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Apocalipse As Coisas que Brevemente Devem Acontecer, Notas de estudo de Teologia

Apocalipse As Coisas que Brevemente Devem Acontecer

Tipologia: Notas de estudo

2015
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Compartilhado em 28/02/2015

edson-nobre-6
edson-nobre-6 🇧🇷

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Baixe Apocalipse As Coisas que Brevemente Devem Acontecer e outras Notas de estudo em PDF para Teologia, somente na Docsity! SERIE Comentário Biblico UCA Às coisas que AA ai TOA] ao RR ERA OTRA CR RR PPP SÉRIE Comentário Bíblico APOCALIPSE As coisas que Brevemente devem acontecer S t a n l e y M. H o r t o n Sumário Prefácio ......................................................................................................................................... 4 Introdução ..................................................................................................................................... 6 Capítulo 1 .................................................................................................................................... 12 Capítulo 2 .................................................................................................................................... 23 Capítulo 3 .................................................................................................................................... 39 Capítulo 4 .................................................................................................................................... 51 Capítulo 5 .................................................................................................................................... 59 Capítulo 6 .................................................................................................................................... 67 Capítulo 7 .................................................................................................................................... 78 Capítulo 8 .................................................................................................................................... 87 Capítulo 9 .................................................................................................................................... 95 Capítulo 10 ................................................................................................................................ 106 Capítulo 11 ................................................................................................................................ 113 Capítulo 12 ................................................................................................................................ 124 Capítulo 13 ................................................................................................................................ 134 Capítulo 14 ................................................................................................................................ 145 Capítulo 15 ................................................................................................................................ 158 Capítulo 16 ................................................................................................................................ 163 Capítulo 17 ................................................................................................................................ 174 Capítulo 18 ................................................................................................................................ 185 Capítulo 19 ................................................................................................................................ 199 Capítulo 20 ................................................................................................................................ 213 Capítulo 21 ................................................................................................................................ 224 Capítulo 22 ................................................................................................................................ 237 Notas ......................................................................................................................................... 247 Introdução Título, Autor, Destinatário "A Revelação de Jesus Cristo" (Ap 1.1) é o título inspirado pelo Espírito Santo para o livro de Apocalipse. "De Jesus Cristo" pode significar "por", "de" ou "a respeito de" Jesus Cristo. Três sentidos se encaixam aqui. O que neste livro temos é um novo e excitante quadro de Jesus. Apesar de ser o mesmo Jesus dos evangelhos e do restante do Novo Testamento, em Apocalipse mostra-se triunfante. Somente Ele é digno de desatar os selos do livro da ira de Deus. Cumpre as profecias do Antigo Testamento referentes ao Dia do Senhor, trazendo tanto o julgamento como a restauração. Ele reivindica a justiça divina e completa a consumação do grande plano redentivo de Deus. Todavia, é ainda o Cordeiro de Deus no último e derradeiro cumprimento do governo divino na nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra. O livro informa-nos ter sido esta revelação de Jesus Cristo dada a João enquanto o evangelista era prisioneiro na Ilha de Patmos. Sua mensagem foi inicialmente direcionada às sete igrejas da Ásia. Estas comunidades cristãs foram, provavelmente, fundadas por Paulo durante seu ministério em Éfeso (At 19.10,20). Características Literárias Os eruditos identificam o estilo literário deste livro como apocalíptico. "Revelação" em Ap 1.1 é "Apokalupsis", no grego; tem o sentido de "desvendar, descobrir, revelar". Sua revelação de Jesus relaciona-se ao desvendamento dos segredos dos fins dos tempos. Muitas das verdades reveladas neste livro estiveram escondidas até este tempo. Outros tipos de literaturas apocalípticas são encontradas no Antigo Testamento, especialmente em Ezequiel e Daniel. Tais literaturas são marcadas por imagens simbólicas e visões dramáticas e previsões sobre o final dos tempos. O Apocalipse, contudo, identifica-se a si mesmo como uma profecia (Ap 1.3, 22.7,10,18,19). É ordenado a João que, escreva o que vê. O livro tem muitos pontos em comum com outros do Antigo Testamento. À semelhança dos livros proféticos, contém não somente profecias, mas cartas, discursos, diálogos, cânticos e hinos. Os cânticos e hinos são proeminentes por causa da presença e da glória de Deus Pai e do Cordeiro que inspira adoração (veja 4.8,11, 5.8-13, 7.9-12, 11.15-18, 15.2-4, 19.1-8). A linguagem do livro reflete o estilo dos escritores proféticos do Antigo Testamento. Na Ilha de Patmos, João deve ter meditado muito nas profecias, especialmente nas de Daniel, Ezequiel e Zacarias. Todavia, nenhuma delas é citada diretamente. As criaturas viventes de Apocalipse 4.5, por exemplo, são descritas com linguagem similar à das criaturas de Ezequiel 1. Neste, as criaturas são idênticas uma às outras. Em Apocalipse, entretanto, elas são diferentes uma das outras. Portanto, as criaturas de Apocalipse não são as mesmas descritas por Ezequiel. João está registrando uma nova revelação. O livro é caracterizado também pelo uso de números, especialmente o sete: sete cartas, sete bênçãos (Ap 1.3, 14.13, 16.15, 19.19, 20.6, 22.7,14), sete selos, sete trombetas, sete trovões, sete taças. As sete cartas apontam para os eventos do final dos tempos. Os sete selos antecipam tais eventos. As sete trombetas trazem julgamento parcial, e antecipam o julgamento mais completo das sete taças da ira de Deus. As sete bênçãos e os sete trovões reforçam as promessas e os julgamentos divinos. Sete é considerado número sagrado, pois Deus descansou no sétimo dia. O sete, em Apocalipse, enfatiza que os propósitos divinos estão sendo executados. As várias sequencias do número sete são seguidas por três visões do fim: o fim do sistema mundial de Babilônia, o fim do Anticristo e seu reinado, e o fim de Satanás e seu domínio. Então, todo o povo de Deus será reunido para estar em glória com Cristo na Nova Jerusalém. As diversas partes do livro são amarradas por repetições que dão suporte a todo o material, e atraem a nossa atenção à necessidade de se focalizar o livro como um todo. A expressão "e eu vi" frequentemente introduz uma mudança no cenário, ou algum item novo no livro. Trovões, vozes e terremotos são mencionados em importantes pontos do livro (ver Ap 4.5, 8.5, 11.19, 16.18). Os interlúdios também são uma marca do Apocalipse, e ajudam a entrelaçar a mensagem de todo o livro numa unidade perfeita. Os interlúdios, ou parênteses, são encontrados de Ap 7.1 a 8.1, entre o sexto e o sétimo selo; e no capítulo 10.1 a 11.14, entre a sexta e a sétima trombeta. Também há personagens e anjos introduzidos entre as trombetas e as taças. Os sete trovões do capítulo 10 são importantes, pois deixam-nos cientes de que algumas coisas hão de acontecer, as quais nos são agora reveladas. Consequentemente, fica claro que o Apocalipse não é uma fotografia completa de tudo o que há de ocorrer no futuro. Há coisas que estão sob a autoridade do Pai, e que não foram nem o serão reveladas até que se tornem realidade (At 1.7). Além disso, algumas coisas são colocadas a partir de uma perspectiva celestial, e outras são postas sob uma ótica terrena. A queda de Babilônia, por exemplo, é anunciada no capítulo 14; mas, nos capítulos 17 e 18, são-nos dados mais detalhes do evento. O livro é igualmente cheio de Cristo. A perspectiva de um curto período de tribulação ao findar a presente era, é sustentada por todos os futuristas, sendo eles ou não dispensacionalistas. Os futuristas são também culpados pela forma como divulgam suas interpretações do Apocalipse. À semelhança dos historicistas, alguns vêm estabelecendo datas para acontecimentos futuros, ou tentando deslumbrar qual será o próximo evento, ou identificar o Anticristo com sistemas e indivíduos. Todavia, reconhecemos que os futuristas levam mais a sério a realidade do julgamento e a certeza da segunda vinda de Cristo do que os outros intérpretes. Creio ser a visão futurista a que melhor se encaixa nas profecias do Antigo Testamento; é também a que menos problemas de interpretação apresenta. Consequentemente, este comentário é claramente futurista. Os intérpretes do Apocalipse estão também divididos na forma como abordam o Milênio (os mil anos mencionados repetidamente no capítulo 20). A maneira como se encara o Milênio afeta a interpretação do Apocalipse como um todo. É necessário levantarmos, aqui, alguns pontos. O amilenismo ensina que não haverá nenhum milênio, pelo menos não na terra. Alguns simplesmente dizem que, como o Apocalipse é simbólico, não há sentido algum em se falar em milênio literal. Outros interpretam os mil anos como algo que ocorrerá no céu. ( 4 ) Pegam o número "mil" como um algarismo ideal; um período indefinido. Assim, esperam que este período da Igreja termine com a ressurreição e julgamento geral, tanto do justo como do ímpio, seguindo-se imediatamente o reinado eterno no novo céu e na nova terra. A maioria dos amilenistas consideram Agostinho (o bispo de Hipona, no Norte da África, 396-430 d.C.) um dos principais promotores do amilenismo. Como Agostinho, apropriam-se das profecias do Antigo Testamento concernentes a Israel, e as espiritualizam, aplicando-as à Igreja. Mas vejamos o exemplo de Ezequiel 36. Nesta passagem, Deus promete restaurar Israel por causa do seu santo nome, embora hajam-no profanado. E claro que este texto se refere à nação israelita. Por isso, rejeito o amilenismo. Este sistema, além de espiritualizar em demasia, não dá espaço nem para a restauração de Israel nem para o reinado de Cristo sobre a terra. Um reinado, aliás, claramente profetizado tanto no Antigo como no Novo Testamento. ( 5 ) O pós-milenismo, outra corrente, começou a espalhar-se a partir do século XVIII. Seus adeptos interpretam os mil anos do Milênio como uma extensão do período atual da Igreja. Ensinam que o poder do Evangelho ganhará todo o mundo para Cristo, e a Igreja assumirá o controle dos reinos seculares. Após isto haverá a ressurreição e o julgamento geral tanto do justo como do ímpio, seguido pelo reinado eterno no novo céu e na nova terra. O pós-milenismo também espiritualiza exacerbadamente as profecias da Bíblia, não dando espaço à restauração de Israel ou ao reinado literal de Cristo sobre a terra durante o Milênio. Menospreza o fato de que os profetas do Antigo Testamento (e o próprio Cristo) mostraram que o Reino será introduzido através de um julgamento. A estátua de Daniel dois, por exemplo, representa o presente sistema mundial. A rocha que representa o Reino de Deus, ao invés de penetrar na estátua e a transformar, acerta-a em cheio e a esmigalha. Somente quando isto acontecer é que o reino divino encherá a terra. O pré-milenismo interpreta as profecias do Antigo e do Novo Testamento de maneira literal, observando porém se o contexto assim o permite. Seus adeptos presumem que a forma mais simples de se interpretar estas profecias é colocar o retorno de Cristo, a ressurreição dos salvos e o Tribunal de Cristo antes do Milênio. No final deste, Satanás será temporariamente solto para enganar as nações, mas há de ser prontamente derrotado para todo o sempre. Segue-se o julgamento do Grande Trono Branco, que sentenciará o restantes dos mortos. Aí, sim, teremos o reino eterno no novo céu e na nova terra. Com respeito ao Apocalipse como um todo, muitos pré-milenistas no século XIX eram historicistas. Contudo, a maior parte dos pré-milenistas, hoje, são futuristas. Reconheço haver cristãos que se consideram a si mesmos evangélicos, nascidos de novo, e que sustentam diferentes posições de se interpretar o Apocalipse. Não lhes questiono a salvação. Contudo, depois de muitos anos de estudo e de ensino, creio que há mais evidências em favor da visão pré-milenial e da interpretação literal do que das outras. A perspectiva pré-milenista e a futurista, juntas, encaixam-se melhor nas orientações de Jesus. Seus ensinamentos e parábolas mostram que devemos esperar, para breve, o seu retorno. Ao mesmo tempo, devemos ser fiéis em propagar o Evangelho a todas as nações até que Ele venha. Apocalipse Capítulo 1 Os cristãos da Igreja Primitiva, como os primeiros a receber o Apocalipse devem ter ficado maravilhados com as suas profecias. Embora tantos séculos já tenham se passado, o livro continua a merecer atenção e estudo, pois bênçãos são prometidas a todos os que guardam a sua mensagem. Suas profecias centralizam-se em Jesus e nos últimos tempos, revelando o clímax e o triunfo final do plano divino. É-nos lembrado que Deus nos ama de tal maneira que enviou Jesus para morrer em nosso lugar na cruz do Calvário, proporcionando-nos condições para que compartilhássemos do seu triunfo e glória (Rm 5.8,9). O livro inicia-se com João na Ilha de Patmos, escrevendo às sete igrejas da província da Ásia Menor. Ficava esta no Sudoeste da moderna Turquia, parcialmente cercada por três mares, o Negro, o Egeu e o Mediterrâneo. Esta região deve ser distinguida do atual continente de mesmo nome. A razão e a autoridade com que o apóstolo escreve vêm da tremenda visão de Jesus como "um semelhante ao Filho do Homem" (Ap 1.13), identificando-o com o mesmo personagem visto por Daniel (Dn 7.13,14), a quem foi dado "o domínio e a glória, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem". Esta é uma identificação que o próprio Jesus fez de si mesmo durante seu ministério terreno (Mt 26.64). Além de utilizar o linguajar de Daniel, a descrição de Jesus feita por João usa também uma linguagem extraída de Ezequiel. Este tipo de descrição do Antigo Testamento, aliás, é aplicada somente a Deus Pai. Através dela, os leitores de João são lembrados de que Jesus é a revelação do Pai (Jo 14.9-11). A ordem vem de igual modo diretamente de Jesus, que determina a João que escreva às sete igrejas (Ap 2 e 3). I - A Revelação de Jesus Cristo Dada a João (Ap 1.1-3) "Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo. O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto. Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo." A seguir, João enfatiza o fato de a graça e a paz virem através da obra de Jesus Cristo, identificado de três maneiras diferentes no versículo cinco. Primeiramente, é a "testemunha fiel". Em seu evangelho, João afiança-nos ter Jesus mostrado, ou revelado, Pai cheio de graça e verdade (Jo 1.14,18). Ele é a testemunha verdadeira (Jo 5.31-37), pois veio para dar testemunho da verdade (Jo 18.37). Por intermédio de Romanos, descobrimos que Jesus trouxe-nos a totalidade do amor divino (Rm 5.5-11). Em segundo lugar, Jesus é o "primogênito dos mortos". Ele foi o primeiro a ser ressuscitado com o novo corpo imortal e incorruptível, que nunca se decomporá, nem há de se deterioriar ou morrer. O termo "primogênito" também fala de governo. Jesus tomou o lugar de liderança "que, de acordo com os antigos costumes hebreus, pertencia ao herdeiro. Vejamos Salmos 89.20,26- 27. Nesta passagem, Deus promete fazer de Davi o seu primogênito, para que este seja "mais elevado do que os reis da terra". Em Colossenses 1.15-18, é usada a mesma terminologia para declarar a primazia e o senhorio de Jesus Cristo como o mais sublimado Senhor de todas as coisas. Comparemos as seguintes passagens ainda: Êxodo 4.22; Deuteronômio 28.1; Romanos 14.9; Coríntios 15.20. Através de sua graça e verdade, Jesus tornou- nos herdeiros juntamente com Ele (Rm 8.17) e participantes do seu triunfo final. Em terceiro lugar, Jesus é o "príncipe dos reis da terra"; é o Rei dos reis e Senhor dos senhores (1 Tm 6.15; Ap 17.14; 19.16). Não satisfeito em repetir as palavras "graça" e "paz", João começa a louvar o grande amor de Cristo, que o levou a lavar os nossos pecados através do derramamento de seu sangue no Calvário (v.5), introduzindo assim um tema proeminente em todo o Apocalipse (Ap. 5.6; 7.14; 12.11): a redenção por meio do sangue do Cordeiro de Deus. João conhecia a realidade de nossa contínua purificação à medida que andamos na luz (1 Jo 1.7). Em virtude dessa purificação já somos, aos olhos de Deus, o que Ele sempre desejou que o seu povo fosse: "reis e sacerdotes". Quando Deus libertou a Israel do Egito, e o trouxe para junto de si, almejou que o seu povo viesse a lhe pertencer de uma forma especial: um reino de sacerdotes, e uma nação santa (Êx 19.4-6). O propósito de Deus à Igreja é o mesmo que destinara a Israel. Somos um templo espiritual, uma nação santa, uma geração escolhida (uma raça eleita, ou pessoas cujas características sejam as recebidas diretamente de Deus, e não as herdadas dos pais), um sacerdócio real (reis que ministram como sacerdotes de Deus), uma nação santa (que inclui tanto gentios como judeus salvos; Ef 2.12-20), e um povo que é possessão exclusiva de Deus (1 Pe 2.5,9). Por sua graça, através da fé, entramos neste sacerdócio real, e temos acesso ao Santo dos Santos na presença de Deus (Hb 10.19,20). Esta é a nossa posição agora. E, quando Ele vier, temos a promessa de que reinaremos com Ele (2 Tm 2.12). Não é portanto de se admirar quando ouvimos João a exclamar que o nosso Senhor merece a glória, a honra e o domínio para todo o sempre. III - A Esperança da Igreja (Ap 1.7) "Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre Ele. Sim. Amém". Apesar de João estar aproximando-se do fim de sua longa vida, esta esperança ainda acha-se firme nele. A vinda de Jesus, nas nuvens, será o cumprimento de Daniel 7.13, uma profecia que o próprio Cristo aplicou-se a si mesmo (Mt 26.64). No versículo sete, João olha para o futuro, e vislumbra-nos o que discorrerá com mais detalhes no capítulo 19. Com o pensamento no poder e no domínio de Cristo, o evangelista imediatamente manifesta a esperança da Igreja: "Ele vem com as nuvens". A maioria das pessoas a quem está escrevendo é gentia que, à semelhança dos crentes em Tessalônica, haviam se convertido dos ídolos para Deus, para servir Aquele que é vivo, Quando de seu retorno, "todos" (nações, povos e tribos)" lamentar- se-ão num terrível gemido por causa de sua presença. Contudo, este não é o desejo de Deus. A promessa feita a Abraão era de que este e a sua semente (Jesus) trouxessem a benção sobre todas as famílias da terra. Mas devido à rejeição do mundo aos planos divinos, Jesus terá de retornar "como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo" (2 Ts 1.7). É claro que a Igreja não estará mais na terra quando Cristo retornar trazendo este julgamento. Nós já estaremos com Ele. São os que não foram arrebatados, por ocasião do rapto, é que hão de se lamentar sobre Ele. Nos dias atuais, temos o privilégio de obter a salvação e receber o Espírito Santo. Entretanto, quando Jesus já houver retornado, triunfando sobre os exércitos do Anticristo, só restará aos descrentes o batismo do fogo do julgamento. João aqui adiciona "sim, certamente". Com esta dupla afirmativa, não deseja necessariamente que o julgamento venha sobre o mundo, mas confirma a verdade da profecia. A vitória e o reino pertencem verdadeiramente ao Senhor. IV - O Mediador de Nossa Esperança Responde (Ap 1.8) "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso". O versículo oito conclui a saudação e a introdução do livro com uma resposta daquEle que é adorado nos versículos cinco e seis, e daquEle que está voltando do versículo sete. No versículo quatro, o Deus Pai é descrito como aquele que há de vir, o Eterno. Aqui, Jesus descreve-se a si mesmo como o Alfa e o Ômega - a primeira e a última letras do alfabeto grego - e declara de si mesmo como não tendo nem princípio nem fim. Num certo sentido, Jesus é sempre apresentado como aquEle que há de vir. No Antigo Testamento, a palavra traduzida como "visitar" é usada sempre para descrever a vinda do Senhor para abençoar ou julgar. O Novo Testamento mostra-nos que o Senhor Jesus é o Mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.5). Ele jamais deixará de vir a nós. Na realidade, onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, aí estará Ele (Mt 18.20). Contudo, este versículo dá ênfase especial ao seu futuro retorno em triunfo. Tudo o que Deus revelou acerca de si mesmo, no Antigo Testamento, vemos expressamente revelado em Jesus no Novo. Ele está vindo novamente para trazer a revelação completa do Deus Todo-poderoso. V - A Voz Como a de Uma Trombeta (Ap 1.9-11) "Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo. Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombe- ta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardo, e a Filadélfia, e a Laodicéia." Além de identificar-se a si mesmo como escravo de Jesus, João identifica-se também como "irmão" - um companheiro, membro da família de Deus como os demais crentes das igrejas da Ásia. Ele recebe esta revelação de Jesus Cristo enquanto achava-se no exílio e na prisão; não porque houvesse sido condenado por algum motivo justo, mas por causa da "Palavra de Deus", a qual proclama fielmente, e devido ao ardoroso testemunho que dá de Jesus Cristo. Tal testemunho é compartilhado por tantos quantos suportam perseguições e maus- tratos, mas permanecem firmes, sem negar-lhe o nome. Jesus está não somente com João, mas faz- se presente ao círculo no qual vive o apóstolo. Consequentemente, a realidade da presença de Jesus é um conforto tanto a ele como a todos os irmãos na Ásia e aos que estão sendo perseguidos em todo o império romano. Alguns creem que este bronze, em vez de ser uma mistura comum de cobre e estanho, era uma mistura especial de cobre e ouro ( 2 ). A voz de Jesus é a voz de Deus; ela parecia com o som de muitas águas, isto é, cheia e forte (veja Ezequiel 1.24; 43.2). Nesta visão, Jesus apresenta-se a João e às sete igrejas como o Mediador entre Deus e a Humanidade, e também como aquEle em quem habita a plenitude da divindade (Cl 2.9). As sete estrelas que Jesus tinha na sua destra (na sua mão direita) representam os anjos que ajudam as igrejas ou, mais provavelmente, os líderes, ou pastores, das igrejas. Estar em suas mãos significa estar protegido, e muito mais do que isto, pois a mão direita é a da ação. Portanto, estas estrelas estão sempre prontas para serem usadas por Jesus. Nenhum perseguidor, nenhum inimigo, será capaz de impedi-los de levar a igreja a fazer a vontade de Deus, e de saírem vencedores sobre todos os obstáculos e circunstâncias. A "aguda espada de dois fios" que saía da boca de Jesus seria a sua arma de guerra. Ela é também chamada de a espada do Espírito, a poderosa Palavra de Deus (ver Isaías 11.4; 49.2; Efésios 6.17; Hebreus 4.12; Apocalipse 19.15). Pode ser que a espada fale também do juízo e punição às igrejas, pois o julgamento deve começar pela casa de Deus (1 Pe 4.17). (Ver também Apocalipse 19.15, onde espada significa julgamento das nações). A face de Cristo é "como o sol, quando na sua força resplandece", isto é, quando se torna insuportável aos olhos humanos devido ao brilho de sua plenitude num dia de verão. Sua aparência após a ressurreição, quando seu corpo foi transformado e viu-se livre dos limites do tempo e do espaço, revela a plenitude de sua glória. É possível que a totalidade daquela glória só foi restaurada por ocasião da ascensão (ver João 17.5). Podemos ver que, no caminho de Damasco, a resplandecente luz de sua glória foi suficiente para cegar Saulo (ver Atos 9.3,8). O que João vê é a plenitude da glória de Deus resplandecida no rosto de Jesus; esta mesma plenitude não foi permitida nem a M CM sés ver (Ex 33.18-23, especialmente verso 22; compare com Êx 34.29; Jz 5.31; Mt 13.43; 17.2). Quando adoramos a Cristo, agora, o Espírito Santo faz-nos sentir sua presença. Contudo, somente quando nosso corpo for transformado na ressurreição, ou por ocasião do rapto da igreja, é que será possível contemplá-lo na plenitude de sua glória, "assim como Ele é" (1 Jo 3.2; veja também 1 Co 15.51,52). VII - A Reconfirmação do Cristo Imutável (Ap 1.17-20) "E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno. Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer: o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas." Ao fazer a oração sacerdotal (Jo 17.5), Jesus rogara fosse a sua glória restaurada junto ao Pai, para que fosse a mesma de quando o mundo ainda não existia. Juntamente com Pedro e Tiago, João já havia tido uma pequena visão desta glória no Monte da Transfiguração. Lá, o rosto de Jesus brilhara como o sol, e suas roupas cintilaram e reluziram como centelhas de luzes que emanavam da sua glória (Mt 17.2). Mas aquilo fora somente um prenuncio; os discípulos ficaram apavorados, mas não foram lançados por terra. Entretanto, a glória de Jesus foi restaurada quando Ele ascendeu para estar ao lado direito do Pai, pois Saulo 1 não resistiu e caiu diante dela no caminho para Damasco (At 9.3,4). Da mesma forma, João em Patmos não é capaz de suportar o impacto da plenitude da glória de Deus que estava em Cristo, e cai num estado que deve ter sido de inconsciência, ou coma. A mesma mão direita que estivera segurando as sete estrelas é colocada sobre João. Ele sente o mesmo gentil toque, e ouve o mesmo "não temas", que por tantas vezes encorajara a ele e aos outros discípulos por ocasião do ministério de Jesus aqui na terra. Que paz João não deve ter sentido naquela hora: a maravilhosa e doce paz que vem do Salvador (veja João 14.27). Junto com o "não temas", Jesus reafirma e reconforta a João de maneira maravilhosa, pois Ele continua o mesmo. Ele é ainda "o primeiro e o último", o eterno e imutável Cristo; "o mesmo ontem, hoje e eternamente" (Hb 13.8). Ele almeja ser a pessoa mais importante em nossa vida para que nos preparemos ao seu retorno. Jesus reafirma ser o mesmo Cristo vivo que ressuscitou dentre os mortos, o inspirador da fé de seus seguidores após a sua terrível morte sobre a cruz. Ele vive para todo o sempre, e o futuro está em suas mãos. (O grego diz literalmente "de era a era", que é a maneira de dizer "para todo o sempre"). "O que está vivo" é na realidade um título de Deus (ver Josué 3.10; 1 Samuel 17.26,36; 2 Reis 19.4,16; Salmos 42;2; 84;2; Isaías 37.4,17; Jeremias 10.10; 23.36; Oséias 1.10; João 5.26). Como "aquEle que está vivo", Deus é a fonte da vida e da cura. Mas Ele virá como o Senhor dos Exércitos para trazer a ira às nações pagãs, e estas hão de perecer. Por outro lado, o coração e a alma do crente continuam a anelar por Ele. Além de ser o soberano Senhor da vida, Jesus possui também "as chaves da morte e do inferno". Inferno, ou Hades, no Novo Testamento, é o nome grego do local de punição, para onde o perverso e o descrente são enviados após a morte, e onde estarão até o grande e último julgamento do Trono Branco, quando então a morte e o inferno serão lançados no lago de fogo. No Antigo Testamento, parece que é Deus quem tem as chaves da morte, e por conseguinte as do Hades (Sheol em hebraico). Ora, uma vez que é Deus quem detém o controle de tudo, Satanás não tem chave alguma (veja Jó 2.6). Agora é Jesus quem tem as chaves, porque o Pai lhe confiou todo o poder e autoridade nos céus e na terra (Mt 28.18). De igual modo, Deus "o tem colocado à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés" (Ef 1.20-22). Isto significa que nada prevalecerá contra sua igreja (Mt 16.18). O toque de Jesus em João não foi somente para reanimá-lo, mas também para comissioná-lo a escrever tanto a revelação que ele acabara de receber, como aquela que ainda receberia. O versículo 19 parece indicar as três divisões do Apocalipse: a visão preliminar do capítulo um, "as coisas que viste"; as mensagens às igrejas nos capítulos dois e três, "as coisas que são"; e os eventos futuros descritos a partir do capítulo 4 ao 22, "as coisas que hão de vir". O desejo de Deus é que esta revelação seja uma bênção, e revigore não somente as sete igrejas da Ásia, mas também a nós. No versículo 20, Jesus explica o "mistério", simbolicamente falando, das sete estrelas e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos, ou mensageiros, das sete igrejas. A palavra grega pode ser traduzida tanto para anjo como para mensageiro. Alguns estudiosos da Bíblia identificam estes anjos como "defensores da Igreja”. (3) (Compare com Daniel 10.13; 12.1). Outros pensam serem eles os pastores das igrejas, uma vez que João está escrevendo uma mensagem especialmente a eles. Outros ainda pensam que poderiam ser visitantes, ou delegados, enviados pelas igrejas, cuja missão é levar-lhes o livro de volta (ver 2 Coríntios 8.23, onde os mensageiros são delegados). Entretanto, desde que os pastores são os ensinadores do rebanho, eles é quem eram os responsáveis pela leitura do livro em voz alta à igreja (Ap 1.3). Então é mais provável que estes mensageiros sejam, de fato, os pastores das igrejas. Além do elogio (Ap 2.3), Jesus reconhece que os crentes em Éfeso são infatigáveis no seu trabalho para o Reino de Deus. Eles têm uma força de vontade, um vigor e uma resistência constantes. Por causa do nome Cristo suportam pacientemente todos os obstáculos que aparecem em seu caminho. Vinham trabalhando e lutando não só física, mas mental e espiritualmente. Estas dificuldades e oposições nunca os levaram a perder o zelo. III - Seu Primeiro Amor É Esquecido (Ap 2.4-6) "Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade. Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço." Apesar de seu zelo e de seu trabalho árduo para o Senhor, os efésios tinham um serio problema. Haviam deixado, ou esquecido, o seu primeiro amor. O grego utilizado, aqui, traz a idéia de um abandono espontâneo, uma deliberada desistência. Os crentes daquela igreja deram ao Senhor o seu serviço, mas não a si ''mesmos Apesar de se empenharem no trabalho do Senhor, já não tinham mais uma íntima comunhão com Ele. "Amor" (Ap 2.4) é a mesma palavra (ágape) traduzida por "caridade" em 1 Coríntios 13, em algumas versões antigas. No início, aqueles irmãos haviam cultivado este "ágape", que é sublime, santo e altruísta, totalmente expressado no ato de Deus dar o seu Filho no Calvário. Inicialmente, haviam aberto seus corações e correspondido a este amor. Agora, contudo, estavam satisfeitos com a doutrina c em cumprir o que consideravam as suas obrigações diante do Senhor. Porém, seu trabalho já não demonstrava mais a compaixão cristã. Suas vidas eram cheias de atividades, mas estéreis e infrutíferas. Eles precisavam corrigir essa falha e voltar àquele amor que os havia caracterizado quando de sua conversão ao Senhor. Três palavras destacam-se no versículo cinco: "lembra-te", "arrepende-te", e "pratica". Ao lembrá-los de como haviam correspondido inicialmente ao amor do Calvário, mostra-lhes a que estado tinham chegado. Por isso, precisavam urgentemente de arrependimento. "Arrepende-te" significa uma mudança de mente para que se produza nova atitude. A igreja precisava voltar à sua antiga atitude de amor. Aqueles crentes precisavam também voltar a "praticar as primeiras obras". Alguns pensam que isto significa que devamos voltar a repetir cerimônias religiosas tais como o batismo em água e a Ceia do Senhor. Mas isto conduzir-nos-ia a um frio formalismo se a atitude do coração continuasse a mesma. "Primeiras obras" referem-se a um trabalho feito em resposta ao derramamento do amor de Cristo em nossos corações a fim de que se tornem plenos de compaixão. ( 1 ) (Ver João 15.8,9,12,17; I Pedro 1.22; 1 João 4.11, 20-21; 2 João 5.6,7). Se a igreja de Éfeso não se arrependesse, poderia esperar por um julgamento certo. O "castiçal" seria removido de seu lugar, significando que a igreja seria tirada da presença de Jesus. Noutras palavras: Jesus não andaria mais no meio dela. A igreja de Éfeso tinha, porém algo a seu favor: não tolerava as obras dos nicolaítas, que parecem terem sido os modernistas, os liberais daqueles dias. Irineu, um dos pais da Igreja, escreveu cem anos mais tarde que eles eram os seguidores de Nicolau, mencionado em Atos 6.5, um discípulo que se desviara para uma vida de "desregramento desenfreado”. ( 2 ) Não há, porém, nenhuma base para essa informação. Entretanto, o que sabemos é que existiu uma seita de nicolaítas entre os gnósticos no terceiro século Eles ensinavam, por exemplo, que os cristãos eram livres para se entregarem aos prazeres da carne. Se os nicolaítas do primeiro século promoviam este tipo de pecado, não é de se admirar porque o Senhor odiava tanto suas obras (1 Co 6.9,10). IV - Os Vitoriosos Comerão da Árvore da Vida (Ap 2.7) "Quem tem ouvidos, ouça o que o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus." Após a mensagem à igreja, Jesus faz uma exortação que é tanto uma promessa como um desafio, aos crentes de todas as igrejas em todas as épocas. Esta exortação é destinada a todos os que vencerem. A palavra "vencer" é forte e trás a ideia de um crente que é vitorioso em todas as batalhas sobre o mundo e sobre os desejos pecaminosos (ver João 2.16,17). Obtemos tais vitórias somente através de Cristo, ou seja: somente quando estamos em Cristo pois Ele jamais perdeu uma batalha. Através dEle, e do seu amor, é que o crente coloca-se como mais que vencedor (Jo 16.33 eRm 8.37). Isto não significa que sejamos absolutamente perfeitos nesta vida, ou que nunca falhamos. Significa que guardamos nossa fé em Jesus, e que quando caímos, levantamo-nos e prosseguimos. Estamos do lado vencedor, e avançamos à perfeição (Fp 3.12). Jesus dará pessoalmente ao crente verdadeiro, o fruto da árvore da vida. Devido ao pecado de Adão, toda a humanidade foi cortada da árvore da vida, sujeitando-se a partir daí à morte física. Em Jesus, porém, passamos a usufruir novamente desse direito; um dia não haverá mais morte. A árvore da vida está, agora, com Deus, no paraíso, no terceiro céu (ver 2 Coríntios 12.2,4). Caso recusemos a mensagem, e deixemos de estar do lado vitorioso, recusando-nos a aceitar a provisão de Cristo para a vitória, o resultado será a condenação eterna (ver Hebreus 10.35,39). Não há meio termo: ou vencemos ou perdemos. Não há nenhuma indicação de que os "vencedores" sejam um grupo especial de crentes melhores ou mais espirituais que os outros. Eles apenas guardam a fé em Jesus e prosseguem para o alvo. V - Esmirna É Elogiada (Ap 2.8,9) "E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu: Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás." A carta à igreja de Esmirna começa por lembrar aqueles irmãos acerca da eternidade de Cristo, e o fato de sua morte e ressurreição. Alguns acham que isto é devido à própria história da cidade, que havia sido totalmente destruída quatrocentos anos antes e, depois, reedificada. Tendo isto em mente, podemos ver a compaixão de Jesus por esses crentes, que eram participantes de seu sofrimento. Sua mente tinha de ser reavivada quanto à sua natureza, salvação e vitória final. Os cristãos de Esmirna eram obreiros do Senhor, e estavam sofrendo grande perseguição, pois a cidade era o centro de adoração a Zeus e das deusas Cibele e Sipeline. A perseguição atingia seus empregos, e os levava à pobreza. Todavia, eles eram "ricos" na aprovação e bênçãos de Deus. Eram também perseguidos pelos judeus que rejeitavam a Cristo, e clamavam ser os verdadeiros adoradores de Deus, enquanto que, na realidade, estavam sendo controlados por Satanás ("são sinagoga de Satanás"). À semelhança dos judeus que procuraram matar a Jesus, estes eram filhos do diabo (Jo 8.34,41,44). Na realidade, desonravam a Deus pela forma como tratavam os crentes (Rm 2.23-34). Pouco tempo depois de João ter escrito a esta igreja, Policarpo, que viveu entre 69 a 156 a.D, tornou-se bispo em Esmirna. Ele convivera e fora discípulo de muitos dos apóstolos, incluindo João. Policarpo pastoreou num período de perigo e perseguição. Contudo manteve-se fiel aos ensinos e verdades do Evangelho que lhe haviam sido transmitidos. Quando de seu martírio, recusou-se a salvar a si mesmo, pois o preço era renegar ao seu Senhor. O triste é que foram os judeus de Esmirna que, além de rejeitarem a Cristo, quebraram a observância de seu sábado, trazendo as madeiras necessárias para queimar Policarpo até a morte. ( 3 ) Senhor prometeu abençoar todo o Israel, mas trouxe julgamento sobre as dez tribos e sobre Judá, antes que viesse a julgar os inimigos de seu povo - os assírios e babilônios (ver Isaías 10.5,12; Ezequiel 9.6; Amós 3.2; Habacuque 1.5-11; 2.4-20). Embora Deus seja fiel e nos abençoe, Ele é igualmente justo para julgar-nos. Contudo, não é um julgamento para destruir, mas para levar o seu povo a participar de sua glória. (Ver Provérbios 3.11,12). Na realidade, 1 Pedro 4.18 mostra que o caminho do pecador é mais que tortuoso, pois se "o justo" (o que está na justiça de Cristo), "apenas se salva", o que será do ímpio? Este não escapará do julgamento do Grande Trono Branco e do lago de fogo - o destino final do perverso. Conforme está escrito em João 15.2,6,7, é melhor deixar Deus usar a foice para podar, do que para cortar e lançar na fornalha. Assim, a Palavra de Deus é uma espada que trabalha em ambas direções; entre outras coisas, ajuda-nos a evitar o seu julgamento. Pérgamo era a capital romana das províncias da Ásia na ocasião em que João teve a visão do Apocalipse. Na acrópole da cidade, estava o grande altar a Zeus, o chefe das divindades gregas. Em suas redondezas, ficava o elegante templo dedicado à deusa Athena. Fora dos muros da cidade, localizava-se o santuário ao deus da medicina, Esculápio, que ostentava como símbolo uma serpente. Consequentemente, Jesus identifica a cidade como o lugar onde Satanás habita e tem o seu trono. A cidade era, de fato, um centro tanto de idolatria, como de perseguição aos cristãos. Apesar da oposição satânica, os cristãos de Pérgamo perseveravam na fé e na obra de Deus. Até mesmo quando a perseguição tornara-se insuportável, a igreja como um todo permaneceu fiel ao nome de Jesus, dando testemunho de seu caráter, natureza, trabalho e redenção. A morte não pôde detê-la. Aqueles cristãos recusaram-se a negar a sua fé, e a comprometer, ou rejeitar, as verdades do Evangelho. Um de seus membros, Antipas, já havia sido martirizado por causa do testemunho de Jesus. Ele não é mencionado em nenhum outro lugar da Bíblia, mas seu nome deve ser lembrado em virtude de seu fiel testemunho. Jesus o chama de "minha testemunha" (Ap 2.13). Antipas não somente deu testemunho das verdades sobre Jesus, mas tinha um relacionamento pessoal com o Salvador ao qual pertencia. Que contraste com aquele Antipas, pai de Herodes, o Grande, e aquele outro Herodes Antipas que assassinou a João Batista! X - Pérgamo E Chamada ao Arrependimento (Ap 2.14-16) "Mas umas poucas de coisas tenho contra ti: porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem. Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas: o que eu aborreço. Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca." Apesar de a igreja em Pérgamo, como um todo, ser fiel a Cristo e às verdades do Evangelho, alguns dentre eles faziam-se passíveis da repreensão do Senhor. Os tais estavam comprometendo sua fé com os baixos padrões morais e costumes pagãos daqueles dias. Tinham um comportamento idêntico aos dos israelitas nos dias de Moisés. Seguindo os conselhos de Balaão, um vidente e falso profeta, Balaque, rei de Moabe, usou belas jovens de seu reino para seduzir os israelitas, e induzi-los a participarem de suas festas idolatras, nas quais a imoralidade era praticada em nome da religião (ver Número 25.1-5; 31.15,16). Jesus chama a isto de prostituição (Ap 2.14). Deus não aceita ritos e cerimônias como desculpa para se quebrantar os seus mandamentos. (Ver 2 Pedro 2.15,16, onde, por dinheiro, Balaão tenta manipular Deus para que amaldiçoasse a Israel). A advertência contra o comer comida sacrificada aos ídolos, no versículo 14, não contradiz o que Paulo escreveu sobre o consumo de carnes oferecidas aos ídolos (ver 1 Coríntios 1.25-30). Paulo referia-se a carne comprada no mercado da cidade, e trazida para casa. Contudo, alguns membros da igreja em Pérgamo estavam juntando-se às multidões que adoravam falsos deuses e praticavam atos sexuais com os sacerdotes e sacerdotisas pagãos como forma de honrar seus deuses. Pode ser que os cristãos que estivessem cometendo tais atos dissessem que, desde que os ídolos nada são, era-lhes lícito participar desses ritos sem prejuízo algum. Ou, talvez, alegassem: "Desde que a graça de Deus é superabundante, podemos cometer qualquer tipo de pecado, pois seremos automaticamente perdoados". Mas a Bíblia deixa claro que o crente não é para permanecer no pecado (Rm 6.1,2). Aqueles que participam da mesa do Senhor, não podem tomar parte na mesa dos demônios (l Co 10.21). Alguns estudiosos veem no nome hebreu de Balaão (Ap 2.14) um equivalente no grego Nikolaos, identificando os balaamitas como os nicolaítas do versículo 15. Entretanto, pelo contexto parecem ser dois grupos diferentes. Pode ser que os nicolaítas encorajassem o mesmo tipo de desregramento desenfreado que os balaamitas, mas sem envolver idolatria. É claro que ambos os grupos possuíam perspectivas erradas acerca do amor e da liberdade do cristão, pois estavam comprometendo os princípios evangélicos com a prática da licenciosidade. São como alguns de nossos dias que se dizem cristãos, mas não condenam, antes incentivam os pecados execrados pela Bíblia. Embora o Cristianismo oriente-nos contra o legalismo, deixa claro que não devemos usar da liberdade cristã como desculpa à operação da carne (ver Gálatas 5.13). Como cristãos, devemos andar (viver) no Espírito. Assim fazendo, não nos deixaremos dominar pelos ardentes desejos da velha natureza pecaminosa (G1 5.16). Jesus tem aversão pelos ensinamentos e ações daqueles que acham o pecado algo sem importância, e desencorajam o viver santo. Podemos ver como Jesus odeia os ensinamentos permissivos quanto ao pecado, pela severidade como chama os impenitentes ao arrependimento no versículo 16. Os que erram devem arrepender-se, isto é, devem mudar sua atitude quanto a Deus. Caso contrário: Jesus lutará contra eles "com a espada de sua boca". Tudo o que Cristo tem a fazer é pronunciar a Palavra para trazer a punição. Ao se comprometerem espiritualmente, mesmo dizendo-se membros da igreja, os tais haviam se colocado ao lado dos inimigos do Senhor, aos quais Ele destruirá na sua vinda. A semelhança do Anticristo e do falso profeta, serão derrotados e lançados definitivamente no lago de fogo preparado ao diabo e seus anjos. XI - O Maná e Uma Pedra Branca Serão Dados aos Vencedores (Ap 2.17) "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe." Pela advertência à Pérgamo, todos somos chamados a ouvir a voz do Espírito Santo, que fala a todas as igrejas em todos as épocas. Devemos continuar nossa vida de vitória pela fé em Cristo Jesus. Assim, em vez de participarmos de festas pagãs, comeremos do "Maná escondido", onde Cristo partilhar-nos-á de sua própria natureza (ver João 6.48-51,58,63, onde Jesus diz ser o verdadeiro Maná, o verdadeiro pão do céu, e que precisamos comer de seu corpo e beber de seu sangue). Não por formas, nem por cerimônias, mas é através do crer em Jesus que nos alimentaremos de sua Palavra. A semelhança do pão, Ele tem sido distribuído e partido, e deve ser tomado como Senhor e Salvador para que participemos de sua vida. Como pão, Ele sustém nossa vida espiritual à medida que, continuamente, alimentamo-nos dEle. Ao invés de sermos atraídos pela imoralidade, concupiscência e desejos mundanos, e por eles termos de pagar alto preço, miremos a "pedra branca" do perdão e da absolvição. Naqueles dias, uma pedrinha era usada nos tribunais para indicar a ausência de culpa. Nossos pecados já foram apagados; fomos tornados justos como se nunca tivéssemos pecado. Além disso, receberemos um "novo nome" que, na Bíblia, significa nova natureza, nova autoridade; enfim: uma herança completa. cometer adultério espiritual - participar das adorações idolatras e imorais - como também seduzia, com muita perspicácia, os crentes que realmente procuravam servir ao Senhor, e que lhe eram fiéis. Note que Jesus chama a estes de "meus servos". As boas coisas que Jesus disse da igreja poderiam ser ditas sobre eles. Contudo, estavam agora sob a influência das profecias e ensinos desta Jezabel. Dando-lhe atenção, tornaram-se suas vítimas. As profecias devem ser testadas pelas Escrituras; não podem estar baseadas num único versículo, ou metade num versículo aqui e a outra noutro lugar. As profecias devem estar de acordo com os grandes ensinamentos da Bíblia. Os que pertençam ao corpo de Cristo devem julgá- las (1 Co 14.29). Assim, à medida que nos aprofundamos no conhecimento das Escrituras, o Senhor mesmo iluminará nossos corações e mentes, concedendo- nos sua maravilhosas luz. Jesus já havia tratado com esta Jezabel, e lhe dado um período de tempo ("espaço") para que se arrependesse. Mas ela não se arrependeu de sua fornicação - o adultério moral e espiritual. Ela não mudou suas atitudes básicas, e ainda ensinava que a mistura da verdadeira adoração com práticas e adorações pagãs não constituíam qualquer pecado. No Antigo Testamento, Deus já havia pronunciado severos julgamentos sobre aqueles que tentavam adorá-lo simultaneamente a outros deuses. A Idade das Trevas surgiu porque a Igreja degenerou-se ao aceitar idéias e práticas pagãs. No início, os primeiros cristãos recusavam-se a ter imagens nas igrejas, porém, ao imitarem os pagãos, começaram a dar atenção a santuários e relíquias sagradas. Os falsos profetas de hoje são ainda piores; dão mais atenção a idéias e filosofias humanas do que a Palavra de Deus. Torcem as Escrituras para que se encaixem em idéias meramente humanas e falsos ensinos. A semelhante de Jezabel, não se arrependem. Proclamam cada vez mais alto que suas profecias e ensinos devem ser considerados verdades inquestionáveis em detrimento da Palavra de Deus. No versículo 22, Jesus promete que julgará tanto esta Jezabel, como os que têm cometido adultério espiritual com ela, prestando culto aos deuses pagãos e participando de ritos licenciosos. Jesus afiança que a "lançará numa cama". Este julgamento contém uma ironia intencional, pois ela é culpada exatainente de adultério espiritual e de fornicação. A "cama" é provavelmente o sofrimento, ou a doença, que a levaria à morte física. Quanto aos seus seguidores, atravessariam por "grande tribulação" - tristeza e aflição, acarretando-lhes angústia de coração e de alma. Não está implícito que Jesus quer realmente isto; o que Ele deseja é que os tais arrependam-se das obras praticadas sob a influência de ensinos e profecias falsos. Ele é paciente até mesmo com Jezabel; dá a todos oportunidade a que se arrependam. Jesus continua a advertência no versículo 23, e o faz de modo mais severo. Ele "ferirá" a seus filhos espirituais, isto é, aos seguidores de Jezabel, "de morte". "Ferir de morte" é a maneira hebraica de se enfatizar a certeza da morte física. Isto significa que o Senhor trará algum tipo de doença grave, ou pestilência sobre eles. Contudo, pode ser também uma referência à segunda morte (o lago de fogo) onde perderão não somente suas vidas, mas também a salvação. Os falsos profetas do Antigo Testamento que buscavam dinheiro, fama e poder, provavelmente ensinavam que Deus não importa se você adora ou não falsos deuses, desde que você apresente seus sacrifícios ao templo (Dt 13.1-5; Am 5.22,26, Os 7.11,13). Esta Jezabel ignorava o fato de Jesus conhecer seus motivos e atitudes, pois ela estava tentando escondê-los dos outros e de si