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Guias e Dicas
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Weber, regina, pereira elenita. halbwachs e a memoria. contribuições a historia cultural, Notas de estudo de Antropologia

MAURICE hALBWACHS

Tipologia: Notas de estudo

2016

Compartilhado em 07/07/2016

fabiola-souza-18
fabiola-souza-18 🇧🇷

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Baixe Weber, regina, pereira elenita. halbwachs e a memoria. contribuições a historia cultural e outras Notas de estudo em PDF para Antropologia, somente na Docsity! 104 Revista Territórios e Fronteiras V.3 N.1 – Jan/Jun 2010 Programa de Pós-Graduação – Mestrado em História do ICHS/UFMT Regina Weber∗ Elenita Malta Pereira∗∗ HALBWACHS E A MEMÓRIA: CONTRIBUIÇÕES À HISTÓRIA CULTURAL Retomar o contexto intelectual no qual Halbwachs desenvolveu suas análises sobre o fenômeno da memória pode nos auxiliar a melhor compreendê-las. Filósofo em sua primeira formação, Maurice Halbwachs (1877-1945) foi aluno de Henri Bergson (1859-1941), pelo qual foi influenciado no início de seus estudos. Lecionou em vários Liceus e, após pesquisar sobre Stendhal e Rembrandt, passou o ano de 1904 na Alemanha, em Hannover, trabalhando com obras de Leibnitz. A partir dessa estada no exterior, começou a romper com a Filosofia e, após refletir muito sobre a emergente ciência da Sociologia, conheceu o sociólogo Émile Durkheim (1858-1917), do qual se tornou discípulo. Voltou a ser estudante, embrenhando-se em várias matérias (direito, economia política, matemática), vivendo de uma bolsa de estudos ∗ Doutora em Antropologia Social pela UFRJ. Docente do PPGHIST – UFRGS. E mail. reginaw@terra.com.br ∗∗ Mestranda em História – UFRGS. E mail. elenitamalta@gmail.com Resumo: O objeto deste artigo é a fecundidade do conceito de memória coletiva proposto por Maurice Halbwachs, percebida através das críticas que recebeu e diálogos que promoveu em várias disciplinas. A partir de algumas das críticas mais importantes que o autor recebeu em vida – principalmente de seus colegas em Strasbourg –, e de alguns estudos recentes em ciências humanas, pretendemos verificar como suas noções contribuíram para os estudos históricos, particularmente para o campo da história cultural. Palavras-chave: Maurice Halbwachs, memória coletiva, memória cultural, história cultural. Abstract: The subject of this article is the fruitfulness of the concept of collective memory proposed by Maurice Halbwachs, seen in all criticism he received and dialogs he promoted in many disciplines. From some of the most relevant criticism - mainly from his peers in Strasbourg – and from latest studies in human sciences, we intend to find how his concepts contributed to history, in particular to cultural history. Keywords Maurice Halbwachs, collective memory, cultural memory, cultural history. 105 em Paris. Trabalhou no conselho editorial de Année Sociologique1 com François Simiand2, quando editou a seção de economia e estatística. Em 1913, doutorou-se com a tese A Classe Operária e os Níveis de Vida, onde se deparou com o problema das classes sociais e, refletindo sobre a diversidade dos comportamentos, tendências e sentimentos humanos, concebeu a idéia de que “o homem se caracteriza essencialmente por seu grau de integração no tecido das relações sociais” (ALEXANDRE, 2006, p. 23). Em Les Cadres Sociaux de la Mémoire, de 1925, Halbwachs reafirma essa idéia, aprofundando-a, ao mostrar que não é possível conceber o problema da recordação e da localização das lembranças sem tomar como referência os contextos sociais que são a base para a construção da memória (DUVIGNAUD, 2006, p. 8). Influenciado também pela obra de Freud, A Interpretação dos Sonhos, tentou entender a formação da memória no indivíduo e na coletividade. No entanto, Halbwachs concebe o sonho de forma diferente da recordação, pois, para ele, o sonho é individual e está fora do sistema de relações sociais; nele as imagens aparecem isoladas do contexto. Já a recordação, entendida como