Baixe Livro - pef - mecânica - fascículo 12 - gravitação e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Matemática, somente na Docsity! PROJETO
DE ENSINO
DE FÍSICA
IFUSP - Instituto de Fisica da Universidade de São Paulo
MEC/FAE /PREMEN
cia Gravitação
MEC/FAE/PREMEN
PEF -— PROJETO DE ENSINO DE FÍSICA,
constituído de quatro conjuntos destinados ao Ensino de
2º Grau, foi planejado e elaborado pele equipe técnica
da Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IPUSP)
mediante convênios com a FAE & o PREMEN.
Coordenação
Ernst Wolfgang Hamburger
Giorgia Mascati
Mecânica
Antonia Rodrigues
Antonia Geraldo Violin
Diomar da Rocha Santos Bittencourt
Hideya Nakano
Luiz Muryllo Mantovani
Paulo Alves de Lima
Plínio Ugo Mereghini dos Santos
Eletricidade
Eliseu Gabriel de Pleri
José de Pinto Alves Filho
Judite Fernandes de Almeida
Eletromagnetismo
Jesuina Lopes de Almeida Pacca
João Evangelista Steiner
Programação Visual
Carlos Egídio Alonso
Carlos Roberto Monteiro de Andrade
Ettore Michele di San Fili Bottini
Jogo Baptista Novelli Júnior
Fotografia a Reproduções
Jusé Augusto Machado Calil
Washington Mazzola Racy
Secretaria e Datilografia
Carlos Eduardo Franco de Siqueira
Janete Vieira Garcia Novo
Linguagem
Claudio Renato Weber Abramo
Maria Nair Moreira Rebello
Gonstrução de Protótipos
José Ferreira
Voanerges do Espírito Santo Brites
Desenho Industrial
Alessandro Ventura
Colaboraram o pessoal da Secretaria, Oficina Gráfica
Administração, Oficina Mecânica & Oficina Fletrônica
da JFUSP.
IFUSP: Caixa Postal 8219, São Paulo — SP
> Astronauta -— Claudio
É No — Tozzi (1969). Um dos
GEES
BE problemas da exploraçõe
espacial é a “musência de peso” ou impondera-
bilidade a que os astronautas ficam sujeitos em
suas missões, A pressão arterial é afetada e a
densidade óssea diminui, voltando entretanto coa
normal depois do retorno à Terra. O metabolis-
me do cálcio é afetado, de modo que em futuros
missões espaciais mais longas haverá perigo de
atrofia óssea e de trombose arterial.
SUMÁRIO
Sravitação-
1. A lei da gravitação universal . 26
2. Exercícios de aplicação . 128
Verificação da tei gravitacional no movimento de um
satélite «1240
. Energia potencial do satélite .. 1243
. Cálculo da energia potencial do's LBA?
. imponderabilidade . - 1248
Leitura Suplamentar
O Universo em que vivemos 12
Astrolábio (séc. XVI),
ugaro pars medir
a altura do Sol
«2 determinar
a hora,
bem como
a posição
& covrdena-
das dos
corpos
celestes.
8 Jan,
9 Mar,
28 Abr. EA =
Dm & Abr.
9 Nov. 10 Out.
4
10 Set.
Trajetória aparente do Marte am relação às estrolas fixas,
mostrando um movimento de regressão entre 10 da so-
tembro o ?8 de abril. No capitulo 1, pág. 8, discutimos
come ocorre esta regressão. .
nico da imobilidade da Terra. Por essa razão,
o Universo heliocêntrico de Aristarço ficou
esquecido,
Quatro séculos mais tarde, por volta de
150 d.€., o astrônomo alexandrino Cláudio
Ptolomeu empreendeu a tarefa de melhorar o
sistema geocêntrico de Eudáxio-Aristóteles; o
Almagesto, obra em que o modelo ptolomai-
co era exposto, constituiu a Biblia astronômi-
ca dos 1400 anos que se seguiram. Segundo
Ptolomeu, cada planeta girario em torno da
Terra segundo umo trajetória resultante da
composição de vários movimentos circulares.
A esfera clas estrelas fixas — isto é, o firma
mento — envolveria a tudo como a casca de
um ovo. Para explicar os movimentos de to-
dos os astros, eram necessários cerca de 80
círculos, o que complicava extraordinaria-
mente as coisas. O Rei Alfonso X de Castela,
por exemplo, quando foi iniciado no sistema
ptolomaico, declarou que “se o Todo-Poderoso
me tivesse consultado antes de iniciar a crio-
ção, eu lhe houvera recomendado algo mais
simples”,
As tábuas astronômicas construídas por
Prolomeu com base em seu modelo eram bas-
tante acuradas: as grandes navegações se fi-
zeram com base nelas. Isso explica a aceita-
ção do sistema ptalomaico, apesar de, como
modelo teórico, estar muito longe do ra-
zoável,
O primeiro golpe contra o geocentrismo
foi desferido por Nicolau Copérnico (1473-
-1543), que retornou -- go que parece por
conta própria — ao sistema heliocêntrico de
Aristarco, Entretanto, ele continuou fiel ao
dogma da circularidade dos movimentos pla-
netérios, o que o obrigou q adotar um es-
quema semelhante ao de Prolomeu para ex-
plicar os movimentos dos planetas: composi-
ção de movimentos circulares, Isso tornava
seu sistema ainda mais complicado que o
geocêntrica, com «a desvantagem adicional de
não dar lugar, como este, a tabelas astronô-
micas em que se pudesse confiar. Por essas
razões, a aceitação do heliocentrismo coper-
nicano teve que esperar o aparecimento, no
cenário científico, de dois outros homens: Joha-
mnes Kepler e Galileu Golitei,
Kepler fora assistente do grande astrô-
nomo dinamarquês Tycho Brahe, que, em seu
castelo na ilha de Hveen, montara um fabu-
loso observatório astronômico, e mais com-
pleto até o surgimento dos observatórios mo-
dernos. Estudando os dados obtidos por Ty-
cho em mais de 20 anos de observações ex-
tremamente precisas, Kepler, já convertido ao
-heliocentrismo, verificou que nenhuma combi-
nação de círculos poderia resultar nas traje-
tórias aparentes fornecidas por esses dados.
