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Guias e Dicas
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Cultura do tomate, Notas de estudo de Cultura

Cultura do tomate

Tipologia: Notas de estudo

2011
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Compartilhado em 02/12/2011

marcelo-agua-nova-da-rocha-12
marcelo-agua-nova-da-rocha-12 🇧🇷

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Baixe Cultura do tomate e outras Notas de estudo em PDF para Cultura, somente na Docsity! Agrodok 17 A cultura do tomate produção, processamento e comercialização Shankara Naika Joep van Lidt de Jeude Marja de Goffau Martin Hilmi Barbara van Dam A cultura do tomate 2 Esta publicação foi patrocinada por: PROTA © Fundação Agromisa e CTA, Wageningen, 2006. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida qual- quer que seja a forma, impressa, fotográfica ou em microfilme, ou por quaisquer outros meios, sem autorização prévia e escrita do editor. Primeira edição em português: 2006 Autores: Shankara Naika, Joep van Lidt de Jeude, Marja de Goffau, Martin Hilmi, Barbara van Dam Editor: Barbara van Dam Ilustraçöes: Barbera Oranje Design gráfico: Eva Kok Tradução: Rob Barnhoorn; revisão: Láli de Araújo Impresso por: Digigrafi, Wageningen, Países Baixos ISBN Agromisa: 90-8573-047-3 ISBN CTA: 92-9081-319-9 Índice 5 6.3 Selecção e cultivo de sementes 72 6.4 Produção de sementes híbridas 72 6.5 Qualidade das sementes 73 7 Tratamentos pós-colheita 74 7.1 Procedimentos do tratamento 74 7.2 Armazenamento 77 7.3 Processamento 79 8 Comercialização 89 8.1 Em quê consiste um mercado 89 8.2 Financiamento 91 Prota 99 Endereços úteis 100 Leitura recomendada 101 Glossário 102 A cultura do tomate 6 1 Introdução 1.1 Uma descrição sucinta do tomate O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) tornou-se num dos legumes mais importantes do mundo. Em 2001, a produção mundial do tomate atingiu um nível de, aproximadamente, 105 milhões de toneladas de frutos frescos produzidos numa área estimada de 3,9 milhões de ha. Como se trata de uma cultura com um ciclo relativamente curto e de altos rendimentos, a cultura do tomate tem boas perspectivas econó- micas e a área cultivada está a aumentar cada dia. O tomate pertence à família das Solanáceas. Esta família inclui também outras espécies conhecidas, como sejam a batata, o tabaco, os pimentos e a beringela. O tomate tem a sua origem na zona andina de América do Sul, mas foi domesticado no México e introduzido na Europa em 1544. Mais tarde, disseminou-se da Europa para a Ásia meridional e oriental, África e Oriente Médio. Mais recentemente, distribuiu-se o tomate silvestre para outras partes da América do Sul e do México. Alguns nomes comuns locais do tomate são: tomate (português, espa- nhol, francês), tomat (indonésio), faan ke’e ( chinês), tomati (africano ocidental), tomatl (nauatle), jitomate (espanhol mexicano), pomodoro (italiano), nyanya (swahili). O consumo dos frutos contribui para uma dieta saudável e bem equili- brada. Estes são ricos em minerais, vitaminas, aminoácidos essenciais, açúcares e fibras dietéticas. O tomate contém grandes quantidades de vitaminas B e C, ferro e fósforo. Consomem-se os frutos do tomate frescos, em saladas, ou cozidos, em molhos, sopas e carnes ou pratos de peixe. Podem ser processados em purés, sumos e molho de tomate (ketchup). Também os frutos enlatados e secos constituem produtos processados de importância económica. Introdução 7 O tomate amarelo tem um teor mais alto de vitamina A do que o tomate ver- melho, mas o tomate vermelho contém licopeno, um antioxidante que pode contribuir para a protecção contra substâncias carcinogéneas. O tomate (ver a Figura 1) é uma planta anual, que pode atingir uma altura de mais de dois metros. Contudo, na América do Sul, pode-se colher frutos das mesmas plantas durante vários anos consecutivos. A primeira colheita pode-se realizar 45-55 dias após a florescência, ou 90-120 dias depois da sementeira. A forma dos frutos difere conforme a cultivar (variedade cultivada). A cor dos frutos varia entre amarelo e vermelho. Figura 1: O tomate A cultura do tomate 10 2 Requisitos para realizar um cultivo bem sucedido 2.1 Clima e solo Temperatura e luz O tomate requer um clima relativamente fresco, árido, para dar uma produção elevada de primeira qualidade. Contudo, esta planta adap- tou-se a um amplo leque de condições climáticas, variando entre tem- perada a quente e húmida tropical. A temperatura óptima da maioria das variedades situa-se entre 21 a 24 °C. As plantas podem sobreviver certa amplitude de temperatura, mas abaixo de 10 °C e acima de 38 °C danificam-se os tecidos das mesmas. Os tomateiros reagem às varia- ções da temperatura que têm lugar durante o ciclo de crescimento (ver o Quadro 1), de forma a que são afectadas p.ex. a germinação de se- mentes, o desenvolvimento de plântulas, a florescência, a frutificação e a qualidade dos frutos. Quando durante a florescência há períodos persistentes de tempo fresco ou quente, reduz-se a produção de pólen e isto terá influência na frutificação. Quando há gelo, as plantas serão destruídas. Para prevenir danos provocados pelo gelo, é recomendável adiar a sementeira até o inverno ter acabado completamente. É possí- vel semear antes desse momento, mas então deve ser feito dentro (em vasos ou tabuleiros). A intensidade da luz afecta a cor das folhas, a frutificação e a cor dos frutos. Quadro 1: Temperaturas requeridas para as diferentes fases de desenvolvimento do tomate Fases Temperatura (° C) Mínima Amplitude óptima Máxima Germinação de sementes 11 16-29 34 Desenvolvimento de plântulas 18 21-24 32 Frutificação 18 20-24 30 Desenvolvimento da coloração vermelha 10 20-24 30 Requisitos para realizar um cultivo bem sucedido 11 Nas planícies tropicais, a temperatura mínima nocturna também é importante, visto as temperaturas abaixo de 21 °C poderem provocar o aborto de frutos. Água e humidade Pode-se usar uma simples regra prática para determinar se o abasteci- mento local de água é suficiente para cultivar o tomate. Se houver plantas herbáceas (plantas com muitas folhas finas) a crescerem no ambiente natural, será possível cultivar-se tomate. De qualquer manei- ra, é necessário que se possa contar com um período de chuvas de três meses, no mínimo. O stress devido à escassez de humidade e períodos secos prolongados provocam a queda de botões e flores e a racha dos frutos. Contudo, quando há chuvas muito fortes e a humidade é dema- siadamente alta, incrementar-se-ão o desenvolvimento de fungos e o apodrecimento dos frutos. Além disso, embora a nebulosidade abrande o amadurecimento dos tomates, existem cultivares adaptadas para uso nestas circunstâncias. As companhias produtoras de sementes forne- cem variedades especiais de tomate apropriadas para o cultivo do mesmo em climas quentes e húmidos. Solo O tomate cresce bem na maioria dos solos minerais com uma capaci- dade apropriada de retenção de água, arejamento, e isentos de salini- dade. A planta prefere solos franco-arenosos profundos, bem drenados. A camada superficial deve ser permeável. Uma espessura do solo de 15 até 20 cm é favorável para o desenvolvimento de uma cultura sau- dável. Caso se trate de solos argilosos pesados, uma lavoura profunda permite uma melhor penetração das raízes. O tomate é moderadamente tolerante a valores de pH de uma amplitu- de ampla (nível de acidez), mas desenvolve-se bem em solos com um pH= 5,5 – 6,8 com uma disponibilidade e abastecimento apropriados de nutrientes. A adição de matéria orgânica é, geralmente, favorável para um crescimento adequado. Os solos com um teor muito alto de matéria orgânica, como sejam terras turfosas, são menos apropriados devido à sua alta capacidade de retenção de água e as deficiências de nutrientes. A cultura do tomate 12 2.2 Escolha de variedades A escolha da variedade depende das condições locais e do objectivo do cultivo (ver Capítulo 6). Podem-se distinguir entre variedades lo- cais (castas regionais, não melhoradas) e variedades melhoradas (ou comerciais). Estas tiveram a sua origem num processo contínuo de selecção de plantas. Os critérios de selecção baseiam-se em caracterís- ticas como sejam o tipo de fruto, a forma da planta, a vitalidade e a resistência a pragas e doenças, mas também em factores relativos ao clima e ao maneio do cultivo. Os agricultores seleccionaram varieda- des que mostraram ter o melhor desempenho sob condições locais. Dever-se-ão escolher apenas os frutos das melhores plantas e guardá- los de forma a se obterem sementes para a estação seguinte. Os agri- cultores podem criar as suas próprias cultivares, mas tal é um processo dispendioso e arriscado. As companhias fitogenéticas produziram os chamados híbridos F1 do tomate. Estes desenvolveram-se a partir de sementes produzidas atra- vés de uma polinização manual, controlada, das linhas paternas mas- culina e feminina. Estes híbridos combinam rendimentos elevados, resistência a doenças e outras características de plantas e frutos. Na Ásia, mais de 40% dos agricultores já estão a usar híbridos. Quando se usam híbridos, dever-se-ão comprar novas sementes para cada esta- ção, trazendo mais custos, mas a resistência a doenças implica uma redução do tratamento com pesticidas e, além disso, os maiores ren- dimentos dão a oportunidade de vender tomates no mercado. As variedades resistentes têm uma resistência incorporada, transmitida pelas sementes. A resistência a uma doença particular implica que para a planta referida é muito difícil até impossível de contrair a dita doen- ça. Uma resistência pode ser o resultado de várias características da planta. Pode ser que as folhas estejam cobertas com uma alta densida- de de pêlos de forma a que certos insectos não gostem de pousar na sua superfície. Algumas cores podem ser pouco atraentes para certos insectos. As ditas características são visíveis, mas a maioria das carac- terísticas que contribuem para a resistência a fungos e vírus não são visíveis. Nenhuma das variedades disponíveis no mercado é resistente Preparação e plantio 15 dem ser bem protegidas e o espaçamento de plantio é mais regular do que depois da sementeira directa no campo. Preparação do viveiro A cama de sementes deve ter uma largura de 60 - 120 cm e uma altura de 20-25 cm. O seu comprimento depende da quantidade desejada de plântulas. Devem-se remover torrões e restolhos. Acrescentar estrume de estábulo, bem decomposto, e areia fina. Fazer com que a cama de sementes obtenha uma estrutura friável. A fim de cultivar uma quanti- dade de plantas que seja suficiente para um hectare, dever-se-ão seme- ar 150-200 g de sementes em 250 m2 de camas de sementes. Traçar linhas, a uma distância de 10-15 cm, ao longo do comprimento da cama de sementes. Semear as sementes ralamente nas linhas e pres- sionar ligeiramente. Cobrir as sementes com areia fina e palha. Regar a cama de sementes duas vezes por dia para fazer com que haja sufici- ente humidade para a germinação. Depois da germinação a palha deve ser removida. Cultivo das plântulas do tomate em recinto fechado O cultivo das plântulas do tomate em recinto fechado é um método fácil, ren- tável e saudável. Semear uma semente num vaso (de folha de bananeira) com um diâmetro de 7,5 cm ou num tabuleiro de plântulas. Cobrir, levemente, as sementes com terra para vaso. Fazer com que a terra ou o composto seja húmido mas não encharcado. Colocar os vasos num local quente (até 27 ºC) e escuro (ver o Capítulo 7). As plântulas surgirão dentro de 7-10 dias. Após a germinação, as plantas precisam de luz, mas não devem estar expostas directamente ao sol para prevenir que as folhas se queimem. Desbastar as plântulas, deixando a plân- tula mais sadia no vaso. Quando as raízes aparecem através do fundo do va- so (aproximadamente 4 semanas depois da sementeira), trasladar as plantas para um vaso maior (12,5 cm). Sete semanas após a sementeira das semen- tes, as plantas estarão prontas para serem transplantadas para o campo. Su- portar as plantas com estacas (empar). As plantas de vaso podem ser guardadas em recinto fechado. Cinco plantas fornecerão frutos saudáveis durante um período de até três meses para um agregado familiar de 5 pessoas. A cultura do tomate 16 3.3 Repicagem A repicagem duma plântula para o campo tem lugar após 3 a 6 sema- nas depois da sementeira. Uma semana antes da repicagem, as plântu- las devem ser endurecidas por meio de uma redução do abastecimento de água, mas 12-14 horas antes de serem retiradas da cama de semen- tes dever-se-ão regar de novo, com abundância, de forma a evitar que as raízes sofram danos excessivos durante o transplante. As plântulas de 15-25 cm de altura com 3-5 folhas autênticas são as mais apropria- das para serem transplantadas. O transplante deve ser feito à tarde ou durante um dia nublado de forma a reduzir o trauma provocado pela repicagem e, depois, é necessário regar imediatamente. Ao retirar as plântulas, manter um grande torrão atado às raízes das mesmas, de forma a prevenir que sejam danificadas. O espaçamento entre as plan- tas e as fileiras depende do porte da cultivar, do tipo do solo, do sis- tema de cultivo e também das plantas estarem suportadas por estacas ou crescerem rasteiramente. O espaçamento comum é de 50 cm entre as plantas e de 75 - 100 cm entre as fileiras (ver o quadro 2). Quadro 2: Espaçamento de plantio para três tipos de tomateiros: Tipo de planta Distância entre as fileiras e as plantas Tipo determinado (arbusto) 1,0 x 0,5 m Tipo semideterminado 0,75 x 0,5 m Tipo indeterminado (alto) 0,75 x 0,5 m Se os tomateiros estão suportados por meio de estacas, a distância en- tre as fileiras pode ser diminuída até 20-40 cm. Fazer com que as co- vas de plantio sejam suficientemente profundas para as folhas inferio- res estejam ao nível do chão quando se terminar o transplante. Com- pactar bem o solo em redor do raizame e regar à volta da base da plan- ta de forma a se assentar o solo. Depois do transplante, poder-se-á colocar uma cobertura morta na terra em redor das plantas para prote- gê-las contra o calor durante os primeiros cinco dias. Uma cobertura morta (mulch) é composta de restos vegetais (p.ex. palha de arroz ou palha de sorgo/mapira) que cobrem o solo para controlar o desenvol- vimento das ervas daninhas, prevenir erosão e conservar água. Cuida- Preparação e plantio 17 do para não molhar as folhas inferiores, visto que isto pode estimular o desenvolvimento de bolores. Um método mais avançado é colocar uma cobertura morta de plástico nos canteiros e perfurá-la antes do plantio. As plantas transplantadas devem ser protegidas do calor du- rante os primeiros 5 dias, p.ex. cobrindo-as com folhas grandes. A cultura do tomate 20 químicos. Os fertilizantes químicos podem ser classificados em dois grupos: fertilizantes compostos e fertilizantes simples. Fertilizantes químicos compostos. Este tipo de fertilizante é uma mistura de azoto (=N), compostos fos- fóricos (=P2O5) e potassa (=K2O). O fertilizante composto 12-24-12 contém 12% de N (azoto), 24% de P (fósforo) e 12% de K (potássio). Fertilizantes químicos simples. Este tipo de fertilizantes contém apenas um nutriente. Aplica-se (p.ex. nitrato de sódio, ureia ou superfosfato), quando uma cultura tem uma deficiência específica O tomate precisa de fósforo particularmente depois do seu transplante. Recomenda-se aplicar azoto e potassa du- rante o período de crescimento da cultura. Usar um tipo de libertação lenta durante a estação das chuvas e um de libertação rápida durante a estação seca. Nas regiões tropicais a aplicação de fertilizantes químicos varia entre 40-120 kg/ha de azoto, 30-90kg/ha de fosfato e 30-90 kg/ha de potas- sa. Nunca espalhar fertilizantes químicos sobre plantas tenras ou hú- midas, visto que tal provocaria queimaduras. Como se combinam os fertilizantes orgânicos e químicos? Antes do plantio, a fertilização do solo é feita por uma aplicação de material orgânico. No caso do tomate, aplica-se, geralmente, uma combinação de fertilizantes orgânicos e químicos. Não é necessário aplicar esta mistura de uma só vez. Por exemplo, pode-se aplicar uma metade ao preparar os canteiros ou misturá-la com o solo nas covas para as plântulas. A outra metade pode ser aplicada quando as plantas estão a florescer ou quando a frutificação terminou. É recomendável incorporá-lo, com um ancinho, no solo entre as fileiras. Uma segunda aplicação, a fim de reabastecer os nutrientes do solo, é particularmente recomendável em solos arenosos, nos quais os nutrientes são lixivia- dos mais rapidamente. É recomendável realizar uma aplicação foliar de nutrientes para aumentar os rendimentos. Tratamentos culturais 21 4.2 Rega O tomate não é resistente à seca. Por conseguinte, os rendimentos di- minuem consideravelmente após curtos períodos de escassez de água. É importante regar as plantas com frequência, particularmente durante a florescência e a frutificação. A quantidade de água necessária depen- de do tipo de solo e das condições climáticas (pluviosidade, humidade e temperatura). Em solos arenosos é particularmente importante regar com frequência (p.ex. 3 vezes por semana). Em boas circunstâncias uma rega por semana deve ser suficiente. É necessário regar, aproximadamente, 20 mm de água por semana em condições frescas e, aproximadamente, 70 mm durante os períodos quentes e secos. A aplicação de água desempenha um papel crucial para a obtenção duma maturidade uniforme e para a redução da ocor- rência do apodrecimento apical, uma desordem fisiológica associada com o abastecimento irregular de água e, por conseguinte, uma defici- ência de cálcio nos frutos durante o seu crescimento. Há vários méto- dos de irrigação: Rega superficial O método mais simples é verter água em sulcos (rega em sulcos) ou sobre campos planos rodeados por pequenos diques/marachas (rega por inundação). Distribuir a água uniformemente. Rega por aspersão A rega por aspersão, com uso de tubos permanentes, é aplicada de forma comum nas estufas. Os aspersores estão colocados abaixo da cultura e em faixas de forma a que os carreiros se mantenham secos. Rega gota-a-gota Faixas humedecidas: Uma mangueira feita de polietileno preto – perfurado com pequenos buracos de, aproximadamente, 2 milímetros – pode ser colocada no chão, perto da base das plantas. É necessário que o solo seja plano, mas pode ter uma inclinação muito ligeira para o extremo do tubo. O A cultura do tomate 22 comprimento da mangueira pode ser de 20 até 30 metros. A pressão da água deve ser de, aproximadamente, 0,2 atmosferas (2 m de coluna de água). Rega de plantas individuais: É necessário que o solo seja plano e que a água esteja limpa, visto que se deve prevenir a obstrução dos pequenos buracos de gotejo. É possí- vel filtrar a água no local onde entra no sistema. Muitos sistemas de rega gota-a-gota funcionam com uso de uma baixa pressão da água, que é de 0,1-0,2 atmosferas (1 a 2 metros de coluna de água). Num pequeno sistema, isto pode ser conseguido de forma muito barata por meio da instalação de um flutuador do WC à entrada do tubo principal. Pode-se acrescentar o fertilizante, dissolvido na do- se correcta, ao sistema de rega gota-a-gota. Ao contrário da rega por aspersão e de outros tipos de rega, pode-se poupar, através da rega gota-a-gota, 30 – 70% de água, particularmente num clima muito ári- do. 4.3 Poda É importante que os tomateiros sejam podados, particularmente no caso de se tratar de arbustos densos e tipos indeterminados. Desta ma- neira, melhoram-se a intercepção da luz e a circulação do ar. À poda dos rebentos laterais chama-se desponta lateral. À poda da cabeça do caule chama-se desponta apical. A necessidade da poda depende do tipo da planta e do tamanho e da qualidade dos frutos (se as plantas não forem podadas, crescerão de forma aleatória e os frutos serão mais pequenos). Podar na forma desejada No que diz respeito à poda, os tomateiros dividem-se em duas formas, arbusto e recto. As variedades de arbusto são as mais apropriadas para o cultivo no campo, ao ar livre, visto que não requerem ser podadas durante a maior parte do período de cultivo. Remover quaisquer folhas Tratamentos culturais 25 fim de que as feridas, provocadas pela poda, possam secar rapidamen- te, é melhor realizar a poda pela manhã dum dia de sol. Recomenda-se queimar ou enterrar as folhas infectadas, de forma a prevenir as infec- ções por doenças. 4.4 Sistemas de suporte Paus de bambu, estacas de madeira, estacas ou latadas de outros materiais robustos fornecem o suporte necessário para manter a folhagem e os frutos afastados do chão. Graças ao suporte com estacas aumentarão o rendimento e o tamanho dos frutos; reduzir-se-á o apodrecimento de fru- tos e facilitar-se-ão a pulverização e a colheita. As variedades indeterminadas deverão ser supor- tadas com estacas para facilitar a poda, a despon- ta por beliscões, a colheita, e outras práticas de cultivo. As variedades determinadas deverão ser suportadas com estacas, durante a estação das chuvas, para prevenir que os frutos estejam em contacto com o solo. Há muitas possibilidades de disposição do suporte com estacas. Contudo, as plantas devem ser atadas de forma segura às es- tacas ou suportes de corda, a partir de, aproxi- madamente, duas semanas após o transplante. Para se atarem podem-se utilizar palha de arroz, tiras de plástico, fita de atar para uso hortícola, ou outros materiais. A atadura também serve para suportar os cachos de frutos. Atadura O tomateiro (tipo alto) pode ser atado a estacas de forma a se suporta- rem os caules durante o seu crescimento. Atar, folgadamente, os tomateiros às estacas e re-atá-los com frequên- cia durante o período de crescimento. A fim de não danificar as raízes Figura 3: Um to- mateiro do qual os três rebentos laterais superio- res estão supor- tados A cultura do tomate 26 das plantas, dever-se-á colocar as estacas de suporte no seu lugar antes do transplante. As estacas devem ter uma altura de 1,5 m, no mínimo, visto que serão enterradas no solo até uma profundidade de 40-50 cm. Dever-se-á lavar as estacas com um desinfectante antes da sua re- utilização, de forma a destruir quaisquer germes ainda presentes nas mesmas. Construção de uma cerca A construção de uma cerca (ver a figura 4) com uso de estacas e cor- da/arame, para suportar o tomateiro (tipo alto), é útil devido a várias razões: Figura 4: Diferentes tipos de cercas de suporte Tratamentos culturais 27 ? as plantas obtêm um suporte mais adequado e previne-se a quebra dos caules ? devido à melhor ventilação, reduzir-se-á a possibilidade da difusão de doenças, que é particularmente importante em zonas húmidas ou durante estações húmidas ? prevenindo qualquer contacto entre o solo e os frutos, estes não se apodrecerão ? possibilita o plantio de mais plantas por hectare ? facilita a monda e a colheita A construção de uma cerca também pode ser prática para os tomatei- ros do tipo arbusto, de forma a prevenir que os cachos pesados de fru- tos toquem o chão. Folhas e frutos que estão em contacto com o chão apodrecem facilmente, visto haver uma maior possibilidade de que as plantas sejam danificadas por doenças e insectos. Pode-se prevenir isto, colocando uma cerca de duas cordas paralelas em ambos os lados da planta (ver a figura 5) ou colocando palha ou uma cobertura morta (mulch) debaixo das plantas. Figura 5: Tomateiro do tipo arbusto, suportado por dois arames paralelos A cultura do tomate 30 O tomate pode ser cultivado numa monocultura ou num sistema de cultura intercalar. O cultivo intercalar tem vantagens, visto que neste sistema se