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Guias e Dicas
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Sobrevivência e crescimento dos camarões em diferentes salinidades , Notas de estudo de Oceanografia

O presente estudo mostra o perfil da carcinicultura mundial e no Brasil, assim como no estado do Maranhão. Exibe a importância, econômica e social desta atividade, para a sociedade e para os produtores de camarão. Apresenta conceitos e técnicas importantes para o desenvolvimento da carcinicultura, como o entendimento do processo de ecdise nos camarões peneídeos, osmorregulação em crustáceos e a diferença entre animais osmoconformadores e osmorreguladores. O estudo será realizado em duas etapas,

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 04/09/2013

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Baixe Sobrevivência e crescimento dos camarões em diferentes salinidades e outras Notas de estudo em PDF para Oceanografia, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA JULIANA DE OLIVEIRA LATTERZA SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DOS CAMARÕES MARINHOS DA FAMILIA PENEIDAE TESTADOS EM DIFERENTES SALINIDADES: uma revisão bibliográfica São Luís – MA 2012 JULIANA DE OLIVEIRA LATTERZA 1 SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DOS CAMARÕES MARINHOS DA FAMILIA PENEIDAE TESTADOS EM DIFERENTES SALINIDADES: uma revisão bibliográfica Monografia apresentada ao Curso de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do grau de Bacharel em Oceanografia. Orientador: Prof. Dr. Walter Luis M. Yauri. São Luís – MA 2012 JULIANA DE OLIVEIRA LATTERZA 2 À minha mãe Ana Beatriz, pelo exemplo de mulher, amor, capacidade e coragem. Ao meu irmão Henrique, por me mostrar que nunca é tarde pra recomeçar e lutar pelo que queremos. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Walter Muedas, orientador e colega de trabalho. À você professor, sou grata pelos conselhos que auxiliaram meu crescimento profissional, científico e muitas vezes pessoal. Ao meu maior amigo e companheiro, Thiago Siqueira, pelo carinho, amor, dedicação e paciência durante toda a graduação. Obrigada por ser a melhor parte de mim. À Vanessa Silva e Lourena Magalhães, pela ajuda, companherismo, auxílio e pelo exemplo de competência, por me estenderem a mão e por terem sempre uma história nova para alegrar meu dia. Ewerton Gonçalves, Hudson Barbosa e Dimas Araújo, por serem irmãos que compartilharam momentos maravilhosos e que me ensinaram muito. Aos membros da Banca Examinadora: Prof. Dr. Ricardo Luvizotto Santos e Msc. James Werllen pelas oportunas sugestões e contribuições para melhorias deste trabalho. Aos amigos que me auxiliaram na execução deste trabalho: Mascarenhas, Thiago, Thialisson, Fernanda e Regiane. Sem vocês, teria sido impossível. Aos amigos do Laboratório de Maricultura da Universidade Federal do Maranhão, pelo ajuda, convívio e espírito de equipe, sempre dando apoio nas horas em que tudo parecia que não ia dar certo. Aos meus colegas de classe, que iniciaram comigo uma jornada linda para o futuro. À toda minha família, em especial, Rita Oliveira, minha tia querida, agradeço pela preocupação da realização deste trabalho. Aos amigos da igreja Renovação Cristã, pelas orações, palavras de carinho e ansiedade pelo sucesso do meu trabalho. Aos amigos de uma vida toda pelo apoio em todos os momentos, pelos abraços de conforto nos dias infelizes, palavras de sabedoria nos dias de maus juízos e risos de felicidade, nos dias bem-aventurados. Aos funcionários do Labohidro da Universidade Federal do Maranhão, que sempre estão disposto a ajudar. A todos aqueles que direta ou indiretamente me acudiram na conclusão deste trabalho o meu muito obrigada! 5 “Aqui, no entanto, nós não olhamos para trás por muito tempo. Nós continuamos seguindo em frente, abrindo novas portas e fazendo coisas novas, porque somos curiosos. E a curiosidade continua nos conduzindo por novos caminhos.” (Walt Disney) 6 RESUMO O presente estudo mostra o perfil da carcinicultura mundial e no Brasil, assim como no estado do Maranhão. Exibe a importância, econômica e social desta atividade, para a sociedade e para os produtores de camarão. Apresenta conceitos e técnicas importantes para o desenvolvimento da carcinicultura, como o entendimento do processo de ecdise nos camarões peneídeos, osmorregulação em crustáceos e a diferença entre animais osmoconformadores e osmorreguladores. O estudo será realizado em duas etapas, sendo elas através de revisões bibliográficas e um estudo de caso realizado no Laboratório de Maricultura da Universidade Federal do Maranhão - LABMAR, durante o período de 08 de março a 30 de maio de 2012. Palavras – chave: Peneídeos. Carcinicultura. Osmorregulação. ABSTRACT 7 Figura 9 Coleta do L. schmitti...................................................................................................................... 