Chegou, enfim, à conclusão de que as traje-
tórias dos planetas em torno do Sol são elip-
12-3
ESET RESST EESADO
ses, enunciando mais duas leis sobre o movi-
mento planetário,
Foi entretanto Galilou, e não Kepler, o
grande propagandista do heliocentrismo;
apesar de jamais ter aceito a idéia de que as
órbitas dos planetas são elipses, agarrando-
-se ainda ao dogma da circularidade, Galileu
fez as descobertas astronômicas e escreveu os
livros que acabariam por derrubar o geocen-
trismo.
A contribuição de Galileu à Astronomia
iniciou-se quando ele recebeu como presente
um instrumento recém-inventado na Holan-
da: uma luneta, No espaço de poucos meses,
Galileu fez observações revolucionárias: des-
srevey a relevo lunar -- mostrando que os as-
tres não são “perfeitos”; verificou que a Via
Láctea é um aglomerado de estrelas, e não
uma nebulosidade que reflete a luz do Sol
ou da Lua, como se acreditava; descobriu os
satélites de Júpiter, mostrando que existem
corpos celestes que decididamente giram em
torno de outro astro que não a Terra; desco-
briu os manchas solares e as fases de Vênus.
As atividades astronômicos de Galileu
— acompanhadas pela publicação de livros
e panfletos dirigidos ao público leigo -- e as
polêmicas em que se envolveu — muitos vezes
conduzidas de modo violento — terminaram
por atrair a atenção da Santa Inquisição (e
braço político da Igreja). De fato, os altos es-
calões da hierarquia eclesiástica viam com
crescente apreensão as invectivas de Galileu
contra os seculares dogmas cientifico-religio-
sos que constituiam a base das concepções
124
ias de
teológicas então predominantes, todas com-
prometidas, de alguma forma, com a filaso-
fia aristotélica. Duvidar do imobilidade da
Terra era, para esses dignitários, o mesmo
que duvidar das Sagradas Escrituras.
A indignação da Igreja contra Galileu
alcançou o elimax quando este publicou seu
livro Diálogos a Respeito dos Grandes Siste-
mas do Mundo; nessa obra, as concepções
geocêntricas eram expostas qo ridículo, em
favor do heliocentrismo (que, não raro, era
defendido com argumentos errôneos).
Como consequência da publicação dos
Diálogos, Galileu foi julgado é condenado
pela Inquisição; sua pena foi a de abjurar de
teoria heliocêntrica e passar o resto da vida
em prisão domiciliar,
G1 —
Qual é, segundo Kepler, a forma das
órbitas planetárias em torno do Sol?
Q2 — A velocidade de um planeta em rela-
são ao Sol é maior quando os dois
astros estão mais próximos ou quan-
do estão mais afastados? Baseie-se na
fei das áreas para dar sua resposta.
&3 — Sabendo que para a Terra a relação
R/T" vale 2,48 X 10º (kmº/ dias),
qual é o valor dessa relção para
Marte? Sabendo que o semi-eixo
moior da órbita de Marte tem compri-
mento 2,28 X 10ºkm, quanto dura,
em dias terrestres, o ano marciano?
Baseie-se na terceira lei de Kepler
para responder a essas perguntas,
1. A lei da gravitação
universal
As leis de Kepler fornecem apenas uma
descrição geométrica do movimento dos pla-
netos, não resultando em nenhum mecanis-
mo que os explique, Coube a Isaac Newton
estabelecer coma esses movimentos ocorrem
do ponto de vista físico.
Para explicar os movimentos planetá-
rios, Newton começou por relacionar o com-
portamento da Lua em sua órbita com o com-
portamento de um corpo em queda próxima
à superfície terrestre. Para a Lua descrever
um movimento circular em torno da Terra —
a excentricidade da órbita lunar é muito pe-
quena, podendo ela, com boa aproximação,
ser considerada circular — é necessário que
esteja sob a ação de uma força centrípeta.
Newton perguntou-se, então, por que tal for-
O observatório
de Tyeho Brshe, em
Stjsrneborg (Dinamarca).
Rs -
12-&
Ri — Elípilca, com o Sol em um dos focos.
R2 — À velocidade de um planeta é maior
quando está mais próximo, pois, do
acordo com a Lei das Áreas, em Inter-
valos iguals de tempo, o segmento que
liga seu centro ao centro do Sol deve
varrer áreas iguais, e quando está mais
próximo, esse segmento é menor e por-
tento precisa se deslocar mais.
R3 — a) 248% 10!9kmi/diast,
b) Aproximadamente 694 dias.
R4 — Aproximadamente 1,0x10m/s.
R5 -— Aproximadamente 2,6x 10-2m/s2.
R6 -— Aproximadamente 9,8m/s2.