reduz a ocorrência de doenças e pragas. Os pequenos agri- cultores são os que beneficiarão mais das vantagens da cultura mista. Alguns exemplos de sistemas de cultura intercalar: ? Tomate misto com cana-de-açúcar (ver a figura 6). As cultivares anãs do tomate são plantadas num canteiro levantado com uma lar- gura de, aproximadamente, 1,2 m, enquanto a cana-de-açúcar é cul- tivada em sulcos entre os canteiros. Figura 6: Tomateiro do tipo arbusto, intercalado com cana-de- açúcar ? Os tomateiros do tipo alto são cultivados ao longo de estacas, co- brindo 0,6 m do canteiro (ver a figura 7). Ao lado do canteiro, apro- ximadamente, 0,6 m para cima, cultiva-se pimentão e couve-flor. Os sulcos têm uma largura de 0,3 m e servem de carreiro. ? Cultura intercalar de tomate com couve. Devido à combinação des- tas culturas reduzir-se-ão os danos provocados pela traça das crucí- feras. ? Alternar espécies trepadeiras, como sejam feijão-de-sete-anos e er- vilha, com o tomate. Duas semanas antes da colheita dos tomates, Tratamentos culturais 31 podem-se plantar os feijões e as ervilhas entre os tomateiros. As es- tacas de suporte dos tomateiros poderão ser usadas para a nova cul- tura. Figura 7: Tomateiro do tipo alto, intercalado com pimentão e cou- ve-flor O tomate enquadra-se bem em diferentes sistemas de cultivo de cere- ais e oleaginosas. Sistemas de cultivo como arroz/tomate, arroz/milho, quiabo/batata/tomate são populares na Ásia. Os sistemas de couve- flor/quiabo/girassol/couve/tomate, milho/tomate/melancia e arroz/ er- vilha/tomate mostraram ser economicamente atractivos. Podem-se cultivar, com sucesso, vegetais folhados ou rabanete num cultivo in- tercalar com tomate. Na Índia, os agricultores mantêm um sistema de cultivo misto único. Quinze dias antes de se fazer o transplante dos tomateiros, semeia-se cravo de defunto (Tagetes erecta e outras espé- cies afins) ao longo da faixa e também nas valas de abastecimento de água no campo. Este sistema de cultivo misto ajuda a controlar a la- garta do tomate. Através da rotação de culturas com cereais e outras culturas legumino- sas melhora-se a saúde do solo e reduz-se a infestação de pragas. A rotação de culturas com espécies de mexoeira/milho miúdo ou outros cereais é um método eficaz para controlar a população de nemátodos. A cultura do tomate 32 4.7 Cultivo protegido Os seres humanos protegeram sempre as suas culturas contra efeitos climáticos desfavoráveis. Arbustos e muros fornecem protecção contra o vento; a folhagem e ripas (de persiana) protegem contra o sol arden- te e a chuva; vidro e plástico protegem contra o frio. Tradicionalmen- te, o vidro foi usado em estufas para deixar entrar a luz do sol, mas a descoberta do filme sintético transparente foi um grande avanço. Com uso do dito material a construção de uma estufa tornou-se muito mais barata (para mais informação detalhada ver o Agrodok no. 23: Cultu- ras protegidas). Estufas Antes de se começar com o projecto de estufas, deve-se controlar, cui- dadosamente, se se cumpriram todos os requisitos necessários para obter um bom sucesso. No que diz respeito ao clima, é necessário for- necer não só uma protecção contra as temperaturas variáveis, mas também contra os raios fortes da luz do sol (a radiação solar), chuva- das, granizo, e ventos fortes. No geral, é necessário proteger as cultu- ras contra uma combinação de condições climáticas. Os dados clima- tológicos presentes no banco de dados da FAO (Organização das Na- ções Unidas para Agricultura e Alimentação) podem servir como base de informação. É necessário aplicar normas elevadas para o tipo do solo, o perfil do solo e o local. Por conseguinte, para a realização do seu projecto de estufas, dever-se-á escolher, se for possível, um solo de boa estrutura numa área plana. Tendo em vista o equipamento dispendioso de pro- dução e a maior qualidade do produto, é importante examinar bem o local pretendido para a sua exploração. O cultivo em estufas precisa de receber mais atenção do que o cultivo no campo, ao ar livre. Por conseguinte, o horticultor deverá encontrar-se sempre na proximidade, de forma a poder chegar facilmente à sua exploração. Também é im- portante dispor de uma infra-estrutura adequada para o transporte de materiais e produtos, e poder contar com uma disponibilidade de elec- tricidade. Finalmente, deve-se dispor de conhecimentos e ideias acerca da comercialização dos produtos que se pretendem cultivar. Tratamentos culturais 35 Figura 8: Túneis baixos e suas dimensões Remover o filme de plástico no período da colheita e, às vezes, ainda mais cedo se o clima for favorável. Desta maneira, o túnel protege a cultura em condições climáticas desfavoráveis contra as temperaturas baixas, o granizo e também contra pássaros e insectos. Os custos bai- xos e o método simples de construção constituem as vantagens mais importantes dos túneis baixos. As desvantagens são que apenas forne- cem um aumento limitado da temperatura, têm uma oportunidade mui- to limitada de arejamento e os tratamentos culturais são difíceis de realizar. Os túneis baixos são, geralmente, usados em caso de monoculturas. Na maioria dos casos uma cobertura com uso dum filme de plástico no chão e os túneis baixos constituem o primeiro passo para conseguir um cultivo protegido. Os túneis onde se pode caminhar têm a altura dum homem e, por con- seguinte, são suficientemente altos para possibilitar o trabalho e os tratamentos culturais entre uma cultura de porte alto, mas um túnel simples tem as suas limitações: A cultura do tomate 36 ? Num clima quente, o método simples de arejamento limita as op- ções de cultivo. ? O uso dum filme de polietileno (PE) barato implica que a cobertura ficará intacta durante apenas um período de cultivo, visto decom- por-se devido à radiação solar e pela fricção. ? Os arcos de madeira podem partir-se facilmente, e os arcos de aço tornam-se tão quentes que o plástico se decompõe. ? Uma fixação simples do plástico é susceptível a ser danificada por tempestades. ? É difícil suportar adequadamente as culturas de porte alto. Os túneis de construção robusta têm as vantagens da adaptação clima- tológica, de mais opções de cultivo e da sua duração mais prolongada. Além disso, fornecem espaço suficiente para trabalhar no seu interior. A estrutura é constituída por pedaços de tubo galvanizado, que poderi- am ser reforçados com arames ao longo do seu comprimento. A fim de proteger o filme de plástico, cobre-se a armação com fita que contém bolhas de ar. A forma mais simples de arejamento realiza-se enrolando o plástico dum lado do túnel (ver a figura 9). Existem métodos mais avançados, dependendo seu emprego das possibilidades financeiras existentes. Figura 9: Túnel onde se utiliza filme plástico mostrando um corte transversal e uma ventilação lateral de enrolamento As zonas de sombra são essenciais num clima seco com muito sol ou durante a estação seca dum clima de monção, de forma a proteger a Tratamentos culturais 37 cultura contra o sol ardente. Existem materiais especiais para servirem como tela (tecido, redes) que diferem na qualidade e no grau de inter- cepção da luz do sol. O arejamento realiza-se por meio de redes aber- tas presentes na cobertura lateral (ver a figura 10). Figura 10: Zona de sombra (Rovero) Rendimento financeiro Quando os produtores decidem investir no melhoramento dos seus sistemas de produção, devem ter a garantia de que também os seus rendimentos financeiros aumentarão de forma adequada. Dever-se-á fazer com que o investimento também produza um aumento do valor de mercado do produto. A regra de ouro é que o produtor de culturas de estufa comece as suas actividades em pequena escala, e apenas considere expandir a exploração, investindo mais, quando tiver obtido experiência suficiente. 4.8 Agricultura biológica A agricultura biológica consiste num sistema que exclui o uso de ferti- lizantes químicos, pesticidas, herbicidas e reguladores de crescimento. Os agricultores biológicos utilizam rotações de culturas, resíduos ve- getais das culturas, estrume, leguminosas, adubo verde, restos orgâni- cos, e rochas minerais, para abastecer o solo e fornecer nutrientes às culturas. Os insectos, as ervas daninhas e outras pragas, são controla- A cultura do tomate 40 O vermicomposto (composto de minhocas) é o adubo orgânico mais apropriado para aumentar a fertilidade do solo, fornecendo um amplo leque de nutrientes para as culturas. No caso de solos que estão num processo de transição de agricultura não biológica para biológica, o vermicomposto ajuda a manter o rendimento em níveis normais. Rotação de culturas A rotação de culturas é um componente principal da agricultura bioló- gica, influenciando tanto as condições do solo como os ciclos de pra- gas. A rotação, durante três anos, com culturas não solanáceas ajudará a prevenir problemas de pragas no tomate (ver a secção 4.6). As rota- ções prolongadas podem ser pouco práticas para os pequenos agricul- tores. O cultivo do tomate seguido por cereais e espécies de milho mi- údo (mexoeira) reduz a ocorrência de doenças no tomate. Os feijões, o cravo de defunto, o feijão-frade (feijão-nhemba), e as verduras folha- das constituem culturas mistas comuns a fim de se prevenir a ocorrên- cia de pragas e doenças no tomate. 4.9 Práticas de saneamento Os tomates são muito susceptíveis aos efeitos prejudiciais de organis- mos patogénicos. Durante o cultivo, as fontes de abastecimento de água devem ser controladas para evitar a sua contaminação devido à percolação de água escoante dos canteiros (durante a drenagem) etc. O estrume para a fertilização do solo deve ser aplicado com suficiente antecipação à colheita da cultura. Os animais presentes na exploração devem ser mantidos fora das áreas cultivadas durante o período de cultivo e as colheitas, assim como outros animais, como sejam peque- nos roedores, répteis e anfíbios. Pragas e doenças 41 5 Pragas e doenças A prevenção de pragas e doenças na cultura do tomate reveste-se de primordial importância. Neste capítulo apresentam-se as pragas e do- enças mais importantes e também se recomendam métodos para a pre- venção e o controlo. Praticamente todas as pragas e doenças podem ser controladas de for- ma adequada através da aplicação de pesticidas químicos sintéticos. Contudo, a maior parte dos pesticidas são dispendiosos e, às vezes, muito prejudiciais para os seres humanos e o meio-ambiente, de forma que o seu uso deverá limitar-se a casos de emergência. Além disso, há algumas pragas que desenvolveram uma resistência a certos pestici- das. Por conseguinte, recomendam-se estratégias de Maneio Integrado de Pragas (MIP) que combinam o uso de variedades resistentes, práti- cas apropriadas de cultivo e uma aplicação sensata de pesticidas (com ênfase em pesticidas biológicas. Trataremos seguidamente de algumas destas medidas. O MIP consiste num sistema de maneio de pragas no qual se utilizam todas as técnicas e métodos apropriados da forma mais compatível possível, man- tendo a população da praga a níveis baixos de tal forma que não provoquem prejuízos económicos. No fim deste capítulo apresenta-se alguma informação acerca das sub- stâncias químicas sintéticas e das pesticidas naturais. Mas neste livri- nho não se recomendam pesticidas sintéticos específicos para o con- trolo de determinadas pragas e doenças. No que diz respeito ao uso de pesticidas sintéticos, os produtores agrícolas e hortícolas podem recor- rer aos fornecedores fidedignos, locais, de pesticidas ou ao Serviço de Extensão Agrícola. Tome cuidado para não comprar pesticidas de qua- lidade inferior. Ver também o Agrodok 29 – Pesticidas: compostos, usos e perigos. A cultura do tomate 42 5.1 Nemátodos Os nemátodos são vermes minúsculos que vivem no solo, alimentan- do-se das raízes de plantas. Devido ao