34 Figura 10 Tanques de polietileno de 1000 L, utilizados para os tratamentos................................................................................................................ 36 Figura 11 Medida do camarão com o paquímetro................................................................................................................ 36 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Valores máximos (Mx), médios (Me), mínimos (Mn) e desvio padrão (DP) para as variáveis físico-químicas da água no cultivo do L. schmitti...................................................................................................................... 37 Tabela 2 Valores médios gerais (± desvio padrão) dos índices de desempenho do Litopenaeus schmitti...................................................................................................................... 38 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 2 CENÁRIO DA CARCINICULTURA MUNDIAL E NO BRASIL 15 2.1 Experiências Brasileiras com Cultivo de Camarões Nativos 17 2.2 Carcinicultura no Estado do Maranhão19 3 CARACTERÍSTICAS DO CAMARÃO MARINHO 21 3.1 Sistemática 21 3.2 Família Penaeidae 21 3.3 Características de Identificação Entre as Espécies 23 11 3.4 Processo de Mudas 24 3.4.1 Dinâmica do ciclo de mudas 24 3.4.2 Fatores que influenciam o ciclo de mudas 24 3.5 Habitats dos Peneídeos 25 3.5.1 Manguezais no Maranhão 26 4 EFEITOS DA SALINIDADE NAS COMUNIDADES 27 4.1 Organismos Osmoconformadores e Osmorreguladores 28 4.2 Regulação Anisosmótica Extracelular e Regulação Isosmótica Intracelular 29 5 ESTUDOS DE ADAPTAÇÃO DE CAMARÕES MARINHOS NATIVOS EM DIFERENTES SALINIDADES 30 6 TESTES INICIAIS COM O CAMARÃO LITOPENAEUS SCHMITTI EM DIFERENTES SALINIDADES 32 6.1 Escolha da Espécie 32 6.2 Local da Coleta 33 6.3 Metodologia 34 6.3.1 Captura e transporte 34 6.3.2 Procedimentos em laboratórios 35 6.3.3 Resultados e discussão 37 6.3.4 Considerações finais 40 7 CONCLUSÃO 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 12 trabalho serão exibidos e comparados os organismos osmoconformadores e osmorreguladores. Ainda teremos a definição dos processos distintos da regulação osmótica e iônica nos crustáceos e os diferentes estudos de adaptação dos camarões marinhos nativos em diferentes salinidades. Com a apresentação da definição destes processos, será apresentado um breve estudo de caso de adaptação da espécie de camarão Litopenaeus schmitti testado em diferentes salinidades, no Laboratório de Maricultura da Universidade Federal do Maranhão. Após a apresentação da pesquisa, serão expostas as conclusões do trabalho como meio de alusão para estudos mais avançados e evolução desta atividade. 2. CENÁRIO DA CARCINICULTURA MUNDIAL E NO BRASIL A procura por produtos e derivados da pesca extrativista tem aumentado, levando diversos estoques pesqueiros ao limite de exploração. Nessa conjuntura, a aquicultura vem adquirindo um papel cada vez maior em todo o mundo, crescendo em ritmo acelerado, mostrando-se uma atividade econômica importante e representando uma alternativa para diminuir a pressão antrópica sobre recursos naturais aquáticos. Trata-se de uma atividade de confinamento de organismos aquáticos em diversas fases de vida, com o manejo do ambiente. A aquicultura vem como uma opção de negócio, tendo múltiplos trabalhos e estudos que proporcionam informações sobre demanda, produção, importação e exportação. Dentro da aquicultura existe um ramo conhecido como carcinicultura, que se constitui na criação de crustáceos em cativeiro, incluindo o cultivo do camarão. A produção comercial de camarão marinho cultivado é um negócio diversificado, de rápidas alterações e bastante dividido por envolver mais de 50 nações que exploram a atividade. A ampla quantidade de espécies oriundas da pesca e do cultivo, de clima frio e tropical, os tamanhos e formas de apresentação diferentes são elementos que mostram a complexidade do mercado. Tem sido dominada por países concentrados principalmente em duas regiões geográficas: Ásia e América Latina, (ABCC, 2004). De acordo com o engenheiro de pesca Itamar de Paiva Rocha (2011): “no contexto mundial, a produção de camarão marinho exibiu um significativo aumento nos últimos 30 anos como evidenciam os números citados pela FAO (2010) para o período de 1978 a 2008” (ver Figura 1). 