agrossilvicultu- ral (agroflorestal), nas quais indivíduos arbóreos nativos foram plantados ou tiveram sua regeneração permitida e tutelada. xi. Sistema agrossilvicultural (SAGS) ou agroflorestal (SAF): é um sistema sustentável de uso do solo que combina, de maneira simultânea ou em seqüência, a produção de cultivos agrícolas com a de árvores frutíferas ou florestais e/ou animais, utilizando a mesma unidade de terra e aplicando técnicas de ma- nejo que são compatíveis com as práticas culturais da população local. xii. Sistema agrossilvicultural (agroflorestal) cacaueiro: é um sistema agrícola de produção de cacau, que agrega todos os possíveis arranjos de produção de cacau; desde o cacau sem sombreamento – a pleno sol, cuja a proteção não é de topo, mas sim lateral, até a forma de cultivo tradicional – o cacau cabruca. xiii. Uso Múltiplo: conceitualmente pode-se compreender que o planejamento de propriedade rural sob o conceito de uso múltiplo significa a identificação e mapeamento simples das áreas de produção, con- servação, conservação produtiva, preservação, lazer, instalações e acessos, de modo a facilitar a elabo- ração, locação e instalação de projetos agrícolas e agrossilviculturais na propriedade. Critérios Técnicos Apesar de tecnicamente ainda não ter todos os padrões bem definidos, é possível, através da análise, experi- ências e saberes regionais (etnociência) estabelecer parâmetros técnicos capazes de contribuir para o manejo e a recomposição do sistema cabruca (recabruca), definindo critérios quanto à densidade, biometria, estrutura vertical, composição florística e diversidade (Lobão, 2001; CNPC, 2002; Lobão et al., 2002b; Lobão et al., 2004). O conhecimento e a experiência existentes permitem a elaboração de recomendações técnicas para nortear o manejo da base florestal do SAGS cacaueiro e, mais especificamente, do cacau cabruca de modo a agregar valor econômico ao sistema, com a produção de bens madeiráveis e não madeiráveis, concomitantemente à manutenção, e até mesmo o aumento da eficiência dos ativos ambientais gerados pelo sistema. Densidade de Sombreamento Densidade refere-se ao número de indivíduos das diferentes espécies arbóreas existentes em um determinado cacaual; sendo que a área de referência em questão é o hectare (Fig. 8). Conforme o número de indivíduo a densidade de sombreamento pode variar de acordo a qualidade do solo, condições micro-climáticas, localiza- ção da área na topo-seqüência, exposição à incidência solar, arquitetura e dimensão dos exemplares arbóreos que compõem a proteção de topo. A densidade arbórea é classificada como:  baixa densidade: quando o sombreamento do cacaueiro possui entre 18 a 50 ind ha-1 ;  média densidade: entre 50 a 85 ind ha-1; e,  alta densidade: quando é maior que 85 ind ha-1 (Lobão, 2001; Lobão et al., 2004). Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 12 SEAGRI A produtividade do sistema agrossilvicultural (SAGS) cacaueiro tem relação direta com o manejo (tratos cul- turais) que lhe é dispensado. E, o manejo do sombreamento, sistema de proteção de topo (elevação e/ou re- dução de copa, supressão de árvores e plantio), está entre os tratos culturais que não deve ser negligenciado. O manejo do sombreamento do cacaueiro gera resíduos (madeiráveis e não madeiráveis: cascas, galhos, troncos, epífitas entre outras). Basicamente o manejo da sombra consiste da interferência no sistema de pro- teção de topo (sombreamento), como desrama de galhos para elevação da copa, redução da área de copa e do raleamento (densidade) da copa, até a supressão para reduzir a densidade de árvores do sombreamento. Áreas cuja densidade do sombreamento estabelecido for menor a 18 ind ha -1 , mesmo com essências arbóreas nativas, não devem ser consideradas cabrucas, sendo passíveis de serem adensadas, visando a recomposição no modelo cabruca (recabrucadas). Figura 8. Cacau cabruca quanto à densidade das árvores de sombra. Cabruca de baixa densidade (A); cabruca de média densidade (B); e cabruca de alta densidade (C). A recabrucagem consiste no plantio de árvores de sombra com espécies nativas em cacauais cultivados a pleno sol (monocultura), ou com baixíssima densidade de sombra (menos de 20 ind ha -1 ), ou ainda, em ca- cauais tecnicamente implantados (padrão recomendado pela CEPLAC na década de 1970) sombreados ape- nas por uma espécie arbórea, no caso a eritrina. A densidade da árvore de sombra (estrato superior) deverá enquadrar-se numa das três faixas (baixa, média e alta densidade) estabelecidas acima. Em áreas que se en- quadram como de preservação permanente, recomenda-se um sombreamento de alta densidade (Lobão et al., 2004). Diversidade Arbórea do Sombreamento Composição Florística A diversidade de espécies mínima para o cacau cabruca não está tecnicamente determinada (Fig. 10). Estu- dos têm demonstrado a riqueza da diversidade vegetal da Mata Atlântica Sul Baiana e do sombreamento do cacau cabruca (Lobão, 1993; Lobão et al., 1997a, 1997b). São evidentes os benefícios e vantagens que esse sistema de produção proporciona quanto à biodiversidade arbórea. Contudo, é inconteste que pelo menos cinco (5) espécies arbóreas exóticas estão historicamente relacionadas à cacauicultura, a jaqueira, cajazeira, seringueira, bananeira, feijão-andú e mandioca e a eritrina, O quociente de mistura (QM), índice fitossociológico que faz referência à diversidade de espécies, possibilita comparar populações distintas. Na região Sudeste da Bahia o QM de áreas com cacau cabruca tem variado de 1/3 até 1/8 para espécie e de 1/8 a 1/12 para família botânica, ou seja, a cada 3 - 8 indivíduos arbóreos ocorre uma nova espécie e entre 8 - 12 indivíduos uma nova família (Santos, 1991, 2003; Lobão et al., 1997a, 1997b; Lobão, 2001; Lobão et al., 2004). Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 15 SEAGRI sa. Independente da real biodiversidade botanicamente identificada, o mercado madeireiro local agrupa as espécies pe- la sua utilização e estabelece preços para o metro cúbico, desde a madeira inatura (árvore em pé no campo) até ela beneficiada, na maioria das vezes, independente da espécie botânica; exceção para as espécies mais nobres. As espécies quando agrupadas em classes segundo o tipo de aproveitamento comercial da sua madeira, o que deter- mina regionalmente o seu valor de mercado, permitindo, de forma global, uma avaliação econômica do povoamento. Visando organizar e sistematizar essa classificação, foram utilizadas as seguintes classes de madeira, conforme a sua qualidade: Madeira Branca (B) - madeira branca ou agreste; Madeira Dura (D) - madeira dura; comercialmente mais va- lorizadas que as madeiras brancas; Madeira Nobre (N) - madeira nobre de alto valor comercial. Uma segunda letras é acrescentada identificando o uso ou potencialidade de comercialização no mercado regional: L - lenha; M - mourão; R - marcenaria fina; S - serraria (taipá); X - caixotaria; e V - movelaria. Duas classes são utilizadas para agrupar as espé- cies que legalmente não podem ser exploradas comercialmente e as que não têm valor de mercado: IC - imune de cor- te por razões legais; SU - sem utilização comercial. Vale comentar que as madeiras classificadas, como lenha, são aquelas com característica técnicas adequadas que as classifica como boa para lenha/carvão. Contudo, no mercado local qualquer madeira têm valor comercial como lenha, seja ela boa ou não energeticamente. Classificação da Espécie Quanto a sua Ecofisiologia – princípios da sucessão natural O conhecimento da dinâmica natural torna-se então fundamental no desenvolvimento de modelos de recupe- ração como de estabelecimento de sistemas agrossilviculturais (agroflorestais). O processo sucessional é uma força motora que leva o sistema, durante o seu desenvolvimento em direção a uma condição produtiva e sus- tentável. Entende-se como sucessão natural, o processo de desenvolvimento de uma comunidade (ecossistema) em função de modificações das composições no ambiente considerado, culminando no estádio clímax. O proces- so de colonização inicia-se com espécies pioneiras que são adaptadas a limitações e a competição inter- específica, essas criam condições adequadas de microclima e solo para estabelecimento de outros grupos de plantas, as secundárias que quando jovens, necessitam de menos luz, boa aceitação à competição intra- específica e melhores condições de solo. Essa seqüência sucessional evolui até um estádio final (clímax) que é representado por um grande número de espécies representadas por poucos indivíduos, mas extremamente adaptados à baixa disponibilidade de luz na fase jovem e grande competição intra-especícia durante toda sua vida; quando crescem em competição luminosa, normalmente as árvores apresentam crescimento monopodi- al e desrama natural. Cada fase da sucessão é caracterizada por composições florísticas e faunísticas típicas, associadas entre si e correlacionadas com o ecossistema estabelecido e com a fase sucessional subsequente. No processo de recu- peração ambiental o conhecimento da autoecologia das espécies animais e vegetais envolvidas em cada está- dio sucessional, possibilita a adoção de estratégias mais seguras ao seu estabelecimento, possibilitando até mesmo acelerar o processo. Grupo Ecofisiológico de Espécies Uma das primeiras classificações utilizadas para agrupar espécies ecofisiologicamente foi realizada por Bu- dowski (1965). Segundo esse autor, as espécies podem ser classificadas, segundo o estádio sucessional, co- mo: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímássicas. Outros autores têm trabalhado o con- ceito de grupos ecofisiológicos de espécies (Van Derpijl, 1972; Bazzaz & Piqkett, 1980; Denslow, 1987; Swaine & Whitmore, 1988; Marinez-Ramos et alii, 1989; Gandolfi, 1991; Gonçalves et alii, 1992). A classi- ficação das espécies em grupos ecofisiológicos torna-se a cada dia mais embasada cientificamente, deixando de lado o caráter subjetivo das classificações iniciais. Tabela 1 – Síntese de características dos diferentes grupos ecofisiológicos e seus estádios sucessionais Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 16 SEAGRI ESTÁDIOS INICIAL MÉDIO AVANÇADO COMUNIDADE PIONEIRA SEC. INICIAL SEC. TARDIA CLÍMAX Número spp Poucas (1– 5) Poucas (1–40) 30 a 60  100 CICLO VIDA IN- DIVÍDUOS Curto (1 - 3) Curto (5 - 15) médio a longo (20 – 50) longo (> 100) TEMPO VIDA POLPULAÇÕES < 10 10 – 25 40 – 100 muito longo (100 – 1000) TAMANHO SE- MENTES Peq. em gde. qtd. Peq. em gde. qtd. Indefinida (de- pende spp) grandes e em pq. qtde. VIABILIDADE SEMENTES Longa latente so- lo Longa latente so- lo Curta a média Curta SUB-BOSQUE Denso, emaranha- do Denso, várias herbáceas  escasso spp to- lerantes escasso com spp tolerantes TOLERÂNCIA A SOMBRA Intolerante Intolerante Tolerantes, exceto adultas Tolerantes, exceto adultas ALTURA (M) DO- MINANTE 5 a 8 12 a 20 20 a 30 (50) 30 a 45 (60) VELOC. CRESC ALT – ATINGIR MAX Muito rápido (me- ses) Rápido (me- ses/anoss) Vária com spp (> 1 anoo) Lento (> 10 anos) REGENERA- ÇÃOSPP DOMIN. Muito rara Praticamente au- sente Ausente ou gd. morte jov Abundante PRESENÇA DE EPÍFITAS Ausente (m – l) Presentes > qtde que anteri- or Presentes em gde. qtde. Fonte: Confeccionada a partir de dados de Budowski (1965), Swaine & Whitmore, (1988); Kageyama, e Gandara (2000) e Kageyama et al. (1997). Segundo os critérios, as seguintes características são consideradas para agrupas as espécies:  Pioneiras - capacidade de desenvolverem-se em clareiras, bordas, locais abertos e em condições limi- tadas / adversas; as espécies apresentam altas taxas de crescimento vegetativo, os sistema radiculares de absorção mais desenvolvidos; apresentam grande plasticidade fenotípica e ampla amplitude ecoló- gica (dispersão geográfica); raramente formam associação micorrízica e as espécies podem ser termo- blasta ou fotoblasta. Normalmente apresentam-se em pequeno número de espécies, mas grande densi- dade de plantas por hectares de uma mesma espécie. Em sua grande