seu tamanho reduzido (têm apenas alguns mm de comprimento), não podem ser vistos a olho nu. Têm uma armadura bucal perfuradora, que utilizam para sugar a seiva das plantas. Por conseguinte, podem provocar uma redução da capaci- dade produtiva das plantas e também prejuízos ainda mais graves de- vido a vírus ou fungos penetrarem nas plantas através das feridas fei- tas pelos nemátodos. Os ditos invasores provocam doenças nas plantas e, por fim, a sua morte. Se se descobrir uma área no campo cultivado onde uma parte da cultura mostra claros sintomas de ter um desenvol- vimento atrasado, onde as plantas são de cor mais clara e têm folhas com formas anor- mais, mas não mostrando indí- cios de um padrão de mosaico, dever-se-á suspeitar de uma infestação de nemátodos. Co- meça, geralmente, numa parte reduzida da área cultivada e difunde-se lentamente por toda a cultura. No cultivo do tomate, os nemátodos dos nódulos radiculares constitu- em um grande problema. Provocam o desenvolvimento de galhas (tu- mores cancerosos) nas raízes das plantas (ver a figura 11). Três tipos comuns dos nemátodos dos nódulos radiculares são: Meloidogyne in- cognita, M. javanica e M. arenaria. As plantas afectadas continuam a ser pequenas e são susceptíveis a doenças fúngicas e bacterianas, transmitidas através do solo. Nas regiões tropicais, perde-se, aproxi- madamente, 30% da colheita do tomate devido a nemátodos. Figura 11: Raízes do tomateiro com galhas causadas por nemátodos Pragas e doenças 45 Afídeos/pulgões (Aphidae) Os afídeos ou pulgões são insectos moles, oblongos com um compri- mento de, aproximadamente, 2,5 mm (ver a figura 13). Há tipos com e sem asas. Provocam danos directos quando aparecem na cultura em grandes números, onde preferem as folhas e caules mais tenros. Além de provocar uma danificação directa, os afídeos também transmitem vários tipos de vírus. Figura 13: Tipos de afídeos com e sem asas. Afídeos no lado infe- rior de uma folha Algumas medidas para controlar os afídeos são: ? Remover os restos vegetais das velhas culturas antes de semear uma nova cultura. ? Realizar um cultivo intercalar com outras culturas. ? Moderar o uso de fertilizante com azoto; usar fertilizantes orgâni- cos. ? Pulverizar com uma solução de sabão, urina de vaca ou extracto de neem (amargoseira, Azadirachta indica). A cultura do tomate 46 ? Cobrir o chão com um filme de plástico cinzento que repele os afí- deos/pulgões pela reflexão da luz do sol. Tripes (Thripidae) Os tripes são insectos minúsculos, com um comprimento de apenas 0,5 até 2 mm (ver a figura 14), de forma que se deve olhar com aten- ção para conseguir observá-los. No geral, têm asas. Os tripes põem ovos nas folhas. As larvas aparecem, aproximadamen- te, após 10 dias. As larvas e os tripes adultos sugam a seiva das folhas, provocando o aparecimento de manchas prateadas na superfície das folhas afectadas. Os tripes adultos também depositam os seus excrementos nas folhas, que são visíveis na forma de pequenas pontos pretos. Algumas espéci- es de tripes são vectores do vírus do bronzeamento do tomateiro (to- mato spotted wilt vírus/TSWV). A fase da metamorfose no casulo tem lugar no solo. Figura 14: Dois tipos diferentes de tripes Algumas medidas para controlar os tripes são: ? Cobrir o chão com um filme de plástico de forma a prevenir que os tripes entrem no solo para a sua fase de metamorfose no casulo. ? Lavrar bem a fim de os casulos chegarem à superfície onde secam e, por conseguinte, morrem. ? Remover os restos vegetais da cultura. Pragas e doenças 47 ? Pulverizar com uma solução de sabão ou de neem (amargoseira, Azadirachta indica) nas plantas. Contudo, isto não afectará os casu- los presentes no solo, de forma que se deve repetir a aplicação para destruir os adultos, quando aparecem à superfície. Borboletas e traças (Lepidópteros) As borboletas e traças são pragas comuns nas culturas do tomate. Põem ovos verdes ou castanhos nas folhas tenras, flores e frutos. As larvas saídas dos ovos (lagartas, ver a figura 15) alimentam-se das fo- lhas, flores, frutos e até as raízes. Durante este período de alimentação, as lagartas aumentam o seu tamanho, desenvolvendo-se através de várias fases larvais. Ao final, entram no solo para formarem casulos. Depois de algumas semanas, os insectos adultos com asas sairão dos casulos para dispersar-se, voando. Figura 15: Lagartas de diferentes tipos de borboletas ou traças Algumas medidas para controlar as lagartas são: ? Remover as ervas daninhas com frequência. ? Lavrar um mês antes da sementeira ou da repicagem. ? Remover e destruir os frutos infectados. ? Aplicar uma rotação de culturas. ? Inspeccionar, com frequência, a presença de ovos e tomar medidas para controlar as larvas novas. ? Utilizar armadilhas de luz, que atraem traças durante a noite, de forma a prevenir que ponham ovos nas plantas. A cultura do tomate 50 5.3 Doenças Os tomateiros são susceptíveis a vários fungos, bactérias e vírus. Fun- gos e bactérias causam a ocorrência de doenças nas folhas, nos frutos, nos caules e nas raízes. Uma infecção de vírus provoca, geralmente, um crescimento retardado (nanismo) e uma produção reduzida. Os danos provocados por doenças podem levar a uma redução considerá- vel de rendimentos para o agricultor. Bactérias As bactérias são organismos unicelulares minúsculos que não podem ser vistas a olho nu, mas apenas com microscópio. Ao contrário dos fungos, cujos esporos germinam e, depois, são capazes de penetrarem pela epiderme intacta da planta, as bactérias infectam apenas uma planta através de pontos débeis, como sejam cicatrizes, estomas e len- ticelas (pequenos poros na superfície de caules e raízes) e feridas (p.ex. devido à poda) ou outras lesões físicas. No solo podem penetrar na planta através de lesões nas raízes, provocadas p.ex. por nemáto- dos. As bactérias encontram-se em todos lados, no ar e em objectos. As bactérias podem chegar ao ponto onde penetram a planta devido a actividades humanas, pegadas aos sapatos, e nas patas de insectos, pelos salpicos das gotas de chuva ou o movimento de pó/poeiras pelo vento. A maior parte das doenças bacterianas são transmitidas em condições de humidade e temperatura altas. Quando penetram numa planta, as bactérias atingem, geralmente, o sistema vascular dos caules, raízes e folhas, provocando nestas últimas, muitas vezes, um processo de e- murchecimento. Para prevenir que as doenças bacterianas se difundam por toda a cultu- ra é necessário prevenir a danificação dos tomateiros. Muitas doenças bacterianas sobrevivem no solo. Por conseguinte, dever-se-á praticar uma rotação de culturas e não cultivar tomates durante vários anos sucessivos no mesmo campo. A única maneira de erradicá-las rapida- mente é a esterilização do solo com uso de produtos químicos ou com vapor. Recomenda-se o uso de variedades resistentes, caso possa obter Pragas e doenças 51 sementes. Adia-nte descrevem-se algumas doenças bacterianas, co- muns nos tomateiros. Murcha-bacteriana (provocada por Ralstonia solanacearum) Esta bactéria é particularmente comum nas planícies tropicais húmi- das, onde as temperaturas são relativamente altas. Trata-se de uma doença que se transmite através do solo. Nas plantas infectadas, os sintomas iniciais são o emurchecimento das folhas terminais, a que se segue dentro de 2-3 dias um emurchecimento repentino e permanente, mas sem amarelecimento. Podem-se desenvolver raízes adventícias nos caules principais. O sistema vascular (vasos) nos caules das plan- tas infectadas tem uma cor castanha clara num corte transversal ou longitudinal; torna-se de cor castanha mais escura durante uma fase posterior da infecção. Quando a planta está completamente murcha, a medula e o córtex (córtice) tornam-se também castanhos, perto do ní- vel do chão. Quando se suspendem secções do caule duma planta in- fectada, em água, os elementos do xilema (tecido lenhoso) ressudam um fluxo branco, leitoso, de bactérias. As bactérias sobrevivem no solo e entram nas raízes de plantas novas através de feridas causadas pelo cultivo, transplante, insectos ou certos nemátodos. As bactérias difundem-se por meio da água de rega, pelo movimento do solo ou, durante o transplante, através do movimento de plantas infectadas. As medidas seguintes ajudam a controlar a murcha-bacteriana: ? Usar variedades tolerantes/resistentes. ? Evitar os campos infectados. Se o solo estiver infectado, não culti- var Solanáceas durante 7 anos, no mínimo. Aplicar uma rotação com cereais. ? Não ferir as raízes ou as folhas e, por conseguinte, ter cuidado du- rante o transplante. Podar o menos possível. ? Fazer com que o campo seja bem drenado. ? Se for necessário, esterilizar o solo (ver o Agrodok 9: A horta nas regiões tropicais). A cultura do tomate 52 Mancha-bacteriana (provocado por Xanthomonas axonopodis p.v. vesicatoria) Esta bactéria está difundida em todo o mundo, mas o nível de difusão é mais elevado nas regiões tropicais e subtropicais. Estes organismos patogénicos difundem-se através de sementes, insectos, gotas de chu- va, restos vegetais infectados e ervas daninhas pertencentes à família das Solanáceas. Chuvas fortes e uma humidade alta favorecem o des- envolvimento desta doença. As bactérias entram na planta através de estomas e feridas. Os organismos patogénicos afectam as folhas, os frutos e os caules. Aparecem pequenas manchas nas folhas e nos fru- tos das plantas infectadas. As ditas manchas são, geralmente, de cor castanha e circulares. As folhas tornam-se amarelas e, depois, caiem no chão. As lesões nos caules e nos pecíolos são elípticas. As medidas seguintes podem ajudar a controlar a mancha-bacteriana. ? usar sementes ou plantas transplantadas isentas de organismos pato- génicos. Aplica-se um tratamento com água quente, com uma tem- peratura de 50°C, pondo as sementes de molho, durante 25 minutos. ? aplicar uma rotação de culturas; ? mondar com meticulosidade e remover, particularmente, as ervas daninhas pertencentes à família das Solanáceas. ? remover os restos vegetais da cultura. ? aplicar cobre ou cobre+maneb Cancro bacteriano (provocado por Clavibacter michiganense) O cancro bacteriano é uma doença do tomateiro com um grande im- pacto económico que tem difusão em todo o mundo. A doença difun- de-se através de sementes ou por meio do solo. As bactérias podem sobreviver em restos vegetais. As plantas são infectadas através de raízes ou caules feridos. A danificação pode tornar-se grave na presen- ça de nemátodos dos nódulos radiculares. As folhas de plantas infec- tadas tornam-se amarelas, emurchecem e secam. Nos caules aparecem listas compridas, de cor castanha, que podem rachar. Nos caules po- dem-se desenvolver raízes adventícias e, sob determinadas condições, também cancros. Na parte interior, os tecidos vasculares dos caules têm listas de cor amarela clara até castanha. Finalmente, a medula tor- Pragas e doenças 55 de um cigarro podem transmitir a infecção – e lavar as mãos com sabão e água antes de se acercar da cultura do tomate. ? Prevenir a presença de outras Solanáceas na proximidade do cam- po. ? Usar variedades resistentes. Vírus do mosaico amarelo das cucurbitáceas (CMV) O CMV causa um crescimento retardado (nanismo) dos tomateiros. Nas folhas pode aparecer um ligeiro mosqueado verde ou sintomas de filiformismo (shoestring), quer dizer, a superfície das folhas fica mui- to reduzida. Os frutos têm um tamanho reduzido e ficam, geralmente, deformados. O CMV é transmitido por diferentes espécies de afídeos (pulgões). Os afídeos introduzem o vírus na cultura do tomate prove- niente, geralmente, de ervas daninhas ou culturas adjacentes. Para prevenir a ocorrência de epidemias do CMV é importante que se controlem os vectores: ? Cultivo de variedades resistentes ? Como o CMV apresenta uma ampla gama de plantas