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R e s i s t ê n c i a d e p l a n t a s d a n i n h a s a h e r b i c i d a s, Notas de estudo de Agronomia

R E S I S T Ê N C I A D E P L A N T A S D A N I N H A S A H E R B I C I D A S.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 17/06/2010

eng0-agronomo-12
eng0-agronomo-12 🇧🇷

4.6

(33)

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Baixe R e s i s t ê n c i a d e p l a n t a s d a n i n h a s a h e r b i c i d a s e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! R E S I S T Ê N C I A D E P L A N T A S D A N I N H A S A H E R B I C I D A S ******************************************************************************************************************** Por: KURT G. KISSMANN Eng.Agr. - Prof. Honoris Causa CARACTERÍSTICAS HEREDITÁRIAS Todas as características hereditárias dos seres vivos derivam de seus genomas, ou seja, do conjunto seus genes, que estão codificados pelo DNA. Na reprodução sexuada ambos os progenitores contribuem parcialmente, de modo que o novo genoma expressa os genes dominantes ou semi-dominantes, enquanto genes recessivos permanecem latentes. Cada espécie, animal, vegetal ou de organismos inferiores, tem genomas distintos e apenas pequenas diferenças separam os indivíduos, dentro de uma espécie. MUTAÇÕES O DNA de cada organismo está sujeito a mutações naturais que, se não inviabilizam uma reprodução, podem determinar características novas e hereditárias num descendente, que passa a formar biótipos dentro da espécie. Mutações sempre ocorreram e continuam a ocorrer com certa freqüência, constituindo a base para a evolução. Mutações podem ser causadas por erros na transcrição de um código genético ou podem decorrer da ação de agentes externos: luz ultravioleta e oxigênio podem ser mutagênicos. Alguns produtos químicos tem ação mutagênica. Produtos fitossanitários, entre eles os herbicidas, não devem ser considerados como tais, pois para o registro de um produto novo a legislação exige que se comprove que esse produto não é mutagênico. Se não houver essa prova, ele não é liberado. BIODIVERSIDADE Entre as características de uma linha de descendência podem estar a adaptabilidade a condições ambientais, a resistência ou suscetibilidade a condições desfavoráveis. No caso de plantas, por exemplo, resistência ou suscetibilidade a doenças, pragas ou a produtos químicos, como os herbicidas. A ocorrência de um evento desfavorável pode eliminar todos os indivíduos mais sensíveis e permitir a sobrevivência dos mais resistentes. Charles Darwin formulou a teoria da seleção dos indivíduos mais aptos, levando à evolução das espécies. A biodiversidade é um fator que a natureza criou para permitir a perpetuação das espécies. A resistência de determinados biótipos de uma planta a um herbicida precisa ser considerada dentro desse contexto. 2 RESISTÊNCIA A PRODUTOS QUÍMICOS O fenômeno da resistência de biótipos de organismos a produtos fitossanitários é conhecido há cerca de 50 anos. Na década de 40 foi constatada a resistência da mosca doméstica ao DDT; hoje mais de 500 espécies de pragas apresentam biótipos resistentes a um praguicida. Na década de 50 foram constatadas as primeiras resistências de fungos causadores de doenças de plantas a um fungicida; hoje mais de 150 espécies de fungos resistem a algum produto. Em relação a plantas daninhas as primeiras observações foram feitas no fim da década de 50, com uma forma selvagem de cenoura (Daucus carota) não sendo mais controlada pelo 2,4-D. Em 1964 observou-se que plantas de Senecio vulgaris, Chenopodium album e Amaranthus retroflexus não estavam mais sendo controladas por triazinas, mesmo usando-se doses elevadas, após 7 ou 8 anos de boa eficiência, nas mesmas áreas. O fato alertou especialistas, sendo estabelecido o conceito de resistência, fenômeno que também passou a ser observado em outras plantas, com outros tipos de produtos. SELETIVIDADE A sensibilidade natural de espécies de plantas a um herbicida é variável e por isso existem herbicidas seletivos para determinadas culturas mas efetivos para a eliminação de certas espécies de plantas daninhas. Convencionou-se designar esses aspectos como tolerância e suscetibilidade, reservando-se o termo resistência para biótipos resistentes dentro de uma população de biótipos suscetíveis, da mesma espécie. ESTUDOS SOBRE RESISTÊNCIA No passado apenas pesquisadores isolados efetuaram alguns estudos. Com o aumento dos casos a indústria de herbicidas formou um grupo chamado Herbicides Resistance Action Committee (HRAC), dentro do qual 3 subgrupos, para estudar respectivamente triazinas, inibidores de ALS e inibidores de ACCase. O HRAC mantém um site na internet sobre o assunto de resistência de plantas daninhas a herbicidas, que é constantemente atualizado, podendo ser acessado pelo endereço: http://www.plantprotection.org/HRAC/ Instituições de pesquisa, universidades e outras entidades também passaram a se dedicar mais ao assunto. No Brasil a Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas constituiu, em 1996, um grupo formal de estudos e trabalhos sobre resistência de plantas daninhas a herbicidas, denominado Comitê Brasileiro de Resistência de Plantas aos Herbicidas (CBRPH). Dentro desse grupo foram criados 4 subgrupos: a) identificação de resistência aos herbicidas; b) manejo da resistência; c) nomenclatura; d) divulgação. O CBRPH também está montando um site na internet, sobre o assunto, dentro do site da SBCPD, com o endereço: No Brasil também está constituído um grupo ligado ao grupo internacional Herbicide Resistance Action Committee (HRAC) , com a denominação Associação Brasileira de Ação a Resistência de Plantas aos Herbicidas e sigla HRAC-BR. 5 RESISTÊNCIA MÚLTIPLA – Quando um biótipo de espécie suscetível apresenta resistência a mais de um herbicida, com mecanismos de ação diferentes. TRANSGÊNICO – Organismo com um gene estranho incorporado e funcional. COMPATÍVEL – Designação de biótipo de uma espécie suscetível, selecionado para resistir ao tratamento com um herbicida, em dose eficiente contra plantas daninhas. MECANISMOS DE RESISTÊNCIA Considera-se que a resistência pode ser devida a três tipos de mecanismos: Alteração no sítio de ação A constituição de um elemento sobre o qual o herbicida atua pode sofrer pequena alteração