2. Exercícios de aplicação
A primeira determinação experimen-
tal da constante G foi feita em 1798,
por Cavendish, O valor aceita atualmente
é 6,673X10"N.m'/kg*, Nos exercícios se-
guintes, para simplificar seus cálculos, use o
valor arredondado:
67X 10UN im /kg”.
E1 — Calcule a força de atração gravitacio-
nal que age entre duas pessoas, cada
uma de massa 50kg, colocadas à dis-
tância de 1 metro uma da outra.
E2 -- Sabendo-se que a massa da Terra é
6,0X10"kg e o raio de sua árbito
64X 10ºm, calcule o peso de uma pes-
soa de massa 50kg na superfície da
Terra o partir da lei gravitacional de
Newton.
E3 — Sabendo-se que a massa da Lua é
TAX10Pkg e seu raio 17X 10ºm, cal-
cule o peso de uma pessoa do massa
50kg na superfície lunar, Compare
12-8
E4 —
Es —
E6 —
este valor com o peso da mesma pes-
soa na superfície terrestre.
Caleule o valor da força com que 6
Terra atrai o lua, isto é, o peso da
Lua em relação à Terra. A distância
entre o centro da Terra e o centro da
Lua é 3,84X 10'm,
Quando uma pedra cai ao chão, co
ser atraída pela Terra, sua aceleração
é de 9,8m/s”, Como a pedra também
atrai a Terra, pode-se dizer que q Terra
também “cai” sobre a pedra.
a) Se q massa da pedra é de 0,5kg,
qual é o valor da força com que
ela atrai a Terra?
b) Quel é «a aceleração da Terra de-
vido q essa força?
Determine, através da terceira lei de
Kepler (R/T? = K), o raio da órbita
do planeta Vênus, sabendo que seu
período orbital é 1,9x10's. Para deter-
minar a constante K, utilize os dados
abaixo referentes & Terra:
raio da órbita — 1,5X 10Um;
período orbital -- 3,2X 10's.
12-9
i H dia
Distância a
Posição jao centro da favf jal
Terra (km) km/h km/h/min
A
B
€
D
tabela 1
3. Verificação da lei gra-
vitacional no movimento
de um satélite
Um satélite artificial em órbita em
torno da Terra deve, como qualquer ouviro
corpo, estar sujeito às leis gravitacionais.
Podemos verificar esse fato no caso do saté-
lts Kosmos 139, sobre cuja órbita temos
informações. Para isso, devemos determinar
as acelerações do satélite em vários posi-
ções «o longo de sua órbita. A partir dessas
acelerações, podemos calcular os forças que
agem sobre ele e verificar se elas variam
com a distância r o centro da Terra segundo
17?. As velocidades nos pontos 1,2,3,4e 5
da órbita estão representadas graficamente
na figura 1. Essas velocidades estão repre-
sentadas também a partir de um único ponto
de origem 6.
Q7 -— Meça, na figura, as distâncias que
vão dos pontos À, B, € e D até o cen-
tro da Terra. Quais os valores reais
dessa distâncias? Preencha a coluna
| da tabela +.
as — Sabendo que o raio (R) da Terra vale
6,4X10'km, verifique se os pontos À,
B,Ce D estão respectivamente a dis-
tôncios 2R, 3R; 4R e 5R do centra da
Ferra.
12-10
Para determinar as acelerações do sa-
tálite em À, B, Ce D, você vai determinar as
variações de velocidade nos diversos trechos
da órbita.
q9 — Determine graficamente as variações
>
. de velocidade Av indicadas abaixo
e preencho a coluna Il da tabele 1
com os módulos de Av em km/h.
> >
o) 4 — W
> >
b) tm Va
> >
O 4 —
> >
d) va — Va
GIO -- Quais são aproximadamente os mó-
dulos das acelerações médias nas
posições 4, B, € e D? Para calculá-
“los, veja na figura os intervalos de
tempo correspondentes às variações
de velocidade; preencha depois q
coluna HH da tabela 1.
Q11 — Usando a escala Tem: 300km/h.min,
represente nas posições A, B, €
e D os respectivos vetores aceleração.
tembre-se de que a direção e o sen-
tido da aceleração são, em cada
>
caso, os mesmos de Av.
Q12 — Quais são as direções das acelera-
ções?
Você deve ter verificado que as acelera-
ções estão dirigidas para o ceniro da Terra.
Isto era de se esperar, pois a aceleração do
satélite é devido à força de atração gravita-
cional que existe entre a Terra e ele, e por-
tanto deve apontar na direção dessa força.
q13 — Escrevendo as acelerações da tabe-
ja 1, em m/s”, temos a, = 2,4m/S,
a = L3m/9, a = 0,5m/s
e, = 0,28m/s Supondo que a
massa do satélite é de 5000kg,
calcule, usando a segunda lei de
Newton, a força exercida pela Terra
sobre o satélite em cada uma dos
posições 4, B, Ce D.
4. Energia potencial do
satélite
e
Na figura 2 está representada a órbita
do satélite Kosmos 159, ássim como sua velo-
cidade em alguns pontos.
Q20 — Como varia a velocidade do satélite
em relação à distância dele à Ter-
ra?
G21 — Os pontos P e D estão situados à
mesma distância do centro da Terra.
Os valores das velocidades do saté-
lite nesses pontos são iguais?
O que você acabou de verificar é geral,
Em pontes da órbita eguidistantes do centro
da Terra o satélite possui velocidades de
mesmo módulo.
