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Guias e Dicas
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trabalho arcadismo e autores , Trabalhos de Engenharia Aeroespacial

Trabalho sobre relação dos períodos literários arcadismo e período greco-latino.

Tipologia: Trabalhos

2011
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Compartilhado em 22/07/2011

pedro-henrique-alves-11
pedro-henrique-alves-11 🇧🇷

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Baixe trabalho arcadismo e autores e outras Trabalhos em PDF para Engenharia Aeroespacial, somente na Docsity! AUTORES CLÁSSICOS E ARCADISMO TRABALHO DE LITERATURA E LÍNGUA PORTUGUESA Caio César Aguilar Gustavo Dorico Pinto Henrique Aguilar Lopes Luiz Augusto Rodrigues Luiz Felipe Cardoso Michelle Aparecida de Souza Pedro Henrique Alves Vagner Gualberto DiaS Professor: Amilcar Figueiroa Peres [Escolha a data] CEFET-MG JUNHO,2011 VESPASIANO CEFET-MG CENTRO FEERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA Curso mecatrônica AUTORES CLÁSSICOS E ARCADISMO Caio César Aguilar Gustavo Dorico Pinto Henrique Aguilar Lopes Luiz Augusto Rodrigues Luiz Felipe Cardoso Michelle Aparecida de Souza Pedro Henrique Alves Vagner Gualberto DiaS Professor: Amilcar Figueiroa Peres JUNHO,2011 VESPASIANO Sumário: Introdução página 3 Aristóteles página 4 Arquíloco página 5 Esopo página 6 • Arquíloco Figura 3 : Escultura com o busto de Arquiloco. Arquíloco nasceu em Paros, situado no mar Jônico, e depois foi morar em Tasos, situado no mar Egeu. Acredita-se que ele viveu no século Sete a.C. como não se têm muita informação a seu respeito, essa data é devido a um eclipse que aconteceu no dia 6 de abril de 647 a.C., o qual ele registrou. Porém, não se têm certeza sobre essa datação, pois ele poderia ter se referido a um eclipse que acontecerá no passado. Na escrita, Arquíloco se destacava por exaltar e criticar os erros do ser humano. Escrevia sobre os acontecimentos da sociedade, como por exemplo, as guerras, e sobre seus pensamentos e sentimentos, ressaltando o individualismo. Além de dar lições em suas poesias. Seu modo de escrever ficou muito popular, e serviu de influência para vários autores. Sendo cantados em competições públicas de recitação de poesia. Como por exemplo, um fragmento do poema Giges de muito ouro (fr. 19 w), podemos perceber que Arquíloco escrevia sobre o que pensava. “Não, a mim, as coisas de Giges de muito ouro Interessam, Nem a inveja me toma, nem admiro As obras das divindades, não amo (desejo) a Grande tirania; Longe, pois, de meus olhos estão.” Muitos autores compararam Arquíloco com Homero, tanto pela semelhança como pela diferença. Os dois, junto a Hesíodo, eram os mais populares da época, sendo que eram de maior influência nas disputas literárias. Porém, tinham um modo diferente de escrever. Homero exaltava e louvava quase tudo, ao contrário de Arquíloco, que criticava. Arquíloco percebeu que era isso que os homens precisavam. Sendo por isso que alguns autores preferem ele em vez de Homero, pois acreditam que quem é capaz de escrever sobre o erro humano é considerado superior. • Esopo Figura 4: Estátua de Esopo. Esopo era um escravo grego, que nasceu na Anatólia no século VI antes de cristo. Ele ficou conhecido por contar fábulas dando lições de moral, que eram apresentadas em uma linguagem mais simples para o as pessoas que o ouviam. Muitas de suas histórias tinham animais como personagens, mas eles não agiam como seres irracionais, possuíam características humanas, como falar, pensar e agir. Esse foi um dos fatores principais que faziam surgir as fabulas com lições de moral do Esopo, pois esses animais tinham o papel de representar aspectos do dia a dia das pessoas, mostrando como muitas pessoas agem diante de certas situações, como a fábula “O leão, o urso e a raposa”: O leão, o urso e a raposa “Um Leão e um Urso capturaram um cervo, e em feroz luta, disputavam pelo direito de posse da presa. Após terem lutado bastante, cansados e feridos, eles caíram no chão completamente exaustos. Uma Raposa, que estava nas redondezas, a uma distância segura e quieta observando a tudo, vendo ambos caídos no chão e o cervo abandonado ali perto, passou correndo entre os dois, e de um bote agarrou-o com a boca e desapareceu