mesma. A igreja precisava saber, com urgência, que o Senhor Jesus era mais que um gentil salvador. Ele é também juiz; "sonda", examina, investiga os rins (considerado pelos antigos como o centro dos sentimentos) e corações. Ou seja: sonda a parte mais profunda de nosso ser, nossos motivos, atitudes e sentimentos (Hb 4.12). Ele conhece o que, de fato, acha-se dentro de nós; conhece o que está atrás de nosso trabalho, obras e ações. Como juiz impar- ciai, recompensará a cada um de nós "de acordo com as (nossas) obras", não como as vemos, mas como Ele as vê (ver João 5.22,30). XIV - "Retende o que Tendes Até que Eu Venha" (Ap 2.24,25) "Mas eu vos digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei. Mas o que tendes retende-o até que eu venha." Indubitavelmente esta falsa profetisa Jezabel dizia estar dando à igreja um "ensinamento profundo", o qual ela e seus seguidores chamavam de "profundezas de Satanás". Pode ser que ela dissesse ter alcançado as profundezas das verdades divinas. Na realidade, porém, essa mulher havia conduzido o povo às profundezas de Satanás. Ou talvez pregasse que seria necessário entrar no território do inimigo a fim de derrotá-lo. Talvez ainda ensinasse ter uma doutrina superior a de Jesus e a dos apóstolos sobre Satanás. Pode até haver alegado, de igual modo, que os demônios e o próprio Satanás não são propriamente mentirosos, levando com isto muitos a se desviarem. O que aconteceu lá pode ser importante aos nossos dias, onde vemos pessoas que se preocupam tanto em repreender Satanás e a expulsar demônios, fazendo destas atividades o centro do seu ministério. Jesus reconhece que nem todos na igreja de Tiatira haviam dado ouvidos às falsas profecias e aos ensinos sedutores desta Jezabel. Por isto, deixa uma palavra de conforto ao restante dos crentes: não imporá "outra carga" (ou responsabilidade) sobre eles. Os que permaneciam fiéis ao Evangelho e a Jesus, necessitavam, agora, reter firmemente o que possuíam - a fé simples e a obediência até o retorno do Senhor. Precisavam ser como os tessalonisenses que, havendo se convertido dos ídolos para Deus, serviam a um Senhor que é vivo e verdadeiro, esperando dos céus a seu Filho (1 Ts 1.9,10). O serviço prestado, enquanto se espera a volta de Cristo, inclui a continuação das boas obras, a perseverança na fé e na obediência. XV - Os Vencedores Compartilharão o Governo de Cristo (Ap 2.26-29) "E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Os vencedores, aqui, são identificados como aqueles que guardam as obras de Jesus no coração ("guarda até o fim as minhas obras"), seguindo-o e aprendendo dEle, como Ele é de fato revelado na Bíblia, especialmente nos quatro evangelhos. Jesus dará aos vencedores "poder sobre as nações". Ou seja: permitirá que compartilhemos de seu poder, autoridade e governo, desfrutando plenamente de seu triunfo, e ajudando-o a pastorear com a "vara de ferro" as nações que sobreviverem a Grande Tribulação (Ap 2.27). A vara do pastor era usada para quebrar os ossos dos predadores do rebanho. Portanto, a profecia, aqui, é relacionada com as profecias do Salmo 2.8,9 e Daniel 2.34,35; 44,45. Sim, a vara de ferro esmigalhará as nações que rejeitarem a Cristo como se fossem feitas de barro (Jo 5.22). O Salmo 2 diz-nos que Deus dará a seu Filho as nações por herança, e os fins da terra por sua possessão. Como crentes fiéis, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, sendo portanto participantes da herança. E, juntos, estaremos quando Ele vier estabelecer seu reinado sobre a terra (G1 4.7; Tt 3.7). A profecia do capítulo dois de Daniel mostra a sequencia dos impérios naquela estátua gigantesca que tinha a cabeça de ouro, representando o império babilônico; o peito e os braços de prata, representando o império medo-persa; o ventre e as coxas de cobre, representando o império grego de Alexandre, o Grande; as pernas de ferro, representando os romanos; e os pés de ferro e barro, representando os estados nacionalistas que, por causa de suas diferenças, não chegaram a se misturar totalmente. Cada império dava lugar a um império sucessor, mas igreja de Sardes também estava negligenciando o ensino concernente à sua segunda vinda, tornando-se, assim, indiferente às coisas espirituais. Pois não há maior encorajamento à santidade e pureza de vida do que a maravilhosa esperança do retorno de Cristo (1 Jo 3.2,3). Os irmãos de Sardes precisavam, igualmente, lembrar-se não propriamente do que, mas de como o tinham recebido e ouvido. Isto significa que haviam recebido inicialmente as verdades do Evangelho com alegria, aceitando com entusiasmo a Cristo e a salvação por Ele proporcionada. Talvez fossem como o terreno pedregoso da Parábola do Semeador (Mt 13.20,21). Por isso, careciam olhar para trás, e readquirir parte daquela alegria no Senhor que antes possuíam; tinham de guardar o que haviam recebido, e reter os ensinamentos que lhes haviam sido ministrados. Não deviam confiar unicamente em suas reputações. Caso não se arrependessem, despertassem, e estivessem de prontidão, o Senhor viria a eles como ladrão, isto é, sem avisar. O que está implícito é que Ele virá para julgar, e quando isto acontecer, será muito tarde para o arrependimento. Pelas palavras de Jesus, parece que Ele não está se referindo à sua segunda vinda, pois dirige-se somente a eles de maneira específica. A igreja de Sardes seria o objeto desta vinda. Todavia, não importa a época da vinda do Senhor; o importante mesmo é estarmos vigilantes contra o pecado e a indiferença. II - Alguns em Sardes São Elogiados (Ap 3.4) "Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram seus vestidos, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso." Ao negligenciarem a esperança do retorno de Jesus, e ao falharem no depender do Espírito Santo para iluminar-lhes as verdades e dar-lhes poder para viverem uma vida santa, os crentes em Sardes haviam manchado suas vestimentas. Isto é: não mais estavam cooperando com o Espírito Santo no trabalho de santificação. Não mais obedeciam o mandamento de se guardarem puros e imaculados da influência do mundo (Tg 1.27). Precisavam colocar de lado tudo o que pudesse contaminá-los, especialmente a malícia, o rancor, a inveja e outros vícios perversos que caracterizam o mundo. Precisavam também ser submissos à Palavra de Deus e aos seus ensinos com humildade de espírito (Tg 1.21). Contudo, havia "algumas pessoas" que eram exceções, e Jesus as considerava dignas de andarem com Ele "de branco". Esta é uma expressão usada geralmente para roupas feitas de fino linho. Em linguagem espiritual, são vestidos branqueados no sangue do Cordeiro (Ap 7.14), e hão de permanecer brancos por causa da justiça de Cristo (Ap 19.8). O texto mostra que estes crentes já estavam andando com o Senhor, seguindo-o bem de perto, pois ainda não haviam contaminado suas vestes. Os que andarem com o Senhor nesta vida, serão dignos de continuar a andar com Ele no reino que está por vir. III - Os Vitoriosos Serão Confessados Diante do Pai (Ap 3.5,6) "O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” A todos os que se saírem vitoriosos, é prometido vestirem-se de branco, pois são dignos de andarem com Cristo: suas vestiduras foram lavadas e embranquecidas pelo sangue do Cordeiro. Além disto, seus nomes não serão riscados do Livro da Vida, e Jesus os confessará diante do Pai e diante dos anjos de Deus, confirmando que eles, de fato, lhe pertencem. O sentido implícito, neste versículo, é de que, os que não vencerem, terão seus nomes riscados do Livro da Vida. Dizem alguns "entendidos" que isto não pode ser possível, pois levaria a perseverança de nossa salvação a fundamentar-se em obras, sendo, pois, uma terrível negação da graça de Deus. No entanto, reconhecemos que a nossa vitória não é obtida através de boas obras. A vitória que vence o mundo é a nossa fé (1 Jo 5.4). Deus nos faz vitoriosos através de Cristo (1 Co 15.57). Somos salvos pela graça por meio da fé, e não pelas obras (Ef 2.8). Perseveramos na graça pela fé, uma fé obediente (1 Jo 1.7; 2.3-6). O tempo verbal do grego de 1 João 5.5 indica continuidade, ação. Ou seja: a pessoa que continua a vencer é aquela que persevera em crer, em confiar. Não devemos esquecer de que só teremos a vida eterna se tivermos Cristo, pois nEle está a vida, e somente aqueles que continuam a ter, a possuir o Filho, tem a vida eterna; enquanto que aqueles que não permanecerem no Filho de Deus, não têm a vida (1 Jo 5.11-12; Jo 3.16; 6.47). Somente os que perseveram crendo, têm a vida eterna. Novamente, todos os crentes são conclamados a que dêem atenção ao que o Espírito dizia, nestas cartas, às sete igrejas. IV - A Chave de Davi (Ap 3.7) "E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha e ninguém abre." Dentre as sete igrejas, a de Filadélfia era a mais perfeita. Ao invés dè censurar aqueles crentes, Jesus destaca-lhes a santidade e a sua identificação com o "Santo" (um dos títulos de Deus). O Senhor Jesus possui natureza divina, e, como tal, compartilha da santidade de Deus Pai. (Ver Salmos 16.10; Isaías 6.3; 40.25; 43.15; Atos 2.27; 13.35). Jesus é também "o verdadeiro", que significa "o genuíno". Isto é: o genuíno rei messiânico que torna eterno o trono de Davi (At 2.30,32,36; 3.14-15; 1 Jo 5.20). As chaves de Davi representam a autoridade de seu ofício real (Is 22.22). Em virtude deste ofício, Ele abre e fecha as portas, e ninguém pode alterar-lhe as decisões. Jesus passou a exercitar esta autoridade quando comissionou sua igreja, e começou a trabalhar com os discípulos (Mt 28.18; Mc 16.20). V - Uma Porta Aberta para Filadélfia (Ap 3.8) "Eu sei as tuas obras: eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome." Jesus conhecia as excelentes obras da igreja em Filadélfia. Exercitando sua autoridade e poder real, colocava diante daqueles crentes "uma porta aberta". Teriam oportunidade de fazer livremente a obra de Deus, sem necessidade de derrubar quaisquer barreiras. Tudo o que precisavam fazer era entrar pela porta que o Senhor lhes abria. A palavra "pouca" é enfática, e parece indicar que esta igreja quase não tinha forças espirituais. ( 1 ) A palavra "força", ou poder, é usada especialmente para indicar o poder divino - o poder que opera milagres, que é o do Espírito Santo. O contraste, aqui, parece ser com a proclamação de Cristo de que todo o poder e a autoridade foram-lhe dados, e que estes acham-se disponíveis também à Igreja (Mt 28.18). Porém, apesar de a igreja em Filadélfia ter pouco poder, ainda guardava a Palavra de Deus, e recusava-se a negar o nome de Cristo diante da perseguição satânica promovida pelos judeus não converti-dos. Era uma igreja obediente e fiel que continuava a testemunhar de Jesus e das verdades do Evangelho. Até mesmo aquele pequeno poder, "como a fé do tamanho do grão de mostarda" (Mt 17.20) é motivo de elogio pelo Senhor. VI - A Sinagoga de Satanás É Repreendida (Ap 3.9) "Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo." VIII - Os Fiéis Serão Colunas no Templo de Deus (Ap 3.12,13) "A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." Para os que são fiéis, que continuam a obter vitórias na fé, há um lugar de altíssima honra e estabilidade permanente como coluna no santuário divino. Alguns desejam conectar esta figura com as colunas Jaquim e Boaz, que estavam em frente do templo de Salomão (1 Rs 7.21). E melhor interpretar esse termo como Paulo o fez ao referir-se aos líderes da Igreja (G1 2.9). A palavra "templo", aqui, é o santuário interno, o Santo dos Santos. E uma palavra usada também para Igreja (Ef 2.20-22), mas que, neste caso, é utilizada para descrever o lugar dos santos no estado final, isto é, na Nova Jerusalém, que estará sobre a nova terra onde Deus habitará com seu povo para sempre. Então Jesus escreverá, sobre os redimidos, o nome de Deus, o nome da Nova Jerusalém, e também o seu próprio nome. A palavra "nome" refere-se à autoridade, caráter e pessoa. Lembra-nos de 1 João 3.1, onde somos chamados de "filhos de Deus" e, como tais, possuímos seu nome e caráter. João ressalta que, agora, somos filhos de Deus, mas ainda "não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é o veremos" (1 Jo 3.2). Uma vez mais (v.13), vemos que a promessa é para todo crente que ouvi - isto é, qualquer que crer e obedecer - em todas as igrejas e em todos os tempos. Precisamos deixar o Espírito Santo efetivar tais realidade em nossos corações e vidas. IX - Jesus - O Amém (Ap 3.14) "E ao anjo da Igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus." Jesus imediatamente identifica-se aos crentes de Laodicéia como "o Amém". Esta palavra hebraica, que significa "verdadeiramente", serve para corroborar as promessas divinas. Sua raiz traz a idéia de firmeza, certeza, segurança na fé. Em Isaías 65.16, é usada para descrever o Senhor como "verdade". Jesus é a nossa revelação de tudo o que este conceito significa. Como o Amém, garante as verdades das promessas de Deus - promessas estas que ainda estavam disponíveis até mesmo para os de Laodicéia e para os crentes de hoje (2 Co 1.20). Jesus é também "a testemunha fiel e verdadeira". Testemunhou do Pai, das verdades do Evangelho; testemunhou ainda de si mesmo, de sua natureza e caráter. E o único Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade. Ele não voltará atrás em sua Palavra com respeito a todas as verdades que tem anunciado. Jesus é também "o princípio", origem, causa primeira e Senhor de toda a criação de Deus. Cristo, como Deus Filho, não foi criado. Ele foi, é, e será sempre o mesmo. É o mediador da criação de Deus. "Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez" (Jo 1.3). O mundo foi feito por Ele (Jo 1.10). Agora, acha-se à direita do Pai, nos céus, "acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro" (Ef 1.20,21). É aquEle através do qual todas as coisas começaram, e trará todo o plano de Deus à consumação final, Jesus é, igualmente, o Mediador entre Deus e os homens. Todas as coisas subsistem pela força de seu poder (Cl 1.17). X - Laodicéia Não É Quente Nem Fria (Ap 3.15-17) "Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és nem frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu ". Aparentemente, os crentes em Laodicéia estavam agindo como se tivessem esquecido quem era Jesus e porque havia Ele morrido. O Senhor Jesus faz-lhes, então, uma advertência muito forte por não serem nem "frios" nem "quentes". Antes de haverem aceitado a fé, eram frios. Ao receberem a Jesus, haviam se tornado quentes - zelosos seguidores do Mestre. Agora, porém, encontravam- se num perigoso estado intermediário - a mornidão espiritual. Não estavam mais desejosos de corresponder ao movimento do Espírito, nem estavam frios o suficiente para perceber quão grandes eram suas necessidades. Além de nada fazerem à obra de Deus, não respondiam ao seu chamado ao arrependimento. Por isso, Jesus deseja que fossem frios ou quentes, pois, assim, poderia fazer alguma coisa por eles. O Senhor aquieta-se quando lida com um povo a quem não pode usar nem abençoar. Os de Laodicéia não se opunham ao Senhor, mas também não se aproximavam dEle. Como água morna não serve para se beber, de igual modo os crentes mornos jamais se tornarão aptos a seguir a Cristo. Por isso, Ele os "cuspirá" (literalmente, "vomitar"), ou rejeita-los-á. Agiam como o segundo filho da Parábola dos Dois Filhos, onde o pai pediu a um que fosse trabalhar na vinha. Embora este dissesse: "Eu vou, e não o foi" (Mt 21.30). Eles reivindicavam serem cristãos, mas não faziam a vontade do Pai Celestial. Laodicéia era um rico centro de comércio. A prosperidade era a causa da mornidão daquela igreja. Eles haviam se tornado ricos e cheios de bens materiais. Com o dinheiro que já tinham, multiplicavam ainda mais suas posses. Estavam, agora, tão envolvidos com a vida material que eram induzidos a negligenciar a espiritual (Mt 13.22). Esta igreja não havia sofrido nenhuma perseguição. Não havia sido invadida pelas falsas doutrinas nem pelos falsos apóstolos. Para as outras igrejas, sua situação era excelente, ideal. Os cristãos de Laodicéia haviam se tornado tão satisfeitos e eufóricos com as coisas que o dinheiro pode comprar, que foram levados a perder o desejo pelas coisas de Deus. Infelizmente, não haviam aprendido ainda a "viver em prosperidade" (Fp 4.12). Como resultado, sua satisfação era falsa por ignorarem as coisas de Deus. Como na Parábola do Rico Tolo (que por ter muito, só cogitava em construir celeiros cada vez maiores), os crentes