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Guias e Dicas
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Ação social das empresas IPEA 2006, Notas de estudo de Geografia

Cadernos do IPEA

Tipologia: Notas de estudo

2014

Compartilhado em 15/06/2014

humberto-almeida
humberto-almeida 🇧🇷

4.6

(40)

260 documentos

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Baixe Ação social das empresas IPEA 2006 e outras Notas de estudo em PDF para Geografia, somente na Docsity! Diretoria de Estudos Sociais – DISOC A Iniciativa Privada e o Espírito Público A evolução da ação social das empresas privadas no Brasil Brasília, julho de 2006 2 Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Luiz Henrique Proença Soares Diretora da Diretoria de Estudos Sociais Anna Maria Tiburcio Medeiros Peliano Coordenadora-geral da Pesquisa Ação Social das Empresas Anna Maria Tiburcio Medeiros Peliano Coordenadora adjunta da Pesquisa Ação Social das Empresas Luana Simões Pinheiro Elaboração do documento Ana Carolina Aires Cerqueira Prata Luana Simões Pinheiro Equipe da Pesquisa Ação Social das Empresas Ana Carolina Aires Cerqueira Prata Alda Pimentel de Matos Guerreiro Chaves Glauber Lesnau Erico Caixeta Rose Luana Simões Pinheiro Marco Antonio de Sousa Nathalie Beghin Roberto Sant’Anna Matos Consultores Alfonso Rodriguez Arias Antonio Eduardo R. Ibarra Eliane Rocha Araújo Joel Osório Alves Liseane Morosini Colaboradores CGMGI-DIRAF Bruno Caixeta Rose Elivam de Sousa Martins Romy do Vale Campos Marcos Mello Nóbrega Soares Agradecimentos Diretoria de Administração e Finanças - DIRAF do IPEA Apoio BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento RedeIpea de Pesquisa Escritório da Cepal no Brasil 5 II – Informações Gerais 1. O que é a Pesquisa? A Pesquisa Ação Social das Empresas é um mapeamento da participação do setor empresarial em atividades sociais voltadas para as comunidades mais pobres. A Pesquisa ora divulgada reproduz, com algumas inovações, um levantamento anterior, realizado pelo IPEA, no final dos anos de 1990. Com essa segunda edição, atualizam-se os dados e inicia-se a construção de uma série histórica sobre o comportamento das empresas na área social. Importante mencionar que a Pesquisa ocorreu em anos diferentes para as regiões pesquisadas. Na primeira edição do levantamento, a região Sul foi investigada em 1999, as regiões Nordeste e Sul, em 2000 e o Norte e o Centro-Oeste, em 2001. Desta vez, o estudo se deu em dois anos: Nordeste e Sudeste foram pesquisados em 2004 e as demais regiões em 2005. A cada momento, as informações foram recolhidas para o ano imediatamente anterior à realização do estudo. 2. O que foi feito anteriormente? Contando com o apoio da Rede-IPEA e a colaboração financeira do BID e do Escritório da CEPAL no Brasil, a primeira edição da Pesquisa Ação Social das Empresas foi iniciada em 1999 e concluída em 2002. Ao longo desse período, foram divulgados resultados para as cinco regiões brasileiras. A primeira região a ser pesquisada foi o Sudeste (1999); depois, seguiram-se o Nordeste (2000), Sul (2000), Centro-Oeste (2001) e Norte (2001). De posse de tais dados, em junho de 2002, o IPEA apresentou os resultados nacionais sobre o comportamento social privado por intermédio da publicação do livro A iniciativa privada e o espírito público - Um retrato da ação social das empresas no Brasil. Essa foi a primeira pesquisa a mapear a ação social das empresas de todos os portes, setores e regiões do Brasil. Paralelamente à pesquisa nacional, em 2000, foi feito um estudo qualitativo em grandes empresas da região Sudeste que resultou no livro Bondade ou interesse? Como e por que as empresas atuam na área social? 6 3. Qual a metodologia utilizada? Os procedimentos metodológicos de atualização das informações foram semelhantes aos adotados no levantamento passado, realizado entre os anos de 1999 e 2001. O levantamento dos dados é realizado por meio da seleção de uma amostra de empresas com um ou mais empregados construída a partir de cadastro mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e composto pela Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e pelo Cadastro de Empregados e Desempregados – CAGED. Este é o mais completo cadastro de âmbito nacional que identifica, localiza e fornece o número de empregados e a atividade econômica das empresas. Nessa segunda edição da Pesquisa Ação Social das Empresas, a amostra é integrada por 9.978 empresas com um ou mais empregados, sendo aproximadamente um quinto em cada região (ver tabela 1). Tabela 1 Brasil Composição da Amostra da Pesquisa Região Ano Sudeste Nordeste Sul Centro-Oeste Norte Total Nº de Empresas em: 2000 1.752 1.812 1.832 1.910 1.834 9.140 Nº de Empresas em: 2004 2.032 2.077 1.982 1.930 1.957 9.978 Fonte: Rais/MTE. As informações são levantadas em duas etapas: 1. Primeira etapa: realização de uma pesquisa por telefone para identificar as empresas que realizaram algum tipo de ação social para a comunidade no ano fiscal anterior à realização do levantamento (por porte, setor de atividade e localização). 