atividade construtiva e racional da mente, precisa de um meio social, consciente, para realizar-se, os grandes marcos da memória da sociedade (HALBWACHS, 2004, p. 56). Neste sentido, valorizando o sentido “voluntário” da memória, opõe-se a Bergson e Proust, como veremos a seguir. Em 1919, tornou-se professor de Sociologia na Universidade de Strasbourg, onde formou um grupo de trocas intelectuais com Lucien Febvre e como dois de seus principais críticos contemporâneos, Marc Bloch, e Charles Blondel. Uma década depois, o percurso intelectual de Halbwachs e de outros strasbourguenses desenrolou-se em Paris, onde buscou, em diversos momentos, ocupar a cátedra de Sociologia no Collège de France (MUCCHIELLI, PLUET-DESPATIN, 2001). Os últimos anos de Halbwachs coincidiram com a Segunda Guerra Mundial. Ele lutou contra a propaganda anti-semita nazista que era divulgada por meio do rádio e do cinema. No artigo “La mémoire collective chez les musiciens” se apresenta não só contra o nazismo alemão, mas também contra sua ideologia espiritual, representada pela música-propaganda de Wagner. Poucos meses após ter sido nomeado professor do Collège de France, em 1944, foi 1 Revista fundada em 1898 por Émile Durkheim para divulgar seus estudos e de seus alunos. É publicada até hoje, na França. 2 Aluno de Durkheim e Bérgson, sociólogo, economista e professor do Collége de France, Simiand (1873-1935) combateu a escola metódica, debatendo com Charles Seignobos e Charles Victor Langlois. Propôs uma maior cooperação entre a História e as Ciências Sociais, e suas reflexões, publicadas em 1903 na Revue de Synthese Historique, influenciaram os fundadores da Escola dos Annales (FONSECA, ROIZ, 2006, p. 230-232). 108 permanência da lembrança é preciso que ainda façamos parte do grupo. Lembramo-nos dos eventos, enquanto as pessoas envolvidas estejam fazendo parte de nosso contexto. Halbwachs não exclui totalmente a possibilidade de recordações individuais, o que chama de “intuição sensível”, para distinguir “das percepções em que entram alguns elementos do pensamento social”; contudo, acredita que “fatos desse tipo sejam muito raros, até mesmo excepcionais” (HALBWACHS, 2006, p. 42), o que lhe renderia muitas críticas, como veremos a seguir. Servindo-se de recordações de infância própria e de outros autores, Halbwachs quer demonstrar a importância da família para a constituição das primeiras memórias, pois o primeiro grupo social da criança é a família. As lembranças podem voltar à nossa mente através de imagens. Halbwachs cita seu primeiro mestre, Bergson, para tratar do “reconhecimento por imagens”, que ele entende como a ligação da imagem de um objeto (pessoa, paisagem, etc.), vista ou evocada, a outras imagens que, juntas, formam uma espécie de quadro. Para lembrarmo-nos do rosto de um amigo que não vemos há muito tempo, por exemplo, é necessário reunir várias lembranças parciais, ligar inúmeras recordações. Afinal, além de imagem visual, um rosto comporta também expressões, que podem demonstrar emoções ou pensamentos que facilitam a recordação. Desta junção, surge o reconhecimento. Halbwachs argumenta que o pensamento coletivo comanda a sociedade através de uma “lógica da percepção que se impõe ao grupo e que o ajuda a compreender e a combinar todas as noções que lhe chegam do mundo exterior” (HALBWACHS, 2006, p. 61). A representação do espaço, através da geografia, topografia, física é determinada pela “lógica da percepção” do grupo; lemos os objetos segundo essas noções que nos são ensinadas pela sociedade desde cedo. As lembranças também passariam por essa mesma lógica, ou seja, “leis da percepção coletiva” explicariam recordações de lembranças que se referem ao mundo. Um dos desdobramentos da ideia de memória coletiva de Halbwachs está em sua crítica à nossa insistência em atribuir a nós mesmos ideias, reflexões, sentimentos e emoções que os grupos de que fazemos parte nos inspiraram. Muitas vezes expressamos reflexões tiradas do jornal, da conversa com amigos, de um livro, como se fossem nossas. “Quantas pessoas têm espírito crítico suficiente para discernir no que pensam a participação de outros, e para confessar para si mesmos que o mais das vezes nada acrescentam de seu?” (HALBWACHS, 2006, p. 65). O capítulo, entretanto, é finalizado com a ressalva de que, apesar de a memória coletiva ter como base um conjunto de pessoas, “são os indivíduos que se lembram, enquanto integrantes do grupo (...) cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva”, que muda conforme o lugar que o indivíduo ocupa no grupo. 