Baixe PROJETO DA PRAÇA-convivio e exclusão no espaço publico e outras Notas de estudo em PDF para Arquitetura, somente na Docsity!
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PROJETO DA PR AÇA
CONVIMIO-E-EXCLUSÃO NO ESPAÇO PUI PU iam a
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PROJETO DA
PRAÇA
CONVÍVIO E EXCLUSÃO
NO ESPAÇO PÚBLICO
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“Sn Me 2008
Sumário
Nota do editor, 7 Cidades sem praça
Prefácio — Heliana Comin Vorgas, 9 Da cidade para 0 subúrbio, 91
dei O look californiano, 101
Agradecimentos, 15 Do subúrbio para a cidade = a revitalização urbana, 107
Introdução, 17 Uma relação ambigua com a cidade, 123
Piazza, plaza, place, square Praças: projeto, convivio e exclusão
Piazza del Campo, Siena (século XIV), 31 Praça Dom José Gaspar € praça Roosevelt, 134
Piazza Ducale, Vigevano (1492-1498), 38 Praça da Liberdade e praça Santa Cecília, 191
Largo do Arauche e praça Júlio Prestes, 231
Plaza Mayot, Madri (1617-1620), 41
Place des Vosges (Royate), Paris (1 1605-1612), 46 Considerações finais, 275
Covent Garden (1631) é Bedford Square (1775). Londres, 54 Bi E
Praças homólogas e análogas, 59 ibliografia, 281
Parques sem cidade Créditos iconográficos, 287
Paisagens e paisagismo, E)
Parques na cidade, 65
Parques sem cidade, 86
O espirito anticidade do paisagismo, 87
prepara” gonta tarefa de demonstrar impacto ess influência e
205 projetos de praças desenvolvidos.
o século XX, o autor faz uma
saias Taro do Arquche:
praça Roosevelt,
etção) E: pesquisa histórica; análise de contexto; in-
urbana; levantamento da situação é ê
identificação de confitos entre e o e us,
“O resgate do desenho
a pinformática.
sua contribuição se faz presente. Para cada critica, uma nova proposta
de projeto.
- Finalmente, permeando todo este trabalho, é importante destacar o
peço porno autor no campo do paisagismo e das discipli-
cientifi idéias. Na análise
1 realizada loriza o estudo da história como elemento fundamental no
ape urbanos, reforçando a importância de con-
os socioeconômicos
is no ato de
úblico o seu verdadeiro sentido.
ido de devolver 20 espaço P adei
ti permitir que a vida pública encontre à pa Fam
manifestar em toda a sua plenitude, resgatando a praç
para o convívio é para à inclusão!
ostras
Dois homens em banco de praça. São Paulo, c- 1910. Cartão-postal,
PUNICO
VUPERIOR
eps VALE
Agradecimentos
Este livro é uma adaptaçã
o da minha tese de doutorado, defendida em
2004 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Para sua realização,
sou profundamente grato:
À banca examinadora, presidida pela minha orientadora Miranda Mar
nelli Magnoli, composta por Élide Monzeglio, Heliana Comin Vargas, Emma-
nuel dos Santos e Paulo Chiesa, pelas leituras positivas, contribuições criticas
€ incentivos calorosos para a publicação da tese. Especialmente a Miranda
pela minha pesquisa, orientação precisa e generosidade em compartilhar co-
migo suas reflexões sobre o paisagismo moderno em São Paulo.
Ao pessoal da Editora Senac São Paulo pela confiança e paciência em via-
bilizar a publicação: Isabel Alexandre, Luiz Guasco, Pedro Barros, Tuca De An-
gelis, Ivone Groenitz, Zeca Teixeira e Silvia Sanson
A Heliana Comin Vargas e Rubens Naves pelos textos de apresentação.
A Liane Schevs e Ricardo Kleiner pelos mapas da Sara Brasil, e a Suzel
Maciel e Monica Leme pelas fotos de praças européias.
À minha família pelo suporte e carinho incondicionais em todas as minhas
empreitadas profissionais e acadêmicas.
Sobretudo ao meu companheiro Bob Latham, falecido no dia 15 de feve-
reiro de 2007, pelo afeto, coragem « inspiração, dividindo sua luta contra à
esclerose lateral amiotrófica com os vaivéns deste livro. Por um pouco mais,
Bob o teria visto pronto, teria gostado e teria ficado very proud.
DA |
uma barreira para as travessias
população.
O uso seletivo ou o desuso intencional das Praças em decorrência de
reletos inadequados, apropriações indevidas por ocupações informais
de camelos ou acampamentos de moradores de rua e estratégias de
manutenção que impedem o acesso público são manifestações do mes-
mo processo de desaparecimento dos territórios comuns e de diversas
formas de sociabilidade entre os diferentes segmentos sociais “O.enco-
lhimento do público”, como observa Paulo César da Costa Go-
mes em À condição urbana, "corresponde a um recuo da cidadania”'
A perda do significado urbanístico da praça, até mesmo entre os
arquitetos, pode ser ilustrada por dois pequenos textos, escritos com
quase vinte anos de intervalo. O primeiro, de Benedito Lima de Toledo,
descreve o projeto da ladeira da Memória, elaborado por Victor Dubu-
gras na década de 1920:
“ou um local ameaçador, evitado pela
Com isso, o Largo da Memória integrava-se no Parque Anhangabad. A
Ladeira da Memória passou a ser uma rua exclusiva: para pedestres,
uma das primeiras do gênero na cidade. A praça mantêm suas caracte-
risticas de ponto de intensa circulação, e as escadas são enfatizadas,
adquirindo inegável sentido escultura), de caráter art-nouveau: O seu
sentido escultural, a sua hábil articulação com o espaço urbano, entre
outros fatores, colocam o largo da Memória como à praça mais bem
projetada de São Paulo. Na época de sua construção, o largo era en-
volvido por residências térreas, com uma volumetria compatível com
as dimensões da praça. Posteriormente, a Prefeitura permitiu a cons-
trução de edifícios de grande altura à volta do largo, o que veio à
prejudicar a sua organização espacial?
+ Pau César da Costa Gomes, A condição urbana: ensaios: de geopolítica do cidade (Rio de
Janeiro: Bertrane 188.
* Benedito Lima o três codes em um século (São Paulo: Duas Cidades,
1989) p. 133.
Introdução
Este livro analisa seis praças da área central de São Paulo construidas
mas últimas seis décadas do século XX. Procura-se mostrar aqui que, a
partir dos anos 1960, o projeto das praças incorporou influências esté-
5 € funcionais do paisagismo moderno norte-americano e, mais rg-
Sentemente, adotou exacerbadas preocupações “ecológicas; e que,
apesar de considerar frequentemente o uso coletivo um de seus objeti-
vos principais, as inovações trazidas por ele nem sempre resultaram em
Espaços mais convidativos ou adaptáveis à presença da população. Ao
contrário dos discursos bem-intencionados, as praças recém-inaugura-
dias têm-se revelado fechadas para o entorno e bastante hostis ao pú-
-blico, negando, portanto, o.encontro e o convívio pretendidos
As novas praças produziram, é verdade, uma ruptura estética com os
traçados padronizados dos jardins públicas franceses da metade do sê-
culo XIX. Mas, tratadas ora como equipamentos de recreação, ora como
repositório de vegetação, elas assumiram sobretudo atitudes de indife-
“rença e até de desprezo em relação aos padrões urbanísticos tradicio-
nais, que preconizavam calçadas largas € continuas e esquinas abertas
e acessíveis. Ecoando essa nova tendência, em São Paulo surgem várias
praças que, apesar dessa denominação e do tratamento paisagístico.
que recebem, acentuam a fragmentação do espaço urbano e tornam-se
o fato de que, além de enfatizar a creu.
e E formação do “antigo incômodo bar-
“iunto às escadas, pequenas êxedras curvas para a
ide dos pers, + nos azulejos aparecia "o brasão da cida-
comodidade dos a o qblica”? A descrição de Lima de Toledo
e ae com naturalidade expressões como “integração
no entorno”, j
nação rf, refere-se à induguração da
a o tes (analisada no capítulo 4), em julho daquele ano. À
ana fatiza aspectos técnicos, como vegetação e
descrição de Figuerola enfatiza asp Ri
drenagem, em detrimento das demandas
fundamentais em uma praça localizada na frente de uma estação ter-
Lima de Toledo apo
lação de pedestres no largo, à
ein
minal de trens metropolitanos:
Cenário da vida coletiva da população que se desloca entre estações
de trem e de metrô, a praça Júlio Prestes é um elemento de funda-
mental importância para a revitalização da região compreendida pe-
los bairros da Luz e Santa Ifigênia. A configuração desse espaço urba-
no, constituido basicamente por um jardim público e uma esplanada,
privilegiou a existência de três aspectos essenciais para o local: o pa-
trimônio histórico, a vegetação existente e as drenagens pluviais.
A praça apresenta uma configuração “fechada” para a maioria do en-
torno, o que resulta no estabelecimento de dois acessos localizados na
área da esplanada. Os acessos, situados na área próxima ao prédio,
facilitam o controle do espaço e melhoram a segurança -, explica Kiss!
autora do projeto
= maps
| Rosa Grena Kas, arquiteta e paisagista brasileira.
* Valentina Figueroa, “Outras sor, outros ten on Ut nt St
Pal, Pin outubeolmovembro de 199 pp. 886, o E E
ambiental” a partir de perspectivas reducionistas que diminuem o cará-
ter público do ambiente e a diversidade das relações humanas.
— Estudar praças como espaços públicos da vida pública representa,
“portanto, um duplo desafio: a adoção de conceitos de cidadania e de-
mocracia desenvolvidos por outros campos de estudos sociais e a rup-
tura de paradigmas consagrados da disciplina de paisagismo, derivados
da experiência de parques “rurais” e atitudes antiurbanas, assim como
da prática pautada por espaços privados e semipúblicos. Estudar as pra-
ças modernas de São Paulo acrescenta à consideração ampla do tema
mais dois aspectos: a responsabilidade do projeto pela ampliação dos
direitos de acesso e uso do espaço público pela população e, especial-
mente, o cuidado com a preservação da praça como elemento singular
na formação da paisagem de nossa cidade e de nossa cultura urbana.
A PRAÇA: EXPRESSÃO CULTURAL URBANA
Simultaneamente uma construção e um vazio, a praça não é apenas
um espaço físico aberto, mas também um centro social integrado 20
tecido urbano; Sua importância refere-se a seu valor histórico, bem
como a sua participação continua na vida da cidade. Kevin Lynch apre-
senta com clareza a definição de que a praça é um lugar de convívio
social inserido na cidade e relacionado a ruas, arquitetura e pessoas:
The square ou plaza. Este é um modelo diferente de espaço aberto
urbano, tomado fundamentalmente das cidades históricas européias.
A plazo pretende ser um foco de atividades no coração de alguma
área "intensamente" urbana. Tipicamente, ela será pavimentada é de-
finida por edificações de alta densidade e circundada por ruas ou em
contato com elas. Ela contém elementos que atraem grupos de pes-
soas e facilitam encontros: fontes, bancos, abrigos e coisas parecidas.
A vegetação pode ou não ser proeminente. A piazza italiana é o tipo
mais comum. Em algumas cidades americanas em que a densidade das.
pessoas nas ruas é alta o suficiente, essa forma tem-se sucedido ele
A ausência da praça na cidade e no modo de vida ameri
saltada por Robert Jensen. A palavra equivalente em inglês - place, da
mesma derivação do latim platea, que significa "espaço amplo” ou “rua
larga” — tem sentidos amplos e variados, como o de lugar ou posição,
além de ser também um verbo, “colocar” Segundo Jensen, a falência da
Praça americana não
Teservado à esfera do privado:
N
fosso problema com a plaza é cultural, tecnológico é endêmico, en-
“9 em nosso modo de vida, dificil de resolver. Construimos nossas.
raizad
Fesulta da falta de entendimento dos componen-
tes r
físicos da praça, e sim da formação cultural é do modo de vida, mais
caras speando que alguma mágica aconteça egerimentendo acon-
(e imutado ria maneira pela qual vivemos, e implicado nas justi-
tivas de não usarmos as plazas urbana, está um senso de aliena-
são da experiência pública»
de Murillo Marx 20 explici
leiras. Marx destaca o car
ças, que seria equi
caso, a origem religiosa,
“transcenderia o papel d
gantemente. Em outros lugares, essas plozas emprestadas. podem ser
melancólicas e vazias.”
Em On the Plaza, Setha Low evoca uma eloquente citação de Fer-
nando Guillên Martinez para exprimir a profunda vinculação da praça
ao desenho e à vida social, politica e cultural das cidades da América
hispânica:
A plaza em sj, considerada limitada no espaço por seus quatro lados, é
a mais bela expressão da vida social jamais alcançada pelo planeja-
mento urbano e pelo gênio arquitetônico do homem. Em comparação,
“os monumentos gigantescos das culturas antigas são imperfeições gro-
tescas e amorfas [..] Em contraste, a plaza consolida é resolve todas as
coisas que são incompatíveis com a razão pura, preserva-as e lhes dá
uma voz é um futuro. A simplicidade de seus espaços é claramente um
convite para a liberdade social e moral das pessoas, porém suas linhas,
parecidas com as de uma fortaleza, são uma lembrança definitiva de
que vida e liberdade podem ser vividas somente em um local concreto
é limitado, com um propósito bem definido. Se aqueles limites desa-
parecessem, não restaria nada senão um campo desnudo, no qual a
natureza absarveria é destruíria a liberdade essencial da arte e inven-
tividade humanas,
res-
7 Kevin Lynch, Good City Form (1981) (Cambridge: The MIT Press, 1987), pp: 442-443) tradução
informal,
wi Fernando Guillén Martinez, em Seta M Low, On the: Ploza: the Poltics of Public Spoce and
Culture (Austin: The University of Texas Press, 2000), p.
tradução informal.
com jardim é também uma das preocupações.
tar o significado e a origem das praças brasi-
ater público e multifuncional de nossas pra-
valente ao das piuzzas e plazas, é ressalta, em nosso
que, como praça de igreja grande e cuidada,
le adro para tornar-se um fórum brasileiro”:
Evitar confundir praça
Logradouro público por excelência, a praça deve sua existência sbre-
udo aos adros de nossas igrejas. Se tradicionalmente essa divida é
válida, mais recentemente a praça tem sido confundida com jardim. A
Clare Cooper-Marcus e Carolyn Francis, assumindo uma abordagem
pragmática de projeto, oferecem, talvez por isso mesmo, uma definição
pobre de plaza, ignorando não apenas os sentidos social, cultura! e po-
lítico imbuidos na palavra espanhola, mas também suas relações intrin-
Secas com 0 desenho da cidade. A plaza de Marcus e Franeis refere-se
apenas a componentes físicos, enquadrados em uma visão particular do
paisagismo que tem como referencial o parque:
Para o propósito do livro [diretrizes de projeto para espaços livres ur-
banos], plaza é definida como uma área mais pavimentada do espaço
externo de onde os carros são excluidos. Sua função é ser um lugar
para passear, sentar-se, comer € ver 0 mundo passar. Embora possa
haver árvores ou gramados, a superfície predominante é a pavimenta-
da [hard surface] e, se à área plantada exceder a superfície pavimen-
tada, deve-se defini-la como park”
praça como tal ara reunião de gente e para exercício de um sem-
número de atividades diferentes, surgiu entre nós, de maneira mar-
cantee tica, diante de capelas ou igrejas, de conventos ou irmanda-
des religiosas. Destacava, aqui e ali, na paisagem urbana estes
estabelecimentos de prestígio social. Realçava os edifícios; acolhia os
seus frequentadores:
Marx acentua o desenho irregular (como tudo o mais”) da maioria
de
nossos espaços públicos, configurados como uma sucessão de lar-
gos, pátios, terreiros articulados a uma “trama viária modesta”, espe-
cialmente contrastante com o traçado regular das cidades da América
espanhola, em que se instalavam ao redor da praça não apenas a matriz
Ou catedral, mas também os principais edificios públicos, numa “orde-
nada é monótona rede ortogonal de vias públicas” Além da diferença
de traçado, Marx enfatiza a ausência. do poder civil demarcando nosso
“ehão público”:
= Robert Jensen, “Dreaming of Lifban Plaza”, em Lisa Tayior forg), Urbam Open Spoces (Nova
York: Cooper-Henitt Muscum/fizzol 1981), pp. 52-53.
»e Clare Cooper-Marcus & Carolyn francis (args). People Plces: Design Guidelines for Urban
Open Spoces (Nova York: Van Mostrand Resnhoid, 1890), p. 10. O termo park, corriqueiro em
das expressões mini park, pocket park € smol park equiva-
Às praças cívicas, diante de edificios públicos importantes, são raras
entre ns. São exceções [.] E, quando o esforço comum erguia ua
Senstrução para este fim, era pouco provável que se situasse num ponto
=
io Mar, Codode bros (São Pao Edu, 1980, p 0.
condigno como uma praça que acolhesse os cidadãos, valorizasse o
signific
o do prédio ou tirasse partido de seu projeto arquitetônico
mais elaborado [..] Uma desordem, enfim, que esconde o poder públi
co, que não revela a sua efetiva existência, que não clarifica sua res-
ponsabiidade social, que nã
dignifica o viver republicano.
Mesmo sem o rigor urbanístico das plazos ou a herança arquitetôni-
ca das pizzas, à praça brasileira é igualmente enraizada nos hábitos de
“Uso e da linguagem de seu povo. Fazem-se declarações à praça para
tornar público um comunicado ou um aviso de perda de documentos.
Preserva-se o bom nome na praça. Identifica-se praça com mercado
para difundir produtos ou delimitar a aceitação de cheques. E, apesar
das raras “plazas de armas” em nossas cidades, nossos soldados são trei-
nados como “praças”.
ACESSIBILIDADE: CONDIÇÃO PRIMORDIAL PARA O USO
O acesso é fundamental para a apropriação e o uso de um espaço.
Entrar em um lugar é condição inicial para poder usá-lo. Stephen Carr”!
classificam os três tipos de acesso ao espaço público como físico, visual
-£ simbólico ou social.
Acessa físico refere-se à ausência de barreiras espaciais ou arquite-
tônicas (construções, plantas, água, etc.) para entrar e sair de um lugar.
No caso do espaço público, devem-se considerar também a localização
das aberturas, as condições de travessia das ruas e a qualidade ambien-
tal dos trajetos.
Acesso visual, ou visibilidade, define a qualidade do primeiro contato,
mesmo a distância, do usuário com o lugar. Perceber e identificar amea-
ças potenciais é um procedimento instintivo antes de alguém adentrar
qualquer espaço. Uma praça no nível da rua, visível de todas as calçadas,
informa aos usuários sobre o local e, portanto, é mais propicia ao uso.
= Ibi, po
» Stephen Carr et al, Publ Space (Nova York: Cambridge University Press, 1996]
“Acesso simbólico ou social refere-se à presença de sinais, sutis ou
ostensivos, que sugerem quem é e quem não é bem-vindo ao lugar.
Porteiros é guardas na entrada podem representar ordem e segurança
para muitos e intimidação e impedimento para outros. Construções e
atividades também exercem o controle social de acesso, prinicipalmen-
te aos espaços fechados, em que decoração, tipos de comércio e politi-
ca de preços são frequentemente conjugados para atrair ou inibir de-
terminados públicos.
Os três tipos de acesso podem ser combinados para tornar um espa-
ço mais ou menos convidativo ao uso. Nos espaços públicos do Centro
de São Paulo podemos encontrar vários casos da aplicação dos três
tipos de controle de acesso decorrentes do projeto ou da gestão.
A praça Roosevelt, por exemplo, é repleta de barreiras físicas e v
suais que dificultam o acesso e a apreensão do lugar. O sistema de vias.
criou buracos em três das quatro esquinas, impedindo o acesso natural
à praça, € O intenso tráfego de veiculos dificulta a travessia de pedes-
tres. As poucas entradas da praça localizam-se no meio do quarteirão e
são pouco visíveis das calçadas. Em toda a sua extensão, à praça situa-
se acima ou abaixo do nível da rua, e a diferença de cota frequente
mente ultrapassa a altura do usuário médio. As escadarias e rampas
ingremes que dão acesso à praça são barreiras para pessoas com redu-
zida mobilidade fisica. Muretas de concreto aumentam ainda mais as.
barreiras fisicas e visuais.
A praça da Sé expandida ilustra o dilema entre a privacidade e a segu-
rança percebida. Embora visíveis das calçadas, os recantos da praça são
sombrios e afastados das rotas de circulação, situândo-se fora do alcance
visual da maioria dos pedestres. Tanto o caminho como os recantos aca-
bam inibindo seu uso.
No largo São Bento, a ambiguidade do espaço público-privado como
controle simbólico é sutil, porém não menos efetiva €, nesse caso, até
perversa (figura 1). Em vez de adotar o modelo novaiorquino de cola-
boração prefeitura-empresa, cedendo ao uso público o espaço privado,
Figura 1. Largo São Bento, São Paulo.
Parceria BankBoston e Prefeitura: expasição do gosto privado no espaço público e dissimula
ção da demarcação públicofprivado. Doados pelo BankBoston, gradil é escultura sugerem do-
múnio privaddo e inibem o acessa público.
Figura 2. Chase Manhattan Bank, Nova Yark,
Projeto de Isamu Noguehi, 19% ni
para uso público -
54, Referencia
'eferencial americano do oposto: espaço privado acescíve!
como fez o Chase Manhattan Bank (figura 2), a “parceria” firmada em
1998 entre o BankBoston e a Prefeitura (Procentro e Subprefeitura da
Sé) consistiu na delimitação de um canto do largo São Bento com um
gradil baixo e a instalação de uma escultura de Caciporé Torres no cen-
tro do espaço aberto, impedindo outros usos. Junto do edifício do Bank-
Boston e ocasionalmente vigiada por um guarda uniformizado do ban-
co, à pracinha (pública) cercada sugere propriedade particular €
raramente é usada pelo público, Sob o pretexto de “embelezamento” da
cidade, o BankBoston não apenas impôs seu gosto estético à população
como, especialmente, apossou-se do espaço público.
«Atividades comerciais podem estimular o uso do espaço público e
aumentar a percepção do caráter aberto dos lugares. Ambulantes que
tumultuam várias ruas do Centro também animam praças da cidade.
Atualmente, em São Paulo, frequentar feiras de design, artesanato e
antiguidades, comidas regionais * étnicas realizadas nos espaços públi-
cos tornou-se uma atividade de lazer no fim de semana.
AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO COMO SUPORTE DO PROJETO
Com critérios racionais de projeto, podem-se conferir as qualidades
necessárias 30 espaço do convívio social. O uso fornece elementos de
articulação entre espaços públicos, promovendo e ampliando a diversi-
dade dos usuários. Verificar o uso do espaço é fundamental para revelar
as necessidades dos frequentadores e assinalar os pontos positivos e
negativos dos lugares.
A avaliação pós-ocupação é um processo que “compara sistemática
e rigorosamente o desempenho real da construção com os critérios de
desempenho estabelecidos explicitamente”, segundo Sheila Omstein e
Marcelo Romero.
John Zeisel sistematiza métodos de observação do uso do espaço
livre para melhor prever e controlar os efeitos dos resultados construi-
* Sheila Ormstein & Marcelo Romero (colab), Avaliação pós-cupação do ambiente construido.
