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SUMÄRIO 1. IntroduÅÇo..........................................................................................................................02 2. HistÉria das Cores..............................................................................................................04 3. A ConcepÅÇo FÑsica das Cores............................................................................................07 3.1.Os Estudos de Newton.......................................................................................................09 3.2.Teoria das Cores.................................................................................................................12 3.2.1. O que Ö cor?...................................................................................................................12 a) Carga de cor...................................................................................................................13 3.2.2. Luz..................................................................................................................................13 a) Espectro de luz visÑvel....................................................................................................14 3.3. Diagrama de Cromaticidade..............................................................................................15 4. A ConcepÅÇo BiolÉgica das Cores........................................................................................20 4.1. O Olho Humano................................................................................................................20 4.1.1. Os trÜs tipos de cones....................................................................................................21 4.1.2. O que o olho humano Ö capaz de ver?...........................................................................22 4.1.3. A subjetividade das cores...............................................................................................22 4.2. A Teoria Tricromática........................................................................................................22 4.2.1. IntroduÅÇo......................................................................................................................22 4.2.2. Sintonizando... de 428 a 750 terahertz..........................................................................24 4.2.3. VisÇo colorida.................................................................................................................26 4.3. A PercepÅÇo das Cores......................................................................................................29 4.3.1. Nossos olhos e a visÇo....................................................................................................29 4.3.2. Misturando cores por adiÅÇo e subtraÅÇo.....................................................................30 4.3.3. Propriedades das cores: tom e saturaÅÇo.....................................................................31 4.4. Psicologia das Cores.........................................................................................................33 4.4.1. Cor e personalidade......................................................................................................34 4.4.2. O efeito de cada cor......................................................................................................35 a) As cores influenciam nossos componentes: fÑsico, metal e emocional........................35 b) Efeitos fisiolÉgicos das cores nas roupas......................................................................43 4.5. A Cor como Terapia..........................................................................................................46 4.5.1. HistÉrico........................................................................................................................46 4.5.2. DefiniÅÇo.......................................................................................................................47 4.5.3. Uso terapÜutico das cores.............................................................................................48 