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Guias e Dicas
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boa ergonomia boa economia, Notas de estudo de Engenharia de Produção

boa ergonomia boa economia

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 23/06/2013

gedeon-pereira-7
gedeon-pereira-7 🇧🇷

4.4

(108)

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Baixe boa ergonomia boa economia e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia de Produção, somente na Docsity! Boa Ergonomia É Boa Economia por Hal W. Hendrick UFPE CAC Departamento de Design Cidade Universitária 50 670-420 Recife-PE Fonefax 81 3271 8909 ergonomia@abergo.org.br ABERGOAssociação Brasileira de Ergonomia Boa Ergonomia é Boa Economia INTRODUÇÃO Uma das formas mais claras de se delinear uma disciplina é através da sua própria tecnologia. No recente workshop da HFES, denominado “A Força do Planejamento Estratégico”, percebeu- se, assim como outras organizações internacionalmente, que a tecnologia da ergonomia é a tecnologia da interface humano- sistema. Portanto, a disciplina da ergonomia pode ser definida como o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia da interface humano-sistema. A tecnologia da interface humano-sistema lida com as interfaces entre humanos e outros componentes de sistemas, incluindo hardware, software, ambientes, tarefas e estruturas organizacionais e de processos. Assim como a tecnologia de outras dsiciplinas relacionadas ao design, ela inclui especificações, recomendações, métodos e ferramentas. Conforme comunicado pela ‘Força do Planejamento Estratégico, nós utilizamos a tecnologia da nossa disciplina para melhorar a qualidade de vida, incluindo saúde, segurança, conforto, usabilidade e produtividade. Como uma ciência”, nós estudamos as capacidades humanas, limitações e outras características com o objetivo de desenvolver a tecnologia da interface humano- sistema. Como prática, nós aplicamos a tecnologia da interface humano-sistema à análise, design, avaliação, estandartização e controle de sistemas. É essa tecnologia que claramente nos define como uma disciplina única, que identifica quem somos, o que fazemos e o que oferecemos para a melhoria da sociedade. Apesar de possuírem uma variedade de formações profissionais, como psicologia, engenharia, segurança, reabilitação ou medicina é sua educação profissional e treinamento na tecnologia da interface humano-sistema que qualifica pessoas como profissionais da ergonomia. Sem dúvida, a disciplina necessita tanto da vastidão e riqueza dessas formações profissionais quanto da educação e treinamento na tecnologia única da ergonomia. Hal W. Hendrick Palestra do Presidente da HFES - Human Factors and Ergonomics Society 1996 Texto publcado com a permisssão do Prof. Hal Hendrick. Tradução de Stephania Padovani Revisão de Marcelo M. Soares Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 5 materiais melhores. O processo de modificação do design incluiu uma série extensa de testes de usabilidade por um período de seis meses. Então, em um teste de campo bem projetado, esse protetor de pernas modificado foi introduzido em uma plantação de eucalipto para ser utilizado por pessoas responsáveis pela poda de árvores com um machado e uma machadinha. Entre os 300 trabalhadores, uma média de 10 acidentes com ferimentos vinha ocorrendo por dia com uma média de cinco dias de afastamento por ferimentos. Durante o período de testes de um ano, não ocorreu nenhum ferimento na perna provocado pela utilização de machado e machadinha, resultando não apenas em economias consideráveis em termos de dores e sofrimento humano, mas também em uma economia de $250.000 para a companhia. Calcula-se que o uso de protetores de perna na indústria de madeira da África do Sul economiza anualmente cerca de $4 milhões de dólares. Redesign de um trator-trailler: Um segundo estudo envolveu melhorar ergonomicamente o assento e a visibilidade de 23 unidades de tratores-traillers com um investimento de $300 por unidade. Esse investimento resultou em uma melhor posição de operação para realizar o carregamento, melhorou a visualização e o conforto do operador. Como resultado, os estragos causados por acidentes a mangueiras hidráulicas, encaixes e similares diminuiu em $2000 por ano por unidade e a extração de madeira diária aumentou em uma carga por veículo. Para um investimento total de $6900, atingiu-se uma economia de $65000 por ano – uma razão de 1 para 9.4 em termos de