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Guias e Dicas
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Apostila de Projeto do Produto, Notas de estudo de Engenharia de Produção

Material referente projeto do produto, ferramentas, métodos, etc.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 11/03/2010

thiago-campos-borges-11
thiago-campos-borges-11 🇧🇷

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Baixe Apostila de Projeto do Produto e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia de Produção, somente na Docsity! 1 1 Introdução ao Projeto do Produto 1.1. Introdução Este capítulo contextualiza o tema no cenário atual, evidenciando a sua importância diante das novas condições de concorrência. Busca também discutir a abordagem a ser adotada no ensino e na formação de profissionais em Engenharia de Produção. Nosso objetivo é o de estabelecer um pano de fundo para a condução do tema. 1.2. Produtos e Política Industrial A abertura econômica e conseqüente unificação dos mercados; as rápidas mudanças tecnológicas; o acesso à informação e a costumerização ou fragmentação de mercados; que caracterizam a realidade sócio-econômica em nosso tempo, determinam para as empresas a necessidade da produção de produtos word class. Para tanto, as empresas tem adotados estratégias tecnológicas e organizacionais que buscam fundamentalmente a flexibilidade dos sistemas produtivos. No campo organizacional, consolida-se o conceito de network manufacturing, caracterizado pelo estruturação em rede de pequenas empresas com capacidade de produzir uma variedade de produtos eficientemente. Dentro deste contexto, a atividade de desenvolvimento do produto e o projeto do produto1, tem configurado-se como um dos elementos chave na determinação da competitividade industrial. É no lançamento de um novos produtos que as empresas expõem sua real capacidade competitiva. No Brasil, apesar das distintas dinâmicas de inovação nos diversos setores industriais, percebe-se uma assimilação tardia desta realidade. Em termos gerais o país viveu até o final dos anos 80 sob uma política industrial e tecnológica caracterizada pela substituição de importações. Assim os produtos aqui fabricados, protegidos por barreiras tarifárias, não sofreram, com a mesma intensidade, as pressões advindas do acirramento da competição nos mercados. 1 Os termos desenvolvimento de produto e projeto do produto são tratados as vezes como sinônimos; outras como se o segundo constituisse um subconjunto do primeiro. Se considerarmos as novas abordagem organizacionais, podemos tratá-los como sinônimos e pensá-los como um processo de projeto onde são tratadas das questões do produto e do seu processo produtivo. 2 Para se ter uma idéia da defasagem, tomando-se como base os dados referentes à Propriedade Industrial, que refletem o esforço das empresas brasileiras em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), mostram para o ano de 1992, uma relação de 6/1 nos depósitos de pedidos de Patente de Invenção entre os não residentes e residentes no país e de 12/1 nos pedidos aprovados. Ainda, em termos dos números globais de pedidos encaminhados no mesmo ano, os dados da OMPI mostram 385000 pedidos encaminhados no Japão, 187000 nos EUA, 115000 na Alemanha, 82000 na França e apenas 14000 no Brasil. A tabela 1.1.2 apresenta um levantamento mais recente, cobrindo o período de 1979 a 1995 na área de Biotecnologia. Fica claro portanto, a pouca ênfase dada pelas empresas brasileiras para a atividade de desenvolvimento e projeto de produtos, no passado recente. Para muitos o relacionamento entre P&D, Projeto de Produto e Patentes não é evidente, fazendo-se necessário justificar. Ao meu ver, e como aprofundaremos mais tarde, todo produto incorpora uma parte reusada e outra de inovadora. A capacidade de inovar, relaciona-se diretamente aos investimentos em P&D e estes, refletem-se em número de privilégios de patentes obtidos. Apesar do quadro desfavorável apresentado em relação ao desenvolvimento de produtos, as rápidas transformações em termos de política econômica e industrial, pelas quais o país tem passado nestes últimos anos, tem colocado na ordem do dia para as empresas a necessidade de reformulação das suas estratégias de produto, em termos tecnológicos e organizacionais. Tais demandas tem obtido ressonância em diversas esferas. Cresce o número de publicações e traduções, bem com o de pesquisadores que se interessam pelo tema; são criados Parques Tecnológicos e Incubadoras Industrias, que invariavelmente apresentam uma estrutura consorciada entre a iniciativa privada, estado e universidades; e, iniciativas como o Programa Brasileiro de Design3 (PBD)4, buscam incentivar, promover e proteger a inovação5. 2 Período: 1979/1995, Total de Pedidos: 552; Fonte: INPI: Margareth Maio Da Rocha. Bióloga, Examinadora de Patentes. In Menegon, 1996. COPPE/UFRJ. 3 O termo design é fortemente associado no Brasil às atividades relacionadas com o Desenho Industrial, enquanto no exterior e termo assume um carater mais amplo, associado ao que comumente denominamos Projeto. o próprio PBD reflete esta dicotomia. 4 O PBD apesar de recente, tem promovido ações no sentido de avaliar a competitividade do design brasileiro, bem como aproximar os diversos agentes envolvidos com a questão. 5 As diferentes realidades intra e intersetores industriais têm demonstrado capacidades distintas de assimilação e incorporação dos novos paradigmas na atividade de desenvolvimento e projeto do produto. As grandes companhias nacionais e multinacionais rapidamente têm assimilado as mudanças organizacionais exigidas pela realidade internacional. O setor automobilístico brasileiro é um forte exemplo. Os últimos desenvolvimentos deste setor, bem como as novas plantas industriais previstas para o país, estão em consonância com as estratégias de produto e de processos produtivos adotados internacionalmente pelo setor. Num outro grupo, estão as empresas de menor porte, 5 Como ponto de partida, pode-se estabelecer algumas idéias globais que envolvem a atividade de projeto de produto e que são relevantes para a apreciação de um modelo. 1. Existem nas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento e Projeto do Produto, aspectos intangíveis, com comportamentos imprevisíveis, que reforçam a importância da cultura de desenvolvimento de produtos. É fundamental para a afirmação desta cultura nas empresas, atividades pragmáticas de laboratório que resultem em saber fazer. Parece impossível ser competitivo sem que haja esforços significativos em P&D voltados para o aperfeiçoamento de produtos e processos.(atividade); 2. O ambiente exige também, sistemas produtivos flexíveis com alto grau de integração das funções gerenciais e produtivas. Ao mesmo tempo que se acumulam tendências no sentido normalização e padronização de produtos e processos, intensificam-se tendências de aprendizado contínuo e trabalho criativo. (gestão). 3. Em termos de competitividade, as tendências apontam para a necessidade de empresas focadas em competências específicas, abandonando áreas de competências não estratégicas (estratégia). A importância de um modelo que responda à questão no campo da estratégia, gestão e atividade é de poder integrar o arcabouço de métodos e técnicas que vêem sendo difundidas no campo do projeto do produto9. Este conjunto de métodos e técnicas deve fazer sentido para que os aprende e utiliza. 1.4 Ensino de Projeto de Produto A adoção de um modelo teórico por si, não garante o ensino de projeto do produto, ele apenas estabelece uma rede, um caminho a ser seguido. Como ensinar percorrer este caminho, ou melhor, como ensinar projeto do produto?. Pugh(1991), no prefácio do livro Total Design 9 Consolidam-se métodos e técnicas aplicadas ao desenvolvimento do produto: (1) metodologias organizacionais, como a Engenharia Simultânea, caracterizada pela transposição das estruturas administrativas funcionais para a administração por processos, através de equipes multifuncionais realizando atividades de projeto e produção paralelamente; (2) metodologias de projeto conceitual, como o EQFD, que enfatiza a definição conceitual do produto, concentrando as alterações de engenharia nas fases iniciais do processo de projeto, evitando zonas de caos e buscando planos de estabilidade nas fases de produção e lançamento do produto; (3) metodos estatísticas, como confiabilidade, FEMEA-Análise do Efeito e do Modo de Falha e o Planejamento de Experimentos/Método Taguchi, que buscam fundamentalmente a robustez da tecnologia aplicada; (4) técnicas diversas, como Projeto Para Manufatura e CAE/CAD/CAM, que possibilitam a integração das atividades de projeto e redução no lead time. (Pugh, S.; 1991; Toledo,J.C.; 1994; Clausing, D.; 1994; Pahl, G.; & beitz, W.; 1996, QS900, 1994). 6 aponta esta dificuldade10: “Design em si é uma atividade, não uma matéria no sentido tradicional, como matemática e física”. Ao mesmo tempo, apresenta uma resposta para a questão: “Você o leitor, será apresentado a uma estrutura dentro da qual você pode praticar o design e ir incrementando o seu rigor. Ao mesmo tempo, você vai ser ajudado a colocar dentro desta rede, os mais tradicionais tópicos de engenharia.”, pag. viii. A leitura que fazemos é de que deve-se observar alguns aspectos básicos para o ensino de projeto do produto. 1. Não se pode falar de aprendizado de projeto do produto sem praticá-lo. Deve-se percorrer o processo do estudo da necessidade até a materialização do produto. 2. Utilizar um modelo formal de processo de projeto como rede de relacionamentos a ser seguido. Objetiva orientar as atividades, compor grupos, dividir tarefas, enfim, fornece a estrutura para o projeto. 3. introduzir métodos e técnicas diversas, sem amarrar uma metodologia específica. O escopo de cada projeto pode orientar na escolha do repertório metodológico adequado. 4. buscar a aproximação das equipes de projeto à atividade dos projetistas. Esta aproximação envolve tanto a execução das atividades de projeto, como a busca de relacionamentos com projetistas que podem ajudar nas tomadas de decisões, bem como possibilita compreender como eles fazem as coisas. Antes de encerrar a questão em torno da abordagem do tema, deve-se ressaltar que os projetos não são feitos como são ensinados. As inúmeras abordagens que representam o processo de projeto como uma conjunto de problemas que são resolvidos de maneira sistemática e estruturada podem induzir esta visão. Os problemas de projeto são em sua maioria complexos e resolvidos de formas totalmente alheias aos métodos e técnicas utilizados. Portanto, estas ferramentas devem constituir o saber fundamental daqueles envolvidos com o processo de projeto, a fim de fazer uso das mesmas nas situações que às requeiram. 1.5. Conclusão Este capítulo tratou de justificar a importância e a relevância do Projeto do Produto e do Processo no contexto da Engenharia de Produção, bem como discutiu a abordagem a ser 10 “Design itself is an activity, not a subject in the traditional sense, like mathematics or fhysics. You, the reader, will be presented with a framework within which you can practise design with increasing thoroughness. At the same time, you will be helped to place the more tradicional topics of engineering within this framework.”, Pugh, S.; 1991,pag. viii. 7 adotada no tratamento do tema. Definições, conceitos e demais enunciados que por ventura não ficaram claros nesta primeira apresentação, serão aprofundados ao longo do texto. Espera-se que as questões apresentadas sejam suficientes para a motivação dos participantes nas atividades relacionadas com o tema e possibilite aos mesmos uma visão ampla do processo de projeto. 10 (multifuncional product development team); Pugh (1990), com a teoria do Total Design activity busca uma aproximação com a psicologia social dos grupos (Pugh & Morley, 1988); e, Pahl & Beitz (1995), cuja obra Engineering design: A systematic Aproach é fundamentada na teoria de sistemas e na resolução de problemas. 