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Guias e Dicas
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o uso da cor no ambiente de trabalho, Trabalhos de Urbanismo

o uso da cor no ambiente de trabalho

Tipologia: Trabalhos

2011

Compartilhado em 21/07/2011

wiverson-de-oliveira-4
wiverson-de-oliveira-4 🇧🇷

4.8

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Baixe o uso da cor no ambiente de trabalho e outras Trabalhos em PDF para Urbanismo, somente na Docsity! O USO DA COR NO AMBIENTE DE TRABALHO: UMA ERGONOMIA DA PERCEPÇÃO Maria de Fátima Mendes de Azevedo Universidade Federal de Santa Catarina / PPGEP Campus Universitário, Trindade, Florianópolis, SC. Michelle Steiner dos Santos Universidade Federal de Santa Catarina / PPGEP Campus Universitário, Trindade, Florianópolis, SC. Rúbia de Oliveira Universidade Federal de Santa Catarina / PPGEP Campus Universitário, Trindade, Florianópolis, SC. Abstract: The adequate use of color while concepting labour spaces, psychological aspects of the use of color, and how color rendering influences human behavior, are the aims of this article. Architects, engineers, ergonomists, lighting designers all have a need to understand color. To increase mutual understanding among those responsible for creating the environment and making it visible, optics, physiology, psychology and modern color science together make the background for esthetic use of color. To be able to predict the influences of color on impressions and behaviors, some relationships need to be established between the resultant perceptions and the physical characteristics of the colored environment. Electromagnetic radiant energy provides a physical stimulus that enters the eye and causes the sensation of color. The perceived color, the color perceived as belonging to an object is something perceived instantaneously. How is it psychological influences in perception, attitude, mood, and behavior of the occupants of an environment? This study is divided in two sizes, first step, a bibliographic revision on the matter, then a case reading about the use of coloring in health care environments, specifically, the ICU in university hospital João de Barros Barreto-PA Key words: Color, ergonomics, space, emotion 2 1. Introdução Todas as atividades humanas e principalmente o trabalho sofrem a influência de três aspectos: físico, cognitivo e o psíquico. A conjugação adequada destes fatores (a análise de um domínio levando em consideração o outro) permite projetar ambientes seguros, confortáveis e eficientes. O estudo das cores, embora seja visto por grande parte dos engenheiros e arquitetos como um fator ambiental secundário na concepção dos espaços de trabalho, torna-se de fundamental importância para os ergonomistas à medida que contribui com a adequação do seu uso, não só para a segurança (codificação de perigos pelo uso da cor), ordenação e auxílio de orientação organizacional (princípio de organização pela aplicação da cor), mas também para a saúde e bem estar dos trabalhadores (devido a sua influência psicológica). A visão das cores é, segundo FOGLIA (1987), um dos aspectos mais interessantes e debatidos da sensibilidade ocular, e seu estudo é utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento, abrangendo desde a fisiologia, a psicologia até as engenharias e mais especificamente a ergonomia. Acreditando que a coloração não deve ser concebida só por características estéticas, mas que deve levar em consideração as diversas funções de um espaço, tanto no que se refere a sua usabilidade, quanto pelas exigências psicológicas do meio e do trabalhador; optamos por relacionar os múltiplos conhecimentos, oriundos de pesquisas nas mais diferentes áreas para confeccionar este artigo, com a proposta de apresentar, discutir e avaliar alguns dos conceitos relacionados ao emprego da cor na concepção de um espaço adaptado ao usuário, numa discussão e reflexão que se pretende interdisciplinar. 2. Desenvolvimento A primeira coisa a nos perguntar é: qual o papel das cores em nossa vida? Como as percebemos? Para finalmente, nos questionarmos sobre ação destas nos ambientes, em nossa alimentação, vestuário e sobre os nossos sentimentos. 