109 Portanto, Halbwachs percebe a importância dos indivíduos, porém, sua relevância advém do grupo, da união de suas lembranças na formação da memória coletiva. Halbwachs opõe memória coletiva e memória histórica. Para tratar desta última, argumenta que nascemos num contexto em andamento; fatos históricos importantes já ocorreram antes de nossa passagem pelo mundo. Não podemos nos lembrar deles, pois não os vivenciamos; temos acesso a eles através da escola, dos livros, das conversas de nossos pais. Tais fatos históricos seriam parte de uma “memória da nação” e, quando evocados, faz-se necessário recorrer à memória de outros, que é a única fonte possível para acessá-los. Para o autor, nossa memória não se apóia na história aprendida, mas na história vivida. A “nossa” memória é a coletiva, vivenciada. A história começaria no ponto em que a memória social (amparada no grupo vivo) se apaga, pois é necessário distância para escrever a história de um período. Para que a memória dos acontecimentos não se disperse, não se perca, deve ocorrer a fixação por escrito das narrativas, pois “os escritos permanecem, enquanto as palavras e o pensamento morrem” (HALBWACHS, 2006, p. 101). Especialmente importante para os historiadores é a distinção que Halbwachs introduz entre memória e história. Ele mesmo considera que a expressão “memória histórica” não é muito feliz, pois associa termos que se opõem. Na visão de Halbwachs a história difere da memória principalmente pelo caráter de registro do passado, fixado pela escrita, enquanto que a memória é fruto dos testemunhos de uma época, remontando sempre a um presente em movimento. Halbwachs encontra ainda mais dois aspectos para distingui-las. O primeiro é que, em sua visão, a memória coletiva é “uma corrente de pensamento contínuo, de uma continuidade que nada tem de artificial, pois não retém do passado senão o que está vivo ou é capaz de viver na consciência do grupo que a mantém” (HLBWACHS, 2006, p. 102). Já a história, fora e acima dos grupos, introduz divisões simples na corrente dos fatos, organizando-os, para garantir um texto inteligível, suprindo a necessidade didática de esquematização. O segundo aspecto refere-se ao fato da história ser um “painel de mudanças”, onde apenas é perceptível a soma das transformações que levam a um resultado final, pois a história “examina os grupos de fora e abrange um período bastante longo”. Ao contrário, “a memória coletiva é o grupo visto de dentro e durante um período que não ultrapassa a duração média da vida humana” (Halbwachs, 2006, p. 109); é um “painel de semelhanças”, portanto. 110 Críticas e diálogos Nesta parte do artigo, enfocaremos dois de seus principais críticos contemporâneos, Marc Bloch e Charles Blondel, com os quais Halbwachs dialogou. A seguir, examinaremos alguns dos debates atuais que demonstram o caráter seminal da obra do autor. O historiador Marc Bloch, um dos fundadores da Escola dos Annales, foi colega de Halbwachs na Universidade de Strasbourg. A favor de uma maior integração entre as Ciências Humanas, Bloch escreveu uma resenha de Les Cadres Sociaux de la Mémoire, na Revue de Synthèse Historique, em 1925, na qual critica alguns dos pressupostos do livro de Halbwachs. Em sua leitura desta resenha, Hernán Sorgentini (2003, p. 106) entende que Bloch concorda com Halbwachs na utilização de categorias de origem social situadas no espaço e tempo. Entretanto, pode-se observar que Bloch lamentou que a mémoria jurídica e o costume foram deixados de lado (BLOCH, 