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Guias e Dicas
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A importância do uso de cães de resgate pelo corpo de bombeiros militar, Notas de estudo de Políticas Públicas

Este trabalho vai mostrar a importância do treinamento e utilização dos cães de resgate pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Delineando o que são desastres e quais os principais desastres ocorridos em Santa Catarina, além de expor algumas características e origens de cães para resgate. Descrevendo Buscas urbanas, rurais e restos mortais.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 30/11/2010

silvio-lima-18
silvio-lima-18 🇧🇷

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Baixe A importância do uso de cães de resgate pelo corpo de bombeiros militar e outras Notas de estudo em PDF para Políticas Públicas, somente na Docsity! A IMPORTÂNCIA DO USO DE CÃES DE RESGATE PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Sílvio Mendonça Lima Junior Itajaí - SC 2010 A IMPORTÂNCIA DO USO DE CÃES DE RESGATE PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Projeto apresentado na disciplina Metodologia da Pesquisa e da Produção Científica do Curso de Gerenciamento de Crises – Emergências e Desastres do Posead como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de Crises – Emergências e Desastres, Orientador: Giovani Oliveira Sílvio Mendonça Lima Junior Itajaí - SC 2010 5 1 INTRODUÇÃO 1.1 A EFICIÊNCIA DOS CÃES DE RESGATE. Este trabalho apresenta a importância dos cães de busca e salvamento, pois hoje, mesmo com os progressos tecnológicos como GPS, imagens de satélites, até mesmo robôs, os cães ainda são as melhores ferramentas para a busca e o salvamento de pessoas que estão perdidas em áreas rurais, ou no meio de um amontoado de concreto e ferros retorcidos, sem falar na grande importância que eles têm na busca de cadáveres. Graças à obsessão com a brincadeira, juntamente com a ajuda de seu aguçado olfato e audição, cães bem treinados salvam centenas de pessoas por ano. Seu trabalho pode salvar uma pessoa que está sofrendo um pesadelo sem fim à espera de alguém para lhe ajudar. Porém nem sempre o mesmo é recompensado achando pessoas vivas, o seu trabalho às vezes pode resolver um crime e dar um enterro digno para aqueles que tiveram a infelicidade de morrer em um desastre. Para este tipo de trabalho, não existe uma raça especifica, porém o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina usa o Labrador, por serem de porte médio, muito ágil e flexível, dócil e brincalhão, além de tudo é suficiente para suportar as dificuldades do trabalho realizado. Uma das vantagens que tem para encontrar pessoas, está em sua anatomia, os cães possuem o olfato como o sentido mais importante e aguçado, com cerca de 200 milhões de receptores para odores, enquanto os humanos possuem somente cerca de 5 milhões, ou seja, 40 vezes menos do que os cães. A audição dos cães também é extremamente desenvolvida. Eles são capazes, com o auxílio de suas orelhas direcionáveis, de localizar com precisão a direção da origem do som em apenas 6 centésimos de segundo, e conseguem ouvir o mesmo som a uma distância quatro vezes maior do que somos capazes. Nos últimos anos têm surgido técnicas de resgate de pessoas através do potencial de faro e audição dos cães (ALCARRIA, 2000). Para este tipo de serviço, existem dois tipos de treinamento, o de cães de busca por rastreio, onde o nome já diz, ele trabalha com o focinho no chão, seguindo o rastro da 6 pessoa de um ponto A ao B, este tipo de cão precisa de uma parte limpa da pessoa a procurar, alem de ter de cheirar um objeto com o cheiro da mesma que tem de achar. O outro tipo de treinamento, é o por venteio, que é o que a maioria das instituições do Corpo de Bombeiros está utilizando, onde o cão procura o cheiro humano no ar, sem seguir uma determinada pessoa. Este trabalho vai mostrar a importância do treinamento e utilização dos cães de resgate pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Delineando o que são desastres e quais os principais desastres ocorridos em Santa Catarina, além de expor algumas características e origens de cães para resgate. Descrevendo Buscas urbanas, rurais e restos mortais. 