hospedeiras, é importante que se destruam as ervas daninhas e plantas ornamentais que albergam o vírus; ? A remoção e destruição das plantas infectadas individuais pode aju- dar a limitar a difusão do vírus dentro do campo. Vírus Y da batateira (PVY) Os sintomas do PVY dependem da classe do vírus, variando entre um mosaico ligeiro até necrose. O PVY é transmitido por muitas espécies de afídeos (pulgões). ? O PVY controla-se muito dificilmente com uso de insecticidas. Po- de-se limitar a difusão do vírus por afídeos usando coberturas mor- tas reflexivas e armadilhas pegajosas de insectos, de cor amarela. O cultivo de plantas úteis nas culturas do tomate é muito importante para controlar o PVY. A cultura do tomate 56 Vírus do bronzeamento do tomateiro (TWSV) O TSWV é uma doença do tomateiro com um grande impacto econó- mico nas regiões tropicais. As plantas infectadas têm um crescimento retardado (nanismo) e folhas amarelas. Os frutos têm anéis caracterís- ticos de cor verde, amarela e vermelha, levemente empolados e com forma de “olhos de boi”. O TSWV é transmitido por várias espécies de tripes. Pontos de atenção: ? A destruição dos tripes e das plantas hospedeiras é importante para a prevenção da doença. ? As culturas do tomate dever-se-ão localizar o mais longe possível dos campos de flores. ? Usar variedades resistentes. Pepper veinal mottle virus (PVMV) O PVMV causa manchas de mosaico nos tomateiros. As classes de vírus severamente nocivas podem causar uma necrose das folhas e dos caules. Em condições naturais, o PVMV é transmitido de forma não persistente por, no mínimo, cinco espécies de afídeos: Aphis gossypii, A. crassivora, A. spiraecola, Myzus persicae e Toxoptera citridus. A fim de controlar o PVMV: ? as culturas do tomate não devem ser plantadas perto de culturas in- fectadas; ? Também se pode reduzir a difusão do PVMV aplicando a monda e controlando os afídeos no viveiro. Chilli veinal mottle virus (CVMV) O CVMV provoca a aparência de um mosaico amarelo ou manchas cloróticas nas folhas dos tomateiros. Este vírus é transmitido de forma não persistente por várias espécies de afídeos (pulgões). As medidas principais para controlar a doença consistem em práticas apropriadas de cultivo que incluem o cultivo intercalar com milho ou o uso de coberturas mortas reflexivas para reduzir a população de vec- tores. Pragas e doenças 57 Vírus do frisado amarelo do tomateiro (TYLCV) O TYLCV está difundido em todo o mundo. As plantas infectadas têm uma forma erecta e um crescimento retardado (nanismo). As folhas ficam amarelas e encrespam para cima ou para baixo. Caso as plantas sejam infectadas no viveiro, o rendimento pode reduzir-se a zero. O TYLCV é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci). Algumas medidas comuns de controlo são: ? Uso de variedades tolerantes ? Uso duma cobertura morta de plástico reflexivo ? Protecção das plântulas no viveiro com mosquiteiros ? Controlo dos insectos vectores Fungos Fungos são organismos que consistem, geralmente, de filamentos dis- cerníveis (hifas). Os conjuntos de hifas (micélio) são visíveis a olho nu e têm a aparência de chumaços de algodão muito fino. O micélio é, geralmente, de cor esbranquiçada. Os conjuntos de esporos e os frutos têm, geralmente, cores vivas. Um exemplo bem conhecido é o dos conjuntos de esporos verdes ou esbranquiçados que se desenvolvem em pão que já não é fresco e fruta estragada. Uma infecção fúngica é causada, geralmente, por esporos de fungos que caiem nas folhas, nelas germinam e penetram o tecido vegetal a- través de estomas (pequenos orifícios na epiderme da planta), de feri- das ou, às vezes, até directamente através da própria epiderme. Os fi- lamentos desenvolvem-se, a um ritmo de crescimento cada vez mais alto, no tecido vegetal afectado, do qual extraem nutrientes e no qual podem excretar substâncias que são tóxicas para a planta, de forma que, geralmente, o tecido vegetal afectado morre pelo impacto. Os efeitos nocivos dos fungos limitam-se, geralmente, à área afectada, mas existem alguns tipos de fungos que invadem os tecidos vasculares (vasos do lenho ou xilema) e, por conseguinte, se difundem por toda a planta (Fusarium e Verticillium spp.). Os sintomas mais claros das doenças fúngicas são as manchas presen- tes nas folhas. As ditas manchas são, normalmente, de forma redonda A cultura do tomate 60 ? A aplicação de uma cobertura morta nas camas de sementes, de forma a que se possa reduzir a rega. ? A prevenção do plantio de tomateiros perto duma cultura de batatei- ras. ? O aumento do arejamento através do suporte com estacas e a remo- ção de folhas afectadas. Doença do escloroto/Fusariose (provocada por Fusarium oxysporum) As folhas emurchecem e tornam-se amarelas de baixo para cima e en- crespam-se nas margens. Ao cortar o caule ou as raízes, torna-se visí- vel uma mancha castanha. As plantas podem emurchecer num só lado das folhas, enquanto os outros lados ou as outras partes das plantas podem continuar sendo saudáveis durante muito tempo. Nas partes vegetais mortas encontra-se uma pelugem rosada de fungo. Algumas medidas que ajudam a controlar a doença do escloroto (fusa- riose) são: ? O uso de variedades resistentes ou tolerantes ? A aplicação duma rotação de culturas ? A remoção e a queima de plantas afectadas ? A minimização da frequência de rega. A fim de prevenir que o solo seque completamente dever-se-á aplicar uma cobertura morta na cama de sementes ? A redução da acidez do solo por meio da aplicação de cálcio ou de marga Verticiliose (provocada por Verticillium albo-atrum, V. dahliae) Esta doença é mais comum nos climas frescos (p.ex. nas serras). Os sintomas de uma infecção de verticiliose são similares aos sintomas da fusariose, mas aparecem mais lentamente. As plantas murcham e as folhas tornam-se amarelas. Podem-se formar muitas raízes laterais na base das plantas. Pragas e doenças 61 O fungo difunde-se através dos restos vegetais da cultura, particular- mente em solos levemente ácidos (com pH baixa). Esta doença tam- bém afecta outras espécies das Solanáceas. As medidas para controlar esta doença de emurchecimento são: ? O uso de variedades resistentes/tolerantes. ? Uma monda meticulosa. ? A lavra e a remoção dos restos vegetais da cultura. ? O uso de sementes saudáveis. ? A rotação com plantas não Solanáceas ? A aplicação de cálcio ou marga no solo No que diz respeito às doenças que a seguir se mencionam, recomenda-se aplicar as medidas gerais de controlo, discutidas ao começo deste capítulo Oídio (provocado por Leveillula taurica) Este tipo de míldio manifesta-se com manchas amarelas nas folhas e com pó, procedente dos esporos, no lado inferior das ditas manchas. Ao contrário dos outros tipos de míldio, os filamentos das hifas encon- tram-se completamente no interior das plantas. As plantas são infecta- das através dos estomas e da superfície das folhas. A doença difunde- se rapidamente em condições secas. Antracnose (provocada por Colletotrichum coccodes) Os sintomas de uma infecção desta doença são manchas (pequenas amolgaduras) castanho-cinzentas nos frutos e, num clima húmido, es- poros de cor-de-salmão. A doença difunde-se rapidamente em condi- ções climáticas húmidas e de altas temperaturas. A transmissão é efec- tuada de forma mais comum através de material vegetal infectado (particularmente dos frutos). Por conseguinte, as medidas no que diz respeito à higiene nos tratamentos culturais revestem-se de primordial importância. A cultura do tomate 62 5.4 Outras causas da danificação de culturas As seguintes anomalias não são provocadas por insectos ou doenças mas, na maior parte, por deficiências nutricionais e condições climáti- cas desfavoráveis. Racha dos frutos A racha dos frutos implica a aparição de pequenos rasgões nos frutos (geralmente maduros) do tomate devido a grandes flutuações do teor de humidade do solo ou da temperatura e, por conseguinte, reduz-se a qualidade dos frutos. A susceptibilidade a estas flutuações depende da cultivar. Os rasgões também facilitam a entrada de pragas e doenças. Dois procedimentos preventivos são a cobertura do chão com uso de uma camada de mulch (cobertura morta) e a rega ligeira mas mais fre- quente; ou a recolha dos frutos mesmo antes de amadurecerem, dei- xando-os amadurecer num local fechado, seco (p.ex. em palha). Queima solar Nos frutos aparecem entalhes castanhos ou cinzentos. A parte dos fru- tos que está mais exposta ao sol apodrece mais rapidamente. Pode-se prevenir isto fornecendo mais sombra durante o amadurecimento dos frutos, através do plantio de árvores ou de uma cultura intercalar judi- ciosa. A queima solar ocorre mais frequentemente nos tomateiros não empados. Apodrecimento apical Esta doença é causada por deficiência de cálcio, que é, geralmente, o resultado duma quantidade excessiva de sal presente no solo, devido ao uso de água salina ou à rega com quantidades insuficientes de água durante a estação seca. A quantidade de sal presente no solo pode ser reduzida com uso de lavagens, quer dizer, uma ou mais aplicações abundantes de água de rega que não contém sal (normalmente durante a estação das chuvas) e sob condições de boa drenagem. Pragas e doenças 65 a cultura se produzir em estufas, as pragas de insectos podem ser con- troladas quase completamente duma forma biológica. Nas regiões quentes pode-se atingir o mesmo efeito fechando a área cultivada com mosquiteiros. Desta maneira, previnem-se tanto a saída dos inimigos naturais como a nova entrada dos insectos de praga. Pode-se encontrar na internet informação acerca de insectos e microrganismos que con- trolam várias pragas de cultura, nos websites pertencentes aos forne- cedores dos mesmos, entre outros: http://www.koppert.nl e http://www.biobest.be. Mas também no campo, ao ar livre, os inimigos naturais podem de- sempenhar um papel importante na protecção da cultura. Dever-se-á estimular e proteger os inimigos naturais já presentes na cultura e nas suas imediações. Uma condição prévia é que não se utilizem pestici- das(!), visto que nesse caso também os inimigos naturais seriam ex- terminados e, por conseguinte, poderia ocorrer um ressurgimento da praga e num nível muito mais elevado do que antes. Uma explicação detalhada do controlo biológico está fora do âmbito deste manual, mas esta pode ser encontrada na bibliografia sobre o Maneio Integrado de Pragas (MIP). Algumas maneiras para controlar ou suprimir o desenvolvimento de populações de insectos (tirados de ‘Natural Crop Protection’, ver a Leitura Recomendada) são: ? Solução de querosene e sabão: Esta solução ajuda a livrar a cultura de afídeos (pulgões), ácaros, tripes e mineiras das folhas. Aplicação: Dissolver 500 g de sabão em 4 litros de água a ferver. Depois, acrescentar 8 litros de querosene para preparar a emulsão. Pode-se fazer a emulsão batendo bem a mistura ou borrifando com o sabão no querosene (com uso duma bomba suficientemente poten- te, p.ex. uma borrifadora para plantas). Ao final, deve-se obter uma mistura cremosa sem nenhuma aparência de uma camada oleosa no topo. Quando arrefecida, coagula numa massa espessa, macia. Dilu- ir a emulsão, 10 a 15 vezes, antes de a usar. A cultura do tomate 66 ? Solução de sabão: Esta é um bom remédio contra afídeos (pulgões) e tripes. Aplicação: Dissolver 30 cc de sabão líquido em 5 litros de água, sa- cudindo a mistura. Antes de pulverizar a cultura com esta solução, ensaiar a solução numa planta individual. Quando a concentração da solução é demasiadamente alta, aparecem manchas de queimadu- ra na planta. Caso seja assim, dever-se-á diluir ainda mais. ? Urina de vaca: A urina de vaca mostrou ser eficaz para controlar afídeos, ácaros, tripes e outros insectos, e também contra o vírus do mosaico e fun- gos. Aplicação: Armazenar a urina, exposta ao sol, durante duas