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Fiorin e Savioli - Defeitos da Argumentação II, Notas de estudo de Cultura

Fiorin e Savioli - Defeitos da Argumentação II

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 05/09/2015

amandatrajfern
amandatrajfern 🇧🇷

4.7

(180)

182 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Fiorin e Savioli - Defeitos da Argumentação II e outras Notas de estudo em PDF para Cultura, somente na Docsity! ATICAC)NIVERSIDADE Para entender o texto: leitura e reda~ao CIP-BRASIL. CATALOGAC;;AO·NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 1'5531' J 7,ed, Fiorin, Jos~ Luiz ' Purn enlender 0 tcxto : Ieilura c reda,~o I Jos~ Luiz Fiorin, Francisco Plat~o Savioli. - 17,cd, . S:\o Paulo: Atien. 2007, 1321',: il. . (Atica Univcrsidade) Inclni bibliografia ISBN 978-85-08-10866-4 1, LInguA portugucsa • Estudo e ensino. 2. Lingua portuguesa • Composi~ao e ~xer· clcios - Estudo c cnsino. 3. Literatura brasileira - Expljca~ao textual. I. SavlOli, FrancIsco Plat~o. 1944-. 11.Titulo. 111.S~ric. CDD:469.8 CDU: 811.134.3'271 eQ etlitora atira Def,eitos de argumenta~ao (II) Nesta li~i'lo, vamos continuar falando de defeitos de argu- .' menta~i'lo encontrados com freqiiencia nas reda~oes dos alunos. Va- mos ater-nos aos dois que vem a seguir. 1) Emprego de no~oes semiformalizadas Ha certos termos que, na linguagem cientifica, ocorrem com urn significado preciso, restrito a esse tipo de linguagem, e que por isso devem ser empregados com 0 rigor que assumem nesse contex- to especlfico. Exemplo disso sl.'Iopalavras ou expressocs do tipo: sis- tema, estrutura, classe social, praxis, infra-estrutura, superestrutu- ra, burguesia, corpo social, manipula~ao, cultura de massa, socialis- mo, idealismo, estruturalismo e tantos outros. Nas suas reda~oes, os alunos, as vezes para exibir erudi~ao, em- pregam esses term os em significado largo, afrouxado, conjugando in- clusive termos de correntes cientificas opostas entre si. E preciso cuidado para empregar esses termos, caso c;ontrario, " os enunciados ficam desfigurados c dcscaracterizados por fundirem desencontradamente termos de correntes cientificas distintas. Ni'lo se podem vulgarizar impunemente os termos cientificos atribuindo- -lhes uma significa<;ao subjetiva. as vezes ate grosseira. As dUlls fruses que segucll\ podcll\ ilusl rill' como 0 ml\U cmprc- go desses term os pode produzir cfeitos perturbadorcs: Professores e alunos pertencem a classes socia is distintas: os prlmeiros. a burguesia: os ultimos. ao proletariado. Os conceit os de c1assesocial, burguesia e proletariado estao em- pregados de maneira inadequada. Na verdade, dentro de umn institui<;fiosocial. urn individuo po- de ocupar uma posi~ao superior e pertencer a mesma classe social daquele que ocupa uma posir;ao inferior. A burguesia, por exemplo, e constituida pelos proprietarios de industrias; 0 proletariado e constituido por todos aqueles que en- tram com a mAo-de-obra para a produ<;ilo de bens. Esses cor.ceitos nada t~m que ver com a posir;ao de professores e alunos no interior da escola. Nao se deve negar ao cidadao 0 direito de protestar: isso ja e comunismo. o enunciador da frase deve acreditar que 0 comunismo seja si- nonimo de governo autoritario, que nao da a menor liberdade para o cidadao. No caso, em vez de comunismo teria side mais adequa- do autoritarismo. Basicamente, comunismo e urn sistema economi· co que nao admite que os meios de prodUl;ao (fabricas, terras, etc.) estejam nas maos de particulares. 