1.2 Tema Hoje vivemos em um mundo que vem apresentando grandes desastres, naturais ou provocados pelo homem, muitas vezes afetando negativamente a vida, provocando mudanças permanentes às sociedades, meio ambientes e ecossistemas. Catástrofes que desequilibram a sobrevivência e a prosperidade. Sua distinção é medida pelos danos e prejuízos. Catástrofes não avisam que vão acontecer e deixam sequelas irreparáveis. Estes incidentes, naturais ou não, podem acontecer a qualquer momento, necessitando o Poder Público, através da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiro Militar e Defesa Civil, estar preparado para prevenção e intervir no acontecimento. Onde para gerir os riscos, devem conhecer um pouco de geologia, engenharia civil, resistência de materiais, demografia, técnicas de salvamento e resgate. Além de ter de terem conhecimentos sobre o modo de organização das cidades e das pessoas que nela circulam. Hoje podemos ver que as instituições públicas, que são responsáveis pelo socorro das vítimas, estão se adequando ao contexto de treinar e empregar o uso de cães na busca e resgate das vítimas, sendo que é notório que o emprego dos cães de resgate pode ser decisivo para salvar e preservar a vida humana. 7 Alguns acontecimentos marcantes serviram para difundir de maneira mais incisiva a participação em atividades de resgate e localização de vitimas, destacasse o grande terremoto na cidade do México em 1985, El Salvador (1986) e mais recentemente o terremoto da Argélia (1999) e os ataques às torres do WTC (2001), terremoto no Irã (2003) e recentemente no Japão (10/2004) em Taiwan (10/2004) (PARIZZOTO, 2004, p. 03). Assim com estes acontecimentos podemos notar que houve um aumento significativo nos aumentos de implantação dos serviços de Busca e Resgate com Cães, através dos Corpos de Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil. A história do emprego de binômios na área de resgate que “foi na Grã-Bretanha, durante a Segunda Guerra Mundial, após os bombardeios que os cães foram utilizados pela primeira vez para reencontrar as pessoas sepultadas sob escombros” (Enciclopédia do Cão, 2001, p. 154). Os cães de busca e salvamento, chamados do mesmo modo de cães de resgate, geralmente são divididos em duas especialidades, busca de vítimas vivas e busca de pessoas mortas. Além de trabalharem em ambientes de desastres, os binômios, nome dado a dupla, cão e condutor, pode agir em ações de investigações criminais contra a vida, basta serem treinados para isso. Atualmente é cada vez mais frequente ouvirmos em cães de busca e salvamento, onde podemos citar o uso deles nas buscas as vitimas dos deslizamentos acontecidos no complexo do morro do Baú em Santa Catarina, que aconteceram em 2008, onde participaram 08 cães catarinenses, e o resultado foi 21 ocorrências atendidas, com 02 vítimas encontradas vivas e 10 corpos recuperados, e em São Paulo no acidente que aconteceu na estação do metrô e no desabamento do templo da igreja Universal. 1.3 Justificativa da Pesquisa Partindo de um diagnóstico das atividades de busca, resgate e salvamento do Corpo de Bombeiros em ocorrências de deslizamentos, enchentes, afogamentos, terremotos, desaparecimentos e outros, constatam-se a dificuldade de acesso e a prejudicial perda de 10 - Ameaças naturais: precisam principalmente a condições ou processos biológicos, geológicos, sísmicos, hidrológicos ou meteorológicos. Exemplos: Terremotos Deslizamentos de terra Inundações Erupções vulcânicas Seca - Ameaças sócio naturais: Contribuímos para o evento ou ao aumento da amplitude de fatos que no