1925, p.76). O texto de Bloch principia de modo irônico, admitindo que “et n'eût certainement pas poussé la témérité jusqu'à en rendre compte”5. Comentando a noção de Halbwachs sobre os sonhos, Bloch criticou que ela se encontrava em completa contradição com a psciologia bergsoniana (BLOCH, 1925, p. 74). O próprio conceito de memória coletiva é questionável para Bloch, porque, em muitos casos, podemos estar usando erroneamente o termo, em questões que envolvem apenas a comunicação entre os indivíduos. Outra crítica contundente aparece no questionamento sobre o modo como as lembranças coletivas passam de geração a geração num mesmo grupo. Bloch acredita que a resposta deve variar de acordo com o grupo, e que Halbwachs negligencia a questão, tocando-a muito de leve, quando a resolve afirmando que a sociedade é obrigada a se unir a novos valores, apoiar-se em outras tradições, em relação com suas necessidades e tendências atuais. Por esta omissão, Bloch culpa o vocabulário durkheiminiano caracterizado pela aplicação ao coletivo de termos emprestados da psicologia individual. Ele acredita que as palavras “memória coletiva” são expressivas e podem ser utilizadas, entretanto, sem confundir os mecanismos pelos quais um indivíduo ou uma sociedade guardam suas lembranças. São processos diferentes. Para que um grupo guarde sua memória, não basta que os indivíduos se lembrem, é necessário também que os mais idosos não negligenciem a transmissão dessas representações aos mais jovens. Em A Memória Coletiva, mais de vinte anos depois, Halbwachs responde a essa crítica. Concorda com Bloch que os avós seriam os transmissores da memória aos netos, na 5 Uma forma equivalente em português seria “e certamente empurrei temerariamente até dar conta”. 113 mesmo ausente, invisível, há uma corrente de pensamentos e sentimentos que ligam a criança aos seus (HALBWACHS, 2006, p. 47). Este ponto pode ser considerado o centro da teoria de Halbwachs, emanada de Durkheim: nem mesmo quando estamos sozinhos deixamos de pertencer a quadros sociais, que nos influenciam, apesar de sua ausência, ou invisibilidade. Para Mucchelli, Halbwachs recebia e respondia suas críticas de forma tranquila, num tom de conciliação, apaziguador, se comparado com seus críticos. Parece que ele queria mais uma interação entre as disciplinas do que colocar fronteiras entre elas, como era a preocupação de Blondel.8 Depois dos estudos de Halbwachs, quaisquer estudos sobre memória não podem desconhecer sua obra. Suas pesquisas insuflaram diversas disciplinas: a Antropologia, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia e a História. Por conta de diferentes debates e apropriações, ao longo dos anos, surgiram críticas – algumas valorativas, outras nem tanto – às suas formulações. Na sequência, na revisão destes diálogos, estão encadeadas algumas proximidades e os avanços analíticos baseados nas ideias de Halbwachs, sem a pretensão de dar conta da vasta influência deste autor nas ciências humanas contemporâneas. O sociólogo Michael Pollak explorou as ligações entre a memória e o sentimento de identidade. A partir dos elementos constitutivos desta – pertencimento ao grupo, continuidade dentro do tempo, e sentimento de coerência – , Pollak (1992, p. 5) afirma que a memória colabora no sentimento de identidade “na medida em que ela é também um fator extremamente importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si”. A relação entre a memória e a identidade está, portanto, baseada no pertencimento do indivíduo a um grupo social. Estudioso de identidade em situações extremas, Pollak introduz a análise da dimensão política da memória, afirmando que a memória de um grupo, muitas vezes, constitui-se através de “verdadeiras batalhas”, na disputa sobre qual versão predominará sobre determinado episódio. Entre o que deve ser lembrado e o que deve ser esquecido são feitas escolhas, tornando a memória e o esquecimento “os dois lados da mesma moeda”. Retomando Durkheim, para Pollak (1989, p. 2) “não se trata mais de lidar os fatos sociais como coisas, mas de analisar como os fatos sociais se tornam coisas, como e por quem eles são solidificados e dotados de duração e estabilidade”. 