no ponto exato onde se dão acoplamento. Essas alterações podem ou não influenciar a atividade de outros herbicidas. É o caso de ocorrência de isoenzimas. Diferenças na capacidade metabólica Alguns herbicidas são metabolizados nas plantas, com destruição do composto ativo. A capacidade de metabolização é variável de espécie a espécie, bem como numa espécie podem haver biótipos mais ou menos eficientes nesse processo. Um aumento na capacidade metabólica da planta pode determinar uma queda na eficiência. Geralmente a capacidade metabólica é regulada por diversos genes, o que diminui a chance de desenvolvimento de resistência. A metabolização pode afetar diversos tipos de herbicidas, mesmo atuando em sítios diferentes, sendo a principal causa de resistência múltipla. Retenção É um impedimento de que um herbicida atinja o sítio onde deve atuar. Alguns herbicidas são inativados por se ligarem a compostos naturais das plantas, por seqüestração, como por exemplo ligação a proteínas ou açúcares. Geralmente os compostos seqüestrados são compartimentalizados em vacúolos. Diferenças na capacidade metabólica e processos de retenção muitas vezes são os mecanismos que permitem a seletividade de um herbicida em relação a plantas cultivadas. DESENVOLVIMENTO DE RESISTÊNCIAS Uma resistência se desenvolve por seleção natural de biótipos já existentes dentro de uma população de plantas, ou por mutação natural, que às vezes acontece. A resistência é ligada a fatores genéticos e é hereditária. Genes de resistência podem ser encontrados no citoplasma e serão transmitidos apenas pela parte feminina, através dos óvulos (exemplo triazinas) ou encontrados nos cromossomos, no núcleo, assim podendo ser transmitidos tanto pela parte feminina como masculina, no caso pelo pólen (exemplo inibidores de ALS). A resistência transmitida pelo pólen pode atingir muitas plantas, quando a fecundação é cruzada e assim ser propagada mais depressa. Quando a resistência depende de um único gene (monogênica) a possibilidade de desenvolvimento é maior e mais rápida que a dependente de mais de um gene (poligênica), quando geralmente há necessidade de recombinações entre plantas por diversas gerações, até que haja um número suficiente de alelos para desencadear um problema significativo. Outro ponto está em genes sendo dominantes, semi-dominantes ou recessivos, o que influi na velocidade do desenvolvimento. 6 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE PLANTAS RESISTENTES Quando se tem um espécie suscetível a um herbicida, o número de biótipos resistentes, se existem, é muito pequeno. Por isso a evolução inicial tende a ser lenta. Até ocorrer uma evidência perceptível podem decorrer 3, 5 ou até 20 anos de uso continuado de produtos com o mesmo mecanismo de ação. Exemplificando, a partir de uma evolução hipotética: Ano No. resistentes No. suscetíveis % controle percepção 0 1 1.000.000 99.9999 % imperceptível 1 1 100.000 99.999 % imperceptível 2 1 10.000 99.99 % imperceptível 3 1 1.000 99.9 % imperceptível 4 1 100 99 % imperceptível 5 1 10 90 % pouco perceptível 6 1 5 20 % perceptível 7 1 2 50 % evidente Com triazinas a evidência de biótipos resistentes tem se manifestado com mais ou menos 7 anos de uso continuado e exclusivo. Com inibidores de sistemas enzimáticos a evidência pode surgir num período menor. BIÓTIPOS RESISTENTES A existência de um biótipo resistente a determinado herbicida é no geral muito baixa inicialmente; talvez uma planta em um bilhão. Se uma planta resistente completa o ciclo, vai produzir algumas centenas ou milhares de sementes. Nas safras seguintes ocorre uma multiplicação em escala geométrica. Geralmente quando detectado, o problema já é significativo. É necessário tentar conter ou eliminar o problema nas lavouras. Deve-se também evitar a disseminação para outras áreas. É preciso reconhecer, contudo, que esse mesmo biótipo existe, naturalmente, em muitas outras áreas, de onde também vai haver disseminação. Os focos tendem a se multiplicar. Plantas resistentes se desenvolvem quando o controle das plantas infestantes é efetuado basicamente com herbicidas, usando-se com alta freqüência produtos com mecanismos de ação semelhantes. NÍVEIS DE RESISTÊNCIA Muitos autores consideram que ocorre resistência quando um biótipo resiste a duas vezes ou mais a dose que normalmente controla os biótipos suscetíveis. Biótipos podem apresentar níveis diversos de resistência. Em alguns casos essa resistência é quebrada com aumento de dose. Em outros casos, não. Em casos extremos tem sido constatadas resistências a doses até 100 vezes maiores que a dose normalmente eficiente. Quanto a modos de quantificar os níveis de resistência, uma proposta é verificar qual a dose necessária para reduzir em 50% o crescimento ou a biomassa das plantas tratadas, o que se expressa pela sigla GR50 (growth reduction 50%). Outra maneira é quantificar a redução na atividade enzimática, que se expressa pela sigla I50 (redução em 50% dessa atividade. 7 SELEÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE PLANTAS RESISTENTES A UM HERBICIDA FATORES INTERATIVOS NA EVOLUÇÃO DE RESISTÊNCIAS  Freqüência de alelos de resistência na população original  Modo de transmissão dos alelos de resistência  Características de fecundação da espécie (autógama ou alógama)  Vitalidade dos genótipos resistentes  Intensidade de seleção Considera-se que, desses fatores, a intensidade de seleção seja o mais importante. DOSE DOS HERBICIDAS Discute-se se uma subdose ou superdose podem levar a resistência. Como a resistência está codificada no genoma de biótipos e como os herbicidas não são mutagênicos, nenhuma dose cria resistências. O nível das doses vai influir no selecionamento, ou seja, na quantidade de plantas eliminadas. Quando se tem biótipos com baixa resistência, uma dose alta pode melhorar o controle. Herbicida aplicado ------------------------------------- O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O X O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O ------------------------------- Uma resistente Herbicida aplicado ------------------------------------- O O O O O O O O O X O O O O O O O O O O O O O X O O O O O O O O O O O O O O X O O X O O O O O O O O O O O O O O X O O O ------------------------------- Mais resistentes Herbicida aplicado ------------------------------------- O X X O X O X O O X X O X O O X O X O X X O X X X O O X X X X X O X O X O X X O O X O O X O X X O X X X X X O O X O X X ------------------------------- Grande população resistente Resistente sobrevive e produz sementes ! ! ! ! ! ! ! ! ! 