custo- benefício. Outras inovações: Outras inovações trazidas pelo mesmo esforço conjunto entre a Universidade de Stellenbosch, a Ergotech e várias indústrias de madeira incluem: (a) o desenvolvimento de uma calha de madeira, de formato tubular e funcionando como uma rampa, leve e ecológica para um transporte mais eficiente e seguro de troncos de madeira; (b) o redesign de carregadores hidrostáticos de três rodas para reduzir a vibração excessiva sobre o corpo e o ruído; (c) classificação de diferentes condições de terreno – incluindo inclinação do solo, aspereza e outras condições – e determinação do sistema (método e equipamento) mais eficiente de cultivo de árvores; (d) desenvolvimento de checklists ergonômicos e pesquisas de ambientes de trabalho para a indústria florestal. Tem-se a expectativa de que todas essas pesquisas resultem em economias significativas, assim como maior satisfação dos empregados e melhoria da qualidade de vida no trabalho (Warkotsch, 1994). Protetores de perna. Trator, antes. Trator, depois. Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 6 Eu acredito que esse seja um bom exemplo daquilo com o que a Ergonomia pode potencialmente contribuir para qualquer indústria quando há um real esforço conjunto e compromisso. C-141 Aeronave de transporte Há cerca de 35 anos atrás eu entrei para o escritório do programa de desenvolvimento da aeronave C-141 da Força Aérea Americana como um engenheiro de projeto encarregado da parte de Ergonomia e das provisões de missões alternativas. O C-141 deveria ser projetado de maneira que o seu compartimento de carga, através da instalação de kits para missões alternativas, pudesse ser reconfigurado para a entrega aérea, carregamento de paraquedistas, passageiros ou para evacuação médica. Em sua configuração original, qualquer coisa que não tivesse que ser incluída na aeronave para carregamento de cargas era colocada em um dos kits de missões alternativas, tornando-os pesados e complexos e envolvendo tempo e esforço consideráveis na sua instalação. Através dos encontros com a associação dos potenciais usuários, com o Comando de Transporte Aéreo de Materiais da Força Aérea, e discutindo seu design organizacional e plano de gerenciamento para a utilização real da aeronave, eu fui capaz de identificar numerosos componentes dos kits que raramente seriam removidos do avião. Usando esses dados, eu trabalhei com os engenheiros de projeto da Lockheed para reconfigurar os kits e remover esses componentes e instalá-los permanentemente na aeronave. Conforme documentado nas propostas de mudança na engenharia, esse esforço simplificou enormemente o sistema e reduziu o peso da aeronave reduzindo assim os custos operacionais e de manutenção para mais de 200 aeronaves nos últimos 35 anos. As mudanças também reduziram o tempo e o trabalho de instalação e os requisitos de instalação dos kits. Ainda mais, economizou-se $2 milhões no custo inicial do conjunto das aeronaves. Eu acredito que essa seja uma boa ilustração de como as considerações macroergonômicas podem resultar em melhorias microergonômicas bastante rentáveis nos sistemas. Essas e inúmeras outras avaliações e melhorias rentáveis no design do C-141 tornaram-se possíveis com um custo de menos de $500,000 com profissionais da área de Ergonomia e resultaram em mais de $5 milhões em economia – uma relação custo-benefício de mais de 1 para 10. Eu acredito que as economias nas aeronaves pelos indicadores recordes de segurança e prevenção na perda de aviões podem, pelo menos em parte, ser atribuídos ao esforço de desenvolvimento da engenharia ergonômica. Aeronave C-141 Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 7 Sistemas de movimentação de materiais Um dos grupos que faz um trabalho melhor que o nosso no sentido de documentar os custos e os benefícios das suas intervenções ergonômicas é a faculdade do Departamento de Ciências do Trabalho Humano na Luleå University of Technology, na Suécia. Os exemplos que seguem são da Divisão de Tecnologia Ambiental do departamento, no seu trabalho com minas de aço. A abordagem básica da análise ergonômica e reprojeto nesses casos foi envolver representates dos empregados. Para cada projeto, o período de desfecho econômico era calculado juntamente com a gerência da companhia. Fabricação de tubos de aço e hastes & systema de manutenção de estoque. Um sistema de movimentação de materiais semi-automático e um sistema de manutenção de estoque para tubos de aço foram reprojetados ergonomicamente. O redesign