O movimento do sotélite se repete em
cada volta em torno da Terra, Sua velocidade
diminui à medida que ele se afasta da Terra Roo »
atingindo seu valor mínimo ne apogeu, Desse
ponte em dionte, à medida que se aproxima
da Terra, sua velocidade começa a aumentar
em módulo, retomando os mesmos valores
assumidos quando se afastava.
22 — Como varia a energia cinética do
satélite em uma volta completa em
torno da Terra? Onde ela é máxima R
e onde é mínima? 210
Q33 — Em dois pentos da órbita equidistan- Ros «
tes do centro da Terra, o satélite pos- 2a
sui q mesma energia cinética?
As mesmas considerações feitas a res-
peito do módulo da velocidade são válidas
para a energia cinética. De fato, enquanto o
satélite se afasta da Terra sua energia ciné-
tica diminui até alcançar um mínimo quando
ele atinge o apogeu. A partir desse ponta, o
satélite vai se aproximando da Terra e sua
energia cinética vai aumentando, passando Ro: “
por um máximo no perigeu. err gr tr rea,
12-13
Há nisso uma semelhança muito gran-
de com o que ocorre quendo arremessamos
uma pedra para cima.
A velocidade da pedra — e, consequen-
temente, sua energia cinética (1/2 mv”) —
diminui enquanto ela está subindo (se afas-
tando da Terra); é velocidade passa por um
valor mínimo no ponto mais alto de sua tra-
jetória (isto é, o pento mais afastado da Ter-
ra, correspondente go apogeu do satélite)
para em seguida aumentar à medida que cai
(se aproxima da Terra).
Portanto, a energia cinética do satelite
vai “desaparecendo” enquanto ele está se
afastando da Terra, para em seguida “rea-
parecer” quando se aproxima do planeta,
Não há, entretanto, desaparecimento e cria-
são de energia nesse processo: o que há é
transformação da energia. Enquanto a soté-
lite se afasta, sua energia cinética está dimi-
nuindo por causa do trabalho realizado con-
tra a força de atração gravitacional; isto é,
quando ele se afasta sua energia cinética
vai se transformando em energia potencial,
e quando ele se aproxima sua energia poten-
cial se transforma om energia cinética. Isso
acontece de maneira que em cada instante a
12-14
soma de energia cinética com a energia po-
tencial é constante, Assim,
energia cinética + energia potencial =
energia total = constante.
Se essa soma é constante, é necessário
que, entre duas posições do satélite, a varia-
são da energia cinética tenha o mesmo valor
que a variação da energia potencial.
Em linguagem comum, isso se traduz
da seguinte maneira: a quantidade de
energia cinética que o satélite perde (ou ga-
nha) para ir de uma posição a outra é igual
à energia potencial que ele ganha (ou
perde).
924 — Determine a energia cinética do sa-
télite nas posições De E.
925 — Quel foi a variação do energia po-
tencial do satélite entre as posições
De E?
Para exprimir essa idéia, usamos uma
convenção de sinal: quando a energia au-
menta a variação é positiva (+) e quando ela
diminui a variação é negativa (--). Podemos
então escrever:
AE, = — AE,
(variação da energia cinética) = (varia-
ção da energia potencial)
Q26 -- Em que trecho da órbita o satélite
sofre variação positiva de energia
cinética?
927 — Em que trecho da órbita o satélite
sofre variação positiva de energia
potencial?
Observe que falamos somente em varia
são do energia potencial, E, de fato, podemos
somente calcular a variação de energia po-
tencial entre dois pontos, que é o trabalho
realizado quando o satélite desloca-se de um
panto a outro. Mesmo assim, isso é feito de
maneira indireta, pois o que calculamos
realmente é a variação da energia cinética,
«determinando a energia cinética (1/2 mv?)
em cada um dos pontos e efetuando a dife-
rença entre esses valores. Não podemos,
assim, determinar o valor da energia poten-
cial do satélite em um ponto de sua érbito
apenas com as informações de que dispo-
mos. Isso ocorre porque, apesar de sabermos
que E + E, — K, não temos dados sobre o
valor da constante K.
Ros
£ ET
upa
RESPOSTAS
12-15
FÊ
E
|
â
Ê
H
6. Imponderabilidade
Um astronauta dentro de um satélite que
gira em torno da Terra vê os objetos que o cer-
cam flutuarem. Se tentasse determinar o peso de
um objeto dentro da nave com uma balança ob-
teria resultado nulo. Diz-se então — incorreta-
mente, conforme veremos —. que os objetos “não
têm peso” na nave, que estão “livres da gravi
dade”. Peso de um corpo é a força com que q
Terra atrai esse corpo. À Terra exerce uma for-
ça sobre o satélite e sobre todos os objetos den-
tro dele: é por causa dessa força que os satélite
e o seu conteúdo têm uma aceleração e permane-
cem em órbita. Por que então a balança não
acusa este peso? É porque a própria balança tem
a mesma aceleração do objeto e do satélite; estão
todos em queda livre.
Expliquemos melhor, abandonando por um
momento o satélite. Suponha que você está de
pé sobre uma balança colocada em um elevo-
dar.
928 — Se a sua massa é 60ky, quanto indicará
a balança se o elevador estiver para-
do?
Se agora o caho do elevador se rompe
e ele cai em queda livre (isto é, com
aceleração g), qual será a força indi-
cada pela balança?