no meio do mato. O Leão e o Urso vendo aquilo, mas incapazes de impedir, disseram: - Ai de nós, que nos ferimos um ao outro apenas para garantir o jantar da Raposa!” Nesta fábula pode-se perceber claramente que os animais apresentam características humanas tanto nas falas como atitudes, como a raposa que se aproveita da situação para capturar o cervo, mostrando umas das atitudes mais presenciadas na humanidade, que é quando alguém trabalha pesado, e o outro obtém o lucro. Outros aspectos das fábulas Esópicas, são as repetições de palavras e histórias curtas. Devido a várias características citadas ao longo do texto, e a facilidade de passar as ideias de suas fábulas de forma mais simples para as pessoas, Esopo era considerado “Pai da Fábula”, mesmo este tipo de texto já existir antes dele, tomando lugar de Frígio, que possuía o título de “Pai da Fábula”. Como as fábulas de Esopo eram contadas e não escritas, demorou muitos anos para que elas fossem escritas no papel, dessa forma ficaram apenas as fábulas mais lembradas, que eram as que possuíam a história mais interessante e a moral que mais chamava atenção. Assim Esopo foi citado pela primeira vez no texto de Heródoto, que usava algumas características Esópicas em suas obras. • Heródoto não dá corpo a Príamo (pai de Heitor), mas depois de chorar no funeral de Pátroclo, Aquiles decide entregar o corpo de Heitor a seu pai. Homero raramente perde o controle dos detalhes ou da estrutura, onde a tensão é harmonizada de modo sutil, onde os incidentes são construídos com força e emoção para contribuir na montagem de um painel amplo, enquanto as personagens são criadas progressivamente, por meio de epítetos, comparações, discursos e ações. Na Odisséia, o herói central é Odisseu, ou Ulisses (como era conhecido na mitologia romana). O poema narra o regresso de Ulisses para casa depois de lutar na Guerra de Troia. Depois de muitas e difíceis aventuras onde enfrenta homens, monstros e deuses, Ulisses volta para casa, mata os pretendentes de sua esposa, Penélope, onde a reencontra, e também o seu filho, Telêmaco, ainda a esperá-lo depois de 20 anos de ausência. • Platão Figura 7: Esboço da imagem de Platão Pertencente a uma família aristocrática de Atenas (Crícias era primo de sua mãe), Platão tornou-se membro do círculo de amigos de Sócrates e seu seguidor devotado. Depois da morte do mestre, em 399 a.C., refugiou-se junto de Euclides , em Mégara, e depois viajou durante alguns anos, época em que conheceu Dionísio I, governante de Siracusa. Visitou essa cidade mais duas vezes depois da morte do soberano e ajudou Díona tentativa de transformar o governo de Dionísio II num exemplo do governo dos “reis-filósofos” discutido na República. Se a história é verdadeira, a tentativa falhou. Mas Platão pode ter sido apenas pouco mais que um “filósofo de corte”. Fundou uma “escola”, a Academia, num pequeno bosque de mesmo nome nos arredores de Atena. O “tema” dos estudos desenvolvidos é um pouco incerto, mas incluía matemática e astronomia. Seu sobrinho Espeusipo sucedeu-lhe como chefe da agremiação, e a Academia sobreviveu, talvez com algumas interrupções, atpe ser fechada por Justiniano, em 529 D.C. A filosofia de Platão ficou conhecida através dos diálogos que publicou: discussões filisóficas com estrutura dramática, nas quais Sócrates frequentemente desempenha papel central (cerca de 25 dos diálogos atribuídos a ele são genuínos). Foram preservadas também treze cartas, alguma das quais talvez apócrifas, e a Apologia (Apologia Sokratou) réplica às acusações que provocaram a condenação de Sócrates à morte. A divisão usada da filosofia de Platão em três períodos fornece um bom esquema de evolução de seu pensamento, embora as mudanças não tivessem sido abruptas. Os primeiros diálogos geralmente não chegam a uma conclusão. Provavelmente pretendiam apenas despertar a perplexidade do leitor a respeito de certas questões sobre as quais possuía opiniões incontestadas: é melhor descobrir a própria ignorância que permanecer no erro. Na estrutura típica, Sócrates inicia o diálogo pedindo a definição de um conceito, geralmente ético, tal como a virtude, em Mênon, a coragem em Laquez, ou a piedade, em Eutifron. Sócrates não quer uma lista das virtudes ou de atos