15 Figura 1: Perfil da produção mundial de camarão marinho: cultivado e capturado. Fonte: Revista ABCC, 2011. No Brasil, a carcinicultura é uma técnica comercial recente, todavia, vem se consolidando como uma das mais prósperas atividades econômicas da região Nordeste. Segundo Brito et al. (2005): “a atividade supera todas as alternativas rurais do Nordeste brasileiro no quesito geração de renda”. Figura 2: Desempenho da carcinicultura brasileira (1998 – 2010). Fonte: ABCC, 2011. Com 12% da água doce disponível do mundo, um litoral de mais de oito mil quilômetros e ainda uma faixa marítima, ou seja, uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), o equivalente ao tamanho da Amazônia (MPA, 2011), o Brasil possui grande potencialidade para a ampliação desta atividade. O país ainda proporciona condições ambientais favoráveis para a produção comercial do camarão, como clima, temperatura e terras adequadas, muitas delas indevidas para a agricultura (COSTA, N. B. C, 2006; FUGIMURA, 2009), e esta atividade vem ganhando uma posição de destaque no setor comercial brasileiro, tanto na organização da cadeia produtiva, como na geração de serviço, renda e inclusão social. A aquicultura era realizada, inicialmente, apenas com larvas e juvenis capturados na natureza. Foi somente na década de 30 que um grupo japonês, liderado por Motosaku Fujinaga, iniciou as pesquisas de produção artificial do camarão Penaeus japonicus. (MARINHO, 1987) No Brasil, essa atividade comercial do camarão confinado sucedeu durante a década de 1970 por ação do Governo do Rio Grande do Norte, conduzidos pelo “Projeto 16 Camarão”, que importou a espécie P. japonicus e envolveu a Empresa de Pesquisa Agropecu ária do Rio Grande do Norte S/A – EMPARN, para ordenar e desenvolver os trabalhos de adaptação da espécie exótica às condições locais. Os bons resultados com o P. japonicus nos primeiros anos de trabalho da EMPARN, no que diz respeito à reprodução, larvicultura, crescimento e engorda, serviram de alicerce para mobilizar mecanismos federais de auxílio técnico e para financiamento à iniciativa privada. (SEBRAE, 2008) A causa que provocou o fracasso da produção desta espécie, após resultados iniciais favoráveis, deu-se em 1984, com o fim de um período de seca prolongado e a ocorrência de chuvas intensas, o que ocasionou grandes variações de salinidade, gerando alta mortalidade do P. japonicus. A partir daí tornou-se inviável o cultivo dessa espécie no ambiente tropical do Brasil (RODRIGUES, 2001). O Brasil adotou na década de 90 o Litopenaeus vannamei, devido à evolução desta espécie em países vizinhos. Este organismo se adaptou bem as condições locais brasileiras. (OSTRENSKY NETO, 2002 apud FERREIRA, 2009). Porém, espécies exóticas ainda não são bem aceitas no contexto ambiental devido à falta de informação de suas características e como estas poderiam alterar o equilíbrio ecológico do ambiente. A produção de espécies nativas, como o Litopenaeus schmitti, pode ser uma fonte de diversificação de mercados e alta produtividade para os carcinicultores, que pode ser alcançada devido à adequação fisiológica às condições ambientais locais. Entretanto, a técnica de criação para muitas das espécies autóctones ainda não está consolidada, o que torna um risco a sua tentativa e as deixam sujeitas à baixa produtividade. O êxito do estabelecimento da criação dessas espécies depende, sobretudo, do conhecimento de sua biologia (LEMOS et al. 2000 apud FUGIMURA, 2009). Na costa brasileira existem cinco espécies de camarões marinhos nativos de relevância comercial, pertencentes aos gêneros Farfantepenaeus e Litopenaeus. São eles: Farfantepenaeus notialis (Pérez-Farfante, 1967), Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967), Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817), Farfantepenaeus paulensis (Pérez- Farfante, 1967), Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) (DIAS NETO, 2011). 1. Experiências Brasileiras com Cultivo de Camarões Nativos Após o insucesso da experiência inicial de desenvolvimento do camarão marinho P. japonicus, e o crescente conflito entre ambientalistas e produtores de camarões sobre o desenvolvimento de espécies exóticas no Brasil, a atenção dos produtores está crescendo para as 17 aquicultores e biólogos, pode-se começar um cultivo de camarões a partir da compra de um terreno apropriado para essa atividade ou de laboratórios bem equipados. As pessoas especializadas no cultivo de organismos aquáticos sabem como proceder durante todo o tempo de cultivo. Realmente, vale a pena o empresário investir na carcinicultura, sendo esta uma boa chance de negócio. 3. 20 CARACTERÍSTICAS DO CAMARÃO MARINHO 1. Sistemática Os camarões marinhos são animais pertencentes ao reino Animalia, classificados no filo Arthropoda, possuindo a seguinte classificação taxonômica: Subfilo: Crustacea Classe: Malacostraca Ordem: Decapoda Subordem: Dendrobranchiata Neste trabalho estudaremos a família de maior importância comercial no Brasil, pertencente à Família Penaeidae. 