(São Paulo: Studio Nobel/Edusp, 1992), p-4-.
troem comunidades” por meio de assistência técnica, pesquisa, educa-
são, planejamento e projeto. À Enfase do PPS está no envolvimento de
com seu entorno”
usuários na vida pública e na i E
dos. Segundo Zeisel, design e pesquisa podem cooperar em três instân-
cias: pesquisa de programa de necessidades dos usuários, revisão do
projeto para avaliar a utilização do conhecimento existente do ambi-
ente-comportamento (environment-behovior) e avaliação dos projetos
existentes em uso.”
William Wihyte?* produz um referencial de observação do uso do
espaço livre público como suporte de projeto e para demonstração de
que “projetar espaços bons não é mais difícil que projetar espaços ruins”.
A pesquisa de Whyte, focada nas plazas do midtown de Nova York, em
sua maioria cedidas ao uso público em troca de aumento da área cons-
truída de acordo com o zoneamento de 1961, teve como objetivo des-
cobrir por que algumas praças funcionam e outras não €, a partir
formular diretrizes para orientar a implantação de novos espaços na
cidade. Utilizando várias técnicas de observação, o estudo de Whyte
transformou as recomendações em critérios para a provisão de bancos,
vegetação é amenidades e de integração com a rua, adotados pelos
códigos de zoneamento. A nova legislação de implantação e projeto de
“praças de troca” (bonus plaza) foi adotada pela cidade em maio de
1975.
Ao contrário da maioria dos dogmas de "bom desenho” defendidos
por arquitetos e políticos, Whyte constatou que, mais do que forma,
tamanho ou design, o sucesso do espaço público era determinado pelo
acesso e pelas opções de lugares para sentar. Para Whyte, a maior atra-
ção das plazas eram às pessoas, € elas tendem a agrupar=se o mais
próximo possível onde há atividades.
O trabalho de Whyte serviu de inspiração para que Fred Kent fun-
dasse em 1975 o Project for Public Spaces (PPS), uma organização sem
fins lucrativos dedicada a “criar e manter lugares públicos que cons-
* John Zee, Inquiry by Design: Toots for Environment Behavior Research (Cambridge: Cam-
bridge University Pres, 1987)
2 Wiliam H. Witte, Tre Soctol Life of Small Urban Spaces (Washington: The Conservation Foun-
dation, 1980).
o, implantação € propriedade. Sem acentuar
ter público ou privado das praças e sua ime.
das autoras considerou apenas a relação
je "sucesso" ou “fracasso”,
distintas de tamanh
e o carái
análise º
o” com o uso em termos
ções
as diferenças entr
ração com o entorno, à
do design “intern
integração da praça com seu ento
O redesenho do Bryant Park de Nova York, realizado no fim da década
de 1980 para aumentar seu uso, adotou recomendações especificas de
Wihyte, como a redução de barreiras visuais « o aumento de acessos à
praça.
Em 1999, todas as 320 praças de uso público criadas em Nova York
em troca do aumento da área construida foram reavaliadas de acordo m
Com qualidades fisicas, amenidades exigidas e padrões de operação. A
compilação dos projetos constituiu um banco de dados disponibilizado
para a população, e a avaliação resultou no livro Privately Owned Pu-
blic Space: the Nei York Experience, A pesquisa revelou que a legista-
ção mais rigorosa adotada a partir de 1975 permitira criar espaços mais
usáveis, porém não necessariamente bem-sucedidos. Para Joseph Rose,
diretor do Departamento de City Planning de Nova York, “os espaços
bem-sucedidos contribuem positivamente para a vida da cidade e in-
corporam valores de boa implantação, contexto urbano, acessibilidade
pública e uso em seu projeto e gestão"
Clare Cooper-Marcus e Carolyn Francis avaliaram o desempenho de
vários projetos de espaços de uso público em cidades da região de São
Francisco, classificando-os em sete categorias de espaços livres: plazas
urbanas, praças (parques) de vizinhança, minipraças, espaços livres de
compus, habitações para a terceira idade, creches e hospitais.” No caso
das plazas urbanas, foram arrolados oito estudos de caso - sete na área
central de São Francisco e um em Berkeley - que representavam situa-
E project for Public Spaces, How to um a Place Around: a Honlbook for Successful Public
Spaces Project for Public Spaces, 2000)
= Jerold posto “New York City Department of City Planáng & The Municipal Art Society af
Neo York, Privately Omncd Publ Space: Lhe Mew York City Experrence (Novo York: Job Wiley
2090), pv
o Sa ars 6 Carol Francs focsd,Prple Pcs: Dei Gifts for Urtan
Open Spaces (Nova York: Wyley, 1987).
te com base em critérios genéricos.
Carr, Francis, Rilin e Stone” defendem & projeto do espaço ds
-rancis, : e :
PR com ênfase na participação do usuário, em um p ge abero
o é propõem como ponto de partida as qualidades "hu-
oa es, direitos, significados e conexões do
* do ambiente: necessidad S Econ
Sn es, o direito de uso é um requisito básico para
avaliados pontualmen
aço público. Para el o
a ds experiências desejadas no espaço público
Esse direito espacial depende de fatores como normas de comporta-
mento é projeto e gerenciamento do lugar. Os autores derioai ainda
que o modelo de projeto ensinado nas escolas de arquitetura geral-
mente o de processo fechado e exclusivo, que desconsidera questões
como manutenção e gestão, e o envolvimento do usuário é descartado
por falta de tempo e recursos. O uso do espaço exige manutenção
ajustes constantes, que raramente são atendidos. Essa situação agrava-
se porque geralmente quem projeta não faz a manutenção.
Realizada entre 1991 e 1992, à renovação do Bryant Park, a praça da
Biblioteca Municipal de Nova York, adotou a remoção de barreiras fisi-
cas e visuais e o aumento de acessibilidade como critérios prioritários.
no projeto (figuras 3a e 3b).
Anova Praça teve como resultado imediato o crescimento do núme-
ro de usuários, revelando entre eles uma “extraordinária” diversidade,
a RA Pelo projeto. As cadeiras removíveis aumenta-
pia e ro Para 2 mil um ano depois. Em um dia de
aaa o ES e à presença de 1.400 pessoas às 12h40 €
do a dobro di Han o média de mulheres visitando o local é de
: ada anterior. A praça também é considerada
* Stephen Carr et oi, Pub Spa, cit
Figura S. Piazza del Campo: implantação.
Distinção de três piozzos: a religiosa, Del Duomo, à esquerda, com desenho regular e ortogonal; a cívica, del
Campo, no centro, um poligono irregular na forma de leque aberto; e o mercado, del Mercato, atrás da Del
Campo.
Palazzo Publico: a prefeitura era o ponto focal da piozza, marcado pela torre é pela convergência do
desenha do piso.
Vias de circulação criavam aberturas é alargamentos que, ao se ajustarem à topografia, resultavam em
uma grande variedade de largos e praças. k
Observar: formas “organicamente” ajustadas ao local e às necessidades, desenvolvidas ao longo do tempo,
e contraste entre o construido e os espaços abertos variados.
Figura 6. Piazza del Campo: layout.
Além do fechamento arquitetônico, deve-se observar a quantidade de acessos à
piazza: ao todo, são onae, cinco sob a arquitetura e sis » céu aberto. Acessos.
estreitos, quase invisíveis. Sistema hierarquizado de vas perimetrais para veiculos.
e múltiplas vilas para pedestres.
Palazzo Pubblica no lado su, ligeiramente flecionado para confarmar-se à praça é
à topografia. Torre/campanário de 86 m de altura é o marco referencial da praça e
da cidade.
A pavimentação de tio, implementada no século XIV, é um grande piso continuo,
suavemente inclinado como em um grande auditório O piso, delimitado por bali-
Figura 7. Piazza del Campé us a
iversidade: gabarito de altura, janelas variadas, uso do térreo, sem imposição de
a quit delimita O espaço. Fachado voltada para a pe
“ensolarada devido à orientação norte-sul.
dos pontos de comersêcia na borda super da praça
cio sob a arquitetura aumentam a dramaticidade do contrate clarofescuro, estreto/
aberto, privado! público e até mesmo do simbólica infenofparaiso.
zas, humaniza a estala, direciona o olhar e conduz a drenagem superficial, As ba-
Jizas organizam o tráfego de veiculos, reforçando o desenho do “piso-praça”, e não
odarua.
No lado de baixo da pizza, o Palazzo Pubblico, de tijolos « pegrs
o
ciramente file
nha o formato ligeiram
a erais, construções praticamente continuas de cinco
pavimentos definiam o espaço. No entraram grande piso de tiolos.em
aberto definia uma “praça” dentro da pizza. Linhas
a ando defronte ao Palazzo Pubblico, dividiam o
e paia é tos, simbolizando o Conselho dos Nove, a
série de balizas de pedra demarcava O centro da praça € reforçava a
delimitação do piso de tijolo. Ponto focal da piazza, a Torre della Man-
gia, um campanário de 86 m de altura do Palazzo Publico, foi erguida
entre 1338 € 1349, tendo sido acrescentada, em 1352, uma capeta 20
conjunto. Na parte superior da praça, a Fonte Gaia, esculpida por Jaco-
po della Quercia, atualmente exposta no museu da cidade, foi instalada
em 1419, e sua réplica, em 1868.
Havia onze acessos à praça: cinco camuflados pelos prédios e seisa
cêu aberto. As aberturas entre as edificações eram estreitas e não
interferiam na sensação de fechamento espacial proporcionada pela
arquitetura. A passagem dos caminhos para a praça, especialmente
sob as edificações, aumentava o contraste entre os espaços congesti-
onados das ruas e casas e a amplidão e claridade da praça. As constru-
ções, mesmo sem um alinhamento geométrico comum nem fachadas
uniformes, demonstravam uma grande unidade visual, baseada em
alturas próximas e janelas variadas, porém de tamanhos « posições
compatíveis (figura 7).
A conspicua integração entre a arquitetura, à forma da praça é à
configuração do chão na Piazza del Campo é ressaltada por Hedman €
Jaszewski:
xionado para adaptar-se à praça e à
topografia. Nas lat
À curva envolvente do muro em aclive e a vasilha rasa esculpida no
chão são as fontes principais da poderosa definição espacial desta
raça, É uma demonstração marcante de como a forma da praça é à
configuração do chão podem ampliar à limitada capacidade definido:
ra espacial das edificações,
A Piazza del Campo refletia, nas cidades da Idade Média, a “beleza
artística urbana” e o “orgulho urbano sonhado por seus habitantes”!
Essa preocupação, que hoje chamamos estética, foi registrada por di-
versos autores, entre eles, Mumford: "[..] quando o paço municipal de
Siena foi construído, no século XIV, o governo municipal ordenou que
os novos edifícios levantados na Piazza del Campo tivessem janelas do
mesmo tipo"* Ou, como referido por Newton: "[..] desde 1262, havia
registros de legislação regulamentando a altura e o caráter das cons-
truções novas de frente para a praça"s E também Setha Low: “[..] por
volta de 1346 houve uma mudança de atitude em relação à importân-
cia arquitetônica da praça, com a construção da famosa piazza de Sie-
na, que foi projetada como um espaço público por motivos puramente
estéticos ou relacionados ao prestigio"?
A orientação norte-sul da Piazza del Campo mantinha as casas en-
solaradas + possibilitava que a torre projetasse sombra ao longo do dia,
como o ponteiro de um enorme relógio solar. A drenagem superficial
do grande piso de tijolos acompanhava a declividade do terreno, se-
guindo a direção das faixas claras de pedra até uma elaborada “boca-
de-lobo” (figuras Ba e 8b).
Duas vezes por ano, em 2 de julho e 16 de agosto, a Piazza del Cam-
pa é tomada pelo festival Palio, evento competitivo com origem na
Idade Média realizado ininterruptamente desde 1656. O ponto alto do
Palio são as corridas a cavalo ao redor da praça, precedidas do colorido
"Richard Hedman é Andrew Jaszewsti,Fundomentals of Urban Design (Washington, DC Ame-
vican Planning Association, 1964), p. 89; tradução informal
Jacques le Goff, Por omor às cidades São Paulo: Unesp 1998)
Lewis Mumtor, A cidade no história: suas origens, transformações « perspectivas, cit. p 308
Norman T. Newton, Design en the Land: the Development of landscape Architecture (Cam
bridge: Belknap, 1971), p. 138,
Setha M. Low, On the Plaza: the Pis of Public Space an Culture (Austin: he University of
Texas Pres, 2000), p, E
E DY
MS
SAPO,”
da. Piazza delimitada e definida por arquitetura e mus.
Sor pi ettada pefo terreno é pela arquitetira Ones. fg too
sos € inúmeros fluxos multidirecionais.
9h: Piazzo delimitada e sem definição espa
“leque aberto” ou concha.
Se, Piso central é um elemento de composição que não pode ser confundido com a praça.
Figuras 9, 9b e 9e. Piazza del Campo: delimitação e definição espacial.
é apenas um poligono inclinado na forma de
Ba. Orientação norte-sul: sol luz e sombra
fo fa E
Bh, Detalhe de drenagem superficial: a “boca-de-lobo” de onde irradia q desenho do piso.
Figuras 8a e Bb. Piazza del Campo: natureza.
A natureza, nã Piazza del Campo, marca 0 ritmo do dia e mantêm a praça “seca”.
pelos representantes dos dezessete con.
na, vestidos com trajes medievais. Nesses gia
ds edificios da praça são enfeitadas com bandeiras dos di
os A
as janelas do tidões aglomeram-se no centro da piazza.
tritos, € as a pedra ao redor do centro da piazza criavam, paraleia à
alizas. '
it E via segunda borda da praça, dobrando assim seu perime-
arquitetura,
balizas serviam de pontos d
tro visivel e usável. Altas é nen A Piazza del Campo ira
referência e encostos o praça italiana: um centro social e um
ini e borado ao tecido urbano, “localizada centralmente,
E e nd de ra. Pes tam
com propésitos específicos e, de algum modo, sem nenhum propósito
especifico"? Todas as noites, após o jantar, entre oito e dez horas, a
cidade vinha espontaneamente participar da passeggiata, O passeio na
praça.
A Piazza del Campo é um amálgama de funções sociais e formas
fisicas atribuídas por topografia, sistema de ruas e caminhos e arquite-
tura, em que a delimitação e a definição espacial se fundem (figuras 9,
9b e Se). O chão diferenciado, apesar de suas qualidades intrinsecas
como material, assentamento, declividade suave, forma de leque aber-
to ou manto da Virgem, detalhes de drenagem e simbolismo do now,
não constituia um desenho autônomo que se sustentasse como “praça”
A idéia da praça, entretanto, como um plano inclinado convergindo
para o edifício público propagar-se-ia como um dos arquétipos mais
admirados de praça cívica e é imitada até hoje.
-A City Hall Plaza de Boston (figura 10) e o Centro Georges Pompidou
Pa | esultados bem diversos. Segundo Carr, a City
oston é “gigantesca, vazia e sem vitalidade”, e o Centro
desfile de bandeiras carregadas
trado, os distritos de Si
Aluno Kato, Tre Pa Naa Cure :
Fóquio: Process Architecture, MI no + em Process, nº 16, “Plazas of Southem Europe
Georges Pompidou de Paris, "uma entrada grandiosa para o museu €
uma arena para atividades públicas variadas!” Em Boston, as idéias
emprestadas de Siena incluíam a praça suavemente inclinada, 0 edifi
cio da prefeitura como foco principal na parte baixa e a pavimentaçã
de tijolos com detalhes contrastantes de pedra. O projeto, elaborado
dentro do espirito moderno de arquitetura e urbanismo, com recomen-
dações baseadas em separação de funções « grandes espaçamentos entre
as edificações, foi escolhido em um concurso nacional realizado em
1961, vencido pelos arquitetos Kallmann, Mekinnell e Knowles, € à obra
foi concluída em 1968. Para formar o novo Government Center, as cons-
truções históricas existentes foram demolidas, os quarteirões mais que
dobraram de tamanho e, das 22 ruas, sobraram apenas seis. A praça
resultante formava uma série de grandes espaços abertos, sem defini
ção e circundados por edifícios exclusivamente administrativos dos go-
vernos federal, estadual e municipal.
Hedman e Jaszewski mostram que no espaço livre do City Hall cabem:
duas vezes as praças Del Campo de Siena e São Marcos de Veneza juntas,
Além disso, "mesmo a forma robusta do City Hall não era suficiente para
a vastidão do espaço”? constantemente varrido pelo vento. Webb consi-
dera o gigantismo do City Hall “uma doença contagiosa” Carr et al, ao
comparar essa praça com o Centre Georges Pompidou, apontam à ausên-
cia de contexto para o uso, criado pela combinação de centralidade do
lugar, rede de caminhos de pedestres, entorno diversificado e atração
trazida pela arquitetura. Jensen acrescenta, como dado problemático, o
fator cultural americano de conduzir relações sociais de modo mais re-
servado, pois "o passeio noturno, a passeggiato - uma experiência es-
sencialmente comunitária e sensorial =, não é parte de nossas vidas”!
Stephen Carr et al, Publ Spoce, cit. pp. 112-113.
Richard Hesdman & Andrew Jascewst, Fundamentais af Urhan Design, it, p. 73
Michael Webb, The Clty Square: a Historical Evolution (Nova York: Whitney Library of Design,
1990) p. 182 a
Robert Jensen, “Dreaming of Urban Plaza”, em Lisa Taylor (org), Urban Open Spoces, it, p
Figura 11. Centro Georges Pompidou de Paris.
Praça multifunicionial em declive, definida pela arquitetura do museu e do entorno diversiic-
do. Local de exposições, eventos públicos « performances. Referências funcionais de Siena.
Figura 10. City Hall Plaza de Boston.
Amplo espaço aberto é inclinado, mas sem clara definição espacidl. Entorno mão diversificado.
Piso de tijolo acentuando a circulação e desviando do ec. Referências formais de Siena
mpidou, ou Beaubourg, projeto de Rena
1976, está localizado no ce
O Centro Georges Po
1s concluido em
no e Richard Roge da
is, próximo ao Marai:
histórico de Pai , industrial
te mode
do à arte
seu dedicad Eur
ras metálicas e tubulaç
gi Jo metade da área do quarteirão, recuado da rua
: a e, definido pelo museu e
ro conta com um grande espaço livre, de p ut pe
edi tor. os tradicionais blocos parisienses de seis
as edificações ao redor, os t os pai l
tos À nova praça, em declive até à € useu,
union smo um grandioso vestíbulo da arquitetur
funciona não apenas co s
bém como espaço para exposições e
yltou em um anfiteatro, palco de
performances. A
mas tami
mentação, de concreto simples, res
eventos espontâneos que atraem boa audiência. Para Carr, o Beau-
bourg é uma combinação de mercado e arena de circo, oferecendo
um contraste interessante entre a fachada high-tech do Centro Pom.
pidou e as exibições de saltimbancos na praça. O Beaubourg recria a
atmosferá e a vitalidade da Piazza del Campo. Além do contexto fisi-
co favorável ao uso, Carr atribui o sucesso do Beaubourg ao geren-
mento flexível e, especialmente, a “uma cultura de rua de pessoas
que vendem seus objetos ou seus talentos”
PIAZZA DUCALE, VIGEVANO (1492-1498)
Vigevano era uma tipica aglomeração urbana medieval formada ao
fedor do Castelo Sforzesco, para onde convergiam várias estradas e ca
minhos da região da Lombardia. Projetada sob as ordens de Ludovico
Sforza, o Mouro, com a finalidade de ser um grande vestibulo para o
Sastelo, à Piazza Ducale foi construida de 1492 a 1498 pelo arquiteto
Ambrogio di Curtis, coma colaboração. de Bramante e Leonardo da
Vinei (figura 12),
Stephen Car et'ol, Publ Spoce: it, p. 2
Figura 17. Plaza Mayor de Madri: implantação.
Um retângulo regular delimitado e definido pela arquitetura. Forma derivada de ideais renas-
centistas e de domínio do poder civil.
Local de atividades cotidianas e extraordinárias, como o comércio e as festas grandiosas. Des-
tacada do tecido urbano em volta, mas com grande número de ruas (dez) chegando diretamen-
rá pfoza - indício do uso original de mercado,
Figura 19. Plaza Mayor: usos.
Usos múltiplos: um cenário digo para o cotidiano, festas e cerimônias
Figura 18. Plaza Mayor: layout.
Plaza Mayor: unidade em planta e elevações por meio de fachada única é continua. Os elemen-
tos arquitetônicos dominantes são as Palácios (Pavilions) Reais, de onde a nobreza assistia aos.
espetáculos festas.
A regularidade formal da Plaza Mayor inclui também um elaborado nivelamento horizontal,
resolvido por meio da arquitetura e de escadarias.
nedieval, centrifuga e aberta
converter a plaza mayor med 5
o centripeto, é mais que para um espaço de ligação, en
a à maneira de um grande teatro ou “curral, em
um espaço reduzido
ovido dl
m ambiente pro
a acundantes é na qual. de aco
plicida
e solenidade na qual se unifica a mul
d do com as horas + os dias,
de de vias cireund Es
— as distintas funções como o mercado, festas reais, p
nt nizações, jogos de cafias, corriá
de
Gt idade
delitos políticos ete: Sua u
touros, autos-de-fé, execuções de
(do-se não só em sua planta, como também
eve ser total, manife
a ularidade de sua área e na uniformidade de seus
as, na regularidade á
nas f
Jementos, portas, janelas balcões executados com igual modelo
Na introdução de Plazas y plazuelas de Madrid, Pancracio Gomariz
associa o significado de plaza ao de “recinto amplo e plano”, salientan-
do a longevidade do uso do termo e especialmente seu significado cul-
tural. Para Gomatiz, plaza é piazza se aproximam
Bonct Correa, apud Hu
Studio Nobel, 1996),
O termo plaza é latino, originado de plateg, que por sua vez vem do
grego, no qual significava “recinto amplo e plano”. É um termo usado
em castelhano desde os começos da idioma, pois foi utilizado pelo
anônimo autor do Contar de Mio Cid, a obra literária mais antiga
conservada em castelhano.
Sebastián de Covarrubias, em Tesoro de la lengua (1610), escrevia so-
bre o vocábulo: “Lugar amplo e espaçoso dentro: do povoado, lugar
público onde se vendem mantimentos e se tem o comércio entre os
vizinhos e comarcas, Antigamente, nas entradas das cidades havia pla-
gas, para onde concorriam os forasteiros com seus negócios e ajustes,
Sem dar lugar a quem pudesse entrar e dar voltas no lugar, pelos in-
convenientes que se podiam seguir;
assim naquelas plaços surgiam
190 Segawa, Aa amor do público: jardins mo Brasi (São Paulo: Fapesl
pp. 37-38,
casas de pousadas é estalagens. Os juízes tinham seus tribunais
portas da cidade e estavam nestas plaças para fazer justiça e empl '
çar, como era chamado o tribunal da plaçor Es
[.] Sua invenção é tão antiga quanto a das Sidades, e conceitualmen-
te nossa (plazo) é herdada da ágora grega e do foro dos romanos, que
à conceberam para 0 intercâmbio não apenas de bolos e comidas, além
de mantimentos em geral, mas também de idéias. A plozo era um ly-
gar fértil de acontecimentos felizes, de pensamentos que mudaram o
mundo. Os latinos não concebiam a vida social fora desse recinto pú-
blico, assim não existia socialmente quem não fosse à plozo, como
indicado na expressão: “decedere foro”.