daquela cidade achavam que não tinham mais necessidades. Deus, contudo, os viu, não como se estivessem usufruindo de bênçãos, mas como desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus". Eram tão miseráveis como os não salvos, tão desgraçados como os piores pecadores. Eram pobres porque não possuíam as verdadeiras alegrias do céu. Cegos, porque não tinham percebido que poderiam usar suas riquezas para levar o Evangelho a outros. A prosperidade que possuíam tinha lhes roubado o fervor e a esperança, por isso não mais aguardavam o retorno de Cristo com o anelo que uma vez tiveram. Estavam nus, porque achavam-se despidos da justiça de Cristo. Confiavam na prosperidade como suposta evidência das bênçãos divinas. XI - Laodicéia É Desafiada (Ap 3.18,19) "Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te. " Apesar de Jesus não ter nenhum motivo de elogio a esta igreja, mas somente repreensões, ainda assim oferece-lhe esperanças. Em vez de procurar as riquezas deste mundo, deveriam eles comprar de Jesus "ouro provado no fogo", testado e refinado, livre de impurezas. Este é o ouro da fé, que vale muito mais do que todo o ouro deste mundo, não importando vitoriosos. As promessas destinam-se aos que são continuamente vitoriosos. Como vencedores, não deixamos de ter problemas, batalhas, dificuldades, ou até derrotas de vez em quando. Mas devemos lembrar-nos de que a vitória de Cristo é o segredo de nosso triunfo. Guardemos nossa fé em Jesus (1 Jo 5.5). Se pecarmos, confessemos-lhe rapidamente nossas iniquidades, e confiemos em sua fidelidade, não somente para perdoar-nos os pecados, como também para garantir-nos a vitória final (1 Jo 1.9; 2.1). Continuemos, pois, a andar com Cristo (1 Jo 1.7). Apocalipse Capítulo 4 No capítulo quatro, começa a seção central do livro de Apocalipse, que termina no capítulo 15. Esta parte trata das visões apocalípticas dos sete selos, das sete trombetas e das sete taças. O estilo destes doze capítulos é marcadamente simbólico, por isso há muita controvérsia acerca de seu significado e da ordem de seus eventos. Entretanto, devemos reconhecer que os símbolos representam realidades, não idéias generalizadas e vagas. O Anticristo (1 Jo 2.18) em Apocalipse é, por exemplo, chamado de "besta", mas o símbolo representa de fato um homem real (2 Ts 2.1-4,8-10). Jesus é representado por um Cordeiro, mas é o mesmo Jesus que um dia subiu aos céus, e que breve voltará. As visões contidas nestes capítulos mostram os julgamentos vindouros, que trarão o fim à presente era e ao sistema mundial ora em vigor. Mas, antes de mais nada, mostra-nos a Bíblia que Deus e o Senhor Jesus Cristo estão, e estarão, sempre no controle de tudo o que acontecer. Assim, a primeira visão é sobre o trono e o Cordeiro de Deus, o Salvador do mundo. I - Uma Porta Aberta nos Céus (Ap 4.1) "Depois destas coisas, olhei e eis que estava aberta uma porta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer." "Depois destas coisas", esta expressão indica que já é passado algum tempo. Em Patmos, João não tem uma visão contínua. Alguns dias podem ter-se passado entre as revelações que compõem as diferentes seções do Apocalipse. (Ver Ap 7.1,9; 15.5; 18.1). Portanto, este versículo marca uma mudança de cena e tempo. João vê uma porta aberta nos céus. Então, a mesma voz, "como a de trombeta", que ele tinha ouvido na visão anterior (Ap 1.10) fala-lhe novamente: "Sobe aqui". São-lhe mostradas, pois, as coisas que em breve devem acontecer para o cumprimento integral dos planos de Deus (ver Ap 1.1,19). Os capítulos quatro e cinco narram os eventos que se dão junto ao trono, nos céus, e servem como introdução aos fatos que começam a ser descritos no Apocalipse. II - Um Trono no Céu (Ap 4.2,3) "E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda." Imediatamente João é arrebatado "em espírito" para o trono no céu. (Alguns escritores veem este acontecimento como um símbolo do arrebatamento da igreja, o rapto de 1 Tessalonisenses capítulo quatro. Entretanto, nada neste contexto confirma tal interpretação). "Em espírito" é uma das frases-chave no livro de Apocalipse. Em Apocalipse 1.10, é introduzida a primeira seção do livro com a visão que João teve de Jesus no meio dos sete castiçais. Aqui, (v.2) é introduzida a visão de Cristo sobre o trono, abrindo os sete selos, e desencadeando a administração das sete trombetas e das sete taças do julga-mento divino. Em Apocalipse 17.3, é introduzida uma mudança de cenário, seguida por três eventos conclusivos: a queda de Babilônia, a derrota do Anticristo e o fim dos enganos de Satanás. Assim que João, em espírito, é arrebatado ao céu, sua atenção volta- se primeiramente para o trono de Deus que estava "posto no céu", isto é, o trono já estava lá. Ele nota que este acha-se ocupado; visto ser o trono divino, o ocupante, então, é o próprio Deus Pai. João não tenta descrever a Deus; está consciente de sua presença. Sua glória é mui grande para que ele o descreva como tendo uma forma ou aparência. Tudo o que pode fazer é falar de um brilho parecido com o do diamante. O "jaspe" é mostrado em Apocalipse 21.11 como sendo um cristal claro, não como o jaspe opaco que hoje conhecemos. Este é mais parecido com o diamante. A "sardônica" era uma pedra preciosa vermelha, muito bonita e apreciada, simbolizando redenção. Deus sempre manifestou- se em fogo no Antigo Testamento, mas o que João vê é muito mais glorioso do que qualquer outra visão vista anteriormente. Em volta do trono, havia um arco-íris brilhante, (ver 1 Tm 6.16; Tiago 1.17). III - Vinte e Quatro Tronos para Vinte e Quatro Anciãos (Ap 4.4) "E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestidos brancos; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro." O trono de Deus não é o único que João vê. E em redor dele, havia vinte e quatro tronos para vinte e quatro anciãos. "Ancião" ou "presbítero" representando inteligência, prontidão, entendimento e consciência do que acontece em todos os lugares. A linguagem que descreve os quatro seres viventes é tirada do Antigo Testamento, especialmente da descrição dos querubins em Ezequiel, apesar de não serem chamados de querubins no Apocalipse. Os querubins são mencionados inicialmente como os guardiães do caminho do Jardim do Éden (Gn 3.23). Posteriormente, encontramos esculturas deles no Tabernáculo e no Santo Templo. Havia dois querubins de ouro em cima do propiciatório, a sólida tampa de ouro da arca do concerto (Êx 25.18). Em suas manifestações no templo, Deus é sempre referido como aquEle que habita "entre os querubins" (1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2; 2 Rs 19.15; SI 80.1 e 99.1; Is 37.16). (O im em querubim é simplesmente a forma hebraica de se colocar uma palavra no plural. Observe, contudo, que as descrições bíblicas destes seres não são como crianças fofinhas, com asas, com as bochechas avermelhadas como frequentemente são vistas em pinturas ou em esculturas). Em Ezequiel 1.5-14, entretanto, os querubins são parecidos. Aqui, cada um dos seres viventes são diferentes e distintos. ( 4 ) Embora possam ser eles também querubins, o Apocalipse usa uma linguagem do Antigo Testamento para descrever uma nova revelação. Levando-se em conta as passagens do Antigo Testamento, parece que as criaturas que João viu representam toda a criação de Deus: o leão como o rei dos animais selvagens, o boi como o principal animal domesticado daqueles dias, o homem como criado à imagem de Deus, e a águia como a rainha das aves. Juntas, indicam que toda a natureza se junta na adoração a Deus. Indicam também, ao honrar aquEle que estava sobre o trono, que Deus é soberano sobre toda sua criação. Na Igreja Primitiva, tornou-se muito popular relacionar estes seres viventes com Cristo e os quatro evangelhos. Agostinho, em mais ou menos 400 d.C., por exemplo, viu Jesus em Mateus como o Leão de Judá; em Marcos, como homem; em Lucas, como o servo; e, em João, como a águia alcançando as maiores alturas da revelação espiritual. ( 5 ) Cada dos quatro seres viventes tem seis asas como os serafins que Isaías viu em sua visão ("seraph" significa "o que queima"); lá, as asas falam tanto de humildade como de rapidez (Is 6.1,2). Eles eram tão cheios da glória de Deus, que pareciam serem feitos de fogo. Como os serafins, estes seres viventes nunca cessavam de clamar "Santo, santo, santo," mas, aqui, referem-se a Deus como o Senhor Deus Todo- poderoso, em vez de Senhor dos Exércitos. Ao invés de falar da terra como estando cheia de sua glória, realçam-lhe a eternidade: "Aquele que era, que é e que há de vir". Diferentemente dos serafins, são cheios de olhos, enfatizando seu entendimento e sabedoria. Apesar de adorarem a Deus continuamente, cumprem de igual modo a sua vontade, e executam os seus julgamentos (Ap 6.1,2). Portanto, são seres reais, não símbolos. Parece que não somente representam toda a criação diante de Deus, como os querubins que Ezequiel vira, mas são também os líderes de toda a criação. Eles falam a uma só voz quando adoram a Deus. Mas também individualmente (Ap 6.1,3,5,7). Alguns acham que eles são os mesmos querubins que Ezequiel presenciara e os mesmos serafins que Isaías descrevera, mas cada um deles os viu de um ponto de vista específico numa circunstância também específica. Contudo, tal posição não é totalmente evidenciada noutras passagens. Ao repetir por três vezes a palavra "santo", enfatizam a suprema santidade de Deus. Santidade, na Bíblia, é sempre vista de duas maneiras. A sua ideia básica é de separação, mas ela inclui tanto a separação "de" como a separação "para". Para colocar isto de outra maneira, os dois aspectos podem ser caracterizados por duas palavras: "diferença" e "dedicação". Deus é totalmente separado do pecado; Ele é totalmente diferente de sua criação e também de todo o mundo caído. Ele acha-se também completamente dedicado à execução de sua grande vontade e plano. Os gregos consideravam seus deuses inconstantes, mutáveis. Mas "a rocha deles não é como a nossa rocha" (Dt 32.31). Podemos depender dEle completamente. Como o Todo-poderoso, Ele detém todo o poder; é onipotente; não somente acha-se dedicado a executar seu plano, mas também possui todo o poder para fazê-lo cumprir-se totalmente. Nenhum rei, nenhum ditador, nenhum demônio ou até mesmo Satanás haverá de impedir o triunfo final de Cristo. Sua eternidade significa que Ele nunca poderá morrer ou ser destruído. Ateístas, comunistas e rebeldes de todos os matizes podem se voltar contra Ele. Estes passarão, mas Deus há de permanecer para sempre. A expressão de sua eternidade é aplicada ao Trino Deus (compare Apocalipse 1.4 e 1.8), mas aqui é direcionada ao Pai. VI - O Senhor é Digno de Adoração (Ap 4.9-11) "E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas." Esta adoração não é uma forma comum. O que está indicado, aqui, é que a adoração dos seres viventes não é sempre do mesmo jeito. O grego hotan (quando) significa de tempo em tempo, esses seres viventes prostram-se dando glória, honra e graças àquEle que está no trono. Esta é uma frase similar que ocorre oito vezes no Apocalipse: 4.9,11; 5.12,13; 7.12; 19.1; 21.24,26. Cada vez que os quatro seres viventes adoram a Deus, os vinte e quatro anciãos simultaneamente levantam-se, descem dos seus tronos, e prostram-se diante de Deus, lançando suas coroas diante dEle (Ap 5.8; 14; 19.4). Desta maneira, mostram-lhe a reverência, dependência e sujeição. É também o reconhecimento de que sua autoridade é derivada da autoridade divina. Seu poder real não representa uma oposição ou reino separado, mas acha-se sujeito ao trono de Deus, onde tem a sua origem. A semelhança dos quatro seres viventes (v.9), adoram eles a Deus como "aquele que vive para todo o sempre", o Eterno "Eu Sou" (Êx 3.14,15). Na sua adoração, os vinte e quatro anciãos reconhecem a Deus como seu Senhor que, na linguagem do Antigo Testamento, aparece como "Yahweh" (algumas vezes mal traduzido como "Jeová", por haverem alguns se apropriado das consoantes hebraicas para o nome de Deus - YHWH ou JHVH - e inserido nelas as vogais da palavra hebraica para "Senhor", originando "Jeová, uma criação, pois, artificial). Eles prestam sua adoração diretamente a Deus, reconhecendo-o também como seu Criador e Doador de todas as boas coisas que usufruem. Verdadeiramente, Ele é digno de receber glória, honra e poder. Aqui, podemos ver duas verdades. Em primeiro lugar, o homem não pode criar coisa alguma do nada. Mas Deus tudo fez num ponto específico dos primórdios dos tempos. Cabe-nos tão-somente descobrir, usar e rearranjar o que Deus tem-nos deixado de tudo quanto criou. Segundo, todas as coisas que usufruímos e usamos, foram criadas não simplesmente para o nosso benefício, mas para o de Deus também. Pois o honramos, quando usamos tais coisas à sua glória. A entrada do imperador numa procissão triunfal, em Roma, era saudada com as palavras "digno és". O título "Senhor e Deus" foi introduzido por Domiciniano no culto de adoração ao imperador. A oração dos anciãos é, portanto, um contraste e um protesto contra a adoração dos imperadores romanos e a exaltação do ser humano, homem ou mulher. Esta doxologia da criação (v.ll) é o primeiro de muitos cânticos de adoração entoado pelos vinte e quatro anciãos, representando o povo redimido de Deus. Este hino corresponde à primeira e mais fundamental reivindicação de Deus sobre suas criaturas inteligentes - que elas reconheçam-lhe o poder e a glória como Criador (Rm 1.19,20). E também o primeiro assunto revelado na Bíblia (Gn 1.1; Hb 1.3). A este Poderoso Deus Criador, toda a criatura deve a sua existência. A vontade soberana e criativa de Deus é a única razão para que tivéssemos vindo a existir; afinal, jamais tivemos uma pré-existência. Assim, diante de Gênesis 1.1, Deus ainda não revelados e executados. Outros dizem ainda que o que estava escrito no livro eram os julgamentos das sete trombetas de um lado, e os julgamentos das sete taças do outro. Outros dizem, de igual modo, que, apesar de o livro ter sido aberto pelo Cordeiro, João não dá nenhuma indicação de que o tenha lido. Como os testamentos antigamente, sob as leis romanas, eram selados com sete selos, supõe-se que o pergaminho poderia ser um tipo de testamento ou título de propriedade. ( 2 ) Compare Jr 32.6-15, onde o profeta faz conhecido ao povo de Israel que eles teriam sua terra de volta. II - Quem É Digno de Abrir o Livro? (Ap 5.2-4) "E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele; e eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele." Então um anjo poderoso (como em Ap 10.1 e 18.1,21) demonstra sua grande preocupação pela mensagem do livro, e faz um desafio em alta voz, que supera o som daqueles que estavam adorando em volta do trono. Muitos creem que este ser fosse talvez Gabriel, cujo nome é frequentemente usado para significar "homem de Deus", mas que também significa "força de Deus" ou "poderoso de Deus". Gabriel fora o anjo que havia ordenado a Daniel que selasse o livro (Dn 12.4). Este anjo, como um atalaia, anuncia: "Quem é digno de abrir o livro e olhar para os selos?" O fator decisivo e final da história é moral e espiritual. Depois de se ter procurado no céu, na terra e em debaixo da terra, os três reinos da criação (ver Fp 2.10), ninguém é encontrado. Isto mostra que ninguém fora digno de reivindicar o reino e tomar conta do futuro do mundo. Ninguém digno de estabelecer o reino de Deus na terra. Muito vem tentando solucionar os problemas do mundo, mas sem sucesso. A esta altura, João começa a chorar. Ele reconhece a importância da revelação contida no livro. Sem dúvida alguma, conecta a revelação com a promessa dada em Ap 4.1: "eu te mostrarei as coisas que em breve devem acontecer". Agora, contudo, parece que ninguém é digno, e João acha-se certamente cônscio de que também não é digno para tal. Sente-se frustrado e decepcionado, pensando que a revelação não pudesse ser dada, e que os propósitos de Deus talvez não fossem cumpridos. Tudo isto nos mostra que o pergaminho era diferente dos outros livros de profecia. Isto é: no Antigo Testamento, Deus revelava suas vontades e planos aos profetas (Am 3.7 e 2 Pe 1.20,21), que recebiam a mensagem não porque fossem dignos em si mesmos, mas porque estavam abertos ao Espírito Santo. Entretanto, aqui, apesar de João estar no Espírito, não é tido como digno para abrir os selos do livro. III - O Leão da Tribo de Judá que Venceu (Ap 5.5) "E disse-me um dos anciãos: Não chores: eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos." Como