2. Segunda etapa: envio de questionário mais detalhado para as empresas que responderam, por telefone, ter realizado algum tipo de ação social para a comunidade no ano fiscal anterior à realização do levantamento. Das quase 10 mil empresas inicialmente selecionadas para compor a amostra, cerca de 30% das unidades foram excluídas na primeira etapa da Pesquisa por não possuírem fins lucrativos, por terem sido extintas ou não localizadas, porque a matriz estava localizada fora da região, ou ainda, porque não quiseram responder ao levantamento. Assim, após a realização dos ajustes, a amostra é expandida por meio de procedimentos estatísticos para o universo de empresas no país, estimado em 871 mil empresas formais lucrativas com um ou mais empregados (ver tabela 2). Tabela 2 Brasil Distribuição das Empresas Privadas Com Um ou Mais Empregados por Região Região Ano Sudeste Nordeste Sul Centro-Oeste Norte Total Nº de Empresas em: 2000 444.802 87.631 164.938 60.344 23.908 781.623 Nº de Empresas em: 2004 420.447 82.056 257.990 79.765 30.695 870.953 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006). 7 Neste documento estão contidos os principais resultados das duas edições da Pesquisa. Convêm registrar que as respostas nem sempre são excludentes, isto é, uma mesma empresa pode atender, simultaneamente, a crianças e a jovens, realizar, ao mesmo tempo, atividades de assistência e de educação ou indicar várias motivações para atuar no social, por exemplo. Dessa forma, em muitos gráficos aqui apresentados as porcentagens indicadas não devem ser somadas. 4. Que informações traz a Pesquisa? A série de edições que compõem a Pesquisa Ação Social das Empresas foi organizada para responder a um conjunto de indagações, podendo-se destacar: • Qual a proporção de empresas que realizam, em caráter voluntário, ações sociais para a comunidade? • O envolvimento em ações sociais apresenta diferenças marcantes conforme o porte da empresa, o setor de atividade econômica, a região ou o estado em que se localiza? • Qual a dimensão do gasto global? • Quais são as ações realizadas e a quem beneficiam? • Quais as principais características da atuação empresarial no que se refere à freqüência do atendimento, aos responsáveis nas empresas pela realização das ações, às modalidades de atuação e à participação dos empregados? • Quais as motivações dos empresários para atuarem no social? • Quais os principais resultados alcançados? 5. O que a Pesquisa traz de novo nesta segunda edição? Dados inéditos, como, por exemplo: • Como tem evoluído o atendimento social empresarial desde final da década de 1990? • Qual a proporção de empresas que atua por meio de parcerias e com quem essas parcerias são realizadas? • Quais as percepções dos empresários sobre seu papel no atendimento social? • Qual a proporção de empresas que nada fazem para a comunidade? Que motivos as impedem de atuar e o que as levaria a realizar ações sociais para a comunidade? É importante salientar que a comparação entre as duas edições da Pesquisa revela mudanças não só no perfil do atendimento empresarial no campo social, como do próprio perfil das empresas que atuam no país. Este é o caso, por exemplo, do expressivo aumento da proporção de empresas sulistas e das micro-empresas. Assim, a análise das mudanças no perfil da atuação das empresas merece atenção especial na medida em que as mesmas são influenciadas por dois fenômenos distintos, quais sejam; (i) o aumento, no período estudado, do número de empresas que realizam ações sociais, particularmente as de menor porte (até 10 empregados). Isto contribui para que alterações na atuação das empresas reflitam essencialmente o comportamento das organizações desse porte na medida em que elas representam cerca de 68% do universo analisado; (ii) as variações nas percepções e