2.2. Uma Abordagem para o Projeto de Engenharia Para introduzirmos a discussão, partiremos de um modelo proposto por Pugh (1983); e Pugh & Morley (1986 e 1988). Os autores apresentam uma abordagem para a teoria geral do design (projeto) que busca integrar a psicologia social dos grupos com trabalhos no campo da design de engenharia. O que ressalta na visão apresentada é a abordagem interdisciplinar englobando o estudo das pessoas (atividade), dos processos (gestão) e do contexto (estratégia). A figura 2.1. apresenta o template que representa o modelo proposto. O modelo foi revisado por Pugh, aplicando-o a diferentes produtos e disciplinas, concluindo que as idéias principais foram validadas para o âmbito do projeto de engenharia. Seu modelo pode ser descrito como um delinear da especificação de projeto de produto ou modelo da fronteira do projeto. Este modelo foi proposto para estabelecer uma base comum entre projetistas e procura representar a natureza das várias restrições relevantes para o projeto de qualquer produto. A figura mostra um núcleo central que é delimitada pela natureza das especificações (Product Design Specification). Esta parte central é a principal área da atividade de projeto, formada por fases centrais de: investigação de mercado; especificação do projeto do produto; projeto conceitual; projeto detalhado; manufatura e vendas. Considera-se neste modelo que, na prática, a atividade de projeto deve ser interativa e não linear, de modo que etapas sejam refeitas ao longo do processo de projeto. As fases centrais são consideradas universais e comuns para todo tipo de projeto, cabendo às outras áreas da atividade dar ao projeto suas características distintivas, uma vez que diferentes tipos de projeto podem requerer diferentes tipos de informação, técnicas e gerenciamento. Assim, as entradas específicas para a parte central do projeto necessitam ser reconsideradas para cada caso. É no espaço deste núcleo central que se estabelece a fronteira pessoal do projeto a qual representa restrições associadas às características e habilidades pessoais impostas pelo projeto às pessoas relacionadas a esta atividade. Apesar de poderem existir certas características pessoais requeridas para projetistas, em geral diferentes tipos de projeto, baseados em diferentes contextos e gerenciados de diferentes maneiras, podem requerer diferentes tipos de habilidades. 11 Figura 2.1: Extraída de Pugh & Morley, 1986. Como já salientado anteriormente, o núcleo central é delimitado pela natureza das especificações (Product Design Specification-PDS). A figura 2.2. apresenta tal conjunto de especificações. O PDS representa a fronteira do projeto do produto. O autor utiliza-se de uma analogia interessante para explicar tal fronteira, comparando-a com o malabarismo circense de pratos e varas. Considera que numa equipe interdisciplinar de projeto, cada um de seus membros deve manter do início ao fim do projeto um conjunto de pratos girando. O sucesso ou fracasso das atividades desenvolvidas no núcleo central dependerá fortemente da capacidade de interação do grupo, envolvido na resolução dos conflitos que surgem ao longo do processo de projeto. Daí a importância do gerenciamento do projeto do produto e dos métodos e técnicas utilizados, os quais devem, acima de tudo, por em evidência os conflitos e contribuir para a sua superação, buscando o consenso negociado. A especificação é essencialmente importante, pois estabelece, em detalhes, a ampla variedade de restrições, 12 técnicas e não-técnicas, a serem impostas ao projeto, definindo o seu escopo. Ela deve estabelecer o status de um produto em um mercado competitivo e assegurar que vale a pena projetar esse produto. Figura 2.2: Elementos do Produt Design Specification, Extraído de Pugh, 1988. É importante notar que o modelo até aqui apresentado e denominado Design Activity Model (Pugh, 1978, Cap. 2, pág. 21) ainda não incorporava os aspectos estratégicos do negócio. Esta abordagem inicial foi construída ao longo da década de 70, a partir da ruptura do autor com os modelos baseados na resolução de problemas representativos do processo de projeto dentro de uma racionalidade puramente técnica. A crítica a modelos desta natureza, é de que misturam estrutura e método, (Pugh, 1982, cap. 5 pag.51). O mais importante para o autor é buscar uma representação para o processo de projeto que possibilite aos projetistas escolher os seus próprios métodos. A preocupação com a incorporação dos aspectos mais amplos do negócio ao Design Activity Model, aparece a partir da crítica tecida ao livro Competitive Strategy de Porter, 1980, (in Pugh, 1982 pág. 160). O questionamento surge a partir da constatação de que o produto não é considerado como elemento central de qualquer atividade de negócio, e o projeto, aparece apenas de forma superficial. É a partir desta crítica que o modelo mais elaborado, o Business Activity Model, (Pugh, 1983, Cap.10 pág. 125), é apresentado. Uma terceira fronteira, a 15 O conceito mais importante do modelo de Pugh é que a parte central do projeto (fronteira pessoal do projeto) não é restringida apenas pelos elementos da especificação do projeto do produto (fronteira do projeto do produto), mas também pelos elementos da estrutura do negócio (fronteira do projeto do negócio). A importância do modelo apresentado está em poder assimilar as várias abordagens associadas ao desenvolvimento do produto partindo da necessária inserção desta atividade no âmbito dos negócios e portanto, absorvendo as questões relacionadas com o projeto do produto e a estratégia industrial; apontando a importância dos aspectos gerenciais e de gestão do processo de projeto; e, focando a atividade do projetista. Isto pode ser demonstrado pelo que segue. 2.3. Abordagens Complementares para o Projeto de Engenharia Considerando o modelo apresentado, na seqüência será integrado ao mesmo as distintas abordagens que vêm sendo difundidas neste campo. Objetiva-se complementar a discussão acerca da atividade de concepção trazendo à tona a influência de outras disciplinas que interagem como o projeto de engenharia. 2.3.1. A Abordagem da Estratégia A consideração das contribuições advindas do campo da estratégia complementa o modelo apresentado no sentido de estabelecer um ponto de vista acerca dos aspectos externos ao negócio. Neste campo, Robert (1995), “...as organizações prósperas também desenvolvem um processo para gerenciar mudanças contínuas, de modo a gerar uma constante corrente de novos produtos e novos conceitos de mercado. ... há um processo sistemático na criação e lançamento de novos produtos...”, pág. 35. A inovação do produto ou processo é apresentado em quatro etapas: busca, avaliação, desenvolvimento e perseguição. O modelo pode ser sumariamente apresentado. A busca significa que as oportunidades para o lançamento de novos produtos podem surgir de inúmeras fontes e o que se propõe é uma estrutura aberta com capacidade de identificar estas novas oportunidades. A avaliação envolve o processo de afunilar as oportunidades apresentadas para aquelas que se enquadram na estratégia do negócio. O desenvolvimento compreende a transformação de um conceito em uma oportunidade real para um dado mercado. Finalmente a perseguição que envolve todas as atividades de prevenção e promoção para a vida do produto no mercado. O sucesso no processo apresentado é condicionado a dois fatores: i) a determinação da área estratégica impulsionadora do negócio; e, ii) as decisões de quais áreas de excelência ou capacidades precisam ser cultivadas para a manutenção da estratégia. O autor conclui a apresentação do seu ponto de vista acerca da estratégia de inovação do produto, enfatizando 16 as questões relativas a orientação para o futuro, apresentando as variáveis fundamentais destes cenários: i) ambiente econômico; ii) normas e legislações; iii) tendências sociais e demográficas; iv) perfil e hábito do usuário/cliente; v) competição; vi) evolução tecnológica; vii) Processos e capacitações da fabricação; e, viii) métodos de venda/marketing. Abordagens desta natureza buscam considerar a inserção do projeto no contexto mais amplo dos negócios, passando ao largo dos apectos gerenciais e das atividades projetistas associados às distintas estratégias, revelando o seu caráter complementar ao modelo apresentado. 2.3.2. A Abordagem da Gestão Para considerar as contribuições do campo da gestão, particularmente oriundas do Total Quality Management (TQM), deve-se inicialmente reconhecer que as mesmas não constituem uma ruptura com os modelos tradicionais em projeto de engenharia, como demonstrado por Andrade (____) e Beitz, (1997), “A abordagem sistêmica dá a fundamentação essencial para a engenharia da qualidade. Os métodos especiais da TQM podem ser vistos como um suporte adicional à abordagem sistêmica e não uma outra via para o processo de projeto” p. 284. 1. Desempenho Características operacionais básicas 2. Características Características Secundárias 3. Confiabilidade Possibilidade de Mau funcionamento 4. Conformidade Padrões Estabelecidos 5. Durabilidade Vida Útil do Produto 6. Atendimento Pós Venda 7. Estética Aparência do Produto 8. Qualidade Percebida Nível de Informação e Percepção do Consumidor Tabela 2.1. Dimensões da qualidade do Produto. Adaptada de Garvin, 1988. Para considerar as contribuições do campo da gestão, retomaremos a discussão em torno dos conceitos estático e dinâmico. Os conceitos de projeto estático e dinâmico possibilitam o desdobramento das diferentes estratégias (decorrentes da dinâmica inovacional considerada) em processos de gerenciamento do projeto. Projetos conceitualmente estáticos tendem a ter um maior grau de detalhamentos, exigindo um maior gerenciamento e coordenação. A base genérica iguala conceitualmente os produtos, sendo a concorrência decidida nos detalhes. A inovação é fortemente incremental, envolvendo subsistemas e componentes. Neste campo de projeto, abordagens de gestão fundadas na simultaneidade do processo e na coordenação de equipes multifuncionais são amplamente aplicadas. O gerenciamento da qualidade (Garvin, 17 1988; Juran, 1992; Toledo, 1994) encontra neste campo sua maior aplicação. A base genérica dos produtos conceitualmente estáticos é desdobrada nas dimensões da qualidade. Dentro deste ponto de vista, o processo de projeto resume-se à mudança da qualidade do produto nas suas várias dimensões. Tabela 2.1. O problema de tais abordagens é que o acirramento da concorrência e fragmentação de mercados tendem a impor uma intensificação da dinâmica inovacional. O encurtamento do ciclo de vida dos produtos e a sua desagregação em dimensões da qualidade não responde à possibilidade de surgimento de uma nova base conceitual para o produto. Neste campo, a abordagem do projeto conceitualmente dinâmico, parece ser a resposta a questão. As implicações da dinâmica inovacional na estratégia são de que diferentes tipos de atividade de projeto podem requerer diferentes estruturas organizacionais e diferentes características e habilidades pessoais. Ao colocar a questão do projeto conceitualmente estático/dinâmico o modelo do Total Design possibilita o deslocamento da discussão a cerca da atividade de projeto do campo da resolução de problemas (problemas estruturados) para a tomada de decisão (problemas não estruturados). 2.3.3. Abordagem da Atividade Lee & Sullivan (1993), propõem uma classificação dos elementos que compõem o processo de design de engenharia. Na Tabela 2.2., os autores desdobram as tarefas do núcleo central do projeto em atividades, metodologias, ferramentas e decisões. A taxionomia proposta, pretende ser um guia para a implantação de processos concorrentes de projeto, integrando apropriadamente as entidades envolvidas. Tarefas de Design Atividades de design Metodologias de design Ferramentas de design Decisões de design Translação das necessidades em funções do produto Definir requisitos e especificações Definir funções essenciais Brainstorming Brainstorming Engenharia do valor Confiabilidade Economia Ambiental Determinação do design do produto Busca de princípios funcionais e realizam as funções QFD Cartas morfológicas Sistemas especialistas Qualidade 20 Foram estabelecidos os relacionamentos entre estratégia, gestão e atividade. Enfatizou-se que em diferentes contextos tais relacionamentos exigirão estruturas organizacionais e metodologias específicas. Finalmente, considerando que existe a busca de uma teoria geral para o projeto de produtos, que possa ser assimilada pela indústria, cujas origens encontram-se no campo dos artefatos, deve-se buscar expandir as bases destes modelos para outros setores a fim de validar a seu grau de generalidade. O fato de ter origem no campo dos artefatos deve ser entendido como uma determinação histórica. 