1.2. Família Penaeidae Até 1997 na família dos peneídeos existiam cerca de 12 gêneros reconhecidos, entre eles o gênero Penaeus, possuindo em torno de 27 espécies, o qual foi dividido em subgêneros baseados em características morfológicas comuns (FLEGEL, 2007). Com base em características morfológicas e biogeográficas o gênero Penaeus foi desmembrado por Pérez-Farfante e Kensley (1997) em vários gêneros, permanecendo Penaeus para o Indo-Pacífico. As espécies brasileiras foram restritas nos gêneros Farfantepenaeus e Litopenaeus. A. Gênero Farfantepenaeus O gênero está constituído por três espécies: Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967), conhecido como camarão-rosa da costa norte, tem distribuição de caráter mais tropical, estendendo-se desde Cuba até o estado do Rio de Janeiro, no Brasil (ver Figura 3a). Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817), chamado comercialmente também de camarão-rosa, tem ampla distribuição, ocorrendo desde a costa leste dos Estados Unidos (Virgínia) até o sul do Brasil (Rio Grande do Sul). No Brasil a espécie está registrada para todos os estados costeiros, do Amapá ao Rio Grande do Sul (ver Figura 3b). Farfantepenaeus paulensis (Pérez-Farfante, 1967), também chamado vulgarmente de camarão-rosa, distribui-se desde o sul da Bahia (Brasil) até o litoral norte da Argentina (Mar del Plata). Está registrada no Brasil para os estados ao sul da Bahia (ver Figura 3c). 21 A literatura cita, ainda, Farfantepenaeus notialis (ver Figura 3d) para a costa norte do Brasil, entre o Amapá e o Maranhão (PÉREZ-FARFANTE, 1969 apud DIAS NETO, 2011), mas sua ocorrência não tem comprovação nos dados de desembarque. B. Gênero Litopenaeus O gênero Litopenaeus é monoespecífico para o litoral brasileiro, sendo representado pelo Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936), (ver Figura 3e) chamado comercialmente de camarão- branco (DIAS NETO, 2011). Este ocorre no Atlântico Ocidental, das Antilhas (23º30`N) ao Brasil (Amapá até o Rio Grande do Sul) (29º45`S), é a quarta espécie de maior interesse econômico. Os adultos podem ser encontrados em regiões marinhas em águas rasas até 25 metros de profundidade, sendo encontrados registros de sua ocorrência a 47 metros e, os juvenis, em enseadas, baías e estuários (COSTA et al., 2003). 22 e)b)a)c d A secreção da nova cutícula inicia-se antes que a antiga seja abandonada no momento da ecdise. O animal, então, sai do antigo exoesqueleto com sua nova cutícula ainda macia e flexível. Nesse momento, o crustáceo absorve uma grande quantidade de água, aumentando rapidamente de tamanho. Assim, a nova cutícula, ainda flexível, acompanha o aumento de volume e enrijece-se. (CHANG, 1985) 1.4.1. Dinâmica do ciclo de muda O ciclo de muda é um processo complexo, que influencia toda a vida do animal, e podemos distinguir mudanças morfológicas, fisiológicas e comportamentais decorrentes desta influência na maior parte do ciclo. O ciclo de muda apresenta, em geral, quatro estágios ou fases bem distintas: intermuda, pré-muda, muda ou ecdise e pós-muda, algumas delas com subdivisões. As diferenças entre as fases nem sempre são identificáveis a olho nu. Geralmente a progressão do ciclo deve ser acompanhada através do exame microscópico da cutícula, da epiderme e do desenvolvimento das cerdas. (HIGHNAM & HILL, 1977) 1.4.2. Fatores que influenciam o ciclo de muda O ciclo de muda abrange um gasto de energia extremamente grande para o animal e acende uma situação de extrema fragilidade durante o período em que o novo exoesqueleto ainda não está com todas as suas camadas completas. Desse modo, os crustáceos conseguem alterar a frequência e a duração do ciclo de acordo com seu desenvolvimento e com as condições ambientais. (WITHERS, 1992) O processo de mudas além de ser controlada por fatores intrínsecos, como a oferta de alimentos e hormônios, é também influenciada por fatores extrínsecos, como a intensidade de luz, fotoperíodo, a temperatura e a salinidade, e esses fatores influenciam as taxas metabólicas, acelerando ou retardando o ciclo. Uma baixa oferta de alimentos pode também atrasar a muda, já que os animais necessitam de uma reserva energética durante os períodos em que não podem se alimentar, e precisam repor o gasto metabólico após a ecdise (KLEINHOLZ, 1985 apud MAGIONNI, 2002). 1.5. Habitat dos Camarões Peneídeos Os estuários podem ser definidos geograficamente como uma região costeira parcialmente fechada, onde as águas doces de um rio e a água do mar encontram-se e misturam-se. 25 Tais regiões estão normalmente sujeitas à forte influência da bacia de drenagem do rio e possuem, em regiões equatoriais e tropicais, um tipo de vegetação denominada manguezal. (RÉ, 2000) No Brasil, os mangues formam grandes sistemas nas regiões norte e nordeste, principalmente em áreas litorâneas dos estados do Maranhão e Pará. Santa Catarina marca o limite sul de distribuição dos manguezais na costa leste da America do Sul. (SCHMIEGELOW, 2004) As características físico-químicas dessa região apresentam grandes variações, já que ocorre o encontro da água do mar com a água doce. Dentre os parâmetros que mais variam, a salinidade é o principal, ainda que diversos outros também flutuem muito, como