João continuasse a chorar, um dos anciãos vem e pede-lhe que se acalme. Suas lágrimas são desnecessárias. Aquele que havia prevalecido sobre o demônio, conquistou grande vitória. "Este", disse o ancião, "é o leão da tribo de Judá" (Gn 49.9,10. Judá foi o leão das tribos. Jesus é o Leão dos leões). Ele é também a Raiz de Davi. A frase, na realidade, significa que Jesus é o rebento, ou o renovo, que brotou a Davi. O reino davídico foi como uma árvore cortada, mas Jesus é o novo tronco, trazendo um reino novo e maior. A referência ao Leão de Judá mostra que, na vitória de Jesus, foram cumpridas as promessas feitas ao antigo povo de Deus, Israel. A referência à raiz de Davi mostra também que a sua vitória trouxe o cumprimento às promessas acenadas a Davi de fazer eterno o seu trono (Is 11.1,10; compare Is 53.2; Zc 6.12,13; Rm 15.12). Sua grande vitória é a vitória da cruz (Jo 16.33), que lhe deu o direito de abrir o livro (Jo 5.22,23). IV - O Cordeiro Abre o Livro (Ap 5.6,7) "E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados a toda a terra. E veio, e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono." Quando João olha, não vê um leão, mas "um Cordeiro como havendo sido morto". Foi como o Cordeiro de Deus que Jesus venceu. O Calvário foi sua grande vitória. O Calvário tornou-o digno de tomar e abrir o livro. Quão diferente é a idéia que o inundo faz de como obter uma vitória. Julgamentos terríveis precederão a vinda do reino. O atual sistema mundial será completamente varrido, para dar lugar a este reino eterno (Dn 2.34,35; 44,45). O quebrar dos selos e o abrir dos livros trarão os julgamentos. Assim, o responsável por abrir os selos será o administrador do julgamento divino. Somente Ele é digno. Quanto àqueles que receberem tais juízos, não poderão alegar ao imaculado Cordeiro de Deus: "Tu mereces também passar por este julgamento". Nem poderão se desculpar: "Tu não fizeste nada para livrar-nos destes juízos". Sim, Jesus fez a sua parte; deu sua vida na cruz por toda a humanidade. Como o Cordeiro acha-se no meio do trono, encontra-se plenamente em sua glória. Deste modo, está também no meio dos quatro seres viventes e dos vinte e quatro anciãos. João vê que Ele tem "sete chifres" e sete olhos. Os chifres representam poder e força; os olhos, sabedoria e conhecimento. Os sete espíritos, que no capítulo quatro, foram mostrados como sete candeeiros de fogo diante do trono tornam-se agora em agentes ativos para levar a sabedoria e o poder do Cordeiro a todos os cantos da terra. Até que Jesus volte, seu trabalho sobre a terra será feito pelo Espírito Santo. Através da cruz e da ressurreição, Deus tornou Cristo para nós em "sabedoria, justiça, santificação e redenção (1 Co 1.30). Tais bênçãos somente podemos experimentar através do trabalho do Espírito Santo, enviado por Deus a toda terra. O Cordeiro, no qual foram vistos os sete chifres e sete olhos, tomou o livro da mão daquEle que estava sentado no trono, recebendo, assim, o título de propriedade: ato jurídico, pelo qual lhe é outorgada autoridade para reinar soberanamente na terra. Cumpre-se, pois, o que Daniel viu em sua visão (Dn 7.13,14), onde o Filho do homem apresenta-se diante do trono e, das mãos do Ancião de Dias, recebe o reino. Como o Leão de Judá, Jesus ocupará o que lhe pertence; o que não somente criou, mas também comprou. Implantará a totalidade do novo reino com pleno poder e virtude. Como Cordeiro, já pagou o preço total, ao derramar seu precioso sangue na cruz. Resta-lhe, agora, implantar na terra o Reino de Deus. O fato de João ver, agora, os sete espíritos em atividade, indo por toda a terra, prova que o Cordeiro acha-se preocupado com a humanidade; e que, em tudo, seja cumprida a vontade de Deus. V - As Orações dos Santos Devem Ser Respondidas (Ap 5.8) "E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos." Assim que o Cordeiro de Deus toma o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos caem diante de dEle. Cada um tinha uma harpa e taças de ouro, cheias de incenso, que são as orações dos santos que eles apresentavam diante de Deus. (As taças eram largas e achatadas, pois usavam incensários, ou vasilhas de fogo, semelhantes às que eram utilizadas para apresentar oferendas de incenso diante do Senhor nos tempos do Antigo Testamento). coisas para si mesmo. Quando de sua ressurreição, declarou: "Todo poder (e autoridade) é me dado no céu e na terra" (Mt 28.18). De fato, Ele é digno! A segunda é a riqueza. Ele tem uma dupla reivindicação sobre as riquezas do universo: por criação e por redenção. A terceira é a sabedoria. Sua sabedoria é a de Deus; Ele próprio é a personificação da sabedoria divina (1 Co 1.24). A quarta é a força, não meramente física, mas no sentido mais amplo do termo. A quinta é a honra, incluindo a reverência e respeito que lhe são devidos por tudo aquilo que Ele é, e por tudo o que tem feito para consumar o plano de Deus. A sexta é a glória, incluindo o brilho, o esplendor, e a radiância de Deus que habita na luz e que é a própria luz. Jesus deixou toda a glória, esvaziando-se a si mesmo a ponto de nascer numa manjedoura. Mas a sua oração em João 17.5 foi: "Glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse". Hoje, encontra-se exaltado na glória, e há de retornar à terra com a mesma glória. A sétima são as ações de ações de graça. O primeiro sentido desta palavra no grego é "louvor". Isto ocorre quando bendizemos ao Senhor; quando pronunciamos boas palavras de agradecimento e louvor por tudo o que Ele é, por tudo o que tem feito, por tudo o que tem dado e por tudo o que tem prometido. Ele é digno. É exaltado pois humilhou-se a si mesmo. Que contraste com o orgulho de Satanás e dos ditadores! VIII - Toda Criação Louva a Deus e ao Cordeiro (Ap 5.13,14) "E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre. E os quatro animais diziam: Amém. E os vinte e quatro anciãos prostraram-se, e adoraram ao que vive para todo o sempre." Então todo ser criado no céu, na terra, e no mar - junta-se a este grande coral que ecoa as verdades cantadas no hino precedente. Todos dão "louvor, e honra, e glória, e poder" a Deus Pai "que está no trono" e ao Cordeiro para todo sempre, uma expressão encontrada sete vezes em Apocalipse: seis vezes referindo- se a Deus (Ap 4.9,10; 5.14; 10.6; 11.15; 15.7) e uma vez refe-rindo-se a Cristo (Ap 1.18). Paulo viu toda criação como que gemendo por redenção e transformação que o retorno de Cristo trará. Ele observou que nós, as primícias do Espírito Santo, também gememos, esperando pelo dia no qual teremos novos corpos que não mais serão sujeitos à decadência, corrupção, dor, ou morte (Rm 8.19-23; 1 Co 15.51-54). O capítulo termina com um ciclo de louvor junto ao trono. Os quatro seres viventes adicionam o seu "amém" ao louvor e à adoração àquEle que se acha sentado sobre o trono e ao Cordeiro. Apocalipse Capítulo 6 No capítulo seis, ainda temos diante de nós a cena celestial mostrada no capítulo cinco. O Cordeiro está no trono, e vai quebrando os selos do livro um por um. Alguns estudiosos creem que a cronologia do Apocalipse começa a desenrolar-se a partir deste ponto. ( 1 ) A partir daqui, num período de sete anos, os eventos dos últimos tempos hão de acontecer, tendo como clímax o capítulo 19. A base para se crer que a Tribulação será de sete anos encontra-se na septuagésima semana (Dn 9.24-27). Na referida passagem, vemos que setenta semanas de anos são decretadas para o povo de Israel. Sessenta e nove, que se iniciaram com o retorno de Esdras, em 457 a.C., até o início do ministério do Messias, já se cumpriram. Os eventos da septuagésima semana não se seguiram imediatamente, pois a era da Igreja abriu um parênteses até que o programa de Deus com respeito à presente era esteja completo. Os primeiros quatro selos introduzem "os quatro cavaleiros do Apocalipse", que são personificações de uma série de julgamentos parciais que vão se cumprindo gradativamente. Alguns acreditam que, com o quebrar de cada um destes selos, o Cordeiro libera um tipo do juízo da ira de Deus, que há de persistir através de todo o período de sete anos da Grande Tribulação. Outros creem que os sete selos conduzirão às sete trombetas, e estas aos sete vasos, ou taças. Ainda há outro grupo que sustenta serem os selos, as trombetas e as taças, acontecimentos paralelos que se darão nesse período. E há os que colocam todos estes itens nos últimos três anos e meio da Tribulação, afirmando que a ira de Deus concentrar-se-á na última metade da septuagésima semana profetizada por Daniel. Estudiosos há que tentam mostrar que o quinto selo é uma antecipação do que acontecerá posteriormente, por não ser provável, segundo dizem, que os acontecimentos se deem por estágios: primeiro as conquistas, depois a guerra, então a fome e por último a morte. Através desta série de visões, João toma conhecimento de algumas das coisas que Deus usará quando do derramamento de sua ira sobre os povos, trazendo sobre estes o seu julgamento, e esmigalhando o presente sistema mundial. E, assim, introduzirá o reino milenial sobre esta terra (Dn 2.34,35; 44,45). Prefiro esta última interpretação. De acordo com ela, nada acontecerá sobre a terra enquanto os selos estiverem sendo abertos. João simplesmente recebe a visão do que está prestes a ocorrer. Isto parece harmonizar-se com para "matar" não é a usada para morte em batalha, mas para um tipo de morte que seria a mais violenta de todas - massacre ou carnificina. Jesus antecipou aos seus discípulos que guerras e rumores de guerras caracterizariam esta época. Portanto, não devemos supor que, ao estourar uma guerra, estejamos na iminência do fim (Mt 24.6). Na realidade, desde os tempos de Abraão (Gn 14.6), uma guerra sempre conduziu os homens a outra. A Primeira Guerra Mundial lançou as semente da Segunda, e esta, por sua vez, deixou as sementes que provocaram a Guerra da Coréia, do Vietnan e de outros conflitos que ainda existem. Em meio às guerras e aos rumores de guerras. Em meio à fome que aumenta a cada dia. Em meio aos terremotos. Enfim: em meio a tudo o que nos avassala, temos de levar o Evangelho de Cristo até aos confins da terra. Não podemos esperar por condições ideais para pregar a mensagem de Cristo. Vivemos num mundo que precisa desesperadamente ouvir falar de Jesus. E, através do poder do Espírito Santo, temos condições de testemunhar às partes mais remotas do globo (At 1.8), até que todas as nações hajam ouvido as Boas Novas pelo menos uma vez antes que venha o fim da presente era (Mt 24.14). Este segundo selo mostra-nos, contudo, que apesar de o Anticristo prometer paz, não será capaz de implantá-la (comparar com Daniel 9.27, onde vemos que o concerto implica numa promessa de paz). A Grande Tribulação será um tempo de violência e mortes intermitentes, guerras e assassinatos. A vontade de se implantar a paz, da qual fala-nos a História vezes sem conta, será substituída por uma disposição provocativa e bélica. Haverá uma explosão de ódio, ressentimento, crime, devassidão, anarquia. As guerras e conquistas trarão parte do julgamento divino. Com a paz tirada da terra, o mundo não conhecerá tranquilidade até que o Príncipe da Paz retorne, trazendo o fim ao domínio do Anticristo, e estabelecendo o reino milenial de Deus sobre todo o globo. III - O Terceiro Selo: Um Cavalo Preto - Fome (Ap 6.5,6) "E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto; e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão. E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro; e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho." Então o terceiro ser vivente clamou: "Vem e vê". O terceiro cavalo é preto (compare Zacarias 6.2,6). O preto é sempre um símbolo de sofrimento e fome (Lm 5.10). Este cavaleiro tem em suas mãos um equipamento estranho para alguém que vem montado a cavalo: traz uma balança idêntica a de um comerciante. Observe que o cavalo preto segue o vermelho. Através da história, constatamos que, após as guerras, vêm à inflação e a fome. É possível que a balança indique um possível racionamento de comida devido à escassez de alimentos (Lv 26.26; Ez 4.16). O cavaleiro personifica a fome pelo fato de os habitantes da terra terem trocado o arado pela espada. Tudo isto faz parte do julgamento divino. A "medida" corresponde a um dia de ração para uma pessoa adulta. Um denário (o denário romano era uma moeda de prata de 53 gramas) era o que um soldado, ou um trabalhador braçal, ganhava por um dia de trabalho. Noutras palavras: o preço estipulado estará doze vezes inflacionado. Tratando-se de um solteiro, o salário comprará uma medida de trigo; mas, se casado, terá de contentar-se com uma medida de cevada - dieta destinada aos escravos e pobres. Como se vê, não sobrará dinheiro para suprir as outras necessidades básicas. Satanás e seus agentes com certeza hão de prometer prosperidade, mas em vez disto, a pessoa terá de dar o salário de um dia todo de trabalho por um pouco de comida. "Não danifiques o azeite e o vinho." Ordem que, talvez, indique a exploração dos pobres pelos que possuem o monopólio do azeite e do vinho. Danificar, ou estragar, remete-nos a um uso pernicioso do produto a ser comercializado. Conforme antecipara o Senhor Jesus, a fome já se espalhou por todo o mundo (Mt 24.7). Os governantes não estão sendo capazes de resolver tal problema. O mesmo acontecerá com o ditador mundial que virá no futuro - o Anticristo. A questão da fome agravar-se-á cada vez mais. IV - O Quarto Selo: Um Cavalo Amarelo - Morte (Ap 6.7,8) "E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra." Com a abertura do quarto selo, o quarto animal diz: "Vem e vê". Cada um destes seres viventes introduz nova visão a João, que ainda se acha nas proximidades do trono no céu. A cadavérica palidez do cavalo amarelo do quarto selo fala da pestilência e da morte. A própria morte é mostrada como se fora uma pessoa montada num cavalo, tendo o inferno, ou o hades, de alguma forma a seguindo. Embora fosse o hades para o grego antigo um termo usado de maneira generalizada para designar a moradia da morte, aqui, como em todo o Novo Testamento, é um local de punição: corresponde à ideia que temos do inferno nos dias de hoje. São dados à morte e ao inferno poder e autoridade sobre os perversos que morrem na presente era. Os mortos estão recebendo os seus salários (Rm 6.23). Estes colocaram- se tanto como servos como escravos do pecado; consequentemente, a morte e o inferno possuem autoridade e poder sobre eles (Rm 6.16-21). A morte fica com o corpo, e o inferno com a alma. Concluímos, então, que nesta parte da Grande Tribulação um quarto da população do mundo há de morrer ("quarta parte da terra"). Tais mortes, contudo, não serão de causa natural, mas como resultado dos quatro primeiros selos, incluindo os ataques das "bestas da terra". A Bíblia não especifica claramente quando esta destruição há de acontecer. Entretanto, este é o último cavaleiro. E a severidade do julgamento indica que tais acontecimentos dar-se-ão quando o mundo estiver no auge da tribulação. Alguns colocam estes fatos no início da segunda metade da Grande Tribulação, quando o julgamento tiver atingido um ponto tão severo que poucas pessoas hão de lhe sobreviver. V - O Quinto Selo: Mártires Sob o Altar (Ap 6.9-11) "E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram." Ao se abrir o quinto selo, a atenção de João desvia-se das visões do que acontecia na terra. Agora, começa a ver as "almas debaixo do altar" no templo celestial. Isto indica que parte do julgamento escrito no Apocalipse é para um mundo que, frequentemente, tem martirizado as testemunhas de Jesus. Pelo fato de haverem os ímpios derramado o sangue dos Mártires, estes são mostrados como que estando "debaixo do altar", sugerindo um tipo de sacrifício idêntico ao do Antigo Testamento, no qual o sangue do animal era colocado sob o altar como oferta (Êx 29.12; Lv 4.7). É claro que o sacrifício destes Mártires em nada contribuiu para o trabalho de redenção efetuado por Jesus. O sangue derramado por eles não tem poder salvífico; somente a morte de Jesus pode remir-nos de nossos pecados. O que fizeram foi experimentar a comunhão do seu sofrimento, sendo conformados a Ele na sua morte (Fp 3.10; Ap 12.11). Como o apóstolo Paulo, estavam eles Muitos intérpretes da Bíblia tendem a tomar tais eventos como meros símbolos da decadência política, moral e espiritual que marcará os últimos tempos. ( 6 ) Veja 2 Timóteo 3.1-5. Contudo, se o outros selos