não, necessariamente, no comportamento dos empresários no que se refere a determinadas questões. Ilustra esta constatação os 10 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) Gráfico 2 Distribuição das Empresas no Brasil, por Número de Empregados Brasil - 2004 De 101 a 500 empregados 3%Mais de 500 empregados 1% Não sabe/Não respondeu 3% De 11 a 100 empregados 22% De 1 a 10 empregados 71% Total: 870.953 empresas Brasil - 2000 Não sabe/Não respondeu 13% De 101 a 500 empregados 2% Mais de 500 empregados 1% De 11 a 100 empregados 21% De 1 a 10 empregados 63% Total: 781.623 empresas Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) Gráfico 3 Distribuição das Empresas no Brasil, por Setor de Atividade Econômica Brasil - 2004 Indústria 18% Serviços 24% Comércio 53% Construção Civil 4% Agricultura, Silvicultura e Pesca 1% Total: 870.953 empresas Brasil - 2000 Indústria 16,5% Agricultura, Silvicultura e Pesca 0,5% Serviços 29% Construção Civil 4% Comércio 49% Total: 781.623 empresas 11 IV – Resultados 1. A dimensão do atendimento às comunidades Aumenta a proporção de empresas que atua no social Entre o final da década de 1990 e 2004, observa-se um crescimento generalizado na proporção de empresas que declararam realizar algum tipo de ação social para a comunidade (por região, por setor de atividade econômica e por porte). Ao se analisar o conjunto de empresas brasileiras nota-se que a participação empresarial na área social aumentou 10 pontos percentuais, passando de 59%, em 2000, para 69%, em 2004. São aproximadamente 600 mil empresas que, de alguma maneira, atuam voluntariamente em prol das comunidades (ver gráfico 4). Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) Gráfico 4 Brasil A Empresa Realiza Ações Sociais para a Comunidade? Brasil - 2004 Não 31% Sim 69% Total: 870.953 empresas Brasil - 2000 Não 41% Sim 59% Total: 781.623 empresas 59% 69% 41% 31% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sim Não 2000 2004 12 Distribuição das empresas que realizaram ações sociais De modo geral, a distribuição das 600 mil empresas que atuam na área social por região, por porte e por setor de atividade econômica tende a manter uma correspondência com a distribuição do universo de 871 mil empresas do país com um ou mais empregados. Assim, entre aquelas que realizam atividades sociais, 50% encontram-se no Sudeste e 29% no Sul; em 2000 essas proporções eram de 64% e 16%, respectivamente. (ver gráfico 5). Assim, o aumento na proporção de empresas sulistas no universo empresarial brasileiro, é acompanhado de um aumento também na proporção de estabelecimentos dessa região que declara atuar no social. No que se refere ao porte das empresas é mister destacar o aumento significativo no período analisado da participação de micro-empresas no conjunto daquelas que beneficiaram as comunidades com sua atuação voluntária. Com efeito, entre 2000 e 2004, essa participação cresceu 10 pontos percentuais, indo de 58%, no início da série, para 68%, no final. Cabe lembrar, mais uma vez, que o aumento na presença de empresas de menor porte se reflete no perfil do atendimento empresarial aqui apresentado e as mudanças observadas decorrem, muitas vezes, do comportamento das micro-empresas e não de mudanças no comportamento daquelas maiores que já atuavam, anteriormente, no campo social (ver gráfico 6). Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) Gráfico 5 Brasil Distribuição das Empresas que Realizaram Ações Sociais para a Comunidade, por Região Brasil - 2004 Nordeste 10% Sul 29% Centro-Oeste 8%Norte 3% Sudeste 50% Total: 599.699 empresas Brasil - 2000 Norte 3% Sul 16% Nordeste 10% Sudeste 64% Centro-Oeste 7% Total: 461.836 empresas 15 A liderança segue sendo de Minas Gerais Entre os estados pesquisados, a liderança segue sendo de Minas Gerais, mas o percentual de empresas atuantes se mantém o mesmo: 81% nas duas edições da Pesquisa. Nos demais estados, as posições no ranking se alteraram bastante entre 2000 e 2004, conforme mostra o gráfico 9. Destacam-se, com patamares de atuação superiores à media nacional, as empresas catarinenses com 78% de participação e crescimento de 28 pontos percentuais entre 2000 e 2004; as da Bahia, com 76% (crescimento de 6 pontos); as do Ceará e as de Pernambuco, que alcançaram 74% e 73% de atuação (crescimento de, respectivamente, 29 e 26 pontos) e as de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com 72% de participação e 20 pontos de crescimento