maioria são indivíduos que possui pequeno ciclo de vida (10-20 anos); a dispersão de sementes se dá por agentes generalistas; elas em geral são pequenas, apresentam alta viabilidade e grande produção por planta. Características: Se desenvolvem em clareiras, bordas ou locais abertos; Pequeno número de espécies; Grande densidade de plantas por hectares; Pequeno ciclo de vida ( 10-20 anos ); Dispersão de semen- tes por agentes generalistas; Viabilidade das sementes (linga); Grande produção de sementes Sementes em geral pequenas;/ Grandes quantidades; Altas taxas de crescimento vegetativo; Sistema radiculares de absorção mais desenvolvidos; Alta plasticidade fenotípica; Ampla amplitude ecológica (dispersão geográfica); Raramente fomam associação micorrízica; Podem ser termoblasta ou fotoblasta; Exem- plos de pioneiras para região Sul da Bahia; Uma relação de espécies espécies pioneiras Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 17 SEAGRI Aroeirinha Schinus terebentifolius Embaúba Cecropia hololeuca Fidalgo Aegiphila sellowiana Gurindiba Trema micrantha Ingá Inga marginata Landirana Symphonia globulifera Mauí Dictyoloma incanescens Mundururu Miconia dodecandra Murici Byrsonima sericea Pau-Pombo Tapirira guianensis Pororoca Rapanea ferruginea Quaresminha Miconia minutiflora Velame Croton florisbundum Quaresmeira Tibouchina sp.  Secundárias Iniciais: que se desenvolvem em locais totalmente abertos, semi-abertos e clareiras na floresta; aceitam somente o sombreamento parcial (lucíferas); convivem com as pioneiras (em menor densidade nas fases iniciais da sucessão florestal); produzem boa quantidade de sementes quando são boas as condições de iluminação na copa; ciclo de vida médio (15-30 anos); grupo mais representativo nos estádios médios de sucessão. Caracterizam-se por: se desenvolvem em locais totalmente abertos, semi-abertos e clareiras na flores- ta; Aceitam somente o sombreamento parcial (lucíferas); Convivem com as pioneiras ( em menor densidade nas fases iniciais da sucessão florestal); Produzem boa quantidade de sementes quando são boas as condições de iluminação na copa; Ciclo de vida médio (15-30 anos); Grupo mais representati- vo nos estádios médios de sucessão. Exemplos de algumas espécies secundárias iniciais típicas para área de floresta atlântica: Bauhinia for- ficata (pata de vaca), Senna multijuga (cobi, aleluia), Zanthoxylum rhoifolia (mamica de porca), Cae- saria sylvestris (café do mato, língua de teiú, aderninho), Cupania spp. (camboatá), Scheflera moroto- toni (mandiocão, matataúba), Alchornea iricurana (licurana), Inga spp. (ingá) e Senna macranthera (fedegoso).  Secundárias Tardias: que se desenvolvem exclusivamente em sub-bosque, em áreas permanentemente sombreadas; suas mudas normalmente compõem o banco de plântulas da floresta; iniciam sua presen- ça em estádios médios de sucessão; são geralmente árvores de grande porte; apresentam ciclo de vida longo (> 25 anos); suas sementes são dispersas por gravidade e por alguns de animais. Características: Se desenvolvem exclusivamente em sub-bosque, em áreas permanentemente sombreadas; Suas mudas vão compor o banco de plântulas da floresta; Iniciam sua presença em estádios médios de sucessão; São geralmente árvores de grande porte; Ciclo de vida longo; Suas sementes são dispersas por gravi- dade e por alguns de animais. Exemplos de algumas espécies secundárias tardias, para área de floresta atlântica: Centrolobium to- mentosum (araribá, putumuju), Dalbergia nigra (jacarandá), Bowdichia virgilioides (sucupira), Vo- chysia spp. (pau de tucano, uruçuca), Apuleia leiocarpa (garapa, jataí) e Esenbeckia leiocarpa (durão, guarantã).  Espécies Clímax: que se regeneram e se desenvolvem em plena sombra, sendo típicas de ambi- entes de floresta primária; suas sementes possuem geralmente pequena viabilidade e raramente apresentam algum tipo de dormência; sementes dispersas por gravidade, mamífero e roedores; as espécies adaptadas à competição inter-específica, apresentam baixa densidade de indivíduos por área; existem um grande número de espécies destes grupo em florestas primárias e nos está- dios avançados de sucessão; em pequenos fragmentos florestais isolados são geralmente espé- cies raras; os indivíduos apresentam ciclo de vida muito longo (>100 anos); não necessitam de Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 20 SEAGRI Figura 11. Vista panorâmica de um plantio de mandioca, tendo ao fundo um cacau cabruca no Sul da Bahia (A). Interior de um mandiocal danificado em conseqüência do ataque de caititus. Fotos Érico Lo- bão. A importância do sistema cabruca como um hábitat potencial para a biodiversidade regional reside não só na extensa área que ocupa, mas também ao fato da região cacaueira do sul da Bahia ser definida como um dos bolsões mais ricos de biodiversidade ao longo de toda a costa Atlântica. Esta área é conhecida como centro de endemismo para muitos grupos biológicos incluindo plantas (Prance, 1982; Paciencia et al., 2005), aves (Haffer, 1974) e mamíferos (Rylands, 1982). Estudando fazendas de cacau, Alves (1990) revelou uma perda na diversidade de aves e mamíferos em ca- bruca em relação à Floresta primária, porém Reitsman et al. (2001), comparando plantações de cacau com florestas nas terras baixas de Talamanca na Costa Rica, encontrou maior abundância e riqueza de espécies da avifauna em áreas de cacau, demonstrando que o uso dessas áreas pela fauna silvestre pode variar de acordo com a complexidade estrutural do sombreamento no sistema. A fauna silvestre na Mata Atlântica da região Sul da Bahia tem como um importante valor positivo a serven- tia de fonte de proteína alimentar para a subsistência de populações mais carentes (Argolo, 2002). O aprovei- tamento desses animais, contudo, está sendo feito através da caça descontrolada, muitas vezes para reduzir os danos provocados por algumas espécies à agricultura local. Estudos realizados na zona cacaueira apontaram mais de 15 espécies de mamíferos causadoras