10 MANEJO DO PROBLEMA DE RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS Medidas de “manejo” tem sido recomendadas para enfrentar o problema da resistência de plantas daninhas a herbicidas. Infelizmente não são muitas as alternativas disponíveis e menos ainda as práticas adequadas à situação de cada lavoura. Em primeiro lugar é necessária uma identificação precisa das espécies daninhas que ocorrem na lavoura, bem como é necessário conhecer a sua biologia. É preciso conhecer bem o fenômeno da resistência e saber identificar quando ele está efetivamente ocorrendo ou quando há boa possibilidade de ocorrer. Se um fenômeno de resistência está ocorrendo na região, deve-se prestar atenção especial em relação às espécies e aos herbicidas relacionados. Espécies que merecem atenção especial: No Brasil tem sido confirmados casos de resistência nas seguintes espécies: Amaranthus sp., Bidens pilosa, Bidesn subalternans, Brachiaria plantaginea, Euphorbia heterophylla, Sagitaria montevidensis, Echinochloa crusgalli. No mundo foram identificados, até 05/10/1999, 219 biótipos, em 147 espécies resistentes. Devemos nos preocupar mais, pela ocorrência de espécies no Brasil, com: Avena spp. Echinochloa spp Eleusine indica Lolium spp. Setaria spp. MEDIDAS PREVENTIVAS SEMENTES Usar somente sementes não contaminadas com sementes de espécies daninhas. Na legislação brasileira sobre sementes estão previstos índices máximos para certas espécies nocivas, mas essa legislação não considerou o fenômeno relativamente novo da resistência. COLHEITADEIRAS Quando colheram grãos numa lavoura com invasoras resistentes, podem levar suas sementes para outras lavouras, espalhando o problema. Sabendo-se da ocorrência de plantas resistentes numa lavoura, isso exige uma limpeza em regra da colheitadeira depois do trabalho. Estão aparecendo as primeiras colheitadeiras que, além dos grãos da cultura, colhem e separam outras sementes, como as de plantas infestantes (alguns protótipos já operam na Austrália). Assim podem remover uma grande quantidade de sementes daninhas. PRÁTICAS CULTURAIS ÉPOCAS DE PLANTIO Retardar a semeadura, para que um maior número de plantas infestantes tenha emergido na hora de se fazer uma aplicação de “herbicidas de manejo” vai ajudar na eliminação de um maior número de competidoras, inclusive algumas resistentes. ALTERNÂNCIA DE CULTURAS A alternância de culturas do mesmo período (mesmas espécies infestantes) permite trocar de métodos de controle, inclusive herbicidas com diferentes mecanismos de ação). Isso é uma medida muito prática para ajudar na solução de problemas de resistência. MÉTODOS MECÂNICOS DE CONTROLE CAPINAS A resistência a métodos mecânicos de controle, como capinas, vem de um eventual rebrota- mento ou um novo enraizamento a partir de partes vegetais deixadas sobre o solo. 11 No caso de plantas como as trapoerabas, o ideal é remover todo o material depois da capina. Há casos em que uma capina pode eliminar plantas existentes, mas a movimentação do solo traz à superfície novas sementes, dando-lhes condições de germinar. Um exemplo é o picão-preto, Bidens pilosa. PASTOREIO DEPOIS DA COLHEITA Soltar o gado nas áreas colhidas pode ajudar na eliminação de muitas plantas daninhas que venham a se estabelecer. Isso é mais significativo se o plantio da cultura é alternado com exploração pecuária, como por exemplo alternar cultura de arroz irrigado com pastagem. No passado isso era uma prática normal para o controle do capim-arroz, Echinochloa spp. HERBICIDAS O uso de herbicidas é a prática dominante no controle de plantas indesejadas. Novos produtos, com características sempre mais interessantes, surgem a cada temporada. MECANISMOS DE AÇÃO Em princípio herbicidas com mecanismos de ação semelhantes também tendem a falhar contra os mesmos biótipos de plantas resistentes. Isso, contudo, não é uma regra fixa. Pequenas diferenças nos sítios de atuação produzem resultados diferentes. Um biótipo resistente a um inibidor de ACCase pode ser menos resistente a outro produto ou ser suscetível a um terceiro. Um biótipo resistente a um inibidor de ALS também pode ser menos resistente ou suscetível a outro produto. Na prática tem se observado que numa espécie com resistência não ocorre apenas um biótipo, mas diversos, os quais tem sensibilidades diferentes a diversos herbicidas com mecanismos de ação semelhantes. TABELAS Estão sendo construídas tabelas agrupando produtos com mecanismos e sítios de ação semelhantes. Essas tabelas ainda não são perfeitas e continuam a ser aprimoradas. De qualquer modo são muito úteis para a seleção de herbicidas diferentes. Deve se considerar que entre os mecanismos de resistência também podem estar a alteração na capacidade metabólica ou a retenção, conforme já explicado. Para esses tipos de resistência ainda não foram formadas tabelas e as atuais, baseadas na atividade bioquímica dos produtos, tem pouca serventia em relação a mecanismos metabólicos ou de retenção. NÍVEIS DE CONTROLE O nível de controle necessário para invasoras em geral é aquele que evita dano econômico. Nem sempre é necessário um controle de 100%. No caso de espécies com biótipos resistentes, entretanto, deve-se visar sempre um controle perto de 100%. COMBINAÇÃO DE HERBICIDAS É comum hoje o uso de dois ou mais herbicidas para uma cultura, mas geralmente para complementação de espectro. Eventualmente uma mesma espécie é suscetível aos dois ou mais produtos usados. Visando o problema de resistência, pode-se combinar o uso de dois tipos de herbicidas, com mecanismos de ação diferentes. Quando se combinam dois herbicidas eficientes contra uma mesma espécie, geralmente se reduzem as doses, esperando um efeito somatório. Isso torna-se crítico no caso de resistências, pois se uma planta é resistente a um dos produtos, necessitará a dose plena do outro composto para ser 12 controlada. Sabendo-se da ocorrência de uma espécie resistente a um produto, melhor que combinar é usar logo a dose pela de outro produto, sabidamente eficiente. Na combinação de dois herbicidas de pré-emergência, ou