21 Parte II 3. Métodos e Técnicas aplicados ao Projeto de Artefatos 1.1. Introdução O design de engenharia é um processo de integração e síntese contido dentro do contexto de um negócio e de um ambiente social regido por regras, normas e valores. Ainda, todo projeto é gerenciado e condicionado por restrições de escopo ou metas, tempo e recursos, envolvendo pessoas com diferentes representações acerca dos problemas em questão. Durante o processo de projeto existe uma negociação entre os envolvidos da qual resulta o consenso materializado no dispositivo técnico. Figura 3.1. Etapas, Métodos e Objetivos do Processo de Desenvolvimento do Projeto. 22 O modelo para desenvolvimento de produtos apresentado no capítulo anterior propõe uma estrutura genérica para o processo de projeto. Neste capítulo iremos percorrer o processo de transformação entre uma demanda manifesta e disponibilização do produto para o uso. Na figura 3.1. as etapas e os métodos a serem discutidos serão apresentados. O processo será dividido em três etapas: Projeto Conceitual, Projeto Detalhado e Difusão. O Projeto Conceitual engloba as etapas 1 a 3 relativas as questões de Mercado ou Demanda, Especificação e o Desenvolvimento Conceitual propriamente dito. O Projeto Detalhado trata das especificações finais do produto em termos de Processos e Operações. A Difusão trata da vida de mercado do produto. 3.2. Projeto Conceitual O projeto conceitual representa as etapas do projeto onde ainda não esta estabelecida uma base genérica para o produto, envolvendo desde a análise da demanda até o estabelecimento de um conceito para o mesmo. Nesta fase do projeto o objetivo é estabelecer um conceito para o produto que atenda o conjunto de especificações derivadas da análise da demanda e das restrições advindas do contexto do negócio. Trata-se de uma etapa de estruturação de problema. Figura 3.1. Desenvolvimento da Qualidade Total (Fase Conceitual) Clausing, 1995, apresenta o projeto conceitual como parte fundamental do processo de desenvolvimento da qualidade total. A figura 1, ilustra o processo e detalha a fase de design 25 alcançável? - Tais custo irão influenciar o custo final do produto. Além destes, o custo final irá depender da escala de produção, tecnologia dos processos produtivos e da capacidade dos projetistas de encontrarem soluções compatíveis com o mercado alvo para o produto. - Para projeto conceitualmente estáticos, o custo alvo será determinado em função dos preços aceitáveis no mercado e da margem esperada pela empresa. - Para projetos conceitualmente dinâmicos, torna-se mais difícil estabelecer o custo alvo na medida que não se sabe precisamente quanto o mercado estará disposto a pagar pelo benefício. - De qualquer modo a existência de um custo alvo constitui-se numa das principais restrições de projeto e condiciona o campo de soluções viáveis para o projeto. 6. Embalagem É requerida embalagem? Qual o efeito do volume do produto no custo de transporte? - A embalagem assume diferentes papéis dependendo do tipo de produto. - Existem setores de mercado onde a mesma constitui-se num forte diferenciador e referência no processo de compra, como no caso dos alimentos, bebidas, cosméticos dentre outros produtos de consumo freqüente. - Em outros casos a embalagem objetiva apenas proteger o produto das agressões do meio, até que o mesmo seja entregue ao consumidor. - Independentemente da função a questão da embalagem deve ser pensada para todo o ciclo de vida do produto, desde a fabricação até o uso. - A própria embalagem constitui-se num projeto específico e envolvendo todos os itens da especificação. Aspectos importantes como o reuso (bebidas, hortaliças e frutas..) e a reciclagem devem ser considerados. 7. Transporte O produto é para o mercado interno ou será exportado? Por qual meio de transporte? - A preocupação com o transporte é importante e reflete tanto na integridade do produto quanto no seu custo. - O transporte pode influenciar tanto as opções de embalagem como no grau de acabamento do produto na distribuição. Em muitos casos será vantajosos deixar as operações de montagem final para a última etapa da 26 Como o produto será manuseado? distribuição a fim de minimizar custos (bicicletas) e riscos (computadores). - Da mesma forma, o transporte deve ser pensado ao longo do ciclo de vida do produto. - Durante a fase de fabricação o transporte dos produtos é determinado pela estratégia de produção adotada e pelas tecnologias dos processos produtivos e de movimentação. - Durante o uso, pode ser um fator importante para muitos produtos, os quais são levados a campo (máquinas fotográficas e similares, ferramentas, equipamentos esportivos...). - Finalmente é sempre importante considerar ao longo do ciclo de vida do produto os aspectos ergonômicos de usuários e trabalhadores associados ao transporte do produto. 8. Qualidade e Manufatura Massa, Lotes, Unitários; efeito na política de equipamentos; instalações de manufatura e investimentos requeridos na fabricação do produto. - As especificações quanto a qualidade e manufatura devem ser entendidas como uma das mais importantes no processo de projeto. - Constantemente elas constituem-se a partir de uma base tecnológica dominada pela empresa cujo universo delimita as possibilidades do projetista. - Este universo deve estar muito bem definido desde o início do processo de projeto. É importante que o projetista domine a tecnologia dos processos produtivos para poder explorar ao máximo suas capacidades. - Quanto às especificações de qualidade, elas devem ser vistas sob a ótica dos desempenhos esperados para o produto. Os controles, inspeções e a garantia dos processos só fazem sentido quando avaliados os seus efeitos no desempenho. - As especificações devem ser realistas e refletir a capabilidade dos processos utilizados. 9. Dimensão e Peso Existe alguma restrição de dimensão e peso? É muito pesado - As restrições de dimensões e peso estão associadas tanto ao uso e transporte do produto quanto a sua disponibilização na distribuição. - A dimensão pode ser uma restrição para a distribuição e uso quando associada à determinados tipos de padrões 27 para um simples elevador? Será embarcado em um avião? De que tipo? que determinam os espaços. São exemplo a largura de portas, altura de prateleiras, dimensões de conteiners ou considerações estéticas e de sinergia com produtos similares. - Quanto ao peso, pode interferir tanto no processo de transporte e uso do produto, quanto na sua performance. Nestes casos, torna-se importante as considerações relativas aos materiais e à análise de tensões. 10. Estética e aparência Isto é sempre importante porque o consumidor primeiro vê o produto e depois o coloca para funcionar. - As discussões acerca do estilo do produto tendem a ganhar importância na medida em que as diversas tecnologias tendem a igualar do ponto de vista do desempenho diferentes produtos. - Vive-se hoje um movimento de valorização do design com programas oficiais em diversos países do mundo, ao que se tem chamado de design étnico ou antropológico. - Em termos de especificações deve-se buscar entender a linguagem associada ao produto através dos valores normas e comportamentos característicos do público alvo. - As considerações estéticas só fazem sentido dentro do contexto de uso do produto. 11. Materiais São requeridos materiais especiais? Algum tipo de material é proibido no mercado para o qual o produto é pensado? - As especificações em torno dos materiais associam-se às características das solicitações (físicas, químicas e biológicas) a serem atendidas pelo produto, bem como aos aspectos estéticos e ambientais. - Os primeiros dizem respeito à integridade do produto diante das condições de uso. Os materiais selecionados devem atender a estas solicitações sem comprometer os desempenhos esperados. - Quanto aos aspectos estéticos é importante notar que os materiais serão percebidos de maneira diferente pelos usuários. Alguns materiais tidos como nobres podem não atender a um público específico. - Do ponto de vista ambiental, é importante considerar os efeitos combinados dos materiais no descarte do produto. O agrupamento de materiais similares facilita o processo de desmontagem e a reciclagem. 12. Vida esperada do O período de tempo - Não se podem confundir a expectativa de vida de um produto (por quanto tempo ele consegue manter-se 30 - Cada vez mais, igualar-se à concorrência é condição básica e não suficiente. Deve-se buscar um benefício com algo a mais, que supere aqueles já oferecidos no mercado. 17. Qualidade e confiabilidade Níveis de qualidade e confiabilidade esperados pelo mercado e necessários para assegurar o sucesso do produto. Dificuldade para especificar em termos quantitativos, particularmente para produtos novos. - A qualidade e a confiabilidade estão relacionadas pela certeza de que o produto exercerá suas funções sob as condições de uso. Confiabilidade significa a probabilidade do produto não falhar. - A confiabilidade depende fundamentalmente da robustez do produto. Métodos como o de planejamento de experimentos devem ser utilizados para assegurar que a variabilidade dos materiais, sistemas técnicos e das pessoas possam ser minimizadas quando o produto estiver em uso. - Além da robustez, deve-se buscar sempre que possível, incorporar redundâncias (sistemas paralelos) que incrementem a confiabilidade. - A confiabilidade pode ser incrementada também com a disponibilização junto com o produto de componentes sobressalentes, módulos substituíveis e sistemas alternativos que possibilitem o uso em situações adversas. (No break, pneus e correias, baterias, sistemas de carga de energia, adaptadores...). 18. Vida de Prateleira Qual é a vida de prateleira usual? Sob que condições de estocagem? Deterioração do produto e da embalagem. Componentes perecíveis. - A especificação da vida de prateleira está muito relacionada aos produtos alimentícios e medicamentos. - Contudo, outros produtos podem ter sua vida de prateleira limitada em função das características físico- químicas do produto e das condições ambientais (filmes fotográficos, por exemplo). - A correta especificação da vida de prateleira e as condições sob as quais o produto deva ser armazenado nas fases finais de distribuição devem estar claramente estabelecidas. - Em muitos casos isto implica em projetar embalagens especiais ou equipamentos que serão usados no processo de distribuição a fim de garantir pelo tempo determinado as características do produto. 31 19. Processos Processos especiais serão usados durante a fabricação? Pode-se fazer na companhia ou a aplicação é muito específica. - Os processos de fabricação constituem uma base tecnológica sobre a qual são estabelecidos os negócios. A seleção de um processo de fabricação e sua incorporação na base tecnológica da companhia diz respeito à aspectos da estratégia de manufatura adotada. - A tendência é de se estruturar os negócios em torno de competência tecnológicas que suportem a linha de produtos, em consórcio com o fornecimento de partes ou subconjuntos por terceiros. - Enquanto em alguns setores tal estratégia tem tido uma evolução rápida, outros permanecem ainda totalmente “verticalizados.. A indicação é de quanto maior a concorrência maiores seriam os esforços de buscar ganhos no campo em flexibilidade e na integração de fornecedores no processo de projeto, - A transferência de partes completas do produto para responsabilidade de terceiros não pode significar a perda do controle daquilo que constitua a tecnologia fundamental do produto. - Isto justifica, na indústria automobilística a manutenção das competências de estilo e propulsão, enquanto outros subsistemas podem ser modulados e fornecidos por terceiros. - Isto é importante e reforça a manufatura como um dos elementos chaves da competitividade industrial. Apesar dos modismos, dominar processos tecnológicos de produção continua sendo um dos princípios de estruturação dos negócios. 