reduziu o nível de ruído na área de 96db para 78db, aumentou a produção em 10%, diminuiu a rejeição de 2,5% para 1%, e retornou os custos do investimento no redesign e desenvolvimento em aproximadamente 18 meses. Após este período, só houve benefícios. Confecção de tubos e sistema de estoque. O sistema de manipulação e estoque de tubos original produzia um nível de ruído inaceitavelmente elevado e uma taxa de rejeição também alta devido ao estrago causado às peças, exigia a suspenção de peças pesadas e tinha uma organização de produtos ineficientes e um registro de segurança precário. O redesign ergonômico eliminou os estragos na estocagem, melhorou a organização do estoque, reduziu as forças para levantamento do material a um nível aceitável, reduziu o ruído em 20db; e até a presente data não foi registrado nenhum acidente e a produtividade aumentou tanto que o investimento foi retornado à empresa em apenas 15 meses. Manipulador numa ferraria. Em uma ferraria, o manipulador antigo de forjar foi substituído por um novo com uma cabine ergonomicamente projetada e incorporando melhorias na estação de trabalho como um todo. Em comparação com o manipulador antigo, reduziu-se a vibração corporal, reduziu-se o ruído em 18db, reduziu-se a quantidade de operadores afastados por doença de 8% para 2%, aumentou-se a produtividade e os custos de manutenção diminuíram em 80%. Fabricação de tubos de aço e hastes & systema de manutenção de estoque, antes. Confecção de tubos e hastes, depois. Confecção de tubos e sistema de estoque, antes. Confecção de tubos e sistema de estoque, depois. Manipulador de forjar em uma ferraria, velho (acima) e novo (à direita). Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 10 Lâmpada de freio montada no para-brisa traseiro de automóveis. A Center High-Mounted Stop Lamp (CHML) é provavelmente a mais conhecida das melhorias da ergonomia num produto de consumo amplamente utilizado. Nos anos 70, a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) patrocinou dois programas de pesquisa de campo que demonstraram o potencial de acrescentar uma CHML para reduzir o tempo de resposta dos motoristas e, portanto, evitar acidentes. Em meados dos anos 70, essa inovação ergonômica e três outras configurações foram instaladas em 2100 taxis na área de Washington D.C.. A configuração CHML resultou em uma redução de 50% nas colisões traseiras e na severidade dessas colisões. Com base nos estudos de campo realizados o Federal Motor Vehicle Safety Standard 108 foi modificado para que todos os carros de passageiros construídos a partir de 1985 tivessem CHMLs. Baseando-se na análise dos custos reais de produção das CHMLs e nos dados relacionados a acidentes de trânsito envolvendo os carros equipados com CHMLs em 1986 e 1987, a NHTSA calculou que quando todos os carros estivessem equipados com CHML (1997), evitar-se-ão 126.000 acidentes por ano, com uma economia de $910 milhões. Caso se somasse a esse total as economias com serviços médicos esse valor aumentaria ainda mais. O custo total do programa de pesquisa foi de $2 milhões enquanto que para o programa de regulamentação foi de $3 milhões (Transportation Research Board, National Research Council, 1989). Um investimento de $5 milhões para um retorno annual estimado de $910 milhões: nada mal para um investimento em ergonomia feito pelo governo federal! Faca para desossar aves. Utilizava-se uma faca de açogueiro tradicional para desossar frangos e perus em uma fábrica de embalagem de carne de aves. A faca não funcionava bem para desossar e verificou-se uma incidência alta de síndrome do túnel de carpo, tendinite e tenossinovite, resultando em um aumento nas compensações trabalhistas da ordem de $100.000 por ano. Uma nova faca em forma de pistola foi, então, introduzida pelo ergonomista Ian Chong, responsável pela Ergonomics, Inc., de Seattle, Washington. Menos dor e funcionários mais felizes surgiram quase que imediatamente. Durante um período de cinco anos, reduziram-se significativamente as doenças musculoesqueléticas nos membros superiores e a velocidade das linhas de produção aumentou entre 2% e 6%. Os lucros aumentaram por conta de um desossamento mais eficiente e economizaram-se $500.000 em compensações trabalhistas (Ian Chong, comunicação pessoal). Esse é um bom exemplo de como uma solução ergonômica simples e barata pode gerar uma ótima relação custo-benefício. Lâmpada de freio montada no para-brisa traseiro de automóveis. Acima: Faca para desossar aves, antes. Abaixo: Faca para desossar aves, depois Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 11 Redesign de estações de trabalho Balcões para servir alimentos. Utilizando uma abordagem ergonômica com os funcionários do serviço de alimentação, meu colega da USC, Andy Imada, e George Stawowy, um estudante de doutorado da University of Aachen na Alemanha, reprojetaram dois balcões de servir alimentos na Dodger Stadium em Los Angeles (Imada e Stawowy, 1996). O custo total foi de $40.000. Os testes realizados antes e depois da modificação dos balcões demonstraram uma redução no tempo de atendimento por cliente de aproximadamente 8 segundos. Em termos de dólares, o aumento na produtividade para os dois balcões foi de $1200 por jogo de baseball, resultando em um período de retorno de 33 jogos, ou 40% de uma temporada de baseball. A modificação desses balcões foi relativamente cara porque o desenvolvimento dos protótipos consumiu muito tempo e esforço. A modificação dos outros 50 balcões no estádio pode ser realizada hoje a um custo de $12.000 por balcão, resultando num período de retorno de apenas 20 jogos. Potencialmente, o aumento da produtividade deve reduzir o tempo de espera dos clientes, aumentando assim a satisfação dos consumidores (Andrew Imada, comunicação pessoal). Estações de trabalho de montagem de eletroeletrônicos. As estações de trabalho tradicionais em indústriais de montagem de produtos eletrônicos normalmente resultam em posturas prejudiciais e doenças musculoesqueléticas. Valery Venda da University of Manitoba projetou um novo tipo de estação de trabalho de montagem de componentes que utiliza uma câmera de TV e um monitor. A câmera fornece uma maior imagem do trabalho de montagem e faz com que o operador mantenha uma postura mais adequada e uma movimentação mais dinâmica. Baseando-se nos testes comparativos realizados entre a estação de trabalho antiga e a nova, verificou-se um aumento de produtividade de 15%. Venda comenta que o preço médio dos produtos montados por esses trabalhadores varia entre $15.000 e $20.000. Portanto, o valor adicional produzido por um trabalhador na estação de trabalho nova por dia será de $2250 a $3000. Apesar de ainda ser um pouco cedo para confirmar precisamente a afirmação, Venda prevê que as novas estações de trabalho diminuirão os ferimentos e doenças ocupacionais em 20% (Valery Venda, comunicação pessoal). Balcão para servir alimentos, depois. Redesign do posto de trabalho – balcão para servir alimentos, antes. Antiga estação de trabalho de montagem. Nova estação de trabalho de montagem. Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 12 Reduzindo doenças musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho Considerando-se a importância desse tema e a atenção e debates consideráveis que resultaram da introdução da regulamentação ergonômica de estações de trabalho a nível estadual e federal (p. ex: California) e em duas províncias canadenses, eu decidi incluir cinco exemplos de programas de intervenção ergonômica extremamente bem-sucedidos. AT&T Global. A AT&T Information Solutions em San Diego, California, emprega 800 pessoas e produz computadores mainframe de grande porte. Através de 200 registros no OSHA, a companhia identificou três tipos de problemas: levantamento, ajuste e digitação. A companhia conduziu então um extenso trabalho de campo para analisar deficiências ergonômicas. Como resultado, a companhia realizou melhorias ergonômicas nas estações de trabalho e providenciou treinamento de levantamento de materiais para todos os trabalhadores. No primeiro ano após as mudanças, o pagamento de compensações trabalhistas baixou mais de 75%, de $400.000 para $94.000. Em uma segunda etapa de mudanças, o sistema de transporte foi substituído por plataformas individuais com pequenos equipamentos de suspensão em forma de tesoura e os pesados condutores pneumáticos foram substituídos por versões elétricas mais leves; seguiu-se a mudança na linha de montagem onde cada trabalhador passou a montar um gabinete inteiro com a possibilidade de mudar, rápida e confortavelmente, da postura sentada para a postura em pé. Essa mudança resultou em uma redução de $12.000 em compensações trabalhistas. Em termos de dias de trabalho perdidos por ferimentos, em 1990 ocorreram 298; e em 1993 e 1994 não houve nenhum dia de trabalho perdido (Center for Workplace Health Information, 1995a). Considerando-se todas as mudanças, pode-se dizer que as mudanças ergonômicas reduziram as compensações