passado eram unicamente naturais. Estão ligadas com exercícios humanos impróprios na agricultura, na ampliação urbana ou no consumo de recursos naturais. É o caso do desmatamento ou do manejo abusivo da água e do solo que ao aumentar a erosão colabora para o acontecimento de deslizamentos e inundações. Porém ameaça não é um desastre, pois pode haver um deslizamento de terra sem que seja um desastre, sendo apenas um evento adverso, o problema é que está se tornando cada vez mais difícil determinar se é uma ameaça é “natural ou antrópica”, como o desmatamento, porque um pode provocar a outra, através das mudanças nos patrões do clima que acabarão manifestando-se como ameaças de origem “natural”. 2.1.1 PRINCIPAIS DESASTRES OCORRIDOS EM SANTA CATARINA Segundo Chiaretti, o Brasil é o país das Américas com o maior número de pessoas afetadas por desastres naturais. Um estudo da Cruz Vermelha Internacional, de 1994 a 2003 foram 2.056 brasileiros mortos em deslizamentos, inundações e secas. Esse quadro sombrio tende a se agravar com o uso desordenado da terra e os fenômenos intensos de chuva que devem acontecer com mais intensidade e frequência em tempos de aquecimento global. (Chiaretti Daniela) 11 Santa Catarina contribui muito para esta estatística, as estiagens, as enchentes, os deslizamentos de terras e os ciclones, estão entre os fenômenos que assolam este estado brasileiro. 2.1.2 ESTIAGEM E SECA As estiagens ou secas estão entre os fenômenos que tem os maiores períodos de duração, causando enormes prejuízos economicamente e socialmente para o estado catarinense. Este tipo de desastre é de evolução lenta ou gradual, onde evolucionam progressivamente ao longo do tempo. Segundo CASTRO (1998), o conceito de Estiagem refere-se a um “período prolongado de baixa pluviosidade ou sua ausência, em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição”, já o conceito de seca, é tratado como: “ausência prolongada, deficiência acentuada ou fraca distribuição de precipitação; período de tempo seco, suficientemente prolongado, para que a falta de precipitação provoque grave desequilíbrio hidrológico; numa visão socioeconômica, a seca depende muito mais das vulnerabilidades dos grupos sociais afetados que das condições climáticas”. Individualmente Santa Catarina durante o fenômeno natural denominado La Nina, tem os níveis de chuva bem abaixo da média, fazendo com que as secas apareçam causando transtornos econômicos e sociais. 2.1.3 ENCHENTES Já as enchentes, que traz maiores prejuízos, pois são desastres naturais ou não, que acontecem quando um canal natural recebe um volume de água elevado ao que pode admitir, decorrendo em transbordamentos. Podem ocorrer em lagos, rios, córregos, mares e oceanos devido a chuvas fortes e sucessivas. Nas áreas rurais acontece com menos assiduidade, devido o solo e a vegetação se empenharem a improvisar uma evacuação da água pela sucção da mesma causando menores 12 estragos. Logo nas áreas urbanas, acontece com maior frequência, trazendo maiores prejuízos. Pode acontecer devido à influência humana, deixando assim de ser um desastre natural. A mediação humana acontece de diversas maneiras, como a elevação de cidades e comunidades em limites de rios, pelas alterações atingidas em bacias hidrográficas, pelas edificações mal projetadas de diques, bueiros e outros responsáveis pela evacuação das águas e ainda pelo depósito errôneo de lixo em vias públicas que com a força das águas são arrastados causando o entupimento dos locais de saída de água. Em Santa Catarina, as enchentes de 2008, já catalogada como a maior catastrofe natural que o estado já teve, aconteceram depois de um período de grandes chuvas durante o mês de novembro, atingindo aproximadamnte 60 cidades e mais de 1,5 milhões de pessoas. Foram135 mortes, onde, duas pessoas ainda estão desaparecidas. Várias cidades na região ficaram sem acesso devido as enchentes, escombros e deslizamentos