[.] Uma coisa é a plaza e outra, a rua. À rua é feita para passar com
decisão; à plazo não; a plaza é para ficar ou passear, sem pretender ir
a parte alguma, apenas saborear 0 tempo:
Apesar de sua localização descentralizada em relação à cidade, à
Plaza Mayor de Madri era um mercado de uso múltiplo de grande aces-
sibilidade e longa permanência. A quantidade de ruas convergindo para
a Plaza Mayor é comparável à da Piazza del Campo de Siena, e sua
transformação geométrica renascentista lembra a Piazza Ducale de Vi-
gevano (figuras 203, 20b e 206).
O traçado da Plaza Mayor também sugeria, em sua origem, referên-
ciasás bastides - cidades fortificadas dos séculos XIII e XIV no sudoeste
da França e em Navarra, que depois se integrou à Espanha - ou a Santa
Fé, em Granada, vila militar construida pelos reis católicos durante a
fase final da reconquista da Andaluzia, em 1491." Low leva em conta à
influência da cultura árabe, que dominou a Espanha de 852 a joea,
com a permanência dos invasores em algumas cidades por bem mais
tempo, como Sevilha, retomada em 1248, e Granada, reconquistada só
* Pancracio Gomariz, lazos y plozuelos de Mod [Madri Iy Ma, 1999). pp. 8-9: tradução
informal
208. Plata Mayor de Madi: centro.
muitifuncional, dez acessos.
20b Piazza Ducale de Vigevano:
cemtra multifuncional, oito acessos.
20%. Piazza dei Campo de Siena:
centro muitifuncional, onzeacessos.
EO
Finage del Campo de Siow
Figuras 203, 20b é 20c. Comparação: Plaza Mayor, Piazza Ducale e Piazza del
Campo.
Mercados delimitados e definidos por arquitetura e ruas, à Plaza Mayor; a Piazza Ducale de
Vigevano ea Piazza del Campo de Siena são análogas. À Plaza Mayor está descentralizada em
relação à cidade.
Selha M Low, On the Plaza: the Polties of Pub Space ond Culture; Gi, p-95.
2ta Plaza Mayor de Madri: mercado e
centro multifuncional
21d. Praça de Montpazier
e mercado e cen.
tro multifuncional, centro
geométrico do sistema de
nas.
21€ Lei das Índias [Mendonza, México,
1562): mercado e centro multifuncional,
ponto inicial do sistema de ruas
Lei Ame Indiano ( Mendenza, Megico, 1561)
Figuras 21a, 21b e 21c: Comparação: Plaza Mayor, Montpazier e Lei das Índias.
De funções similares, porém com formas diferentes e relações distintas com o tecido urbano,
Plaza Mayor, a praça central de Montpaziere a praça codificada pela Lei das Índias são análogas.
marca da plaza mayor no desenho das praças das
América Latina também deve ser considerada
(de 1496) e à Cidade do México, desenvolvidas ao redor
Santo Domindo fundadas antes da construção das plazos
de tis Valladolid e Madri. Low argumenta que q
ndo tem semelhanças com o da cidade fortificada
: em Granada, e que à praça central da cidade lembrava o
e squitalcatedral de Córdoba, para não falar nas pos-
Itura indigena local (figuras 21a, 21b é 21c)
em 1492. Para Low à?
s colonizadas da
ci
de praças ce
mayores renascentis
plano de Santo Domingo
de Sant
pátio lateral da mes
síveis influências da cul
PLACE DES VOSGES (ROYALE), PARIS (1605-1612)
No início do século XVII, Paris era uma cidadela murada, com dificul-
dade para expandir-se e onde uma população de 500 mil habitantes
vivia apinhada em vielas estreitas e tortuosas. As duas únicas praças da
cidade nessa época eram a Place de Gréve, posteriormente Place de
Hôtel de Ville, um espaço cívico na margem oeste do rio Sena, e a Le
Paris, espaço religioso em frente à igreja de Notre Dame, na ilha de la
cité
No reinado de Henrique IV (1553-1610), Paris passou por uma série
de mudanças urbanas e comportamentais baseadas na experiência ita-
liana, introduzida na corte francesa pela rainha Maria de Médici, vinda
de Florença. Foram criados novos espaços e hábitos urbanos como as
dp Polmail (do jogo paltamaglio) e o Cours-fa-Reine (de corso,
avenida). Entre 0s projetos arquitetônicos patrocinados por Henti-
que IV destacavam-se a Pont Neuf (Pont i
te Nova, a
as Place Dauphine, Place des V gente
/osges e Place de Fi
à Place de France, projetada em 1610 para SE dE ar
“a cidade, não foi levada adiante. o
À Place Dauphine, inici:
Obras de urbanização da p
ção da Pont Neuf e q j
Condições do terreno,
ada em 1606, fazia parte de um conjunto de
onta da ilha de la Cité, que incluía a constru-
nstalação de uma estátua equestre. Ajustada às
2 Praça configurava um triângulo isósceles apon-
fado para o Sena e era definida por uma
arquitetura re
E tura regular, composta
simétricas a um eixo cent
pendicular à Pont Neuf. Ao longo do eixo estavam
aberturas, uma voltada para a praça e outra p,
de unittades de fi s idênticas e
al per-
alinhadas as duas
ara a estátua, instalada no
Como um avanço
e avanço sobre o
circundava o lado “externo” das edific
jetada para uso comercial, a PJ
centro de um belvedere construido na ponte
rio. Um largo passei
i ções. Pro-
auphine tinha forma fechada, po-
rém com acessos articulados às vias de circul
ação. A integração da Pla-
ce Dauphine e da Pont Neuf à cidade é ressaltada por Paulo Gomes:
Podemos, pois, constatar que esse pequeno conjunto foi concebido
como uma forma de composição espacial, um espaço público que ul-
trapassava as dimensões simplesmente utilitárias da ponte, um verda-
deiro espaço pública moderno, onde era previsto que as pessoas iriam
transitar, passear e admirar a unidade fisica e institucional, Simbolica-
mente representada pelo espaço.
Considerada a primeira praça “renascentista” monumental de Paris,
a Place des Vosges, originalmente Place Royale, inaugurada em 1612,
tinha forma geométrica definida por uma arquitetura regular e unifor-
me, sobreposta ao tecido urbano medieval (figura 22). A idéia do espa-
ço público “arquitetônico”, inaugurado com a Place Dauphine, foi de-
senvolvida na Place des Vosges, com aumento de tamanho €
monumentalidade. A Place des Vosges foi, entretanto, convertida em
um recinto exclusivamente residencial e em um simbolo da nobreza.
Encomendado em 1605 a Clêment Métezeau, O projeto visava a criar
um lugar grandioso para festividades reais e produção e comercializa-
ão de sedas e veludos no centro do Marais, um foubourg aristocrático
estabelecido próximo à Porte de St Antoine. Praticamente como termi-
nus oposto ao palácio real do Louvre no eixo leste-oeste da cidade, a
* Paulo César da Costa Gomes, A contlção urbana! ensolos de geopoftica da cidade cit, p, 58.
Figura 23. Place des Vosges: layout.
Planta “atual
Um quadrado inspirado em plazzos renascentistas como a Piazza Ducale de Vigeyano « em
cidadelfortificação como a Place Ducale em Vitry le Français (1545)
Acessos: uma tua (aberta em 1765) atravessando a praça e duas nuas centrais no eixo norte
Figura 22. Place des Vosges: implantação.
Plan Turgot” de Bretez, 1734-1739
Place des Vosges ou Place Royale: espaço aberto quadrado definido por uma arquitetura regu-
Jar e uniforme, sobreposta ao tecido urbano medieval de construções compactas.
Observar: uma única rua de acesso que ainda não atravessava a praça. Três acessos camufiados
sob a arquitetura, Palácios do rei e da rainha, no eixo central, sobre os acessos camuftados.
Arquitetura como um cenário na frente das construções variadas.
A estátua do ei Luís Xl [instalada em 1639) no centro da praça com um jardim cercado,
reforçando a idéia de uso residencial privativo
À esquerda do desenho, os primeiros bulevares da cidade: passeios arborizados no lugar das
muralhas demolias, à maneira de Antuérpia
sul, sob a arquitetura, Praça contocnada por arcadas continuas, interrompidas pels tuas.
Observar árvores localizadas nos caminhos e no centro para valorizar o passeio e 0s canteiros.
gramados. Jardim-praça gradeada com sito entradas: quatro nos centos dos lados e quatro
nas esquinas.
em uma área onde existia um mercado
construida
a es foi constru
Place des Vosg les, local de torneios frequentado pela
de cavalos e o Hôtel des Tourner
e: le à Idade Média.
io que o projeto da Place des Vosges, patrocinado pelo
Jum
Dose iso em 1604 com à contrução de uma fica
tapetes, que em 1605 seria ampliada para abriga Freadas
na mesmo estilo da fábrica para alojar os trabalhadores, conforme as
novas tendências da produção industrial, Mas, no mesmo ano, decidiu-
se que o uso comercial seria substituido, € implantou-se uma nova pro-
posta urbana de praça reservada exclusivamente à residências da classe
superior.”
O contorno da Place des Vosges descrevia um quadrado (mais impo-
nente do que um triângulo) de aproximadamente 140 m por 140 m,
definido, como na Place Dauphine, por uma arquitetura regular, com-
posta de unidades individuais de fachadas uniformes e simétricas (f-
gura 23). Ao contrário da Place Dauphine — isolada da cidade pelo rio,
mas articulada a vias de circulação -, a Place des Vosges, sobreposta a
um tecido urbano de ruas estreitas e construções compactas, era sepa-
rada do fluxo das vias mais movimentadas. Configurava um recinto
feio o a a um pátio interno palaciano separado
; , das quatro entradas, apenas uma era de
acesso direto. As outras eram camufladas na arquitetura.
As fachadas uniformes de três pavimentos sobre arcadas, constituídas.
aa € pedra, e as coberturas inclinadas de ardósia eram discretamen-
e inter i a
mori SAR os de Es o sul) e da rainha (fachada
Além da rua, havia três acessos dissim aa paca eenfal ori a
villons reais e q terceiro no canto Sr ao
te, oposto à rua. Somente em
1765 a rua atravessaria a i i
vidriaída cidade, Praça e se integraria ao sistema de circulação
TERIA
p.aza, “tória: suas origens; transformações e perspectivas, cit, 1582.
28a. Place des Vosges: exclusivamente residencial
acesso limitado e camuflado.
Plata. Magor de Hadei
28%, Plaza Mayor de Madri: mercado multifuncional, dez acessos.
p.
Praga. Prue de Vir
me
28c. Piazza Ducale de Vigevano: mercado multifuncional, oito acessos,
Figuras 282, 28h e 28. Comparação: Place des Vosges, Plaza Mayor de Madri e
Piazza Ducale de Vigevano.
Formas semelhantes, mas funções distintas.
ticulados às esquinas
28, Place des Vosges: de-
limitada e definida peia ar-
quitetura. Acessos camu-
fados,
29%, Ploce delimitada sem definição
espacial, é apenas um quadrado de-
senhado,
29€. Jardim como praça: desenho
formal de caminhos ortogonais e
Siagonais e canteiros simétricos.
Dito acessos articulados às esqui-
nas e ruas centrais. O jardim é mais
acessivel do que a Ploce
Figuras 289, 29h e 29%. Place des Vosges: delimitação « definição, praça e
jardim.
“0a, Jardim formal na Place des
Vosges; caminhos diagonais €
ain
30b Praça Princesa Isabel, São
Paul, em 1930: eixos diagonais ar-
306 Praça Central de São Luis do
Paraitinga: eixos ortogonais e dia
gorais articulados às ruas e arqui-
Figuras 303, 30b é 306. Comparação: Place des Vosges, praça Princesa Isabel e
praça Central de São Luís do Paraitinga.
Loyout do jardim tormau-se um arquétipo de praças.
« moderna” do século XIX. reproduzido entre nós tanto em
praça pública “mo paulo (caso da praça Princesa Isabel, que
cidades grandes como minhos diagonais, já demolidos), como
cai
somente os € E
herdou do Fade do interior, à exemplo de São Luis do Paraitinga
-atas cidade:
temente da Place des Vosges, que éseparada do
re vo
dano, as praças de São Paulo e de São Luis apta são
cido urbano, 2 ed Pen
as direções na malha viária da cidade (figuras 30a, 30b e 306).
em pac
(praça Central), Dife
GARDEN (1631) E BEDFORD SQUARE (1 775), LONDRES
ea mascentista da Inglaterra, Covent Garden, foi
da re 1631 (figura 313). Projeto do arquiteto Inigo
construida em Londres em 631 (fig E
Jones, essa piazza é formada por um conjunto de edificações relativa.
mente pequenas, que, combinadas, criavam uma presença arquitetôni-
ca equivalente à de uma praça palaciana. Por meio de eixos e vistas, o
square se tornaria o contraponto burguês representando, para os seto-
res enriquecidos mais recentemente, um análogo do poder e do presti-
gio social aristocráticos. A Piazza Grande de Livorno foi uma das inspi-
rações do projeto do Covent Garden, que reproduziu em seu layout
uma igreja como elemento dominante, como a matriz italiana (figura
31b),
Em 1661, para gerar renda e salvar o empreendimento da falência,
foi introduzido um mercado no centro da praça (figura 32). Com o de-
senvolvimento do comércio, a área superou a crise financeira, populari-
2ou-se é tornou-se um endereço desejável para a elite e os artistas. No
final do século XVI, já havia dois teatros na praça.
Ê Em Pouco tempo, o square estabeleceu-se como alternativa de ha-
o cane na pre cmi da
os fara di sges (um quadrado) de Paris, os squares, defini-
a "quitetura regular e uniforme, eram separados do sistema
iário e do tecido urbano existente. O acesso for
rmal às residências era
feito pelas ruas em volta do square, a
ea circulação de carruagens, cava-
31h, Piazza Grande de Livorno: modelo renascentista que serviu de inspiração para o Covent
31a. Covent Garden: a primeira piozza renascentista da Inglaterra, projetada pelo arquiteto
Garden. Desenho de Elhert Peets
Inigo Jones em 1631. Uma “praça” arquitetônica palaciana criada por um agrupamento de
construções relativamente pequenas. À igreja dominando a praça. como uma réplica da Piazza
Grande de Livorno (c 1600)
Figuras 3a e 31b. Covent Garden, Londres, e Piazza Grande, de Livorno. i
Mercado
Figura 32. Covent Garden, gravura de Thomas Bowles, 1751.
Múltiplos usos: habitação, mercado e ateliês. Havia dois teatros na praça, Acessos articulados
ao sistema de circulação viária da cidade. Cinco ruas chegam à praça,
Mercado introduzido em 1661. O uso comercial seria banido de squores residenciais subse-
quentes inspirados ma Place des Vosges de Paris.
los, mercadorias e serviçais dava-se por mei
io de vielas particulares ni ja
fundos. À partir de 1660, com a construç; a o
ão de St. James Square e Blooms-
bury Square, os squares residenciais proliferam em Londres, é esse t:
ease ter
mo passa à ser amplamente utilizado. O centro do square, pavimentado
ou ajardinado no estilo clássico, geralmente era cercado e destinado 40
uso exclusivo dos moradores que possuiam chaves. O primeiro square
com jardim central fechado e privativo foi o Kings Square (o atual Soho
Square), implantado em 1681
No final do século XVII, os jardins centrais no estilo
paisagístico",
em voga naquele momento, tornaram-se requisitos essenciais ao su-
cesso dos squares. Decretos do Parlamento de 1766 e 1774 permitiam
que os administradores primeiramente de Berkeley Square e depois de
Grosnover Square aumentassem as contribuições para custear os cui-
dados com à grama € as árvores O Bedford Square, de arquitetura uni-
forme e jardim central privativo com enormes plátanos, foi implantado
entre 1775 é 1784 (figura 33). Para Laurie, os jardins dos squares eram
“simbolos do campo, cuidadosamente emoldurados, representando à
aceitação cautelosa da natureza na cidade A porção desejável de na-
tureza dos pequenos squares se ampliaria para paisagens mais exten-
sas, delimitadas por novas formas de arquitetura, como crescents e ter-
race houses. Com a expansão, os squares residenciais romperiam os
limites da arquitetura e se transformariam em parques públicos.
Em meados do século XIX, a moda do square residencial ajardinado
estava estabelecida, e as qualidades salutares do verde urbano eram
|"25 Já era item importante no urbanis-
je Haussmann, propiciando conforto
K dia Ta
Jardins na centro das squares
Viela
exaltadas pela "quimica moderna
mo anglo-saxão, como na Paris d
ambiental e redução da densidade excessiva de edificações, mas tam-
bém populacional, Figura 33. Bedford Square, 1775.
Arvores foram introduzidas nos squares residenciais a partir do terceiro quarte! do século Xl
estabelecendo 3 mada dos jardins “pusagsticos no centro dos squares.
Squares não são praças propriamente ditas. Sã jardins ou pequenos parques cercados e dei-
mitados por arquitetura nos quatro lados. Desse modelo surgiram crescents e circus, recintos
espaciais de forma geométrica semicircular ou circular, voltados para um jardim central.
* Michael Laurie, Am Introduction to Landscape Architecture (2: ed, Nova York: Elevir, 1988)
pp. 88-50,
*» Spiro Kostof, The City Assembled: the Elements of Urban form through History ct. p. 165.
Fato de que o square, uma invenção do século
enfatiza 0 e ente dita, mas um jardim ou pequeno
porções nos quatro lados
és contemporâneo, em artigo no qual
praças em São Paulo, destaca as dife-
ado, Covent Garden
uma pio tatiana
E multi «limitado por construç
ra, fusos multi parque delimita ne
E peter Burke, historiador tua
exalta o uso € à necessidade
sé a
o culturais entre ingleses e latino
não é uma praça
rent
Completamente diferentes da piazza italiana, os squares londrinos são
"ompletamente di o
A sdes cercadas de residências particulares. [.] Não é uma insti-
erdes cer
a Itália, nem é um lugar para passear,
ilhas va
bica, como É o caso d
24 Bestorá Square, ex- tuição pública, es á
it rsdena tomar café, encontrar amigos ou apresentar-se em público. [-] A ch
Eca té do qa 0 vento tomam tudo isso virtualmente impossivel - com alguma
a duda do amor inglês à pivaidade, tão diferente da concepção iai
na da vida como teatro. Clima e cultura, o contraste entre Inglaterra €
Itália é por si sô evidente”
Delimitado e definido pela arquitetura uniforme e simétrica sobre ar-
cadas, o Covent Garden constitui a única praça “italiana” multifuncional
de Londres. Além de ter levado à instalação de um mercado no espaço da
PE gs praça, sua implantação é articulada 30 sistema viário da cidade, Os squo-
gene e res residenciais subsequentes, embora adotassem a arquitetura uniforme
Ca a para delimitar e definir a praça, não apenas excluiram seu uso comercial
ines como também procuraram desenvolver uma implantação separada do
tráfego das ruas, em evidente aproximação ao layout da Place des Vos-
ges. O jardim no centro da praça, acessivel apenas aos moradores em
volt, enfatizou o caráter residencial e exclusivo do square: Com a valo-
ação do espaço aberto e do verde nas cidades do século XIX, os jardins
da place e do square ri nfundindo-se
plocee “quare ganhariam destaque e autonomia, cor ir
Com à própria praça e tornando- ndente de ruase
E : 'do-se uma entidade indepe!
Figuras 343, 34b e 34€. Comparação: Covent Garden, Bedford Square e Place e 340.
des Vosges. TEM. lamas, Morologi Urtana
= Formas semelhantes, mas funções distintas, Peter Burke" fala que uma woe ESSO da cidade, it, p. 198.
Folha de Soul Praça faz. São Paulo preci a ,
o Caderno Mai, São Palo, 27-40 n Pe cs de um oásis de sociabilidade” em
avenidas
radiais
no bosque
Figura 36. Blenheim, Inglaterra: primeiro momento, 1705.
Projeto original de Henry Wise e sir John Vanbrugh. |
Observar: acesso central retilino, parteres próximos à arquitetura e avenidas radiais na bosque
porterres
acesso
central
tetilneo
| Acesso principal
curilinto
Junção dos lagos e
construção da ponte
Remoção do
jardim formal
Figura 37. Blenheim, Inglaterra: segundo momento, 1758-1764.
Projeto de Capaboiity Brown.
Observar:
1. Acesso principal curvlineo.
2 Junção dos lagos é construção da ponte.
E je SF the Sublime and Beautiful, publicado em 1757. De acordo com
urke,
[3 0 sublime era caracterizado por vastidão, soltude é obscuridade;
Objetos ou cenas que o continham geralmente produzitiam medo c
Sominio no observadar. À beleza, por outro lado era associada com
delicadeza, suavidade, variação gradual é linhas flidas*
O termo picturesque teria sido definido por sir Uvedale Price em
Essay on the Picturesque, publicado em 1794, Acrescentadas às cate-
gorias do sublime e do belo, “as paisagens picturesques, representadas
na pintura, apresentariam variedade, confusão, irregularidade, cor
te e surpresa, assim como, o Imente, as qualidades mais nega!
vas, como rusticidade e acidente Para Price, “criar o sublime estaria
acima de nossos poderes"? O termo picturesque sugere “imagem cêni-
ca” e é geralmente traduzido como “pitoresco”, embora a palavra “pie-
tórico”, usada ocasionalmente neste texto, possa sugerir maior ênfase
no seu caráter gráfico.
Antes cia publicação do ensaio de Price, o termo picturesque era
usado geralmente para descrever 0 conjunto do landscape gardening
irregular é naturalista desenvolvido na Inglaterra no século XVII]. O
movimento picturesque poderia ser dividido em três periodos. O pri-
meiro, de 1710 a 1730, seria dominado por filósofos e escritores como
Alexander Pope, e não por jardineiros ou paisagistas; os jardins desse
período, descritos como rococs, combinavam eixos formais barrocos
com caminhos e cursos d'água sinuosos. O segundo período, de 1730 a
1770, seria dominado por obras dos paisagistas William Kent e Capabi-
lity Brown, que traduziam as qualidades do belo - suavidade e perfei-
“ção em gramados bem aparados, riachos de bordas limpas, árvores plan-
«São, em gramados bem aparados, riachos pas, árvores plan:
7 Cymibia Zaltzevely, Frederick Law Omsted an the Boston Bark System (Cambridae: Belknap
Harvard University Press, 1992), p. 25.
* Noidem,
3, Remoção dos jardins formais.
4 Continuidade visual do gramado ao pasto, uso de "ha-has”.
5 Campos “fuidos é agrupamentos informais de vegetação.
30 denso, que circundava a propriegs.
s e em um cinturão
tados mo cimadamente de 1770 a 1818, seria domi.
de O tercro e e, Gilpin e Richard Payne Knight, e pela obra
as d
nado pelas escrt “afastando-se gradualmente dos ideais pai
Repton, que, :
a e transferiria a Enfase de parques para jardins, do
sagisticos ,
“refinado, da escala grande para uma escala menor e dos
ara
caças unificado para os compartimentado E aa
Repton usava um red book, "livro vermelho. P E esentar 0 pro.
jeto a seus clientes. Juntamente com um detalhado rel tório, O projeto
incluia o desenho da situação existente — “antes” - é, virando-se a pá.
gina, o da modificada - “depois” No projeto de Bayham Abbey, a pran-
cha do “depois” lustrava uma paisagem bem elaborada para exprimir a
=natureza” idealizada e “pictórica”: no centro, um pasto contínuo, dei-
mitado por bosques com bordas irregulares, formado por campos sua-
vemente ondulados, salpicados de árvores ora agrupadas, ora isoladas;
o lago teria as margens desbastadas para ampliar os limites visuais e, no
primeiro plano, substituindo o cultivo geometrizado, um campo ador-
nado por animais “selvagens” protegidos de predadores (figura 38).