8 Halbwachs e Blondel protagonizaram ainda um debate sobre o livro do primeiro, Les Causes du Suicide (1930). Para Halbwachs, o suicídio devia ser compreendido a partir de uma perspectiva sociológica, fenomenológica e de personalidade (ver MUCCHELLI, 1999). 114 Para definir qual memória será guardada, é necessário o trabalho de enquadramento, elaborado por um grupo, uma sociedade ou nação, para reforçar sentimentos de pertencimento. A referência ao passado é muito importante para a coesão interna dos grupos e para defender as fronteiras daquilo que os integrantes tem em comum. Nesse sentido, Pollak (1989, p. 7) cita o historiador Henry Rousso, concordando com este que “memória enquadrada" é um termo mais específico do que memória coletiva. E esse trabalho requer um investimento, porque não pode ser construído arbitrariamente; a memória vencedora deve ser justificada, para evitar injustiças e violência. Seguindo os passos de Halbwachs, Rousso (2005, p. 94) caracteriza a memória como "uma reconstrução psíquica e intelectual que acarreta de fato uma representação seletiva do passado, um passado que nunca é aquele do indivíduo somente, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional". Para Rousso, a memória é a presença do passado, e esse aspecto teria influenciado os historiadores a estudarem fenômenos contemporâneos, recentes, tendo que lidar com as consequências dessa “presença”. A existência de uma memória coletiva nem sempre é evidente. Rousso propõe aos historiadores uma história das representações do passado observadas em determinada época e lugar, que permitiria chegar próximo da noção de memória coletiva. Esse seria o objetivo de uma história da memória. Infelizmente, ele reconhece que ela tem sido, quase sempre, uma história dos “ressentimentos”, quando esta seria apenas uma das possibilidades com potencial de serem pesquisadas. O autor propõe que se ultrapasse uma oposição sumária entre história e memória, admitindo que a memória tem uma história que é preciso compreender (ROUSSO, 2005, p. 97).9 Uma relativização da operacionalidade do conceito de memória coletiva de Halbwachs é feita por Alessandro Portelli, na análise do massacre de Civitella Val di Chiana, através de depoimentos orais. Para Portelli (2005, p. 127), “não se deve esquecer que a elaboração da memória e o ato de lembrar são sempre individuais: pessoas e não grupos, se lembram (...) se toda a memória fosse coletiva, bastaria uma testemunha para uma cultura inteira”. Ele concorda que a memória é um fenômeno social que pode ser compartilhado, porém ela só se materializa nos discursos individuais, e só pode ser coletiva quando separada do individual, no mito, no folclore, na delegação e nas instituições tais como escola, Igreja, Estado, partido. A crítica mais frequente a Halbwachs está centrada na sua noção da memória como social, coletiva, deixando pouco espaço para lembranças individuais. Como Portelli, Gilmar 9 Para uma visão crítica da noção de memória de Rousso na obra The Vichy Syndrome, ver Confino (1997, p. 1393). 115 Arruda (2000) encontra problemas no conceito de memória coletiva. Apoiado em Fentress e Wickham, que consideram que Halbwachs, pela influência de Durkheim, concedeu destaque excessivo à natureza coletiva da consciência social e desprezou o relacionamento entre a consciência individual e as coletividades constituídas pelos indivíduos, Arruda diferencia memória coletiva e memória social. Esta última estaria vinculada à existência de “lugares de memória”, com existência simbólica. Para este autor, o problema, é estabelecer “uma concepção de memória que não abandone o lado coletivo da vida consciente e ao mesmo tempo não transforme os indivíduos em espécies de autômatos, passivamente obedientes à vontade coletiva interiorizada” (ARRUDA, 2000, p. 51). O caráter social da memória se dá através de sua expressão pela da