Q29 -
Se o elevador com a balança está caindo
livremente, você não pode exercer nenhuma
figura 3
força sobre a balança: só se a balença se opu-
sesse qo seu movimento, freanda-o, ela exerceria
alguma força sobre você. Mos isto não ocorre,
Tudo -— você, a balança e o elevador — está
caindo junto com a mesma aceleração g. Em coda
instante todos têm a mesma velocidade. Você
não empurra a balança nem esta empurra o ele-
vador: os três estão sendo acelerados pela força
de gravidade da Terra. Não há forças agindo
entre os três corpos.
Vejamos outro exemplo. Considere um pe-
dregulho e ura tijolo (figura 3). Se o tijolo cai
sozinho, tem aceleração g. Se o pedregulho cai
sozinho, tem mesma aceleração g. Agora, coloca-
mos o pedregulho sobre o tijolo e deixamos am-
bas caírem juntos (figura 3b). A aceleração de
ambos continua sendo g, 6 que mestra que a
força resultante que age sobre cada um é a mes-
mo que quando cade um cai sozinho: o pedregu
lho não empurra o tijolo, nem o tijolo freio o
pedregulho,
Q309 -— Um cavalo dispara com seu cavaleiro e
salta em um precipício. Qual a força
que o cavaleiro exerce sobre o cavalo:
a) antes da queda?
b) durante a queda?
A situação de uma nave em órbita em torno
da Terra é semelhante, Todos os objetos que
estão dentro dela encontrar-se sob q ação da
gravidade, que comuniga a todos a mesma acele-
ração,
O astronouta não pode medir a peso de um
objeto, porque ele e o objeto estão caindo com
RESPOSTAS
Rs» =
Rss º
a mesma aceleração. Para ele pareçe que os ob-
jetos não peso, que são imponderáveis. A
queda do satélite não é vertical porque ele tem
velocidade inicial horizontal, mas não deixa de
ser uma queda com aceleração da gravidade.
Q31 —. Por que a Lua não cai?
032 —— O satélite está livre da gravitade?
Q33 —. Por que o astronauta não pode pesar
um objeto dentro do satélite com uma
balanço?
A expressão “livre de gravidade” não tem
significado em nosso universo, pois nele existem
massas. Qualquer corpo, esteja onde estiver, está
sob q ação da gravidade devido à ação gravita-
cional do resto de Universo.
Naturalmente a intensicdlade dessa ação gra-
vitacional diminui com a distância, mos nunca é
nula.
A situação de uma neve perdida no espaço,
poderíamos dizer, é equivalente à de uma nave
em órbita. O astronauta em uma nave com os
motores desligados sabe que está em “queda ti
vre”, isto é, que está sujeito somente à ação gra-
vitocional quando todos os objetos no interior da
nave estão flutuando, Se num dado instante os
ohjetas cairem no piso da nave e o astronauta sen-
tir uma força que o comprime contra o piso, sa-
berá que a nave não está mais em queda livre,
mas sofreu ação de outras forças além-das gravi-
tacionais: ou o motor da nave foi ligado, ou ela
colidiu com um outro corpo, por exemplo, pou-
sondo na superfície de um astro.
12-19
Antigo mapa (de 6. €. Eimmart) das constelações do Hemisfério Austral.
R2B -— BOkg 2 600N,
R29 — Zero.
R30 — &) O peso do cavaleiro,
b) Zero.
R31 -- Cal: ao percorrer sua órbita em tomo
da Terra, está permanentemente caindo
em direção à Terra, Isto 6, sendo acele-
rada para à Terra. Entretanto, sua velo-
cidade horizontal é suficlente para evitar
que esta queda resulte em uma colisão
com a Torra.
Rag — Não.
na3
- Porque ambos estão em queda livro,
isto é, têm a mesma aceleração.
12-20
emmnanaa ema umada, de=
(Braço espiral
N
3
do
8
E
5
&
vastidões do Universo? Essa dúvida (surgida já
no século XVI) só foi dírimida em 1924, quan-
do, finalmente, e de maneira ineguívoca, se pôde
concluir que o nesso arquipélago de estrelas, cha-
mado a Galáxia, não é o único no espaço, sendo
apenas um entre muitos bilhões de outros.
Hoje em dia, o termo nebulosa é quase que
exclusivamente reservado para designar as gran-
des concentrações amorfas de gases e poeira, en-
contradas nas regiões interestelares de nossa ga-
láxia. Com o desenvolvimento do técnica fotográ-
fica, conseguem-se tirar belíssimas fotos colori-
das dessas nuvens, dessas nebulosas, iluminadas,
por assim dizer, pelas estrelas mais próximas.
3. Os arquipélagos do
espaço
Em linhas gerais, a visão atual do homem
sobre o Universo é a seguinte. As estrelas agru-
pam-se em goláxias, as quais contêm, tipicamen-
te, muitos bilhões de estrelas e que se distribuem
por regiões do espaço da ordem de dezenas e até
centenas de milhares de anos-luz de diâmetro e
possuindo formas que vão desde quase esferas a
elipses alongadas (galáxias elípticas, as mais co.
muns de todos), a espirais (galáxias espirais), a
formações irregulares (galáxias irregulares),
Galáxia de Andrômeda
A galáxia em que vivemos, a Galáxia, con-
siste num enorme disco achatado (com espessura
de 1000 anos-luz na região do So), de forma
espiral, contendo cerca de 100 bilhões de estre-
las (107), com uma massa de 200 bilhões de ve-
zes a do Sol (por falar nisso, a massa do Sol é de
1,99 x 103kg) e um diâmetro, aproximadamen-
te, de 100 mil anos-luz. As estrelas nas galáxias
tipo espirol (como a nossa) distribuem-se essen-
cialmente num plano — e plamo galático -— com
uma concentração muito maior na região central
do disco —- e múcleo galático.