LANDSCAPE ARCHITECTURE: PAISAGISMO OU ARQUITETURA PAISAGISTICAZ
Diferentemente das idéias de belo ou sublime imbuiídas na palavra
land'scape, o termo “paisagem”, em português, é mais antigo e tem um
sentido territorial bem mais amplo, o que faz com que a explicação (em
aula) do significado de “paisagismo” como derivação de landscapeseja
demeee um desafio. A palavra “paisagem”, como seu correspondente
Elcio Possui “um sentido de nação e identidade cultural
Rir E E € também refletida no uso do termo inglés country
? nação como aquilo que não é a cidade
* James Corner (
ep BN Reconering tonascape: Essoys in Contemporamy Landscape Ariete
A expressão "arquitetura paisagística” é
que, em vez de ampliar, reduz o escopo t
paisagem € obscurece a discussão sobre
+ Portanto, um anglicismo
anto da arquitetura como da
O desenvolvimento da lands-
cape architecture no desenho e na paisagem das cidad
es
PARQUES NA CIDADE
Frevenice L. OtmsrtD, CentRaL Pak, Nova York (1857),
Prospect Park, Brook, NY (1865) É
Landscape architect, como palavra e categoria profissional, foi uma
expressão cunhadia por Frederick L. Olmsted (1822-1903) na ocasião da
criação da Central Park (1857-1858) em Nova York. Olmisted teria “in-
ventado” a expressão e o seu designio para, ao mesmo tempo, dissimu-
lar sua falta'de formação acadêmica especifica e valorizar sua forma-
ção humanística, consolidada em experiências diversificadas de
agricultura (fracassada) e navegação (inapta), em viagens à Ásia e à
Europa e no trabalho de escritor. Como articulista é correspondente,
Olmsted exercia sua "tendência natural de análise, reflexão e formula
ção de soluções para problemas sociais" e expunha idéias antiescrava-
gistas de modo "consistentemente compassivo, independente, analítico
e prático”s
A desenvoltura de Olmsted como escritor e pensador e sua família-
ridade com o movimento Pieturesque e com os parques ingleses e eu-
ropeus, principalmente o de Birkenhead (figura 39), cidade próxima a
Liverpool, impressionaram Charles W. Elliott, influente membro da co-
missão de projeto do Central Park. Elliott sugeriu que Olmsted concor-
resse ao disputadíssimo posto de superintendente, que administraria a
construção do futuro parque. Olmsted venceu os concorrentes e ocu-
pou o cargo, com algumas interrupções, até 1878.
o York:
TE a imataga Amin: om “pratico” Mion Vis of Cirino
Bulfinch, 1995), p. 43,
Habitações
e A
Pane
Acesso
Figura 39. Birkenhead Park (Birkenhead), Inglaterra, 1843.
Projeto de Joseph Paston.
Projeto combinando loteamento « parque público.
Sem mansões nem palácios como referência: desenho sem pantos focais nem eixos dominan-
tes. Perspectivas multidireionais. Layout geral segue o tradicional londscope garden design. O
caminhamento periférico, característica também do jardim chinês, valoriza 0 ato de passear e
as mudanças visuais. À água, num destaque menor em relação aos fandscope gordens, é conti
da por bordas elaboradas, como nos jardins chineses e japoneses.
Observar:
1. Parque delimitado por ruas retilineas articuladas com o sistema devias da cidade, e constru-
ções variadas, como habitações isoladas, agrupadas ou em blocos.
| 2. Ruas internas curvilneas conectadas com o exterior. O parque é atravessado por uma tus
continua.
3. Hierarquia de vias para tráfego em geral é exclusivas para o usa do pedestre.
4. Acesso às habitações pelas ruas perimetrais.
5. Visibilidade pública limitada pela arquitetura,
E Acesso ao parque por tuas de penetração « caminhos intermediários.
Acesso
Campos organizados
Cultivo
Parque natural
Parque
Figura 38. Bayham Abbey, Kent. Inglaterra.
Antes e depois, de acordo com 0 “red book” de Humphrey Regton, na final do século XVI
Humphrey Repton (1752-1618) procurou perpetuar os principios “paisagsticos” de Capabil
Brown, em Sketches and Hints on Landscape Gardening, publicado em 1795.
De acordo com Jellicoe, no projeto de Bayham Abbey 0 red book continha uma cuidadosa
análise do lugar antes de serem propostas as alterações, que incluiam a implantação e o esti
arquitetônico do futuro convento (canto direito do desenho). Para Repton, na paisagem de
Bayham Abbey, "o caráter deveria ser de grandeza e durabilidade, o parque deveria ser uma
floresta, a propriedade, um domínio, « a casa, um alácio"*
E Geolrey Jelço Susan Jelicoe, The Landscope of Mon: Shopina the Environments from
Preistory to the reset Doy e rev. Nova Von: Thames and Hudson, 1982), 246.
so para à escolha do projeto do Cen.
relutância, por causa de seu cargo de
“o parque, Olmsted aceitou o convite do arquiteto ingês
administrador do PE envolveram o plano vencedor, Greenward
so Po ça laterra em 1850 para trabalhar em Nova York com
Vaux pi a ig (1815-1852), renomado paisagista da escola
fig ir Estados Unidos « um dos primeiros defensores dos
parqõs públicos nas cidades americanas. Com a morte de Downing,
em 1852, Vaux assumiu O escril
paisagismo e à
Em 1857, foi aberto um concu
tral Park (figura 40). Após alguna
profissional de sua luta pelos parques públicos.
Se Olmsted era
ricanos,
ca. Ele acreditava que o landscape garder
ção de uma sociedade forte, vinculada à permanência no lugar, e a
deter à tendência destrutiva dos continuos avanços e ocupações de
novos territórios. Sua idéia de que um grande parque público, nos mol-
des do Birkenhead Park da Inglaterra, poderia, além de trazer benefícios.
ivilizar e refinar o caráter nacional, fo-
econômicos, contribuir para *
mentar o amor pela beleza rural e aumentar o conhecimento e o gosto
por árvores e plantas raras e belas”, exerceu grande influência não ape-
nas sobre Olmsted e Vaux, mas também na decisão da cidade de Nova
York de construir o Central Park.
A Nova York de 1850, a exemplo das grandes cidades industriais da
época, como Manchester, Londres ou mesmo Paris, era suja, barulhenta
e congestionada; crescia rapidamente apesar das péssimas condições
de moradia e trabalho e era constantemente ameaçada pelo fogo e por
doenças. Desprezivel é assustadora, Nova York era como Thomas Jeffer-
EA o dos founding fathers da nação e de seu “ideal arquitetônico”)
posses e 80 etea à mo dei
€ ela pairava ainda outra ameaça: a dos imi-
7 Michael a E
el Lari, An Itroduetion to Lardscupe Aritecture, ct, p. 79.
tório, dando continuidade a seu trabalho
considerado o “pai” dos parques urbanos norte-ame-
Downing seria o mentor da landscape architecture na Améri.
ning poderia ajudar na forma-
mo
O ma ma ENE SAS
gar E
PEIN TA
Figura 40. Central Park (Nova York), 1858.
Projeto de Frederick L. Olmsted e Calvet Vaux.
Central Park, um grande retângulo inserido: na malha quadriculada da cidade:
Dividido em dois setores por um grande reservatório de água. Quatro ruas rebaixadas cruzam o
parque. Separação de vias de tráfego « criação de camin
viadutos e passarelas. Hierarquia de vias internas
continuos de passeio por meio de
as perimetrais para veículos e carruagens,
pistas mais reservadas para andar a cavalo e caminhos para pedestres Acesso pelas esquinas e
por ruas laterais, com entradas espaçadas. Grande visibilidade da cidade: atém do grande peri-
metro delimitado por avenidas e tuas, o parque é foco visual de 5 tuas de cada lado, e de
quatro avenidas ao redor da parque.
Reservatórios e lagos dominam o centro do parque. Limitações da forma do parque: há poucos
verdes abertos ou campos gramados para converter a idéia do jardim/parque romântico inglês
“e do espirito rural isolado da cidade
grantes, vistos como “cortuptores da pureza e da harmonia racial da
deaqReS je a 1850, Nova York passou por dois grandes incên-
e pi ias de cólera, €, a partir de 1840, sua situação social
agravada pela presença maciça de imigrantes famintos (e católi-
sa da Irlanda. A questão da saúde pública, exacerbada por essas epi-
Ea sa foi decisiva para a aquisição de uma grande área à
' um parque e descongestionar a cidade, Quanto à inte-
gração do imigrante, a “americanização” lhe seria instruida através do
contato direto com à natureza e com seus social superiors pelos recan-
tos bucólicos do parque.
- Laurie argumenta que o tamanho dos. parques públicos urbanos da
paca não tinha relação direta com a gravidade dos problemas urba-
"Os, € sim com o estilo do landscape garden, expansivo e cenográfico,
| Pensado e elaborado para grandes propriedades particulares. No entan-
to, sua configuração informal, natural, romântica e pictórica, elab
da seguindo as teorias estéticas do século XVII, passaria a representar o
ideal desejado do século XIX* O grande parque público urbano passou a
ser a resposta lógica às condições ambientais degradantes das cidades
industriais bem como um componente do planejamento das cidades do
século XIX, destacando-se tanto no plano de Haussmann para Paris
(1850-1870) como na "Declaração Ministerial de 1873 para que Tóquio
e todas as cidades japonesas designassem áreas adequadas para par-
ques"
De acordo com Hall, Vaux e Olmsted criaram landscape architecture
combinando a arte do projeto do primeiro e a arte da gestão do segun-
do. No projeto do Central Park, Vaux, com sua formação de arquiteto e
experiência em projetos paisagísticos, teria feito os desenhos e defen-
dido os principios estéticos e artísticos, enquanto Olmsted, com sua
= Peter Hal, Olties of Tomorrow: an Intelectual History of Urban Plonning and Design in the
Tiventieth Century (1988) (Onford: Blackmel, 1983), p. 35 (iradução nossa)
* “Michel Laurie, An Introduction fo Landscape Architecture ci, p. 79.
vw Spiro Kostof, The City Assembled: the Elements of Urban Form Through History (102), cit,
pio,
«os “rudimentos da agricultura cientifica”, teria es
o de engenharia é administração. Guardadas as dj.
a profícua colaboração entre Olmsted e Vauy
(sociedade desfeita em 1872) produziu inúmeros projetos de parques,
socieda -
mpi acadêmicos € loteamentos residenciais.
E ovamente Olmsted para projetarem jun-
tosa Prospect Park do Brooktyn (Nova York). Esse parque abrangia apro.
ximadamente 2 milhões de metros quadrados e tinha forma de pentá-
gono, contrapondo-se ao retângulo estreito do Central Park. O terreno
possibilitou aos autores criar grandes lagos, extensos prados € variados
femonstrando técnicas aprimoradas e a idéia
visão h e
pondido às questões d
ferenças de formal
parkways, co
Em 1865, Vaux convidaria n
agrupamentos de árvores, di ;
integra de um grande parque rural na cidade. Como parque “pictórico,
o Prospect Park (figura 41) é considerado "academicamente um clássico”
O Prospect Park marcou de fato o início dos anos mais produtivos e
sólidos de Olmsted como landscape architect, que se estenderiam até
1895 (Olmsted faleceria em 1903). No interregno entre Central Park
(1857) e o Prospect Park (1865-1866), três experiências destacaram-se
em sua formação.
Em 1859, durante à construção do Central Park, Olmsted viajou à
Europa. Em Paris, ele se encontrou com Jean C. A. Alphand, * engenhei-
fo e paisagista, responsável pelos projetos de parques e praças e pela
is das avenidas do plano traçado pelo barão Haussmann. Com
Iphand, Olmsted teria estudado os projetos do Bois de Boulogne e do
Bois de Vincennes, o plantio dos parques e dos bulevares da cidade e
* Geoffrey Jeilicoe E Susan |
Prehiston to the Present
Jean Charles Adoighe Ai
engenheiro de “Pons et
hand nasceu em
nossa eu em Grenoble em 1617 é faleceu em Paris em tê. ta
pos ln pl ad Pd der de
intations de la Ville de Paris ont oa falho de "Sennces des Promenade
assumia 6 posta de "gras eq ai tarde, engenhero-chefe e diretos Em 18
NR, ris”; em 1878 assumiria também o senvço de
Eu Egout Perman
sua monte (TâNSSt No cargo de diretor de Obras da cidade de Paio at 189 asa de
Centro
Figura 43. Sistema de Parques de Boston, de 1876 a 1890.
Projeto de F.L Olmsted com a colaboração de John Olmsted e Charles Eliot.
Parques e parkways desenvolvidos gradualmente de 1878 a 1890 para “orientar a expansão da
cidade e a densidade, influenciar a economia, melhorar a saúde e saneamento, é embelezar o
ambiente urban
Um continuum de parques e vias de ligação partindo do centro da cidade é do rio Chares,
Muddyem direção à sua nascente, no sentido anti-horário. Os parques: Back Bay
ver Improvement, Jamaica Pond, Arnoiá Arboretum e Franklin Park. Entre eles
way, Riverway, Jamaicaway e Arborway.
Back Bay Fers: controle de inunde
Jamaica Pond: a grande lago de água doce da cid
“var séu caráter natural e melhorar os-acssos públicos.
Arnold Arboretum (1878): jardim botânico picturesque.
Franklin Park: grande parque tal, destinação fina da sequência de parques.
TT Alex Krieger Et Lisa Green, Post Future. Two Centuries of Imogining Boston (Cambridge: Har-
vard University Graduate School of Design, 1985) p. 35;
cinco parques interligados por quatro parkways, numa seqiência que
se iniciaria junto ao rio Charles e acompanharia o rio Muddy em dire-
ão à sua nascente. Os parques receberam os nomes de Back Bay Fen,
Muddy River Improvement, Jamaica Pond, Arnold Arboretum e Franidin
Park; e, entre eles, os parkways, chamados de Fenway, Riverway, Jamai-
caway e Arborway. Do Back Bay Fens em diante seguia a Commonweal-
th Avenue, um amplo bulevar no estilo parisiense, até o Common e O
Public Garden, as principais áreas verdes do centro da cidade.
Os parques e porkways formavam um grande arco que ligava o cen-
tro da cidade ao “distante” Franklin Park, parque rural de grandes pro-
porções. À sequência, iniciada com o Back Bay Fens, o Muddy River
improvement e 0 Jamaica Pond, como os nomes fens, river e pond (bre-
jo, rio e lago) sugeriam, seria dominada pela água e, a seguir, com o
Arnold Arboretum e o Franklin Park, por grandes superfícies de terra e
massas de vegetação.
O Back Bay Fens pertencia originalmente ao imenso estuário forma-
do pelos rios Stoney Brook, Muddy e Charles, que ali desaguavam, já
próximo do porto de Boston. Com os sucessivos aterros e a implantação
do elegante bairro de Back Bay Development, o estuário foi gradual-
mente se reduzindo e transformando-se em uma área de despejo. Além
de receber toda espécie de dejetos da cidade, o Back Bay era inundado
pelas marés altas e, nas marés baixas, os entulhos ficavam expostos e
um forte fedor empestava o local. Com a diminuição da área do man-
gue, na época das chuvas o rio Muddy transbordava e as enchentes
alastravam-se até as proximidades do Jamaica Pond: A questão do Back
Bay, apresentada a Olmsted em 1878, era fundamentalmente de sanea-
mento e de controle de inundação. Um de seus principais objetivos era
a preservação e a valorização dos projetos imobiliários implantados.
Para o controle das águas, Olmsted propôs uma série de comportas a
jusante, para regularizar as marés, e desvios do rio Muddy a montante,
na altura do Jamaica Pond, para a rio Charles. Os parques, desenhados
de acordo com à estética picturesque, teriam sinuosos cursos dágua
ção, melhoramento sanitário e parque com águas salgadas
Muddy River Improvement, em duas partes: controle de inundação, melhoramento sanitário «
garque por meio de uma sequência de lagos de água doce, vegetação nativa e claeras.
+ Com pequenas intervenções para preser-
|º, “natural” e artificial”, “suavidade” é “rigidez”, pe
entre parque e cidade, antídoto e veneno, bem
doção de dimensões simbólicas sobre critérios
“informal” e “forma
forçando a polarização
e mal, € priorizaria a a
racionais de projeto. , |
Kostof aponta essa distorção, observando que o tecido orgânico que,
na Antiguidade é na Idade Média, integrava ricos e pobres passaria aser
excludente no subúrbio moderno, “perversamente insistente na men-
sagem antiurbana enraizada nos méritos da baixa densidade e da pree-
minência social da casa unifamiliar isolada”'* O subúrbio picturesque
seria considerado superior à cidade. Para Kunstler, com base na
[.) superioridade das paisagens compostas “ruralescas! € na “incurabi-
lidade” do urbanismo adequado, a América embarcou no projeto de
suburbanização por atacado, um processo que ainda continua for-
mando realmente a base da nossa economia do milênio.”
“O Sistema de Parques de Boston, desenvolvido gradualmente a par-
tir de 1876 até 1890, compreendia mais de 8 milhões de metros qua-
dirados de área “verde” pública (figura 43). Em 1876, contando com à
assistência de Olmsted, a Prefeitura de Boston apresentou uma propos-
ta de parques e parkways como instrumentos de planejamento urbano
mem ortentar à expansão da cidade e a densidade, influenciar a econo-
ta, melhorar a saúde e o saneamento, e embelezar o ambiente urba-
a a a Oimsted era uma linha continua de parques
i E
od ndo do centro da cidade. O plano, denominado
necido como Erro à EXECUÇÃO iniciada em 1878. O conjunto, co
erald Necklace (colar de esmeraldas), consistia em
CEE
a Pop “bon Patterns and Meoning E Sá
ra ler The City 7
2009), Mind:
a Ae age Potes on the Urban Conditions (Nova York: The free Pres.
Usa Green, Post Fy
fue: Two Cemturis of Imogining Basto it. q. 35º
como elementos centrais e porkways como contornos externos e fun-
cionariam como áreas de retenção de águas pluviais. O Back Bay Fens
seria “recuperado” como estuário, replantado com vegetação adaptada
tanto para à flutuação da água do mar, mantendo a oxigenação dos
lagos, como da água das chuvas. Nos temporais, a superficie coberta
pela água aumentaria para quase 70% da área, passando de 120 mil
metros quadrados para 200 mil metros quadrados. O Muddy River Im-
provement, assim como o Back Bay, era também um projeto de melho-
ramento sanitário. Contralando a vazão do rio Muddy, Olmsted propôs
recuperar o curso natural do rio por meio de uma sequência de lagos de
“água doce, vegetação nativa e clareiras. No Jamaica Pond, o único grande
lago de água doce da cidade, usado para produção de gelo e recreação,
foram introduzidas pequenas intervenções a fim de preservar seu cará-
ter natural e melhorar os acessos públicos.
O Arnold Arboretum (1879) e o Franklin Park (1885) seriam agrega-
dos ao Emerald Necklace. O Arboretum abrigaria coleções de árvores da
região temperada do nordeste americano para finalidades cientificas é
picturesques, sem a rigidez nem a formalidade dos jardins botânicos
convencionais. O Franklin Park, destinação final do roteiro dos parques,
cuja localização fora recomendada por Olmsted em 1876, seria um gran-
de parque rural (figura 44). De tamanho e formato similares aos do
Prospect Park, o projeto trazia inovações formais para acomodar ativi-
dades esportivas que se popularizavam e demandavam mais espaços.
Pela primeira vez, Olmsted dividiu o parque em dois setores distintos:
uma parte menor, de aproximadamente um terço da área, chamada de
Ante-Park, seria dividida em várias subáreas para acomodar atividades
esportivas e recreacionais, e uma parte maior, o Country Park, seria
mantida sem divisões, para possibilitar a contemplação do cenário
natural,
Os elementos centrais do Ante-Park eram o Greeting, uma grande
alameda formal - como o Mall no Central Park -, destinada a passeios e
encontros, e o Playstead, extensa área nivelada e gramada, reservada
Country Parte
Ante-Part
Figura 44, Franklin Park, Boston, 1890.
Projeto de E. L Dlmsted com a colaboração de John Olmsted.
dução de atividades.
Dois setores distintos: o Ante-Park, menor, do lado da cidade, dividido em várias subáreas para
atividades esportivas e recreacionais.
O Country Part, maior, sem divisões, para a contemplação do cenário natural. Vegetação na
va; gramado suavemente ondulado. Bosques para impedir a visão da cidade.
Sistema viário: grande circuito periférico lembrando Birkenhead. Contraste com o Central Park,
que está inserido no centro da cidade. Contraste com o Prospect Park, que é mais picturesque,
ou recortado, com subáreas mais definidas.
Muddy River Improvement têm sido a sedimen
da água e a falta de manutenção. O Jamaica
chamado de Olmsted Park em 1900, sofreu pou
tinua sendo bastante usado para canoagem, p
O Arnold Arboretum, d E
a pao serrana tão e mus
vado O sistema viário e à vegetação. Do Emeratd Masai E Corsr=
Park, maior e mais "importante" pá do e fo É e
tico. O confito de interesses € 0 uso excessivo cêm ago ds on rdo
i ; sivo têm sido as principais
causas dos desvios do projeto original. Desde o início, o Playstead se
desgastava pelo uso, O zoológico demandava mais espaço e os golfistas
praticavam no gramado central. Os problemas trazidos pelo século XX
incluiram a construção de um estádio, o aumento do tráfego de auto-
móveis e a manutenção geral precária, agravados pela localização dis-
tante do centro e de bairros residenciais densos (figura 45). O Franklin
Park era superusado com propósitos para os quais não fora projetado e
subutilizado para a recreação passiva e a contemplação da paisagem
pretendidas por Olmsted. Zaitzevsky destaca o fato de que, em vez de
criar um significado simbólico para Boston, como o Common, o Frank-
lin Park desenvolveu uma imagem negativa: era percebido como lugar
remoto e perigoso, pertencente mais à comunidade “negra” do que à
cidade como um todo.”
O sistema de parques de Boston, considerado um n dos trabalhos mais
importantes de paisagismo, planejamento urbano e regional do século
“3X, exemplo da maturidade profissional de Olmsted, aproximou O par
“que da cidade, Inovações de projeto introduzidas por Olmsted - como à
integração das engenharias sanitária, hidráulica e civil com O desenho
de parques, a transformação de córregos € fundos de vale em corredo-
res verdes e azuis, a ligação do centro da cidade ao parque rural através
de parkways, o verde circundando a cidade, à utilização de marés e
tação, à contaminação
Pond, que passou à ser
cas modificações e con-
esca e jogging.
mia Zatch, Frederick Lav Omsted on he sto Pak System, ts pb.
air é mais importante parque do sistema. Parque “de fato”, na definição de Olmsted Carac-
terizado por maturidade técnica e aproximação da paisagem “simples e pastori” inglesa Intro-
ortes. Articulados aos elementos centrais, haveria um
tos, um parque para cervos, um bosque reserva-
de pa aolóico, um playground para crianças pequenas e um campo
ativo. O Country Park seria o parque “correto”, usado somente para
o, O elemento central era um extenso vale gramado (12
sortemplação ), contornado por bosques e pequenas
Ô ômetros)
quilômetros por 1,6 quilôm r
deições + uma via de circulação curvilinea continua. No grande cam-
po, não haveria construções nem atividades esportivas; nas bordas, a
vegetação utilizada seria nativa, € o gramado, suavemente ondulado,
conforme à topografia natural, seria aparado preferencialmente por
carneiros. Embora comparável à do Prospect Park em tamanho e forma,
à estruturação viária do Country Park estaria mais próxima do Birke-
nhead, e à “naturalidade” dos espaços tomaria como modelo os “jar-
dins* pastoris de Capability Brown e as paisagens rurais inglesas, princi-
pal fonte de inspiração de Olmsted.