trabalhistas da AT&T Global de 1990 a 1994 em $1.48 milhões. O custo dessas melhorias ergonômicas representa apenas uma fração reduzida dessas economias. Sapatos Red Wing. Tendo início em 1985 com (a) a iniciação de um programa de conscientização de segurança que incluiu a configuração básica de máquinas e sua operação, CTDs e reuniões de segurança mensais; (b) um programa de condicionamento, exercício e alongamento; (c) a contratação de um consultor de ergonomia e (d) treinamento especializado em ergonomia e configuração de estações de trabalho para trabalhadores que fazem a manutenção das máquinas e para os engenheiros industriais, a Companhia de Sapatos Red Wing de Red Wing em Minnesota, assumiu o compromisso de reduzir os distúrbios musculares relacionados ao trabalho através da ergonomia. A companhia adquiriu cadeiras ergonômicas ajustáveis para todos os operadores sentados e tapetes anti- Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 15 O modelo computadorizado para compressão das costas do Centro de Ergonomia da University of Michigan foi modificado e expandido para facilitar sua aplicação ao ambiente ferroviário e acondicionado para uso pela Association of American Railroads. O AAR-Back Model foi introduzido na Palestine Car Shop para identificar as atividades da tarefa que excediam os níveis aceitáveis de compressão nas costas e reprojetaram-se diversos equipamentos para suportar as tarefas que envolviam levantamento. Por exemplo, uma mesa de estocagem de juntas de engate foi reprojetada para estocar as juntas de 90 lb (ver foto). Anteriormente, as juntas eram empilhados manualmente no chão e então levantadas. Além disso, um programa comercial de treinamento sobre ferimentos nas costas, Pro-Back, foi adotado, e ensinou-se a cada empregado como se curvar e levantar cargas com segurança. Finalmente, a atitude da gerência e as prioridades relativas à segurança eram confirmadas semanalmente através de reuniões com capitães de segurança de cada área de trabalho e quinzenalmente em reuniões com todos os empregados. De 1985 a 1988, o total de incidentes com ferimentos foi reduzido de 33 para 12, os incidentes envolvendo as costas de 13 para 0, dias de trabalho perdidos passaram de 579 para 0, dias de trabalho restritos de 194 para 40 (por ferimentos leves não relacionados às costas), e absenteísmo de 4% para 1%. O número de carros consertados por ano subiu de 1.564 em 1985 para 2.900 em 1988, um aumento em dólares de $3.96 milhões. A Union Pacific calcula a relação custo-benefício em aproximadamente 1 para 10. Auxílios à tarefa para a IBM. Pouco após a IBM ter começado a distribuir seus produtos da linha Displaywriter para os consumidores, um relatório informou que os consumidores estavam tendo dificuldade em configurar os produtos. O ergonomista Daniel Kolar, presidente da Xfer, uma firma de consultoria em usabilidade em Austin, Texas, determinou que o problema ocorria devido a erros frequentes nas linhas de embalagem. Os embaladores não tinham a menos idéia do que estavam fazendo porque eles estavam trabalhando com documentação inapropriada. Dan conduziu uma análise da tarefa e então utilizou-a para desenvolver um storyboard detalhado de todos os passos para embalar os produtos em cada estação de trabalho. Após a instalação do storyboard, a quantidade de erros baixou de 35 em 100 para 1 em 1000. A IBM calcula que as economias somaram $2 milhões em um período de dois anos (Kolar, comunicação pessoal). Estoque das juntas de engate. Auxílio à tarefas, linha de um displaywriter da IBM. Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 16 Testes e avaliações ergonômicas Uma das companhias regionais de telefonia americanas, NYNEX, desenvolveu uma estação de trabalho para seus operadores de telefonia e assistência, cuja tarefa consistia em auxiliar os clientes em completar suas chamadas e registrar a cobrança correta. A motivação principal em desenvolver uma nova estação foi permitir que os operadores reduzissem seu tempo médio de atendimento aos clientes através de um design mais eficiente da estação de trabalho. A estação de trabalho original estava em uso há muitos anos e incluía um mostrador de 300-baud1, representando caracteres, e um teclado no qual as teclas de funções similares eram agrupadas espacialmente e recebiam codificação cromática diferenciada. Esse grupamento funcional normalmente gerava sequências comuns de teclas por uma distância grande no teclado. Diferentemente, a estação de trabalho proposta foi