são revelações de eventos literais tais como a guerra, a fome, a morte e os martírios, não vejo porque os flagelos do sexto não devam ser considerados também como reais. Há evidência científica de que a rocha que forma a crosta terrestre, aparentemente sólida, na realidade é de basalto. Parte dela acha-se em constante movimento. É provável que suas partes arrebentem-se e provoquem o "grande terremoto, que fará com que apareçam milhares de vulcões a vomitar poeira, gás e cinza que causarão o obscurecimento do Sol e a Lua. Alguma coisa grande o suficiente para provocar um terremoto destas proporções, provavelmente seria acompanhada por distúrbios cósmicos. Muitos tomam a queda das estrelas, conforme a descrição de João, como algo parecido com as chuvas de meteoritos. Ele a compara a uma figueira que deixa cair seus últimos figos de verão quando sacudida por um poderoso vento. Estes figos são, provavelmente, aqueles que não estavam maduros no tempo apropriado da estação, ficando portanto pendurados nas árvores quando da chegada das tempestades de inverno. Apesar de a linguagem do versículo 14 ser metafórica, ela descreve um evento real. Para os israelitas do Antigo Testamento, os céus pareciam com uma tenda esticada sobre a terra (SI 104.2; Is 40.22). Os céus se recolheram, isto é: dividiram-se e separaram-se, enrolando-se para os lados como um pergaminho. Tudo isto refere-se a distúrbios atmosféricos nas nuvens - o primeiro céu dos judeus. Ou, talvez, seja uma referência a distúrbios cósmicos ocorridos acima das nuvens. Estes fenômenos nos céus são seguidos por terríveis mudanças na topografia do planeta, um efeito natural ocasionado por este terremoto tremendo (v.12). Toda a terra é envolvida por uma catástrofe que não tem nada de figurativo. Estes eventos e cataclismos talvez sejam o "grande terremoto" do sexto selo; suas consequências permanecerão até o final da tribulação. Apesar de as zonas de terremotos estarem localizadas ao redor do Pacífico, Oriente Médio e Mediterrâneo, constata-se que os tremores começam a ocorrer com regularidade em todas as partes do mundo. A descrição dada em conexão com a abertura do sexto selo, mostra um cataclismo que afeta a todas as montanhas e ilhas. Hoje não há lugar sobre a terra que nos proteja dos terremotos. Nossa única segurança é aceitar a Jesus. NEle há real proteção. Não é com alegria que anunciamos a ira e o julgamento de Deus que, brevemente, virão sobre este mundo. Entretanto, é maravilhoso podermos, os cristãos, consolar-nos uns aos outros com a esperança de sermos arrebatados a encontrar o Senhor nos ares antes que o julgamento de Deus comece (1 Ts 4.17,18). Tal conforto não deve ser ministrado de forma leviana. O sentido implícito na palavra "confortar" inclui encorajamento e exortação. Jesus enfatiza repetidamente que, até que Ele venha, nossa esperança tem de nos manter despertos e vigilantes. Para que esta bem-aventurada esperança (Tt 2.11-14) se concretize, deve ser acompanhada de um repúdio aos desejos mundanos e pecaminosos. Devemos viver sóbria, justa e fielmente a Deus neste mundo. Devemos lembrar que o Cristo que servimos entregou-se a si mesmo para redimir-nos de todo o pecado e purificar-nos, fazendo de nós um povo escolhido; um povo que se empenha a realizar as obras que agradam a Deus. Os sinais catastróficos levam os moradores da terra a ficar cientes quanto à chegada do dia do julgamento; o dia da ira do Cordeiro já é uma realidade. As sete classes de pessoas mencionadas no versículo 15 incluem todos os líderes e todo o povo comum da terra. Os líderes são mencionados mais especificamente. Entre os "reis", podemos contar os presidentes, ditadores e outros chefes de estado. "Os homens ricos" são também contados com os poderosos. "Os tribunos" são identificados como os oficiais militares. Mas todos eles não prevalecerão no dia do julgamento divino. O povo comum inclui "o servo" e o "livre". Vemos, assim, que nenhuma das classes sociais deixará de ser afetada por tais catástrofes. O fato de todos os povos da terra estarem aqui incluídos é outra indicação de que o arrebatamento já terá acontecido, e que a verdadeira Igreja, os vencedores, os vitoriosos já estarão com o Senhor. Não há, pois, menção da Igreja nesta passagem. A primeira reação daqueles que estiverem vivos, e que não tenham sido arrebatados, será de medo. Eles tentarão esconder- se a si mesmos nas cavernas, nas cavidades, nas rochas, nos penhascos, nas grotas e nas montanhas. Contudo, quando perceberem que estes lugares não lhes poderão fornecer proteção adequada, hão de se desesperar, chegando às raias do suicídio; pedirão que as montanhas simplesmente caiam sobre si. A glória, ou presença daquEle que se acha assentado sobre o trono, e a ira do Cordeiro, os aterrorizarão sobremaneira. Todavia, não mostram eles nenhum sinal de arrependimento. Eis a pergunta que fazem: "Quem poderá subsistir?". A maneira como a frase é colocada só comporta uma resposta: Ninguém - nem reis, nem grandes, nem ricos, nem oficiais do exército, nem soldados, nem escravos, nem livres. Todos os que forem deixados sobre a terra, provarão a ira de Deus e do Cordeiro (Rm 1.18; 2.16; Ap 15.7. Os que tomaram parte no arrebatamento não sofrerão de nenhum modo a ira; já estão salvos (1 Ts 5.9). Esta salvação é a herança que, como crentes, vencedores e vitoriosos, receberemos quando nos encontrarmos com o Senhor nos ares. Receberemos novos corpos que jamais sofrerão os danos da morte ou da enfermidade. Neste contexto, a ira funcionará como a recompensa daqueles que pertencem às trevas e que forem deixados de lado quando do rapto da Igreja. Os julgamentos que se seguem são especificamente de juízo e ira (Ap 15.7; 16.1). Todos os habitantes da terra sofrerão tal julgamento, não importa onde estejam. Mas a Igreja não estará mais neste mundo (1 Ts 1.10; 5.10). Eruditos creem que os selados representem as primícias de um avivamento final. Outros observam que, embora Efraim não seja mencionado, está ali representado por José. Dan é deixado de fora, e Levi é incluído. Observam ainda que a ordem dos nomes seguida é diferente de qualquer outra lista registrada na Bíblia. Portanto, os mesmos estudiosos concluem ser esta lista simbólica - uma referência à Igreja como o verdadeiro Israel de Deus.O Todavia, apesar de os cristãos serem chamados filhós espirituais de Abraão, de compartilharem da mesma fé que o patriarca, a Igreja jamais é tratada como filha de Israel, nem é dividida em tribos. Na Igreja, todas as divisões do Velho Pacto perdem o valor (G1 3.28). O Novo Testamento reconhece os judeus como divididos em doze tribos (Lc 22.30; At 26.7; Tg 1.1). Ana, a profetiza, era de Aser, uma das tribos do Norte (Lc 2.36). Atos 26.7 fala dos judeus como "as nossas doze tribos". Estes 144.000 são, com toda a certeza, judeus crentes selados à execução do serviço de Deus. Judá, a tribo de Jesus, é a primeira a ser mencionada. Ruben, embora fosse o primogênito de Jacó, perdeu este direito devido a um pecado cometido na juventude. Consequentemente, o direito da primogenitura é outorgado a José (1 Cr 5.1,2). Mas a liderança esteve sempre com Judá por causa de sua força espiritual. Ele foi aquele que se oferecera a substituir Benjamim (Gn 44.18- 34). Gade, primeiro filho da serva de Léia, tem também um lugar de liderança entre os filhos das concubinas. Aser era o segundo filho de Zilpa, serva de Leia. Naftali era o segundo filho de Bila, serva de Raquel. Manassés era o filho mais velho de José que, por seu turno, era o primogênito de Raquel. Antes de sua morte, Jacó resolvera adotar os filhos de José - Efraim e Manassés, tornando-os iguais aos seus outros filhos. Esta foi a maneira de se garantir a porção dobrada a José. Consequentemente, Efraim e Manassés tornaram-se legítimos filhos de Israel. Mais tarde, quando já estavam assentados na terra prometida, seria dada a Efraim uma possessão da margem ocidental do Jordão. Metade da tribo de Manassés, contudo, decidiu ficar do lado Leste do rio. As duas meias tribos de Manassés constituíam-se numa única tribo. Simeão e Levi foram, respectivamente, os segundo e terceiro filhos de Léia. Issacar, seu quinto filho. Durante a divisão da terra, sob a direção de Josué, foi dado a Simeão um território dentro daquele que pertencia a Judá (Js 19.9). Aqui, todavia, a tribo de Simeão tem um lugar distinto daquele que estava em conexão com Judá. O fato de Levi ser listado como uma das tribos parece ser muito significante. No Antigo Concerto, a tribo de Levi foi separada para representar as outras no serviço do santuário. Ela nem chegou a receber território como as outras, embora tivesse recebido cidades espalhadas nos territórios das outras tribos (Jo 21.1-42). Levi também não chegou a ser contada entre as doze (Nm 2.33). Quando da selagem, porém, os levitas retomam o seu lugar entre as demais tribos. Isto parece dizer-nos que eles, aqui, não foram separados como tribo sacerdotal, pois a administração dos selos ocorrerá sob o novo concerto, pois o antigo já de há muito fizera-se obsoleto (Hb 8.13). Sendo Levi incluído, e contribuindo com 12.000 integrantes, a soma chega a 144.000. Assim, fica de fora uma tribo tradicional: Dan. Há talvez uma razão para isto. Dan é a única tribo que não se apossara da parte que Deus lhe havia assegurado na Terra Prometida. Sua porção ficava na fronteira com o território dos filisteus. Quando estes tornaram-se mais belicosos, os danitas fugiram ao norte, e fundaram a cidade de Laís que, com o tempo, transformou-se numa presa fácil. Eles, então, resolveram edificar a própria cidade, cognominando-a de Dã (Jz 18.27- 29). Ao mesmo tempo, fizeram-se idolatras, e persuadiram um neto de Moisés a ir com eles para atuar como sacerdote de um ídolo, dando início em Israel a um sacerdócio não levítico. Além disso, quando Jeroboão I proibiu as tribos do Norte de irem a Jerusalém para adorar, a fim de que lá não se fixassem, construiu santuários nos extremos de seu reinado, e um ficava exatamente em Dan. E, apesar de aqueles santuários, símbolos, montes e pedestais serem supostamente consagrados a Jeová, induziram as tribos do Norte à idolatria (ver Ezequiel 48.1 sobre a restauração de Dan). Zebulon, filho mais novo de Léia, é seguido pelas tribos que descendem dos filhos de Raquel: José e Benjamim. Desde que Manassés já está listado, pode ser que "a tribo de José", aqui citada, seja uma referência a Efraim. Esta disposição corresponde ao ato de Jacó, quando José lhe trouxe ambos os filhos para que os abençoasse. Estando o cego ancião prestes a adotar Efraim e Manassés.como filhos legítimos, José colocou Manassés, o mais velho, à sua mão direita, e Efraim, à esquerda. Entretanto, Jacó cruzou os braços, pondo a mão direita sobre Efraim, e a esquerda sobre Manassés, e os abençoou. Isto desagradou a José, que tentou colocar a mão direita do patriarca sobre Manassés, mas Jacó recusou-se a fazê-lo. Ele sabia o que estava fazendo; profetizava que Efraim seria maior que Manassés (Gn 48.5,19). Na história de Israel, isto provou ser verdade. Efraim tornou-se não somente o líder da tribo de José, mas o líder de todas as tribos do Norte. Chegava-se ao ponto de referir-se a todo reinado do Norte como Efraim que, assim, merece ser chamado de "a tribo de José". Apesar de ser a menor tribo, Benjamim, como os outros, terá doze mil selados. Alguns destinam o número 12 a Israel; e dão ao número 1.000 o significado de perfeição. Interpretam ambos os números como se fossem algo simbólico, como que representando aqueles que fazem parte do verdadeiro Israel: os crentes que verdadeiramente aceitaram a Jesus como seu Salvador. Estes, de acordo com tal interpretação, serão tirado de cada tribo, mesmo que o seu número ultrapasse a 12.000. Contudo, a repetição da cifra indica que ela será literal. ( 2 ) III - A Multidão Diante do Trono (Ap 7.9,10) "Depois destas coisas olhei, e eis aqui lima multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos. E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro." Nesta visão, a cena muda da terra para o céu. João vê uma grande e inumerável multidão, vinda de todas as nações, povos, tribos e línguas. Todos estavam em pé diante do trono de Deus. Como a palavra grega traduzida como nação é a mesma traduzida como gentios, alguns eruditos são levados a pensar que os 144.000 israelitas não estarão incluídos nesta cena. Contudo, a mesma palavra (goi) é algumas vezes também aplicada à nação de Israel. Certamente, Israel era e é um povo e, desde que toda tribo como todas as nações estão aqui incluídas, é difícil acreditarmos que Israel fique de fora. Todos acham-se envoltos por um longo vestido branco, indicando de que compartilham da justiça de Cristo. E, como Abraão, sua fé torna-os justos. A palavra grega usada, aqui, é a mesma para "vestimenta branca", utilizada para descrever as vestes dos mártires que estavam sob o altar (Ap 6.11). Seria bom lembrar, também, das vestiduras brancas prometidas aos vencedores em Apocalipse 3.5. Todas estas roupas parecem ser idênticas. As palmas nas mãos da multidão simbolizam vitória, e mostram que aqueles santos compartilham do triunfo final de Cristo. Assim como na entrada triunfal em Jerusalém, as palmas também reconhecem Jesus como Senhor do reino messiânico (Jo 12.13). Elas falam também da Festa dos Tabernáculos como um tipo que aponta à habitação eterna com o Senhor. A grande multidão que se acha diante do trono, clama em total harmonia: "Salvação ao nosso Deus ... e ao Cordeiro". Ou seja: "A salvação pertence ao nosso Deus e ao Cordeiro, que é o único que pôde pagar o preço, e no-la tornar disponível". Dizendo, ou cantando este refrão, a adoração é prestada a Deus Pai, que está no trono, e ao Cordeiro, que se acha no meio do mesmo trono. "Salvação ao nosso Deus" é uma expressão hebraica emprestada do Salmo 3.8: "A salvação vem do Senhor". A multidão compreende totalmente que somente Deus e o Cordeiro puderam salvá-la do pecado, da culpa, da ira e do julgamento que está para vir sobre Alguns creem que esta parte da visão seja um outro aspecto do que acontecerá durante todo o período do sétimo selo. Contudo, outros limitam a visão a um aspecto do que acontecerá durante o período das sete trombetas. Entretanto, Apocalipse 9.20 não deixa espaço para que alguém possa ser salvo sobre a terra ao soar das sete trombetas. A coisa mais importante da visão é que estas pessoas "têm lavado seus vestidos, e os branquearam no sangue do Cordeiro". Isto significa que, enquanto estavam aqui na terra, colocaram sua fé inteiramente em Cristo, e aceitaram seu trabalho redentor sobre a cruz. Talvez estejam incluídos na lista dos mártires em Apocalipse 6.11. Mas a Bíblia, aqui, não diz que todos eles são, de fato, mártires. O que a Bíblia deixa claro é que todos haviam, realmente, nascidos de novo. VI - Servindo a Deus Para Sempre (Ap 7.15,16) "Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles." Em virtude de todos na multidão estarem vestidos de roupas brancas (justiça de Cristo) e de as haverem lavado no sangue do Cordeiro, acham-se agora continuamente diante do trono de Deus. Seus pecados já haviam sido perdoados. Nada há que os separe do Senhor. "Dia e noite" eles o servirão e o adorarão no Santo dos Santos do Tabernáculo Celestial. Nunca cessarão de adorá-lo e louvá-lo. Eles tornaram-se o que Deus queria que se tornassem - nação santa, de reis e sacerdotes, que estivesse para toda a eternidade diante dEle. Aquele que está assentado sobre o trono, habitará entre eles, ou mais literalmente: "estenderá sobre eles o seu tabernáculo". Porque Deus habita no seu meio, e estende sobre eles a sua glória, proporcionando-lhe proteção e abrigo. Nunca mais precisarão temer coisa alguma. Nunca mais esta multidão sofrerá fome, sede, ou calor do sol, ou ardor. A linguagem, aqui, é parecida com a promessa da restauração milenial de Israel em Isaías 49.10. O que João descreve é, também, um contraste ao julgamento da ira divina. A passagem afiança de que esta multidão não está entre os que sofrerão a ira de Deus (1 Ts 5.9), e portanto, não há de passar pelo julgamento que, brevemente, será derramado sobre a terra. (Ver especialmente Apocalipse 16.8,9). Muitos veem, aqui, um cumprimento da promessa de Mateus 5.6 e João 6.35. Os crentes não serão satisfeitos unicamente com a justiça de Cristo, mas também com a plenitude do Espírito Santo. VII - O Cordeiro os Apascentará (Ap 7.17) "Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima." O Cordeiro, "no meio