no período. Para a análise do restante da região Nordeste, os demais estados1 foram agrupados, e apresentaram uma boa performance no período, tendo crescido 23 pontos e atingindo a marca de 73% de empresas atuando. O mesmo se deu no Norte, onde os estados do Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins também foram agrupados em torno de uma só categoria, que atingiu, em 2004, o percentual de 65% de participação empresarial na área social, um crescimento de 8 pontos entre os anos analisados. Não estão apresentadas aqui as informações referentes ao estado do Espírito Santo cujos dados, no restante do estudo, foram agrupados aos de Minas Gerais por tratar-se de localidade com uma amostra bastante reduzida de empresas e cuja análise individualizada poderia levar a erros em função da baixa representatividade estatística. 1 Referem-se a Alagoas, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) Brasil Por Estado: Qual a Participação das Empresas em Ações Sociais para a Comunidade, em 2000 e 2004? Gráfico 9 81% 81% 50% 78% 70% 76% 45% 74% 47% 73% 52% 72% 59% 69% 66% 68% 49% 63% 42% 63% 39% 62% 45% 61% 47% 56% 50% 54% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Minas Gerais Santa Catarina Bahia Ceará Pernambuco Mato Grosso e Mato Grosso do Sul Rio de Janeiro São Paulo Paraná Pará Rio Grande do Sul Amazonas Distrito Federal Goiás 2000 2004 16 O avanço expressivo das micro e médias empresas São as grandes empresas que se mantém com a maior taxa de participação em ações comunitárias em 2004 (94%). Destaca-se, contudo, a expressiva participação das micro-empresas (de 1 a 10 empregadores): 66% delas, ou 410 mil estabelecimentos deram algum tipo de contribuição para fora de seus muros. Na análise da evolução deste comportamento, o crescimento mais expressivo se deu entre as micro-empresas e entre aquelas de médio porte (101 a 500 empregados), cujo aumento foi de 12 pontos percentuais no primeiro caso (de 54%, em 2000, para 66%, em 2004) e de 19 pontos, no segundo (de 67% para os atuais 86%). As grandes empresas, que já tinham uma participação bem maior em 2000, cresceram apenas 6 pontos percentuais no período. (ver gráfico 10) Gráfico 10 Por Número de Empregados: Qual a participação das empresas em ações sociais para a comunidade, em 2000 e 2004? Brasil 54% 66% 69% 75% 67% 86% 88% 94% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1 a 10 11 a 100 101 a 500 Mais de 500 Número de empregados 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 17 O destaque do setor de agricultura, silvicultura e pesca São as empresas agrícolas que, proporcionalmente, mais se destacam no atendimento às comunidades: em 2004, cerca de 80% delas realizou algum tipo de ação social voluntária, o que representou um crescimento de 35 pontos percentuais em relação a 2000. É importante destacar que elas representam apenas 1% do total de empresas que atuaram em prol das comunidades e, portanto, esse crescimento pouco interfere no crescimento da participação empresarial do país como um todo. O setor de construção civil, que já era o menos atuante, em 2000, segue em uma posição mais modesta, com 39% de suas empresas realizando ações sociais, o que representou um crescimento de apenas 4 pontos percentuais no período. Os demais setores apresentaram crescimento semelhante, atingindo níveis de atuação que oscilaram entre 69% e 72% (ver gráfico 11). A queda no investimento financeiro A despeito de um crescimento de 10 pontos percentuais na proporção de empresas atuando em prol das comunidades em todo o Brasil, o investimento social privado não acompanhou o mesmo movimento entre 2000 e 2004. Com efeito, em 2004, o empresariado nacional destinou cerca de R$ 4,7 bilhões2 no atendimento de comunidades carentes. Este valor, bastante expressivo em termos absolutos, corresponde a, aproximadamente, 0,27% do PIB do país para o mesmo ano. Em 2000, esta relação era de 0,43%. (ver tabela 3) Essa redução nos recursos aplicados se dá, sobretudo, em função do comportamento das empresas do Sudeste que investiram 0,66% do PIB da região em 1998 e 0,34% do PIB em 2003. No entanto, cabe destacar que nas demais regiões a entrada maciça de novas empresas na área social acaba por compensar uma provável redução dos recursos aplicados por cada uma delas. 2 Reais constantes de 2004, deflacionados pelo INPC médio anual. 