5 Raios Gama Raios X Ultravioleta LUZ VISÍVEL Infravermelho Microondas Ondas curtas Ondas de rádio Ondas longas 300 Não visíveis 380-436 Violeta 436-495 Azul 495-566 Verde 566-589 Amarelo 589-627 Laranja 627-780 Vermelho 800 Não visíveis Ondas de alta energia rompem ligações moleculares. São absorvidas pela camada de ozônio. Ondas de energia média absorvidas por pigmentos em plantas e animais. Ondas de baixa energia: muitas fracas para afetar as moléculas, são absorvidas pela atmosfera. Figura 1. O espectro eltromagnético O que é válido salientar quanto à sensibilidade ao uso das cores é: a) o olho humano somente é sensível a comprimentos de onda compreendidos na ordem de 1/8 (720 à 360 um), porém à medida que envelhecemos começamos a não perceber mais os espectros pelo lado do violeta; b) o olho humano percebe aproximadamente 165 tons, sendo que a sensibilidade para perceber diferenças mais sutis, dentro do espectro, variam de cor para cor. Normalmente distinguimos grandes diferenças no cumprimento de onda do vermelho e do violeta, e pouca no amarelo e laranja. c) as cores possuem um limiar cromático, ou seja, elas desaparecem se reduzida a intensidade luminosa ao seu limite. Por isso é que cores como o amarelo se sobressaem durante o dia, enquanto que cores como o azul se sobressaem de noite. 6 d) Efeito pós-imagem: ocorre quando olhamos para um objeto brilhante e, mesmo após nossos olhos terem deixado de fixá-lo a imagem permanece na retina. e) A percepção humana é sujeita à indução espacial, ou seja, a visão de uma superfície colorida exerce influência na superfície colorida vizinha; quanto mais complementar for a cor, maior a essa influência (ver figura 1). Cores magnéticas/ aquecimento Meio do espectro/ nem quente nem frio Cores elétricas/resfriamento Infravermelho Ultravioleta Figura 2. O espectro Enquanto a fisiologia pesquisa os mecanismos de percepção da cor, a psicologia vai se ater aos efeitos que determinadas cores (ver figura 2) têm sobre as emoções dos indivíduos. Desde muito tempo, psicólogos e mais recentemente ergonomistas, verificam que em determinadas profissões, o efeito psicológico das cores é determinante. Na propaganda, por exemplo, percebeu- se que o uso da cor é fundamental na apresentação e aceitação do produto por parte dos consumidores. Na arquitetura, através da concepção e da organização de espaços, o uso das cores destaca-se como um importante complemento ambiental e de satisfação. Nos consultórios médicos e psicológicos elas auxiliam na cura de enfermidades e nos sentimentos de chegada e saída do paciente. Segundo LACY(1989), a cor está muito ligada aos nossos sentimentos, ajudando-nos em nossas atividades e influenciando em nossa sociabilidade, introversão e extroversão. Abaixo, estão listados os significados mais comuns atribuídos pelos estudiosos às cores: primárias (amarelo, vermelho e azul) e secundárias (laranja, violeta, verde e o rosa). 7 AMARELO: cor quente, estimulante, de vivacidade e luminosidade. Tem elevado índice de reflexão, e sugere proximidade. Se usado em excesso, pode-se tornar monótono e cansativo. Boa para ambientes onde se exija concentração, pois atua no SNC (Sistema Nervoso Central). É utilizada terapeuticamente para evitar depressão e estados de angústia. AZUL: está associado na cultura ocidental, à fé, confiança, integridade, delicadeza, pureza e paz. O azul escuro dá a sensação de frieza e formalismo. LARANJA: cor estimulante e de vitalidade. Está relacionada com ação, entusiasmo e força. Possui grande visibilidade, chamando a atenção para pontos que devem ser destacados. ROSA: aquece, acalma e relaxa. Está ligada à fragilidade, feminilidade e delicadeza. VERDE: quando em tom claro transmite sensação de paz e bem estar. É uma cor que sugere tranqüilidade, dando a impressão de frescor. Tons escuros desta cor tendem a deprimir. VERMELHO: cor estimulante. Desperta entusiasmo, dinamismo, ação e violência. Dá sensação de calor e força, estimulando os instintos naturais e sugerindo proximidade. Se usada em excesso pode irritar, desenvolver sentimentos de intranquilidade e despertar violência. VIOLETA: em excesso torna o ambiente desestimulante e agressivo, leva à melancolia e depressão. Sugere muita proximidade, contato com os sentimentos mais elevados e com a espiritualidade. Assim como o vermelho, o azul escuro e o verde escuro, não se recomenda o uso em grandes áreas. Figura 3. As cores e seus significados Segundo VERDUSSEN(1978), estas cores podem ser usadas para tornar mais agradáveis os ambientes de trabalho ou amenizar condições menos favoráveis, como a monotonia de certas tarefas. Assim, o estado de ânimo, ao fim de uma jornada, dependerá em muito, da influência do ambiente. Uma sala de repouso, um gabinete de reuniões, salas de aulas de uma escola, um hospital ou uma indústria, deverão obedecer à predominâncias ou combinações de cores que melhor possam condicionar o homem às solicitações ou características de seu trabalho. Estados de depressão, de melancolia ou de fadiga, são consequências comuns à permanência prolongada ou à realização de atividades em ambientes em que, entre outros motivos, a escolha das cores não atendeu à observação de seus possíveis efeitos. 