de danos agrícolas na região (Lobão, 2006). Em cabrucas, Encarnação (2001) quantificou danos de até 30% da produ- ção de cacau provocados por roedores, prejuízo similar ao ocasionado pela doença fúngica denominada vas- soura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa) na mesma área. Grupos de capivaras (Hydrochoerus hydrochae- ris L.) foram associados a prejuízos principalmente em plantações de pupunha e de caititus (Tayassu tajacu L.) em lavouras de mandioca (Santos, 2002; Lobão et al., 2006). Assim, nessa região, como em muitas partes do mundo, animais da fauna silvestre são considerados como pragas agrícolas e por esse motivo são caçados muitas vezes inescrupulosamente (Lobão, 2006). Isto, associ- ado à destruição dos habitats naturais e a ausência de planejamento para orientar essa exploração, estão le- vando à perda desses recursos naturais pouco conhecidos. As áreas de cacau cabruca, apesar de aparentemente apresentarem-se semelhantes à floresta original, são sis- temas modificados, devido a uma drástica redução das espécies vegetais (Sambuichi, 2002; Rolim & Chia- rello, 2004). Por outro lado, ao compararmos a cabruca com outros cultivos agrícolas observamos sua impor- tância na conservação de parte da diversidade biológica original, além de proteger remanescentes da Mata Atlântica e prover alimento para a fauna (Lobão, 2006). A cabruca também atua como corredor entre frag- mentos de floresta em algumas áreas desempenhando importante papel na dinâmica de populações de algu- B Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 21 SEAGRI mas espécies de mamíferos terrestres e, portanto, na conservação da biodiversidade na região sul da Bahia (Alger & Caldas, 1996; Faria et al., 2006). Uma alternativa viável para promover a conservação de espécies nativas, reduzindo a pressão sobre a fauna da região e agregar valor ao sistema agrossilvicultural cacau cabruca, é inserir a criação de animais silvestres com potencial zootécnico nesse sistema (Nogueira-Filho et al., 2004), transformando-o em agrossilvipastoril. É recomendável, ao adotar essa alternativa que se planeje a propriedade sob o conceito de uso múltiplo, de modo a que se estabeleça o uso racional da terra ou de todos os recursos (Fig. 12), priorizando a sustentabili- dade do sistema implantado (Lobão et al. 1999b; Lobão & Bispo, 2004). Figura 12. Uso racional da terra. Cultivo de flores tropicais (helicônia e antúrio) consorciado com cacau (A). Pastejo controlado de gado bovino na cabruca sob a copa de uma jaqueira. (B). CACAU CABRUCA – UMA AGROSSILVICULTURA SUSTENTÁVEL O desenvolvimento sustentável não é um estado fixo em harmonia. É um processo de mudanças em que as alterações na exploração dos recursos, gestão dos investimentos, orientação do desenvolvimento e aspectos institucionais são coerentes com as necessidades futuras e presentes (CMMAD, 1998). Atualmente são gran- des as pressões aos sistemas ditos modernos de produção agrícola devido aos resultados ambientais negati- vos que esses sistemas geraram, tais como: (1) devastação das florestas e redução da diversidade de espécies; (2) erosão e empobrecimento dos solos; (3) contaminações pelo uso indiscriminado de pesticidas; (4) polui- ção do ar e da água; (5) comprometimento dos recursos hídricos superficiais, tanto de pequenos como de grandes rios e (6) comprometimento do lençol freático e aqüíferos profundos. Isso tem feito com que novos métodos sejam requeridos para reduzir os impactos ambientais adversos e assegurar a pureza e não-toxidade dos alimentos. Essa é a exigência de um modelo sustentável de agricultura. Em última instância é o desafio contido na expressão agricultura sustentável (Lobão et al., 1999b; Lobão M et al., 2002e; Lobão & Setenta, 2002). Praticar uma agricultura sustentável é primordialmente praticar um modelo de agricultura que além de ser economicamente eficiente e viável, contribua de modo significativo com a conservação dos recursos naturais e forneça produtos saudáveis, sem comprometer os níveis tecnológicos de segurança alimentar já alcançados, diferenciando-se, portanto, dos conceitos até hoje praticados. Seguramente houve impactos ambientais na instalação da cacauicultura na Bahia. Entretanto, ao contrário dos demais modelos agrícolas produtivistas, o cacau cabruca não favoreceu a devastação das florestas e nem a diminuição da diversidade de espécies. Pelo contrário, permitiu a conservação dos recursos hídricos e de áreas significativas de remanescentes florestais, circundando ou inseridos em áreas antropizadas, bem como a sobrevivência de árvores e espécies da floresta original, na função de proteção de topo e lateral da cultura Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 22 SEAGRI dominante (sombreamento do cacau). Isto propiciou a formação de corredores ecológicos entre os remanes- centes florestais da região cacaueira baiana (Fernandes et al., 1994; CENEX, 1997; Lobão et al., 1999a; Lo- bão & Setenta, 2002; Fragoso, 2004). Atualmente as essências arbóreas nativas da sombra do cacau constituem não só uma atrativa reserva finan- ceira, como também, uma variada base genética que pode vir a ser, junto com os fragmentos florestais, um valioso banco natural de sementes, imprescindível a programas de recuperação de áreas e manejo florestal (Van Belle et al., 2003; Santos & Lobão, 1982). No entanto, os baixos preços do cacau no mercado externo, a falta de políticas públicas adequadas à realida- de regional, a falta de incentivos eficazes à modernização da lavoura e o desestímulo da sociedade regional ameaçam a permanência do cacau na região, seja cacau cabruca ou não. Conseqüentemente, também amea- çam a sobrevivência dos remanescentes de Mata Atlântica, a despeito da legislação vigente. O comprometi- mento acontece sob duas formas: a primeira é pela substituição do cacaual e seu sombreamento por outra cultura e a segunda, pela exploração do capital florestal de forma desordenada e inconseqüente, visando uni- camente gerar recursos