do trono", significa que o Senhor está compartilhando do poder e da autoridade daquEle que está no trono. Assim, pode Ele alimentar os redimidos, e os guiar às fontes das águas da vida. O uso do verbo "apascentar" (poimanei) contrasta com o seu uso em Apocalipse 2.27 e 19.15 (ver também Ap 12.5). Nestas passagens, presume-se que o papel do pastor seja esmigalhar as nações com uma vara de ferro - um julgamento tão terrível que colocará fim ao atual sistema mundial, incluindo o reino de Anticristo. Nesta passagem, porém, o papel do pastor traz a idéia de tudo o que é função do Bom Pastor em relação ao seu rebanho. Ele será como o pastor do salmo de Davi (SI 23; Jo 10.1-30; 21.15-17). "As fontes das águas da vida" representam a plenitude e o cumprimento final do que foi prometido em João 14.4 e 7.38. As águas da vida trarão satisfação abundante por toda a eternidade. Apocalipse Capítulo 8 E finalmente, Deus removerá seu sofrimento, enxugando-lhes cada lágrima. Dizem alguns comentaristas que estas lágrimas são de alegria por causa da multidão que está no céu, gozando das bênçãos na presença de Deus e de Jesus. Mas isto parece reduzir o conforto da promessa. Além do mais, a promessa é para enxugar "toda" a lágrima, o que inclui conforto para todo tipo de choro. I - O Sétimo Selo: Silêncio no Céu (Ap 8.1) "E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora." Após o intervalo do capítulo sete, o Cordeiro abre o sétimo selo. Subitamente cala-se toda a música, os cânticos, e as vozes em volta do trono. Reina, então, um silêncio total nos céus por quase meia hora. Até este momento, toda a atenção achava-se voltada ao trono, às pessoas e eventos que o cercavam. Agora que o sétimo selo é quebrado, o livro pode ser aberto. (João não terá mais visões do trono.) O conteúdo do livro começa a ser visto; a atenção é toda concentrada sobre a terra e os horrores que ela terá de suportar. Este sétimo selo conduz ao julgamento das sete trombetas, que se seguem. Logo após, entrarão em cena mais julgamentos da ira de Deus. II - Sete Trombetas São Dadas a Sete Anjos (Ap 8.2) "E vi os sete anjos, que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas." João vê, agora, sete anjos que estavam diante de Deus, dispostos a cumprir a sua vontade. Embora não sejam identificados, foram selecionados para receber as sete trombetas. A Bíblia não o declara, mas foi o próprio Deus quem deve ter-lhes dado as trombetas, pois eles achavam-se em sua presença. Essas trombetas são feitas provavelmente de prata, idênticas às usadas no Tabernáculo (Nm 10.2) e no Templo (2 Cr 5.12). Este tipo de trombeta era usada ainda nas batalhas (Nm 10.1-10; 31.6; Os 5.8). sonidos indicam que Deus está prestes a derramar seu juízo sobre a humanidade. V - Os Sete Anjos Preparam-se para Tocar as Sete Trombetas (Ap 8.6) "E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las." As orações dos Santos, já oferecidas, mais as tempestades e terremotos, são uma advertência de que o tempo é chegado. Os sete anjos já estão preparados para tocar suas trombetas. Esperam apenas o sinal de Deus (SI 103.20,21). As pragas que se seguem são julgamentos parciais administrados sobre um mundo endurecido pelo pecado. Mas vejamos que somente uma parte do mundo será afetada por enquanto. A semelhança do que aconteceu com os selos, onde os quatro primeiros introduziram os quatro cavaleiros, e foram seguidos por dois selos distintos, e finalmente por um sétimo, aqui também podemos ver que as primeiras quatro trombetas formam um grupo, e são seguidas por duas, igualmente distintas, e então por uma trombeta final. VI - A Primeira Trombeta: Saraiva e Fogo Sobre a Terra(Ap 8.7) "E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva, e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada." A menção de sangue traz-nos à memória a profecia de Joel (J1 2.31; At 2.19). A descrição de que saraiva e fogo acham-se misturados com sangue é parecida com a da sétima praga que Deus mandou sobre o Egito através de Moisés (Êx 9.13-35). Esta praga, contudo, é muito mais séria. Parece que esta saraiva e fogo já estavam misturados com sangue ao aparecer no céu para serem lançados sobre a terra. Apesar de o texto mencionar saraiva e fogo, não há, contudo, nenhuma explicação de como surgiu tal mistura com sangue. Também nada é dito sobre mortes até este ponto. O maior efeito sobre a terra virá do fogo, que queimará um terço das árvores e de toda a vegetação. Isto difere de uma queimada usual que, às vezes, ocorre quando se está na época de seca. Trata-se clara¬mente de um julgamento divino. O fogo fará com que muitos animais fiquem sem alimentação. Que aviso para todo o mundo! VII - A Segunda Trombeta: Uma Montanha E Lançada ao Mar (Ap 8.8,9) "E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. E morreu a terça parte das criaturas que tinham vida no mar; e perdeu-se a terça parte das naus." Depois de o fogo haver atingido a terra, o segundo anjo toca a sua trombeta, e alguma coisa como "um grande monte ardendo em fogo" aparece. A semelhança da aparição do sangue, da saraiva e do fogo, esta massa ardente materializa-se nos céus para ser lançada ao mar. Isto, especulam alguns, pode ser um asteróide ou uma massa rochosa constituída de combustível gasoso vindo do espaço, que se decomporá ao atingir a atmosfera da terra. ( 4 ) Contudo, se isto for um simples fenômeno, não há de ser acidental, pois é Deus quem aciona o tal fenômeno. E este só se manifesta quando o anjo toca a segunda trombeta. Seu poderoso impacto sacode a terra; todos os sentirão. Logo de início, uma terceira parte do mar torna-se em sangue. (Veja as primeiras dez pragas do Egito em Êxodo 7.17-21, onde o Nilo transforma-se em sangue). Alguns creem que esta passagem significa que as águas são transformadas pelo poder criativo de Deus em sangue real. Outros pensam que seja o sangue de animais marinhos que leva o mar a ficar em tal estado. Outros ainda relacionam esse sangue a uma tintura vermelha (causada por uma explosão de certas plantas microscópicas, algumas vezes tóxicas) que ocorre com alguma regularidade nos mares atualmente. Com a terça parte do mar transformado em sangue, o resultado é que um terço dos peixes, baleias e outras criaturas do mar também perecerão. De igual modo, um terço de todas as embarcações serão destruídas. Pode ser que o impacto desta massa rochosa cause imensas ondas, afundando navios no mar e destruindo os que se acharem ancorados. Isto terá um efeito desastroso sobre o suprimento, de alimentos do mundo e sobre o comércio. A destruição dos navios causará enormes prejuízos à humanidade. VIII - A Terceira Trombeta: Uma Estrela Cai sobre os Rios (Ap 8.10,11) "E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. E o nome da estrela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas. " O soar da terceira trombeta é o sinal para que uma grande estrela caia do céu. Ardendo, tinha a aparência de uma tocha cruzando a imensidão. A estrela, aparentemente, não afeta a terra, mas envenena todas as fontes de água natural - rios, represas, açudes etc. A palavra grega para "estrela" pode também ser traduzida por "planeta", "meteoro", ou outro corpo celestial. É usada ainda metaforicamente para referir-se a um anjo (ver 9.1), homem e ao próprio Cristo. Consequentemente, alguns usam esta referência para identificar a grande montanha de fogo do versículo oito; e até a relacionam com os anjos expulsos do céu para destruir a terra. ( 5 ) Nada nesta passagem, porém, indica que devamos optar por uma interpretação espiritual, pois o versículo em apreço é claro ao falar de um corpo, possivelmente meteoro, que, entrando na atmosfera terrestre, inflama-se e pega fogo pela fricção com o ar. Em contraste com a "montanha de fogo" do verso oito, esta estrela parece ser mais líquida. Ela poderia ter sido criada especialmente por Deus para gerar amargor suficiente para dissolver-se nos rios da terra e nos canais subterrâneos, tornado as águas amargas como o absinto. Não há nenhuma indicação de que esta seja uma estrela conhecida de nossa constelação. "Absinto", designação dada à estrela, ou meteoro, vem do nome de uma planta mui amargosa. O termo é usado no Antigo Testamento para simbolizar os resultados do pecado (Pv 5.3,4; Jr 9.15; Dt 29.18; Lm 3.19). O termo é também traduzido por fel nalgumas versões (Am 6.12). A estrela recebe este nome por fazer com que as fontes de água potável tornem-se amargas O absinto daqueles dias, e que vinha duma planta de mesmo nome, não causava a morte. Contudo, o grego ek, neste versículo, mostra que o beber daquela água provocará a morte de milhões de seres humanos. Deste modo, a estrela não se limita a deixar a água amarga, mas a torna venenosa. Desde que um terço das águas tornaram-se venenosas, os "homens" ("antropon", literalmente "seres humanos"), provavelmente um terço dos que aqui estiverem habitando, perecerão. A repetição desta fração indica que, os moradores da terra, naqueles dias, não hão de considerar tais eventos como algo natural, mas atos e advertências de Deus, cujo objetivo é levar os sobreviventes a implorar-lhe o perdão. Infelizmente, muitos destes hão de recusar o convite para o arrependimento. Apocalipse Capítulo 9 Não importa o que seja: anjo, águia, abutre ou querubim. O que importa mesmo é ressaltar a repetição, por três vezes, do ai. Deus quer que o mundo saiba que as quatro trombetas iniciais trazem juízos tremendos. Todavia, as últimas serão piores, muito mais severas. A sétima trombeta trará de igual modo às sete taças da ira de Deus, provocando calamidades das quais ninguém poderá escapar. I - A Quinta Trombeta: OAbismo é Aberto (Ap 9.1,2) "E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumo do poço, como o fumo de uma grande fornalha, e com o fumo do poço escureceu-se o sol e o ar." Quando o quinto anjo tocou sua trombeta, João viu uma estrela que acabara de cair do céu (como o pretérito perfeito do verbo grego indica). Esta é diferente da estrela que havia caído quando do soar da terceira trombeta, pois recebe a chave para abrir o poço do abismo. Trata-se de um ser vivo, provavelmente um mensageiro angélico. É chamado de estrela por refletir-se nele a glória de Deus, e também porque tinha vindo para cumprir uma missão de, julgamento divino. Noutras palavras: não é um dos anjos caídos que haviam seguido a Satanás. A palavra "caiu", aqui, simplesmente significa que ele desceu do céu de um modo veloz. Alguns, contudo, especulam: a queda, ora em estudo, deu-se num passado distante, e que esta estrela seria o próprio Satanás como mencionado em Lucas 10.18. Esta interpretação nos levaria à conclusão de que Cristo, que tem as chaves do inferno e da morte (Ap 1.18), abdicara temporariamente desta prerrogativa em favor de Satanás, para que este o ajudasse a cumprir os julgamentos de Deus. A Bíblia, porém, não diz especificamente que esta estrela é Satanás. Assim, não podemos estar certos quanto a esta ideia. Entretanto, a suposição de ser a estrela um ser angélico é muito mais provável. ( 1 ) Alguns creem ser ele o mesmo anjo que, no capítulo 20, vem do céu com a chave do abismo para prender a Satanás por mil anos (Ap 20.1-3). ( 2 ) O anjo em tela, obviamente, não pode ser Satanás. "O abismo", de acordo com o Salmo 55.23, refere-se às profundezas do inferno - um local de punição para os pecadores. O abismo era considerado pelos judeus como um grande e profundo buraco no centro da terra. E um outro nome para designar o local dos mortos (Rm 10.7); uso idêntico é feito à palavra hades em Atos 2.27. É também o local para onde os demônios foram mandados (Lc 8.31). A besta, que é o Anticristo, também virá do abismo (Ap 11.7). No mesmo local, Satanás será amarrado e preso por mil anos enquanto Cristo estará reinando sobre a terra (Ap 20.3). A tranca que fecha o abismo acha-se colocada do lado de fora, de modo que qualquer que seja a pessoa, ou coisa, que esteja do lado de dentro encontra-se impossibilitada de sair. Porém, quando esta estrela (ou anjo) abre a porta do abismo, sai uma nuvem de fumaça grande o suficiente para escurecer o Sol e o ar. Apesar de a Bíblia não especificar, isto indica a presença de fogo no abismo. O "sheol" (como em Números 16.30,33; Jó 17.16) e "hades", que no Novo Testamento, é sempre um lugar de punição, são um mesmo local. Jesus descreveu-o como o lugar de tormento (Lc 16.23,24). Alguns, contudo, dividem-no em muitos compartimentos. ( 3 ) II - Gafanhotos que Atormentam (Ap 9.3-6) "E do fumo vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra. E foi-lhes dito que não fizessem dano a erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus. E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.” Escondido na fumaça que se espalha através do mundo, há uma multidão de gafanhotos. Eles saem da fumaça em terríveis nuvens. Embora Deus tenha usado gafanhotos numa das pragas enviadas sobre o Egito (Êx 10.4-6), possui esta uma dimensão muito maior. Estes gafanhotos são piores do que aqueles dos dias de Joel que, obscurecendo o sol, chamaram os israelitas ao arrependimento (J1 2.10-14). Eles não são gafanhotos comuns; saem do abismo - o poço sem fundo. A descrição, nos versículos 7-10 confirma não serem como os gafanhotos que conhecemos. Talvez sejam assim chamados não devido a sua forma, mas por causa de sua natureza devoradora. Além disso, possuem também um poder como o dos escorpiões para infligir dor tão insuportável, que levarão suas vítimas a desejarem a morte. A Bíblia utiliza o escorpião e o poder do seu ferrão envenenado como um símbolo do mal (Ez 2.6; Lc 10.19; 11.12). Portanto, estes gafanhotos são demoníacos. ( 4 ) Devem ser anjos decaídos, libertados nesta ocasião para levarem os habitantes da terra a se conscientizarem de quão santo é Deus. Servirá para castigar sua rebelião contra Deus, e por haverem rejeitado o Evangelho. Gafanhotos comuns destruiriam a vegetação, plantas verdes, lavouras e árvores. Eles viriam numa nuvem, e atacariam a terra cultivada, movendo-se através dos campos e pomares, desnudando toda a vegetação (Ver Êxodo 10.15). Mas a estes gafanhotos é ordenado especificamente a que não danifiquem a flora. Prova isto serem eles diferentes daqueles que conhecemos. Sua missão é ferir os seres humanos. A Bíblia não diz quem lhes deu tal ordem. Vemos que, aos gafanhotos, é vedado também causar danos àqueles que trazem "o selo de Deus em suas testas". A Palavra de Deus mostra como Jeová havia preservado os israelitas fiéis no deserto contra as cobras e escorpiões (Dt 8.15). Esta distinção lembra-nos, de igual modo, o fato de Deus ter limitado o poder de Satanás quando este saiu a tentar a Jó (Jó 1.12; 2.6). Deus, que é Todo-poderoso, está ainda no trono; possui o controle final das coisas, incluindo o que acontecerá no período de tribulação e juízo. João já identificou os que trazem o selo de Deus em suas testas como os 144.000 das doze tribos de Israel (Ap 7.3). Nesta ocasião, eles ainda estarão na terra, e aqui hão de ser protegidos dos tormentos provenientes destes gafanhotos demoníacos. Alguns creem que os 144.000 são de fato os que, ao se converterem ao Senhor Jesus Cristo, receberam o selo de Deus em suas testas. Estes gafanhotos têm sua ação limitada de duas outras formas de acordo com o versículo cinco. São proibidos de tirar a vida dos que não trazem o selo de Deus, e só poderão causar-lhes danos por cinco meses. Alguns especulam se estes cinco meses referem-se à estação da seca na Palestina, que vai de março a setembro. ( 5 ) Outros pensam que são uma referência ao período de vida de um gafanhoto comum. ( 6 ) A única conclusão provável, porém, é que Deus, que está no controle de tudo, dará somente cinco meses para que os tais gafanhotos executem a sua parte no juízo que virá sobre a terra. A repetição feita no versículo seis serve para enfatizar a gravidade do juízo. Eis outra ocasião onde João usa o estilo do Antigo Testamento. Na Bíblia, especialmente nos paralelismos das escrituras veterotestamentárias, repetir a mesma ideia com palavras diferentes era uma maneira comum de se realçar um pensamento. A estes gafanhotos demoníacos é ordenado que a ninguém matem. As pessoas procurarão a morte para acabar com a dor e a agonia, mas em vão. Isto significa que as tentativas de suicídio não serão bem sucedidas. A morte é personificada como algo que lhes fugirá. Por outro lado, não haverá lugar sobre a terra onde se esconder dos ferrões destes gafanhotos.
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