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Desenvolvimento do ecoturismo no parque dos Manguezais, Notas de estudo de Turismo

Esta pesquisa fez uma análise das possibilidades e desafios para o ecoturismo no Parque dos Manguezais, baseando-se na hipótese da criação de um Parque Natural Municipal na área. Situado na parte sul do Recife, no complexo estuarino dos rios Pina, Tejipió e Jordão, apresenta uma vegetação de mangue, rica biodiversidade e forte potencial ecoturístico. Atualmente está sob o domínio da Marinha do Brasil, e vem passando por diversos processos degradativos. Para fundamentar as descrições e análises,

Tipologia: Notas de estudo

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Baixe Desenvolvimento do ecoturismo no parque dos Manguezais e outras Notas de estudo em PDF para Turismo, somente na Docsity! POSSIBILIDADES E DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO NO PARQUE DOS MANGUEZAIS12 Eloiza da Silva Bento Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco e Turismóloga pela Universidade Federal de Pernambuco pscodelo@hotmail.com “A natureza, criadora e esplendorosa, Surpreendentemente primorosa Improvisa a pluralização da existência. Translada para o mangue o berço Proporcionando a vida todo apreço Suplantando a criação e a magnificência” Roberto P. Acruche RESUMO Esta pesquisa fez uma análise das possibilidades e desafios para o ecoturismo no Parque dos Manguezais, baseando-se na hipótese da criação de um Parque Natural Municipal na área. Situado na parte sul do Recife, no complexo estuarino dos rios Pina, Tejipió e Jordão, apresenta uma vegetação de mangue, rica biodiversidade e forte potencial ecoturístico. Atualmente está sob o domínio da Marinha do Brasil, e vem passando por diversos processos degradativos. Para fundamentar as descrições e análises, fez-se uma ampla revisão bibliográfica e uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, utilizando como meio de coleta de dados, a entrevista e a observação. Os resultados mostraram que é possível efetuar o ecoturismo na área, sob a forma de observação da fauna, flora e paisagens e uso de trilhas terrestres, suspensas e aquáticas. Para o desenvolvimento local, o apoio a iniciativas comunitárias, a formação de condutores locais, o resgate da cultura e culinária pesqueira, e estímulo a iniciativas sustentáveis, foram alguns dos potenciais visualizados. Mas, para desenvolver o ecoturismo na área, é preciso superar os entraves políticos, de gestão, fiscalização, definição, poluição, da carcinicultura, e falta de envolvimento local, e na criação de um marketing responsável. Palavras-chave: Ecoturismo, Parque dos Manguezais, Sustentabilidade, Desenvolvimento local. ABSTRACT This research was an analysis of possibilities and challenges for ecotourism in the Manguezais Park, based on the hypothesis of the creation of a Natural Park in the area under the Prefeitura do Recife management. Located in the south of Recife, in the estuarine complex of rivers Pina, Tejipió and Jordão, has a vegetation of mangroves, rich biodiversity and ecotourism 1 2º lugar no Prêmio Salustiano do Turismo - 2010, na Categoria TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). 2 BENTO, Eloiza da Silva. Possibilidades e desafios para o desenvolvimento do ecoturismo no Parque dos Manguezais. In: SEABRA, Giovanni de Farias; SILVA, José Antonio Novaes da; MENDONÇA, Ivo Thadeu Lira (orgs). A Conferência da Terra: aquecimento global, sociedade e biodiversidade. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2010, Vol. 3, p. 123-130. potential. It is currently under the Marinha do Brasil control, and is degraded through different processes. To support the descriptions and analysis, there was a broad bibliographic review and a field research of qualitative nature, using as a means of data collection, interview and observation. The results showed that it is possible to make the ecotourism in the area under the form of fauna, flora and landscapes observation and use of terrestrial, aquatic and suspended trails. For local development, support for community initiatives, training of local guides, the ransom of the culture and fishing culinary, and encourage sustainable initiatives were some of the potential displayed to develop ecotourism in the area, it is necessary to overcome the barriers political, of management, of supervision, of development, of pollution, of aquaculture, and lack of local involvement, and in the creation of a responsible marketing. Keywords: Ecotourism, Parque dos Manguezais, Sustainability, Local development. 