5. A ConcepÅÇo ArtÑstica das Cores..........................................................................................52 5.1. Estudo das Cores...............................................................................................................52 5.1.1. O que Ö cor?...................................................................................................................52 5.1.2. As cores puras................................................................................................................53 5.1.3. As cores primárias..........................................................................................................53 5.1.4. As cores secundárias......................................................................................................54 5.1.5. Cores complementares..................................................................................................54 5.1.6. Cores análogas...............................................................................................................54 5.1.7. Cores acromáticas ou neutras........................................................................................55 5.1.8. O circulo das cores.........................................................................................................55 5.1.9. Cores quentes e cores frias............................................................................................56 5.1.10. A temperatura das cores..............................................................................................57 5.1.11. Contrastes....................................................................................................................58 2 1. IntroduÄÅo Desde a Antiguidade clssica, pensadores dedicaram-se a refletir sobre a origem e o sentido das cores. Aristteles, por exemplo, achava que elas eram propriedades dos objetos, assim como o peso e a textura. E, embriagado pela mgica dos nmeros, disse que eram em nmero de seis, o vermelho, o verde, o azul, o amarelo, o branco e o negro. O estudo das cores sempre foi influenciado por aspectos psicolgicos e culturais. Na Idade Mdia o poeta Pl
nio teorizou que as trs cores bsicas seriam o vermelho vivo, o ametista e uma outra que chamou de conch
fera. O amarelo foi exclu
do desta lista por estar associado a mulheres, pois era usado no vu nupcial. No sculo XV, as reflexes foram aprofundadas pelos renascentistas. Leon Battista Alberti, um disc
pulo de Brunelleschi, diria que seriam quatro as cores mais importantes: vermelho, verde, azul e cinza. Essa viso reflete os seus gostos na tela. Alberti contemporneo de Leonardo da Vinci, e teve influencia sobre ele. Leonardo da Vinci reuniu anotaes para dois livros distintos e seus escritos foram posteriormente reunidos em um s livro intitulado Tratado da Pintura e da Paisagem. Luz e cor passaram a ser tratadas como categorias diferentes. Ele se oporia a Aristteles ao afirmar que a cor no era uma propriedade dos objetos, mas da luz. Havia uma concordncia ao afirmar que todas as outras cores poderiam se formar a partir do vermelho, verde, azul e amarelo. Afirma ainda que o branco e o preto no so cores mas extremos da luz. Da Vinci foi o primeiro a observar que a sombra pode ser colorida e a pesquisar a viso estereoscpica, ele mesmo tentou construir um fotmetro. Nos sculos XVII e XVIII, Ren Descartes descreveu a refrao e Isaac Newton decomps a luz branca com prismas, chegando s sete cores do arco-
ris, e acreditou que as cores eram devidas ao tamanho da part
cula de luz. Newton acreditava na teoria corpuscular da luz tendo grandes desavenas com Huygens que acreditava na teoria ondulatria. Posteriormente, provou-se que a teoria de Newton no explicava satisfatoriamente o fenmeno da cor. Mas sua teoria foi mais aceita devido ao seu grande reconhecimento pela gravitao. Ainda no sculo XVIII, um impressor chamado Le Blon testou diversos pigmentos at chegar aos trs bsicos para impresso: o vermelho, amarelo e azul. 3 No sculo XIX o poeta Goethe se apaixonou pela questo da cor e passou trinta anos tentando terminar o que considerava sua obra mxima: um tratado sobre as cores que poria abaixo a teoria de Newton. Goethe dizia que a pintura " capaz de produzir um mundo vis