de terra. Foto 01 – Enchente em Itajaí – SC. (data: 23/11/2008) 15 Foto 04 – Ocorrência Blechior Alto (data: 26/11/2008) Foto 05 – Ocorrência Alto Baú (data: 27/11/2008) 16 Foto 06 – Ocorrência Alto Baú (data: 27/11/2008) 2.2 CARACTERÍSTICAS E ORIGEM DE CÃES PARA RESGATE 2.2.1 ORIGEM DA ESPÉCIE CANINA É arriscado precisar a origem do cão, muitos paleontólogos e arqueologistas identificam o antepassado do cão no Cynodicatis que viveu em todo o período Eoceno à aproximadamente a 60 milhões de anos, na região que hoje pertencem à Ásia. A ciência não deu ainda uma resposta definitiva à pergunta de como se originou o cão doméstico. Não há dúvida quanto à sua classificação zoológica, a família dos canídeos. Para investigar a origem do cão, é necessário também considerar a evolução de seus parentes mais próximos, porque é neles que reside uma grande parte do mistério relacionado com o passado canino. Os mamíferos, animais de sangue quente, coberto de pêlos e que amamentam seus filhos, são um desenvolvimento relativamente recente dentro da evolução dos animais. GEARY (1978) 17 Hoje, muitas autoridades cinólogas crêem que o canídeo selvagem mais próximo seja verdadeiramente o lobo, pois existem diversas evidências indicando que os cães domésticos sejam descendentes diretos dos lobos. O cão e o homem estão juntos há muito tempo, na verdade, desde o final da era do gelo. Antes desta era, o homem e o lobo concorriam pela mesma caça, mas aos poucos, formaram uma aliança. Esta teoria se dá porque a composição social das comunidades de lobos é a mais parecida com a sociedade humana do que a de qualquer outro animal, pois ela é firmada em uma hierarquia de indivíduos dominantes e submissos, onde cada um sabe exatamente seu status em relação aos outros da comunidade. No princípio dessa relação, filhotes de lobos eram inseridos em grupos de caçadores humanos, em algumas ocasiões alguns filhotes de lobos de temperamento tranquilo e submisso chegavam a sua idade adulta aceitando os humanos como parte de sua matilha. Mesmo assim, a domesticação dos mesmos levou muitos anos de paciência. Exemplo da evolução canina. 2.2.2 TIPOS DE CÃES E SUAS UTILIDADES Devido os cães possuírem tamanhos e características diferentes, os humanos os utilizam para muitas atividades diferentes, aproveitando sua adaptabilidade para os serviços 20 2.3 BUSCAS URBANAS, RURAIS E RESTOS MORTAIS 2.3.1 BUSCAS URBANAS A busca e o salvamento urbano envolvem a localização, a retirada e a estabilização clínica de vítimas presas em espaços confinados. Geralmente o que deixa a vítima presa, são colapsos estruturais, mas ainda podem estar presas em minas e deslizamentos de terras. Esta é uma atividade que é considerada muito arriscada, pois envolvem variadas situações de emergências ou catástrofes, como terremotos, furacões, tufões, tempestades, inundações, falhas em barragens, acidentes tecnológicos e as atividades terroristas. Estes eventos podem se desenvolver lentamente, como no caso dos furacões, ou subitamente, assim como os terremotos. Em todas estas situações, os cães podem ajudar as equipes de busca a localizar as vítimas, usando seu incrível senso de olfato para sentir o cheiro de humanos vivos, mesmo estando enterrados em escombros. A localização de vítimas em ambientes urbanos, são sempre muito difícil, pois os cenários nunca são os mesmos, mudando conforme as posições dos escombros, possibilidade de acesso aos mesmos, temperatura ambiental, presença ou ausência de correntes de ventos. Devido estas dificuldades, não basta o bombeiro especialista dominar as técnicas de adestramento canino, deverá ter competência técnica e operativa para reconhecer os tipos e condições dos terrenos que irá encontrar. Um bombeiro especialista em busca urbana, deverá ter conhecimentos em estruturas de engenharia civil e patologia da construção, pois deverá observar as condições de segurança estrutural e não estrutural para