Em 1891, a partir do sistema de parques iniciado por Olmsted e com
o esforço de Charles Eliot, discipulo e colaborador, foi criada a Metro-
politan Park Commission de Boston e o primeiro sistema metropolitano
de parques da América. Em 1894, Olmsted, Olmsted Jr, e Eliot prepara-
ramo Plano Esquemático de Reservas Públicas nas Margens do Rio Char-
les, imprimindo pela primeira vez uma perspectiva regional a um par-
que continuo ao longo do rio, com áreas marginais a montante e nas
bordas nã cidade.
E Peba de Back Bay Fens foi concluído em 1895, po-
A , apenas quinze anos. Em 1910, o rio Charles foi re-
presado a jusante, impedindo o refluxo da à E
postos, o que invalidava todo o projeto. O eos Reis Eden
º Projeto. O escritório de Olmsted (John
Olmsted, Olmsted Jr e A,
| : é Arthur Shurtleff) te
refazer O parque, mas não obra ff) tentou convencer a cidade à
abandonado. Do projeto de Olm:
Gerais, duas pontes, uma edifi
alterações no projeto original
para jogos e esp!
anfiteatro para concer
Isted, pouco restou além dos contornos
(cação e algumas árvores. Sem grandes
95 maiores problemas encontrados no
Centro
Figura 45. Franklin Park: localização.
Proposta de Inner and Quter Boulevors de Boston, 1907, preparada pela Boston Society of
Architects.
Obsenar:
1: "Anéis concêntricos” de tulevares no planejamento urbano do início do século 0
2. Brookline,Roxbury e Forest Hils: administrações regionais que compõem o primeiro sistema.
de parques de Boston. O Franklin Park está localizado em Roxbury, bairro de população predo-
minantemente “negra” na segunda metade do século XX.
3, A distância € a barreira topográfica entre o Franklin Park e o centro de Boston. Situação
radicalmente oposta à do Central Par, que está inserido no centro da malha urbana de Man-
hattan.
4,A tendência de desenvolvimento em direção a Cambridge, ao longo do rio Charles, o condu-
tor do futuro Plano Metropolitano de Parques.
enchentes como critérios de desenho de lagos é cursos d'água, e a res-
tituição de mangues é de cursos de rio - continuam válidas após um
século e são freqUentemente adotadas como paradigmas na criação de
ambientes ecologicamente mais sensíveis à integração dos processos
naturais e culturais. A transformação de rios e vales em corredores e
parques possibilitou romper os limites político-administrativos do mu-
nicipio e integrar a região ao sistema de áreas verdes. Entretanto, à
aproximação dos parques à cidade não se concretizou, pela ausência de
integração com o tecido urbano, e os avanços técnicos revelaram-se
insuficientes para enfrentar a complexidade dos problemas urbanos
“modernos”, como "escalas" dos processos naturais e interesses socioe-
conômicos e políticos. Os desajustes atuais no sistema de parques de
Boston mostram, além da questão multiescalar do planejamento, a ar-
raigada atitude anticidade que originou o movimento dos parques, como,
por exemplo:
1, O sistema de parques de Boston era um parkwoy, como Olmsted
designara, e não uma "rede" articulada de parques de tamanhos
variados em localizações diversas, que O termo “sistema” implica-
ria. Dentro da concepção olmstediana, o Franklin Park seria o único
parque do sistema, isto é, um espaço público usado exclusiva-
mente para a apreciação do cenário natural; o Arnold Arboretum
seria um “museu” de árvores; e o restante, uma série de lagos é
meandros ladeados por paisagens e vias picturesques para con-
trolar as enchentes. Sem múltiplos acessos nem articulações en-
tre o parque e a cidade, o sistema de “parques” de Boston enfati-
zou apenas O percurso cidade-campo, isto é, a experiência do
escape
2. O Back Bay Fens e a primeira metade a jusante do Muddy River
Improvement, formando o segmento mais estreito do sistema e
«ão das áreas aterradas. Além da integração da
aq isagismo, O contorno picturesque do con-
a Ocupação ganânciosa do grande estuário
co" do estuário de Fens, engenhoso e criatio,
simbólicas e passageiras diante do “ne-
presamento do rio Charles, que eliminou
MURO das marés?” O Muddy River improvement seria um cur-
ua doce criado artificialmente sobre o mangue salgado
aa pluviais e conectar o porkmay 30 Back Bay
Fen. A “ecologia” recriada de Back Bay Fens e do Muddy River
Improvement não resistiu às intervenções realizadas no hierar-
quicamente dominante rio Charles, e o design das águas aproxi-
mou-se mais da construção de uma unidade visual pictórica do
que da restituição da natureza
Apesar da introdução de atividades esportivas e recreacionais, o
Franklin Park era predominantemente um parque “rural” destina-
do à contemplação cênica, como Olmsted idealizou. Geralmente
reconhecido como O terceiro, depois do Central Park e do Pros-
pect Park, do trio de grandes parques de Olmsted, o Franklin re-
presentaria, alêm da maturidade técnica de Olmsted, uma apro-
ximação maior da paisagem “simples” e inglesa. Seu filho John
Charles teria declarado em 1905 que 0 Franklin Park era “prova-
Velmente- o melhor trabalho de Olmsted”, onde “a topografia, os
contornos e as árvores não apenas permitiram projetar paisagens
Age possibilitaram, com moderada tera-
tes permitidos em um ode mio see
o Pardini dogs oo RS ota jçãO
Parques, um “passivo” e outro “ativo”,
mover
engenharia com o
junto revela també
O restauro “ecológi
teria apenas dimensões
cessário é inevitável” rej
para reter as águas
aquele situado mais próximo da cidade, ocupavam apenias uma
porção infima do grande estuário. Foram transformados em par-
que essencialmente para melhorar as condições sanitárias e pro-.
não impediu que o grande "gramado" d
formasse em um campo de golfe, ond
desde 1905.
Além da questão dos conflitos de uso e d
do século XIX às demandas do século xx,
ainda questões de imagem negativa e man
em parte da localização distante da cidad
com o tecido urbano (figura 46). Ao con!
envolvido por uma Nova York populosa, densa é diversificada, desem-
penhou o papel de integração de todas as classes Sociais preconizada
por Olmsted, o Franklin Park permaneceria isolado e afastado de Bos.
ton, circundado por bairros residenciais caracterizados por "dois lados
predominantemente 'negros' de classe média e média baixa, e um lado
de “brancos! de classe média"? Aqui a questão racial, relevante para à
sociedade norte-americana e para o tecido urbano de Boston, refere-se
apenas à "imagem percebida" do Franklin Park, embora na década de
1960 as reações contra a integração racial nas escolas tenham provoca-
do violentos distúrbios na cidade, e, em 1985, os eleitores "negros" te-
nham chegado a propor um referendum (derrotado) para separar Rox-
bury, a região administrativa em que o parque se localiza, de Boston,
rebatizando-a como “Mandela”. O Franklin Park e a segregação social e
étnica seguiram a mesma lógica do terreno barato. Como comparação,
desde o início, o Central Park de Nova York estava na "cidade" e o Franklin
Park, fora dela. H
A prescrição do saneamento e da proteção dos recursos hídricos, a
ser contemplada já no desenho de parques e sistemas de áreas verdes,
inaugurada no parkway de Boston, seria adotada na ocupação dasvár-
2eas do rio Tietê em São Paulo. E isso se deu desde os primeiros planos
integrados da cidade, o Plano de Avenidas, na década de 1930, € 0.
lo Country Park se trans-
€ O esporte era praticado
2 adaptabilidade do design
O Franklin Park enfrentaria
utenção precária, derivadas
le e da falta de articulação
trário do Central Park, que,
fe em dever Altman 4 Enir
elf Mayara, “Urtan Parks Research, Planning and Social Change”,
H. Zube, Public Ploces and Spaces (Nova York: Prenum Press, 1989) p-
Cynthia Zaiterwaky, Frederick
* Nomar E Newtor, aim Usted und the Bostom Pk System cit. p. 58
P-295; tradução informal.
Centro
| Boston
Common
Emeratá
Necklace
|- Franklin
Ss
y EA
o Crrxorsosron
Loenriow arc Ore Spacis
Figura 46. Espaços Abertos Públicos de Boston, 1925.
Elaborado por Arthur Shurtieff e Cidade de Boston.
Preparado por Arthur Shurtleff (mais tarde, Shurciiff) para o Park Department da Prefeitura de
Boston. Mudança do “sistema de parques” para 0 sistema de "espaços abertos”, considerando a
cidade e a distribuição de “parques” de tamanhos e funções variados.
No desenho, estão indicados 164 logradouros.
Observar o Park, distante do centro da cidade (ao norte]. Ao sul do parque, uma área
vazia é dois grandes cemitérios
land: the Development of Landscope Architecture o
também adorna-
praça se formaria
itados ao longo do
ço aberto e se destacar
ura prolongaria as pro-
um prédio de catorze
es, foram cuidado-
px Arts por Jules Guerin,
€ Jules Janin, desenhista
imagens “parisienses” da se-
jamais teve poder equivalente
“implementar em maior profundi-
| a Chicago do século XX. Financiado
“bom design cívico”, porém, não os impediria de
a liberdade individual, nas ordenações propostas,
| das construções e a concentração de atividades,
“imprescindiveis para o comércio e a especulação imobiliária, que, na-
4 'momento, já eram favorecidos pelas inovações tecnológicas, como
“a estrutura metálica leve e os elevadores, que romperiam as limitações
y popularização do automóvel, que estabelecia novos
wergência e dispersão. Embora os projetos de prédios
parte do trabalho de seu escritório de arquitetura, Bur-
aristocrática para príncipes mercantilistas:m
ja, Os arranha-céus ganhariam ainda mais
nt am em simbolos urbanos.
a foi bastante criticado por seu caráter “exclusivamente”
pique ausência de preocupações sociais, o plano de Burnham
propunha uma estrutura urbana que englobava questões de transpor.
e circulação e recreação: Em Chicago, a valorização visual preconizada
pelo City Beautiful não se limitou à criação de centros cívicos neocts-
cjcos é estruturas viárias barrocas; ela promoveu a preservação da pai.
sagem do lago Michigan e a implantação de “parques menores” próxi-
mos das moradias. Evoluindo do modelo de sistema de parques iniciado
em Boston 25 anos antes por Olmsted, o sistema de Chicago, articulado
aos bulevares e avenidas diagonais, estaria integrado simultaneamente
ao Sítio natural e ao tecido urbano e incorporaria os parques pictures-
ques existentes — a sequência de parques e parkways criados às mar-
gens recuperadas do lago Michigan — e os “parques de vizinhança” fo-
mentados pelo Social Reform nos bairros carentes de espaços públicos
abertos.
O Plano de Avenidas de São Paulo, elaborado pelo engenheiro Pres-
tes Maia em 1930, trazia influências de urbanistas europeus e norte-
americanos. Embora tecnicamente mais influenciado pelo Comprehen-
sive City Planning (1929), definido por Nelson Lewis - linha mais
na de planejamento urbano que sucedeu ao
Pano de Chicão e Paulo apresentava várias referências ao
do sistema: io que mile a e o a ampla Ee
viária central (um dos. ie G e ne do
fio Tietê e de uma série de avenidas Ea utiful) ao norte
Central, como as “diagonais” de Chic ap crolodo para a É
iicago. O Plano de Avenidas também
conhecera, uma cidade
jesconsiderou em seu plano
“utópica é nostálgica de uma cid
composto ve granaes parques”, "jardins interiores e playgrounds, e
embelezamento das margens do rio Tietê por meio de parques esporti-
vos e parkways.
A divulgação do Plano de Avenidas de São Paulo também se utiliza-
ria de intensa publicidade, acompanhada de desenhos dramáticos e es-
petaculares, como a perspectiva do "novo" Caetano de Campos e da
“nova" praça da República. O conjunto parecia um civic center norte-
americano imaginado por Burnham: no lugar da "escola norma!” surgi-
ria um edificio neoclássico grandioso com uma alta cúpula no centro,
lembrando o City Hall de São Francisco; à sua frente, no lugar da ajar-
dinada praça da República, haveria uma grande praça cívica, delimita-
da por edifícios “parisienses” de oito andares, simetricamente implan-
tados. No primeiro plano do desenho aparecia uma fonte clássica e,
mais adiante, no centro da praça, um obelisco, como no centro cívico
proposto para Chicago. A remoção do jardin anglais da praça da Repú-
blica, gesto eloquente que lembrava a eliminação do jardim romântico
de Downing no mall de Washington, sugeria a supremacia de uma or-
dem “urbana” comandada pelo sistema viário é o resgate de uma coe-
rência estética baseada na arquitetura clássica, que já compunha a pai-
sagem da área central. A visão do futuro seria essencialmente uma
invenção do passado.
MoviMENTO DOS PARQUES, LANDSCAPE ARCHITECTURE, CHY PLANNING
E ESPÍRITO ANTIURBANO
A partir do Prospect Park (1866-1867) e ao longo dos trinta anos
seguintes, Omsted liderou o "Movimento dos Parques” nos Estados Uni-
dos, estabelecendo as diretrizes para projetos de parques, campi u
versitários, loteamen: enciais e de preservação de belezas natu-
rais. Sua idéia de uma cidade saudável permeada de muito verde exerceu
“grande influência no planejamento urbano do século XX em todo o
mundo. Concebido como um antidoto contra a estressante vida urbana
e reverenciado mais do que à própria cidade, o “verde” de Olmsted sig-
lano urbanístico, acentuando a visão
“do passado que a América nunca
* Peter Hal Clies ar Tamaro,
veth Century (1888), ct, p. 1
183,
nificava "harmonia, saúde, felicidade e moralidade”, capaz de “alterar
dramaticamente os valores sociais - e estilo de vida — da cidade em
transformação"
Em 1899, visando a sistematizar 0 ensino, a prática e a ampliação do
quadro de profissionais de landiscape architecture, foi fundada a Ame-
rican Society of Landscape Architecture (Asla) a partir de uma organi-
zação chamada American Park and Outdoor Art Association, criada em
1897. Em 1901, formou-se a primeira turma de landscape architects
pós-graduados da Harvard School of Landscape Architecture. Impulsio-
nados pelo City Beautiful Movement, os landscape architects passaram
a incluir questões urbanas em seu trabalho, "embora geralmente com
maior ênfase na topografia e nas necessidades utilitárias de pessoas do
que na estruturação arquitetônica”. Em 1909 foi organizada a primeira
National Conference of City Planning and Congestion, tendo como pre-
sídente Olmsted Jr. No mesmo ano, os primeiros cursos de planejamen-
to urbano foram ministrados na Harvard Schoo! of Landscape Architec-
ture, que, em 1923, ofereceu o primeiro mestrado em planejamento
urbano. Em 1929, sob a direção de Henry Hubbard, um landscape
architect, uma Harvard School of City Planning independente foi cons-
tituida.
No início do século XX, movida pela reação contra o “caos” urbano é
pela busca de identidade, a cidade norte-americana passou a ser objeto
de muito interesse teórico e prático, principalmente por propostas como
as de city beautiful, garden city é planejamento regional. As propostas
urbanas e a formação de seus técnicos, paradoxalmente, eram inspira-
das em parques, parkways « bairros-jardins, projetos reconhecidos por
suas motivações antiurbanas, atitude profundamente arraigada na cul-
tura norte-americana e incorporada na ocupação de seu território. Ga-
len Cranz observa:
Albert Fei, “he American City: the Idcal and the Real”, em Esgar Kauftimana de (org), The Rise
af an American Arohitecture (Nava York: The Metropolitan Muscum of Ari/Praeger, 19701,
ps
apresentou propostas. di
CEISEINA Propostas par implantação de um sistema de parques
Intelectual History of Urban Pianning and Desigo in 15
gada pela intervenção humana. Proteger à natureza tormaras jp,
missão tão sagrada quanto a de explorá-la, e o eterno conflito ente
filização dos recursos naturais seria atestado peja
ja rede de parques nacionais à ocupação dese.
ra melhorar suas cidades.
as de um ideal antivr-
ra aliviar os males da
preservação é ul
posição de uma amp!
freada de seu território. E
Robert Mugerauer reconhece motivações religiosas profundas bug;
de identidade no romantismo dos parques urbanos americanos, que
sem negar a influência inglesa na concepção e na aparência, assumi.
riam uma “noção legitimada - e inerentemente religiosa — da pai.
agem (lugar, território nacional)" enobrecida pela pintura do sécuio
XIX, e também uma luta para superar convenções européias e preten.
sões históricas. A natureza dos parques representaria a mudança de
interpretação da paisagem americana, inicialmente vista como um pa-
raiso na terra abençoado pelo Criador, passando a lugar do progresso
do trabalho e, finalmente, a local de “refinamento e civilidade” e de
revigoração fisica e moral.”
Além dos motivos civilizadores, os critérios econômicos e políticos.
como o baixo custo inicial do terreno e as possibilidades de valorização
do entorno após o melhoramento, foram decisivos para a localização
dos parques. A má qualidade do “solo”, associada ao terreno barato,
oe Te mais um desafio ao nobre e engrandecedor traba-
lag e fel Park, Nova York), brejo (South Park,
à cidade uma imagem ER aee o
gar eralencanDA Compativel com os ideais de higiene, saúde, bom
= À Paisagem “naturalista” dos parques urbanos do
século XIX era a criação artificial de uma * ee
K ima “natureza” idealizada.
Fosse pela disponibilidade de terra, fosse j ndezs,
fosse pela datada N pela mania de gr feza,
cidade, os parques urbanos americanos
o cultivo, e sim o romantizado
ssoras e nostálgicas do Velho
Mundo dos primeiras coloni-
luminosas e, sobretudo, "virtuo-
(1801-1848) e seu discipulo
s responsáveis pela transfor-
0, Cole pintou a paisagem como Arcádia, que
izar o passado em uma terra sem monumentos
América eram as árvores, seus fóruns eram
bosques e seus bárbaras invasores eram o tipo errado do americano,
O developer, o Homem com o Machado:
: “As paisagens de Church, principalmente as do vale do rio Hudson,
| referenciais fundamentais da Hudson Valley School de pintura e da es-
h tética dos parques americanos, eram ao mesmo tempo “icones religio-
sos e triunfos da observação que mesclavam devoção e ciências":
- O romantismo norte-americano, sem os componentes europeus de
alienação e medo, perpetuaria uma visão da natureza “sublime” repre-
sentada por campos, bosques e lagos; não mais ameaçadora, mas amea:
*» Galen Crane, Tie Polítes of Pork Design: o History of Urtam for in Amei (Cambridge: e
MIT Press, 1982), pp. 355. É
É ob gh ne dr, em Te Mg aire de
1997, p- 10,
idem,
Robert Mugeraue,
E ves ora Pr, Tas: Tradition, Deconstruction, Hermenentes bis
»
eram “imensos”, se comparados a seus modelos europeus. Birkenhead,
por exemplo, tinha 500 mil metros quadrados; o Central Park, 3.400.000
mº;0 Prospect Park, 2 milhões de metros quadrados; o Franklin Park, de
Boston, 2 milhões de metros quadrados; o Jackson Park, de Chicago,
2.400.000 m?; e o Golden Gate Park, de São Francisco, 4 milhões de
metros quadrados. Os grandes parques antecediam ao desenho e ao
crescimento das cidades e, paradoxalmente, representavam suas pri-
meiras experiências de um urbanismo ordenado e uma direção a seguir.
Em Nova York, o layout da grelha foi elaborado em 1811, o Central Park
em 1857 e o Zoneamento em 1916; em Chicago, o layout da grelha
surgiu em 1830, 0 sistema de parques em 1870 e o Plano de Burnham
em 1906; em São Francisco, o layout do núcleo central foi criado em
1847, o Golden Gate Park em 1870 e o Plano de Burnham em 1905.
Do Central Park à Feira Mundial de Chicago, a trajetória profissional
de Olmsted acompanhou a aproximação gradativa e inevitável dos par-
ques à cidade e a transição do Movimento dos Parques do século XIX
para o do planejamento urbano do século XX. Olmsted teve uma parti-
cipação fundamental na criação dos extensos sistemas de parques na-
cionais é estaduais americanos. Seus projetos de caráter urbanístico,
como o Riversíde Estate, o Sistema de Parques de Boston e a Feira Mun-
dial de Chicago, se tornariam icones do desenho urbano e do planeja-
mento paisagístico.
Apesar de fundamental para o urbanismo do século XX, o legado
teórico e prático de Olmsted, estabelecido a partir de parques, parkways
e sistemas de parques, apenas se aproximava da questão da cidade no
início daquele século: A adoção do sistema natural, formada por vales e
beira-rios como condutores do sistema metropolitano de parques, ini-
ciado no Plano de Reserva de áreas públicas ao longo do rio Charles, em
Boston, tornar-se-ia um dos mais duradouros paradigmas de planeja-
mento da paisagem urbana e regional, Somente com o desenho e o
crescimento das cidades, porém, os parques urbanos picturesques
olmstedianos adquiriram a dimensão urbana contemporânea. Foi o que
aconteceu em Chicago, onde a associação entre o City Beautiful e o
Social Reform possibilitou preservar a paisagem do lago Michigan e
articulação entre o sistema viário € um sistema hierarquizado de par-
ques que incluía “beira do lago”, parques picturesques, parkways, par-
ques da vizinhança e ploygrounds. Por meio do desenho da cidade, à
natureza restauradora dos parques assumiria objetivos de formação do
caráter cívico. O que inicialmente era considerado oposição ou antido-
to se transformaria em um instrumento da cidade.
O parque urbano norte-americano desenvolveu um modelo próprio
baseado na aparência picturesque, com grandes dimensões, localização
nem sempre integrada ao tecido urbano, forte significado civilizador,
mesclando religião e trabalho, e principalmente uma atitude preventi-
va contra a cidade, simbolo de “caos”, congestionamento, concentra-
ção e diversidade de atividades e pessoas. É a mesma atitude anticidade
que impulsionou a criação dos parques e os elegeu como modelo para
desenvolver os subúrbios-jardins “saudáveis” e excludentes na segunda
metade do século XIX e, mais tarde, para promover a intensa e extensa
suburbanização responsável pelo nocivo sprawl;* pelo avanço do pai-
sagismo moderno e pelas propostas de renovação urbana no século XX
A contradição do parque anticidade que serve de modelo e referen-
cial da cidade norte-americana pode ser confirmada na atribuição a
Olmsted dos epitetos de "Pai do Central Park” e "Haussmann da Améri-
ca do Norte"? Pode-se dizer que, mesmo sem grandes cidades, os Esta-
dos Unidos entraram no século XX como uma nação de grandes par-
ques. Os parques estavam à espera da cidade que nem sempre aconteceu,
ou para que não acontecesse. Eram parques sem cidades.
* Spraml, ou esparramação, é promovido por casas, shopping centers, office ports, instituições
públicas e vede de estradas.