vel muito mais perfeito que o mundo real". Ele realmente descobriu aspectos que Newton ignorara sobre a fisiologia e psicologia da cor. Observou a reteno das cores na retina, a tendncia do olho humano em ver nas bordas de uma cor complementar, notou que objetos brancos sempre parecem maiores do que negros. Tambm reinterpretou as cores pigmentos de Le Blon, renomeando-os prpura, amarelo e azul claro, se aproximando com muita preciso das atuais tintas magenta, amarelo e ciano utilizadas em impresso industrial. Porm as observaes de Goethe em nada feriam a teoria de Newton, suas explicaes para os fenmenos eram muitas vezes insatisfatrias e ele no propunha nenhum mtodo cient
fico para provar suas teses. Sua publicao "A teoria das cores" caiu em descrdito na comunidade cient
fica, no despertou interesse entre os artistas e era deveras complexo para leigos. Suas observaes foram resgatadas no in
cio do sculo XX pelos estudiosos da gestalt e sobre pintores modernos como Paul Klee e Kandinsky. Atualmente, o estudo da teoria das cores nas universidades se divide em trs matrias com as mesmas caracter
sticas que Goethe propunha para cores: a cor f
sica (ptica f
sica), a cor fisiolgica (ptica fisiolgica) e a cor qu
mica (ptica fisico-qu
mica). O contedo basicamente a teoria de Newton acrescida de observaes modernas sobre ondas. Os estudos de Goethe ainda podem ser encontrados em livros de psicologia, arte e mesmo livros infanto-juvenis que apresentam iluses de ptica. Hoje no h tanto mistrio sobre a natureza da luz e das cores. Cor a sensao provocada pela ao da luz sobre o rgo da viso. Nenhuma dessas classificaes se mostrou totalmente perfeita porque a preferncia do ser humano por elas obedece a muitas variveis (individuais e coletivas, culturais e f
sicas), que interagem entre si. 6 2.8. Branco Pitgoras, o filsofo grego, acreditava que a cor branca continha, alm de todas as outras cores, todos os sons. Muitos dos antigos templos e das atuais igrejas so brancos. As tradies nipnicas consideram o branco a cor do luto. Para denotar inocncia virginal, l
rios brancos apareciam nas pinturas da Anunciao. 2.9. Cinza Essa cor foi utilizada pelos povos primitivos para marcar as paredes das cavernas e reclamar seus dom
nios. uma cor sombria, e foi utilizada pelas pessoas comuns durante o tempo de Carlos Magno, no sculo VIII. 2.10. Preto Na Grcia antiga, o preto simbolizava a vida porque o dia nascia da escurido. Em Madagascar uma pedra negra colocada em cada um dos quatro pontos cardeais, sobre o tmulo, para representar a fora da morte. J para os antigos eg
pcios a negra lama do Nilo representava um renascer e os gatos pretos eram considerados duplamente sagrados. Na Roma antiga sacrificavam-se bois pretos para satisfazerem os deuses das profundezas. 7 3. A ConcepÄÅo FÉsica das Cores O estudo de luz e cor deve ser iniciado pela F
sica elementar, uma vez que a luz uma onda eletromagntica. Sendo assim, da F
sica vem que, todas as ondas eletromagnticas se propagam no vcuo com a mesma velocidade c com o valor de 300.000.000 m/s (velocidade da luz). Em decorrncia deste fato, e sabendo-se a freqncia de uma onda eletromagntica (f), no vcuo, pode-se determinar o comprimento de onda (λ) desta radiao, atravs da seguinte equao: λ = c/f. 8 Desta forma, pode-se ento exemplificar as ondas eletromagnticas de maior importncia nas pesquisas e nas aplicaes prticas, em funo do comprimento de onda (propriedade que fornece uma das principais caracter
sticas da onda): Raios-X (faixa de 10-1 at 10 A), ondas ultravioletas (faixa de 1 at 400 mm), o espectro de luz vis
vel (faixa de 400 at 700 mm), ondas infravermelhas (faixa de 700 mm at 1 mm) e faixas de radiofreqncia (que variam de 20 cm at 105 m). O espectro de luz vis
vel, pode ento assumir diversas cores (desde o violeta at o vermelho), em funo do comprimento de onda, como exposto na tabela ao lado. Como o comprimento de uma onda da luz muito pequeno (da ordem de 10-5 cm), a teoria da f
sica se divide em dois grandes grupos: tica F