10 3. Conclusões Compreendemos que o espaço físico, seja este de um domicílio ou local de trabalho, deve ser concebido segundo uma análise cuidadosa das necessidades de seus ocupantes, adaptando a configuração das cores do referido ambiente as características fisiológicas e psicológicas de seus usuários. Neste sentido, alguns cuidados são necessários para a obtenção de melhores resultados: a) Introjetar que o uso da cor é um dos recursos mais econômicos para promover mudanças em um ambiente, sejam elas físicas, mentais ou cognitivas. b) Toda cor afeta o ser humano, seja pelo eletromagnetismo, seja pela representação psicosocial; c) Ao optar por uma cor, decidir paralelamente o tipo de iluminação a ser adotado. Fisiologicamente sabe-se que a iluminação afeta a percepção visual da cor. d) Estudar criteriosamente a cor a ser usada na pintura dos tetos e vigas, a fim de se obter a impressão desejada de elevar, reduzir, aumentar ou diminuir. e) Considerar que as cores frias dão a impressão de ambientes maiores, aumentando as dimensões de um recinto, enquanto que as quentes diminuem. f) Evitar cores contrastantes próximas, na área de trabalho, pois aumentam a fadiga. g) Lembrar que as cores válidas para as paredes, não o são para o teto ou piso, onde causariam efeitos negativos. Um teto branco proporciona melhor iluminação, por seu maior índice de reflexão. h) Dosar adequadamente as cores: as cores frias são convenientes para ambientes onde se deseja relaxamento, pela sugestão de temperatura agradável e de tranqüilidade, quando em excesso podem tornar o ambiente depressivo e monótono. E que cores quentes embora excitem o SNC, 11 (Sistema Nervoso Central) atuando favoravelmente na vitalidade; em quantidade geram estresse, tornando os indivíduos mais predispostos a discussões. i) Observar que a receptividade e reação às cores dependem de aspectos relacionados à idade, sexo e cultura. j) Evitar cores primárias muito fortes que podem ocasionar uma sensação de pós-imagem. k) Quebrar a monotonia de um ambiente pelo uso de cores estimulantes. l) Usar cores diferentes para separar áreas distintas: trabalho, lazer, descanso, etc.. m) Usar cores mais intensas e estimulantes, em ambientes de pequena permanência, como corredores, escadas, banheiros ou depósitos, para torná-los mais atrativo; contudo , de forma controlada para não tornarem-se visualmente agressivos. n) Observar que objetos menores, tais como móveis e máquinas devem ser considerados como elementos de integração e/ou contraste. o) Considerar que esquemas de cores, representados por materiais, superfícies ou exemplos de pintura devem ser reunidos e avaliados sob condições de iluminação que dupliquem aquela sob a qual o conjunto será utilizado. Isto irá evitar problemas significativos na alteração das cores pretendidas. p) Observar que, como as superfícies maiores contribuem consideravelmente para a distribuição da luz por reflexão e interreflexão, os índices de refletância luminosa devem ser altos onde a iluminação de tarefas são importantes. q) Considerar o propósito primeiro do esquema de cores: conforto visual num cômodo escolar; dignidade numa igreja; uma atmosfera de excitação num circo; etc. 12 Referências Bibliográficas AIRES, Margarida de Mello, Fisiologia Básica. São Paulo: Guanabara Koogan, 1986. COUTO, Hudson de Araújo. Ergonomia Aplicada ao trabalho: manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo editora, 1995. GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto alegre: Artes Médicas, 1998. FOGLIA, Virgilio G., Visão. In: Fisiologia Humana. São Paulo: Guanabara Koogan, 1987. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Editora Edgar Brücher, 1990. ILUMINATING ENGINEERING SOCIETY OF NORTH AMERICA. IESNA Lighting Education. New York: IESNA, 1993. JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1988. LACY, Marie Louise. Conhece-te através da cores. São Paulo: Pensamentos, 1989. MACHADO, Angelo. Neuroanatomia funcional. 2. Ed. São Paulo: Atheneu, 1993. PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Brasília: UnB, 1982. PINKER, Steven. Como a mente funciona. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. VERDUSSEN, R., Ergonomia: a racionalização humanizado do trabalho. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
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