a entrada do mesmo, a circulação e os trabalhos nos escombros, como as rotas de saída de partículas de odor que afloram na superfície. Aqui no Brasil, nos ambientes urbanos, as principais ocorrências que vamos ter, são dois cenários, escombros estruturais e deslizamentos de terra e lama. 21 2.3.1.1 BUSCA EM ESCOMBROS Os escombros são caracterizados por serem locais onde houve um colapso de estrutura de edificações, geralmente elas acabam caindo sobre seu próprio eixo, tendo por fator marcante a presença de materiais sólidos compactados. Já os deslizamentos, também apresentam materiais pastosos e muita quantidade de terras onde normalmente esses materiais são arrastados para longe do local de origem. Nestes dois eventos as atuações são diferentes. As equipes de busca poderão ter indicações diretas, onde apontam exatamente a posição correta da vítima, indicações indiretas, indicando apenas a direção ou área que se deve orientar a busca, e por fim eliminação de zona, onde as equipes indicam que não há pacientes na zona buscada. Os cães alertarão a presença de uma pessoa, se a ver, se a ouvir ou se sentir o cheiro da mesma, o que é mais comum. Por isso, devemos levar em conta: Túnel do odor, é a cavidade que as partículas de odor percorrem, passando por obstáculos até chegar no ponto que possa ser detectado. Exemplo do Túnel de odor. O efeito chaminé, é um detalhe muito importante para o especialista que estiver no local, pois consiste no entubamento das partículas de odor mais leves que o ar, tendo que ser analisado as questões ambientais, como vento, chuva, horário, temperatura e as disposições dos escombros. 22 Exemplo do efeito chaminé. 2.3.1.2 BUSCA EM SOTERRAMENTO POR DESLIZAMENTOS Deslizamentos possuem um alto poder destrutivo, é um deslocamento de massa que geralmente ocorrem após longos períodos de chuvas. Nestas ocorrências as equipes de resgate têm um desafio muito grande, pois localizar a posição das vítimas neste fenômeno que normalmente encontram-se soterrados não é fácil, mas para isso os cães são muito úteis, e eficazes. A gravidade deste tipo de ocorrência depende de uma série de fatores, como o tipo de solo, o volume de chuvas dentre outros fatores. Para se fazer as buscas neste tipo de ocorrência, a primeira coisa e entender como o fenômeno ocorreu. Por causa da velocidade e energia desprendia a avalanche irá aumentando pelo princípio do arrastamento, fazendo com que as partes que originalmente estão na parte mais elevada tendem a ganhar mais força e assim acabam se posicionando na frente. Geralmente, em um local de desastre por este tipo de ocorrência, ocorrem várias corridas de detritos, as primeiras são mais fracas e de menos intensidade, seguida de uma maior e mais destruidora. Nestes casos, o ideal é que sejam feitos buracos com estacas metálicas a cada 30 cm, com 1,50 m, para a saída de eventuais partículas de odor, e quando a área for muito grande, é muito importante dividir em pequenos quadrantes de 100 m² para que toda a área seja vasculhada com segurança. 25 2.3.3 BUSCAS DE RESTOS MORTAIS Cães de Busca de Cadáveres são animais do gênero canis familiaris, os quais são especialmente treinados para encontrar odor de decomposição humana e alertar seus condutores sobre a localização de tais fontes de odor. São usados em vários contextos de investigação forense, incluindo busca e descoberta de restos humanos, parte de corpos ou fluídos humanos. Contrastando com os Bloodhounds ou outros cães de faro, que localizam um odor específico por rasteio, os CBCs são treinados para detectar um odor genérico no ar (venteio). Esses animais são treinados para dar um sinal de alerta para odores humanos (não de outros animais) em decomposição. São sensíveis ao odor exalado por corpos mesmo com curto período de putrefação e corpos sem sinal aparente de putrefação. Emitirão alerta também para corpos em decomposição em fase esquelética ou detectando qualquer