Para um observador exterior à Galáxia, a
visão que ele teria seria muito aproximadamen-
te igual à da enorme galáxia espiral Andrômeda,
situada a dois milhões e duzentas mil anos-luz
de nós.
Estamos agora em condição de responder à
nossa pergunto inicial. O que é a Via Láctea,
essa faixa brilhante de estrelas ao longo da abó-
bada celeste? Ela representa, meramente, o maior
concentração de estrelas distribuídas no plano da
Galáxic, de modo que, ao se olhar nessa direção,
ver-se-ão muito mais estrelas do que em qualquer
outra (examine as figuras no alto da página). O
nosso Sol ocupa uma posição perto desse plano
e q ums 30 mil anos-luz do centro da Galáxia.
Prossigamos com a nossa descrição em lar-
gas pinceladas do Universo. Não são apenas as
estrelas que se agrupam em galáxias. Estas mes-
mos se distribuem em aglomerados, contendo de-
12-23
zenas, centenas e até milhares de galáxias, cada
um deles, A Galáxia pertence a um grupo de 17,
o aglomerado focal (ao quai Andrômeda também
pertence) e que ocupa uma região do espaço da
ordem de 7 milhões de anos-luz. Além desses
aglomerados, podem-se distinguir superaglome-
rados, consistindo cada um deles de aglomerados
de galáxias e ocupando regiões do espaço entre
100 € 150 milhões de anos-luz,
Até onde a nossa observação possa alcançar,
usando os mais potentes telescópios (como o de
Monte Palomar, na Califórnia, que é o maior te-
lescópio óptico do mundo, ou com os grandes ra-
diotelescópios), observa-se que as galáxias e os
aglomerados destas se distribuem uniformemente
pelo espaço em todas os direções,
À medida que a nossa vista se alarga e nos
vamos aprofundando nas imensidões do espaço,
vamos, também, mergulhando no tempo, depa
rando-nos, pois, com um passado cada vez mais
remoto. À visão das galáxias que nos chega das
profundezas do espaço será, portanto, aquela que
elas possuíam há muito tempo atrás.
Chega-se, assim, aos quasares, misteriosos
objetos descobertos em 1963, que parecem repre-
sentar galáxias em formação e cuja luz parece
ter percorrido diversos bilhões de anos-luz antes
de nos alcançar,
Essa é a nossa fronteira atual. A Fronteira
que nos é dada pelos mais potentes telescópios e
radiotelescópios, sendo muito dificil e extremo-
mente arriscado especular sobre o que as nossas
12-24
O telescópio reitetor Schmidt
em Monte Palomar tem 120cm
de diâmetro e complementa
9 grande telescópio Hale, de
500em do diâmetro, pois per-
mite examinar de uma só vez
regiões maiores do céu. É
útil para catalogação dos cor-
pos celestes.
futuras observações desvendarão. Sobretudo se
nos lembrarmos que a nossa visão « compreensão
do Universo à nossa volta tem sido substancial
mente modificada de uns poucos anos para có.
4. Nascimento, vida e
morte das estrelas
Sete ASROSE ST Sae Mg
Apesar do teoria completo da formação de
uma galáxia ser altamente complicada e ainda
não se poder dizer que se conhecem todos os de-
talhes, daremos, a seguir, um esboço extrema
mente simplificado da mesma. O processo se ini-
cia cora uma imensa nuvem de gás, extremamen-
te tênue e composta essencialmente de hidrogênio
(89%) e de hélio (11%). Devido à atração gra-
vitacional entre as partículos da nuvem, esta co-
meça a contrair-se, de maneira que a sua densi-
dude e temperatura médias vão aumentando,
Nesta visão extremamente simplificada da teoria,
a geláxia é considerada como uma condensação
de uma nuvem rarefeita de gás, em que «s parti-
cuías ocupam originalmente um volume muito
maior do que aquele ocupado finalmente.
Também cada estrela da galáxia é vista
como uma subconderisação: átomos de gás e par-
tículas maiores do meio galático começam lenta-
mente a juntar-se, devido à influência gravitacio-
nal mútua de uns sobre os outros. À medida que
Radioteisscópio de Jodrell Bank
(Inglaterra). Sua “cancha” para-
boláide tem aproximadamente 82
metros de diâmetro e pode ser
“apontado” para qualquer dire-
ão.
a matéria se vai condensando, a erergia poten-
cial gravitacional diminui, enquanto que, por ou-
tro iado, a energia cinética das partículas cresce,
isto é, a temperatura do sistema aumenta, Com
o acréscimo de temperatura, a pressão no centro
do sistema qumenta até que essa pressão é sufi-
cientemente elevada para compensar a atração
gravitacional e sustar o processo de contração do
meio gasoso. Embora a pressão, a densidade e a
temperatura continuem a aumentar lentamente
na região central, o sistema terá atingido uma
situação de quase equilibrio, podendo-se afirmar
que cessou q primeira fase gravitacional. Em ou-
tras palavras, terá nascido uma estrela.
Para temperaturas suficientemente elevadas,
começam a ocorrer reações nucleares no núcleo
da estrela (na sua região central), as quais trans-
formam hidrogênio em hélio, com grande libera-
ção de energia. Essa fase nuclear é a mais longa
da vida de uma estrela — o Sol se encontra nela
— e é um estágio em que, por causa de libera-
o de energia nuclear, não ocorre contração gra-
vitacional.