sica, que trata dos fenmenos ondulatrios da luz e tica Geomtrica, que estuda o comportamento da onda quando esta interage com objetos muito maiores que o comprimento da onda da luz. Desta forma, vo-se discutir agora dois fenmenos da tica Geomtrica: a reflexo e a refrao. Para tal, supe-se que haja um plano, ao qual incide um raio luminoso e que parte deste raio seja refletido por este plano e parte seja refratado. Define-se como ngulo de incidncia como sendo o ngulo formado pelo raio e a normal a este plano, ngulo de reflexo entre a normal do plano e raio refletido e ngulo de refrao como sendo entre a normal e o raio refratado. Pode-se provar (por ex. pela Lei da Conservao da Quantidade de Movimento) que o ngulo de incidncia igual ao ngulo de reflexo (Lei da Reflexo), e que o ngulo de refrao pode ser dado pela Lei de Snell, de acordo com o
ndice de refrao de cada material. Como j foi dito anteriormente, as ondas eletromagnticas se propagam no vcuo com a mesma velocidade c, ou seja, a velocidade da luz. Entretanto, quando estas ondas se propagam em um meio material, a velocidade de propagao de cada onda (v) passa a ser Cor Violeta 380-440 m Azul 440-490 m Verde 490-565 m Amarelo 565-590 m Laranja 590-630 m Vermelho 630-780 m 11 O processo de formao de cores por pigmentao, baseia-se na descrio da palheta do pintor, uma vez que a luz ao atingir a camada de pigmentos sofre processos de reflexo, absoro e transmisso (fenmeno conhecido como espalhamento) produzindo assim a(s) cor (es) desejada(s). Esta tcnica, como no poderia deixar de ser, muito utilizada na pintura de quadros. Outro processo de formao de cores o chamado processo aditivo, um exemplo deste processo pode ser visto a cima, onde duas fontes luminosas de cores diferentes so projetadas em duas regies. Na rea de interseo h a formao de uma nova cor, uma vez que, o olho no consegue distinguir diferentes componentes. O processo aditivo usado largamente nas televises comerciais. Outro processo, ainda, de formao de cores o processo subtrativo que utilizado em slides. Este processo baseia-se no uso de filtros ou corantes que tem por objetivo filtrar determinados comprimentos de onda. Exemplificando: ao se emitir uma luz branca (que possui todos os comprimentos de onda) sobre um filtro verde, este filtra todos os comprimentos de onda deixando passar apenas o comprimento de onda relativo cor verde, produzindo assim o verde. Na utilizao de corantes o processo o mesmo s que so usados pigmentos que absorvem e refletem alguns comprimentos de onda. 3.2. Teoria das cores A conscincia sobre as cores sempre esteve presente no humano, desde o tempo que ele andava em um universo verde atento para um alerta vermelho, fosse fruta, animal ferido ou fmea no cio. 12 3.2.1. O que cor? Cor como o olho humano (e o dos seres vivos animais) interpreta a reemisso da luz vinda de um objeto que foi emitida por uma fonte luminosa por meio de ondas eletromagnticas, correspondentes parte do espectro eletromagntico que vis
vel (400 a 700 nanmetros). Pode ser definida tambm como uma percepo visual provocada pela ao de um feixe de ftons sobre clulas especializadas da retina, que transmitem atravs de informao pr- processada no nervo ptico, impresses para o sistema nervoso. A cor de um material determinada pelas mdias de freqncia dos pacotes de onda que as suas molculas constituintes refletem. Um objeto ter determinada cor se no absorver justamente os raios correspondentes freqncia daquela cor. Assim, um objeto vermelho se absorve preferencialmente as frequncias fora do vermelho. A cor relacionada com os diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagntico. So percebidas pelas pessoas, em faixa espec
fica (zona do vis
vel), e por alguns animais atravs dos rgos da viso, como uma sensao que nos permite diferenciar os objetos do espao com maior preciso. Considerando as cores como luz, a cor branca resulta da sobreposio de todas as cores, enquanto o preto a ausncia de luz. Uma luz branca pode ser decomposta em todas as cores (o espectro) por meio de um prisma. Na natureza, esta decomposio origina um arco-
ris. a) Carga de cor Na f
sica de part