2) Defeitos de argumenta~ao pete exemplo, pela ilustra~ao ou pelo modelo Nao e raro tambem que os alunos, nas reda90es, usem inade: quadamente os exemplos concretos e as ilustra9C'>escomo recurs os de argumenta9ao. Antes de comentar esses desvios, convem deixar assentado que argumentar por meio de exemplos nao constitui urn procedimento defeituoso. Trata-se inclusive de urn expediente util, po is e uma for- ma de revelar os dados que VaG servir de base para as conclusoes que virao posteriormente. ,. Mas e preciso tomar cuidado para que 0 dado apresentado co- mo exemplo seja verdadeiro, isto e, que corresponda a urn dado da realidade, observavel para quem quiser conferir. Imagine-se uma passagem como a que segue: No Brasil, a maioria da populac;:aoativa ganha acima de dez salarios minimos. Esse dado e simplesmente falso, nao corresponde a realidade, e dele nao se pode concluir nada que tenha conteudo de verdade. Alem da necessidade de partir de urn dado verdadeiro, e preci· so que a conclusao que se extrai esteja efetivamente implicada nele. As reda90es escolares costumam apresentar muitos defeitos des- . se tipo: sem tomar 0 devido cuidado, os alunos acabam por citar fa" tos e deles extrair conclusoes que nao se implicam logicamente e, com isso, comprometem seriamente a qualidade de seus trabalhos. t' Esse tipo de defeito costuma ocorrer com mais frequencia nas narra- ~\tivas onde, depois de relatar uma sequencia de epis6dios, chegam a .~:conclusoes precipitadas, que nao estao contidas necessariamente nos /. dados apresentados. Citemos como exemplo alguns desses casos. ;~ a) A conclusll.o con tern uma generaliza9ao indevida, apressada e ~ em geral preconcebida, e 0 fate narrado nao tern valor comproba- t6rio como no exemplo que segue: Venho acompanhando pelo jornal um debate acalorado entre professores unlversitarios a respeito de um tema da especialida- de deles: IIteratura moderna. 0 debate, que se Inlclou com dois professorese acabou envolvendo outros mais. terminou sem que se chegasse a uma conclusao uniforme. Isso nos leva a concluir que 0 homem nao e mesmo capaz de entrar em entendimento e, por isso. 0 mundo esta repleto de guerras. Como se pode notar, a partir de urn desentendimento espedfi- co, numa situa9ao concreta, chega-se a uma conclusao excessivamen- te generalizante de que 0 homem (sem limite da extensao do concei- to) e incapaz de entrar em entendimento. Urn fracasso situado nao implica necessariamente uma incapacidade total. b) Outras vezes, a dist~ncia entre 0 fato narrado e a copclusao e ain- da maior, nao havendo entre eles 0 menor ponto de contato. Observe-se 0 exemplo que segue: Eram olto horas da nolte: horarlo de verao. 0 sol, aos pou- cas calndo. parecla mcrgulhar nas profundezas do mar. deixando atras de sl urn rastro de cores indefinfveis e uma atmosfera de mlsterlo e compenetrac;:ao. Contagiado por aquele momenta de grandioso espetaculo da natureza, acabei por concluir que a vida e chela de altos e baixos e que precisamos enfrentar com coragem as dificuldades e exultar com vibrac;:aodiante do sucesso. Como se ve, esse tipo de conclusao nao foi encaminhado pela relato anterior, que descreve apenas 0 grandioso espetaculo. Nele, portanto, ha referenda apenas aos moment os altos da vida, e nao aos baixos, que s6 aparecem na conclusao. Como vimos estudando ate aqui, 0 texto deve ter unidade, e as partes devem implicar-se. Es- sa reflexao final nao pode, em si mesma, ser qualificada de falsa, mas pode-se dizer que ela nao esta implicada no relato anterior e po- deria prescindir completamente dele.
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