A quantidade de hélio vai aumentando e a
de hidrogênio diminuindo na parte central da es-
trela, até que este último se acabe. Agora, essa
parte central começa a contrair-se gravitacional
mente, de modo que a temperatura, a densidade
ea pressão recomecem a aumentar e se libere
energia potencial gravitacional, a qual obriga as
regiões exteriores da estrela a crescerem exage-
radamente em tamanho. Com isso, essa parte
mais externa decresce muito em densidade e tem-
peratura, tornando-se vermelha. A estrela terá al-
cançado a fase de uma gigante vermelha (o Sol
deve lá chegar dentro de mais alguns bilhões de
anos).
Entretanto, parte da energia gravitacional
liberada na contração do centro das gigantes ver
melhas serve para aumentar ainda mais a tempe-
ratura desses centros, os quais atingem valores
superiores q 108 ºC, A seguir ocorre um processo
pelo qual o hélio é rapidamente consumido (em
questão de segundos), fazendo com que o núcleo
se expanda e a parte externa diminua de tama-
nho, Tem-se, agora, um centro contendo carbono
e, possivelmente, elementos mais pesados.
Uma vez esgotado o hélio, a estrela reco-
meça, mais uma vez, a contrair-se e q emitir ener-
gia potencial gravitacional. Advém o última eta-
pa na “vida” da estrela, que levará, por colapso
gravitacional, ao seu estágio final e definitivo.
Dependendo da massa inicial da nuvem de gás e
poeira com que se iniciou todo o processo, o co-
lapso gravitacional da estrela pode conduzi-la a
três situações finais, drástica e dramaticamente
diferentes: anãs brancas, estrelas neutrônicos e
buracos negros.
Dentre os três categorias acima, a das anás
brancas é, de longe, a mais “normal” e a única
conhecida há já bastante tempo. A estrela se con-
trai por efeito gravitacional até atingir um peque-
no raio (da ordem do da Terra, isto é, alguns mi
lhares de quilômetros) e uma alta densidade (de
50 mil a um milhão de vezes superior à da água).
Cessada a contração, a estrela se manterá inde
12-25
E
lá
CNO
RR
Es
s. U
Cosmologia
pare sais
Pouco depois da descoberta de outras galá-
xias, olém da nossa, constatou-se que elas se en-
contrum todas afastando-se umas das outras, sa-
tisfazendo a lei de Hubble, de modo que as velo-
cidades de recessão das galáxias são proporcio-
nais às suas distâncias de nós. Já foram observa-
das galáxias afastando-se de nós com velocida-
des de recessão da ordem de metade da veloci-
dade q juz. (Pense bem: um conjunto de bilhões
de estrelas e com um tamanho de um bilhão de
hilhões de quilômetros, deslocando-se à velocida-
de de 150 mil guilômetros por segundo!)
A primeira vista, poderia parecer que se as
galáxias parecem todas afastar-se de nós, isso
indicaria que nós nos encontrássemos no centro
do Universo. Isso não é claramente verdade, bas-
tando pensar na analogia bidimensional da super-
fície do um balão de borracha, onde se pintou
uma série de pontos. À medido que se intla o ba-
lão, a sua superfície gumenta e ver-se-ão todos os
pontos separarern-se uns dos outros, ce tal modo
que uma formiga colocada sobre qualquer dos
pontos verá os demais se afastarem dela com ve
locidades proporcionais às distâncias. Uma analo-
gia tridimensional é a de um bolo de possas no
fomio. Também, à medida que o volume do bolo
aumenta, devido à ação do fermento, todas as
passas se afastarão uma das outras: Um verme
que está comendo uma das passas verá as pas-
sas que estão mais longe se afastarem mais de-
pressa.
Esses são os dedos que nos parecem acvir
ca observação; esses parecem ser os fatos. Como
explicá-los? Em que “contexto (teórico) inseri
los“? Pode a nossa inteligência ousar propor mo-
delos que dêem conta e expliquem todo esse inco-
mensuravelmente enorme e inimaginavelmente
complexo Universo «que acabamos de descrever?
12-28
Já vimos como o homem, através de sucessi-
vas teorias por ele elaboradas, tem conseguido
explicar e dar conta dos complicadíssimos pro-
cessos que regem a formação das galáxias, das
estrelas e de seus planetos. Mas, e agora? Será
que poderemos tentar entender o conjunto global?
Todo o espaço-tempo com todo o seu conteúdo
de matéria e energia? Será que, numa palavra,
se poderá tentar entender, em termos humanos,
o Universo? Vejamos:
A Teoria da Relatividade Geral (T.R.G.) é
a teoria moderna da gravitação. Ela foi elabora-
da por Einstein em 1916 e prevê alguns resulta-
dos que a antiga teoria newtoniana não inclui
(a deflexão de um raio de luz ao passar perto de
um corpo massivo, por exemplo). Concomitante-
mente, ela é a moderna teoria do espaço-tempo,
já que ela afirma que o estrutura do espaço é
inteira e univocomente determinada pela distri-
buição de matéria e energia nele contidos.