um de pré e outro de pós, deve ser lembrado que um efeito residual diferenciado (um longo e outro curto ou inexistente) deixará espécies de plantas daninhas expostas a um só produto por certo tempo. O melhor é que ambos os produtos tenham períodos de atuação semelhantes. ALTERNÂNCIA DE HERBICIDAS A escolha de um herbicida depende de muitos fatores. Alternar para uma mesma cultura, de forma preventiva, pode ser interessante se na região são conhecidos casos de resistência e plantas resistentes podem estar ocorrendo na lavoura sem a percepção do agricultor. Se vierem a produzir sementes, o problema vai se multiplicar. Sem um histórico regional de resistências e sem outros motivos significativos, a alternância preventiva pode não fazer muito sentido. VELHOS HERBICIDAS Nos últimos anos tem surgido muitos herbicidas altamente eficientes, que passaram a dominar o cenário. Alguns desses produtos, no entanto, apresentam riscos de resistência. Para programas de manejo tende a crescer novamente o uso de alguns velhos produtos, de menor eficiência mas sem históricos de resistência, como dinitroanilinas, cloroacetamidas, etc... ENGENHARIA GENÉTICA O advento de plantas cultivadas tornadas resistentes a herbicidas não seletivos pela mani-pulação genética, estará modificando a forma de superar problemas de resistência. Na ocorrência de um problema com qualquer herbicida, pode-se semear culturas transgênicas e usar um herbicida total ao qual essa cultura foi tornada resistente. CLASSIFICAÇÃO DOS HERBICIDAS Existem muitos critérios para agrupar herbicidas. Um desses critérios é segundo a forma de atividade biológica dos produtos. Devemos lembrar que: “ Modo de ação” engloba todos os episódios, desde o contato do herbicida com as plantas até o resultado final. Classificações segundo o modo de ação são muito abertas. “ Mecanismo de ação” define a interferência direta na atividade bioquímica, da qual resulta o efeito herbicida. Um produto pode apresentar um mecanismo único ou vários mecanismos, dos quais um pode ser mais importante ou o resultado pode depender da soma de efeitos. MECANISMOS DE AÇÃO DOS HERBICIDAS (HRAC / WSSA – 1999) Grupo A Inibição da ACCase (acetil CoA carboxilase ariloxifenoxipropionatos, ciclohexanodionas Grupo B Inibição da acetolacto sintase ALS (acetohidroxiácidosintase AHAS) sulfoniluréias, imidazolinonas, triazolopirimidinas, pirimidinitiobenzoatos Grupo C1 Inibição da fotossíntese no fotossistema II triazinas, triazinonas, uracilos, piridazinonas, fenil-carbamatos Grupo C2 Inibição da fotossíntese no fotossistema II uréias, amidas Grupo C3 Inibição da fotossíntese no fotossistema II nitrilos, benzotiadiazóis, piridazinas 15 Os inibidores não competitivos ocupam sítios de enzimas independente dos substratos, pelo que são mais eficientes. Alguns tipos de herbicidas atuam bloqueando a atividade de enzimas específicas. Esses herbicidas podem perder eficácia quando ocorrem isoenzimas, não suscetíveis ao bloqueio e capazes de produzir os mesmos efeitos catalíticos. Biótipos de plantas podem apresentar proporções diferentes de isoenzimas e por isso serem mais ou menos suscetíveis a um herbicida. Como herbicidas afetam a ação de enzimas Um grande número de herbicidas tem sua eficiência diretamente ligada à inibição de enzimas. Alguns herbicidas, mesmo classificados como tendo um mecanismo de ação diferente, também afetam sistemas enzimáticos. O efeito de um herbicida sobre a atividade de enzimas é variável de planta a planta, de órgão a órgão, variando também com o estádio de desenvolvimento e outros fatores. Faltam ainda muitos conhecimentos sobre enzimas e sobre a interferência de herbicidas, mas admitem-se as seguintes formas de ação: Ação direta 1. Interferência em processos normais no núcleo das células, resultando em alteração da estrutura molecular de enzimas. 2. Competição com o substrato por sítios ativos de enzimas. 3. Formação de complexos com as enzimas dos substratos, o que pode impedir ou estimular a atividade enzimática. 4. Competição com o cofator não protéico de enzimas. 5. Alteração do cofator, afetando assim sua associação ativa com a parte protéica. Ação indireta 1. Interferência na produção de ATP, com o que o suprimento de energia para reações é prejudicado. 2. Interferência no suprimento de materiais para a formação de coenzimas ou grupos prostéticos. 3. Afetando as condições sob as quais as reações catalizadoras de enzimas ocorrem. Algumas enzimas podem apresentar pequena variância na seqüência ou na disposição espacial de aminoácidos, sendo por isso chamadas isoenzimas. Algumas isoenzimas são capazes de catalisar as mesmas reações bioquímicas. A inativação de isoenzimas por herbicidas pode ser diferente de composto a composto, dentro de um mesmo grupo. Se por selecionamento de plantas se multiplicam os biótipos com isoenzimas capazes de catalisar as reações essenciais, podemos ter duas situações: - As isoenzimas resistentes se encontram em pequena proporção; nesse caso o herbicida continua funcionando, com dose aumentada. - As isoenzimas resistentes se encontram em proporção dominante; nesse caso o herbicida não é mais eficiente, mesmo com aumento de dose. 16 HERBICIDAS QUE ATUAM NO SISTEMA ENZIMÁTICO INIBIÇÃO DA ACCase (enzima Acetil CoA carboxilase) = GRUPO A A enzima mencionada atua na fase inicial da síntese de ácidos graxos, que são constituintes dos lipídios que ocorrem nas membranas de células e organelas. Por isso os herbicidas também são chamados de inibidores da síntese de lipídios. Esses lipídios regulam a permeabilidade seletiva. A enzima ACCase tem configuração pouco diferenciada em diferentes grupos de plantas. Em gramíneas se encontram enzimas mais suscetíveis de serem bloqueadas, enquanto que em outras monocotiledôneas e em dicotiledôneas essas enzimas são pouco suscetíveis, sendo isso um dos mecanismos de seletividade. Os herbicidas são basicamente graminicidas, a maioria atuando em pós-emergência, sendo absorvidos pelas folhas e translocados por via sistêmica, concentrando-se em regiões meris- temáticas. Alguns são absorvidos pelas raízes, tendo alguma ação quando aplicados no solo. Mesmo entre as gramíneas existem diferenças de suscetibilidade, o que permite um uso seletivo em algumas culturas. Por trabalhos de selecionamento tem-se procurado biótipos de gramíneas