financeiros (Lobão & Setenta, 2002; Lobão et al., 2002e, 2002f). O perigo não está apenas na exploração irracional dos recursos madeireiros sem plano de manejo que permi- ta uma exploração em bases sustentáveis. O perigo também está na falta de políticas públicas adequadas, na baixa conscientização dos agricultores para uma colheita florestal ordenada, baixa instrumentalização dos órgãos de governo relacionados diretamente com o problema. Contribuem para o problema a falta de um plano de manejo e exploração de produtos e subprodutos de base florestal, numa intensidade e periodicidade que não comprometa a capacidade de sustentação natural dessas áreas (Lobão & Setenta, 2002). É imprescindível não comprometer a continuidade do sistema cacau cabruca na Bahia ou a sua descaracteri- zação a ponto de não permitir a continuidade dos benefícios já verificados. Isso seria no mínimo comprome- ter a Mata Atlântica e perder a oportunidade de duplicação do modelo com outras culturas. Nenhum outro sistema de cultivo em clima tropical úmido e em área extensa quase que contínua (mais de 600.000 hectares), com eficiência comprovada a mais de 250 anos, conseguiu gerar tantos dividendos, ao tempo que conservou fauna e flora, assim como recursos hídricos e edáficos, fixando o homem no meio rural. Assim, pode ser considerado como um dos mais modernos e acertado modelo de agricultura tropical sustentável já praticado. SAGS Cabruca – Modelo Conservacionista O cacau cabruca é um sistema agrossilvicultural (Nair, 1980, 1986, 1990; Nair & Dagar, 1991; Passos 1998) que pode ser classificado: Estruturalmente, quanto à natureza de seus componentes, como um sistema agros- silvicultural que possui grande potencialidade em ser trabalhado também como agrossilvipastoril. Ainda na classificação estrutural quanto ao arranjo dos componentes (espacial e temporal) o cacau cabruca espacial- mente é classificado como misturado ou aleatório; quanto à temporalidade ele é simultâneo. Quanto a sua funcionalidade tanto pode ser de produção como de proteção; uma nova função pode ser criada em face de suas características, é a função de conservação produtiva. A classificação quanto à base ecológica pode ser enquadrado como um sistema agro-ecológico. Quanto à base sócio-econômica ajusta-se a diferentes bases de classificação, a sua escala de produção tanto pode ser comercial como intermediária, permitindo também produção de subsistência. Referindo-se a níveis tecnológicos, pode ser cultivado em diferentes níveis, admitindo a adoção de alta tecnologia, como também sua condução com média e baixa aplicação tecnológica. O cacau cabruca, como sistema agrossilvicultural (SAGs) sustentável tem garantido a conservação de rema- nescentes florestais da Mata Atlântica, permitindo a sobrevivência de indivíduos arbóreos de elevada signifi- cância econômica, social e ecológica. Alem do mais, propicia condições micro-climáticas favoráveis à con- servação e aumento da densidade de plantas ornamentais de grande valor a exemplo de helicônias, orquídeas, bromélias (Fig. 13) e epífitas variadas (Filho et al., 2002). Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 25 SEAGRI A Fazenda Dois Irmãos localizada nos domínios da Mata Atlântica apresenta cobertura vegetal com caracte- rísticas tipicamente tropicais. Topograficamente a região e a área inventariada apresentam um relevo ondula- do, com solos do tipo Haplortox variação cristalina, de textura argilosa, fertilidade de média à baixa, com profundidade média superior a 150 cm. O horizonte A varia entre 0 e 20 cm e o horizonte B entre 20 e 115 cm de profundidade (Setenta, 2003; Setenta et al., 2005). A coleta dos dados foi realizada considerando três níveis de abordagem: Nível 1, compreendendo os indiví- duos arbóreos com diâmetro à altura do peito (DAP) maior ou igual a 45,2 cm. Nível 2, compreendendo os indivíduos arbóreos com DAP < 45,2 cm e Nível 3, indivíduos arbóreos que compõem o sombreamento do cacaueiro plantado na cabruca. Apenas os indivíduos com DAP ≥ 45 cm foram considerados como base de avaliação visto que, a recomendação técnica e legal para o manejo de florestas tropicais com base no rendi- mento sustentável, considera apenas indivíduos desse porte. Também no cacau cabruca não foi valorada a madeira com circunferência à altura do peito (CAP) menor a 142 cm (Setenta, 2003; Setenta et al., 2005). Foram identificados, nos inventários florestais do sistema cacau cabruca (Nível 3) e da Floresta (Nível 1 e 2), 73 espécies arbóreas. Vale ressaltar a ocorrência de essências arbóreas de grande valor de mercado, conside- radas nobres como o arapati (Arapatiella psilophylla), que além de ser considerada como de uso nobre (mo- velaria e marcenaria fina) é uma espécie endêmica da Mata Atlântica sulbaiana. Também ocorre o araribá (Centrolobium robustum) e a bicuiba-vermelha (Virola bicuhyba), que apesar de serem consideradas como madeira branca, são usadas na marcenaria fina. O jequitibá-rosa (Cariniana estrelensis), jitaí (Dialium guia- nense), coração-de-negro (Swartzia grandiflora) e juerana-prego (Parkia pendula) foram espécies nobres di- agnosticadas na Fazenda Dois Irmãos. Também foram encontrados exemplares de braúna (Melanoxilon brauna), espécie ameaçada de extinção, devido à exploração irracional a que foi submetida ao longo do tem- po (Setenta, 2003; Setenta et al., 2005). É notório o expressivo volume total inventariado no cacau cabruca (Tabela 1). Isso se deve em parte à redu- ção no número de árvores (raleamento) para diminuir o sombreamento do cacau, o que diminui a competição entre as espécies arbóreas, à maior fertilidade dos solos em que estão instalados os cacauais e por beneficia- rem-se dos tratos culturais dispensados aos cacaueiros. Estes fatores são determinante para os valores biomé- tricos encontrados no cacau cabruca Nível 3, em relação aos Níveis 1 e 2 inventariados (Setenta, 2003; Se- tenta et al., 2005). Tabela 1. Elementos biométricos mensurados no cacau cabruca (nível 3) e