1. INTRODUÇÃO O boom do turismo se intensificou a partir da década de 60, como consequência da expansão do modelo econômico atual, criando uma visão exageradamente otimista do turismo, sendo considerado por muitos como a “indústria não poluente” (DIAS, 2003). A sua evolução, culminando para atual massificação, principalmente nos países industrializados, se refletiu na degradação dos destinos turísticos, nos impactos negativos causados por ele e na não promoção de benefícios reais às comunidades locais, demonstrando a falta de um planejamento adequado, os interesses excepcionalmente mercadológicos e o sentido de efemeridade por que muitos têm tratado o turismo. Diante deste quadro foi que o ecoturismo surgiu como uma alternativa ao modelo de turismo praticado atualmente, incorporando preceitos da sustentabilidade, ou seja, equitativamente justo às comunidades locais, suportável ecologicamente e viável do ponto de vista econômico (Carta de Lanzarote, 1995). As áreas naturais remanescentes continuaram a ser degradadas pelos diversos interesses (econômicos e/ou turísticos, subextensivos, entre outros) e para isso se tem criado áreas protegidas (Unidades de Conservação), com o objetivo de proteger ou conservar a biodiversidade in situ, os recursos genéticos, os serviços ambientais, como também o meio de subsistência sustentável de populações tradicionais, entre outros fatores. Algumas áreas são de proteção permanente - APPs, independente da criação de unidades de conservação. É o caso das áreas de mangue, encostas e topos de morro. Os ambientes costeiros, onde os manguezais se inserem, são considerados uma das áreas mais ricas do mundo em produtividade biótica, e por isso são estimadas como “berçário dos mares”, produzindo 95% do alimento marinho utilizado pelo homem (Schaeffer-Novelli, Devido à inexistência de estudos voltados para o ecoturismo no Parque dos Manguezais, foi necessário efetuar uma ampla pesquisa bibliográfica, utilizando fontes primárias, tais como livros diversos desde as conceituações teóricas do turismo à ecologia e fontes secundárias (monografias, dissertações e teses), como também a internet. Para caracterizar a área de estudo, identificar iniciativas locais e projetos incidentes ou previstos para o Parque, utilizou-se da pesquisa documental que envolveu os seguintes documentos: os relatórios de projetos da Ilha de Deus, da ZEPA e do Seminário e oficina “Estratégias de Conservação e Gestão do Manguezal do Pina”; diagnósticos sócio-ambiental, sócio-organizativo e urbanístico-ambiental da Ilha de Deus e ambiental da ZEPA 2 Parque dos Manguezais; consulta ao Plano de Investimento para a Ilha de Deus. Em relação aos instrumentos de coleta e tabulação dos dados, recorreu-se a pesquisa de campo: “pressupõe a apreensão dos fatos/variáveis investigados, exatamente onde, quando e como ocorrem” Lima (2004, p. 51). Para tal usou-se o método de observação direta intensiva que consiste em um contato direto entre o pesquisador e o observado, sendo sua forma de coleta de dados, a entrevista e a observação. “A entrevista é um encontro entre duas ou mais pessoas, a fim de que se obtenham dados, informações, depoimentos, avaliações a respeito de um determinado assunto, mediante uma conversação de natureza acadêmica e/ou profissional” (LIMA, 2004, p. 91). As entrevistas foram elaboradas de forma semi-estruturadas porque permitiram uma maior liberdade na formulação de perguntas e na obtenção de respostas, ajustadas conforme o entrevistado. As entrevistas foram direcionadas: ao presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal, o vereador Daniel Coelho, com o objetivo de entender por que o Projeto de Lei n.