Isso talvez seja mais ou menos fácil de acei
tar, mesmo sem o conhecimento das idéias da
T.R.G. Com efeito, nós viemos lançando mão
sucessivo e repetidamente da atração gravita
ciorial para explicar estrelas, galóxias, conglome-
rados de galáxias. Vimos que, embora por vezes
outras forças possam atuar (como durante algum
tempo no centro de certas estrelas, n1s forças nu-
clegres), as forças gravitacionais voltam a impe-
rar soberanas. De modo que, seo T.R.G. é q
teoria da gravitação e esta é tão importante na
formação cos grandes sistemas universais, talvez
não seja tão estranho e surpreendente que essa
mesma teoria determine a estrutura espaçu-tem-
porel do Universo.
Ora, Cosmologia é, justamente, a parte da
Ciência que se dedica ao estudo da estrutura e
da evolução do Universo. Pode-se perceber, con-
sequentemente, que a T.R.G. forneça, precisa-
mente, a base teórica para se entender o mundo
(em particular, um mundo em expansão)
Para se fazer Cosmologia, isto é, para se
poder tentar entender q estrutura espaço-tempo-
ral do Universo, tem-se que utilizar o chamado
Princípio Cosmológice, o qual afirma que « par-
te do Cosmo que nos é dada analisar de nosso
ponio de observação é representativa de todo o
conjunto, não nos encontrando nós numa região
privilegiada do mesmo.
Vejamos, a seguir, o que é que a T.R.G.
nos pode indicar sobre este nosso mundo (nosso
é como quem diz, mas, enfim).
Logo após ter Einstein formulado a T.R.G.,
o cosmólogo Lemaitre lançou a idéia do “bi
-bang”, ou grande explosão inicial. Resumidamen-
te, isto consiste no seguinte: o Universo ter-se-ia
originado, num certo instante, a partir de uma
“bola de fogo” ou “átomo primevo” (nas palo-
vras de Lemaitre), contendo toda a incomensurá-
vel energia que, por meio de uma enorme explo-
são, começou q espolhar-se, a rarefazer-se e q
esfriar-se e de onde, eventualmente, surgiu q
Universo tal como ele se nos depara hoje.
Pouco depois de Lemaitre haver proposto
esse modelo, o maternático Friedman provou que
a T.R.G. era consistente com a idéia de um Uni-
verso surgindo de um “big-bang” e expandindo-
-se posteriormente, Em outras palavras, a T.R.G.
previa matematicamente 6 possibilidade de um
Universo em expansão, o qual deixava, assim, de
constituir mera especulação filosófica.
Dependendo da densidade média de matéria
que exista disseminada pelo Cosmo, a T.R.G.
prevê, essencialmente, duas classes de universos.
Numa das classes, a expansão inicial não a
jamais; o Universo continuará crescendo indefi-
nidamente, já que as forças gravitacionais mú-
tuas entre os corpos não serão nunca suficientes
para fazê-lo reverter a essa situação. Esso é a
classe dos universos “abertos”, Na outra classe,
a partir da explosão inícial, o Universo crescerá
até um certo ponto, quando, então, as forças gra-
vitacionais mútuas serão suficientes para contra-
balançar a expansão. O Universo terá alcançado
o seu raio máximo, q partir do qual ele começará
a contrair-se gravitacionalmente, até o colapso
gravitacional, quando se atingirá, novamente,
uma situação idêntica à inicial. Essa é a classe
dos universos “fechados”.
A hipótese de universos fechados levou mes-
mo alguns cosmólogos a sugerir a possibilidade
da existência de uma série sucessiva de univer.
sos pulsantes:
. ntração -» expansão —»contração -s expans. ..
Gamow e muitos outros dedicaram-se ao cál-
culo da “evolução” da matéria, a partir do mo-
mento de criação. Tem-se, hoje em dia, uma teo-
ria bastante detalhada, que permite explicar a
formação dos átomos mais leves, por meio de rea-
ções nucleares entre núcleos de hidrogênio ipró
tons). Os núcleos mais pesados surgem provavel-
mente apenas no interior das estrelas.
Evidentemente, só a observação pode decidir
qual das possibilidades teóricos (se é que qual-
quer uma destas) está mais em acordo com as in-
formações que se podem extrair do Cosmo.
Resultados recentes da observação parecem
favorecer as cosmologias evolutivas do tipo Fried-
man-Lemaitre, esboçadas acirna, inclinando-se,
no momento, para uma solução de universo fe-
chado. Assim é que, em 1965, foi detectado uma
radiação de temperotura extremomente baixa
(aproximadamente -270ºC), que nos vem de
todas as direções do espaço e que poderia muito
hem consistir dos restos da explosão inicial,
Nós corneçamos esta seção perguntando se q
nossa inteligência ousaria propor modelos que
dessem conta e que explicassem esse incomensu-
ravelmente enorme e inimaginavelmente comple-
xo Universo que se apresenta à nossa investi-
gação.
A resposta parece, ainda uma vez, ser po-
va e, portanto, encorajadora. Encorajadora na
sentido de se continuar a observar, a medir, q
analisar, a especular, a teorizar. Não com o ob-
jetivo expresso de chegar o homem, algum dia,
« uma verdade “final e absoluta”, mas tão mera-
menie para continuar a tentar dar respostas às
contínuas dúvidas & indagações que o perseguem
€ inquietam há rais de dez mil anos,
12-29
ISBN 85-222-0161-7
Diretoria de Integração Aluno-Escola: Luiz Pasquale Filho
Departamento do Programa Editorial da Obras de Referância: Maria Aparecida de Oliveira
Divisão de implementação do Programa: Maria Rogina Fernandes de Souza
Divisão de Revisão: Josó Tedin Pinto
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