nos níveis 1 e 2 de abordagem. BIOMETRIA CACAU - N3 FLORESTA - N1 FLORESTA – N2 Volume Total Inventariado – m 3 202,9 133,0 38,7 Volume de Madeira/ha – m³/ha 41,6 41,9 40,3 Volume de Lenha/ha – st/ha 70,7 71,2 68,5 Volume de Carvão/ha – mdc/ha 23,6 23,7 22,8 Volume de Madeira – m 3 5.819 4.608 4.434 Volume de Lenha – st 9.892 7.833 7.538 Volume de Carvão – mdc 3.297 2.611 2.512 st: metro de lenha; mdc: metro cúbico de carvão. O Agroecossistema Cacau Cabruca – Nível 3 de Abordagem A área inventariada foi um cacaual adulto, cujo sombreamento permanente estava composto de árvores de grande e médio porte, remanescentes da vegetação original, e árvores introduzidas. Trinta e seis espécies compõem o sistema de proteção de topo do agrossistema estudado, algumas espécies como a jaqueira (Ar- thorcarpus intergipholia) e a eritrina (Erythrina fusca) foram introduzidas, porém, a grande maioria é de es- pécies nativas da Mata Atlântica, chegando até mesmo a ocorrer espécie endêmica como o arapati. Um gran- de número das espécies está classificado como madeira branca e um reduzido número como de uso nobre na marcenaria. Ecologicamente o sistema de proteção possui espécies do estádio sucessional pioneiro [embaúba (Cecropia peltata), tararanga (Pouroma mollis), lava-prato (Alchornea tricurana)] assim como do estádio secundário Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 26 SEAGRI 26% 9% 24% 12% 7% 6% 16% Madeira Branca Serraria Madeira Branca Lenha Madeira Branca Caixotaria Madeira Nobre Branca Movelaria + Marcenaria Dura Movelaria + Marcenaria Sem Uso Comercial [pau-sangue (Pterocarpus violacens), cajueiro-da-mata (Hyeronima alchorniodis), amescla (Protium hepta- phyllum), pau-pombo (Tapirira guianensis), cobi (Cassia multijuga)] e do clímax [jitaí (Dialium guianense), sapucaia (Lecythis pisonis), bomba-d'água (Hydrogaster trinerve), cedro (Cedrela odorata)] (Setenta, 2003; Setenta et al., 2005). A densidade deste sombreamento é de aproximadamente 20 árvores por hectares (Tabe- la 2), bem próximo do recomendado para os plantios de cacau tecnicamente formado com sombreamento homogêneo de eritrina que é de 25 ind ha -1 (Setenta, 2003). Tabela 2. Estimativas biométricas dos componentes arbóreos do cacau cabruca. PARÂMETROS ESTIMATIVA – ha PARÂMETROS TOTAL – 140 ha Árvores (ind/ha) 20,1 Árvores (ind) 2.811 Área Basal (m 2 /ha) 6,2 Área Basal (m 2 ) 872 Volume Madeira (m 3 /há) 41,6 Volume (m 3 ) 5.820 Volume Lenha (st/ha) 70,7 Vol. Lenha (st) 9.892 Volume. Carvão (mdc/ha) 23,7 Vol. Carvão (mdc) 3.297 st: metro de lenha; mdc: metro cúbico de carvão. As madeiras de uso nobre (movelaria e marcenaria) apresentaram uma boa densidade numérica (3,8 ind/ha) e uma volumetria acima de 10 m³/ha, ou seja, um quarto do volume de madeira do sombreamento deste ca- caual é de madeira de valor comercial (Fig. 15). Mas, nem sempre esta similaridade se reflete no cacau ca- bruca. Em algumas cabrucas é possível encontrar a classe de madeira nobre (N) dominando a volumetria. Figura 15. Distribuição percentual do volume por hectare nas classes comerciais das espécies arbóreas amos- tradas no cacau cabruca. Fazenda Dois Irmãos. O Ecossistema Florestal – Níveis 1 e 2 de Abordagem A área inventariada foi um fragmento de floresta tropical úmida que, apesar de ser uma floresta secundária, alterna mosaicos de grande densidade e elevados padrões biométricos. A estrutura assemelhava-se ao de uma floresta primária com mosaicos de floresta secundária mais interferida. Indivíduos de valor comercial, espé- cies nobres, assim como árvores de grande porte (diâmetro e altura) foram também inventariadas. Pratica- mente dois inventários foram realizados simultaneamente na área florestal, um para os indivíduos arbóreos com circunferência a altura do peito (CAP) maior ou igual a 142 cm (Nível 1) e outro, onde foram mensura- das as árvores com CAP < 142 cm (Nível 2). Nível 1 de Abordagem Este nível agrega os elementos arbóreos adultos do sombreamento do cacaueiro potencialmente comerciais com CAP ≥ 142 cm (DAP ≥ 45,2 cm). A presença de espécies de valor econômico viabiliza seu aproveita- mento comercial madeireiro (Fig. 16). Sete espécies destacaram-se volumetricamente neste nível de aborda- gem: o pequi-amarelo (Caryocar barbinerve), samuma (Sterculia sp.), pau-sangue (Pterocarpus violacens), bicuiba-vermelha (Virola bicuhyba), biriba (Eschweilera speciosa), gindiba (Sloanea obtusifolia) e a copaiba Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 27 SEAGRI (Copaifera langsdorffii). O pequi-amarelo com mais de 6 m 3 /ha, destaca-se como a espécie de maior volu- metria comercial, contudo, por um erro de interpretação da legislação, ela é considerada como protegida con- tra exploração comercial (Setenta, 2003; Setenta et al., 2005). A maior concentração de árvores se dá na classe comercial branca-serraria (BS) com mais de 7 ind/ha, se- guida da classe branca-mourão (BM) e imune-ao-corte (IC) com aproximadamente 1,6 ind/ha. A concentra- ção de indivíduos de grande porte nessa classe faz com que a BS também continue sendo a classe de maior dominância (2 m 3 /ha) (Setenta, 2003). Nesse nível de abordagem em torno de 47% do volume comercial per- tence à classe BS e o restante está distribuído entre as outras classes de comercialização. Outra classe que apresentou valores expressivos foi a IC com 14,9% (Fig. 16). Figura 16. Distribuição percentual do volume por hectare nas classes comerciais das espécies arbóreas amostradas no nível 1 de abordagem. Fazenda Dois Irmãos. Níveis 2 de Abordagem Este nível agrega elementos arbóreos do sombreamento do cacaual com DAP menor que 45,2 cm (CAP < 142 cm). Esse nível agrupa os indivíduos com DAP abaixo do que tecnicamente deveria ser utilizado e/ou requerido pelo mercado madeireiro regional (Tabela 3). Contudo, é um nível que deve ser considerado, por- que além de ter valor comercial para estaca, poste, lenha e peças fraquejadas à mão, representa o estoque de crescimento e de reposição do estoque comercial (DAP > 45 cm), numa exploração baseada em regime de rendimento sustentável (Setenta, 2003). Tabela 3. Estimativas biométricas para o Nível 1 e 2 de interferência do inventário. PARÂMETROS ESTIMATIVA PARÂMETROS TOTAL – 110 ha Nível 1 Nível 2 Nível 1 Nível 2 Árvores (ind/ha) 15,4 108,3 Árvores (ind) 1.697 11.907 Área Basal (m 2 /ha) 4,5 5,7 Área Basal (m 2 ) 491 119 Volume Madeira (m 3 /há) 41,5 40,3 Volume Madeira (m 3 ) 4.608 4.434 Volume Lenha (st/ha) 71,2 68,5 Vol. Lenha (st) 7.833 7.538 Vol. Carvão (mdc/ha) 23,7 22,8 Vol. Carvão (mdc) 2.611 2.513 st - metro de lenha; mdc - metro cúbico de carvão A maior concentração de indivíduos se deu na classe comercial BS com mais de 20 ind/ha, seguida da classe branca-lenha (BL) com aproximadamente 18 ind/ha e nobre-marcenaria (NR) com 14 ind/ha (Setenta, 2003). Essa grande concentração de indivíduos reflete positivamente na área basal, fazendo com que a classe BS continue sendo a classe de maior dominância (1,1 m 2 /ha). Nesse nível de abordagem, mais de 50% do vo- lume comercial pertencem à classe de madeiras brancas BS, BL e BX, seguida da branca para marcenaria (Setenta, 2003; Setenta et al. 2005). 46% 3% 8% 6% 4% 9% 4% 5% 15% Madeira Branca Serraria Madeira Branca Lenha Madeira Branca Mourão/Cerca Madeira Nobre Madeira sem Uso Comercial Madeira Branca Marcenaria Madeira Dura Marcenaria Madeira Dura Serraria Imune ao Corte Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 30 SEAGRI hia, assim como exemplares arbóreos de inestimável valor para o conhecimento social, agronômico, florestal e ecológico. Oportunizou também a conservação de uma fauna silvestre diversificada, além de não compro- meter os recursos hídricos regionais, como nenhum outro modelo de agricultura tropical do nordeste, possi- bilitou meios que contribuíram para melhorar a qualidade de vida na zona rural, possibilitando a formação de numerosos pequenos e médios aglomerados urbanos sem perder as características rurícolas. Até a bem pouco tempo, o maior centro urbano regional – Itabuna – conservava essa característica ru-urbana. A soma de todos esses valores compõe um ecossistema único, diferenciado e extremamente diversificado, conhecido como agroecossistema cacaueiro. O sistema cabruca possibilitou o estabelecimento da cacauicultura tanto em pequenas como em extensas áreas da Bahia, tornando-se um grande exemplo de sustentabilidade. Considerando-se os aspectos sócio- econômico-ambientais, o cacau cabruca acabou constituindo-se na melhor forma de uso do solo para estabe- lecimento, em clima tropical, de uma atividade agrícola que é capaz de agregar produtos e serviços ecossis- têmicos, em sintonia com o desenvolvimento sustentável. Devido aos benefícios que é capaz de propiciar, recabrucar as áreas com cacau sombreado por eritrina e as plantações de cacau com baixa densidade e diversidade de espécies arbóreas no sombreamento, transforman- do-as em áreas semelhantes ao modelo cacau cabruca é de vital importância. O sistema cabruca possibilita também, com as mesmas vantagens agroambientais, o cultivo de outras culturas além do cacau, como o café e gramíneas para pastagem (Fig. 18). Figura 18. Áreas de sistema cabruca. Seringueira com cacau na cabruca (A). Seringueira mais cacau e café na cabruca (B); Pasto cabruca (C); café conilon em substituição ao cacau, numa cabruca de baixa densidade arbórea (D); cabruca que teve o cacau erradicado, sendo preparada para plantio com outra cultura (E). Observações ao longo da região cacaueira permitiram identificar fatores positivos do sistema cacau cabruca sob o ponto de vista conservacionista e do uso sustentável dos recursos naturais, tais como: 1) a estrutura da vegetação remanescente e sua importância na dinâmica do ambiente regional; 2) o potencial da vegetação conhecida para fins de aproveitamento e de prestação de serviços ecossistêmicos; e, 3) a evolução da consciência regional quanto aos males do processo de desmatamento praticado. O que per- mitiu também identificar áreas que apresentam potencial para uso múltiplo e sustentável dos recursos flo- restais remanescentes. Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 31 SEAGRI Vale ressaltar que do ponto de vista da sustentabilidade, o modelo agrícola conservacionista mais eficaz do bioma Mata Atlântica até hoje verificado - o cacau cabruca - é decorrente do modelo de cultivo criado regio- nalmente para o cacaueiro. Este modelo, além de valorizar suas características agroflorestais, consolidou uma estratégia única para instalação e condução de uma extensiva área cultivada com apenas uma espécie comercial, monocultivo agroindustrial, sem, contudo transforma-se em plantation. Esse sistema agrossilvicultural estimula a repensar as outras monoculturas regionais como pastagem, dendê e seringueira entre outras, sob a égide do desenvolvimento sustentável, estimulando-se a possibilidade de se- rem transformadas em sistemas de produção com maior diversidade biológica, semelhantes ao sistema cacau cabruca. É importante ressalvar, no entanto, que há muito a ser pesquisado. É preciso aprimorar as técnicas de manejo agrossilviculturais, ampliar o entendimento sobre as inter-relações ecológicas existentes, levantar as potenci- alidades para a conservação ambiental e capacidade de produção do agroecossistema cacau cabruca, conside- rando ainda que não existe um modelo ideal de cabruca. A conservação dos remanescentes (fragmentos e árvores) da Mata Atlântica deve-se à soma de diversos fato- res, sendo o mais importante entre eles, o modelo criado para o cultivo do cacaueiro - o cacau cabruca. O cacau cabruca consolidou uma estratégia única na história da agricultura tropical, permitindo o estabele- cimento da cultura em larga escala, sem, contudo transformá-la em uma monocultura extensiva, apesar dos 640.000 ha de cacau que foram implantados na Região Sudeste da Bahia. A cabruca é um sistema agrossilvicultural, sem precedentes, que estabeleceu nova relação com os recursos naturais: a conservação