sema- nas. Deve-se diluir a urina 6 vezes antes de pulverizar. Ensaiar, pri- meiro, nas folhas e frutos das plantas e, se for necessário, diluir ain- da mais. Se a aplicação é seguida por uma segunda, depois de 1 ou 2 semanas, o procedimento tem maior efeito. Pode-se aplicar como uma medida preventiva. ? Estrume de vaca: A aplicabilidade de estrume de vaca como pesticida e fungicida contra pragas e doenças na cultura de tomate é similar à da urina de vaca. Aplicação: Meter 3 porções (bostas) de estrume de vaca num balde com água. Armazenar a mistura durante duas semanas, mexendo-a diariamente. Se o cheiro se tornar demasiadamente forte, poderá ser coberta com um pano, imobilizado com uso de pedras. A dita solu- ção deverá ser diluída 3 a 5 vezes antes de pulverizar. Estrume pro- cedente de outros animais pode ser usado de forma similar, mas en- saiar primeiro numa planta individual! ? Amargoseira (Neem) - Azadirachta indica (Melicaceae): A amargoseira é uma árvore de crescimento rápido, comum no Su- deste da Ásia, África e América Central. A árvore cresce em vários climas e tipos de solo. Dá frutos (ver a figura 18) depois de 4 ou 5 anos (com uma quantidade média de 30 até 50 kg/árvore). As se- mentes contêm entre 35% até 45% de óleo. A amargoseira/margosa (neem) é eficaz contra todas as pragas discutidas neste livrinho e também contra os nemátodos. Pragas e doenças 67 Preparação: Usa-se um extracto aquoso das sementes da amargosei- ra para pulverizar. Como o produto se decompõe pela influência da luz do sol, é melhor prepará-lo de noi- te. Recolher os frutos caídos, re- mover a polpa e lavar as sementes. Secar bem as sementes e armaze- ná-las num local bem arejado (p.ex. em cestos ou sacos). As se- mentes necessárias deverão ser descascadas e moídas. As sementes moídas (aproximadamente 5 kg) são acondicionadas num pano e postas de molho em 10 litros de água durante uma noite. No dia seguinte escoa-se o líquido com uma peneira e dilui-se a mistura 10-20 vezes com água (utilizando um total de 100 até 200 litros). Será necessário utilizar, aproximadamente, 500 litros para pulverizar 1 hec- tare (quer dizer, 13-25 kg de sementes moídas). Como medida preven- tiva, usar uma solução mais diluída. Pode ser necessário pulverizar uma segunda vez. Os bolos feitos dos frutos prensados da amargoseira (quer dizer, não somente as sementes) podem ser usadas para o controlo dos nemáto- dos na cultura do tomate. Incorporar, lavrando, 1 até 2 toneladas/ha destes bolos prensados no solo. Figura 18: Folha e frutos da amargoseira A cultura do tomate 70 É importante compreender que é necessário incluir no cálculo também o tempo dedicado pelo agricultor. Além dos custos de mão-de-obra, dever-se-ão calcular também os outros custos p.ex. no que diz respeito aos recipientes, à alimentação dos trabalhadores etc. O agricultor deve fazer uma lista de todas as fontes possíveis de custos. Os custos podem ser classificadas como custos fixos e custos variá- veis. Em termos simples, os custos fixos são os que não mudam devi- do a um aumento ou uma redução dos requisitos da colheita (p.ex. as ferramentas). Os custos variáveis são os que mudam conforme o au- mento ou a redução dos requisitos da colheita (p.ex. mão-de-obra). No Quadro 2 apresenta-se um orçamento simples para a colheita: Quadro 3: Orçamento simples para a colheita Item Unidades Custos Cálculo Total de custos Recolhas 6 Custos variáveis Mão-de-obra 2 $ 1,- 6 x $ 2,- $ 12,- Alimentação 6 $ 0,10 6 x $ 0,10 $ 0,60 Custos fixos Recipientes pequenos 4 $ 0,05 4 x $ 0,05 $ 0,20 Recipientes grandes 2 $ 0,10 2 x $ 0,10 $ 0,20 Total dos custos $ 13,- 6.2 Planeamento da colheita A colheita continua durante, aproximadamente, um mês, dependendo do clima, das doenças e da cultivar plantada. Podem-se classificar os tomates conforme quatro fases de maturação: ? Fase 1: as sementes estão brancas (não maduras) e podem ser corta- das quando se corta o tomate em rodelas. O tomate não contém su- mo no seu interior. ? Fase 2: as sementes estão coradas (maduras) e o fruto contém um bocado de sumo. Colheita e produção de sementes 71 ? Fase 3: ao cortar o tomate, as sementes são empurradas de lado. A cor do interior ainda é verde. ? Fase 4: No sumo aparece uma cor vermelha. Os tomates colhidos durante a primeira fase de maturação vão amadu- recer originando-se tomates de pouca qualidade. Os tomates colhidos durante a terceira e a quarta fase de maturação vão amadurecer como tomates de boa qualidade. Recomenda-se também ter em conta o amadurecimento dos tomates. O grau de amadurecimento durante a colheita tem influência na com- posição dos frutos e, por conseguinte, na qualidade dos mesmos. Os frutos do tomate acumulam ácidos, açúcares e ácido ascórbico durante o seu amadurecimento na planta. Os tomates amadurecidos no campo têm um melhor sabor e maior qualidade geral do que os tomates que amadurecem após de serem colhidos. Portanto, é importante que se tenha conhecimento dos graus de amadurecimento. Pode-se fornecer aos trabalhadores da colheita um índice simples das cores no que diz respeito aos frutos e o seu grau de amadurecimento, de forma a se fa- miliarizarem com este tema. Graus de amadurecimento: ? Cor verde: a superfície dos frutos é completamente verde, entre cla- ra a escura. ? Coloração incipiente: aparição incipiente de cores (variando entre amarelo escuro, rosado a vermelho) em 10%, no máximo, da super- fície da casca do fruto. ? Mudança progressiva: entre 10% a 30% da casca do fruto já não é verde. Pode ser amarela escura, rosada ou vermelha. ? Coloração rosada: entre 30% a 60% da casca do fruto já não é ver- de. Pode ser de rosada a vermelha. ? Coloração ligeiramente vermelha: entre 60% a 90% da casca do fruto já não é verde. Pode ser rosada avermelhada ou vermelha. ? Grau de maturidade – Coloração vermelha: 90% da casca do fruto já não é verde. A sua cor é vermelha. A cultura do tomate 72 6.3 Selecção e cultivo de sementes A produção de sementes requer algumas práticas especiais a seguir desde a sementeira até à colheita. Devem-se controlar as pragas e do- enças e deve-se optimizar o maneio de nutrientes e água para obter frutos de boa qualidade e uma boa produção de sementes. Durante a recolha das sementes é importante que se escolham apenas os frutos procedentes de plantas saudáveis que também têm outras característi- cas desejáveis, como sejam, p.ex.: ? bom sabor e preparação fácil ? resistência a doenças ou pragas ? produção de muitos frutos, fáceis de armazenar. O processo de selecção requer muita paciência. Contudo, se se continuar a escolher, cada ano, as melhores plantas, notar-se-á que a produção dos fru- tos melhora em termos de qualidade e de quantidade. 6.4 Produção de sementes híbridas Híbridas da F1 O termo `híbridas’ refere-se às plantas que se produzem a partir de uma forma artificial de polinização cruzada. A primeira cultura proce- dente de sementes híbridas dará uma boa produção, mas não é reco- mendável usar as sementes da segunda geração para um novo plantio, devido à alta probabilidade de se obterem plantas com características inferiores. Deve-se comprar e utilizar sementes novas para cada nova cultura. As variedades híbridas do tomate têm muitas vantagens em compara- ção com as variedades originadas de polinização livre. As híbridas produzem, geralmente, rendimentos mais altos. Também amadurecem, de forma geral, mais cedo e mais uniformemente. Muitas híbridas têm frutos de melhor qualidade e com maior resistência a doenças. Devido a todas estas vantagens, são muitos os agricultores que preferem utili- zar sementes híbridas, apesar dos seus custos mais altos. Tratamentos pós-colheita 75 água situados nas áreas de recepção, que têm a aparência de bebedou- ros para o gado. Os ditos canais de classificação tem várias vantagens: os tomates podem ser descarregados mais rapidamente dos recipientes de campo, visto poderem verter-se, suavemente, os frutos na água. Pela acção da água os tomates não batem numa superfície dura e, por conseguinte, não serão danificados. A acção da água também faz com que os tomates sejam limpos, removendo partículas de solo, etc,. Também se pode acrescentar uma solução clorada à água, numa quan- tidade permissível, de forma a se realizar a sua desinfecção. Também é possível aquecer a água até atingir uma temperatura de vários graus acima da temperatura da polpa/carne dos tomates. Este procedimento previne que os tomates absorvam água e também neutraliza organis- mos patogénicos. É importante que a água usada nos canais de classi- ficação esteja limpa e seja de boa qualidade. A água deve ser renovada com frequência. Quando se tiram os tomates do canal de classificação, devem ser secos e colocados, cuidadosamente, num recipiente, de forma a estarem prontos para expedição ao seu destino final. A categorização consiste, simplesmente, na distribuição dos tomates em várias categorias uniformes, consoante as suas características físi- cas e qualitativas de importância económica. O processo implica uma identificação, classificação e separação. A categorização tem as se- guintes vantagens: ? A uniformidade dos frutos é uma das primeiras características que interessa aos compradores. A aparência tem prioridade sobre a aro- ma e o sabor. ? Os frutos de diferentes qualidades de tomates podem ser vendidos a diferentes clientes. ? A determinação de normas cria uma confiança, por parte dos clien- tes, no produto e, ainda mais importante, no produtor. Em alguns casos, os agricultores podem actuar juntos, de forma a que possam angariar os fundos suficientes para comprar uma máquina la- vadora e classificadora de tomates. A cultura do tomate 76 Acondicionamento Um acondicionamento pouco adequado não só provoca perdas da co- lheita dos tomates a serem vendidos, mas também implica uma redu- ção do seu preço de venda. O acondicionamento dos tomates está de- pendente do seu uso final. Por exemplo, é possível que alguns com- pradores desejem tomates frescos de mesa acondicionados em peque- nos recipientes, enquanto outros compradores desejem tomates secos ou tomates para processamento. Mesmo que os tomates estejam à venda na exploração, será necessário usar alguma forma de acondicio- namento, por exemplo, um simples cesto tradicional. O acondiciona- mento é conveniente para o tratamento, o transporte e o armazenamen- to de tomates, protegendo-os contra organismos patogénicos, predado- res naturais, perda de humidade, influência de temperaturas, esmaga- mento, deformação e feridas. Além disso, o acondicionamento tem uma função estética. É comum que os tomates frescos sejam acondici- onados sem talos. Como são firmes, os tomates verdes plenamente desenvolvidos podem ser postos uns em cima dos outros, no pacote, mas não acondicione muitos de uma só vez, de forma a prevenir que os frutos situados no fundo do pacote fiquem deformados ou feridos devido ao peso excessivo. Em todo o caso, é recomendável utilizar material de enchimento no fundo dos pacotes e entre as camadas de tomates. O material de acondicionamento é dispendioso, em função dos custos totais, e não deve ser desperdiçado. Alguns materiais comuns, utilizados para acondicionamento, são: ? folhas verdes grandes ? potes de argila ou de vidro ? cestos ? caixotes de madeira ? caixotes ou caixas de cartão ? garrafas de vidro ou de plástico ? latas Talvez seja possível formar associações, quer de carácter formal ou informal, com outros agricultores no que diz respeito às operações de acondicionamento. Tratamentos pós-colheita 77 7.2 Armazenamento Nos climas tropicais e subtropicais, pode ser difícil conservar os toma- tes sem uso de refrigeração. Às vezes, a única solução é comercializar rapidamente os produtos. Ao vender tomates frescos para consumo à mesa, os períodos de armazenamento devem ser muito