culas, carga de cor uma propriedade de quarks e glons que est relacionada com a fora existente entre eles, no contexto da cromodinmica quntica. Existem muitas analogias entre a carga de cor e a carga eltrica, contudo existem algumas importantes diferenas e complicaes adicionais. A cor de um quark ou um glon em nada tem a ver com o conceito tradicional de cor, tratando-se apenas de uma analogia. Pode-se convencionar que as trs cores existentes so o vermelho, o azul e o verde. Da mesma maneira, cada cor tem sua anticor; antivermelho, antiazul e antiverde (ou ciano, magenta e amarelo). 13 Os quarks possuem trs cores: vermelho, azul e verde. Os antiquarks, antivermelho, antiazul e antiverde. As cores podem ser representadas como vetores em um plano, conforme a figura acima. A adio das trs (anti)cores ou de uma cor e sua anticor gera a cor branca, ou seja, a ausncia de cor. 3.2.2. Luz A fuso nuclear ocorrida no Sol produz um fluxo macio de energia. A parte vis
vel pelo olho humano desta energia chamada de luz. Devido dualidade onda-part
cula, a luz exibe simultaneamente propriedades de ondas e de part
culas. A distncia entre cada crista de tal onda chamada de comprimento de onda. Cor-luz ou cor-energia aquela, em que a Teoria das Cores, que, contrapondo-se cor- pigmento, diz respeito reflexo dos raios luminosos - e no pela cor efetiva contida na substncia. Identificada pelo fenmeno da refrao dos raios solares, essa concepo das cores deu-se pela primeira vez com o f
sico ingls Isaac Newton, no ano de 1666. Segundo essa compreenso, a cor percebida pelos olhos aquela refletida pelo objeto no qual o raio solar incide. O branco, assim, consiste na reunio de todas as cores, ao passo em que o preto seria a ausncia de cor. A cor pigmento, ao contrrio, ter um efeito diverso: misturando-se todas as cores o resultado ser uma espcie de marrom. A comprovao cient
fica da teoria luminosa das cores pode ser feita com um experimento relativamente simples: colocando-se um disco contendo as sete cores do arco-
ris, ou seja, aquelas obtidas pela refrao, e girando-se velozmente o mesmo, a partir de certa velocidade o olho deixar de perceber as varias cores e passar a ver apenas o reflexo de todas elas juntas: o branco. a) Espectro de luz vis
vel Os comprimentos de onda vis
veis se encontram entre 380 e 750 nanmetros. Ondas mais curtas abrigam o ultravioleta, os raios-X e os raios gamas. Ondas mais longas contm o infravermelho, o calor, as microondas e as ondas de rdio e televiso. O aumento de 16 Como j foi mencionado, as cores do sistema XYZ no so realizveis fisicamente. Sendo assim, pode-se obter as grandezas colorimtricas desse sistema a partir do sistema CIE- RGB, a partir das seguintes hipteses: As componentes de cor devem ser positivas. Deve-se obter o maior no poss
vel de cores espectrais com algumas coordenadas de cromaticidade nula e, duas primrias devem ter luminncia ZERO. 17 Finalmente, definindo os vetores da cor branca de referncia de cada sistema e fazendo uma transformao inversa, obtm-se as grandezas do sistema XYZ em funo de RGB como apresentado no quadro da pgina anterior. A forma do slido de cor CIE XYZ (contem todas as cores vis
veis) pode ser visto ao lado. Basicamente, de forma cnica, com o vrtice na origem. apresentado tambm o plano de crominncia ou o plano de Maxwell (X + Y + Z = 1), que tem importncia para se obter uma representao paramtrica do espao de cromaticidade. Pode-se destacar tambm o tringulo formado pela interseo deste plano com os eixos do espao de cor XYZ que chamado tringulo de Maxwell. Analisando-se a figura ao lado, pode-se concluir que as cores vis
veis se encontram no primeiro octante do espao de cor. Uma cor C pode ser representada da seguinte forma C = x X + y Y + z Z. Pode-se definir valores de cromaticidade, que dependem somente dos comprimentos de onda dominantes e da saturao e so independentes da parcela de energia luminosa (luminncia), a partir das seguintes equaes: x = X / (X+Y+Z); y = Y/(X+Y+Z); z = Z/(X+Y+Z). Nota-se que x + y + z = 1, uma vez que x, y e z esto no plano X+Y+Z =1. Sendo assim, retirando o brilho ou a luminosidade da definio da cor em CIE XYZ, e utilizando as coordenadas de cromaticidade x e y, obtem-se o Diagrama de Cromaticidade do CIE. O interior e o contorno deste diagrama com forma de ferradura representam todas as cores vis