virtuosos, mas sim a descrição do “ser” da virtude: aquilo que todas as virtudes têm em comum e as tornam de fato virtudes. Então, por uma série de respostas “sim” e “não”, leva o interlocutor até a autocontradição. Um problema é frequentemente levantado: “Avirtude pode ser ensinada?” (por exemplo, no Mênon e em Protágoras, ou Os Sofistas). Considerações sobre esse problema levaram Platão a argumentar que a virtude é conhecimento e portanto pode ser ensinada, e que toda ação injuriosa é devido à ignorância. Mas, mesmo sobre a possibilidade de ensinar a virtude, as conclusões dos primeiros diálogos não são unânimes. O segundo período corresponde ao desenvolvimento da teoria das formas. Ele nunca nos oferece uma prova da teoria: ela é introduzida como uma hipótese ou um conceito já aceito; mas são bem claros os tipos de reflexão que levaram até elas. As coisas comuns, tais como homens, pedaços de pau, animais e ações humanas, têm várias características paradoxais. Um elefante pode ser grande e pequeno (um elefante pequeno, um animal grande); dois pedaços de pau são iguais e diferentes (dependendo de como os vemos); bater em uma pessoa pode ser ação boa (quando é apenas castigo) ou má (se for uma ofensa). E, portanto, afirma o filósofo, não se pode explicar o significado de “grande”. “igual” ou “bom” com referência a essas coisas. Deve existir um padrão – estável e não ambíguo – de “grande”, “igual” e “bom que permita saber o que significam. Assim, as questões levantadas por Sócrates sobre as definições levaram o Platão a postular a existência de entidades distintas das coisas às quais normalmente se referem as palavras. Para definir “justo”, por exemplo, deve- se apreender a “forma do justo”, entidade imutável que, ao contrário das ações “justas” dos homens, jamais é injusta, e é conhecida pelo intelecto, não pela percepção dos sentidos. E tal forma é o modelo pelo qual todas as outras coisas são consideradas justas ou não. Pelas mesmas razões, não se pode ter conhecimento sobre as coisas do mundo natural. Não se pode saber se um elefante é pequeno, pois é igualmente verdadeiro que ele é grande; nem se bater nas pessoas é errado, porque algumas vezes pode ser certo; e assim por diante. O conhecimento verdadeiro é apenas o conhecimento das formas, pois somente elas não têm as características paradoxais das coisas que se podem ver ouvir, sentir. As formas desempenham também um papel na explicação do mundo. Se uma coisa é grande, é porque parece com, ou participa de, a forma do “grande”. Mesmo as formas devem ser explicadas através da forma suprema, a forma do bem. Sem dúvida, tais reflexões pretendiam mostrar que tudo existe para o melhor, tanto no mundo perceptível quanto no mundo das formas. Mas Platão fala sobre elas e sobre suas relações com as coisas naturais principalmente através de comparações e metáforas, e algumas vezes de maneira pouco consistente. Talvez nunca tenha estabelecido uma versão completamente satisfatória da teoria das formas. No terceiro período, são levantadas sérias objeções contra a teoria das formas. Embora não fique claro se Platão a abandonou completamente, ela deixa de ser central em sua filosofia. O filósofo passa a investigar os temas separadamente, com grande sutileza. As discussões se tornam mais técnicas e, muitas vezes, não têm conclusões decisivas. É impossível fazer um resumo rápido das últimas obras, mas alguns exemplos podem ser citados. No Teeteto (ou Sobre a ciência), Platão avalia uma série de definições do conhecimento (algumas bastante próximas de teorias aceitas em sua época) e rejeita todas elas. Em O sofista (ou Do ser), explora os problemas da significação. Partindo do desafio de Parmênides – “como podemos falar daquilo que não é?” -, tenta desenvolver uma teoria dos significados válida também para os julgamentos negativos. Em As leis (ou Sobre a legislação), apresenta recomendações políticas mais detalhadas e realistas que na República. O estilo da prosa platônica é muito admirado pela riqueza e variedade. Essas qualidades se evidenciam mais claramente nos diálogos mais dramáticos do primeiro e do segundo períodos. A linguagem das últimas obras é bem mais técnica e austera. período. O principal objetivo dessa modernização era para deixar Portugal no