o teor de oxigênio dissolvido ou a temperatura da água. (GARRISON, 2010) Estuários, muitas vezes, são chamados de berçários da natureza por serem importantes áreas de desova, de criação de larvas e jovens, e constituindo local de alimentação de diversas espécies marinhas. Os camarões marinhos do gênero Litopenaeus, por exemplo, reproduzem-se no mar e as larvas migram para as zonas estuarinas onde se desenvolvem. (MENDES e PEDRESCHI, 1998) As adaptações fisiológicas dominantes dos organismos ao ambiente estuarino estão associadas com a manutenção do equilíbrio iônico do fluido corpóreo, tendo em vista as grandes flutuações de salinidade que acontecem na região. Os animais estuarinos são considerados excelentes osmorreguladores, devido a grande variação de salinidades destes ambientes. A salinidade considerada boa para a produção de uma espécie de camarão é aquela que se aproxima do seu ponto isosmótico, considerando os gastos energéticos durante o processo de osmorregulação (MARQUES et al., 1999). 1.4.3. Manguezais no Maranhão Os manguezais da costa do norte do Brasil são considerados o maior cinturão de manguezais do planeta, com aproximadamente 7.591,09 km² de manguezais contínuos, sendo que deste número, 5.414,31 km² situam-se no Maranhão (SOUZA FILHO, 2005). Estes manguezais característicos de macromarés (até 7,5 m de amplitude) são denominados de Costa de Manguezais de Macromaré da Amazônia – CMMA, que se estende desde a Baía de Marajó (PA) até a Ponta do Tubarão, na Baía de São José (MA) (ver Figura 6). São manguezais bem desenvolvidos, bem conservados, com formações eólicas na linha de costa (dunas frontais e internas) ou em espaços palustres de águas salobras ou doces (lagos, várzeas e pântanos salinos) (FERNANDES, 2003). Figura 6: Localização da costa de manguezais de macromaré da Amazônia. Fonte: Souza Filho, 2005. 26 Em São Luís, o manguezal se desenvolve em ambientes estuarinos atrás de bancos de areias lineares, paralelos à praia. Uma forte característica local é o desenvolvimento dos apicuns que sofrem inundações apenas esporadicamente. Aliado a isso, a alta taxa de vaporação na região causa uma alta concentração de sais na superfície e na água intersticial até uma profundidade de 1 m abaixo do solo (SCHAEFFER-NOVELLI et al., 2000). 27 As células animais são vulneráveis às mudanças de volume devido à grande permeabilidade da sua membrana plasmática à água e por não apresentarem uma rígida parede celular, como as células vegetais e as bactérias (MONGIN & ORLOV, 2001). Diante de variações na osmolaridade do líquido extracelular (LEC) a célula animal pode mostrar diferença de volume (inchaço ou encolhimento), o que pode afetar suas atividades naturais (BURTON & FELDMAN, 1982; SOUZA & SCEMES, 2000 apud FOSTER, 2006). As células, para conservarem o seu meio intracelular em homeostase, exibem mecanismos de ajuste de volume, propostos por FLORKIN (Revisão em PÉQUEUX, 1995) como Regulação Isosmótica Intracelular (RII). Esta regulação implica em fluxos controlados de solutos, visando o controle e regulação de seu volume (fluxo de água), uma vez que o meio intracelular torna-se necessariamente isosmótico ao extracelular. A manutenção da concentração extracelular aproximadamente constante diante de variações na salinidade do meio é a própria capacidade de osmorregulação, também denominada Regulação Anisosmótica Extracelular (RAE), termo também proposto por FLORKIN (Revisão em PÉQUEUX, 1995). Os crustáceos que apresentam uma menor capacidade de osmorregulação do líquido extracelular (RAE) automaticamente impõem maior necessidade de regular o volume às suas células (RII), porque não mantêm a homeostase do LEC em limites tão estreitos (GILLES & PÉQUEUX, 1981 apud FOSTER, 2006). Os mecanismos de RII são altamente conservados e similares entre os tecidos, bem como, entre espécies distintas no processo evolutivo (GILLES, 1988 apud FOSTER, 2006). Com a mudança da osmolaridade do fluido extracelular a célula pode ganhar ou perder água através da membrana plasmática, dependendo da direção e da magnitude do gradiente osmótico. Durante a exposição do animal a um choque hiposmótico – redução de salinidade – havendo diluição do líquido extracelular, a célula pode apresentar aumento de volume por entrada de água. Na RII esta célula irá ativar o efluxo de osmólitos, para perder água e retornar ao seu volume original. A restauração acontece devido a um processo chamado de Redução Regulatória de Volume, RVD (“Regulatory Volume Decrease”) (MONGIN & ORLOV, 2001). O processo oposto, em ocasião de aumento de salinidade e aumento na concentração do LEC, resulta no acúmulo de osmólitos e aumento de volume celular compensatório, em resposta ao encolhimento inicial, e chama-se Aumento Regulatório de Volume, RVI (“Regulatory Volume Increase”) (MONGIN & ORLOV, 2001). 