45% 80% 58% 72% 60% 70% 61% 69% 35% 39% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Agricultura, Silvicultura e Pesca Serviços Indústria Comércio Construção Civil 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 20 Perspectivas otimistas para o futuro Com relação à expectativa de crescimento da atuação social, 43% do empresariado nacional declara ter planos de expandir os recursos e o atendimento à comunidade, enquanto apenas um quinto das empresas revela não pensar em ampliar sua atuação. Esse resultado aponta para uma visão um pouco mais otimista do futuro por parte dos empresários, visto que na primeira edição do estudo, essas proporções eram de, respectivamente, 39% e 22% (ver gráfico 13). É possível supor que a perspectiva de uma retomada da economia tenha estimulado os empresários a fazerem planos de uma maior participação nas ações sociais para a comunidade, o que justificaria, ao menos em parte, a ampliação na proporção de empresas que tem planos de expansão. Gráfico 13 Brasil Há Planos de Expansão? 36% 39% 21% 22% 43% 39% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Não sabe Não Sim 2000 2004Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 21 2. O que fazem, para quem fazem e por que fazem? Ações para alimentação tornam-se prioritárias Tanto em 2004, quanto em 2000, a atuação do empresariado nacional concentrou-se em atividades voltadas para assistência social e alimentação. Destaca-se, contudo, no período, o crescimento das ações na área de alimentação que, como conseqüência, se torna a área prioritária de atendimento, envolvendo, em 2004, 52% das empresas, contra 41% daquelas que se dedicam à área de assistência social. No primeiro ano da série, a situação era inversa com 54% das empresas atuando em ações de assistência e 41% em alimentação. Pode-se supor que esta mudança de comportamento esteja relacionada à mobilização nacional e, até mesmo, internacional, em torno do problema da fome, que foi destacada na agenda das prioridades sociais do país. (ver gráfico 14). De forma geral, o perfil do atendimento privado ainda é predominantemente emergencial. É importante destacar, contudo, o crescimento de algumas áreas como saúde, lazer e recreação e qualificação profissional. No caso de saúde, a proporção de empresários que declaram atuar nesse campo aumentou 7 pontos percentuais, passando de 17%, em 2000, para 24%, em 2004. Já a atuação empresarial nas áreas de lazer/recreação e de qualificação profissional cresceu 12 pontos, atingindo, no primeiro caso, 19% do universo de empresas e, no segundo, 14%. O envolvimento em atividades de educação segue modesto (23%), e o crescimento foi bem menos significativo, de apenas 4 pontos. Brasil Quais as Principais Ações Desenvolvidas pelas Empresas em 2000 e 2004? Gráfico 14 7% 9% 7% 13% 13% 14% 14% 2% 15% 17% 18% 19% 19% 7% 23% 19% 24% 17% 41% 54% 52% 41% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Meio ambiente Segurança Cultura Qualificação Profissional Esporte Desenv. Comunitário e Mobil. Social Lazer e Recreação Educação/Alfabetização Saúde Assistência Social Alimentação e Abastecimento 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 22 O foco ainda é o público infantil A maioria das empresas continua elegendo a criança como seu grupo-alvo prioritário. Assim, a mesma proporção de empresas – 62% - declarou promover ações voltadas para o grupo infantil nos dois anos da Pesquisa. Tal resultado poderia indicar a persistência de um entendimento generalizado entre os empresários do País de que esse grupo etário é o mais vulnerável, necessitando, portanto, de uma atenção especial (ver gráfico 15). Algumas mudanças observadas merecem ser destacadas. O crescimento da atenção aos idosos e às pessoas portadoras de doenças graves é um dos dados que chamam atenção. Com efeito, enquanto em 2000, 23% das empresas atuavam em benefícios dos idosos e 7% dos portadores de doenças graves, em 2004, esses percentuais saltam para, respectivamente, 39% e 17%. Cresce, ainda que em menor proporção, o atendimento a jovens, que vai de 25% para 30%, em 2004 (ver gráfico 15). Por outro lado, houve uma queda acentuada no atendimento a famílias, o que pode indicar uma maior definição, por parte das empresas, da população alvo de seu atendimento. Esse novo perfil do público-alvo parece manter coerência com as atividades desenvolvidas pelos empresários. Pode-se supor que a maior proporção de empresas que passaram a atuar nas áreas de alimentação, recreação e lazer e qualificação profissional voltam-se, proporcionalmente mais, para