20. Testes Todo produto deve ser testado, ou usar amostragem? Qual o tipo de equipamento de teste será usado? Quem - Os testes com produtos são realizados no processo de desenvolvimento do produto e durante a vida de mercado. - No processo de projeto, os testes ocorrem desde as primeiras fases, através de representações icônicas bi (esboços, layouts, detalhes, animações gráficas...) e tridimensionais (mockups, maquetes e protótipos), sobre os quais avaliações qualitativas e quantitativas podem ser realizadas. - Desde o princípio do processo de projeto deve-se buscar especificar que tipos de testes podem ser 32 testemunhará os testes? Qual é o custo razoável de teste por produto? realizados, bem como os métodos de avaliação a serem empregados. - Outros testes estarão associados ao ciclo de vida no mercado. Estes se configuram como operações do processo de produção. Eles podem ocorrem no produto acabado ou em suas partes. - Produtos mais sofisticados já incorporam rotinas de auto-avaliação que possibilitam diagnosticar desvios em alguma variável importante do seu desempenho (os computadores de automóveis cumprem este papel). - Além dos testes associados ao processo de projeto e ao ciclo de vida de mercado, continuamente pode-se manter produtos em teste através do acompanhamento de clientes selecionados. Este tipo de prática parece importante para uma estratégia de assimilação da percepção dos consumidores. 21. Segurança Níveis obrigatórios e desejáveis de segurança relacionados com a área de mercado do produto. Balanço entre segurança, acessibilidade e limitação de uso. - Diferentes áreas de mercado estabelecerão níveis diferenciados de exigências em relação aos produtos. Assim produtos relacionados à alimentação humana e de animais, medicamentos e higiene pessoal, dentre outros, serão regulamentados e sofrerão processos específicos de verificação de segurança. - É importante notar que nos países periféricos as exigências com a segurança dos produtos são inferiores àquelas estabelecidas nos países centrais. - De qualquer forma todo produto deve passar por um processo de avaliação quanto aos aspectos de segurança. As pessoas fazem uso indevido de produtos freqüentemente. Produtos manuseados por idosos e crianças devem ser especialmente estudados. - A segurança deve ser pensada durante os ciclos de produção, uso e descarte, com vistas aos trabalhadores, usuários e terceiros que por ventura tenham qualquer contato com o produto ou possam ser atingidos pelos seus efeitos. 22. Restrições da Companhia O produto está se desviando da prática - Se consideramos desde o princípio que os produtos estão nos centros dos negócios, as implicações das restrições que orientam a política de produtos devem 35 terceiros ou do próprio usuário. Neste a especificação envolve a forma e o conteúdo das recomendações a serem transmitidas aos instaladores. 29. Descarte Qual o efeito do produto sobre o meio ambiente no momento do descarte? - O planejamento do descarte constitui-se cada vez mais numa tarefa básica de projeto. - Algumas legislações já discutem o princípio de que os produtores devam ser responsáveis pelo recolhimento de embalagens ou produtos no momento do descarte. 30. Documentação Todo projeto deve ser documentado. - A documentação do projeto constitui-se uma das atividades dos projetistas. - A formalização constitui-se em fonte para troca de informações entre os envolvidos no projeto bem como tem relevância legal. - A documentação possibilita revisões no produto e no processo de projeto. Ela registra a evolução do produto. Quadro 3.1: Elementos do Product Design Specifications O quadro apresentado nos posiciona dentro da complexidade que envolve o desenvolvimento de um novo produto. Responder às questões levantadas significa estabelecer um conjunto de indicadores que irão nortear o processo de projeto. É importante frisar que o documento de especificação deve evoluir ao longo do projeto incorporando as decisões tomadas encaminhando no sentido de restringir o escopo do projeto. Guia para a preparação do PDS. a) Lembre-se que o PDS é um documento de controle. Ele representa a especificação que você deseja alcançar, e não aquilo já alcançado. b) Lembre-se que ele é um documento de uso (por você e para outros dentro das situações industriais). Ele deve ser escrito sucintamente e claro. c) Nunca escreva um PDS na forma de ensaio. Use esquemas como o da figura 3. Ele dever ser amigável ao usuário. d) Desde o início tente quantificar parâmetros em cada área. e) Desde que o PDS é único para cada projeto, você não precisa apresentá-lo sempre da mesma forma. f) Sempre apresente a data que o documento foi modificado e numere a edição. g) Deixe claras as modificações no documento. 36 4. Fontes de Informação para a construção do PDS Todo processo de projeto tem origem em uma demanda ou uma necessidade a ser atendida. Independente da origem desta demanda o processo de projeto irá promover uma estruturação do problema de projeto, a qual materializa-se num Product design specification (PDS). Via de regra o processo de projeto irá responder a uma demanda originária de outras áreas quando no interior de uma organização produtiva, dos clientes ou mesmo de um sujeito que visualizou uma possibilidade de introdução de melhorias ou inovação num dado campo de necessidades humanas. A tarefa dos projetistas ou de qualquer envolvido num processo de projeto é de esclarecer a demanda. A Figura 3.2. extraída de Pugh (1990) orienta o processo de construção do Product Design Specification (PDS). A demanda é expressa inicialmente em um brief cujo conteúdo é genérico e pouco delimitado, cabendo aos projetistas ou grupo de projeto elucidá-lo e detalhá-lo. Figura 3.2. Áreas de pesquisa e busca de informações para a construção do PDS. É essencial o conhecimento da legislação que afeta o produto. Aspectos de segurança e meio ambiente são regulamentados assim como as questões de propriedade industrial. Referencias Bibliográficas e Catálogos de concorrentes constituem fontes de informação relevante para a 37 elucidação da demanda. Dados Estatísticos e Publicações Setoriais são fontes importantes para a identificação de mercados e tendências. As informações coletadas deverão ser tratadas e analisadas. 4.1. Análise Paramétrica A Análise Paramétrica é uma técnica bastante simples, porém eficiente. Os paços para a sua execução envolvem: a) Reúna tantas informações quanto possíveis acerca do seu produto e dos produtos concorrentes; b) Coloque em gráficos com os dados disponíveis e procure por relacionamentos entre parâmetros; c) Inicie com relacionamentos lógicos e vá aprofundando as análises em busca de relacionamentos mais consistentes; d) Se relacionamentos foram identificados, procure explicar as suas causas; e) Estabeleça correlações entre os dados encontrados e pesquisas tradicionais de mercado. Para ilustrar a técnica iremos utilizar um exemplo baseado em um caso real. Trata-se de investigar as oportunidades de mercado para Aviões Comerciais Regionais frente ao crescimento deste mercado. A Figura 3.2. apresenta o crescimento deste mercado no período de 1995 a 2003. No período a aviação regional no mercado americano evoluiu de 76 para 1874 rotas. Figura 3.3. Correlacionando o Percentual de Partidas e o Número de Passageiros por Partida evidencia-se que 27 % dos vôos partem com carga apropriada para aeronaves entre 70 e 80 lugares; e que, 34 % dos vôos partem com carga apropriada para aeronaves entre 100e 110 lugares. Figura 3.4. 40 Numa situação real de Análise Paramétrica dezenas de gráficos serão geradas e alguns poucos irão produzir relacionamentos significativos para o produto em questão. Pontos fora das tendências gerais devem ser cuidadosamente analisados. Também a formação de grupos é indicativa importante para a caracterização das oportunidades bem como a correlação linear entre parâmetros. 4.2. Matriz de Atributos Uma Matriz de Atributos consiste da tabulação do conjunto de atributos dos competidores na vertical e os modelos na horizontal. A matriz é preenchida para mostrar quais modelos incorporam ou não quais características. Do lado direito da matriz uma representação gráfica da porcentagem e a porcentagem de modelos que possuem tal atributo são apresentadas. Figura 3.10: Microscópio Oftalmológico. 41 A matriz cumpre o papel de aprofundar o conhecimento acerca dos produtos existentes. Os catálogos de fabricantes constituem fonte primordial para a realização da análise. Os conhecimentos advindos de tais atributos serão úteis para a interação com consumidores e para o estabelecimento da sua importância ou não. A Figura 3.10 ilustra a técnica. 4.3. Interações com Consumidores Existem diferentes formas de interação que podem ser classificadas nas dimensões Nível de Interação e Ambiente de Uso como expresso na Figura 3.15. (SHIBA et al, 1993). ~ Figura 3.11. Pesquisa Aberta: São entrevistas nas quais se fazem perguntas abertas aos usuários ou clientes, envolvendo grande interação com os clientes e podem ser realizadas perto ou longe do ambiente de utilização. Observação de Processo: Envolve uma interação onde o usuário é monitorado em seu ambiente e, ocasionalmente, o analista ou projetista paz perguntas ou pede esclarecimentos para facilitar a compreensão. Observação Participante: Envolve uma interação explícita muito pequena com o usuário. Pode ser feita em laboratório, onde o produto é real, mas o ambiente não, em um ambiente de consumo onde os analistas observam o comportamento do consumidor na hora da compra, ou pela observação dos consumidores no ambiente de uso do produto. 42 Cada um dos métodos de interação com os clientes têm suas vantagens e desvantagens, mas os mais efetivos são a Observação de Processo e a Observação Participante. A Observação Participante em seu extremo implica numa pesquisa etnográfica onde o pesquisador insere-se no ambiente do pesquisado e passa a conviver naquele meio incorporando-se à comunidade. Este tipo de pesquisa requer tempo e exige do pesquisador uma empatia com o objeto em estudo. Por outro lado, em pesquisas descontextualizadas fica difícil de perceber as questões ocultas ou podem mudar o significado do que realmente o usuário expressou em sua fala original. Consumidores nunca irão dizer tudo aquilo que desejam. Algumas coisas são tidas como certas. Por exemplo, se perguntamos acerca de viagens aéreas, muitos irão falar sobre comida, check-in, recuperação de bagagens... Eles podem não especificar o percurso que voam, o que é uma necessidade implícita. Assim como está implícito que eles desejam chegar salvos e no horário ao seu destino.Também, consumidores não irão usualmente verbalizar necessidades latentes de uma forma direta. A percepção destas necessidades exige um cuidadoso processo de questionamento. O que faz o consumidor desejar alguma cosia? Como isto será utilizado? O entendimento dos usos que o consumidor faz do produto e as possibilidades tecnológicas dos mesmos podem cobrir as necessidades latentes. Independente do método de pesquisa, o objetivo da interação com o cliente ou usuário é estabelecer as imagens dos consumidores acera do produto e suas necessidades invisíveis. O tratamento dos dados coletados deve construir pontes entre as necessidade invisíveis e os produtos bem como clarear os caminhos que ligam as necessidades expressas com os atributos do produto. (Figura 3.16). Figura 3.12. 45 3. Análise da Demanda 3.1. Dados Gerais do Equipamento Potência (37 cc) 1 HP Velocidade 40 km/h Sistema de Partida Manual Acessórios Retrovisor e Olho de Gato OBS. A foto na tabela é do equipamento de segunda geração. 3.2. Dados Gerais dos Distritos Distrito 46 a 50 pts/km Extensão da Percorrida Até 15 km Modo de Distribuição Z U L Topografia 75 % plana Área Residencial Tipos de Objetos Todos exceto Embaraçoso > 1kgf. N. Pontos de Entrega Até 800 pts. Peso da Bolsa Até 15 Kgf. 3.3. O Trabalho Prescrito O ciclo interno da jornada do carteiro não sofre alterações até a montagem da mala e pesagem. A primeira tarefa do Carteiro em relação ao patinete é o abastecimento, que passa a fazer parte do seu ciclo interno de trabalho. 46 O ciclo externo da jornada do Carteiro inicia com a partida do patinete. O percurso improdutivo do CDD até o distrito passa a ser percorrido com o equipamento. O carteiro estaciona e desce do patinete para colocar o objeto simples na caixinha. No caso dos objetos registrados, os quais requerem assinatura, o carteiro desliga o equipamento, implicando em recolocá-lo em funcionamento após a entrega. O carteiro utiliza o patinete para deslocar-se entre pontos de entrega e para retornar ao CDD. O carteiro realiza operações de manutenção após o retorno ao CDD. 47 3.4. Modo Operatório Da observação realizada e como resultado das entrevistas, ficou evidenciado que os carteiros estão reproduzindo na utilização o equipamento patinete as mesmas estratégias adotas na distribuição domiciliar pedestre. Os modos de distribuição em Z, U e L são adotados, utilizando se percursos em calçada, transpondo guias, ruas e terrenos baldios. Reproduzem inclusive a prática de ler os endereços ao longo do translado entre pontos de entrega. 