º 186/2007 ainda não foi aprovado; à agência de ecoturismo Amigos da Trilha e à agência de turismo pedagógico Espaço Pedagógico, com objetivo de conhecer a visão das mesmas sobre o Parque dos Manguezais; à Escola Mangue de Brasília Teimosa e aos alunos dos cursos de artesanato e turismo ecológico, cujo objetivo foi identificar as formas potencias de iniciativas comunitárias ao turismo no Parque dos Manguezais, com também localizar entraves; ao diretor de meio ambiente do Recife, Mauro Buarque, com o objetivo de identificar entraves na fiscalização da ZEPA 2 – Parque dos Manguezais, entender o motivo do atraso na sua regulamentação, confrontar os projetos existentes para ZEPA, entender a atual gestão ambiental do Recife e outros assuntos relacionados; ao secretário de turismo do Recife, Samuel Oliveira, com a finalidade de se obter a visão ecoturística do Parque dos Manguezais, do órgão oficial de turismo da cidade; à comunidade Ilha de Deus, cujos objetivos foram entender a relação da comunidade com o Parques dos Manguezais e com os viveiros de camarão e identificar o conhecimento local sobre o turismo e suas formas de empregabilidade. As entrevistas foram direcionadas a uma pequena amostragem (12 pessoas da localidade), pertencentes a diferentes estratos (jovens, adultos e idosos); aos líderes comunitários da comunidade Ilha de Deus: Nalvinha, presidente do Centro Educacional Saber Viver, e o Edson Fly – líder da Ação Caranguejo-Uçá, com a finalidade de obter respostas mais apuradas, além das anteriormente direcionadas à comunidade como um todo. Além das entrevistas formais, as conversas informais também foram amplamente utilizadas, com o intuito de se obter informações não captadas formalmente. A observação “pressupõe que o pesquisador examine a realidade investigada, explorando os recursos do sentido (visão, audição, olfato, tato e paladar) [...]” (LIMA, 2004, p. 99). A observação assumiu dois aspectos: · A observação interna e externa da área do Parque dos Manguezais, com a finalidade de identificar possibilidades e entraves ao desenvolvimento do ecoturismo na área. Para tanto se observou os recursos naturais existentes e os não mencionados no diagnóstico da ZEPA 2 – Parque dos Manguezais; analisou-se a infra-estrutura existente e possível (sinalização, edificações, abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, condições viárias interna, acessibilidade, localização, trilhas), níveis de conservação, fiscalização e controle, sazonalidade. · Observação da realidade comunitária da Ilha de Deus, sob os aspectos sociais, econômicos, urbanísticos, culturais e ambientais, como forma de identificar as potencialidades e entraves ao desenvolvimento do ecoturismo no Parque dos Manguezais, envolvendo a participação desta comunidade no processo. Os dados coletados nesta seção foram analisados em toda a extensão da pesquisa, e possibilitaram as explicações e a análise da realidade estudada, identificando-se as possibilidades e desafios para o desenvolvimento do ecoturismo na ZEPA 2 Parque dos Manguezais, sob a ótica da sustentabilidade e do desenvolvimento local. 3. POSSIBILIDADES E DESAFIOS PARA O ECOTURISMO NO PARQUE DOS MANGUEZAIS Este estudo identificou que o ecoturismo no Parque dos Manguezais é a forma mais apropriada de turismo, uma vez que há uma necessidade urgente de conservação daquele ecossistema e ao passo que a comunidade local, detendo uma problemática de exclusão social, poderá ser beneficiada por esta prática. Logo, esta pesquisa concluiu que é possível o diversas potencialidades. Para a área interna e externa do Parque dos Manguezais, foi possível elencar as possibilidades de: · Observação da flora e fauna: a variedade de aves e a existência de botos-cinza no local permitem a especialização na observação de aves (birdwatching ou birding,) e botos- cinzas (whale watching); Observação de paisagens (landscape watching) por meio da contemplação de elementos paisagísticos, tais como corpo d’águas, geografia local, vegetação e elementos silvestres; Resgate histórico da Estação Rádio Pina: focalizar a história da Radio Station na Segunda Guerra Mundial; Resgate histórico do mangue como traço paisagístico do Recife: mostrar a relação entre o mangue, a cidade e o homem; Estas possibilidades podem ser vivenciadas utilizando trilhas interpretativas terrestres, suspensas e aquáticas; Meios disponíveis: aproveitamento das vias existentes, de edificações da Marinha do Brasil, uso de embarcações tipo Catamarã, barcos a motor ou baiteiras (pequenos barcos a remo) e canoas; Condições atuais: necessidade de construção de trilhas suspensas, de conexões com trilhas que venham a culminar em um ponto contemplativo, como um mirante, píer ou deck e de sinalizações de trilhas (interpretativas) terrestres e aquáticas; vias internas principais são asfaltadas, encontrando- se algumas em total abandono e tomadas pela vegetação e para isso precisando de limpeza; as edificações estão em estado de abandono e algumas em ruínas, necessitando de reparos; como sugestão foi proposto a construção