cultivadas com maior tolerância, visando aumentar as possibilidades de usos seletivos. Também procuram-se antídotos (safeners) específicos, que diminuem a fitotoxicidade para algumas culturas. Para os herbicidas inibidores de ACCase tem sido proposto um segundo mecanismo de ação, nas membranas celulares, causando a despolarização do .potencial eletrogênico, o que permite um influxo de prótons. A manutenção de um potencial eletrogênico é vital para a sobrevivência das células. Imergindo-se pontas de raízes e coleóptilos de Lolium rigidum numa solução com os herbicidas, foi observado que em biótipos resistentes o potencial eletrogênico é restabelecido quando se retira o herbicida da solução, enquanto em biótipos suscetíveis a repolarização não ocorre. Importância prática desse mecanismo de ação ainda está sendo discutida, sendo provável uma grande variabilidade, conforme as espécies. CICLOHEXANODIONAS Compostos com um anel fenil com duas ligações de função cetona (na maioria dos produtos distingue-se facilmente apenas uma cetona). Todos os compostos introduzidos no mercado são quirais, podendo apresentar dois ou mais isômeros. Até o momento nenhum produto desse grupo foi produzido comercialmente com apenas um isômero ativo. O nome comum desses compostos sempre termina em ...dim, pelo que eles são conhecidos como “DIMs”. Mecanismo de ação Com a inibição da ACCase decorrem as seguintes ações secundárias: redução do acúmulo de clorofila e provavelmente aceleração de sua degradação, o que provoca clorose. Estímulo à formação de antocianina, o que produz uma coloração arroxeada nas folhas e colmos. Diminui a respiração celular, o que implica em menor liberação de energia. Redução da atividade metabólica geral. Interferência na divisão celular nos meristemas, por afetar a formação de membranas celulares e, possívelmente, a ação dos microtúbulos. Sintomatologia Sintomas aparecem apenas em gramíneas. Além da descoloração e arroxeamento ocorre parada de crescimento, necrosamento na base das folhas, permitindo um fácil desprendimento da folha apical quando puxada e um atrofiamento do sistema radicular, o que facilita o arranque sem esforço. Em cerca de 3 semanas dá-se a dessecação e morte. Seletividade Herbicidas do grupo das ciclohexanodionas são essencialmente graminicidas, quase todos de pós-emergência, seletivos para plantas de outras famílias botânicas. Entre as espécies de gramíneas existem diferenças de sensibilidade. 17 Resistência O sistema enzimático de vegetais é extremamente complexo. Enzimas que desempenham determinada função não tem uma estrutura única, mas apresentam pequenas variantes, como isoenzimas. Duas isoenzimas podem ou não desempenhar uma mesma função e podem ou não ser bloqueadas por um mesmo agente químico. O processo metabólico de plantas pode ser mais intenso em biótipos diferentes, com o que a inativação por um herbicida também pode ser mais ou menos intensa. Todos os herbicidas que atuam especificamente sobre sistemas enzimáticos tem atividade diferenciada de espécie para espécie, bem como de biótipo para biótipo. Com a eliminação dos biótipos mais sensíveis, tende a aumentar a população dos menos sensíveis, formando-se populações com mais indivíduos resistentes. O grupo dos herbicidas inibidores da ACCase é um grupo de risco em relação ao selecionamento de biótipos resistentes. Pode haver alguma diferença de sensibilidade para os diversos ingredientes ativos, mas a tendência é de resistência cruzada, ou seja, biótipos resistentes a um composto também tendem a mostrar resistência a outros compostos com mecanismo de ação semelhante. DERIVADOS DO ÁCIDO ARILOXIFENOXIPROPIÔNICO, também conhecidos como ÉSTERES DO ÁCIDO OXIFENOXIPROPIÔNICO, pois herbicidas atuais são ésteres. A estrutura básica é de um anel fenil com duas pontes de oxigênio, uma ligando a um radical aril (cíclico) e outra a um éster do ácido propiônico. Quando o aril é um fenil, os produtos aproximam- se dos difeniléteres, tendo inclusive algumas de suas características Todos os produtos são quirais e portanto apresentam isômeros. Para alguns já foram isolados os isômeros ativos, rendendo novos herbicidas com eficiência em menor dose que os compostos racêmicos. Os nomes comuns de todos os produtos terminam em ...flop ou ...prop, pelo que são conhecidos como “FLOPs” ou “PROPs”. Alguns produtos comerciais apresentam o acréscimo de um antídoto ou “safener”, para melhorar a seletividade a uma cultura. Mecanismo de ação Esses produtos, apresentados na forma de ésteres, são inativos até serem hidrolizados, do éster para o ácido. Enzimas esterases são comuns nas plantas e muitas gramíneas efetuam rapidamente essa hidrolização. A partir daí inibem a enzima ACCase, com resultados semelhantes ao que acontece com as ciclohexanodionas. Sintomatologia Semelhante à que ocorre em plantas suscetíveis a ciclohexanodionas Seletividade Algumas plantas, por seus enzimas, efetuam uma hidroxilação no anel fenil. Os compostos resultantes então são conjugados com açúcares, sendo armazenados nos vacúolos e ficando indisponíveis para os processos metabólicos. Plantas tolerantes efetuam a hidroxilação com maior velocidade que a hidrolização e por isso o herbicida é inativado antes que provoque a fitotoxicidade. Os herbicidas desse grupo são graminicidas muito seletivos, não afetando outras plantas. Dentro das espécies de gramíneas, bem como entre biótipos, ocorrem diferenças de sensibilidade. Resistência Situação semelhante à dos herbicidas a base de ciclohexanodionas. 