30 4. ESTUDOS DE ADAPTAÇÃO DE CAMARÕES MARINHOS NATIVOS EM DIFERENTES SALINIDADES Os camarões são organismos altamente sensíveis às mudanças na qualidade da água e do ambiente de cultivo, e quaisquer alterações nos padrões ótimos de produção podem provocar mortalidades expressivas. A resistência destes animais é medida pela sobrevivência dos mesmos. P principal fator que leva à redução da resistência e consequentemente às perdas são as oscilações da salinidade. Para evitar estes tipos de prejuízos e desenvolver uma carcinicultura mais rentável, trabalhos foram desenvolvidos com a intenção de estudar este parâmetro, os quais se podem destacar os listados abaixo. Brito et al. (2000) cultivando juvenis de F. brasiliensis constatou que esta espécie mostra ampla tolerância a variações de salinidades. Isto, de acordo com o autor, corresponde aos mecanismos de adaptações dos peneídeos. Wasielesky (2000) encontrou na salinidade de 22,93 o ponto isosmótico para juvenis da espécie nativa F. paulensis. O mesmo autor verificou que esta espécie apresenta potencial para ser cultivado em salinidades entre 5 e 40, sem apresentar mortalidades expressivas. Muedas et al. (2006), testando a salinidade do camarão peneídeo, Farfantepenaeus paulensis (Pérez-Farfante,1967) mostrou que a tolerância ao choque salino aumenta, ainda progressivamente, durante o desenvolvimento larval assim, para PL27 é ao redor de 3,7, e de PL29 até PL44 a LS50 é de 2,5 de salinidade. Nos estágios iniciais de F. paulensis a osmorregulação e salinidade estão correlacionadas e são modificadas durante a metamorfose. Estes resultados são discutidos considerando suas implicações ecológicas e fisiológicas. Em 2006, Krummenauer et al., também cultivando F. paulensis, monitorou a salinidade, indicando ser este, um importante fator para a produção de camarões. E o autor verificou que como a média de salinidade, no presente estudo, esteve dentro da faixa indicada (média de 17,5), acredita-se que este parâmetro não tenha afetado de forma significativa o crescimento e a sobrevivência dos camarões. Helaine dos Reis Flor em 2009, em seu mestrado, desenvolveu um trabalho de desempenho reprodutivo do camarão rosa, F. brasilienses, onde ela faz o monitoramento diário da salinidade – dentre outras variáveis físicas e químicas. Flor (2009), ainda considera salinidade e temperatura os parâmetros mais importantes da água na produção de camarão. Calazans et al. (2010) testando F. subtilis em diferentes salinidades observou que em faixas muito baixas de salinidades (= 0) a mortalidade é significativa. Porém, em outras faixas de 31 salinidades a sobrevivência desta espécie não foi afetada, indicando assim, que esta espécie apresenta uma grande tolerância a variações bruscas de salinidade. Entre os trabalhos realizados com a espécie de camarão L. schmitti, podem ser citados, os relacionados à influência da salinidade no metabolismo por Rosas et al. (1997) e Lamela et al. (2005). O trabalho mais recente encontrado analisando o crescimento desta espécie em cativeiro foi o de Fugimura (2009), contudo os níveis de salinidade ficaram acima do esperado pela autora. Deste modo, o L. schmitti é considerada uma espécie promissora para aquicultura, porém existem poucas informações a respeito do crescimento dela em cativeiro, principalmente testando-as em diferentes salinidades, carecendo de conhecimentos sobre a influência de vários parâmetros bióticos e abióticos no desenvolvimento e sobrevivência do camarão possibilitando o manejo adequado para uma boa produção da espécie. 32 Fonte: Antunes Ramos, Q. F. (2008). Figura 8: Praia do Pucal (Lat. 02°25’27’’S e 44°08’84’’W) Fonte: © Google Earth, 2012. 3.5.Metodologia 5.1. Captura e transporte O método da coleta foi realizado através de rede de arrasto de 5 metros (ver Figura 9), com malha miúda e funil, em pontos sem grandes mudanças na profundidade, próximo às margens e preferencialmente na baixa-mar em marés de sizígia. Foram feitas duas coletas com total sobrevivência dos indivíduos. 35 Figura 9. Coleta do L. schmitti. Após a coleta, os camarões, foram acondicionados em caixas de isopor e caixas de polipropileno, com asas ergonômicas, sistema de duplo fecho, com tamanho de 30 L (530 x 396 x 159 mm), com água local e aerador portátil, tendo sido transportados por via terrestre até o laboratório da Universidade Federal do Maranhão – onde foi realizado todo o experimento. 5.2. Procedimentos em laboratórios Após a chegada dos indivíduos ao laboratório foi realizada a equiparação da temperatura da caixa e do tanque de recepção (salinidade 30), através da troca da água realizada lentamente. Após verificar que as temperaturas estavam similares, liberaram-se os animais. Em seguida, foi iniciado o processo de aclimatação, adaptado de Santos (2009), diminuindo-se ou aumentando-se, gradativamente, a salinidade, em 5%/ 2 horas, até serem atingidas as salinidades desejadas. A redução gradativa da salinidade foi realizada adotando o modelo de Santos et al. (2009), seguindo a seguinte fórmula matemática: em que: F = volume de água do tanque a ser renovado e substituído por água doce; P nova = salinidade da água adicionada (água doce ou oligohalina); P inicial = salinidade da água do tanque; P final = salinidade final da água desejada. 