linguagem, um mecanismo social que confere à recordação compartilhada um significado de identificação emocional, político, geográfico, visual, entre outros, para os sujeitos ouvintes do relato. Arruda reconhece que, mesmo usando o outro termo, “memória social”, não se escapa da necessidade de grupos, para que exista uma memória. Ele menciona também que os próprios críticos de Halbwachs, Fentress e Wickham admitem que o conceito de memória coletiva pode evitar confusões com o inconsciente coletivo de Jung. Na argumentação de Arruda, pode-se observar a vitalidade das noções propostas por Halbwachs, pois a crítica parece mais confirmá-las do que a desautorizá-las. Em História e Memória, Jacques Le Goff utiliza memória coletiva e memória social no mesmo sentido. Ele reconhece o trabalho de Halbwachs como um estímulo da Sociologia para explorar o novo conceito (memória coletiva). Para Le Goff (2003, p. 29), a memória coletiva é um dos objetos da história, que ele vê como “essencialmente mítica, deformada, anacrônica, mas constitui o vivido dessa relação nunca acabada entre o presente e o passado” e que cabe à história “ajudá-la a retificar os seus erros”. Como Pollak, Le Goff (2003, p. 422) reconhece que a memória coletiva é passível de manipulação nas lutas pelo poder: “tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas”. Ela é, ao mesmo tempo, instrumento e objeto de poder. Le Goff menciona uma “nova memória coletiva”, a partir dos estudos de Pierre Nora, que considera a história sob pressão das memórias coletivas. A memória se transformou num bem de consumo, que as sociedades estão ávidas por “comprar” e proteger contra o esquecimento, nos “lugares” apropriados. Nas colocações de Le Goff há um tom de quase indignação com a proeminência atual da memória sobre a história, quando deveria ser o contrário, a memória como objeto, fonte, para a história. De modo diverso, Jacy Alves de 118 É pertinente observar a instrumentalização do conceito de memória coletiva na pesquisa. A partir de uma investigação antropológica sobre relatos de imigrantes ucranianos e de seus descendentes a respeito de sua chegada ao Brasil, Paulo Renato Guérios, entende que, ao definir a "memória coletiva", Halbwachs inside naquilo que o autor considera um problema na teoria de Durkheim, a crença na existência de uma consciência coletiva, exterior e superior aos indivíduos, na qual estes se fundem para não serem senão sua emanação. Designando uma faculdade individual, o emprego da palavra “memória” associada ao coletivo seria fonte de equívocos: O objeto "memória coletiva" parece desde a sua demarcação criar mais dificuldades do que esclarecimentos para a compreensão dos mecanismos sociais ligados à percepção do passado: o termo "memória" remete a uma faculdade humana, uma categoria a priori do espírito humano, cujo portador seria um indivíduo moldado por um grupo antropomorfizado; o termo "coletivo" remete à homogeneidade de um grupo tido como totalizado, estável e imutável (GUÉRIOS, 2008, p. 370). Utilizando relatos escritos por colonos (ucranianos e descendentes) de Prudentópolis, em diferentes datas (1897 a 1951), Guerios verificou que as memórias destes variavam. Cada depoimento era diferente do outro, porém as variações seguiam um padrão, de acordo com a posição social ocupada pelo indivíduo. Neste sentido, Guérios inferiu, em seu caso de estudo, que “a ‘memória’ da migração não é um bloco homogêneo, uma “memória coletiva" compartilhada por todos os rutenos que vieram ao Brasil”(GUÉRIOS, 2008, p. 388). Através dos documentos analisados, o autor percebeu um “passado em movimento”, pelas reconstruções que sofre, ao ser contado e recontado, ao longo do tempo, por diferentes indivíduos. Guérios (2008, p. 391) afirma “a inexistência de uma ‘memória coletiva’ unívoca, como defendia Maurice Halbwachs em sua obra”. Os relatos estudados apresentavam tanto elementos convergentes como divergentes, e com isso o autor quer “chamar a atenção para o fato de que a percepção dos eventos passados é constituída