20 extrair nutrientes do solo, absorvem junto o herbicida, que precisa ser translocado para as folhas, onde se efetua a fotossíntese que o produto vai inibir. Ocorre um amarelecimento, seguido de necrose. Alguns produtos também atuam em pós-emergência, com absorção pelas folhas. Um sintoma comum é descoloração da parte aérea. Seletividade Alguns produtos sofrem desativação fisiológica em plantas tolerantes. Por exemplo triazinas são desativadas em plantas de milho. Em muitos casos, quando a ação é de pré-emergência, a seletividade depende do posicionamento do herbicida em relação com as raízes das plantas. Resistência São conhecidos casos de resistência especialmente com relação a triazinas. Os biótipos resistentes geralmente são selecionados durante um longo período de tempo até que o problema se torne evidente. DESVIO DE ELÉTRONS NO FOTOSSISTEMA I - GRUPO D Um grupo de dipiridilos intercepta elétrons entre o aceitador primário e a ferridoxina, impe- dindo a redução da NADP para NADPH+. Isso interrompe o processo de fotossíntese. Um efeito paralelo, entretanto, é muito mais intenso e rápido. Como compostos catiônicos solúveis na água, sofrem forte dissociação. São reduzidos e formam compostos instáveis (radicais livres) que se oxidam utilizando oxigênio molecular do meio. Nessa oxidação há formação de peróxido de hidrogênio H2O2 que é altamente oxidante. Foi demonstrado que uma molécula de um dipiridilo pode destruir de 100 a 200 moléculas de clorofila. Pequena quantidade de H2O2 pode destruir um cloroplasto, romper membranas de organelas e de células, causando extravasamento de proto- plasma e necrosamento. Em presença de luz a ação é muito rápida, com o aparecimento de sintomas em poucas horas, seguindo-se dessecação e necrosamento. Na ausência de luz são absorvidos e transportados no xilema, que não é afetado. Na volta da luz a ação fica ainda mais intensa, porque o herbicida está mais difundido dentro da planta. Seletividade Os herbicidas não são seletivos, destruindo as partes verdes das plantas mas permitindo eventual rebrotamento, pois não atuam sobre o sistema subterrâneo. Sendo cátions, são fortemente adsorvidos pela argila e assim tem sua ação herbicida rapidamente desativada no solo. Existem outros herbicidas que também afetam o fotossistema I, sem contudo produzir radicais livres ou peróxido de hidrogênio, afetando apenas a fotossíntese e por isso classificados como tais. INIBIÇÃO DA PROTOPORFIROGEN OXIDASE (PROTOX) = GRUPO E Protox é uma enzima que se encontra na rota de síntese de clorofila, catalizando a trans- formação de protoporfirogen IX para protoporfirina IX, numa etapa precursora da síntese de clorofila. A inibição de protox impede a síntese de clorofila e leva a um acúmulo de protogen, que extravaza para o citoplasma, onde é convertido em proto IX, pigmento fotodinâmico que libera radicais de oxigênio altamente reativos, causando peroxidação de lipídios das membranas celulares, levando a sua ruptura. Mecanismo de ação Os herbicidas term ação localizada, nas folhas e no hipocótilo. A ação é dependente de luz e a destruição das membranas é rápida. Efetivos na fase de plântulas. Sintomatologia Necrose dos tecidos e morte das plântulas. Seletividade Algumas espécies de plantas metabolizam os herbicidas, desativando-os em pouco tempo. 21 INIBIDORES DA BIOSSÍNTESE DE CAROTENÓIDES = GRUPO F São chamados carotenóides o -caroteno e as xantofilas, que se encontram nas estruturas tilacóides, nos cloroplastos. São pigmentos terpenóides, formados por 8 unidades de isopreno. Os carotenóides desempenham dois tipos de funções: a) – funcionam como pigmentos acessórios, pois absorvem energia luminosa em comprimentos de ondas diferentes das clorofilas, repassando a elas essa energia. b)– Tem uma função de proteção. Quando uma molécula de clorofila é excitada e não é rapidamente aliviada por transferência da energia excitante, ela é suscetível ao ataque de superóxido (O2), forma de oxigênio nascente produzido pelo excesso de energia nos cloroplastos. O superóxido é muito reativo e danifica as clorofilas e outros componentes celulares. Os carotenóides absorvem e dissipam o excesso de energia, limitando a formação de superóxido. Alguns herbicidas inibem a biossíntese de carotenóides, deixando as clorofilas expostas ao super- óxido que as destroe. São conhecidos 3 mecanismos de inibição da biossíntese de carotenóides: - Atuação no passo da desaturase do fitoeno (Grupo F1). Os produtos desse grupo apresentam múltiplos mecanismos de ação e por isso são de difícil classificação. Inibem adicionalmente a reação de Hill e o transporte de elétrons no processo fotossintético. - Inibição da 4-hidroxifenil-piruvato-dioxigenase (4-HPPD) – (Grupo F2). - Inibição dos diterpenos e mecanismos desconhecidos. Também apresentam dois mecanismos importantes, de inibição de carotenóides e inibição da fotossíntese. Sintomatologia Sem clorofila as plantas sofrem descoloração, ficando albinas. Persistindo a ausência de clorofilas, as plantas morrem. Seletividade Plantas tolerantes geralmente também sofrem uma descoloração inicial, mas metabolizam os herbicidas, permitindo uma retomada na formação de carotenóides e proteção a novas moléculas de clorofila. Resistência Sem casos relatados. INIBIÇÃO DA SÍNTESE DE EPSP = GRUPO G Herbicidas derivados de aminoácidos. O principal representante do grupo, glifosato, é absor- vido pela parte aérea das plantas e tem uma extraordinária ação sistêmica. Atua sobre diversos sistemas enzimáticos, como na enzima 5-enolpiruvil-shiquimato-3-fosfato sintase, inibindo a formação de aminoácidos aromáticos, o que resulta na carência de fenilalanina. Uma das conseqüências é a elevação dos níveis de amônia fitotóxica, bem como de glutamina e glutamato. O produto não tem ação em pré-emergência. Sintomatologia O efeito é relativamente lento, podendo levar uma semana ou mais até a morte das plantas. Seletividade Herbicidas não seletivos. Algumas espécies de plantas cultivadas estão tendo variedades transgênicas, que passam a resistir a herbicidas desse grupo. Resistência São muito raros os casos de espécies de invasoras com biótipos resistentes. 22 INIBIÇÃO DA GLUTAMINA SINTETASE = GRUPO H Também derivados de aminoácidos. Por conterem fósforo, são classificados como derivados de ácidos fosfínicos. Apresentam mecanismo de ação pouco diferenciado dos inibidores de EPSP. Mecanismo de ação A amônia (NH3) formada nos processos metabólicos das plantas liga-se normalmente com o ácido glutâmico para formar glutamina, processo catalizado pela enzima glutamina-sintetase. Com a inibição dessa enzima, há um acúmulo de amônia nas células, causando sua morte, a necrose de tecidos e finalmente a morte das plantas. O representante desse grupo, glufosinato, não tem ação sistêmica. Seletividade Herbicidas desse grupo não são seletivos. Algumas espécies de plantas cultivadas vem tendo variedades tornadas transgênicas, para resistir ao tratamento . Resistência Difícil mente irá ocorrer resistência a produtos desse grupo. INIBIÇÃO DA DIVISÃO CELULAR = GRUPOS K Existem diversos mecanismos que impedem a divisão celular. Por