36 Em cinco tanques de polietileno com volume total de 1000 L (ver Figura 10), foram distribuídos, em um delineamento inteiramente casualizado, cinco tratamentos (salinidades 35, 15, 10, 5 e 0,5) com duas repetições cada. Foi utilizada a densidade média de 10 indivíduos/tanque. Para oxigenação da água, em cada unidade experimental dispuseram-se mangueiras com pedras porosas acopladas em sopradores de ar. Figura 10. Tanques de polietileno de 1000 L, utilizados para os tratamentos. Os camarões foram alimentados com filés de peixes que eram armazenados no Laboratório de Maricultura, ofertadas ad libitum, tentando evitar a disputa por alimento. As variáveis, pH, oxigênio dissolvido (OD) e temperatura, foram monitoradas semanalmente, com auxílio de um sensor multiparamétrico, sendo determinadas no Laboratório de Maricultura do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFMA. Realizava-se a sifonagem das sobras dos alimentos e de outras partículas orgânicas, diariamente e, posteriormente, era realizada a reposição da quantidade de água retirada de cada unidade experimental. Procederam-se às biometrias (peso e comprimento total) no início e no final do experimento. Para a pesagem, empregou-se balança digital com precisão de 0,001g e para a determinação do comprimento total utilizou-se paquímetro de aço inoxidável com precisão de 0,05 mm (ver Figura 11). 37 Peso inicial 2,27±0,65 2,36±0,6 2,57±,53 2,21±0,55 2,31±0,55 Comprimento final(cm) 7,47±1,10 7,59±0,82 7,29±1,41 7,47±0,86 7,67±1,26 Peso final(g) 3,3±0,77 3,48±0,50 3,16±0,50 3,75±0,86 3,62±0,68 Incremento em peso (g) 1,08 1,12 0,68 1,52 1,33 Incremento em comprimento (cm) 1,49 1,40 1,30 1,59 1,65 Sobrevivência (%) 75 70 60 75 75 Os indivíduos com a salinidade 15 e 0,5 tiveram os melhores índices de comprimento finais. Os melhores valores de peso final, incremento em peso e incremento em comprimento foram registrados nas salinidades 5 e 0,5. O tratamento com a salinidade 10 exibiu os menores valores para todos os parâmetros finais. As taxas de mortalidades foram similares para todos os tratamentos, exceto na salinidade 10, sugerindo que estes camarões, estiveram em processo de muda deixando-os mais vulneráveis à manipulação durante a troca da água e devido a poucas repetições (o estudo teve apenas duas repetições). Julga-se que o baixo desempenho dos tratamentos para a o índice de mortalidade ocorreu devido a grande variabilidade dos tamanhos dos indivíduos (Mn = 4,25 cm e Mx = 8,0 cm) capturados no meio ambiente e dispostos de uma forma casualizada nos tanques. Inerente a este fator, podemos citar o processo de ecdise, pois o ciclo de muda envolve um gasto de energia muito grande para o animal e provoca uma situação de extrema fragilidade, competição por alimentos e canibalismo – que tende a crescer em baixas salinidades segundo Silva, 2010 – entre os pré-adultos e os camarões menores capturados, durante o tempo em que o novo exoesqueleto ainda não estava duro. (CHANG, 1985). Alguns estudos como o Dall et al. (1990) sugerem que o consumo energético é um fator correlacionado com o comportamento de enterramento. Então, a inclusão de substratos artificiais verticais ou horizontais nos tanques pode minimizar o efeito negativo do processo de ecdise na produção das espécies de camarões peneídeos. E apesar de L. schmitti raramente apresentar hábito de enterramento (PENN, 1984), a inclusão de substrato pode ser uma estratégia em condições adversas com objetivo de permitir um refúgio aos animais e então diminuir o estresse nessa situação. Lembrando que no presente estudo não houve inclusão deste artifício, outro influente para o baixo desempenho seria também a ausência de substratos, servindo de refúgios para os animais em momentos de alto estresse – como o processo de ecdise. Também podemos justificar a alta taxa de mortalidade levando em consideração que pós- larvas de algumas espécies de camarões adaptam-se melhor à redução de salinidade que os adultos (ALBUQUERQUE, 2005). Então, acredita-se que por esse motivo, o tratamento com salinidade 10 tenha tido uma mortalidade maior, pois neste tratamento encontravam-se os indivíduos de maior comprimento e peso inicial e nenhum dos tratamentos foi realizado com pós-larvas. 40 Ao longo do estudo, foram observados e registrados diariamente os animais quanto à ocorrência de mudas, através das exúvias de cada tanque. Ao todo foram registrados 30 (trinta) mudas, sendo mais de 30% ocorridas no tratamento com salinidade 10. 