curtos. Caso os tomates sejam processados, por exemplo, para a produção de puré ou de sumo, e também no caso de terem sido secos ou tratados em sal- moura, o seu tempo de armazenamento pode ter uma duração de vári- os meses até alguns anos. O equipamento e instalações de armazenamento variam conforme as exigências de comercialização. As câmaras de armazenamento para tomates frescos de mesa, são, efectivamente, câmaras de amadureci- mento. Às vezes, usam-se câmaras de armazenamento de curta dura- ção e, outras vezes, usam-se câmaras frigoríficas. Para os tomates pro- cessados usam-se, tipicamente, câmaras de armazenamento. Muitas vezes, as operações de armazenamento são realizadas durante o trans- porte para a destino final. Por exemplo, quando estão maduros, os to- mates são colhidos e armazenados durante alguns dias numa câmara frigorífica e, depois, são transportados para mercados à distância. Du- rante o transporte, os tomates amadurecem até atingirem o estado ap- ropriado para serem comercializados. No caso dos mercados de expor- tação, utilizam-se recipientes grandes para o trânsito que dispõem de câmaras frigoríficas e unidades de tratamento com etileno. O armazenamento de tomates frescos pode ser realizado após a colhei- ta e a classificação ou depois do seu acondicionamento. É importante que os tomates sejam refrigerados antes e durante o armazenamento. Os tomates são susceptíveis à refrigeração excessiva. Os sintomas da danificação provocada por refrigeração excessiva são a ausência do amadurecimento e do pleno desenvolvimento da coloração e do sabor. A coloração é irregular, o amolecimento pode ser prematuro, a colora- ção das sementes pode ser castanha e o grau de deterioração pode ser mais elevado. Os tomates são tipicamente susceptíveis a temperaturas inferiores a 10°C, mantidas durante mais de 2 semanas, ou a tempera- turas inferiores a 5°C, durante mais de 6 a 8 dias. Obviamente que se A cultura do tomate 80 tal operação. Alternativamente, os agricultores podem associar-se para efectuarem as operações de processamento. A sua actividade conjunta permite a partilha dos custos de processamento e o processamento, o acondicionamento e o armazenamento de maiores quantidades, possi- velmente facilitando uma melhor posição negociadora frente aos co- merciantes rurais, grossistas e retalhistas. O processamento tem várias vantagens: ? Facilita o consumo fora da época. ? Melhora a nutrição do agregado familiar rural. ? Aumenta a capacidade de armazenamento dos tomates. ? Possibilita um período de armazenamento mais prolongado que os tomates frescos. ? O armazenamento torna-se mais fácil, visto que os frascos, potes, etc. podem ser armazenados mais facilmente do que os tomates frescos. ? Reduz a perda pós-colheita da cultura do tomate. ? Melhora a comercialização de tomates, tornando-os de uso mais fácil para os compradores. ? Possibilita a rotulagem, melhorando a apresentação do produto du- rante a comercialização. ? Pode fornecer um novo sabor aos consumidores. ? Possibilita ao agricultor obter alguma diversificação de receitas. Contudo, o processamento também tem várias desvantagens: ? As processadoras comerciais de escala muito grande podem ser for- tes competidoras, vendendo tomates processados a preços não viá- veis para os processadores de pequena escala ? Os custos de estabelecimento de algumas infra-estruturas de proces- samento podem ser altos ? Os custos do actual processamento, no que diz respeito à mão-de- obra, tempo, máquinas, etc. podem ser consideráveis para manter a operação durante a época ? As fontes de energia necessárias para o processamento podem ser escassas e dispendiosas Tratamentos pós-colheita 81 Tal como durante todas as operações pós-colheita, o processamento requer uma boa gestão operativa. Os tomates destinados ao processamento devem ter uma boa qualida- de, uniformidade de tamanho, boa aparência, bom aroma e bom sabor. Um grande erro no que diz respeito ao processamento é usar tomates de má qualidade. É importante ter em mente que o uso de tomates frescos de má qualidade dá origem a tomates processados de má qua- lidade. Os tomates procedentes do campo devem ser pesados antes de serem processados. Desta forma, facilita-se a comparação com os pe- sos depois do processamento, possibilitando o cálculo da perda de produto durante o processamento, dos custos actuais e a determinação do preço para o produto. É importante que se tenha em conta que, durante o processamento, os tomates geram produtos secundários como sejam cascas e sementes. Estes também têm um valor e, por conseguinte, não devem ser trata- dos sem cuidado ou deitados fora. Por exemplo, as sementes proce- dentes do processo de secagem dos frutos podem ser usadas para a sementeira da cultura do ano próximo; as cascas dos frutos podem ser usadas como ingrediente em rações para os animais da exploração a- grícola. Os trabalhadores correspondentes devem ser capacitados para levar a cabo as suas tarefas. Por exemplo, é possível que um só traba- lhador efectue todas as operações de processamento; mas também é possível que um trabalhador leve a cabo as tarefas de recepção, lava- gem e classificação, enquanto um outro realiza as tarefas de descas- camento, engarrafamento, esterilização e rotulagem. A maquinaria e os utensílios usados para o processamento podem ser tão simples como um pilão e almofariz, ou um extractor de polpa de tomates, operado à mão, frascos, potes, facas, etc. A maquinaria e al- guns utensílios devem ser feitos de aço inoxidável, aço esmaltado, alumínio ou plástico. Não usar ferramentas de ferro, visto que a ferru- gem faria com que o produto se estrague. Todos devem ser mantidos numa condição operacional apropriada e, ainda mais importante, lim- pos. A cultura do tomate 82 Higiene As tarefas do processamento devem ser estabelecidas de forma clara e é muito importante que sejam levadas a cabo em boas condições higi- énicas. É importante que os trabalhadores tenham as mãos limpas e, além disso, que o ambiente do processamento esteja sempre limpo, implicando, por exemplo, que as superfícies onde se efectua o corte possam facilmente ser mantidas limpas, que o ambiente de processa- mento esteja livre de moscas, etc. A água usada para lavagem não deve estar contaminada e os materiais usados devem ser fáceis de lim- par, etc. Se as tarefas de processamento não forem realizadas de forma apropriada, darão origem a produtos processados de má qualidade. Frascos e potes com tomates processados devem ser esterilizados. É importante que para as operações de esterilização se disponha de sufi- ciente combustível para pôr água a ferver. Por exemplo, a esterilização de um pote de 0,5 kg, em água a ferver, dura 30 minutos, um de 0,75 kg dura 40 minutos, e um de 1 kg dura 50 minutos. Isto implica que se consome muita energia. Tradicionalmente, os métodos mais importantes de conservação são a secagem e a concentração (para produzir sumo, puré e pasta). Ambos os processos são aqui descritos de forma sucinta. Para uma descrição mais elaborada destas e de outras técnicas de conservação, ver o A- grodok no. 3: Conservação de frutos e legumes. Para ambos os pro- cessos, os tomates devem estar maduros, isentos de bolores (remover as partes infectadas) e livres de caules, folhas e partículas de solo (é preciso lavá-los). Secagem Nas regiões quentes e áridas, a secagem ao sol constitui uma forma de conservação barata e relativamente fácil. As variedades do tomate com frutos firmes, não demasiadamente grandes, do tipo com forma de pêra (p.ex. tipo Roma) são as mais apropriadas para este objectivo. Ao contrário, as variedades grandes, suculentas, não são apropriadas para serem secas. Os tomates podem ser escaldados antes da secagem (submergindo-os em água a ferver durante 1-2 minutos) mas isto não é obrigatório. Tratamentos pós-colheita 85 ? A forma e o tamanho dos recipientes. O processo de aquecer o con- teúdo dum pote grande dura mais tempo do que o duma garrafa pe- quena. ? A acidez do produto. Algumas bactérias perigosas formam esporos, que não são destruídos a 100 oC, que é o ponto de ebulição de água. Se o produto não for suficientemente ácido, estes esporos podem germinar e causar doenças. Quando o produto tem um valor pH in- ferior a 4,5 é suficientemente ácido. Os tomates têm um valor pH que varia entre 3,9 e 4,6. Pode-se verificar a acidez com uso de um medidor de pH (dispendioso) ou com papel de tornassol. Se for ne- cessário, poder-se-á acrescentar ácido, p.ex. sumo de limão ou ácido cítrico. Preparação de polpa de tomates A polpa de tomate serve como base para um leque de conservas, como sejam sumo, molhos, puré e pasta acondicionados em garrafas ou po- tes. Portanto, o primeiro procedimento é a preparação de polpa de to- mate. Usar apenas tomates completamente maduros. A maioria das variedades de tomate podem ser processadas desta forma, mas para a produção de produtos concentrados prefere-se utilizar os tipos mais pequenos com um teor mais alto de matéria seca. Figura 21: Escalda (doméstica) A cultura do tomate 86 Para a preparação de polpa, os tomates são classificados, limpos e en- xaguados. Seguidamente, recomenda-se escaldá-los, submergindo-os em água a ferver, durante 2 minutos (ver a Figura 21). Desta forma, destruir-se-ão a maior parte dos microrganismos (invisíveis), ainda presentes nas cascas, e facilitar-se-ão os seguintes procedimentos de esmagamento e peneira. Pode-se efectuar o esmagamento com pilão e almofariz, passadores (ver a Figura 22) ou máquinas esmagadoras. Removem-se as cascas e as sementes (que podem ser usa- das como rações para os animais), filtran- do-as através de peneiras com buracos de 4 mm e, depois, de 1 mm. A maioria dos pas- sadores e das máquinas esmagadoras com- binam o esmagamento com a peneira. En- tão, a polpa está pronta para se continuar o seu processamento, que deve ser efectuado sem demora. No caso da maioria dos produtos, a polpa deve ser aquecida imediatamente de forma a se destruirem os microrganismos e as enzimas. Isto pode-se efectuar numa panela de aço inoxidável ou de alumínio sobre um fogo, mexendo-a continuamente. A polpa à base de tomates frescos também pode ser armazenada no congelador, com a condição de que seja congelada imediatamente após a sua preparação. Produtos preparados à base de polpa de tomate Sumo de tomate O sumo de tomate é preparado à base da polpa completa. Pode-se acrescentar sal e sumo de limão a gosto. Recomenda-se acrescentar sumo de limão ou ácido cítrico (4-5 gramas por litro) para obter um produto mais ácido. Fazer com que a polpa ferva rapidamente, vertê-la em garrafas ou potes e fechá-los com tampas. Deixar algum espaço abaixo da tampa, 0,5 centímetro no caso dos po- tes e, aproximadamente, 2 centímetros no caso das garrafas. O seu conteúdo pode ser conservado (pasteurizado), colocando os recipien- Figura 22: Passador (passe-vite) Tratamentos pós-colheita 87 tes num banho de água a ferver (banho-maria) e aquecendo-os durante 10 minutos, no mínimo (ver a Figura 23). Durante o ar- mazenamento a polpa e o líquido podem manifestar um certo grau de separação, mas se se tratar de uma separação nítida entre um líquido claro e uma camada sólida de polpa, isto é sintoma de uma pasteurização insuficiente. Embo- ra isto, provavelmente, não seja nocivo, a aparência do produto torna-se menos atractiva. Puré e pasta de tomate Podem-se preparar puré e pasta (mais concentrada) à base de polpa de tomate deixando-a ferver, cuidadosamente, mexendo-a continuamente para prevenir que se queime, até se ter evaporado água suficiente. A polpa de tomates frescos contém, aproximadamente, 5-6% de matéria seca, dependendo da variedade usada. Deixando-a ferver até o seu vo- lume se ter reduzido à metade, produz-se um puré com 10-12% de matéria seca. Uma