4. Demandas para Fase II dos testes O patinete e caracterizado como de fácil de manobrar . Aparentemente existe um único registro de queda. No entanto o relato: O mais perigo é cair de lado... agente geralmente cai de lado, cai de lado...deixa dúvidas. Deve-se considerar que o equipamento potencializa os efeitos negativos de um acidente quando comparado com o trabalho pedestre. Manobras Operações/Engenharia Considerar procedimentos de manobras no dimensionamento. Verificar com fabricante possibilidade de baixar o centro de gravidade. Segurança Discutir procedimentos para manobras. Selecionar EPIs: capacete, viseira, cotoveleira, calça com reforço, luva, calçado e uniforme para chuva. UFSCar Discutir modo operatório com carteiros. Calcular centro de gravidade. 50 Operações/Engenharia Verificar possibilidades técnicas de melhoria nos amortecedores. Considerar procedimentos de manutenção que mantenham as vibrações sobre controle. Segurança Selecionar calçado com amortecimento. UFSCar Medir frequência e amplitude das vibrações na plataforma versus calibragem dos pneus e material dos cochinhos. Confrontar os dados obtidos com recomendações da literatura. As questões associadas à visão e visibilidade são relevantes tanto do ponto de vista do Carteiro como dele em relação ao ambiente. No que se refere ao carteiro, faz-se necessário introduzir um EPI do tipo viseira em conjunto com o capacete, que o proteja de galhos, insetos, pedras e das quedas. No tocante à visibilidade dele para os outros, nossa sugestão é de que o equipamento possua além do olho de gato, faixas fosforescentes e pelo menos um ponto de luz autônomo. Visão e Visibilidade Operações/Engenharia Verificar com fabricante os impactos no custo do equipamento da adoção de um ponto de luz autônoma e das faixas fosforescentes. Segurança Selecionar capacete e viseira. Orientar procedimentos de manobra (direção defensiva). UFSCar Avaliar os EPIs sob o ponto de vista do conforto dos usuários e da sua eficácia. 51 O ruído incide sobre dois aspectos: i) sobre o carteiro o qual, nas condições atuais, está submetido e ruídos de até 94 Db; ii) sobre a relação carteiro/cliente cuja conversação fica inviabilizada quando o equipamento está acionado. A passagem do carteiro é acompanhada de uma sinfonia de latidos. Ruído Operações/Engenharia Assegurar com o fabricante o posicionamento do silencioso em consonância com as manobras a serem realizadas. Segurança Providenciar dosímetro para realização de medidas de incidência. Verificar necessidade de EPI. UFSCar Estabelecer parâmetros de incidência para comparação com os dados medidos. 5. Considerações Gerais sobre o Projeto Patinete Sobre o ponto de vista da ergonomia e do design de engenharia o equipamento em questão só pode ser avaliado em referência à tradição. Neste sentido, avaliamos que o equipamento resolve dois problemas da mais alta relevância para a atividade dos carteiros: elimina a necessidade de suportar o peso da bolsa; e, elimina a necessidade da caminhada durante a percorrida. Tais aspectos são amplamente positivos e são assim percebidos pelos encarregados e carteiros. Foram expressões utilizadas pelo encarregado: Aumento da produtividade. Diminuição nas faltas. O pessoal não reclama mais. Olha na fisionomia e percebe. Não querem deixar o equipamento. Absenteísmo caiu sensivelmente. No que se refere aos carteiros, a verbalização seguinte expressa muito bem as suas percepções: “Oh todo mundo respeita o carteiro... Devido agente ser carteiro todo mundo para, buzina, dá tchau, ...(as pessoas dizem) agora tá bom oh carteiro... inclusive até a auto estima nossa foi melhorada com este equipamento pelo seguinte,... agente sofria andando a beça e parece que o pessoal tinha piedade da gente. Isso era ruim para a gente. Agente tinha orgulho do que fazia mas... eu me sentia ... carteiro e tal gostava do carteiro ... tadinho voceis andam um montão... ficavam com pena ....isto deixava agente triste... agora não eles estão até querendo ... quando abre concurso do correio? ” A questão da produtividade também é percebida pelos carteiros que estão utilizando o equipamento. “Tem a questão da produtividade também.... (entrevistador: você está disposto a 52 entregar mais cartas em função de andar menos e carregar menos peso?) Tranquilamente... tinha localidade que não tinha entrega e hoje tem...”. Tendo considerado os aspectos positivos para o negócio ECT e para o trabalho dos carteiros, vamos pontuar o que consideramos fundamental para a implantação de forma generalizada do patinete. 1. Modo Operatório. A forma como os carteiros estão utilizando o equipamento reproduz o modo operatório desenvolvido para a distribuição pedestre. Isto é natural na medida que tal forma de trabalhar constitui um saber fazer dos carteiros que foi construído ao longo das suas carreiras. A reprodução desta forma de trabalhar com o novo equipamento constitui uma fonte de riscos que deve ser minimizada. A construção de um novo modo operatório deve ser buscada em conjunto com os Carteiros, discutindo-se particularmente os conceitos de direção defensiva, a forma de ordenamento e agrupamento das correspondências no ciclo interno da jornada e a disposição das mesmas na mala e na cesta do patinete. 2. Usabilidade do Equipamento. No tocante às características do equipamento e a sua atuação sobre os carteiros destacamos os efeitos conjugados das posturas com os impactos e vibrações. A busca de um controle sobre estas variáveis deverá ser o objeto central nos testes com o patinete de segunda geração. 3. Segurança. As questões de segurança não podem ser negligenciadas. O equipamento potencializa os efeitos de um acidente com consequências graves. Os efeitos são indesejáveis do ponto de vista humano e dos negócios da ECT. Deve-se observar que um acidente grave pode levar a uma rejeição do equipamento. Assim a correta especificação de EPIs deve ser acompanhada da construção de um modo operatório que incorpore os preceitos da direção defensiva. 6. Encaminhamentos No geral, os encaminhamentos para a continuidade dos testes já foram apontados no quadro da análise da demanda. Irá se buscar um trabalho conjunto das áreas de Operações, Engenharia e Segurança, bem como da equipe UFSCar envolvida com o projeto Ergonomia no Processo Produtivo, objetivando a atenuação ou eliminação dos pontos críticos presentes no equipamento em consonância com a forma de utilização do equipamento.Neste sentido, ficam assim distribuídas as responsabilidades para a segunda fase dos testes: Operações/Engenharia: 55 Figura 3.14: Quality Function Deployment A técnica busca desdobrar as expectativas dos clientes para um dado produto por meio de quatro matrizes que correspondem ao Planejamento do Produto, que parte dos requisitos dos consumidores caracterizados por idéias vagas e abstratas, transformando-as em requisitos de projeto, que definem as características globais para o produto (conceito). Uma segunda matriz, denominada de Projeto do Produto, desdobra os requisitos globais do produto em requisitos específicos para cada um dos subsistemas definindo o modo de obtenção dos efeitos técnicos necessários. O próximo passo é construir uma matriz que desdobre os requisitos técnicos de cada subsistema em requisitos para o processo produtivo. Esta matriz recebe o nome de Projeto do Processo. Finalmente, os requisitos do processo produtivo são desdobrados em Requisitos de Processos que visam estabelecer os métodos de controle sobre a produção, afim de garantir que as entradas deste processo, ou seja a voz do consumidor, seja respeitada ao longo do processo produtivo. A figura 1 mostra o desdobramento anteriormente descrito. Figura 3.15. 56 Na prática é a primeira matriz do QFD, Planejamento do Produto, que tem se difundida com maior intensidade. Sem dúvida ela representa o coração da técnica e remete para discussões conceituais que definem o sucesso ou o fracasso da abordagem. Trata-se aqui de discutir a possibilidade metodológica de captar a voz do consumidor. Isto não é uma tarefa fácil. A melhor abordagem para a questão é desenvolvida por Kawakita, in Clausing (1995). A metodologia apresentada pelo autor aproxima-se das metodologia soft de estruturação de problemas. Vamos apresentar na seqüência os aspectos globais da matriz de planejamento de produto. A figura 3.12 apresenta a matriz genérica do QFD constituída de 11 campos ou quartos. 5.1. Objetivo, Demandas e Hierarquia no QFD A definição dos objetivos do QFD visa estabelecer uma questão clara aos consumidores que poder ser representada por uma questão do tipo: Quais são as (os)_________________ importantes de ___________ + ________________. exemplos: qualidades característica atributos uma porta de automóvel de passeio lixeira de rua doméstica retropojetor universitário O objetivo define Grupos de Foco, uma amostragem representativa de pessoas ou clientes que usam ou usariam tal produto ou serviço. Normalmente um grupo de QFD será composto por representantes da empresa e de clientes. Pode-se no início priorizar representantes dos departamentos mais relacionados com o atendimento ao cliente e posteriormente, no decorrer do processo de QFD, ir substituindo por representantes da engenharia industrial, produção. É importante frisar que o "cliente" não é somente aquele que compra, mas também todos aqueles envolvidos com o uso e gerenciamento do produto. Podemos classifica-los em: internos, os próximos a receberem o produto dentro da empresa; intermediários, envolvendo revendedores e distribuidores; e, externos, representando os consumidores de produtos e serviços. Os "ques" dos clientes podem ser qualidades, atributos ou requisitos, devendo-se utilizar o termo mais apropriado ao grupo. Pode-se utilizar questionários ou entrevistas, sendo que os melhores resultados são obtidos quando clientes e representantes da empresa interagem em ambientes de uso para identificação dos "ques". Este é o ponto crucial deste método. A 57 obtenção das vozes do consumidor requer quatro atividades genéricas, as quais são descritas em quatro passos(segundo Burchill,1993, in Clausing 1995): Atividade Genérica Passos Submirja no contexto e obtenha as vozes 1. Plano 2.Interagir com consumidores. 3. Desenvolva uma imagem dos consumidores. Clarifique 4. Examine os dados para alcançar claridade. 