* Mike Davis, City Of Quarte: Excovoting) the Future in Los Angeles (1990) (Nova York: Vintage,
1992) p. 227.
segregação social e racial, pela separação entre
ferencialmente em habitações unifamiiaresiso.
cem o indivíduo e a paisagem recriada no
é à conscientização ecológica não se aplica à cidade
ização dos recursos naturais locais e mundiais Para
a “suburbanização” deu-se entre os anos 1950 e
liferam novas formas de aglomeração humana
e recebeu o nome de ruburbia, comunidade
te dispersa localizada além dos subúrbios,
próximas de indústrias de alta tecno-
logia. Marx considera desconcertantes os primeiros indícios do impacto
cultural, politico e ambiental desse novo tipo de asse aeto, que,
fundamentado na mesma ideologia utilitarista dos impulsos centrifu-
gos do início da colonização, é dependente do automóvel individual e
de longos percursos, defende O privatismo, com atitudes anticidade,
antiliberais e anticontrole governamental, e promove a degradação
ambiental e o desperdício de terra e recursos”
Da criação do Central Park até a Segunda Guerra Mundial, o modeio
norte-americano de parques públicos e sistemas de parques urbanos
dominou a disciplina de paisagismo. No pós-guerra, O jardim moderno
agregado ao American way of life de casas unifamiliares "suburbanas”,
com front e backyards e pelo menos dois carros na garagem, imporia
uma nova ordem estética sustentada por intermináveis vias expressas
pontuadas de malls e shopping strips.
O legado teórico e prático, agrário e pastoril do paisagismo desen-
volvido a partir de fandiscope gardens tem-se adaptado muito “bem” à
paisagem dos subúrbios e campj norte-americanos e se adaptado mui-
to “mal” a seus centros urbanos e à utilização dos recursos naturais
locais e mundiais.
dividual, pautados pela
trabalho e moradia, pre
E Estados Uni. ladas Nesse modeto prevale
os de consumo, en-
al e pelo desperdi-
XX, o paisagismo, que nascera
mirável capacidade de criar
às demandas da socieda-
as produzidas constituem-se,
jO entardecer, autopistas con-
bios amorfos aglutinados em volta
“urbanidade” destacam-se Jane
isolamento; em qui
e região nem à util
Leo Marx, o auge d!
1970. Atualmente prol
sem cidades, como à qu
descentralizada extremamen
em áreas rurais não produtivas €
“ricana que trata o espaço como valor utilitário e de mercado e na apa-
“rente contradição entre os ideais de progressivismo e pastoralismo: ambos
* “compartilham o mesmo impulso centrifugo de escape « de conquista.
“Desde os primeiros séculos de colonização, a América foi tratada como
“um território infindável onde a civilização deveria prevalecer sobre a
“natureza - como faziam os puritanos da Nova Inglaterra no século XVII,
que, com devoção € trabalho, tinham o dever bíblico de transformar o
hábitat selvagem no jardim do Senhor. O caráter social antiurbano an-
glo-americano, aliado à ideologia do progresso em harmonia com a
natureza, lançou o pais em constantes mavimentos em busca de novos
horizontes e de isolamento.
“O pastoralismo, responsável pela criação de parques, parkways e
acessos à natureza e ao espaço aberto, também serviu de modelo para o
desenvolvimento desenfreado dos subúrbios movidos a transporte in- Leona e american ieoloy of a
Ea Space”, cit.
U ESPIRIIO ANIICIDADE NO DESENHO DA PAISAGEM E NO DISCURSO DOS PARQUES
Setha Low afirma que as relações de poder das formas projetadas
não se limitam à produção espacial e arquitetônica apenas, incluem
também a hegemonia das )
O verde de Paris planejado por Haussmann formava um sistema ar-
ticulado de avenidas é bulevares arborizados, praças e parques distri-
buídos pela cidade (figura 50). O verde seria não um “colar de esmeral-
das”, mas uma rede de “jóias” de tamanhos variados, submetida a uma
ordem urbana maior (figura 51).
A arborização de Paris pode ter efeitos mais positivos e extensivos
para a qualidade ambiental da cidade do que o grande parque de Nova
York. O Central Park é um retângulo de 850 m de largura por 4 mil
metros de comprimento, num total de 3.400.000 mº, implantado no
centro de uma malha continua de ruas ortogonais e quadras regulares
(figura 52). A área do Central Park corresponde a 160 quilômetros de
ruas, com calçadas de 10 m de largura em cada lado. Nessa conta, a
superficie arborizada dos 165 quilômetros de avenidas e bulevares acres-
cidos por Haussmann ao tecido urbano de Paris equivaleria ao verde
rural do Central Park, além da contribuição daquelas vias à configura-
ção da paisagem urbana parisiense, à circulação de pessoas e mercado-
rias e à flânerie social (figura 53).
academias" e a história escrita. Para Low,
[..Ja palavra publicada tem tido mais influência que o exame ordiná-
rio da paisagem. Portanto, as relações de poder são incorporadas na
linguagem assim como no projeto fisico, e a “história” escrita, mais.
que o exame das histórias multiculturais, tem o maior poder de todos;
A ausência das cidades nas paisagens pode ser observada das se-
guintes maneiras:
1. No início de cada capítulo, há um resumo do periodo histórico
correspondente, como Idade Média, Renascimento, ete. Em cada
periodo são analisados seis aspectos: meio ambiente, história so-
cial, filosofia, expressão, arquitetura e paisagem. A paisagem res-
tringe-se ao jardim: estilos e principais elementos componentes.
Jellicoe considera que os “parques românticos” seriam um anti-
doto contra a “regularidade das ruas” é que, "na Paris da metade
do século XIX, um sistema de parques românticos foi desenvolvi-
»
O ESPÍRITO ANTICIDADE DO PAISAGISMO
A história do paisagismo tem privilegiado a criação de parques como
do por J.C. A. Alphand para contrabalançar a severidade dos pla-
nos do barão Haussmann para a segurança militar” No livro,
esta passagem é a única nota sobre o plano de avenidas de Haus-
smann, que, mesmo que não fosse essencial para a transformação
de Paris na aclamada capital do século XIX e na principal referên-
cia da paisagem urbana moderna, permitiu que a população cir-
culasse democraticamente, até mesmo para chegar aos parques e
campos, dentro e fora de Paris.
> Setha M, Low, On the Plaza: the Poíies of Public Space and Culture, Gt, p. 57.
* Geoffrey Jelicoe & Susan Jelicoe, The Landscape of Man: Shoping the Environments from
Prehistony to the Present Day cit, p. 257.
solução para os problemas de aglomeração, tanto de edifícios como de
pessoas, de degradações ambientais e restrição de atividades de lazer e
recreação. Paradigmas de cidade saudável e desejável baseados em es-
paços abertos e verdes urbanos, os grandes parques foram a coquelu-
che das cidades na segunda metade do século XIX. Depois, difundiu-se
o "subúrbio-jardim (garden-suburb) como modelo de loteamentos e
de bairros residenciais. Espaços abertos verdejantes persistiram como
alicerces da arquitetura e do urbanismo do século XX, em que a idéia.
“original” do verde como refúgio dominaria o desenho da cidade, pre-
valecendo sobre O espaço do convivio social cotidiano.
A atitude antiurbana norte-americana, que adotou o parque públi-
co como modelo de “urbanização” do século XIX e “suburbanização” do
ão criada para financiar a aquisição e a melhoria de habitações, Em
o HA stituiu a Land Planning Division para orientar os em.
Ri E Ea “devar o patrão dos loteamentos, Publicou-se uma sé.
fe Lá que recomendavam um "bom desenho,
Land Planning Bulletins,
e ai em lotes grandes, áreas verdes e arruamento picturesque,nii.
ase; !
E tiversi te.
nte inspirado no Riverside Esta
De Subdivisions, o primeiro dos Land Planning Bulletins,
apresentava duas situações de projeto (figura 54). À primeira, original,
mostrava uma ocupação densa, da ordem de 360 lotes retangulares
pequenos, de 360 m? (12 m x 30 m), distribuídos pelas ruas ortogonais,
com múltiplos acessos ou possibilidades de continuação com O entor-
no. À segunda situação, sugerida, mostrava áreas reservadas para par-
ques e uma ocupação da ordem de 150 lotes grandes, com 1.012,5 m?
(22,5 m x 45 m), distribuídos praticamente ao longo de uma única e
continua rua, com apenas um acesso para o exterior. Para a FHA, a
segunda situação era desejável, e o empreendimento, embora com me-
nos unidades, traria um retorno financeiro mais rápido e representaria
um melhor investimento para o comprador.
Mesmo apresentadas apenas em caráter de sugestão, as influências
do Riverside Estate eram evidentes nas ruas suavemente curvilineas,
nos espaços generosos e na ausência de esquinas fechadas. Os lotes
sugeridos representavam uma ampliação das dimensões frontais, o que
permitiria uma implantação mais paisagística e imponente da casa,
destacada dos vizinhos por meio de recuos laterais. Com menos casas €
DAP e j pa Seria mais exclusivo. A idéia do terreno
ii aa a Ro compridos seria adotada como pré-
aragem com entrada independente para
sugeridos pela Federal Housing Administration, inspirados no Ri
bairro jardim projetado por Oimsted « Vaux em 1869,
no original de 40 pol. » 100 pol, ou 120 m x 300 m = 360 m'
jado de 755 pol. x 150 pol, ou 22,5m x 45,0m = 10125 m';quaseo — dois car ir O nú
DR er etnia EE ol 100 pl 2 os é reduzir 0 número de cruzamentos de ruas nos loteamentos
é 200 pol x 600 a 800 pol. ou 60/0m x 0a 2400 Oloteamen- O pós-guerra.
5, espaços generosos ausência de esquinas fechados. o a € Reed, o grande responsável pela nova expansão das
“à via pública, antecipando os modelos de superquadra ou urbanas teria sido o sistema de financiamento habitacional
mais fácil e barato. “Por volta de 1939, esse instrumento do New Deal
estava criando o subúrbio popular em uma escala nun
na América”
O padrão patrocihado pela FHA, porém, estimulava a
as classes sociais, econômicas e raciais, pois os bancos
dar financiamento aos negros. Esse deslocamento da p
ca e politicamente dominante da População, a maiori
que, embora tivesse origens variadas, aceitava a hege
desencadeou um processo de esvaziamento da cidade
cido como white flight, o vôo branco,
No final dos anos 1940, dois projetos de peso ajudaram a moldar
sprawl, a ocupação esparramada do território: o Federal-Aid Highway
Act, que previa à construção de rodovias para promover a descentrali
zação urbana é incentivar o uso do automóvel, e o Veterans Housing
Act [VHA), que, entre seus vários serviços de reintegração de ex-com-
batentes no cotidiano e na vida familiar, incluía uma linha especial de
crédito para a aquisição de uma casa nova.
O periodo entre o final da década de 1940 e a primeira metade da de
1950 teria sido o de maior inovação técnica e tecnológica para a cons-
trução residencial. As novas construções obedeciam aos padrões de ilu-
minação, insolação e ventilação estabelecidos pelas agências de saúde
pública do governo. Os lotes deveriam ter no mínimo 15 m de largura;
18 mera considerado razoável; e 22,5 m, desejável. Na implantação da
arquitetura, além dos recuos laterais e frontais, exigia-se a reserva de
uma área livre ensolarada de no mínimo 54 m (6 m x 9 m).
Segundo a City Planning Commission da cidade de Los Angeles, em
ca vista antes
distinção entre
Fecusavam-se a
arcela econômi-
ia de raça branca,
monia dos wasps,
que ficou conhe-
Figura 55. Loteamento recomendado pela cidade de Los Angeles, 1947.
Para reduzir o número de cruzamentos e de tráfego em áreas residenciais, a FHA recomendava
1947 0 loteamento típico mostrava uma combinação dos sistemas reti-
lineo e curvilineo de ruas, e no centro da unidade de vizinhança haveria
um park com playground; o número de entradas ao conjunto seria re-
duzido e as ruas internas, longas e curvas, formariam loops ou bolsões
em U, de tamanhos variados (figura 55). Haveria ainda um pequeno
" Christopher Tunnard & Henry Hope Reed, Americam Skyline: the Growth ond Form of our Cities
nd Tovens (Nova York: The New American Library, 1956), p. 178:
“quarteirões” grandes, de 300 m a 360 m de extensão, principalmente aa Jango de vas movi-
mentadas,
Obsenar
1. idéia de uma superquadra com poucos acessos.
2. Combinação de ruas retas e curvas em foops ou U, difultândo a travessia peia quadra
3. Um parque com ployground no centro do loteamento.
4. Um centro comercial na esquina das ruas principais.
5, Quarteirão grande com poucos acessos e grandes distâncias para andar: inevitável depen-
dência do automóvel.
Figura 56. Ruas de um loteamento suburbano, Levittown, Pensilvânia, 1950,
Poderia estar ni Texas, ou em Nova Jersey, ou na Califórnia. E !
Observar a alternância de alguns modelos básicos de casas isoladas com grandes recuos fron- Variados, que iam do tro)
tais. À maior parte do espaço live estaria na qua e nos gramados na frente das casas.
brinquedos, prssnas we prastico, €1c. (figura 67)
burbana moderna norte-americana represent
de de uso e individualização dentro de um un
formador, especialmente a possibilidade
sublimável, profundamente imbuído dos v;
americanos.
Mais do que uma expressão da individualidade,
uma extensão do coletivo. Além da personalização
lização funcional e da manutenção simplificada, o desenho do jardim
procurava enriquecer visualmente o espaço exterior com mudanças de
materiais, de pisos e pequenas construções. Em comparação, no lote
urbano paulistano, em geral, a individualidade se projetaria da casa
para a fachada e a rua, sem evidenciar à preocupação com a ordem do
coletivo. Na habitação da classe média de São Paulo, a idéia do trabalho
realizado pelo proprietário também não seria aparente, pois mesmo um
lote de 10 m x 25 m conteria dependências designadas à empregada.
À critica à monotonia e conformidade do subúrbio poderia se con-
trapor o seu “igualitarismo e a democratização do conforto”? Aos pou-
cos, escolas, clubes sociais, igrejas e centros de compras, antes concen-
trados nas cidades, começaram a chegar ao subúrbio, e novas formas de
comunicação e diversão, como rádio, cinema e televisão, dispensavam
a necessidade de presença ou contato com outras pessoas. Assistia-se,
portanto, a uma mudança de caráter não apenas dos espaços e equipa
mentos públicos, mas também das relações sociais entre o público. No
plano doméstico, Rowe observa que a distância entre casa, trabalho,
escola, compras e outros equipamentos de suporte aovcotidiano a
falta de transporte público fizeram das atividades mais corriqueiras
eventos agendados. :
Entre 1940 e 1950, a população das cidades centrais
Sua população suburbana, 35%; vários centros urbanos cor
). O jardim da casa sú-
ava, além da oportunida-
verso homogêneo e co
de um trabalho digno e
alores protestantes
norte-
a Casa suburbana era
O da moradia, da uti-
resceu 13%, €
meçaram a
7 eh a jo. 54
Peter Rowe, Moking o Middle Landscape (Cambridge: MIT Press, 2000) p
s vias principais, conforme as novas di
q comercial na esquina da
esa HA a provisão de comércio v
endavam
a FHA, que recomen o
das. O loyout geral ilustrava o conceito de grandes quar.
no, com um mínimo de acessos
sta 30
retrizes d
longo das aveni
teirões fechados €
petas vias públicas. Para faci
nharam mais largura, resulta!
pedestres e, 40 mesmo tempo,
em relação ao entor
litar o tráfego de automóveis, as ruas ga-
ndo no aumento do tempo de travessia
na indução à maior velocidade
para os
dos veiculos. º E ”
Contornos políticos sublinhavam o estimulo à descentralização, pois
à concentração urbana seria um alvo mais provável de bombardeios
atômicos em caso de guerra. De acordo com Duany, a Guerra Fria e o
carro dos bombeiros seriam dois outros fatores responsáveis pelo alar-
gamento das ruas norte-americanas. Na década de 1950, os critérios
estabelecidos pela Comissão de Defesa Civil da Associação Americana
de Rodovias Estaduais para o projeto de ruas eram baseados na rápida
evacuação no caso de um grande “evento nuclear”. O fogo era, e conti-
nua sendo, uma das maiores ameaças às casas americanas, construidas
preponderantemente de madeira e revestidas de materiais de fácil com-
bustão, camo forro, isolante térmico e carpete. O dimensionamento da
rua seria baseado nas manobras do carro de bombeiros, que deveriam
entrar e sair sem ter de dar marcha à ré, o que determinaria, por exem-
plo, o dimensionamento da curvatura das esquinas (figura 56).
Cuidar da casa, especialmente do gramado da frente e do jardim dos
fundos, ganharia relevância ainda maior não apenas por motivações
funcionais, mas também pela necessidade de individualização. Em se-
aa a aa junto com livros revistas de como
A onte ara casa, um arsenal de kits e ferramentas
ConiaçESo tado e tapeeeiros de fim de semana. o jerdim,
eia pda Portas de vidro, era uma extensão visual, fisi-
'sa pequena e padronizada e poderia ter estilos
Pical ao desértico e do oriental ao mexicano,
sendo mobili: E
obiliado com. mesas e cadeiras, Churrasqueira, tanque de areia,
Aê
mé
E
UR
DAS?
Figura 57. Outdoor living, Eichler Homes, Califórnia, 1947.
O ideal de um Suburbon way of fe: fotografia de uma propaganda de Eller Homes, uma
grande empresa de construção de casas na Califórnia, O jardim, pequeno, cuidado « protegido,
é usado como uma “sala” externa. Observar os homens sentados e as mulheres em pé, provi-
denciando bebida e comida
perder habitantes para o subúrbio, onde a posse da casa era generaliza-
da, Pela primeira vez no século, mais da metade das famílias america-
nas morava em casas próprias, produzidas em escala industrial com in-
centivos governamentais? A posse da casa suburbana, por sua vez,
assumiria também, consciente e explicitamente, a conquista de um tipo
de cidadania impregnada de valores tradicionais americanos.
Agências governamentais como a Federal Housing Administration e
à Veteran Administration ajudaram a posse da casa a se tornar 0 estilo
dominante de habitação na vida americana. Instituições de financia-
mento, como as de savings & loans (poupanças é empréstimos), com o
incentivo e a orientação dos governos estaduais e federal, concentra-
vam seus recursos, que eram substanciais, na mesma direção. Pode-se
dizer que à sociedade olha com aprovação moral para a casa unifami-
liar ocupada pelo proprietário.
Consolidava-se um estilo de vida caracterizado pelo isolamento, pela
homogeneidade e pela dependência do automóvel. Gradativamente,
disseminar-se-ja um pensamento urbanístico sem cidades e uma esté-
tica de conformidade no espaço coletivo. Casas, lojas, escritórios, insti-
tuições públicas e vias de circulação, isto é, os mesmos ingredientes de
“uma vizinhança ou cidade, seriam construidos e espalhados aleatoria-
mente no território como sistemas eficientes fechados, propensos mais
à similaridade e previsibilidade do que à variedade e diversidade, Em
1953, Tunnard já apontava os custos aterrorizantes da construção nos
subúrbios, que não se limitava apenas à perda de campos para estender
super highways e espalhar o development, e o movimento constante
de explorar novos territórios
Christopher Tunnard & Henry Hope Reed; American Skyline: the Growth and Form of Our Cities.
and Town, ct, p. 83.
Wallace Smith, apud Sam Davis (org) The Form of Housing (Nova York: Van Nostrand Rei-
nhold, 1977), p. 1; tradução informal,
Christopher Tunnard & Henry Hope Recd, American Skyline: the Growth and Form of Our Cities.
and Town cit, pp. 184-185.
'ranquias e shopping centers. Nascida da necessidade de oferecer
'ma de implantação para acomodar grandes volumes de espaços inter-
PRAÇAS SEM CIDADE: SHOPPING CENTERS
Duany e outros (2000) consideram o “esparramamento” suburbano
não uma evolução inevitável ou um acidente histórico, mas o resultado
direto de um conjunto de políticas que "conspiraram poderosamente para
enicorajar a dispersão urbana”. Os programas mais significativos foram os
financiamentos promovidos pela Federal Housing Administration e pela
Veterans Administration exclusivamente para a aquisição de casas unifa-
miliares isoladas. Simultaneamente, programas de rodovias interestaduais
combinados com subsídios federais e locais para a melhoria das estradas
e seu baixa custo tornaram o automóvel um meio de transporte acessível
ao cidadão comum. Nesse contexto, possuir uma casa suburbana era a
escolha financeira racional. A habitação gradualmente foi abandonando
a cidade para se instalar em periferias cada vez mais distantes.
Essa migração gerou novos modelos de centros comerciais, os shop-
ping centers regionais, que passaram a criar pólos de atração e desen-
volver comunidades habitacionais junto a vias expressas de fácil aces-
so. No início dos anos 1970, as corporações começaram a transferir seus
escritórios da cidade para. perto dos trabalhadores ou, mais precisa-
mente, de seus executivos. As cidades tornaram-se dispensáveis com a
intensificação de novos padrões de percursos entre os subúrbios, que
[..] não se parecem com um lugar, não agem como um lugar e, talvez
especialmente, não se sentem como um lugar; 30 contrário, são agio-
merações descoordenadas de zonas padronizadas de uso único, com
pouca vida de pedestres e menos ainda de identificação cívica, conec-
tadas somente por um dispendioso sistema de vias
A expansão comercial, associada à mobilidade dos consumidores, fez
eclodir dois fenômenos relacionados à padronização e à homogeneiza-
* Andes Duany et ol, Suburbon Nation: the Rise and the Decline of the American Dream (Nova.
York: North Point, 2000), pp. 2-12; tradução informal.
consistência e garantia dos produtos ou serviços, à padronização do
produto desenvolve um vinculo de fidelidade à marca. Se, de um lado,
enfatizavam-se a economia e a eficiência, de outro, reforçavam-se a
tendência à homogeneização da paisagem suburbana, a supressão do
caráter regional local e, sobretudo, a reprodução de simbolos tradicio-
nais de amplo apelo popular. A rede de lanchonetes McDonald's, desen-
volvida para a padronização regional do tipo “beira de estrada”, é hoje
um dos icones urbanos mais reconhecidos internacionalmente.
Na paisagem suburbana americana, os centros comerciais acessíveis
por automóveis tornaram-se inseparáveis das habitações unifamiliares.
Geralmente localizados ao lado de entroncamentos de auto-estradas
na periferia das regiões metropolitanas, os shopping centers regionais
surgiram no inicio dos anos 1950 como conjuntos de lojas implantadas
em volta de um pátio ou jardim a céu aberto. A partir de 1955, 30
incorporar novas demandas de conveniência, tornaram-se recintos fe-
chados e climatizados e, eventualmente, complexos de usos múltiplos
de grande escala. De 1950 a 1960 0 número de shopping centers saltou
de cem para mais de 3.000 e atingiria 18.500 em 1975. Os shoppings
regionais ampliariam o atendimento a mercados além das comunida-
des locais e antecipariam o desenvolvimento de novas áreas residenciais.