produtiva. O sistema comprovou ser possível fixar o homem no meio rural, gerando renda e mantendo os recursos naturais (solo, água, vegetação e mesmo a fauna silvestre) em bom estado de conservação. A flexibilidade do sistema cabruca permite a execução de programas de resgate de espécies ameaçadas de extinção (Programa Pau-brasil www.arvorenacional.com.br) e programas capazes de atender a demanda de madeiras tropicais (Pró-nativa da CEPLAC). Considerando-se os princípios de paridade sócio-econômico- ambiental requeridos pelo desenvolvimento sustentável, o cacau cabruca agregou valores que o tornaram um modelo agrossilvicultural que o tempo mostrou ser muito eficiente, constituindo-se na melhor forma de uso do solo em clima tropical, visto que: Permitiu a sobrevivência de fragmentos da Mata Atlântica original; Conservou exemplares arbóreos no interior do sistema sombreando o cacau; Estabeleceu conectividade entre os fragmentos florestais (corredores ecológicos); Contribuiu para a conservação de uma fauna silvestre bem diversificada, aumentando a capacidade de suporte dos remanescentes; Conservou os recursos hídricos regionais; Manteve os solos em condições próximas aos de um solo florestal; Gerou renda e ajudou a fixar o homem no meio rural. A soma de todos esses valores compõe um ecossistema único, diferenciado e extremamente diversificado, o agro-ecossistema cacaueiro, possibilitado pelo cacau cabruca, que sem sombra de dúvida, constitui-se num dos maiores legado que a Região Cacaueira da Bahia foi capaz de gerar. A sua assertividade quanto a sustentabilidade é evidente e instiga uma gestão de recursos naturais que chega até mesmo a desafiar o que está estabelecido, seja legal, técnico ou acadêmico. Vale ressaltar que o sistema cabruca não é um modelo estático, acabado; ele está em contínua evolução, seja naturalmente ou pela interfe- rência humana, desde a sua origem, até o presente, ajustando-se ao momento. Ele foi capaz de satisfazer os anseios dos primeiros desbravadores, assim como é capaz de atender as exigências atuais sejam elas econô- micas, sociais ou ambientais. O sistema cacau cabruca está intrinsecamente relacionado à história e o agir de um povo, afinal é um traço cultural da civilização do cacau - da nação grapiuna. Criticá-lo, desmerecê-lo, desconsiderá-lo é ofender um povo que soube com maestria, sem apadrinhamento governamental nem balizadores técnico-científicos, ocu- par um espaço mostrando que é possível o convívio harmônico com a natureza. Cabe à ciência e à tecnolo- gia, agora, melhorá-lo. Ceplac/Sueba/Cepec/Seram (www.ceplac.gov.br) – Dan Érico Lobão, Eng. Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 32 SEAGRI A região cacaueira, hoje, é uma região economicamente em crise, socialmente inquieta e combalida, que apresenta mudanças em seus valores morais e ambientalmente em processo de degradação. A sua recupera- ção esta ligada à cacauicultura e transcende a recuperação da produtividade, ultrapassa as questões relacio- nadas à dívida da cacauicultura. A sua recuperação em bases sustentáveis está também ligada à permanência de um sistema que conseguiu conciliar, num espaço bem definido, a conservação com a produção. Conse- guiu também manter inserido e/ou no entorno das áreas cultivadas significativos remanescentes de floresta tropical atlântica e de recursos naturais em bom estado de conservação, em uma região populacionalmente densa e com intensa atividade antrópica. O SAGS Cacau cabruca é, possivelmente, o maior legado que a região sulbaiana gerou em benefício do de- senvolvimento sustentável. O seu modelo sui generis de conservação produtiva, por si só, deveria ser motivo suficiente para garantir a sua conservação. A Região Cacaueira da Bahia - sua cultura, costumes, agricultura, comércio, história, crescimento, desenvol- vimento, riqueza e pobreza - teve no cacau seus modus vivendi (relação homem-ambiente), numa relação tão imbricada, que não devem, ou melhor, não podem ser consideradas em separado. O cacau cabruca é um traço histórico-cultural da Nação Grapiúna (Região Cacaueira do Sul da Bahia) e como tal dever ser manejado e conservado. É preciso olhar para o cacau cabruca e perceber além da amêndoa do cacau! É preciso aumentar sua produtividade, sem comprometer os recursos naturais! É preciso ampliar sua conservação produtiva, sem onerar nem sacrificar o cacauicultor! BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ALGER K & CALDAS M. 1996. Cacau na Bahia: decadência e ameaça à Mata Atlântica. Ciência Hoje 20(117):28-35. ALVES MC. 1990. The role of cacao plantation in the conservation of the Atlantic forest of southern Bahia, Brazil. Tese de mestrado, University of Florida, Gainesville. Pp ALVIM P de T. 1958. El problema del sombreamiento del cacao bajo el punto de vista fisiológico. Agrono- mia 25(92):34-42. ALVIM P de T. 1966. O problema do sombreamento do cacaueiro. Cacau Atualidades 3(2):2-5. ALVIM P de T. 1967. Eco-phyisiology of the cação tree. 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Florestal, DSc (dan@ceplac.gov.br), 73 3214-3269 Pag 35 SEAGRI MELLO Y & BISPO KC. 2005. Reserva Legal: aspectos legais e sustentabilidade da propriedade rural. Agenda 25a Semana do Fazendeiro, 23 a 27/Out/2005. CEPLAC/CENEX/ EMARC, Uruçuca., Bahia. p 136-137. NAIR PKR. 1980. Agroforestry species: a crop sheets manual. Nairobi, ICRAF. p. 336. NAIR PKR. 1986. Agroforestry systems and practices: their application in multiple use of forests. In: V Congresso Florestal Brasileiro, Recife, 23 - 28 de novembro, 1986. NAIR PKR. 1990. Classification of agroforestry systems. In: MacDICKEN KG & VERGARA N T (Ed.). Agroforestry: classification and management. New York, Wiley Intercience Publication. P.31-57. NAIR PKR & DAGAR JC. 1991. An approach to developing methodologies for evaluating agroforestry sys- tems in India. Agroforestry Systems 16:55-81. NOGUEIRA FILHO SLG, SANTOS DO, MENDES A & NOGUEIRA SSC. 2004. 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