odor característico de fluídos de decomposição humana. Devido à sensibilidade do olfato desses cães, em algumas circunstâncias, eles podem encontrar corpos enterrados ou mortos há mais de 20 anos. De igual maneira, objetos contaminados por restos humanos podem ser identificados. Ao começar as buscas, quase sempre o bombeiro condutor, não sabe se a vítima está viva ou morta. Na verdade, quando o bombeiro sai para fazer uma busca, o mesmo tem grande expectativa e vontade de salvar vidas, mas achar sua vítima morta, muitas vezes serve para tranquilizar as famílias que estão aflitas. Para assegurar um futuro sucesso em buscas, seu cão deve ser recompensado com igual jogo de entusiasmo se ele encontra um sujeito vivo ou morto. Para fazer buscas de pessoas mortas, é importante compreender a maneira como se formam os gases decorrentes da decomposição dos corpos. Do início do processo de decomposição de um corpo até sua fase mais avançada de esqueletização ocorre liberação de odores. Isto devido por uma série de microorganismos, os quais são os responsáveis pela putrefação dos corpos. De uma maneira geral, os tecidos moles são os que primeiro se decompõem após a morte biológica, restando apenas os ossos, mesmo sendo a exceção, algumas vezes tecidos moles também são preservados, isto quando o corpo fica mumificado. 26 Para compreender o tipo de odor que o cão está captando é importante saber sobre os estágios da decomposição. O processo de decomposição começa imediatamente após ocorrer a morte biológica e progride por cinco estágios: 1 – Fresco: existe a mudança exterior pequena ou inexistente, entretanto está se decompondo internamente devido a bactérias presentes nos corpos depois da morte. O odor ainda não é detectável por humanos, mas animais podem mostrar reações ou se aproximar do corpo se este ainda estiver vivo. Cães podem detectar a certa distância. 2 – Dilatação: O corpo se dilata devido aos gases produzidos em seu interior, atividade de insetos pode ser verificada. O odor presente é de deterioração, detectável por cães e homens. Pode ser detectada a distância. 3 – Deterioração: O corpo se rompe e há liberação de gases, a carne exposta pode ser enegrecida. Grande odor de putrefação detectável à distância por cão e homem. 4 – Liquefação: Líquidos produzidos durante o processo de putrefação são liberados no ambiente, o corpo começa a secar. Produção de reduzido odor, pode cheirar a bolor ou rançoso, animais ainda podem detectar a distância. 5 – Seco ou esquelético: Diminui a velocidade de deterioração, os restos de carne podem sofrer mumificação. Odor bolorento, detecção a curta distância. A distância de detecção varia com a direção do vento, clima e terreno. Se a aproximação for contra o vento, a detecção a distância será muito mais rápida que se o vento estiver pelas costas. 2.3.3.1 BUSCA DE CADÁVER NA ÁGUA Cães têm sido utilizados em buscas por corpos submersos desde a década de 1970, Andy Rebmann documentou essas buscas ao longo deste tempo, onde conduziu Bloodhounds no trabalho de buscas em água. Através de mudanças na linguagem corporal cada cão indica onde terminava a busca. Tendo por base as ações dos cães mergulhadores desciam e encontravam os corpos submersos. Para conseguirmos fazer as buscas de cadáveres nas águas, teremos de saber sobre o processo de decomposição dos corpos em água: 27 O primeiro estágio, é logo após a morte os microorganismos começam seu trabalho produzindo a liberação de gases dentro do corpo. A quantidade e velocidade de produção desses gases dependem da temperatura da água. A profundidade não faz muita diferença para lagos e rios; é a temperatura que controla a velocidade de produção de gases. Por outro lado, em águas profundas (entre 30 e 60 metros) a pressão reduz o volume dos gases, logo é necessária uma maior produção de gases para que o corpo bóie. A decomposição é mais rápida quando a vítima está de estômago cheio. O