mesmo patamar que outras potências europeias da época. Figura 9 e 10: Rei D. João V e o Marquês de Pombal respectivamente Os governantes português com a ajuda de intelectuais e cientistas portugueses e entre eles destacou o Padre Luís Antônio Verney, que escreveu a obra “Verdadeiro método de estudar” (1746), onde o Pe. Verney criticava a atuação dos jesuítas em Portugal, a arte Barroca e seus adeptos como o Pe. Antônio Vieira. Figura 11: Capa do livro do Pe. Luós Antônio Verney Devido a essa necessidade de renovação cultural, foram criadas academias literárias, ou seja, locais onde os intelectuais encontravam-se para realizar discussões e avaliações críticas da arte daquele momento, como também facilitar as publicações das obras literárias. A primeira academia, a Arcádia Lusitana foi fundada em 1756, data que é considerada um “divisor de águas” para a literatura lusitana, o início do arcadismo em Portugal. Logo após, em 1790, outra academia literária foi fundada, a Nova Arcádia. O principal gênero literário no período árcade em Portugal foi a poesia, porém outros gêneros também tiveram influência do arcadismo, como na prosa e teatro. Figura 12: Palácio dos Condes de Pombeiro, (hoje Embaixada da Itália), onde se reunia a Nova Arcádia. Na colônia brasileira: No final do século XVII com a descoberta de jazidas de minerais preciosos em Minas Gerais trouxe uma mudança significativa na vida cultural, econômica e política da sociedade naquele período. Minas Gerais tornava-se um lugar atrativo para quem queria ganhar dinheiro, até mesmo pessoas da metrópole (Portugal) vieram tentar a vida aqui. Figura 13: Imagem de Vila Rica (Ouro Peto atualmente) Esse ciclo econômico favoreceu o surgimento de uma burguesia, formada por comerciantes que ganhavam dinheiro com o comércio de produtos para uma população que só aumentava, e também formada por funcionários públicos, responsáveis por organizar a colônia e recolher os impostos, já que neste período Vila Rica (capital de Minas na época) era a “galinha dos ovos de ouro” da metrópole portuguesa. Essa recém burguesia conhecia e apreciava os ideais de liberdade vindos da Europa. Também é preciso olhar para o contexto mundial da época, onde os ideais de liberdade da revolução francesa e inglesa influenciaram aqui na colônia, tanto que surgiram os movimentos internos como a conjuração baiana e inconfidência mineira, sendo que esta última tinha uma relação estreita com o arcadismo, já que alguns autores árcades também foram líderes do movimento revolucionário mineiro. • Autores árcades Autores árcades lusitanos: • Manuel Maria L’ Hedoux Barbosa du Bocage Figura 14: Pintura de Manuel Maria du Bocage Nascido em Setúbal em 15 de setembro de 1765, teve uma vida bastante agitada e viveu anos fora de Portugal, percorrendo um caminho parecido com o de Camões. Faleceu e, 1805 quando trabalhava em um projeto de tradução. “Meu ser evaporei na lida insana Meu ser evaporei na lida insana Do tropel de paixões, que me arrastava; Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essência humana. De que inúmeros sóis a mente ufana Existência falaz me não dourava! Mas eis sucumbe a Natureza escrava Ao mal, que a vida em sua orgia dana. Prazeres, sócios meus, e meus tiranos! Esta alma, que sedenta em si não coube, No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, oh Deus!... Quando a morte à luz me roube, Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube.” Este poema de Bocage apresenta como características árcades, a estrutura de um soneto e palavras de origem latina, como insane, mísero e falaz. • Antônio Dinis da Cruz e Silva Fundador da Arcádia Lusitana teve grande importância na literatura portuguesa. Nasceu em 1731 em Portugal e viveu durante anos no Brasil, falecendo aqui em 1799. • Correia Garção Importante membro da Arcádia Lusitana, valorizou vários gêneros Greco-latinos e tinha como inspiração o autor clássico Horácio. Sua produção lírica foi reunida postumamente num volume chamado de “Obras poéticas”. morreu em 1724 e faleceu em 1773. teve contato com os novos padrões que estabeleciam em Portugal, chegando até escrever uma obra filosófica em homenagem ao Marquês de Pombal: o tratado dos direitos humanos. Ao voltar para a colônia, foi trabalhar em Vila Rica