evaporação mais prolongada dará origem a um produto com um teor de matéria seca de 35-40%. Esta pasta de tomate é de cor vermelha muito escura e sabe fortemente a tomates cozidos. Pode-se acrescentar sal a gosto. Por meio de uma panela de pressão com vapor procedente duma caldeira (steam jacketed boiling pan), melhora-se a coloração e acelera-se o processo. Como isto é dispendi- oso, deve-se considerar utilizá-lo apenas para operações de grande escala. Depois de ser concentrado, o produto é vertido em potes e pas- teurizado num banho de água quente (com a temperatura da água qua- se a atingir o ponto de ebulição) durante 30 minutos (ver a Figura 23). A cor vermelha viva das pastas e dos purés de tomate importados só pode ser obtida com uso de evaporadores a vácuo, em escala industri- al. Mas este tema fica fora do âmbito deste livro. Figura 23: Pasteurização de potes numa panela A cultura do tomate 90 o agricultor obtenha lucros. O lucro é a diferença entre a quantia paga pelo agricultor para se produzirem os tomates e a quantia (preço) en- tregue ao agricultor pela venda dos seus tomates. Lucro É necessário que os agricultores obtenham um preço pelos tomates que seja superior aos custos originados na produção e comercialização dos tomates. A procura e a oferta Os preços dos produtos são determinados pelos fornecedores (a oferta) e os compradores (a procura). Neste caso, a oferta é determinada pelo total de pessoas que podem e querem vender tomates. A procura é de- terminada pelo total de pessoas que desejam comprar tomates. No ca- so de uma procura grande e uma oferta limitada, o preço do produto sobe. Por exemplo, se se tratar duma procura de tomates elevada, mas se houver poucos fornecedores, quer dizer, poucos vendedores, o pre- ço de tomates sobe. Os seguintes factores têm influência na procura: ? o gosto: os consumidores têm todos gostos diferentes. ? a estação: os consumidores variam no seu desejo de comprar certos produtos, conforme a estação. ? o local: a procura será diferente em função do local onde o consu- midor mora. ? a receita: a procura por parte dos consumidores em relação a certos produtos depende muito da renda obtida pelos mesmos. ? a população: o aumento ou a redução da população afecta a procura por parte dos consumidores. ? a idade: a idade tem um impacto sobre a quantidade desejada e o preço. ? o preço Os seguintes factores têm influência na oferta: ? o preço ? a estação ? as condições climáticas Comercialização 91 ? os custos de produção ? uma modificação das técnicas de produção ? os preços de outros produtos ? a quantidade disponível ? as importações O preço é simplesmente o valor de troca concordado entre os que ofe- recem e os que procuram, expressando o valor que ambas as partes estão dispostas a atribuir ao produto. Prospecção de mercado Uma prospecção de mercado é essencial para obter uma compreensão sobre as oportunidades de venda dos produtos. Uma prospecção de mercado tem, geralmente, as seguintes fases: Fase 1: Reconhecimento da necessidade de informação Fase 2: Definição clara dos objectivos da prospecção Fase 3: Que métodos podem ser usados para recolher informação Fase 4: Compreensão acerca dos melhores métodos para recolher in- formação Fase 5: Recolha de informação Fase 6: Compreensão acerca da informação recolhida Fase 7: Obtenção de conhecimento e aprendizagem Fase 8: Tomar decisões com base em conhecimentos novos 8.2 Financiamento Cada actividade comercial exige o uso de dinheiro, que é necessário, no caso da cultura de tomates, para poder pagar ferramentas hortíco- las, fertilizantes, sementes, etc. Contudo, os agricultores têm, às vezes, dificuldades de dispor do dinheiro necessário para pagar todas as des- pesas, visto que os agricultores devem pagar, no início, pelas matérias- primas e, depois, esperar bastante tempo até poderem vender a colhei- ta de tomates. Por conseguinte, o dinheiro ganho com a venda de to- mates da colheita anterior pode ser uma grande ajuda. É importante que parte do dinheiro ganho seja poupada, de forma a que se possa comprar os recursos necessários para o seguinte ciclo de produção. A cultura do tomate 92 Também é possível pedir emprestado dinheiro, de várias fontes. Con- tudo, tal como todos os produtos, o dinheiro tem os seus custos. Aos custos de pedir dinheiro emprestado chama-se a taxa de juros. Esta indica a quantia de custos que o agricultor deve pagar pelo uso de di- nheiro para financiar a produção e a comercialização. É importante que o agricultor calcule qual é a quantia de dinheiro a ser reembolsada e quando é que este reembolso deve ser efectuado. Outra coisa que se deve considerar é como o prazo de reembolso afectará o dinheiro ‘em bolso’, quer dizer, a liquidez da exploração. Um agricultor deve fazer uma lista de todas as origens das despesas e de todas as fontes das receitas e, depois, considerar se, durante cada período de tempo, terá suficiente dinheiro para cobrir toda a operação da exploração agrícola. Existem várias fontes de onde se pode obter dinheiro. Pode-se obter dinheiro de familiares, sejam próximos ou mais distantes. A vantagem: facilidade de acesso às fontes financeiras e a taxa de juros pode ser baixa. Também é possível pedir dinheiro emprestado a prestamistas. Muitas vezes, estes constituem a única fonte de recursos financeiros numa região e, por conseguinte, podem cobrar uma taxa de juros bas- tante alta, mas são de acesso fácil. Também os bancos estão disponí- veis para concederem empréstimos de dinheiro, mas estes não estão interessados, geralmente, em empréstimos de quantias muito pequenas e, além disso, exigem que se apresente uma propriedade como garan- tia. Contudo, os bancos cobram taxas baixas de juros, bastante inferio- res às taxas cobradas pelos prestamistas. Comerciantes rurais, proces- sadores, grossistas ou retalhistas podem funcionar todos como boas fontes de dinheiro. É provável que estejam dispostos a proceder a em- préstimos de dinheiro, visto que, desta forma, têm assegurado o forne- cimento de produtos, permitindo-lhes também estabelecer uma boa relação de trabalho com o agricultor. Outra fonte adequada para pedir dinheiro emprestado pode ser constituída pelas organizações não go- vernamentais (ONG) que apoiam os pequenos agricultores para se desenvolverem. Às ditas organizações chamam-se instituições de mi- crofinanciamento (IMF). Algumas destas ajudam quanto ao estabele- Comercialização 95 potenciais, como sejam p.ex. exportadores, processadores, etc. Como isto pode implicar muitas negociações, recomenda-se levá-las a cabo com suficiente antecipação à altura dos produtos estarem prontos para serem colhidos. Em alguns casos, os agricultores podem efectuar a venda dos seus produtos antes do plantio da cultura. Isto é característico dos tomates frescos destinados a serem processados por grandes empresas proces- sadoras. Para estas empresas é necessário que tenham a certeza de re- ceberem certa quantidade e qualidade e, por conseguinte, podem estar dispostas a comprar os produtos com antecipação. Contudo, oferecem, geralmente, um preço ligeiramente inferior ao nível de preços do mer- cado, com base no padrão de preços apresentados no passado. Isto po- de parecer injusto para o agricultor, mas constitui um bom método para reduzir o risco de preços baixos durante a época da colheita, ga- rantindo a obtenção de uma certa receita. Obviamente que o agricultor deverá fornecer a quantidade e a qualidade desejadas. Embora o risco para o agricultor seja reduzido, não está completamente eliminado. O momento oportuno da venda de produtos processados de tomate depende da procura por parte dos compradores. Pode vender-se, conti- nuamente e durante todo o ano, alguma parte dos produtos processa- dos a numerosos consumidores finais ou pode vender-se a granel a instituições, como sejam escolas ou hospitais. A possibilidade de ar- mazenamento faz com se disponha de mais tempo para comercializar os produtos e decidir sobre o momento e o local de venda, com base na procura por parte dos compradores. Determinação dos custos Primeiro, os agricultores devem fazer uma lista de todos os custos. Os custos de comercialização podem incluir as seguintes categorias: ? mão-de-obra: para a colheita, o tratamento e a lavagem. ? processamento: equipamento. ? acondicionamento: caixotes de madeira, garrafas de vidro. ? armazenamento: barraca de armazenamento, aluguer do espaço de armazenamento. A cultura do tomate 96 ? consumo do agregado familiar: a quantidade de tomates usados para satisfazer as necessidades do agregado familiar ? transporte: bicicleta, carro com tracção animal, veículo motorizado. ? perdas de produção: danificação, furto. ? custos de capital: taxas de juros sobre o dinheiro emprestado, arma- zenamento de tomates processados. ? quotas, taxas, pagamentos não oficiais: quotas pagas para obter a- cesso aos mercados urbanos, ou pagas a carregadores para descar- regar os produtos, taxas governamentais, pagamentos rodoviários a desembolsar durante o trânsito ? custos inesperados: p.ex. um aumento dos custos para obter acesso a um mercado urbano, etc. É recomendável incluir sempre no cálculo dos custos da comerciali- zação alguns custos inesperados. Isto também se aplica ao cálculo dos custos de produção. Os custos de produção podem incluir as seguintes categorias: ? mão-de-obra: para a lavoura, o plantio, a inspecção com relação à presença potencial de pragas, a aplicação de fertilizantes, etc. ? custos de capital: equipamento, ferramentas hortícolas, baldes, de- preciação, etc. ? fertilizantes orgânicos, azoto, fósforo, potássio, fungicidas, pestici- das, etc. ? terreno: aluguer do terreno, etc. ? água: para rega, etc. ? custos inesperados: uma maior aplicação de insecticidas devido a altos níveis de infestação. Registo de dados Para se efectuar um registo adequado de dados é essencial que os agri- cultores registem, de forma meticulosa e por escrito, custos e vendas individuais. Isto ajuda o agricultor a obter uma compreensão sobre os custos e vendas diários, semanais e mensais. Ao registo de custos e vendas chama-se contabilidade. Comercialização 97 O registo ajuda os agricultores a avaliarem como funciona a sua ex- ploração. Embora custe muito tempo e requeira disciplina, fornece ao agricultor conhecimentos acerca dos seguintes aspectos: ? produtos comprados a outras pessoas, p.ex. a fornecedores da ex- ploração agrícola ? produtos vendidos ? quantias desembolsadas de mão-de-obra ? valor total da exploração como entidade comercial ? compreensão acerca do âmbito onde se produzem perdas ? pagamentos efectuados ao agricultor, na sua qualidade de emprega- do da sua própria exploração comercial Com base num registo adequado de dados, o agricultor saberá, com bastante precisão, quais são as quantias de dinheiro que entram e saem da exploração durante períodos específicos. É importante que não só se considerem os assuntos directamente relacionados com o dinheiro, como vimos anteriormente em relação ao fluxo de caixa, mas que se avaliem todos os aspectos da exploração em termos financeiros. No registo de dados, à posse do agricultor, quer dizer, às suas proprie- dades, chama-se activo, incluindo p.ex. as ferramentas hortícolas. Ao contrário, às dívidas do agricultor chama-se passivo, incluindo p.ex. o dinheiro que pediu emprestado. No registo de dados mantém-se um balanço do activo e do passivo da exploração. Um balanço tem dois lados, tal como uma balança antiga para pesar. Num lado, apresenta-se o activo e, noutro lado, o passivo. Quadro 4: Conta de caixa duma exploração agrícola Activo Passivo Dinheiro em espécie $ 90,- Empréstimo por parte dum amigo $ 18,- Ferramentas 20,- Empréstimo por parte dum banco 132 Barraca 40,- Total $ 150,- $ 150,-
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