a comunidade em geral e para o grupo juvenil. Por outro lado, as atividades de saúde, provavelmente, direcionam-se em boa medida para os idosos e os portadores de doenças graves. Brasil Para Quem as Empresas Voltaram a Atenção em 2000 e 2004? Gráfico 15 6% 13% 15% 40% 17% 7% 20% 17% 26% 25% 30% 25% 31% 27% 39% 23% 62% 62% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Mulher Família Portador de doenças graves Adulto Portador de deficiência Jovem Comunidade em geral Idoso Criança 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 25 Em 2004, há praticamente a mesma proporção de empresas atuando de maneira habitual e de maneira eventual, o que pode estar relacionado, em parte, à maior presença de micro-empresas que, no geral, desenvolvem ações de caráter mais emergencial e, portanto, com menor regularidade do que as maiores. A informalidade do atendimento Quando se pergunta se a atuação social para as comunidades é uma estratégia da empresa, as respostas dadas apontam para uma menor institucionalidade das ações em 2004 do que em 2000. Isso fica claro a partir da observação do gráfico 18 que traz algumas informações importantes. A primeira delas diz respeito a uma redução da proporção de empresas que consideram que a sua intervenção no social é estratégica, embora não conste de documento ou orçamento próprio: enquanto em 2000, 68% do empresariado nacional declarava que realizar ações sociais fazia parte de sua estratégia, em 2004, esse percentual cai para 57%. Realizar Ações Sociais Faz Parte da Estratégia da Empresa? Brasil Gráfico 18 68% 57% 6% 6% 18% 23% 8% 14% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sim, mas não consta de documento nem tem orçamento próprio Sim, constando de documento e/ou orçamento próprio Não Não respondeu 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 26 Outra informação interessante advém do questionamento sobre a formalização do atendimento registrado em documentos internos. Nesse caso, observa-se que a proporção de empresas que declaram contar com documento e orçamento próprios se mantém praticamente a mesma ao logo do período analisado. Isso significa que apesar de menos empresas estarem atuando com uma visão estratégica, essa queda se dá naquelas cujo atendimento é predominantemente informal (sem documento e sem orçamento). Importante destacar que entre as grandes empresas a formalização do atendimento é uma prática bem mais comum do que nas micro-empresas: (17% contra 4%, respectivamente, em 2004) e vem crescendo ao longo dos anos: em 2000, apenas 9% dos grandes estabelecimentos possuía documento e orçamento próprio para a realização de ações sociais. A responsabilidade é dos donos A responsabilidade pela realização das ações sociais continua nas mãos dos donos ou da diretoria das empresas. Com efeito, em 2000, 72% das empresas tinham no dono a figura responsável pela sua atuação na área social, enquanto para 32% essa responsabilidade ficava a cargo da diretoria. Em 2004, a tendência mantém-se a mesma, com esses percentuais sendo de, respectivamente, 56% e 23%, como pode ser visto no gráfico 19. Esta informação não é de surpreender, pois cerca de 70% do universo de empresas atuantes é formado por microempresas, de até 10 empregados, e são justamente nessas empresas que o proprietário decide mais diretamente o que e como o seu estabelecimento deve atuar. O que os dados revelam é que, de maneira geral, a decisão sobre as ações sociais das empresas recai sob pessoas (diretores ou proprietários) que na maioria das vezes não se dedicam Brasil Quem Foi Responsável pela Ação Social? Gráfico 19 11% 0% 5% 6% 8% 1% 7% 4% 23% 32% 56% 72% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Não sabe/Não respondeu Outros Comitês dos empregados Área de recursos humanos Diretoria Dono da empresa 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 27 profissionalmente a essas atividades. Isso explica, em parte, a preferência do empresariado em realizar suas ações sociais predominantemente por meio de doações a instituições ou pessoas que pedem ajuda. As parcerias são limitadas Uma das inovações dessa segunda edição da Pesquisa foi o questionamento às empresas sobre a realização de parcerias com outras organizações ou com as próprias comunidades para a realização de suas ações sociais. A maior parte das empresas (57%) declarou não realizar qualquer tipo de parceria no desenvolvimento de suas atividades sociais comunitárias, enquanto 