como ouvidor. Em 1789 acusado de participar da inconfidência, foi preso e mandado para o Rio de Janeiro e ficou preso lá até 1792. Após disso, foi exilado para Moçambique, onde se casou, ganhou dinheiro e levou um fim de vida tranquilo. Enquanto Tomás trabalhava como ouvidor, também realizava seus trabalhos literários. Nessa mesma época, começou sua relação amorosa com Maria Dorotéia Seixas, uma jovem de 16 anos, pela qual Tomás Antônio se apaixonou. Ela era retratada em seus versos com o pseudônimo de Marília. Tomás Antônio Gonzaga ficou conhecido como um dos mais populares escritores árcades da colônia. Descobriu-se queTomás é autor de cartas chilenas: um conjunto de poemas satíricos que criticavam os desmandos da administração da capitania de minas gerais. O autor omitiu-se, devido ao risco. Figura 17: capa do livro cartas chilenas • Características do arcadismo O arcadismo como produto artístico de uma classe em ascensão da época, que era a burguesia, vai ser comum encontrar (apesar de não ser o tema central na maioria das obras) em textos árcades características iluministas (que era a corrente ideológica da época), como predominância da razão sobre a fé, crítica da educação religiosa, justiça para todos, igualdade entre os direitos de cada um, ou seja, características que demonstravam que a burguesia estava tentando combater um estado absolutista e uma instituição religiosa forte, que era a igreja católica. “O ser herói ,Marília, não consiste Em queimar os impérios: move a Guerra, Espalha o sangue humano, E despovoa a terra Também o mau tirano. Consiste o ser herói em viver justo: E tanto pode ser herói o pobre, Como o maior augusto” (Lira XXVII, de Tomás Antônio Gonzaga) Percebe-se na Lira XXVII de Tomás Antônio Gonzaga a crítica em relação ao absolutismo, o qual seria denominado como “mau tirano” e responsável por “Move a guerra/ Espalha o sangue humano/E despovoa a terra”. Então Tomás também afirma no poema que o “Herói” pode ser “pobre”,ou seja, tentando nivelar a nobreza e a burguesia ao mesmo patamar, defendendo um dos princípios do iluminismo que todos são iguais perante a justiça. O arcadismo retoma as idéias classicistas, como a presença do verso decassílabo, do soneto e na inspiração em Camões, como Bocage fazia. e busca inspiração em autores clássicos do período greco-latino como Horácio. Inclusive, a frase deste antigo autor grego, faz uma síntese do arcadismo: Inutilia truncat ( “Cortar as inutilidades” ). A partir desta frase, podem-se entender bem outras características do arcadismo, de retirar todos os excessos e extravagância da linguagem barroca (estilo literário antecessor ao arcadismo). As obras a partir de então, tinham como objetivo a simplicidade, através da diminuição do uso de figuras de linguagem. A Aurea mediocritas ( Dourada mediocridade) é uma expressão latina e tomada pelo autor clássico Horácio. Ela consiste felicidade a partir da valorização da simplicidade material e riqueza espiritual, através de uma maior importância dos sentimentos e princípios. “Se não tivermos lãs e peles finas, podem mui bem cobrir as carnes nossas as peles dos cordeiros mal curtidas, e os panos feitos com as lãs mais grossas. Mas ao menos será o teu vestido por mãos de amor, por minhas mãos cosido.” No poema acima, a aceitação da troca de “lãs e peles finas” por “peles dos cordeiros mal curtidas” mostra como a riqueza e sofisticações dos tecidos são desprezíveis, em relação ao carinho e cuidado com que o vestido será feito. Como dito anteriormente, a simplicidade é umas das bases da literatura árcade, então a valorização de uma vida mais pastoril, longe da agitação dos centros urbanos acompanha muitos poemas. Por isso, o a frase latina Fugere Urbens (Fuga da cidade) é um dos princípios árcades. Em muitos poemas, o centro urbano é desprezado em relação ao campo, sendo valorizada a vida pastoril. “Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Côrte rico, e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia, Que da cidade o lisonjeiro encanto; Aqui descanse a louca fantasia; E o que té agora se tornava em pranto, Se converta em afetos de alegria “ Percebe-se que ao longo do poema que o poeta vai comparando a vida na cidade com a vida levada no campo, por exemplo: “Onde um