veis. Todas as cores puras do espectro esto localizadas na regio curva do contorno, enquanto que a linha reta deste contorno chamada de Linha Prpura ou Linha Magenta, uma vez que ao longo desta linha se encontram as cores prpuras e magenta saturadas. Estas cores no podem ser definidas por um comprimento de onda dominante e desta forma so denominadas no-espectrais. Destaca-se ainda neste diagrama a luz branca padro que definida em um ponto prximo de x = y = z = 1/3. 18 Utilizando-se o Diagrama de Cromaticidade do CIE, pode-se visualizar com mais facilidade conceitos como saturao de uma cor e cores complementares. Na parte superior da figura abaixo se pode dizer que a saturao da cor C1 definida como sendo a / (a+b). Na parte inferior verifica-se que C complementar a C, pois so cores que quando combinadas produzem a luz branca. Exemplos de cores complementares so: o ciano - vermelho, magenta - verde e amarelo - azul. Este diagrama pode ser til na visualizao de gamutes de monitores e impressoras, e sero vistos adiante no item sobre sistemas de cores utilizados nos dispositivos. 21 Os cones so distribu
dos de forma desequilibrada sobre a retina. 94% so do tipo R e G, enquanto apenas 6% so do tipo B. Esta aparente distoro de fato uma adaptao evolutiva. A presena de um terceiro cone uma caracter
stica dos primatas. Os demais mam
feros contam com apenas dois cones. O terceiro cone que desenvolvemos, alm de dar mais informaes sobre cores, traz fundamentalmente uma melhoria na percepo de contrastes. Isto proporcionou aos primatas uma vantagem na competio por alimentos e na vida nas copas das rvores. 4.1.2. O que o olho humano capaz de ver? Embora ns possamos contar com nossos olhos para nos trazer a maior parte das informaes do mundo externo, eles no so capazes de revelar tudo. Ns podemos ver apenas objetos que emitam, ou seja, iluminados por ondas de luz em nosso alcance de percepo, que representa somente 1/70 de todo o espectro eletromagntico. O olho humano enxerga radiaes luminosas entre 4 mil e 8 mil angstrns (unidade de comprimento de onda). Homem e macaco so os nicos mam
feros capazes de enxergar cores. Certos animais (pssaros, alguns rpteis e peixes) foram evolutivamente privilegiados com um tipo de cone a mais (totalizando quatro tipos de cones contra apenas dois da maioria dos mam
feros e trs dos seres humanos e dos demais primatas) e desenvolveram um sistema visual tetra cromtico, que possibilita a viso ultravioleta (GOLDSMITH, 2006). Esta, alis, motivo de controvrsia, pois dados da literatura cient
fica indicam que pessoas cujos cristalinos foram removidos devido cirurgia da catarata, passaram a ter tima viso na faixa do ultravioleta (WALD, 1969). Porm, tal viso seria invivel sem os cones com sensibilidade apropriada. Alguns insetos e artrpodes tambm so capazes de perceber a radiao ultravioleta, mas possuem um sistema visual colorido diferenciado em relao ao do homem (ROBINSON, 2007; GOLDSMITH, 2006). A maioria dos insetos, por exemplo, no distingue a cor vermelha (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986). 4.1.3. A subjetividade das cores Toda cor uma interpretao que o crebro faz dos sinais luminosos. Por isso, nunca se saber ao certo se duas pessoas enxergam uma cor exatamente da mesma maneira. s vezes, a percepo de uma cor pode ser afetada pelo efeito de contraste. 22 4.2. A teoria tricromtica 4.2.1. Introduo A viso consiste numa espcie de interface entre um organismo e o meio exterior, capaz de distinguir entre as radiaes eletromagnticas existentes aquelas que so sens
veis. Apenas trs filos do reino animal possuem tal capacidade (WALD, 1969). um processo to complexo que, no caso dos seres humanos, envolve cerca de quarenta por cento (40%) do crebro; a maior proporo entre os cinco sentidos (WERNER; PINNA; SPILLMANN, 2007). Enxergar cores tido por alguns como um privilgio desnecessrio. Certamente, inmeras sensaes e emoes seriam dramaticamente afetadas, mas afora conseqncias subjetivas, nada seria significativamente prejudicado em n