de um Museu Vivo do Mangue (podendo ser abordadas temáticas da relação homem-mangue, cultura mangue, aspectos ecológicos, entre outros). · Uso do Turismo Científico e do Turismo Pedagógico: estímulo à pesquisa, dispondo de local apropriado para este fim, por exemplo, no “Museu Vivo do Mangue”; incentivo ao turismo pedagógico, onde a rede escolar une os conhecimentos adquiridos em sala de aula com a visita in loco. Utilizar trilhas interpretativas, com sinalização apropriada. · Implementação de infra-estrutura de apoio ao visitante: criação de um Centro de Visitação, de uma Unidade Administrativa, de um pórtico de entrada (para controle de acesso e bilheteria), utilizando as edificações existentes e materiais locais. Construção de WC’s. Dedicar espaços para a realização de cursos, venda de artesanato local e de alimentos; ecastophyllum (L) Taub. na parte interna da ZEPA, podendo também ser produzidas mudas desta espécie para comercialização. · Promoção e apoio a iniciativas de Educação Ambiental: na Ilha de Deus foram encontradas iniciativas de reflorestamento de mangue e de coleta e reciclagem de lixo, realizadas pelo Centro Educacional Saber Viver. Já na Ação Caranguejo-Uçá foi identificada uma orientação para a problemática ambiental na Ilha exibida por meio de vídeos e documentários locais. Na Escola Mangue de Brasília Teimosa identificaram-se iniciativas de alfabetização ambiental e reflorestamento de mangue. O Barco-Escola da Prefeitura do Recife também tem um forte papel na educação ambiental no Parque dos Manguezais, levando alunos de escolas públicas a conhecerem o mangue sob a ótica de uma abordagem ecopedagógica. · Parcerias com agências de ecoturismo e turismo pedagógico: é possível efetuar parcerias com agências, desde que bem selecionadas segundo os critérios da sustentabilidade e que utilizem à mão-de-obra local. Mas, para que o ecoturismo aconteça no Parque dos Manguezais e estes potenciais sejam trabalhados de forma efetiva, é preciso superar os entraves existentes que dificultam e até em alguns casos inviabilizam a prática do ecoturismo na localidade. É oportuno citar os seguintes entraves: · De gestão, fiscalização e controle: atualmente quem detém a gestão oficial da área é a Marinha do Brasil. O Instituto Chico Mendes – antigo IBAMA (por ser Área de Preservação Permanente), a CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (por se tratar de zona estuarina definida por lei estadual) e a DIRMAM (por se tratar de uma ZEPA), detêm responsabilidades na área. Ocorre que a gestão só fica a cargo da Marinha, que por ter transferido suas funções principais (antes exercidas no local) para Natal-RN em 1990, mantém um pequeno destacamento de fuzileiros navais apenas para guarda da área, e por isso a falha na gestão agravou-se acentuadamente, e desta forma, favoreceu a progressão das atividades ilícitas e degradativas a este meio. A DIRMAM não tem infra-estrutura e recursos suficientes para efetuar a gestão e fiscalização do local e a Brigada Ambiental (guarda fiscalizadora da DIRMAM) trabalha em esquema de rodízio para todas as unidades de conservação municipais. A sobreposição de atuação destes órgãos e a falta de definição objetiva da responsabilidade de cada órgão para com o Parque dos Manguezais inviabilizam a integração e efetiva gestão, fiscalização e controle da área. · De definição, legalização e identidade: a ZEPA 2 Parque dos Manguezais está em fase de regulamentação e o Projeto de Lei n.º 186/2007 (que cria o Parque Natural Municipal) ainda está em tramitação. É preciso que haja a aprovação do PL 186/2007 e que a mesma seja regulamentada, para que as atividades de ecoturismo possam ser legalmente permitidas no Parque, já que a Marinha proíbe qualquer atividade civil na parte interna do Parque. Já em relação à comunidade da Ilha de Deus, foi identificado que eles consideram o Manguezal do Pina, como Manguezal da Ilha (o que de fato não é, pois o manguezal do Pina é vizinho a Ilha de Deus e não está localizado dentro da comunidade). Os moradores da Ilha não têm esclarecimento do que é ZEPA e ZEIS e acreditam que os limites da Ilha sejam até os últimos viveiros localizados ao norte da ZEPA. E talvez esse fator contribua para a expansão da carcinicultura na ZEPA. É preciso efetuar um trabalho de esclarecimento com a comunidade sobre esta questão. · Falta de envolvimento local no movimento pela criação do Parque Natural Municipal dos Manguezais: segundo a pesquisa realizada com a comunidade Ilha de Deus, 58,3% desconhecem o projeto que pretende transformar este manguezal em um Parque Natural Municipal, sendo que 41,6% informaram não saber o que significa um Parque Natural. · Da carcinicultura: pode se dizer que esta atividade é a uma das mais prejudiciais ao Manguezal do Pina, e a mais conflitante atualmente. O impasse entre os carcinicultores, comunidade local e população geral é evidente, pois segundo as entrevistas realizadas, todos reprovaram as atividades de carcinicultura na ZEPA e alegaram que beneficiam a uma pequena parcela de produtores de camarão, em detrimento do mangue e da população recifense como um todo. Com a urbanização da ZEIS Ilha de Deus, os 21 viveiros localizados na Ilha serão mantidos. Já na ZEPA (71 viveiros), isto não poderá ser possível, por que vai de encontro com a legislação. Seria interessante uma substituição gradual da carcinicultura na ZEPA, envolvendo os donos de viveiros em outras atividades sustentáveis (muitas já citadas aqui), e estimulando os próprios a replantarem o que eles mesmos destruíram. A idéia é construir um relacionamento de parceria com a comunidade (e seus segmentos), e não encará-la como inimiga (o que torna a conservação inviável). A comunidade precisa abrir mão de certas atividades de subsistência extensiva (de meios não sustentáveis) dos recursos naturais locais, a favor da conservação e manutenção de recursos finitos para gerações futuras e na prevenção de eventos catastróficos provocados pela supressão deste manguezal na cidade e reações em cadeia (desequilibro ecológico). Vale ressaltar que a comunidade local não pode assumir sozinha, os custos da conservação e precisa ser recompensada de alguma forma, por exemplo, com políticas sociais. · Da poluição da bacia do Pina e Jordão e estuário do Rio Capibaribe e Beberibe: a poluição das bacias e rios acima citados é gritante, causa maior da redução de peixes e de outras espécies, como botos-cinza que subiam o estuário e chegavam até a ZEPA, hoje os poucos que existem se concentram na boca da barra, em frente ao Marco Zero. O tratamento de esgoto feito pela COMPESA só atende a uma pequena parcela da cidade, sendo o restante dos efluentes domésticos e industriais, dispostos in natura nos rios, canais e córregos (por todo Estado), culminando por fim na bacia do Pina e Jordão e estuário do Rio Capibaribe e Beberibe, onde é possível notar claramente o processo de eutrofização e a lama preta decorrentes da poluição. Os resíduos sólidos lançados nos rios e vias pela população, pequenas indústrias e comércio são transportados para os rios, pelas águas fluviais e se acumulam por dentro deste manguezal e suas gamboas. O projeto de saneamento iniciado pela COMPESA (o Proest) precisa ser acelerado, visto que a universalização do sistema de tratamento de esgoto está prevista para 21 anos (apesar da promessa da COMPESA de elevar de 35% para 77% o índice de residências com saneamento básico na cidade até 2010) (UFPE, 2008). Para que as atividades sustentáveis se desenvolvam de forma satisfatória, faz necessário a urgência na reversão da atual condição sanitária em que se encontram as bacias do Pina, Tejipió e estuário dos rios Capibaribe e Beberibe. · Político: para que o PL 186/2007 seja aprovado e assim seja criado o Parque Natural Municipal dos Manguezais é preciso vontade política (questão apontada em todas as entrevistas). Segundo a DIRMAM e URB, os recursos virão da Via Mangue como forma compensatória da obra, mais não se tem previsão de quando virão. E pelo motivo da espera de recursos é que as negociações de transferência da área (da Marinha para a Prefeitura) estão paralisadas de forma estratégica, já que se for repassada atualmente a gestão para Prefeitura, a mesma alega não ter recursos para geri-la. É preciso uma cobrança maior por parte da sociedade à Prefeitura, para que os recursos financeiros da cidade sejam também direcionados para o meio ambiente, ao invés de despender altas somas de dinheiro com projetos de parques urbanos (com poucos benefícios sócio- ambientais), deveriam ser direcionados ao Parque dos Manguezais, que é uma cobrança antiga da população em defesa deste manguezal. · Marketing responsável: é notório que grande parte da população do Recife e turistas desconhecem o Parque dos Manguezais, apesar da localização central desta área. É
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