5. Selecione os aspectos mais significantes. Estruture 6. Categorize as necessidades. Caracterize 7. Caracterize as necessidades dos consumidores. Pesquisa Contextualizadas A pesquisa contextualizada significa a observação das necessidades dos consumidores através das ações mais que palavras. O consumidor tem satisfeito a sua necessidade usando um produto da companhia ou da concorrência. A equipe deve observar o uso do produto em seu contexto usual. A equipe busca dados que irão possibilitar que o projeto de suporte amplifique e transforme as atividades do usuário. Para alcançar estas metas, deve-se estar focado naquilo que o consumidor realmente faz, mais do que naquilo que ele diz desejar. Finalmente, a equipe deseja transformar a atividade do consumidor tornando-a mais atrativa e proveitosa. Quando os consumidores são visitados, deve-se tentar estar abertos e informados de todos os aspectos contextuais. O aspecto mais importante nos aspectos contextuais é identificar aqueles que são diferentes daquilo que tradicionalmente assumimos como verdadeiro. São aspectos importantes a localização, pessoas, cultura e valores. Fazendo pesquisas contextualizadas o pesquisador torna-se parceiro dos usuários e consumidores. Ele (projetista) tem um conhecimento especial sobre o produto; os consumidores têm um conhecimento especial sobre o uso dos produtos. Isto é bastante diferente do relacionamento assimétrico de uma entrevista. O entrevistador faz uma pergunta, o consumidor responde. Os papéis são diferentes. Na pesquisa contextualizada os papéis são similares. São ambos (consumidores e projetistas) especialistas olhando para compartilhar e criar uma sobreposição entre áreas de especialidade. Na medida que se dá continuidade a 60 relacionadas com um requisito. Em alguns casos, expressões que não são exatamente iguais podem ser agrupadas, e a categoria de mais alto nível que a contém é levada adiante. Isto ajuda a reduzir o número de necessidades para um número gerenciável. Ao vasculhar os dados a equipe busca por: clareza, expressões estilizadas que levam naturalmente para variáveis contínuas; exatidão à voz do consumidor. Clareza irá ajudar a equipe durante os passos subsequentes. O exemplo a seguir mostra um exemplo de comunicação errônea. “A geometria da superfície da copia não deve desviar do plano vertical ” O melhor enunciado seria: “as copias tem pequenas ondulações”. É melhor definir necessidade em termos de variáveis contínuas. Pequenas ondulações é melhor que não deve desviar. Nós entendemos que nenhuma ondulação é ideal. Nós precisamos pensar em termos da sensibilidade do consumidor e não enunciados absolutos que não podem oferecer uma indicação usual. Ao final a equipe identificou e expressou um conjunto de necessidade dos consumidores. O número total de necessidades foi reduzido para um conjunto de expressões a partir dos dados iniciais. Contudo, este número é ainda maior do que aquele que pode ser eficientemente usado para guiar o desenvolvimento de um novo produto. As necessidades dos consumidores são priorizadas de modo que a equipe possa concentrar- se nas necessidades vitais que irão fazer o sucesso do produto. Trabalhando com muitas necessidades tem causado o fracasso da aplicação do QFD. É freqüentemente benéfico fazer um rápido agrupamento de necessidades. O conjunto das notas é dividido entre os membros da equipe. Uma nota é pregada na parede e lida em voz alta. Então qualquer membro da equipe que possui uma nota similar irá fixá-la junto à primeira. Novamente as necessidades em duplicatas serão agrupadas e expressas por uma única sentença. Novamente a equipe usa a votação para selecionar a necessidade que irá melhor guiar o desenvolvimento do produto. Antes de votar deve-se decidir qual é o critério de escolha. Estes devem ser orientados na direção do consumidor, tendo-se como guia as imagens que eles forneceram. A estratégia da corporação também é levada em conta. Se a estratégia que empurra uma nova copiadora é uma melhor qualidade da imagem, então as necessidades dos consumidores nesta área deverão ser priorizadas. Os votos são usados para selecionar um pequeno número de necessidades, freqüentemente entre 15 e 30. Estas são as necessidades que guiarão a seleção de conceitos e todos os aspectos do desenvolvimento do produto. Em alguns casos, a identificação e resposta a uma única necessidade tem tido maior impacto no novo produto. O objetivo não é satisfazer um 61 grande número de necessidades, mas desenvolver uma percepção estratégica que guiará o projeto para uma satisfação superior do consumidor. A equipe deve preparar agora o diagrama de afinidades para as necessidades. A organização das necessidades em grupos de afinidades fornece uma percepção maior dentro do conjunto de necessidades. Esta percepção é usada mais tarde para refinar as expressões. Em alguns casos as categorias de mais alto nível serão mais valiosas do que os melhoramentos mais detalhados. As necessidades, incluindo as de categorias de alto nível, são colocadas dentro do quarto “Quês” da Casa da Qualidade. A equipe possui agora dois diagramas de afinidades, um para as imagens e outro para as necessidades específicas. A equipe também desenvolveu as conexões entre os dois diagramas. Isto fornece à equipe uma percepção de dentro das necessidades dos consumidores capacitando-a para receber uma direção vinda dos consumidores. A Figura 3.12 ilustra a aplicação do método. Figura 3.16. Método KJ para um cesto de pescar. As caracterizações das necessidades ajudam a equipe a concentrar seus esforços em áreas que irão fazer os produtos mais competitivos. Duas importantes caracterizações são: 1) importância; e, 2) Diagrama de Kano. Análise de Kano Para compreender a análise de Kano faz-se necessário tipificar os requisitos ou atributos possíveis de serem manifestados pelos clientes: 62 1. Requisitos Esperados: são aqueles que o cliente pressupõe que o produto possui. é a qualidade básica ou padrão que a empresa deve atingir para ser competitiva. 2. Requisitos Explícitos: são as características específicas que o cliente diz desejar, ou seja, vontades manifestas do cliente. 3. Requisitos Implícitos: são características desejadas pelo cliente mas não manifestas, seja por estarem latentes, seja por incapacidade de formulação. 4. Requisitos Inesperados: são aquelas características que irão surpreender o cliente, excedendo as suas expectativas. Figura 3.17. O diagrama desenvolvido por Kano é muito proveitoso para a caracterização das necessidades. Na Figura 3.13. A abscissa ó o grau de sucesso da companhia em responder as necessidades. A ordenada mede a satisfação do consumidor como resultado da realização da corporação. Existem três tipos originais de necessidades percebidas pelos consumidores: Deve Ter, Satisfação Linear e Encantamento. Os requisitos da categoria Deve Ter, são representados pela curva do fundo. Não importando quão bem seja feito, o consumidor simplesmente aceita que isto era esperado. Por outro lado, se nós não preenchemos a necessidade suficientemente, ele irá ficar bastante insatisfeito. Num automóvel, por exemplo, se a pintura mantém sua aparência, o consumidor percebe isto com um pequeno aumento de satisfação. No entanto se a pintura desbotar, o consumidor ira ficar muito infeliz. 65 Normalmente haverá uma caracterização dominante. A Figura 3.16 ilustra a aplicação do método para o caso do Cesto de Pesca. Figura 3.19: Aplicação do Método para o caso do Cesto de Pesca. Importância A ordem de importância dos "quês" identificados pelos clientes é um dos aspectos mais importantes do QFD, pois influenciarão o resultados quantitativos do processo. Assim sendo, a ordem de importância deverá refletir corretamente as opiniões dos clientes. Classificação Peso Muito Importante 9 Importante 3 Um pouco Importante 1 Como atribuir valores: Os requisitos esperados ou explícitos servem como "guias" devendo receber os maiores valores. 66 Avaliar e reavaliar a distribuição de valores de importância até que o resultado seja considerado satisfatório para todos. Deve-se procurar uma distribuição uniforme para os valores, ou seja, o número de vezes que uma nota é atribuída deve ser aproximadamente igual para todas as notas. É importante que a relação causa efeito seja respeitada. Assim, para um efeito, deve- se atribuir valores menores do que os valores atribuídos para os itens que irão viabilizá-lo. Então um dos pesos de importância (9, 3 ou 1) é introduzido numa coluna ao lado das linhas da casa da qualidade. O peso que é escolhido pode se basear na média, mediana ou moda de todas as respostas recebidas. 5.2. Outros Campos do QFD Avaliação da concorrência pelos clientes Esta avaliação tem como objetivo, validar a lista de requisitos do produto, captar novos requisitos dos clientes, identificar como o cliente vê o seu produto em comparação com a concorrência e identificar os pontos fracos da concorrência que oferecem oportunidades para a sua empresa. Este processo é conduzido por meio de novos focus group, entrevistas com clientes e pesquisas de mercado. Como utilizar a avaliação: Comparar a avaliação da concorrência com a ordem de importância atribuída aos "ques". Identificar os concorrentes que estão oferecendo com sucesso um produto semelhante. Usar questões em aberto para identificar novos requisitos dos clientes. A melhor avaliação da concorrência servirá de referência para a empresa, estabelecendo o padrão mínimo a ser alcançado. 67 Ao final da avaliação da concorrência pelos clientes deve-se obter um representação precisa de quais os requisitos irão satisfazer os clientes, sua ordem de importância e o padrão mínimo a ser alcançado pelo produto da empresa. Como atender os requisitos dos clientes: Como A busca dos comos deve envolver uma equipe multidisciplinar onde todas as funções da empresa devem estar envolvidas na busca de soluções. Na transformação dos "ques", estabelecidos pelos clientes, em requisitos de projeto ou "como" adota-se as técnicas tradicionais de estimulo à criatividade e de busca de soluções (brainstorming, matriz de sdoluções), devendo-se burcar responder à questão: Quais a maneiras pelas quais pode-se obter _____________? 6. Metas As metas funcionam como filtros, indicando se um dado "como" pode ser quantificado, em termos de aumento de alguma propriedade ou efeito, diminuição de alguma propriedade ou efeito ou definição um objetivo específico. Símbolos: aumenta diminui valor Caso seja impossível atribuir uma meta ( , , ) a um dado "como", este deve ser reavaliado pois é uma solução não mensurável. Matriz de correlações É utilizada para determinar as correlações entre os distintos "como", evidenciando as conformidades e conflitos. Símbolos: •forte relação positiva + relação positiva - relação negativa # forte relação negativa Figura 3.20. RELACIONAMENTO 5 O 5 corTE O 3 médio x A 4 FRACO x — s % x x X CORRELAÇÃO Mex min O avo Í ole erustE + BBJETIVO + POSITIVO ZE | FUNCIONAIS - NEGATIVO QUAIS As cu É FORTE + CARACTERÍSTICAS ZE FUNC [NPERAC. TRANSP |SEG|APAREN DESEJÁVEIS DE UM Se RETROPROJETOR olacinogins «| iaolaem Y UNIVERSITÁRIO | Gu Sacos a Es | jr É va ejsutca|=|z|a ázã O I > Sisaisiia « |SIeotg 5 a as BEE alagAgá o Ly REQUISITOS ebgis|ajeoá [Mas ENE A > DO CONSUMIDOR 2) 12345 | FOCO HOMOGENEO EL BLA AMPLIAÇÃO E CONTRASTE | BAIXO AQUECIMENTO A a/s/s Jojo jo [1] o/o/o[o[o/olojojo/ O oa É[BAIXO RUIDO |O ofoB [ele ojojojojojojojojo| 3[jo0 4 &[PRECISAD DE FOCO o ololofi | [al oolofololololofojo! [5 SDA el Leve o ololololo [da elolololololalolo| Bju o a | FACIL DE PEGAR o ofojo (o jo [o/o/o/a[a[ojojojofojo | [5 DAO cn] INDICAR VENT.L/D A ofololo lo folololololalalolojofo | 3] nom «| FORMA MODERNA TO olololo js [olelolalafolalala [if | (4) o 0a &| COR AGRADAVEL A ofojojo jo [o o/o/oo[o[o/olojs|3 | 3 DA o FATOR DE PROBABILIDADE sljplelsfelsB|js|[ |s5/ls[s]|s z de ces OproD 4 VALORES ALVO dB ES O eROD E ES SS ENS E SXIS o ÉS sro BS Beda |Dpronc DS o A a|= om S|z] SolS|Sz 2 MELHOR o A oo AVALIAÇÃO = A sa, a so ja| fojo TÉCNICA DA o o(a Djs jo ojo joja| ja CONCORRÊNCIA cu oloin/o| jolola oja PIDR- ojD o a, jojojajo vu 4 a = z Á S IMPURTANCIA [| ABSOLUTA 2 [3 pole/a6h5 34 6 |3636/9 | s|6 hef6 6) Jam TÉCNICA | RELATIVA ilbleislelolyl2ls| ajajjoje 70 71 5.3. Aplicação de QFD em ergonomia13 No sentido de integrar os métodos participativos da ergonomia com a mesma perspectiva em design, temos feito uso do método QFD. Neste contexto, a primeira matriz do método é entendida como uma ferramenta de estruturação de problemas, aproximando-se das metodologias Soft, como Soft System methodology e Mapas Cognitivos. Tal entendimento não é unanime nem evidente. Para elucidação da questão, indicamos a discussão apresentada por Shiba, Grahan & Walden (1993), em torno do método de Jiro Kawakita (JKM), o qual está associado aos primórdios do QFD. No contexto deste trabalho, a técnica de QFD é utilizada para auxiliar na projetação das situações de trabalho, mais precisamente na etapa de geração de alternativas e análise de viabilidade. São realizadas reuniões nas quais participam uma equipe externa à empresa e uma equipe interna, onde se busca reunir profissionais das diferentes áreas e trabalhadores, envolvidas direta ou indiretamente na situação de trabalho sob análise. Através da utilização da Matriz QFD difunde-se entre os participantes a lista dos problemas e soluções levantadas pela equipe em conjunto com os usuários ou trabalhadores. Caberá à equipe de projeto, durante as reuniões de discussão da Matriz QFD, analisar cada um dos requisitos desejáveis dos usuários e avaliar sua viabilidade. O QFD auxilia na coordenação dessa etapa e serve como um guia para a etapa seguinte cujo objetivo é transformar os requisitos em especificações de engenharia, detalhamento do projeto e sua implantação. Abaixo está descrita uma aplicação prática da técnica QFD em um projeto de melhoria das situações de trabalho em uma empresa brasileira de grande porte, cujo processo produtivo envolve etapas de fabricação mecanizadas entrecortadas por atividades manuais. A figura 5 é uma representação esquematizada de uma Matriz QFD utilizada no processo de design. A área 1 da matriz de QFD correspondente aos “QUEs”, isto é, lista-se sucintamente os problemas levantadas durante a Análise Ergonômica do Trabalho, acrescentando também outros problemas previamente percebidos pela equipe de projeto. A cada um dos “QUEs” é atribuido um grau de importância, campo 2, em relação ao surgimento ou agravamento do problema que está sendo tratado. A área 3 da matriz de QFD é reservada para os “COMOs”, que são as idéias ou sugestões de solução para os problemas listados no campo 1. É durante as sessões de focus group que 13 BOSCOLO, Eliane, MENEGON, Nilton Luiz, CAMAROTO, João Alberto. Técnicas de Sistematização de Soluções: Aplicações de QFD em Ergonomia. In: ABERGO99, 1999, Salvador BA. Anais do Congresso Brasileiro de Ergonomia 1999. 