vel de sobrevivncia sem o plus da viso colorida. Hoje, talvez isso faa algum sentido, porm, h milhes de anos, foi justamente em funo da sobrevivncia dos mais aptos que nossos ancestrais se beneficiaram de mutaes genticas que permitiram distinguir no ambiente as cores de frutos em meio folhagem (GOLDSMITH, 2006). Esse luxo da humanidade e de poucos primatas, compartilhado apenas com aves, lagartos, tartarugas e alguns peixes teria, entretanto, funes mais relevantes que enfeitar a vida. Estudos recentes indicam uma grande dependncia entre as cores e outros atributos dos objetos tais como a forma e a profundidade (WERNER; PINNA; SPILLMANN, 2007). Uma das primeiras tentativas de explicar o processamento visual colorido foi proposta no in
cio do sculo XIX, pelo f
sico ingls Thomas Young (On The Theory Of Light And Colours, 1802), e aprimorada pelo mdico e f
sico alemo Hermann von Helmholtz (Physiological Optics, 1866), passando a compor os primrdios do que hoje conhecemos por teoria tricrmica. Obteve respaldo quando, em 1964, foram efetivadas medidas de absoro da luz em um nico cone (fotoclula da retina) por intermdio de um microespectrofotmetro. Por no conseguir explicar certos aspectos da viso (como a inexistncia de certas cores como, por exemplo, verdes avermelhados), outra teoria foi desenvolvida pelo fisiologista alemo Karl Ewald Hering, que props um sistema visual baseado na oponncia de cores. No h ainda um consenso ou uma teoria capaz de abranger a enorme variedade de questes em aberto (BARTHEM, 2005; NASCIMENTO, 2004). A viso das cores vai muito alm da simples absoro e reflexo de determinados comprimentos de onda da luz. um fenmeno que requer uma abordagem bem mais ampla 23 e multidisciplinar do conhecimento (PESA; BRAVO; COLOMBO, 2003; WERNER; PINNA; SPILLMANN, 2007). De fato, a diversidade de institutos de pesquisa e de profissionais envolvidos corresponde a esta demanda: neurocientistas, psicof
sicos, bioqu
micos, f
sicos e bilogos, colaboram com esforos interdisciplinares para uma melhor compreenso dessa complexa interao entre matria e energia. 4.2.2. Sintonizando... De 428 a 750 terahertz De todo o espectro eletromagntico (Fig. 1), apenas uma estreita faixa captada pelos olhos humanos. 26 Fig. 2 - Esquema das estruturas envolvidas no sistema visual. (A) Olho humano recebendo energia luminosa de um fton de luz. A retina uma fina camada com cerca de 0,5 mm de espessura que reveste internamente o olho. (B) Retina ampliada: camadas de clulas nervosas e clulas fotossens
veis. (C) Uma clula fotossens
vel ampliada. No segmento externo existem diversos discos empilhados, cada um deles (em destaque) tem sua membrana crivada com milhares de complexos de rodopsina. (D) Cada complexo consiste de uma prote
na atravessada na membrana em cujo mago um nicho contm uma molcula de retinal 27 Ao observar o grfico da Fig. 4, poss
vel verificar a combinao de diferentes graus de sensibilizao (absoro relativa de luz) de cada cone em resposta aos diferentes est
mulos visuais (cores). Para entender como funciona a interpretao da informao codificada, conforme ilustra a Tabela 3, observe que, no grfico da Fig. 4, onde as linhas verticais tracejadas (exemplos de algumas cores) cortam as curvas de absoro relativa de cada cone, formando os pontos de cruzamento correspondentes aos valores de absoro relativa daquele cone para aquela cor. Por exemplo: a linha vertical tracejada que indica a cor verde corta a curva do cone vermelho em 31%, do cone azul em 36% e do cone verde em 67%, ou seja, a combinao desses trs percentuais de estimulao perfaz o cdigo: 31 36 67 o qual ser interpretado pelo crebro como (uma das muitas gamas da) cor verde. 28 4.3. A Percepo das Cores As cores s existem se trs componentes estiverem presentes: um observador, um objeto e luz. Apesar de a luz branca ser normalmente encarada como "sem cor", na realidade ela contm todas as cores do espectro vis
vel. Quando a luz branca atinge um objeto ele absorve algumas cores e reflete outras; somente as cores refletidas contribuem para a interpretao da cor feita pelo observador. 4.3.1. Nossos olhos e a viso O olho humano sente o espectro de cores usando uma combinao da informao vinda de clulas localizadas no olho, chamadas de cones e bastonetes. Os bastonetes so mais adaptados a situaes de pouca luz, mas eles somente detectam a intensidade da luz, os cones, por outro lado, funcionam melhor com intensidades maiores de luz e so capazes de