31% afirmou contar com parceiros para tanto. Isto deve estar relacionado à grande presença de empresas de pequeno porte no universo que tem uma atuação de caráter mais pontual e emergencial, atuando por meio de doações diretas e respondendo a demandas de organizações diversas, o que dificulta o estabelecimento de parcerias, se estas são entendidas como a realização conjunta da ação social em todas as etapas do atendimento. De fato, entre os estabelecimentos com mais de 500 empregados, 57% declarou realizar parcerias para a atuação na área social, enquanto entre as menores empresas (até 10 funcionários) esse percentual foi de apenas 32%. No caso daquelas empresas que realizam parcerias, destaca-se que 57% atuam junto a organizações sem fins lucrativos, 38% tem as próprias comunidades atendidas como parceiras, 27% aliam-se a outras empresas privadas no desenvolvimento de ações e apenas 14% se associam aos governos para realizar suas ações. O baixo envolvimento do governo mostra, mais uma vez, que a realização de ações sociais é um trabalho da própria empresa, realizado em paralelo e sem articulação com o governo em qualquer momento de sua atuação. (ver gráfico 20) Gráfico 20 Brasil Com quem as empresas realizaram parcerias, em 2004? 7% 14% 27% 38% 57% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Outras parcerias Orgãos governamentais Empresas Privadas Comunidades atendidas Organizações sem fins lucrativos Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 30 As restrições financeiras se destacam entre as dificuldades Quando se indaga às empresas que atuam no social quais as principais dificuldades para realizar ou expandir o atendimento social, mantém-se a mesma percepção já apresentada na primeira edição do estudo: a falta de recursos é a principal dificuldade para as empresas. Entre os dois anos aumenta ligeiramente a proporção de empresas que reclama dos poucos incentivos oferecidos pelo governo - de 40% para 43% - ainda que somente 2% delas utilizem os incentivos fiscais hoje disponíveis. Uma parcela considerável das empresas – cerca de um quarto nos dois anos - encontra dificuldades para atuar por conta da falta de confiança nas organizações. Por fim, vale destacar que apenas 4% das empresas se declaram insatisfeitas com os resultados obtidos a ponto de considerá-los uma dificuldade para expandir sua ação. (ver gráfico 23) Brasil Quais as Principais Dificuldades? Gráfico 23 4% 5% 11% 17% 12% 15% 22% 24% 42% 40% 65% 74% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Insatisfação com os resultados obtidos Deficiência de pessoal qualificado na empresa para realizar ou coordenar as ações sociais Falta de qualidade nos projetos sociais apresentados pela comunidade Falta de confiança na capacidade de gestão e na transparência das organizações Poucos incentivos por parte do governo Falta de recursos na empresa para atividades sociais 2000 2004 Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 31 5. A percepção dos empresários sobre sua atuação Nesta edição da Pesquisa buscou-se descobrir, em caráter inédito, quais seriam as principais percepções dos empresários quanto ao seu papel na execução voluntária de ações sociais voltadas para o atendimento de comunidades. Foram apresentadas, ao conjunto de empresas pesquisadas, uma série de afirmações com as quais elas deveriam emitir sua opinião: concordando, discordando ou informando não ter qualquer opinião sobre o tema. Assim, quase 80% das empresas concordam que “é obrigação do Estado cuidar do social e que as empresas atuam porque os governos não cumprem seu papel”. Por outro lado, 46% acreditam que a participação das empresas em ações sociais não objetiva fortalecer ou ampliar o alcance das políticas públicas. Observa-se, pois, uma compreensão no mundo empresarial de que o investimento social privado não tem como finalidade substituir o Estado, mas atuar compensatoriamente naquelas áreas onde o atendimento governamental é entendido como insuficiente (ver gráfico 24). Também se destaca a percepção de que a necessidade de atuar é maior hoje do que há alguns anos: 65% das empresas concordam com essa afirmação. Isso significa que mesmo diante de um quadro social que tem apresentado melhoras em seus indicadores ao longo dos anos, o empresariado tem uma percepção distinta. Este fato pode estar relacionado à força que o tema social ganha na agenda dos debates nacionais e ao aumento das demandas de organizações, de campanhas