1999. v.CD Rom. 72 estas sugestões são geradas. O próximo passo da técnica de QFD é preencher a área 4. Isso consiste em relacionar as áreas 1 e 2, referente às supostas causas do problema e as sugestões de como atacá-las. Assim, a equipe deve discutir sobre todas as sugestões, analisando-as e avaliando-as quanto a sua eficácia no combate a cada uma das causas do problema. No campo 5 da Matriz de QFD são identificadas as soluções incompatíveis entre si. Figura 21: Exemplo de aplicação do QFD. No campo 6 é representado, segundo a análise dos participantes, o grau de dificuldade para implantar cada solução proposta no campo 2. Conforme está indicado na legenda da figura, o grau de dificuldade varia de 1 a 5. Para esta análise são consideradas questões ligadas à tecnologia e concepção de projeto, questões financeiras, organizacionais e culturais existentes na empresa. Nos campos 7 e 8 são indicadas a importância absoluta e relativa, respectivamente, para cada solução do campo 2. A importância absoluta consiste na somatória da multiplicação da pontuação dada no campo 3 pelo campo 4, para cada solução proposta. Desta forma, quanto maior o número, mais eficaz é a solução em questão para a resolução do problema. No campo 8 as soluções são numeradas em ordem crescente de eficácia. Ao final do processo de construção da matriz, o grupo de projeto possui uma representação da situação de trabalho em estudo que pode ser caracterizada como um mapa coletivo da questão. Os diferentes pontos de vista e conflitos foram explicitados e negociados, de modo que o campo de soluções de projeto pode ser estabelecido. Independente da qualidade das soluções geradas nas etapas posteriores, a construção da matriz de QFD constitui-se num momento de reflexão acerca dos diferentes papeis dos atores envolvidos, e de reconstrução de representações da situação de trabalho. 75 a) a geração e expressão de conceitos pelos indivíduos, baseado no PDS. b) estabelecimento de critérios em grupo (com base no QFD); c) avaliar os conceitos como uma atividade em grupo (Matriz de Pugh). O que se busca com este processo é um método que não iniba a criatividade durante o processo de seleção de conceitos, mas estimule o aparecimento de novos conceitos, que podem não ter aparecido de outros meios (Pugh, 1990). Figura 7: Matriz de Pugh A figura 7 ilustra a técnica. Nela estão representados os conceitos para o produto e os critérios segundo os quais os mesmos serão avaliados. Os passos para a aplicação da técnica são: a) os conceitos devem estar representados com um mesmo nível de detalhes (base genérica); c) elimine qualquer ambiguidade dos critérios; a) estabeleça uma referência (um dos conceitos existentes); b) julgue cada conceito/critério em relação à referência usadando a seguinte notação; S = Igual + = melhor - = pior e) identifique os conceitos com maior número de aspectos positivos em relação à referência; f) a partir da análise dos pontos fracos dos conceitos fortes gere novos conceitos (modifique); g) elimine os conceitos fracos; h) substitua o conceito referência; i) repita os procedimentos até emergir um conceito superior. 76 A utilização da matriz de Pugh na fase conceitual pode envolver diferentes estágios de refinamento. Entre os passos 8 e 9 pode-se aprofundar o detalhamento dos conceitos desenvolvidos e refinar os critérios de seleção. Nossas experiências com a aplicação da matriz nos indicam que o aprofundamento nos detalhes se dá de modo concomitante com o refinamento dos critérios. Neste sentido é importante retornar ao PDS ou na matriz do QFD sempre que surgirem ambiguidades. Como Resultado do projeto conceitual deveremos obter uma representação para o produto com base numa tecnologia dominada, tecnicamente exequível. Neste sentido, o projeto conceitual possibilita a continuidade do processo de projeto fornecendo a base genérica sobre a qual será detalhado o produto e o seu processo de produção. 6.2. Seleção de Conceitos para o Centro de Produção Sanduíche Este estudo de caso apresenta o desenvolvimento e seleção de conceitos para o Centros de Produção Sanduíche de uma indústria de material de escrita. Como diretriz geral, para a busca de soluções de referenciadas na ergonômia que eliminem as LERs, buscou-se avaliar nos conceitos gerados os efeitos das variáveis: zona de alcance, postura, força e ritmo. Na seqüência, passamos a considerar as soluções geradas para cada um dos centros de produção, considerando os postos de trabalho isoladamente e sua composição final. Neste centro de produção foram considerados os postos de trabalho: alimentação da ranhura, prensador e batedor, os quais foram identificados com disparadores as manifestações de LERs. Alimentação da Ranhura Neste posto de trabalho dois aspectos são considerados centrais: o fardo dado o seu peso e a forma como é disponibilizado (gaiolas); e o funil determinante do ritmo, força e alcance. Foram gerados conceitos de solução em dois campos: Alimentação tipo Raimann e alimentação com Refil/Basculante. Para ambos os campos de solução a chegada dos materiais no posto de trabalho deve-se dar em gaiolas com aberturas duplas e serem depositados em mesas pantográficas, objetivando controlar a variável zona de alcance. A figura 1 ilustra a situação desejada. 77 Figura 1: Gaiolas com abertura dupla e mesa pantográfica para a sua elevação. Utilizou-se da Matriz de Pugh para a avaliação comparativa entre conceitos. No que se refere a comparação Funil/basculante ou alimentação tipo Raimann chega-se a conclusão que apesar de ter um custo mais elevado, a solução Raimann é vantajosa do ponto de vista da prevenção pois contribui para a diminuição do ritmo neste posto, visto que a movimentação é feita em fardos, eliminando assim a pega e manuseio dos feixes. Além deste aspecto, a tecnologia é conhecida. Tal solução apresenta como aspectos negativos o custo mais elevado do que a solução refil/basculante, além de necessitar de um maior espaço para a sua implantação. Por outro lado, a solução refil/basculante implicaria em mudanças na saída do processo anterior (Zuca), bem como a tecnologia é ainda desconhecida: é difícil controlar a queda do feixe. Assim sendo, somos pela adoção neste posto da solução Raimann. Além da mesa pantográfica, deve-se adotar neste posto um dispositivo de pega dos fardos que possibilite uma melhor empunhadura e evite acidentes com a fita metálica. A figura 2 mostra tal dispositivo. Figura 2: Dispositivo manual para pega dos fardos. Critérios Conceitos Tecnologia - - - - - - Pega do feixe O O - O O O Ritmo - + - - - - Alteração “Zuca” - O O - - - Peso do fardo + + O + + + Layout O - + + + + Trabalho em pé O + O O O O Custo - - + + + + Zona de alcance - + - + - + 80 Elevação Do Feixe O O O Arraste Do Feixe O O O Elev. Grampo Cheio O O O Peso Grampo Vazio + + + Pega Do Grampo + + + Parafusar O O O Zona De Alcance + + + Trabalho Em Pé O O O Rítmo O O O A B C D Atual Hidráulica Sem Hidráulica em U Quadro 2: Primeira Matriz de Pugh (+) melhor, (O)= igual e (-) pior. Critérios Variáveis Layout + Tecnologia + Custo + Pega Do Feixe O Elevação Do Feixe O Arraste Do Feixe O Elev. Grampo Cheio O Peso Grampo Vazio - Pega Do Grampo - Parafusar O Zona De Alcance O Trabalho Em Pé O Rítmo O B C Hidráulica Sem Hidráulica Quadro 3: Segunda Matriz de Pugh (+) melhor, (O)= igual e (-) pior. Critérios Conceitos Tecnologia - O - Custo - - - 81 Pega Do Feixe O O Elevação Do Feixe O O Arraste Do Feixe O O + Elev. Grampo Cheio + O Peso Grampo Vazio O O Pega Do Grampo + O Parafusar O + Zona De Alcance + O + Trabalho Em Pé O O Rítmo O O C E F G Sem Hidráulica Com basculante Com parafusadeira Com arrastador Quadro 4: Terceira Matriz de Pugh (+) melhor, (O)= igual e (-) pior. Batedor Assim como no posto anterior, o ritmo não se altera nas soluções propostas. Atua-se fundamentalmente sobre a carga de trabalho. Os principais aspectos considerados são: a) necessidade de descolar os sanduíches; e, b) dificuldade de pega dos sanduíches para o encaixotamento. No que se refere a dificuldade de descolamento dos sanduíches pode-se introduzir dispositivos mecânicos que facilitem a operação. Uma primeira solução seria a adoção de um martelete excêntrico (A). Tal conceito apresenta como aspecto negativo a vibração que deverá ser suportada pelo batedor, a qual pode ser associada em alguns casos às LERs. Outra opção é a introdução de um dispositivo de cizalhamento para o feixe de sanduiches (B). Ambas as souluções devem ser testadas, visto que tecnicamente não se pode afirmar que qualquer uma delas obterá o efeito desejado. Fig.6: Dispositivos para auxiliar na descolagem dos sanduíches. 82 No que se refere a dificuldade de pega dos sanduíches e encaixotamento, o conceito desenvolvido busca possibilitar o transporte por arraste, eliminando-se a pega e a força para elevação. O efeito é obtido posicionando-se as caixas sobre uma mesa pantográfica, sendo esta localizada a frente da mesa do batedor. A figura 7, mostra a configuração do posto. Assim, os sanduíches chegam no posto de trabalho do batedor por meio da mesa de pega (A). Os grampos são retirado por tombamento rotacionados e depositados sobre a mesa, na região de descolamento. As porcas são soltas por meio da desparafusadeira (com bastante folga) e o grampo depositado no carrinho de retorno (B) Após o acionamento do mecanismo de descolamento, os sanduíches são arrastados para a região de encaixotamento e empurrados para dentro da caixa (C). Dado que existe uma diferença entre o comprimento dos grampos e o comprimento das caixas, seria recomendáveis a sua padronização, preferencialmente no tamanho dos grampos (menor dimensão). Alternativamente o batedor pode acumular sanduíches e realizar o encaixotamento em dois passos: primeiro arrastando os sanduíches para a zona de encaixotamento e depois empurrando a quantidade correspondente para dentro da caixa. Figura 7: Conceito para o posto de trabalho do batedor. Critérios Conceitos Pega do Feixe para Encaixotamento + + Descolar Madeira ? + Peso/Pega Da Caixa O + Transp. Do Grampo (Ch/Vz) O - Zona De Alcance (Ch/Vz) + + 85 7. Teste de Conceitos Antes da conclusão do desenvolvimento conceitual de um artefato o conceito em questão deve ser testado. Existem diferentes modalidades de teste a serem conduzidos. Independente das abordagens do QFD e da Matriz de Pugh serem ou não empregadas no processo de projeto, todo produto deve ser testado. Diferentes tipos de testes podem ser realizados, particularmente aqueles que permitam conferir não só o desempenho do ponto de vista de utilidade e satisfação dos consumidores alvo, mas também permitam posicionar o produto dentro do seu mercado, identificando a consonância do mesmo frente ao mix de produção. Nas aplicações de ergonomia, destaca-se a possibilidade destes serem realizados num primeiro momento em ambientes virtuais. Num segundo momento, necessariamente os testes deverão ser conduzidos em mockups e protótipos reais. Estes devem ser conduzidos em duas perspectivas distintas: a) avaliação de variáveis objetivas, mensuráveis e quantificáveis; e, b) avaliação da percepção do usuário acerca da adequação do dispositivo à atividade de trabalho. 7.1. Testes em ambientes virtuais A avaliação de dispositivos técnicos em ambientes virtuais está sendo bastante difundida em ergonomia, estando baseada em software (Ergo, Transon Jack, Safework) com possibilidade de construção de humanos digitais. Figuras 9 e 10: Aplicação de manequim digital em análises de acessibilidade e antropométrica. 