segundo estágio, o corpo irá boiar até chegar à superfície e passará a flutuar (isso se não estiver preso a entulhos ou árvores submersas, ou ainda se não estiver soterrado). Esse processo também depende da temperatura da água ao redor do corpo, e pode durar de 24 a 72 horas se a água for mais quente ou meses em água gelada. Terceiro estágio, Quando o corpo emerge pode flutuar até ser recuperado ou se desintegrar sem deixar qualquer resíduo. Claro que existe uma exceção, se a temperatura da água que rodeia o corpo for muito baixa para a ação das bactérias, por exemplo, abaixo de 37° Farenheits, o corpo pode nunca produzir a quantidade necessária de gases para chegar à superfície. 3 METODOLOGIA 3.1 CAMPO DE ESTUDO Este trabalho dar-se em uma pesquisa na forma de estudo de caso, Conforme Chizzotti (2006, p. 102), “estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular [...] objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora”. Tratando-se do tipo explicativo, pois procura explicar a necessidade de usarmos os cães de resgate nos mais complexos desastres que podem acontecer, não interferindo nos resultados obtidos. 30 "a colaboração entre o homem e o cão vem da combinação bem coordenada entre as qualidades mais evidentes de órgãos humanos para atender e decisão e da sua articulação com os órgãos dos caninos "(Valeri, 1987). Diferente do cão policial que muitas vezes só a sua simples aparência pode surtir o efeito desejado, o cão de busca e resgate, tem de estar em harmonia com seu binômio, pois o condutor do mesmo deve saber diferenciar os sinais que seu cão apresenta em uma operação. Sendo assim, deve-se formar no mínimo 02 binômios, para fazer parte de uma equipe de busca e salvamento, juntando-se com bombeiros com especialização em mergulho, busca terrestre e busca em estruturas colapsadas. Contudo, a qualificação das equipes de busca fará a diferença no resgate, mas para isso o bombeiro deverá estudar bem o terreno que vai adentrar. Devendo estar treinado para as catástrofes mais prováveis de sua região e área de atuação, conhecendo meios de orientações, navegação por GPS, tendo habilidades em espaços confinados, primeiros socorros humanos e caninos. Além de tudo, o mesmo deverá estar apto para trabalhar com elementos auxiliares como aeronaves, barcos e outros meios de transportes. O bombeiro adestrador, deverá gostar de cães, pois o mesmo passará a fazer parte de sua família, pois só assim cão e bombeiro se tornarão binômios, onde o adestrador irá lapidando ao longo do tempo um cão com aptidão para busca e resgate. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCARRIA, Claudemir Mauro, O emprego dos cães nas operações de salvamento do Corpo de Bombeiros, Policia Militar São Paulo, Monografia CAO, SP, 2000. CASTRO, A. L. C. Manual de Desastres: desastres naturais. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 2003. 174 p. CHIARETTI, Daniela. País é o que mais tem vítimas nas Américas: Valor Econômico - 11/01/2010 GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F. Estiagem. In: HERRMANN, M. L de P. (org.). Atlas de Desastres Naturais do Estado de Santa Catarina. Florianópolis: IOESC, 2007, 146 p. 31 PARIZOTTO, Walter. O uso de cães pelos corpos de bombeiros. Abresc Brasil. Disponível em: http://www.abrescbrasil.com/artigos.html. Acesso em 03 de Nov. 2009. PARIZOTTO, Walter: Relatório Participação Força Tarefa com Cães em Blumenau – 2008 TRUJILLO, Engels G. C..História de la especialidad K-SAR em el mundo, Colômbia e Latinoamérica; Fundación para la Gestión del Riesgo, Bogotá, D. C., Colômbia, 2002. TRUJILLO, Engels G. C. .Seleccion del perro de busqueda urbano y rural de área, Fundación para la Gestión Del Riesgo, Bogotá, D. C., Colômbia, 2002. TRUJILLO, Engels G. C. Graficas de señalamiento k-sar rural de area, Fundación para la Gestión Del Riesgo, Bogotá, D. C., Colômbia, 2002.
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