públicas e das comunidades pela participação das empresas, o que já foi anteriormente apontado como um dos principais motivos que impulsionam a atuação privada no social. Se, por um lado, parece haver um certo consenso de que a atuação das empresas no atendimento de comunidades não deve substituir a ação governamental, por outro, encontram-se diferenças Gráfico 24 Brasil Percepção dos Empresários sobre sua atuação na área social 13% 53% 34% 13% 46% 41% 16% 36% 48% 10% 33% 57% 15% 20% 65% 9% 13% 78% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Para as empresas contribuírem para a comunidade basta pagar impostos, gerar empregos e garantir qualidade de seus produtos ou serviços As empresas devem realizar atividades sociais para fortalecer ou ampliar o alcance de políticas e programas governamentais É papel das empresas realizar atividades sociais para comunidades carentes O Estado sozinho não é capaz de resolver os problemas sociais; portanto, as empresas têm que dar sua contribuição Para as empresas, a necessidade de realizar atividades sociais para comunidades é maior agora do que há alguns anos atrás É obrigação do Estado cuidar do social; as empresas atuam porque os governos não cumprem seu papel Concorda Discorda Não tem opiniãoFonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 32 no que se refere às razões que levam os empresários a atuarem, cada vez mais, no campo social. Assim, cerca de metade das empresas apresentam um comportamento que poderia ser caracterizado como sendo mais proativo: com efeito, entendem que devem dar sua contribuição à comunidade (57%), indo além das suas atribuições tradicionais, quais sejam, pagar impostos, gerar empregos e zelar pela qualidade de seus produtos ou serviços (53%). Por outro lado, uma minoria, cerca de um terço dos empresários do país, revela uma postura mais reativa e realiza ações sociais, sobretudo, porque são pressionados por demandas da comunidade. Esse grupo discorda da afirmação de que o Estado não é capaz de resolver os problemas sociais sozinho (33%) e de que seja papel do setor empresarial realizar ações sociais (36%); acreditam que basta que as empresas cumpram com suas obrigações de criar postos de trabalho, pagar seus tributos e garantir a qualidade do que é produzido para contribuir para o bem estar social da população (34%). 35 Brasil O que levaria a empresa a realizar, em caráter voluntário, ações sociais para a comunidade? Gráfico 27 51% 27% 8% 3% 3% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Mais dinheiro nas empresas Incentivos governamentais Nada faria realizar Maior confiança nos traballhos executados Outros Não sabe/Não respondeu Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006) 36 V – Coordenação da Pesquisa Coordenação-Geral da Pesquisa: Anna Maria Medeiros Peliano. Socióloga. Pós-graduada em Política Social pela UnB, elaborou e publicou vários trabalhos na área social, especialmente sobre a questão alimentar. Participou da elaboração de importantes programas de combate à fome e à pobreza. Coordenou pesquisas na Unicamp e UnB sobre o papel das ONGs no atendimento social. Foi Coordenadora do Núcleo de Estudos da Fome da UnB (1987-1992), diretora de Política Social do IPEA (1992-1994), coordenadora da elaboração do Mapa da Fome, que subsidiou o trabalho de Herbert de Souza, o Betinho, na Campanha contra a Fome (1993), membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar - CONSEA (1993/1994), e secretária-executiva da Comunidade Solidária (1995-1998). Vem coordenando a Pesquisa Ação Social das Empresas desde 1999. Atualmente é Diretora da Diretoria de Estudos Sociais – DISOC do IPEA. Coordenação-Adjunta: Luana Simões Pinheiro. Economista, formada pela Universidade de Brasília, e mestranda em sociologia pela mesma instituição. Atua como Técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, e tem elaborado e publicado estudos na área social, especialmente sobre as questões de gênero e raça. Colaborou no desenho e na implementação de importantes estratégias do Governo Federal para o combate às desigualdades de gênero e raça, como o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, lançado em finais de 2004. Desde 2001, está envolvida com a realização da Pesquisa Ação Social das Empresas, do IPEA, tendo coordenado o levantamento de campo da segunda edição do estudo nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte.
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