isso os herbicidas são separados em 3 subgrupos: INIBIÇÃO DA FORMAÇÃO DE MICROTÚBULOS = GRUPO K1 A formação de microtúbulos se dá por polimerização de tubulina, uma proteína. Os herbicidas inibem essa polimerização. Aplicados no solo, os herbicidas são absorvidos pelas sementes em germinação e pelas raízes; o resultado é uma interferência no processo germinativo e desenvolvimento do sistema radicular. Os herbicidas parecem estimular a produção de ácidos nucléicos, tanto nas raízes como nos brotos, o que afeta o desenvolvimento de raízes secundárias e o desenvolvimento geral das plantas. Com a trifluralina também foi demonstrado o desacoplamento da fosforilação oxidativa e a inibição de produção de diversas enzimas, por indução hormonal. INIBIÇÃO DA DA MITOSE/POLIMERIZAÇÃO DE MICROTÚBULOS = GRUPO K2 Um segundo grupo, com ação pouco diferenciada. INIBIÇÃO DA DIVISÃO CELULAR = GRUPO K3 Produtos que inibem a divisão celular de outras formas, como inibindo a síntese de DNA; também afetam a fotossíntese. INIBIDORES DA FORMAÇÃO DE PAREDES CELULARES = GRUPO L Inibem a formação de celulose. DESACOPLADORES (RUPTURA DE MEMBRANAS) = GRUPO M Herbicidas de diversos grupos causam ruptura de membranas celulares como decorrência secundária de um outro fator principal de eficácia. Entre eles os dipiridilos, difeniléteres e arseniacais. Herbicidas cujo modo principal de ação é a ruptura de membranas, especialmente das células cuticulares, são tratados nesse grupo. A ruptura de membranas celulares leva ao extravasamento dos líquidos nelas contidos. Mecanismo de ação Aplicados sobre superfícies de folhas e ramos verdes em dose alta, provocam a ruptura de membranas celulares por ação de contato. Em dose baixa os dinitrofenóis bloqueiam a formação de ATP. 25 Grupo HRAC Mecanismo de ação Grupo químico Ingredientes ativos Grupo WSSA A Inibição da coenzima acetil carboxilase (ACCase) Ariloxifenoxi- propionatos (fop´s) .................................... Ciclohexano-dionas (dim´s) Clodinafop-propargil Butil-cihalofop Metil-diclofop Etil-P-fenoxaprop Butil-P-fluazifop Metil-R-haloxifop Propaquizafop Etil-P-quizalofop ......................................... Aloxidim Clefoxidim* Cletodim Cicloxidim Setoxidim Tepraloxidim* Tralkoxidim 1 B Inibição da enzima acetolacto-sintase (ALS) = acetohidroxiácido- sintase (AHAS) Sulfoniluréias .................................. Imidazolinonas Amidosulfuron Azimsulfuron Metil-bensulfuron Etil-clorimuron Clorsulfuron Cinosulfuron Metil-etametsulfuron Etoxisulfuron Fenpirsulfuron Flazasulfuron Metil-halosulfuron Imazosulfuron Metil-metsulfuron Nicosulfuron Oxasulfuron Metil-primisulfuron Prosulfuron Etil-pirazosulfuron Rimsulfuron Metil-sulfumeturon Sulfosulfuron Metil-tifensulfuron Triasulfuron Metil-tribenuron Metil-triflusulfuron ........................................ Imazamet Metil-imazametabenz Imazamox Imazapic* Imazapir Imazaquin Imazetapir 2 26 Grupo HRAC Mecanismo de ação Grupo químico Ingredientes ativos Grupo WSSA B (cont.) Inibição da enzima acetolacto-sintase (ALS) = acetohidroxiácido- sintase (AHAS) Triazolpirimidinas .................................... Pirimidinil tiobenzoatos Metil-cloransulam Diclosulam Flumetsulam Metosulam ........................................ Bispiribac Piribenzoxim Piritiobac-Na Metil-priminobac 2 C1 Inibição da fotossíntese no fotossistema II Triazinas .................................... Triazinonas .................................... Uracilos .................................... Piridazinona .................................... Fenil-carbonatos Ametrina Atrazina Cianazina Desmetrina Prometrina Propazina Simazina Terbumetona Terbutilazina Terbutrina ........................................ Hexazinona Metamitrona Metribuzina ........................................ Bromacilo Lenacilo Terbacilo ........................................ Pirazona = Cloridazona ........................................ Desmedifam Fenmedifam 5 C2 Inibição da fotossíntese no fotossistema II Uréias Clorbromuron Clortoluron Cloroxuron Dimefluron Diuron Etidimuron Fluometuron (ver F3) Isoproturon Linuron Metabenztiazuron Metobromuron Metoxuron Monolinuron 7 27 Grupo HRAC Mecanismo de ação Grupo químico Ingredientes ativos Grupo WSSA C2 (cont.) Inibição da fotossíntese no fotossistema II Uréias ..................................... Amida Neburon Tebutiuron .......................................... Propanil 7 C3 Inibição da fotossíntese no fotossistema II Nitrilos ..................................... Benzotiadiazol ..................................... Fenil-piridazina Bromoxinil (também M) Ioxinil (também grupo M) .......................................... Bentazona .......................................... Piridato 6 D Desvio do fluxo de elétrons no fotossistema I Bipiridilos Diquat Paraquat 22 E Inibição da protoporfirinogeno- oxidase (PPO) Difeniléteres ..................................... N-fenil-ftalimidas ..................................... Tiadiazóis ..................................... Oxadiazol ..................................... Triazolinona Acifluorfen-Na Aclonifen Bifenox Etil-fluoroglicofen Fomesafen Lactofen Oxifluorfen .......................................... Flumioxazin Pentil-flumioclorac .......................................... Tiadiazimina .......................................... Oxadiazon .......................................... Carfentrazona Sulfentrazona 14 F1 Descoloração: inibição da síntese dos carotenóides a nível da fitoeno- desaturase (PDS) Piridazinona ..................................... Nicotinalinida ..................................... Outros Norflurazona .......................................... Diflufenican .......................................... Fluridona Flurocloridona Flurtamone 12 F2 Descoloração: Inibição da 4-hidroxifenil- piruvato-dioxigenase (4-HPPD) Tricetona ..................................... Isoxazol ..................................... Pirazol Sulcotriona .......................................... Isoxaflutol .......................................... Pirazolinato Pirazoxifen 28 30 Grupo HRAC Mecanismos de ação Grupo químico Ingredientes ativos Grupo WSSA O (cont.) Auxinas sintéticas (como a ação do ácido indolacético AIA) Ácidos quinolin- carboxílicos ...................................... Outros Quinclorac Quinmerac .......................................... Etil-benazolin 4 P Inibição do AIA Ftalamato ...................................... Semi-carbazona Naptalam .......................................... Diflufenzopir 19 R - - - - S - - - - T - - - - Z Desconhecido Ácido arilamino- propiônico ...................................... Organoarseniacais ...................................... Outros Metil-flamprop/-isopropil .......................................... DSMA MSMA .......................................... Bromobutida (cloro)Flurenol Dimron = Daimuron Flupoxam .......................................... Diflenzoquat .......................................... Cafenstrone Dazomet Metam Ácido pelargônico 25 ........... 