por um determinado grupo a partir de categorias e esquemas de percepção compartilhados por seus membros”. Ou seja, não basta pertencer a determinado grupo, para compartilhar determinada recordação, é necessário levar em consideração o lugar dos indivíduos dentro dos grupos. Sua posição social e suas experiências anteriores é que influenciarão como e o quê será lembrado mais tarde. Entretanto, na defesa de Halbwachs, parece-nos que ele não defendia uma “memória unívoca”, e sim múltiplas memórias, pois os indivíduos fazem parte de diversos grupos, ao mesmo tempo, o que influencia seus quadros sociais. Do modo semelhante, Nora, que segue 119 as concepções de Halbwachs, postula a memória como o elo de ligação em um grupo e, portanto, “há tantas memórias quantos grupos existem; ela é, por natureza, múltipla e desacelerada, coletiva, plural e individualizada” (NORA, 1993, p. 9). As respostas dos ucranianos podem variar conforme os subgrupos nos quais eles estejam inseridos. Fernando Catroga entende o trabalho de Halbwachs no contexto em que foi produzido, em que os paradigmas positivista e organicista eram referência para a produção do conhecimento. Catroga (2001, p. 46), apesar das críticas ao excessivo peso do coletivo nas formulações de Halbwachs, concorda que “não se pode negar” que a memória “se dá dentro de quadros sociais”. O pesquisador português, por outro lado, relativiza a diferença e a distância entre memória e história. Para ele, existem diferenças entre as duas, porém, assim como a memória, a história nasceu contra o esquecimento, que não é exclusivo da memória, pois na escrita da história há muitos esquecimentos. Além disso, a escrita da história, para Catroga, também é um ato de re-presentificação. Como o historiador é um “ser do presente”, a história que ele escrever também será influenciada por questões atuais, inclusive na escolha dos temas que serão tratados, como Marc Bloch já havia comentado em Apologia da História. As inquietações do presente influenciarão as perguntas que o historiador fará sobre o passado. Assim como a memória, a história também é capaz de justificar a Nação – como Halbwachs percebeu – e a construção de identidades. A própria historiografia pode ser “fonte produtora (e legitimadora) de memórias e tradições, chegando mesmo a conferir credibilidade cientista a novos mitos de (re)fundação e de identificação de grupos sociais, ou da própria Nação” (CATROGA, 2001, p. 58), até mesmo reiventando e sacralizando heróis e origens “positivas”. A contribuição para a história cultural Um dos prolongamentos fecundos das ideias de Halbwachs, particularmente para a história cultural, está na noção de "memória cultural", tal como operada por Jan Assmann, o qual renovou os estudos sobre memória, influenciado tanto pela obra de Halbwachs, como de Aby Warburg, que formulou a expressão "memória social" 13. Assmann trabalha com o conceito de "memória cultural". Ao contrário da história, em geral genealógica, a memória cultural é descontínua e se baseia numa distância do cotidiano, com um horizonte mais fixo. 13 O alemão Abraham Moritz Warburg, mais conhecido como Aby Warburg (1866-1929), foi historiador da arte. Seus interesses incluíam “filosofia, psicologia e antropologia, bem como história cultural do Ocidente, desde a Grécia antiga até o século XVII” (BURKE, 2005, p. 21). 120 Assmann segue a reflexão de Halbwachs, expondo que o caráter específico de uma pessoa deriva do seu pertencimento a uma distinta sociedade e cultura. A "sobrevivência da espécie", no sentido de uma pseudo-espécie cultural, é uma função da memória cultural (ASSMANN, 1995, p. 125-126). O autor concebe dois tipos de memória: uma comunicativa, de todos os dias, próxima, e a outra, a cultural, caracterizada pela distância do dia-a-dia. O conceito de memória cultural seria uma espécie de renovação no campo da memória, uma atualização da ideia de memória coletiva de Halbwachs. Assmann atribui seis características à memória cultural: a relação com o grupo, que produz a identidade; a capacidade