86 As figuras 9 e 10 mostram uma aplicação estática de um software deste tipo. No caso, trata-se de um mockup virtual de um terminal de rastreamento de objetos postais, a ser introduzido das unidades de triagem e de distribuição de objetos da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A aplicação desenvolvida permite avaliações estáticas das interações entre o manequim e o equipamento sob análise. Neste caso, destaca-se a distância entre os olhos do operador e a tela do terminal de vídeo, a falta de apoio para os braços, a distância entre o operador e a doca do scaner na prateleira superior. Tais desajustes decorrem da necessidade de no mesmo terminal serem realizadas atividades nas posturas sentadas e em pé. Além das aplicações em análises de acessibilidade e das avaliações de caráter antropométrico, tais software incorporam regras de ergonomia. Estas regras envolvem o método RULA, que enfatiza os fatores de risco relacionados com disfunções nos membros superiores e as equações da NIOSH aplicáveis particularmente em situações de levantamento de carga. 7.2. Testes em Mockups e Protótipos Mockups e protótipos são construções tridimensionais de artefatos em desenvolvimento. Objetivam validar aspectos funcionais, variáveis cinesiológicas e captar a percepção dos futuros usuários acerca do dispositivo. 7.2.1. Variáveis Funcionais: Vibrações em Patinete No que tange às variáveis funcionais, elas estão relacionadas com o funcionamento do artefato frente à situação de trabalho. Para ilustrar a aplicação deste tipo de teste, apresentamos um estudo de caso em torno do Patinete motorizado. Os problemas decorrentes da introdução deste equipamento derivam do modo operatório, das vibrações verificadas e dos aspectos de segurança. Trataremos aqui somente da questão do modo operatório e das vibrações. Foto 1: Patinete. 87 Modo Operatório. A forma como os carteiros estão utilizando o equipamento reproduz o modo operatório desenvolvido para a distribuição pedestre, particularmente o ato de ler o endereço entre dois pontos de entrega. Isto é natural na medida que tal forma de trabalhar constitui um saber fazer dos carteiros que foi construído ao longo das suas carreiras. A reprodução desta forma de trabalhar com o novo equipamento constitui uma fonte de riscos que deve ser minimizada. A construção de um novo modo operatório deve ser buscada em conjunto com os Carteiros, discutindo-se particularmente os conceitos de direção defensiva, a forma de ordenamento e agrupamento das correspondências no ciclo interno da jornada e a disposição das mesmas na mala e na cesta do patinete. A ação decorrente do exposto, resultou no documento “Modo Operatório”, tratando das questões de como dirigir e dos cuidados mínimos com o uso do equipamento. Usabilidade do Equipamento. No tocante às características do equipamento e a sua atuação sobre os carteiros destacamos os efeitos conjugados das posturas com os impactos e vibrações. A busca de um controle sobre estas variáveis constitui o objeto central da interação entre o projeto ergonomia no processo produtivo e o projeto de motorização da distribuição. Neste campo, foi contratado pela ECT o Laboratório de Dinâmica da EESC/São Carlos, para uma análise detalhada das características dinâmica do veículo. Os resultados sintetizados são apresentados na seqüência. Da análise dos resultados dos experimento, resulta como conclusão a inadequação do equipamento para o uso em pisos de terra ou de paralelepípedo, os quais induzem fortes vibrações na manopla e na base para os pés. No que tange ao piso de asfalto, o equipamento apresentou problemas que são detalhado a seguir. O gráfico 2 apresenta os resultados da aceleração vertical medida na manopla de comando operando em piso asfáltico. Os resultados foram plotados e comparados com a indicação da norma ISSO 2631/1997 que estabelece níveis de conforto e tempos de exposição quanto à sinais vibratórios. A curva indica duas freqüências críticas. A primeira situada em torno dos 10 Hz cujo limite de exposição é de 1 hora e em torno de 60 Hz, cujo limite de exposição é de 25 minutos. As vibrações medidas na plataforma, quando em operação no asfalto, indicam na faixa de 10 Hz uma exposição máxima de 2,5 horas e na faixa dos 60 Hz uma exposição máxima de 25 minutos. Tais características dinâmicas decorrem de duas fontes distintas. Na faixa de 10 Hz, o 90 Fotos 2 a 7: Diferentes conceitos de manipuladores angulares usados por empresas postais. Partiremos do pressuposto que o equipamento a ser formatado deverá possibilitar tanto o trabalho em pé como sentado. Tal especificação decorre das diferentes formas de organização do trabalho para carteiros e OTTs. Para carteiros, se considerarmos que o ciclo externo da jornada, no qual está envolvido um período em torno de 4 horas de caminhada, é recomendável que o trabalho seja realizado na postura sentada. Em contrapartida, para OTTs o ciclo de triagem pode ocupar toda a jornada. Neste caso é recomendável que se possa alternar a postura em pé e sentada. Nós iremos avaliar na seqüência as implicações desta especificação. No que tange ao alcance vertical, para posição em pé, a modelagem é apresentada na figura 1 e 2. Para determinação da dimensão vertical do manipulador, considerou-se um máximo de 5 91 linhas com altura do escaninho de 150 mm. A altura da mesa foi fixada14 em 750 mm. Nestas condições, a situação crítica é identificada para o homem máximo quando necessita alcançar a linha inferior de escaninhos. Para alcançar a superfície da mesa, o homem máximo realiza uma inclinação da coluna em torno de 27 graus. Para a posição em pé, Grandjean (1981) recomenda no máximo uma inclinação de 9 graus. Nível Zero Nível da Mesa Nível Escaninho 750 mm 1425 mm 13° 60° 27° Nível Zero Nível Escaninho Nível da Mesa 800 mm 1475 mm 9° 18° Figura 1: Modelagem para determinação da zona de alcance vertical na posição em pé Figura 2: Mesa ajustada para 800 mm para atender demandas de conforto do homem máximo. Ajustando-se a configuração para a situação de conforto recomendada, ver figura 2, a mesa deve ser elevada para 800 mm. Nesta situação o homem mínimo passa a realizar um ângulo de 18 graus para alcançar o centro do escaninho superior. O ângulo de 18 graus representa uma combinação de movimentos de flexão e elevação do membro superior. Neste caso o crítico é o ângulo de elevação, cujo limite para movimentos voluntários é de 40 graus. Frente a tal limite, considera-se aceitável o ângulo realizado, dado que a freqüência deste movimento é atenuada pela distribuição dos logradouros/distritos nos escaninhos. Conclui-se portanto que a altura da mesa fixada em 800 mm é aceitável para 90% da população masculina, quando realiza trabalho em pé. Na seqüência analisamos o trabalho sentado. Para tanto vamos considerar a figura 3. Mantida a altura da mesa em 800 mm, admite-se por hipótese que os usuários irão, na triagem, buscar o posicionamento mais elevado possível a fim de minimizar o ângulo de alcance do último escaninho. Nesta situação, os ângulos realizados pelo homem máximo e mínimo serão de 20 graus e 25 graus respectivamente. Como considerado anteriormente, o resultado é aceitável em relação a um máximo de 40 graus. 14 A altura de 750 mm é arbitrária e baseia-se no limite recomendado pra trabalho sentado. Na discussão que segue buscaremos estabelecer este limite a partir das considerações antropométricas. 92 Em decorrência da situação, haveria um desnível nos assentos de 60 mm, resultante da diferença entre a altura da coxa para o homem mínimo e máximo e um desnível de 142 mm no apoio para os pés. Ainda o nível mínimo para o apoio para os pés estaria situado a 134 mm do piso. 64 5 m m 55 0 m m 12 0 m m 18 0 m m Nível Zero 134 mm 142 mm Altura dos pés 20° 25° 59 7 m m 65 7 m m 64 5 m m 142 mm Altura dos pés 18 0 m m 55 0 m m 12 0 m m Nível Zero 55 3 m m 47 7 m m Figura 3: Posição sentada na triagem. Figura 4: Posição sentada na bancada. Na situação de uso da bancada, a idealização postural é de se manter o antebraço com uma pequena inclinação em relação ao tronco de aproximadamente 15 graus e o braço apoiado na mesa. Nesta situação, a cadeira deveria ser rebaixada para o homem máximo de 597 para 477 mm, num curso de 120 mm e para o homem mínimo de 657 mm para 553 mm, num curso de 104 mm. Para o apoio dos pés, o nível mínimo cairia a zero para o homem máximo. Considerando que a mesma cadeira será utilizada, a diferença de nível do acento fica entre os extremos de 477 mm e 657 mm, resultando num curso de 180 mm. Considerando que o mesmo apoio para os pés será utilizado, o curso total deverá corresponder à soma do nível mínimo de 134 mm para a posição de triagem e a regulagem demandada de 142 mm, resultando num total de 276 mm. A solução ideal, portanto seria: a) mesa fixa na altura de 800 mm possibilitando a triagem em pé para homem máximo/mínimo dentro dos ângulos de conforto; b) cadeira ajustável num curso de 180 mm possibilitando o trabalho de triagem e na bancada dentro dos ângulos de conforto; c) apoio para os pés, com curso de 276 mm, possibilitando o ajuste para as posições de triagem e de bancada. 95 Segmento corporal 2 Alto Médio Baixo Pescoço Flexão de 30 graus e rotação de 10 graus para a esquerda Flexão de 10 graus Flexão de 10 graus Tronco Rodado a 25 graus para a esquerda Rotação de 45 graus Rotação de 60 graus Ombro Dir. Fletido a 90 graus, e levemente abduzido Fletido a 45 graus, abduzido a 80 graus Neutro Ombro Esq. Flexão de 10 graus Flexão de 15 graus Flexão de 20 graus Cotovelo Dir. Flexão de 30 graus, supinação do antebraço Flexão de 45 graus, posição neutra do antebraço Flexão de 60 graus, supinação do antebraço Cotovelo Esq. Flexão de 90 graus, supinação do antebraço Flexão de 100 graus, supinação do antebraço Flexão de 100 graus, supinação do antebraço Punho Dir. Desvio ulnar Desvio ulnar Desvio ulnar Punho Esq. Extensão de 20 graus Extensão de 20 graus Extensão de 20 graus Mãos e Dedos Dir. Pinça Pinça Pinça Mãos e Dedos Esq. Pega Pega Pega Tabela 1: Análise postural para o manipulador em uso na ECT. Segmento corporal 3 Alto Médio Baixo Pescoço Flexão de 15 graus Flexão de 15 graus Flexão de 15 graus Tronco Ereto Ereto Ereto Ombro Dir. Flexão de 30 graus Flexão 15 graus Fletido a 15 graus Ombro Esq. Neutro Neutro Neutro Cotovelo Dir. Flexão de 85 graus Flexão de 75 graus Flexão de 45 graus Cotovelo Esq. Flexão de 90 graus, com apoio Flexão de 90 graus, com apoio Flexão de 90 graus com apoio Punho Dir. Leve extensão Leve extensão Leve extensão Punho Esq. Neutro Neutro Neutro Mãos e Dedos Dir. Pinça Pinça Pinça Mãos e Dedos Esq. Pega Pega Pega Tabela 2: Análise postural para o protótipo em teste. 96 Os resultados apontam para vantagens nos diferentes segmentos corporais para o trabalho realizado na postura sentada, quando comparado à posição em pé, conforme abaixo: a) diminuição da variação dos movimentos de flexo-extensão do pescoço; b) diminuição dos movimentos de rotação e flexão para o tronco, que pode ser devido à cadeira giratória e a melhor possibilidade de alcance; c) diminuição dos movimentos de flexão, abdução e adução do ombro direito, devido à cadeira giratória e menor altura e alcance do escaninho; d) diminuição do desvio ulnar do punho direito em função da aproximação do escaninho; e) diminuição da sobrecarga em membros inferiores; e, f) diminuição da sobrecarga na coluna lombar. Tais resultados decorrem fundamentalmente da mudança postural e da adequação das dimensões do manipulador às características antropométricas da população. A análise a seguir apresenta uma avaliação do conjunto manipulador/acessórios. Considerando o conjunto, o trabalho é realizado na postura sentada, apoiando os pés num suporte sob a mesa. Os objetos são retirados da caixeta à sua direita, figura 9. O operador segura objetos com a mão esquerda e realiza a triagem com a outra, figura 10. Nesta situação, mantém o antebraço no apoio para cotovelo, figura11. Para alcance dos escaninhos laterais, gira a cadeira com facilidade, em função do apoio para os pés. No momento da triagem de distribuição e separação por logradouros, o trabalhador mantém a mesa afastada (p/ dentro). Durante a atividade de ordenamento, ele puxa a mesa e mantém os antebraços apoiados na mesma, nas laterais. Utiliza o ordenador para realizar a tarefa, figura 12. 97 Figura 9: Pega de objetos na caixeta. Figura10: Triagem em escaninho alto. Figura 11: Apoios de pés e antebraço. Figura 12: Ordenamento no novo posto de trabalho.
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