17 ........... 27 ........... 8 ........... 27 * = Produtos acrescentados à lista original. 31 CÓDIGO DE ÉTICA RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS A HERBICIDA A resistência dentro de uma espécie de planta daninha pode ocorrer a partir de biótipos nativos de uma lavoura, com sementes produzidas pelo próprio agricultor, como pode ocorrer a partir de sementes introduzidas de outras regiões, onde essa resistência esteja ocorrendo. Nenhum agricultor que usa herbicidas está livre de um eventual problema. Nem o agricultor, nem o agrônomo e nem o fabricante do herbicida são responsáveis pelo surgimento de uma resistência, que é um fenômeno natural. Todos, entretanto, devem trabalhar para prevenir e mesmo erradicar o problema. Procedimentos gerais devem ser tomados, seguindo um código de ética, a fim de preservar os interesses e a imagem de pessoas afetadas bem como preservar a imagem de produtos. Empresa registrante dos produtos fitossanitários: Conhecendo seus produtos, deve fazer suas recomendações de uso de modo a prevenir o surgimento de resistências, mesmo abrindo mão de algumas aplicações, quando for o caso. Deve manter sob observação as regiões de uso intensivo de seus produtos, procurando detectar qualquer problema incipiente. No caso de suspeita de alguma resistência, deve providenciar estudos científicos para comprovar ou negar a ocorrência. Uma vez confirmada a resistência de um biótipo de planta a um herbicida proprietário, o fato deve ser comunicado, de forma adequada, ao comitê de resistência da SBCPD e à comunidade científica, pois outros produtos com mecanismo de ação semelhante podem apresentar o mesmo problema. Qualquer divulgação sobre biótipos resistentes deve ter comprovação científica, tanto a campo como em laboratório. Não devem ser feitas comparações enganosas com produtos concorrentes. Revenda: Deve transmitir aos agricultores as recomendações sobre manejo, de modo a prevenir resistências. Deve ajudar no monitoramento das áreas, comunicando ao registrante do produto qualquer suspeita. A suspeita deve ser discutida com o agricultor, com recomendações gerais para superar eventuais problemas. Não deve fazer uma divulgação de suspeita, sem que haja uma confirmação científica. Assistência técnica: O profissional responsável pela assistência e pelo receituário deve se manter atualizado sobre o tema e participar do monitoramento de áreas. As recomendações de tratamentos fitossanitários devem ser de forma a minimizar os riscos de ocorrência de problemas de resistência. Casos de suspeita merecem ser discutidos entre colegas, para que seja aumentada a vigilância. Não deve ser divulgado ao público uma suspeita, para não prejudicar o agricultor, pois tal suspeita pode não ser confirmada. A empresa registrante do produto deve ser alertada. Material suspeito deve ser testado, na área da própria lavoura, com obediência às normas de segurança. 32 Se o problema continuar, sementes maduras de plantas suspeitas, junto com sementes de plantas suscetíveis, devem ser encaminhadas a uma entidade que possa dirimir as dúvidas com testes de laboratório . Confirmada uma resistência, medidas de controle devem ser tomadas. Se o agricultor não cooperar, insistindo em continuar com práticas que possam aumentar ou espalhar o problema, tal fato deve ser comunicado à entidade à qual esse agricultor esteja ligado, como cooperativa, associação de produtores de sementes, etc... O agricultor: Deve seguir as recomendações da empresa registrante dos produtos e da assistência técnica. Deve colaborar no monitoramento e, em caso de suspeita, procurar orientação de um agrônomo de sua confiança. Grãos colhidos numa área suspeita não devem ser usados ou vendidos como sementes, até que a suspeita seja eliminada. Grãos colhidos numa área com ocorrência confirmada de resistência, não devem ser, de forma alguma, usados ou vendidos como sementes. Só podem ser encaminhados ao consumo ou para a indústria. Quando uma colheitadeira trabalhou em lavoura com problema de resistência, ela deve ser rigorosamente limpa antes de seguir para outra lavoura. Entidades de pesquisa: Entidades que efetuam pesquisa com biótipos resistentes ou suspeitos devem assegurar que não haja dispersão de propágulos, sejam partes diversas do vegetal, sementes ou pólen. Toda a pesquisa deve ser feita em ambiente fechado. Terminado o teste, todo o material restante deve ser incinerado. Se necessário, pequena quantidade a ser mantida como contraprova deve ser conservada em embalagem segura, devidamente identificada como contendo material resistente, que só pode ser manipulado por um técnico autorizado. A identificação deve ser tal que não permita confusão com material não resistente. Divulgação de resistência efetiva: No caso de resistência confirmada, devem ser alertados os agrônomos que trabalham na região, as revendas e agricultores em geral. Deve ser indicada a espécie infestante com biótipos resistentes. Deve ser indicado o grupo químico ou o grupo de mecanismo de ação do produto que apresentou o problema. Não deve ser acusado um produto comercial específico, pois a tendência é de que outros produtos com ação semelhante venham a apresentar o mesmo problema. Não devem ser identificados o agricultor e a propriedade onde ocorre o problema; apenas deve ser indicada a região. _________________________________________________________________________________ XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX _________________________________________________________________________________
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