de reconstrução, pois a memória não pode preservar o passado, cada era reconstrói sua memória dentro do sistema de referência contemporâneo; a transmissão da herança cultural necessita de objetos que cristalizem significados para os integrantes do grupo; necessidade de organização na transmissão da memória; compromisso, pois ela forma a auto-imagem de um grupo e um claro sistema de valores e diferenciações que estruturam a fonte cultural do conhecimento e dos símbolos (ASSMANN, 1995, p. 131). A última característica é a reflexividade, em três aspectos: prático, através de termos, provérbios {Huizinga}, rituais, etc; auto-reflexivo, em que ela extrai de si mesma elementos para explicar, distinguir, controlar, reinterpretar o grupo; reflexão sobre sua própria imagem e do grupo, preocupada com o sistema social. A memória cultural, nessa concepção, serve para estabilizar a auto-imagem da sociedade. Através de sua herança cultural, uma sociedade (ou grupo) se torna visível a si mesma e aos outros. A memória se torna, portanto, elemento chave na formação das diferentes identidades. Essa formulação, de certo modo, já presente em Halbwachs, da pluralidade da memória, pode auxiliar a explicar as bases do multiculturalismo, fenômeno tão forte no século XXI. Através da memória cultural, portanto, é que os grupos constroem sua identidade, preservam suas tradições, ritos e costumes, elaboram a representação de si mesmos e dos outros, bem como reforçam seu sentimento de pertencimento, adesão. Contemporâneo de Halbwachs, Warburg usou, mas nunca desenvolveu sistematicamente a noção de memória social (soziales Gedächtnis). Para Warburg, todos os produtos humanos eram expressões da memória social humana transmitida através de símbolos, desde os tempos antigos (CONFINO, 1997, p. 1390). O trabalho de arte individual tinha valor acima de tudo como um registro, como uma resposta extremamente complexa da memória humana para uma situação particular. A qualidade peculiar dos artefatos estava na 123 constatar que a memória é um bem político que pode ser objeto de conflitos. Neste sentido, a contribuição de Pollak, partindo de Halbwachs, tornou-se fundamental, pois é no embate que se decide o que vai ser preservado entre os grupos, o que é digno de comemoração e transmissão. Para aquilatar a dimensão da contribuição de Halbwachs poderíamos tentar enumerar as obras em que este autor está presente como um referencial quase obrigatório. Entretanto este caminho seria inteminável, mesmo se optássemos por algum corte específico. Mais sugestivo nos pareceu tentar acompanhar a quase ininterrupta sucessão de críticas às ideias do autor ao longo de quase um século, ainda que de um modo imperfeito e por vezes panorâmico. Contudo, além das críticas, buscamos elencar os desdobramentos das noções de Halbwachs, particularmente no campo da história cultural. A reformulação de uma noção ou sua conjugação com noções de outras correntes de pensamento, demonstra sua fecundidade. Conjugando a "memória social" de Warburg e a memória coletiva de Halbwachs, Assmann propõe a noção de "memória cultural". Também resgatando as diferentes contribuições dos anos 1920, mentalidade, memória social, memória coletiva, Confino objetiva evitar tanto o essencialismo que atribui homogeneidade cultural a uma sociedade heterogênea, quanto a ênfase num imaginário particular desconectado do contexto histórico global, risco sempre atribuído aos estudos em história cultural. No cruzamento entre a história e a sociologia estão tanto os estudos de Halbwachs sobre a memória, na primeira metade do século XX, quanto a história cultural da segunda metade deste século. Se a reformulação de antigas noções continua se processando, também não descansa o trabalho da crítica destas novas noções e a releitura dos textos de outrora. A permanência da obra de Halbwachs revela a importância do assunto e do autor; enquanto a renovação do debate indica a vitalidade do tema e a atualidade das questões. 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