A rápida e extensa suburbanização representou também uma ex-
pansão profissional para o paisagismo, que, ao se concentrar no “bom
desenho” do ambiente construido, minimizava os impactos negativos
daquela forma destrutiva de ocupação do território. Norman Newton
observa:
Essa explosiva descentralização tem multiplicado as oportunidades
profissionais particularmente em duas áreas: shopping centers regio-
nais, para servir comunidades suburbanas novas ou expandidas, e ins-
talações industriais de todo tipo junto à novas rotas arteriais para
caminhões. O shopping center, que geralmente representa um proble-
nos interconectados € vastas áreas de estacionamento em um terreno,
exige antes de tudo habilidades de um landscape architect [..] Ao
combinar elementos tão diversos, como à intensa circulação motori-
zada e o detalhe intimo de áreas ajardinadas, os shopping centers
estão entre os trabalhos mais desafiadores para um designer”
Isolado na paisagem, o complexo comercial era tratado como uma
“unidade” coordenada, inexistente na cidade real. Além de amenidades,
como jardins, espelhos d'água e coberturas, a preocupação com a qua-
lidade do ambiente de compras incluia projetos de sinalização, mobi-
liário urbano e iluminação. Reyner Banham chegou a afirmar que "alguns
dos melhores designs cívicos - bancos, canteiros, fontes, pavimentação
elegante - na área de Los Angeles encontravam-se nos primeiros cen-
tros comerciais"! Apesar de reproduzir elementos e formas de articula-
ção dos espaços públicos tradicionais, o espaço do shopping center era
como O da rua suburbana, isto é, próximo do universo doméstico e
distante do universo público. Com a repetição de lojas e mercadorias, à
padronização de produtos e serviços, a reprodução de modelos de im-
plantação e o aumento de tamanho, os shopping centers regionais gra-
dativamente perderiam o caráter local e o vinculo com o entorno pró-
ximo, à exemplo da rede de lanchonetes.
Segundo Rowe, "dentro do contexto suburbano, os shopping cen-
ters preenchiam os papéis de vender mercadorias e, paradoxalmente
talvez, de tentar melhorar a vida social e cívica” Nas décadas de 1920 e
1930, os principais planejadores e reformadores sociais igualavam o
papel dos shopping centers ao de escolas e playgrounas em qualquer
tentativa de criar um senso de comunidade suburbana. Na década de
Norman 1. Newton, Design on the Lond: the Development of Landscape Architecture, cit
pp. 651-652 e 654; tadução informal.
+ Remer Banham, Los Angeles: the Architecture of Four Ecofogies (1971) (Londres: Penguin
1987) p. 154,
= HE N
o “
Bla: Jardim na praia, Apto Beach, Califórnia. Ent Joidim pequeno na cidade, São Francisco.
Figuras &1a e 61b. Dois jardins (1948-1949) de Thomas Church.
Observar areia ou piso nos centra dos jardins. Bordas elaboradas, definidas por retas, ângulos
ziguezagues e “curvas de piano” Diversas áreas e oportunidades de permanência. Mutiplas
direções visuais. =
Moderno, como à total subdivisão do espaço para atividades e o isola-
mento da rua por meio da vegetação, garantindo à privacidad
qualidade espacial dos ambientes projetados. O estudo de Eckbo Ft
ainda garagens sob a praça, antecipando uma das principais No
“ções de projetos de espaços públicos urbanos modernos. ui a
pas de acesso seriam discretamente localizadas no meio do mM A a
“ com um minimo de interrupção da calçada. Aa
“A formação universitária americana tem orientação pragmática,
| pecialmente nos cursos de projeto, como paisagismo, arquitetura e pla-
| nejamento urbano e regional. Na Universidade da Califórnia, em Berke-
| Jey, por exemplo, o ensino de paisagismo é vistoriado e validado
Ê bienalmente pela Sociedade Americana de Paisagistas, e a maioria do
h corpo docente das disciplinas de “ateliê” é recrutada diretamente de
escritórios ou empresas. Essa neutralidade pragmática e corporativa re-
| fletia-se nas salas de aula. O trabalho de Ted Harpainter, estudante de
b isagismo em Berkeley em 1948, ilustra bem a aproximação entre exer-
| cicios acadêmicos e trabalhos profissionais (figura 64). O titulo do pro-
“jeto, Park 200" Square, já denunciava a ambigúidade conceitual entre
É raça e parque. Apesar da simplicidade gráfica, o projeto de Harpainter
| lembrava o estudo da City Park Plaza de Ecko: ausência de ruas € de
“relação com o entorno, subdivisão do espaço em áreas de uso definidas
“esoladas da rua por canteiros e vegetação. Aqui também os espaços
“organizados não ao longo de eixos, mas por meto de justaposi-
sobreposições de planos.
lim californiano representava um estilo de vida confortável e
jesejável em qualquer lugar no mundo. Para Laurie, “a escola
iforniana de projeto de paisagismo é claramente identificada na li-
e geralmente referida como estilo californiano ou quality Co-
look*. Entre seus expoentes estão. Thomas Churh, Garrett Eckbo,
Royston, Theodore Osmundson, Douglas Bavlis é Lawrence Hal
ratado como uma sala de externa informal, cuja intenção
tera mais social do que horticultural, o jardim moderno cati-
Figura 63. City Plaza Park, 1947, estudo de Garrett Eckbo.
Um espaço público sobre garagem, em Sacramento, Califórnia
Observar:
1. Denominação ambiguia: plozo pork.
2.0 projeto sugere isolamento do entorno.
3, Espaços programados sem lugar para aglutinação de pessoas ou usos flexíveis
4. Os caminhos parecem resultantes do desenho das subáreas, é não um traçado intencional
8, A fonte aparenta ser mais um divisor de tráfego do que um local de convergência
6, Cobertura e vegetação para delimitar subáreas funcionais.
7. Profusão de ângulos e curvas, articulados e interpenetrados, como uma pintura cubista.
PROPOSED PLAN
LANDSCAPE DESIGN 512.48
Figura 64. Park 200" Square, 1948, estudo de Ted Harpainter.
Trabalho de atuno de graduação de Paisagismo na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Obsenar:
1. Denominação ambigua: pork square.
2.0 desenho não mostra o entorno nem ruas.
3. Não há opções de acesso nas esquinas.
4.0 projeto sugere o isolamento do entorno. A praça não é passagem.
5. Programa funcional inclui áreas para usos diversos.
6 Um “gramado central” próximo a área infantil de jogos.
7. Jogo de formas circulares com polígonos.
hi, nipo-americano. Burle Marx partia da pintura e fazia uso exube-
rante da cor e da vegetação tropical, e Noguchi usava a escultura como
base para manipular o espaço.
Essa orientação rigida de projetos seria interrompida a parti do fi-
nal dos anos 1960, já em um novo contexto sociocultural, por meio de
projetos como os de Lawrence Halprin, Paul Friedberg e Peter Walker.
DO SUBURBIO PARA A CIDADE - À REVITALIZAÇÃO URBANA
CIDADE ACESSÍVEL: FREEWAYS E URBAN RENEWAL
Do final da década de 1930 ao fim dos anos 1950, passando pelas
transformações decorrentes da crise econômica em torno das décadas
de 1920 e 1930, do impacto dos projetos urbanos e regionais do New
Deal e da Segunda Guerra Mundial, o paisagismo americano transfor-
mou-se radicalmente em escala, estilo, conhecimento, análise, proces-
so e prática. Programas federais de financiamento à habitação e de
melhoria de vias expressas promoviam uma intensa e extensa suburba-
nização, conhecida como sprawl, que elegeria a casa isolada com jar-
dim como padrão desejado de moradia; transformaria o shopping cen-
terno centro social; faria do automóvel o meio de transporte de massa
e do ato de dirigir uma rotina cotidiana indispensável graças às free-
Ways, cuja implantação consumia áreas enormes, pois um trevo simples
ocupava aproximadamente 16 mil metros quadrados de terreno.
Em pouco tempo, esse estilo de vida suburbano provocaria o esva-
Ziamento das cidades, paradoxalmente, com o aumento do tráfego de
veiculos que chegavam. no começo do dia e saiam no fim da tarde. O
novo padrão de circulação traria a rede de vias rápidas para dentro da
Cidade, e para atenuar os impactos negativos na paisagem e prover espa-
gos para guardar os carros seriam construídas novas infra-estruturas viá-
rias, Além do êxodo dos moradores da classe média branca, a cidade pre-
Senciava o abandono dos locais tradicionais de comércio, o deslocamento
de indústrias e armazéns e a degradação ambiental de bairros residenciais
de baixa renda, excluidos dos programas governamentais de habitação.
forniano contribuiu com novas soluções. funcionais e formais ao dese-
nho do entorno da habitação e serviu de base para projetos do espaço
livre de uso coletivo e para o desenvolvimento do paisagismo moderno
americano. David Streatfield considerou o jardim Esltoriano “uma das
contribuições mais significativas ao projeto de paisagismo desde a tra-
dição olmstediana de planejamento ambiental da segunda metade do
século XIX rs
A imensa popularidade da triade jardim californiano, paisagismo
moderno e American way of life na segunda metade do século xx
deve-se em grande parte à hegemonia americana no mundo ociden-
tal como superpotência política, financeira, industrial e cultural. O
estilo de vida americano idealizado e propagado por Hollywood trazia
na mesmo pacote chielete e automóveis, freeways e rock-and-rol)
shopping centers é calça Lee, tudo isso embalado numa sedutora iu
são de eficiência e conforto urbano. Como Paris e Haussmann repre
sentaram a referência consensual de cidade no início do século XX, as
Sidades americanas da segunda metade desse século serviram como
modelo de modernidade de: seu tempo, “não para ser adotado, adap-
tado, interpretado por arquitetos, técnicos, urbanistas e paisagistas
[europeus ou de formação européia)", mas “para ser usado e utilizado
por políticos, administradores e intelectuais como instrumentos de
sua legitimação”, parafraseando as observações de Giovanna Rosso
del Brenna no Seu artigo “Modernização e a sua imagem”, à respeito
do Rio de Janeiro de Pereira Passos?
br = Modem Landscape Architecture”, em
Critical Review (Cambridge: The MIT Press. 125:
finberg (org), A paisagem desenhodo: o fo o
fo Cultural Banco do Brasil, 1994), pp. 13-2
A estratégia adotada para a revitalização urbana foi oferecer con-
forto, comodidade e conformidade ao gosto do morador do subúrbio.
Dois programas federais — o Housing Act de 1949, para a renovação
urbana, e o Interstate Highway Act de 1956, para a expansão de vias
expressas - foram fundamentais para a implantação dos principais pro-
jetos urbanos na década de 1960, causando grande impacto nas cida-
des, especialmente a destruição do tecido urbano existente.
O Housing Act trazia em seu enunciado 1 a provisão de recursos
federais para que as cidades desapropriassem imóveis considerados ir-
recuperáveis ou estratégicos para o desenvolvimento de projetos de
revitalização ambiental e econômica, A lei permitia demolir edificações
de usos inadequados, como cortiços, armazéns desativados e constru-
ções pequenas, e reagrupar os lotes em grandes parcelas, não apenas
para reconstruir habitações decentes ou implantar estruturas viárias
gigantescas, mas também para atrair investimentos que criassem novos
centros multifuncionais capazes de competir com os centros suburba-
nos. Robert Goodman observa que, com o controle estatal da renova-
ção urbana, os urbanistas podiam conseguir um controle mais centrali-
zado das decisões de projeto. Como muitos deles identificavam a ordem,
a totalidade e a unidade com a beleza, um casamento perfeito se fez
possivel - decisões centralizadas que permitissem alcançar a uniformi-
dade no desenho. Em 1959, o Instituto Americano de Planners conside-
rava que
[.] a renovação oferece a oportunidade de conseguir um desenho
urbano de qualidade superior, quando áreas relativamente grandes
podem ser objeto de melhorias sob uma direção de projeto coordena-
da é um controle de obra relativamente uniforme!
* Robert Goodman, Después de los urbanistas £Quê? (Madri: K: Blume, 1977), p. 78; tradução
informal,
PROJETOS. EMBLEMÁTICOS: ESPAÇOS PROGRAMADOS E SELETIVOS,
DO JARDIM À PRAÇA.
“O movimento de revitalização das cidades delegou o paisagismo
moderno não: apenas grandes áreas. livres para intervir e novas questões
para resolver, mas também contradições entre posturas, métodos e ins-
trumentos de projeto. Propagavam-se simultaneamente o conceito de
"bom desenho” e “tábula rasa” e o da defesa do tecido urbano variado,
da dispersão suburbana e da concentração urbana; da conservação dz
paisagem e de vias expressas. rasgando regiões e cidades. Somente a
partir da segunda metade da década de 1960, acompanhado de uma
série de eventos radicais, como o movimento de direitos civis, a guerra
no Vietnã e a crise do petróleo, um questionamento mais crítico e con-
e métodos do paisagismo moderno ganhariz
contornos mais legíveis.
O periodo entre 1955 e 1965 foi o de maior desenvolvimento de
projetos de paisagismo moderno nas cidades americanas. Em Design on
the Land, pus em 1971, um dos fiat influentes livros
Figuras 67a e 67b. Embarcadero Plaza, São Francisco, 2006.
to de Roma Design Group.
Estates Plaza após a demolição da Embarcadero Freeway. —
A remoção do Embarcadero Res RA o desenho da te
Ferry Building (Edificio dos Ferryboats)
Os trabalhos mencionados por Newton, também destacados na lista Á
de obras representativas do paisagismo do pós-guerra por Elizabeth
Meyer" pertenciam a quatro categorias: garagens, centros comerciais,
centros multifuncionais de escritórios e praça pública. Com exceção da
Copley Square (1966), uma praça pública, faziam parte das estratégias
adotadas pelas cidades para atrair usuários motorizados, como a Ghi-
rardelli Square (1962-1965), uma antiga fábrica de chocolates trans-
formada em festival market sabre garagens de vários pavimentos; a
Mellon Square, de Pittsburgh (1955-1959), uma praça sobre garagens;
é Hartford (1965), uma superquadra com edifícios modernos espaçados
sobre laje em cima de garagens.
O primeiro grupo, de praças sobre garagens, como no estudo de Eck-
bo de 1947 (figura 63), constituía uma necessidade e também uma
justificativa para o redesenho de áreas públicas. Praças públicas como a
Pershing Square, de Los Angeles, e a Mellon Square, de Pittsburgh, eram
redesenhadas com a preocupação exclusiva de resolver questões de es-
tacionamento de veiculos. As novas praças, rodeadas de rampas para
carros e elevadas em relação às ruas em volta, eram projetadas como
uma amenidade urbana, isoladas do tecido urbano.
A Pershing Square, de Los Angeles, construida no início da década de
1950, era uma típica praça pública sobre garagens: um grande quartei-
rão retangular elevado, com as laterais tomadas por rampas de acesso
para carros (figura 69). O layout reproduzia o traçado clássico de diago-
nais e ponto focal central, com os acessos, apenas quatro, localizados
nas esquinas. Por causa do formato da praça, da ausência de caminhos
ortogonais e da elevação em relação às ruas, o traçado da Pershing
Square não possibilitava criar alternativas de trajeto nem encurtar ca-
Figura 68. Freemays na cidade, São Francisco, anos 1960, croqui.
Estudo para acomodar freemos na cidade, elaborado por Lawrence Halpin no nica da sea
de 1960: imagem tranquila com casas vitorianas, sem tráfego, barulho, poluição, ou rep!
r
1 Torre de ventilação incorporada como elemento escultórico na paisagem
2. Parque sobre túneis, vegetação para contrabalançar a geometria construída
3. Descontinuidade dos passeios e esquina proibida para pedestres,
minhos. Isolada do tecido urbano, mesmo com um desenho clássico, a
Elizabeth Meyer, “Preservation in the Age of Ecology: Post-World War ! Built Landscapes”, em
€ Birmbaum (019), Preserving Modem Londscope Architecture: Papers from the Wove-Hi-
National Park Service Canference (Cambridge: Spacemaker, 1999), p. 12.
Pershing Square deixou de ser relevante para servir de passagem e ge
com o entorno. ]
a square, de Pittsburgh, primeira praça pública moderna so
bre garagens, foi projetada por Simonds E Simonds em 1955 (figura
70). O redesenho da praça utilizou elementos clássicos de praças e shop
ping centers: vegetação variada, gramado, espelho d'água e fontes.
layout retilinco era compatível com a arquitetura da garagem e com a
estrutura da edificação, O formato da praça aproximava-se de um qui
drado, e suas dimensões eram similares às dos quarteirões vizinhos Com,
na Pershing Square, as calçadas em volta: da Mellon Square tambem
foram eliminadas. Aqui a praça não se referia ao quarteirão, mas ape.
nas à superfície da laje suspensa. Vegetação baixa e espelhos d'agu:
formavam planos retangulares. Árvores, plantadas em canteiros que-
drados, eram espaçadas como esculturas soltas na laje. A ruptura
layout com o desenho tradicional de diagonais aumentava o contr:
da praça com o entorno formado por edificios, em sua maioria arr:-
nha-céus da década de 1920. Apesar de sua elevação, o uso diversifca-
do do entorno e o tamanho relativamente pequeno fizeram da Mello
Square um local de passagem e permanência, integrado à vizinhança
O Kaiser Center Roof Garden, de 1960, um jardim sobre garagens
Projetado por Osmundson e Stanley, foi um dos primeiros exemplos «:
Jardins suspensos de edifícios corporativos urbanos (figuras 71 e 72)
Projetado junto com a nova sede do conglomerado Kaiser, um ar
imo a andares, o jardim foi construido sobre ur
aa É cinco pavimentos, levando em consideraçã
pe tema Ena a mio
Praça “pública” sabre garagem para atrair usuários do automóvel ao centro da cidade.
j jardim = terra, pedra, água, plantas «
Observar:
1. Quarteirões grandes onde a praça não servia de passagem.
Imposição curvilinea para criar a ilusão
| acessivel por elevadores ou passagens
2 Praça elevada em relação às ruas em volta.
3, Desenho clássico inalterado de diagonais e acessos pelas esquinas.
Garden demonstrava, simultanea-
Estruturais, a consolidação da ima-
4, Rampas de acesso à garagem nas laterais da praça. eu
5. Calçadas descontínuas, sem qualquer interesse para passeio ou permanência. e
Figura 70. Mellon Square, Pittsburgh, 1955-1959.
Projeto de Simonds & Simonds.
Um dos primeiros projetos modernos de praça pública sobre garagens. Uso de vegetação varia-
da, gramado, espelho d'água com fontes. Desenho retilineo compativel com a estrutura Figura 71. Kaiser Center Roof Garden, Oakland.
Observar
1. Inexistência de calçadas em volta da praça.
2. Praça elevada em relação às ruas em volta
3. Destruição de esquinas como pontos de permanência e de entrada.
&. Ausência de espaço aberto para aglutinação ou usos flexíveis
5, Árvores espaçadas como elementos escultóricos.
Projeto de Osmundson & Staney
Jardim sobre múltiplos pavimentos de garage
nolégica considerando distribuição de cargas de acordo com as
das árvores e do sistema de drenagem.
Observar: desenho curvlinco para eriar ilusão de parque.
Figura 72. Kaiser Center Roof Garden, Oakland.
Projeto de Osmundsan & Stantey. ;
Jardim pb, Aeeso resto, so Intenlonimenteoldoia rio têm
criação de refúgio,
A Girardelli Square, de São Francisco, e o Feneuil Hall, de Boston,
constituiam dois modelos exemplares e pioneiros de festival markets,
ou centros comerciais “festivos”, associados à imagem de um mercado
tradicional e à reciclagem de edificios históricos. Originados em parte
pela reação contra a demolição indiscriminada de construções antigas
promovida pelo estilo “arrasa-quarteirão do urban renewal é em parte
por estratégias comerciais associadas a arquiteturas temáticas ou cele-
brações específicas, os festival markets ofereciam um lugar animado,
com a concentração de lojas variadas, especialmente de artigos perso-
nalizados confeccionados por artistas ou artesãos e objetos importados
de minorias étnicas ou paises distantes. A combinação de caracteristi-
cas intrinsecamente urbanas, como localização central, arquitetura an-
tiga e referências históricas, com a variedade de produtos e atividades
atraía não apenas a população diversificada da cidade como também
visitantes e turistas. O sucesso comercial, por sua vez, era realimentado
com a presença de mais gente e mais animação, ao ponto de o festival
market ter-se tornado um “estilo” de shopping center desenvolvido com
temas especificos e construções e referências históricas reinventadas.
Projetada por Lawrence Halprin em 1962 e inaugurada em 1965, a
Ghirardelli Square transformou uma antiga fábrica de chocolates loca-
lizada próxima da baia de São Francisco em um centro comercial sobre
garagem de múltiplos pavimentos (figura 73). Tendo sido mantidas a
inserção no tecido urbano e a volumetria geral da arquitetura, os espa-
ços internos e externos foram recriados em uma sucessão de corredo-
res, com sobe-e-desce, pátios e jardins que alternavam vitrines, restau-
rantes, remansos e vistas da cidade e da baia. O desenho compacto do
complexo e a grande variedade de espaços e atividades promoviam o
que Halprin designava movimentos "coreografados" de pedestres.
O terceiro grupo era composto de intervenções de renovação urba-
na realizadas em áreas desapropriadas com o financiamento do Hou-
sing Act. Os projetos incluíam um setor institucional, como museus,
centros culturais e sedes de governos, e outro privado, de complexos
ea valorização do passeio e da contemplação pa
intencionalmente restrito, [
segundo grupo de trabalhos significativos do paisagismo moer.
no na cidade abrange centros comerciais, como ruas pedestriani
ou “calçadões”, e festival markets, como à Ghirardelli Square, de
Francisco. :
Projetados para competir com Os “shopping centers suburbanos, os
pedestrian molis fechavam as “vias para o tráfego de veiculos e as trans.
formavam em áreas ajardinadas de uso exclusivo de pedestres, imitan
do os corredores ajardinados dos shoppings abertos. O primeiro cai
dão - Brudick Street Mall, no centro de Kalamazoo, Michigan - 1
apenas dois quarteirões, foi criado em 1958 por Victor Gruen, arquiter
especializado em shopping centers. Embora a intenção de Gruen +
articular espaços de pedestres junto com o acesso a vias expressos +
estacionamentos, 0 calçadão foi uma novidade bem recebida e imeo
tamente adotado em outras cidades, mesmo sem um plano de 1:51
porte ou de garagens.
Em 1962, foi construído no centro de Fresno o primeiro cacos:
"
Itretanto, com a popularização d'
climatizados, as ruas ajar
Concorrência aos shopping cen!
| maioria dos calçadões foi demolida
fal ou parcial do tráfego; as pis
idas ampliadas, como no Nicolle
O por Lawrence Halprin em 1952
Figura 73. Ghirardelli Square 1962-1965.
Projeto de Lawrence Halprin
Inaugurado em 1965, um dos primeiros festivol markets na cidade, centro comercial sobre
garagem de múltiplos pavimentos. Reciclagem de uma antiga fábrica de chocola
Compacto, com atividades variadas e movimentos coreografados por meio
fontes e recantos ajardinados.
Animação urbana: sucesso comercial e atração turística.