tempo os gabões deixei grosseiros/Pelo traje da Côrte rico, e fino.” (onde gabões grosseiros e traje da corte rico e fino representam os trajes usados no campo e na cidade); “Se o bem desta choupana pode mais a razão ao ver o mundo, no caso dos autores clássicos, tentavam explicar fatos da natureza através dos deuses, essas explicações seguiam uma forma lógica ao ver deles. Já no arcadismo, havia explicações mais lógicas, mas de forma pagã, sem deuses em suas explicações sobre o mundo, devido à tentativa de fazer algo diferente do barroco, que exaltava o teocentrismo. Outro aspecto é o fato dos autores clássicos, usarem o homem como forma de análise e assunto de seus textos, tentando mostrar as características existentes nele, tanto bondade quanto maldade, e os árcades por sua vez mostravam a vida do homem, como os clássicos, mas não havia uma exaltação da natureza de certa forma, pois eles consideravam o homem vivendo na natureza, era a harmonia e tranquilidade dos dois juntos. Pode-se presenciar os aspectos lógicos que envolvem a humanidade na fábula “O Leão e o Rato” de esopo: “Um Leão dormia sossegado, quando foi despertado por um Rato, que passou correndo sobre seu rosto. Com um bote ágil ele o pegou, e estava pronto para matá- lo, ao que o Rato suplicou: Ora, se o senhor me poupasse, tenho certeza que um dia poderia retribuir sua bondade. Rindo por achar ridícula a ideia, assim mesmo, ele resolveu libertá-lo. Aconteceu que, pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores. Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se. O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre. Então disse: - O senhor riu da simples ideia de que eu seria capaz, um dia, de retribuir seu favor. Mas agora sabe que mesmo um pequeno Rato é capaz de fazer um favor a um poderoso Leão.” A fábula apresenta uma lição de moral com as atitudes dos animais, que se assemelham com os homens, pois quando rato ajuda o leão, ele mostra que mesmo sendo pequeno, ele pode fornecer grande ajuda. Uma atitude presenciada na humanidade, que alguém aparentando ser superior, subestima o que aparenta ser inferior. A fábula também mostra um raciocínio mais lógico do autor Esopo, que por meio de observações, concluiu esses traços da humanidade, e o fez uma história que pudesse orientar as pessoas. Já no poema arcadista “Lira XVII” de Tomás Antônio Gonzaga apresenta uma crítica absolutista e a igreja, envolvendo a humanidade: “Em queimar os impérios: move a Guerra, Espalha o sangue humano, E despovoa a terra Também o mau tirano. Consiste o ser herói em viver justo: E tanto pode ser herói o pobre, Como o maior augusto” Observa-se no poema que existem rastros de ideias pagãs, com a crítica a igreja, também apresenta uma forma lógica de pensar sobre tudo que está ocorrendo em volta do autor, tentando fazer as pessoas refletir, falando que até um pobre, que na época não tinham muitas considerações, pode ser um herói, ou seja, uma pessoa justa. Outra relação existente entre ambos é a valorização da vida no meio rural, mostrando os personagens dos textos vivendo em meios campestres. Essas características estão muito presentes nos poemas árcades e também nas produções do autor clássico Virgílio. Por exemplo, um soneto de Cláudio Manuel da Costa: “Este é o rio, a montanha é esta, Estes os troncos, estes os rochedos; São estes inda os mesmos arvoredos; Esta é a mesma rústica floresta. Tudo cheio de horror se manifesta, Rio, montanha, troncos, e penedos; Que de amor nos suavíssimos enredos Foi cena alegre, e urna é já funesta. Oh quão lembrado estou de haver subido Aquele monte, e as vezes, que baixando Deixei do pranto o vale umedecido! Tudo me está a memória retratando; Que da mesma saudade o infame ruído Vem as mortas espécies despertando.” Mesmo sendo estilos e formas de pensar de épocas distantes, o neoclassicismo e os autores clássicos, possuíam muitas coisas em comum, e também havia diferenças, dessa forma pode-se perceber que o neoclassicismo foi um retomado de ideias dos autores clássicos, havendo diferenças devido à evolução de pensamentos, que foram desenvolvidos ao passar de centenas de anos, buscando base em outras formas de pensar, além dos autores clássicos.
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