5.4. Considerações finais Diante dos resultados pode-se concluir que o ganho de peso e a sobrevivência dos camarões juvenis da espécie L. schmitti foram afetados pela redução do parâmetro de salinidade analisado dentro das condições do estudo, indicando que esta espécie possivelmente, não pode ser cultivada a baixas salinidades (0,5). Porém, sabendo-se que níveis inadequados de minerais podem afetar as taxas de sobrevivência, sugere-se então, novos estudos para definir concentrações iônicas capazes de favorecer o crescimento dos camarões cultivados. Durante o período de estudo, a qualidade da água (temperatura, pH e OD) permaneceu dentro dos parâmetros aceitáveis para o cultivo de peneídeos, não afetando assim o crescimento e sobrevivência dos organismos nos cinco tratamentos. Um ponto fraco a ser observado foi a diversidade de tamanhos dos animais nos tanques e a falta de um local de abrigo para o momento de ecdise, que afetou a sobrevivência durante o processo de muda, provocando atividade alimentar mais intensa, e levando os indivíduos a competirem pelos alimentos e provocar uma situação de canibalismo. Então se recomenda também, que novos estudos ofereçam locais de refúgio para os indivíduos, tentando evitar, assim o canibalismo quando estes estiverem em processos de muda – levando em conta que em ambiente naturais, quando este processo está ocorrendo, os animais enterram-se no fundo do substrato. 41 6. CONCLUSÃO Após o desenvolvimento da presente monografia é possível apresentar as seguintes conclusões: Diante do processo da crescente procura e comercialização de pescado, o setor da aquicultura no Brasil e no mundo sofreu as suas transformações, lançando mão de diversas técnicas e estudos propiciando o aumento da concorrência, melhor qualidade dos produtos e incremento e diversificação do mercado. A carcinicultura demanda instalação e manutenção de tanques artificiais, monitoramento, por parte do produtor, dos parâmetros físicos e químicos do meio de cultivo e cuidados de atenção ao animal. Por ser um crustáceo de grande interesse econômico, os resultados obtidos no presente estudo são de suma importância para uma melhor compreensão da biologia do camarão branco L. schmitti, uma vez que os trabalhos que envolvem essa espécie são escassos. A salinidade, junto com outros fatores, é fundamental no desenvolvimento desta espécie, como visto em diversos estudos. Em essência, fica claro que a invasão da água doce pelos diferentes grupos de crustáceos que se originaram no mar e paulatinamente invadiram a água doce é um processo complexo que envolve não somente adaptações fisiológicas, mas também adaptações morfológicas, reprodutivas, ecológicas e comportamentais. Estudos futuros da fisiologia osmorregulatória acrescida de estudos genéticos comparativos entre as diferentes populações do camarão L. schmiiti, por exemplo, poderá ajudar na compreensão da invasão da água doce por essa curiosa espécie. Apesar da maior parte dos trabalhos feitos serem realizados com a espécie exótica L. vannamei, esta possui desvantagens em relações às nativas. São menos adaptadas às condições ambientais daqui e por isso mais sujeitas a doenças; muitas espécies possuem comportamento agressivo, competindo com as nossas espécies autóctones e muitas vezes as substituindo. As espécies nativas estão melhores adaptadas às condições ambientais brasileiras e por isso mais resistentes; proporcionam o resgate da nossa biodiversidade tão rica e ameaçada. De modo geral, este trabalho proveu informações básicas a respeito da carcinicultura, o meio ambiente aos quais estes animais estão inseridos e forneceu importantes conhecimentos em destaque da espécie L. schmitti, nos permitindo entender melhor a respeito de como o estoque de camarões está se comportando na Ilha do Maranhão e como esta pode se comportar em ambientes de laboratórios. Porém, estudos futuros poderão contribuir para um melhor entendimento do ciclo de vida desses animais. Propõem-se também amostragens continuas visando testar estes camarões em baixas salinidades a fim de verificar se o padrão observado principalmente se repete e assim comprovar resultados aqui obtidos. 42 CAVALCANTI, A. M. Efeito da densidade de estocagem sobre o biofilme e o desenvolvimento do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (Perez-Farfante, 1967) cultivados em cercados na fase de berçário. Monografia (graduação no curso de Oceanologia) – Fundação Universidade Federal de Rio Grande, Rio Grande. 2005. 44 p. CALAZANS, N. K. F.; SILVA, E.; SOARES, M.; SOARES, R.; PEIXOTO, S. Influência Da Salinidade no Crescimento, Sobrevivência e Osmolalidade da Hemolinfa do Camarão-Rosa Farfantepenaeus subtilis. X Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão – Jepex 2010 – UFRPE: Recife. CHANG, E. Hormonal Control of Moulting in Decapod Crustacea . American Zoologist, v.25, n 1. 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