7. Usa concreto aparente. Apresenta descon:
forto fisico e o espaço social no dimension
to dos lugares de permanênci
75), os bancos são tratados co
Isideração com q Con-
lamento e detalhamen-
a Como na Copley Square (figura
s mo elementos geométricos de com-
posição e o desenho do piso e dos deo
graus é acentuado pelo gra-
fismo. E
UMA RELAÇÃO AMBÍGUA COM A CIDADE
Com a inauguração da praça Roosevelt na área central de São Paulo,
em 1970, formalizaram-se entre nós a idéia de praça moderna “plane-
Jada” e a influência do paisagismo moderno americano no projeto do
espaço livre público. Além de caracteristicas formais semelhantes às da
Mellon Square (em Pittsburgh), as duas compartilham retações funcio-
nais próximas e efeitos impactantes no tecido urbano em volta. Conce-
bidos como amenidades em áreas densamente construídas, os projetos
eram de praças sobre garagens e faziam parte das estratégias de revita-
lização urbana para atrair o usuário do automóvel 30 centro da cidade
A ruptura, O pressuposto básico da modernidade, não se limitava às
Caracteristicas de novidade estética na apresentação da praça. Mostra-
va também a desarticulação com o tecido urbano existente e com os
hábitos de uso da população do entorno.
Desenvolvido entre as décadas de 1940 e 1960, o paisagismo moder-
no americano compartilhava os ideais funcionais e sociais da arquite-
tura moderna internacional e a estética dos principais movimentos ar-
tísticos da época. A prosperidade pós-Segunda Guerra Mundial e o
modelo de urbanização baseado no uso intensivo do automóvel pro-
porcionaram seu desenvolvimento especialmente nos subúrbios, o que,
além de propagar um estilo de projeto, demonstrava ser uma resposta
pragmática a novas questões urbanísticas, com base em jardins parti-
culares e espaços semiprivados dos campi de corporações e centros de
ensino e pesquisa e, especialmente, de shopping centers suburbanos. A
maioria dos espaços públicos projetados nesse periodo respondia ape-
Figura 78. Praça Roosevelt 1967-1970,
Projeto de Roberto Coelho Cardozo, arquiteto paisagista, € Antonio Augusto An
Se Souza Dias, arquitetos. ERR om
es moderna de São Paulo: “um ensaio utbano em vários níveis”. parafraseando *
Observar:
1 Plataformas de concreto em vários níveis.
2. Na rua da Consolação: calçada descontínua e travessia dificil para pedestres canto
Únicos acessos às esplanadas superiores.
mais visivel, no centro, é feito por rampas cr
nas a demandas funcionais, como as de recreação, implantação de vias
expressas, estacionamentos ou revitalização urbana, com uma lingua-
gem espacial fortemente apoiada nos padrões visuais e de beleza de-
senvolvidos nos espaços privados e semiprivados.
A variedade dos projetos produzidos, entretanto, não resistiu ao tes-
te do tempo, nem se mostrou tão funcional. O premiado conjunto ha-
bitacional Pruitt-lgoe foi demolido dezessete anos depois de inaugura-
do. Vias expressas urbanas, como as de Portland, foram demolidas no
inicio da década de 1970, as de Boston nos anos 1980 e as de São
Francisco no início da década de 1990. O também premiado projeto da
Copley Square, inaugurada em 1969, durou apenas catorze anos. A cur-
ta vida útil de projetos modernos como o da Copley Square de Boston,
refeito em 1983, mostra a estreita vinculação da praça com a transfor-
mação da cidade e do uso com a formação cultural. A praça moderna
norte-americana, em sua origem, é uma derivação do parque pictures-
que do século XIX: utilitário e antiurbano, e não uma evolução da praça
tradicional que se funde com a própria noção da cidade. O não desen-
volvimento de uma prática de projeto do espaço público deve-se fun-
damentalmente 20 fato de a cultura americana ser pouco receptiva à
diversidade social, étnica e racial, à aglomeração, à proximidade fisica e
aos contatos espontâneos e, notadamente, a uma relação ambigua com
a cidade (figura 75).
o listrado, está 1,20 m acima do nível da rua da Consoia
Mo centro ca praça, está a uma altura de 8 mem 1º
Praças: projeto, convívio e exclusão
Este capítulo analisa seis praças representativas de projetos realiza-
dos na área central de São Paulo a partir da década de 1940 (figura 79)
€ propõe alternativas para ampliar seu espaço de convivio social, por
meio de desenhos mais convidativos e adaptáveis que privilegiem o
acesso, a integração com o entorno e a articulação com o tecido urbano.
As seis praças estudadas são o largo do Arouche, uma adaptação do
jardim público do inicio do século XX, e as praças Dom José Gaspar
(concluida em 1944), Franklin Roosevelt (1970), da Liberdade (1975),
Santa Cecilia (1983) e Júlio Prestes (1999). Seus projetos não apenas
refletiram a estética dominante na época, mas também responderam a
demandas provocadas pelo crescimento vertiginoso da cidade e por di-
reções antagônicas tomadas pelas políticas urbanas. Enquanto o largo
do Arouche e a praça Dom José Gaspar testemunhavam a mudança do
desenho urbano de orientação francesa, baseado na ordem clássica es-
tabelecida por ruas, passeios públicos e arquitetura, para um urbanismo
de influência norte-americana, centrado na facilidade de circulação,
no fluxo de pessoas e mercadorias por meio de automóveis; a praça
Roosevelt concretizava a transposição da estética do paisagismo ma-
derno americano para um espaço urbano mutilado por intervenções
viárias. As praças subsequentes, filiadas à tendência americana, porém
O Complexo viário
ISOs e diversifi-
tem alcance
a praça San-
, ela foi fechada
“nova”, remode-
pansão da “cida-
as duas praças é
ção gradual do
intensamente usa-
Prestes, embora
“central, é um lugar
Mesmo com um.
es é reduzido,
praça da Liberda-
| Dom José Gaspo!
lizam-se no centro
Figura 79. Localização das praças analisadas.
obras viárias e do
plantas das praças
Es no local e re-
e análise situação
O manuseio do
geralmente ano-
e depois transte-
da Biblioteca;
em quatro seto-
itetura e pelas
pela topogra-
pelo edificio de
“acessivel 20 pú-
franqueados ss
fura ou simols-
re a calçada ee
e dos acessos
incluido o calçaiso
Na praça da Liberdade, procurou-se ressaltar sua conexão com a ave-
nida da Liberdade, os largos da Pólvora e Sete de Setembro e a praça
João Mendes. Na praça Santa Cecilia, destacou-se a fragmentação do
tecido urbano provocada pelo elevado Costa e Silva, mostrando que
sua simples remoção não induziria à revitalização da área danificada. A
proposta apresentada sugere um parcelamento de quadras mais per-
meáveis e, em seu centro, a praça integrada ao largo Santa Cecilia com
a centralidade reforçada pela estação do metrô.
No largo do Arouche, o desenho na escala 1: 2:000 enfatizou sua
integração com a avenida Duque de Caxias e a praça Santa Cecilia,
mostrando a continuidade dos espaços públicos, a dependência do en-
torno para a definição espacial e, especialmente, novas possibilidades
de conexão. Na praça Júlio Prestes, reforçou-se a idéia da avenida Du-
que de Caxias como elemento estratégico para o restabelecimento da
ordem urbana e a revitalização urbana.
As pranchas Comparações, reunidas na parte final dos estudos, assi-
nalam as principais diferenças entre as praças analisadas, de projeto,
uso, acesso, integração com o entorno e articulação com o tecido urba-
no. À reunião das praças Dom José Gaspar (intensamente usada, com a
metade da área da segunda) e Roosevelt (pouco usada) na escala
1:2.000 evidenciou usos distribuidos nas áreas periféricas da Dom José
Gaspar € seu papel fundamental na articulação do tecido urbano gra-
ças à convergência de ruas, caminhos e galerias. A comparação das
duas praças sobre estações de metrô, a da Liberdade (intensamente usa-
da) e a Santa Cecilia (fechada para uso), reunidas na escala 1: 1.000,
mostrou que a primeira, com menos da metade da área da segunda, é
mais permeável, acessivel, integrada à arquitetura e às ruas adjacentes,
sendo intensamente usada. O setor 1 do largo do Arouche e a praça
Júlio Prestes, de dimensões similares, ressaltaram, no primeiro caso, os
Uisos variados espalhados nas bordas e nos caminhos internos e a idéia
“do jardim público integrado ao entorno e participante da construção
Os desenhos, desenvolvidos em momentos diferentes, foram inicia
dos no primeiro semestre de 2000, tendo como estudo-piloto a praça
Dom José Gaspar. No semestre seguinte, foi incluido o estudo da praça
Roosevelt, próxima e contrastante, sugerindo então a possibilidade de
comparação dos dois projetos, representativos da passagem da influên-
cia francesa para a americana. Em seguida, foram acrescidas aos estu-
dos as praças sobre estações de metrô (Liberdade e Santa Cecilia) e,
finalmente, o largo do Arouche e a praça Júlio Prestes, fechando assim
o arco temporal dos estudos de casos.
Ao incluir os desenhos na tese como instrumento de investigação e
reflexão, procurou-se conservar de forma mais fiel possivel o processo
de sua elaboração. Os desenhos da praça Roosevelt, elaborados num
estágio experimental, cheio de indefinições, talvez como reflexo do
péssima estado de conservação da praça, são bastante rabiscados, com
uma escrita nervosa espalhada pela prancha. Os desenhos da fase final,
como os das praças Santa Cecilia e Júlio Prestes e do largo do Arouche,
já foram conduzidos de forma sistemática, com alguma ordenação.
a
a definição das
rua Bráulio Go-
Urbana “cláss-
s e dimensões
0. Essa ordem,
da avenida
's parisienses
mann, entre 1854
s a influência do
José Gaspar re-
jand, não apenas
atuava como ele-
As principais adaptações da praça ocorreram na década de 1980.
Com a transformação da rua Marconi em um calçadão com árvores e
bancos, a idéia da rua como passagem e espaço de uso múltiplo foi se
descaracterizando. Mais tarde, a Biblioteca foi gradeada, com os aces-
sos à avenida São Luis é à praça fechados. Os caminhos internos foram
eliminados e convertidos em canteiros. Gradativamente, o uso e a iden-
tidade da praça transferiram-se para as calçadas da rua Bráulio Gomes
eo calçadão da rua Marconi.
As observações de uso foram realizadas em 2000, 2001 e esporadi-
camente, em 2002.
Em 2002, a Emurb propôs a remodelação completa da praça, inclu-
indo a reabertura da rua Marconi e a reforma da biblioteca, com novos
terraços e acessos voltados para os jardins. A ameaça de remoção de
árvores gerou muitos protestos da população vizinha, e o projeto foi
temporariamente embargado pelo Ministério Público do Meio Ambien-
te. Em 2003, a Emurb executou outro projeto de reforma, parcialmente
concluido em janeiro de 2004. Entre as modificações efetuadas, desta-
caram-se o aumento de árvores e a eliminação de todas as muretas,
bastante usadas para o descanso e o convivio social. Não foi possivel
incluir a “nova” Dom José Gaspar neste estudo por estar incompleta e,
especialmente, sem a instalação de bancos.
Pranchas:
DJG 1. Contexto, escala 1: 5.000
DJG 2. Tecido urbano, escala 1: 2.000
DJG 3. Entorno, escala 1: 1.000
Setor 1:
DJG 4. Situação atual, escala 1: 500
DJG 5. Uso, escala 1: 500
DJG 6. Não-conformidades, escala 1: 500
DJG 7. Projeto e indicação dos cortes, escala 1: 500
DJG 8. Cortes 1 e 2, escala 1: 200
DJG 9. Corte 3, escala 1: 200
Setor 2:
DJG 10. Situação atual, escata 1: 500
DJG 11. Uso, escala 1: 500
DJG 12. Fotografias de uso
DJG 13. Não-conformidades, escala 1: 500
DJG 14. Fotografias de não-conformidades
DJG 15. Projeto e indicação dos cortes, escala 1: 500
DJG 16. Cortes 1 e 2, escala 1: 200
DJG 17. Cortes 3 e 4, escala 1: 200
DJG 18. Cortes 5 a 7, escala 1: 200
DJG 19. Cortes 8 e 9, escala 1: 200
DJG 20. Alternativas: uso, acesso e entorno, escala 1: 1.000
DJG 21. Alternativas: tecido urbano, escala 1: 2.000
eo
Delimitação fluida da praça: Incorporação da
tua Marco, com sas lg calçadas e ag sd
Mesmo tempo, eliminação do jardim público
ue faia atração ente a Biblioteca e a rua
E que posiitava o comia social
jardim da Biblioteca para o calçadão a eua
Marconi
O pimero fo a transformação cons
Marconi em calado com árvores e bancos,
promenada pela Emur em 1341. A priscipat
“do almoço. As árvores plantadas no espaço
da rua à sombra dos pros, pour
acrescentaram à qualidade ambietal do
gar Com o tempo, os bares
desapareceram dano lugar a mares,
reis, greihas de ventilação do metrá,
Danças de jornal e de eres.
O segundo fato ese xo gradesmento da
Biblioteca, executado em 1585 a
substituição des caminhos por cantos,
“esiminando-se não apenas acesas à
Bboteca, mas também o uso do jam, isto
jrculação é permanência. Uso intenso: grupos diversos,
rda-sóis dos engraxates acompanham a curva da rua, reforç
ão de hierarquia ou uso (hora do almos
feira; 2 de Junho de 2000)
[PRAÇA D. JOSÉ GASPAR:
USO
NÃO-CONFORMIDADES
POR USO:
JA. Ponto de acumulação do io para coleta. N
A Mau cheiro e sujeira humana.
GALERIA mano poia A heampamento
dA Concentração de papel picado.
A Acampamento e lo.
AA. Concevção de coçando ara ento
À Concentração de ambulantes € acúmulo de fixa.
ar sipuafo,
POR INTERVENÇÕES OfiCIAIS
(D Gradeamento da Bibintec>
(6) Eliminação de caminhos e aum
canteiros
(O) Pranto aleatório de árvore:
tranutenção.
(O) Calçada descontinuz na er
(D Oreihão no centro do espaç
(O Grelhas de ventiação do mer
(O Asesso cons de vicuto
(O Estaconamento seetvo sem
mem fiscalização
Estes
scam
E. BRAULIO Gonts/
Maecont
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ALTERNATIVAS
USO, ACESSO E INTEGRAÇÃO COM O ENTORNO.
Aumento de quantidade e variedade de áreas de us, de
ee integração com o entomo.
A reabertura da rua Marconi fgando à rua Sete de Abril à avenida
São Lui restabelece a ordem urbanística com clara delimitação do
espaço púbico-praça e o domínio da arquitetura e seus espaços
semipúblicos A redefinição da quadra posstsitará recupera paseios
largos em todo o perimetro da praça e resgatar as esquinas focas
naturais de convergência de Fluxos ce pedestres, para o convivio
soca
Resgatâm-se passeios taros o longa das ruas, junto à arquitetura é
duma ampla esplanada na frente da Galeria Metrópole O acesso por
veiculos é um pequeno estacionamento são estratégicos para.
estimula o desenvolvimento do comércio, e, especaimente a
imtegração dos pavimentos térreos com o espaço púbico
A remoção do gradi em volta da Biiteca restaura a unidade
espacial original formada pela arquitetura e seu espaço aberto. Uma
grande esplanada na rua da Consoação comporá a fachada da
Biboteca e servirá de ponto de encontro para usuários e transeuntes.
Na nua Bráulio Gomes, passeios largos áreas de estar integrarão as
atividades cla arquitetura e os luxos gerados pes galerias de ligação
com a rua Sete de Abr
Entre a Biblioteca e a rua Marconi, recupea-se o jardim público,
estensão da arquitetura « amicuação com o entorno Caminhos
argos, canteiro e lugares para sentar são os eJementos básicos de
composição.
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ALTERNATIVAS.
USO, ACESSO E ENTORNO
espaço de trarão
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Praça FRankuN RoosEvELT
Próxima à Dom José Gaspar, a praça Franklin Roosevelt apresenta
situação bem contrastante na aparência e no uso. Projetada no fim da
década de 1960 e concluida em 1970, a praça Roosevelt representa a
transposição para nosso contexto da estética do paisagismo moderno
norte-americano, com a consolidação do modelo de desenho e gestão
da cidade baseado na facilitação de fluxos por meio de obras viárias e
do uso de automóveis, como acontecera nas cidades americanas nas
décadas de 1950 e 1960.
A praça Roosevelt foi projetada pelo paisagista Roberto Coelho Car-
dozo e pelos arquitetos Antônio Augusto Antunes Neto e Marcos de
Souza Dias para ser construída sobre um complexo viário elaborado
pelo escritório de engenharia Figueiredo Ferraz. A proposta continha
um programa funcional arquitetônico extenso que incluía garagens,
um supermercado, uma escola de educação infantil e espaços variados
para serviços e pequenos comércios, como correio, galerias de arte e
floriculturas. Para acomodar todos os usos, a praça assumiu feições e
proporções de uma imensa edificação, elevada em relação às calçadas
em redor e ocupando um quarteirão inteiro. Se a superestrutura viária
fragmentou o tecido urbano existente, a nova praça, ao contrário da
Dom José Gaspar, evidenciou ainda mais essa ruptura não apenas pelo
novo estilo de design, mas, especialmente, pela destruição de padrões
cento geométrico da quadra e distante (150 m em linha ea) das ru principais,
Consolação. A diferença de nivel em reação à rua Augusta é de 11,3 m é do ponto
rua Guimarães Rosa é de 67 m, isto é, uma altura equivalente a, no minimo, dois.
a mos Mama [Ratner J. |
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“Há usos de espera nas saidas da escola durante a semana, lavar carro no fim de semana e
“permanência de “moradores de nu”:
E João Guimapães posa ]
O PROJETO
Espaço Ive resultado de intervenções arbitrárias: sistema
viário, buracos para ventilação, cotas de nivel, arquitetura
“anguasa sem fachadas, muretas e escadas. Ei
Projeto voltado para dentro da praça e desintegrado do
Entomo: banco ireuar cujo encosta é uma parede com mais
e 2 m de altura em reação à rua.
Acesso controlado e geometrização: as quatro escadas são
afunladas por meio de curvas ou ângulos. Não é evidente que
este tipo de desenho produza acessos mais convidativo.
Ordem é rigides: banco jardineira em forma de, no encontro.
de três rotas de passagem, Funciona coma dis de
caminhos, não como local de convergência.
Mensagem ambigua: pequenos canteiros trapezoidais
cuiadosamente detalhados no mei do patamar da escada
disimulam aceso e dificultam a circulação de pedestres.
Arquitetura fone da eu, sem fachadas ou relação com o
entomo.
Desenho elaborado: curvas € ângulos interceptando que
produzem no pio cantos de acúmulo de sujeira e água.
Detalhes de banco acumulam sujeira
ROS.
SETOR 1
PROJETO E INDICAÇÃO DE CORTES
Desenho: 2001
1 Adaptação oficial: pracinha em frente á rua Mi
pra a rá em todo O perimetto da praça. Usos. cin
“uso fo na calçada, em frente do acesso à pras
o: sujeita é 4 Não-conformidades por projeto.
x pm supermercado. Sinais de abandono e estrago: su
3 Esplonada coberta: em frente ao supermercado de mal de 2007) estreita e desfigurada por obras pl
poças dágua Cri estacionado legalmente (meio-dia, domingo
PRAÇA FRANKLIN ROS
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USOS E NÃO-CONFORMIDADES. pn4s
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e são Guimarães Rosa
uso
Atividades variadas; descanso, bate-papo, anda, core, passear com cachos,
brincar e andar de bicicletas, sotes e patins
O espaço aberto centra, degraus e o palco permitem aos stattasdesemolverem
“manobras variadas. Ste é um aticulador de atividade social entr s que
competem, esperam, trocam experiências, ensinam e assistem
Usuários diversificados e formação de grupos: conforto soca e sensação de
segurança percebida, com presença de crianças desacompanhadas de ads, de
mulheres soinhas de casais e de adolescentes.
Com a cidade: praça central, de uso múltiplo. porém de acesso reduzido.
do entorno: forma geométrica precisa, definida por muretas, mais altas nas.
O Centro dá quadra, acima das ruas próximas.
controlado: duas rampas, ma vindo pel na Augusta, atunmente fechada, ea
da estacionamento e desembocando no centro
PRAÇA DA LIBERDADE
Praça histórica, reconfigurada pela construção da Estação Liberdade do metrô em 1975, a praça
da Liberdade era conhecida como a Praça da Forca nos tempos colonias e até depos da
Independência. Apesar de dominada pelos referenciais, mais recentes, das imigrações japonesa e
asiáticas, a praça, as ruas e igrejas da vizinhança, como a Capeia Santa Crur dos Enforcados e a
Capela dos Aflitos, ainda guardam muitas memárias antigas da cidade.
Próxima à praça da Sé a avenida da Liberdade foi um dos primeiros eixos de espansão do núcieo
colonial 30 longo do espigão da Vergueiro. O parcelamento do solo mostra um traçado regular de
quaneirõs retangulares, alguns muito compridos A justaposição do sistema de ruas e quadras:
“com a avenida da Liberdade criou uma sequência de três pequenos espaços les trangulares. Os
espaços são: o largo Sete de Setembro, adjacente à praça João Mendes; a praça da Liberdade, no
centro da segiência e do baio; e o largo da Pólvora, transformado em um jardim “japonês” em
meados da década de 1970.
Maior entre os três espaços públicos ao longo da avenida da Liberdade, a praça da Liberdade está
localizada na convergências das duas ruas principais do aí, a dos Estudantes e a da Glória,
com a avenida.
Várias centralidade sobrepõem-se à praça da Liberdade: 1 localização centra, dentro do raso de
1 km a parti do Marco Zero; 2. centro de bairro com concentração a população e de atividades
comerciais e culturais asiáticas; cenaro da comunidade asiática espalhada peiz cstade e pe
pais, com participação ativa na dinâmica das novas migrações intemacionais.
im PRAÇA DA LIBERDADE
Ha
Escadaris e patamares de acesso à estação de metrô
definem à existência de duas praças: a praça da cidade,
das ruas e calçadas, ea praça do metr, delimitada e
contida por muretas, jadineiras e desníveis
Area do triângulo: 3000 m
Praça no nivel da nua: 2060 my
Praça rebaixado: 940 m!
Peimetro das ruas: 300 m
Com exceção do afastamento excessiva
(130 m) entre as luas travessia de pedestres
na avenida Liberfade, a praça é bastante
acessivel pelas calçadas das ruas que a
contormam
Construções continuas conferem fechamento
espacal à praça. Há vários eis com mais.
de nove pavimentos. em sus maior
concentrados nos lados leste e su! a praça. O
uso do solo é bem diversificado: rea
comércios, residências escritos estas.
bancos, consuitéios e hotéis
As capelas históncas de Santa Cruz cos
Enforcados e dos Afitos estã
meio de atividades comerca
pregonderantemente operadas e votadas
para a comunidade asática da cede
/ a intensidade das atividades. constantemente
Intemacionas e com
culturas orientais, faz a
estinações mais procuradas da cita. não
apenas peia comunidade asúática, mas
também peia população em gera e vistantes
da cidade.
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uso. =
CD Bancos em usados: grupos de ias «idosa (em sus sairia, de orem pone)
que sociabilizam no mei de barracas e ambulantes e da multidão que entra saida
estação do met x
(OD Base das tores junto ao acesso ao metrá É um lugar “achado” bem usado.
o Jardineirafcanteiro usada para a sociabilização dos funcionários das empresas de
nt
GD Fono de bu banca de jm e rante sobre a praça
(6) Murta serve de encosto e apo para patciar a praça do met
OD Local ensarado, banco bem usada, permanência venia.
(BD local recuado, pouco usada. geraimente pos “moradores” de rss com vestígios =
“Somo restos de comida, bebia e mau-cheiro É
(8) Praçalpatamar da estação banco bem usado.