reprojetada ergonomicamente com considerações não somente funcionais mas também sequenciais, incorporando um mostrador de 1200-baud, utilizando ícones e em geral é um bom exemplo de uma interface gráfica cujos designers prestaram bastante atenção as recomendações da interação homem-computador. Sob o nome de Project Ernestine, Wayne Gray e Michael Atwood do NYNEX Science and Technology Center e Bonnie John da Carnegie Mellon University (1993) projetaram e conduziram um estudo de campo comparativo, substituindo 12 das estações de trabalho originais com 12 das estações de trabalho propostas. Além disso, eles realizaram uma análise de GOMS (Card, Moran & Newell, 1980) na qual tanto os modelos baseados na observação quanto na especificação das duas estações de trabalho foram desenvolvidos e usados. Contrariando as expectativas, os estudos de campo demonstraram que o tempo médio dos operadores foi 4% maior para as estações de trabalho remodeladas. A própria análise de GOMS previu esse aumento, demonstrando, portanto a validade dos modelos GOMS para avaliar eficientemente e economicamente estações de trabalho de operadores de telefonia. Se esses testes não tivessem sido realizados, as estações de trabalho propostas, presumidamente mais eficientes teriam sido adotadas para todos os 100 operadores e o decréscimo em performance teria sido de $2.4 milhões por ano. Um bom exemplo do valor de se realizar testes ergonômicos e avaliações antes de se tomar uma decisão (Gray et al., 1993). 1 Boud é uma unidade usada para medir a velocidade de códigos eletrônicos de transmissão, igual ao intervalo de uma unidade por segundo. Boa ergonomia é boa economia | Hendrick | ABERGO | Janeiro 2003 17 Macroergonomia Empresa de distribuição de petróleo. Há muitos anos atrás, Andy Imada da University of Southern California iniciou um programa de análise e intervenção ergonômica para melhorar a segurança e saúde em uma companhia que produz e distribui derivados de petróleo. Os componentes chaves dessa intervenção incluíram uma avaliação organizacional que gerou um plano estratégico para aumentar a segurança, modificações no equipamento para melhorar as condições de trabalho e aumentar a segurança e três tipos de ações macroergonômicas. Essas ações incluíram o aumento do envolvimento e da comunicação com os empregados e integrar a segurança na cultura da organização como um todo. O programa utilizou-se de uma abordagem de ergonomia participativa envolvendo todos os níveis da gerência e supervisão, funcionários das estações de preenchimento e motoristas de caminhão. Durante muitos anos, examinaram-se muitos aspectos do design organizacional do sistema e os processos de um ponto de vista macroergonômico, vindo alguns a serem modificados. Algumas modificações ergonômicas propostas pelos próprios empregados foram feitas no equipamento, implementaram-se novos métodos e estruturas de treinamento projetadas pelos próprios empregados e os empregados receberam maior liberdade na escolha de novas ferramentas e equipamentos relacionados com suas tarefas. Dois anos após a instalação inicial do programa, os acidentes com ferimentos sofreram uma redução de 54%, os acidentes com veículos motorizados caíram em 51%, os ferimentos fora do local de trabalho em 84%, e dias de trabalho perdidos em 94%. Quatro anos depois, ocorreram reduções em todos os casos exceto os ferimentos fora do local de trabalho, que diminuiu de 15% para uma melhoria sustentável de 69% (Nagamachi & Imada, 1992). O gerente de operações da companhia comenta que ele continua economizando 0.5% dos custos anuais de distribuição de petróleo como resultado direto do programa de intervenção ergonômica. Isso corresponde a $60.000 por ano nos últimos três anos, ou $180.000 e a expectativa é de que as economias continuem (Andrew Imada, comunicação pessoal). Imada afirma que talvez a razão principal para essa melhoria sustentável foi a instalação da segurança como parte da cultura da organização. Pela minha observação dessa organização nos últimos anos, eu tenho que concordar. Implementação de TQM na L. L. Bean. Rooney, Morency e Herrick (1993) relatam o uso da macroergonomia como abordagem e metodologia pra a introdução de um programa de Gerenciamento de Qualidade Total (TQM) na L. L. Bean Corporation, conhecida internacionalmente pela altal qualidade de suas roupas. Utilizando métodos similares àqueles descritos Macroergonomia: empresa de distribuição de petróleo.
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