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Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete em salvador - ba, Notas de estudo de Engenharia Mecânica

RESUMO O presente trabalho consiste no aproveitamento das cascas de coco verde para a produção de briquetes. O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil. A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde pode ser uma alternativa para diminuir o espaço ocupado por estes resíduos no aterro sanitário, e desta forma aumentar a vida útil do mesmo, como as melhorias na saúde pública com a redução da proliferação de vetores. O briquete produzido com este resíduo surge també

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 02/12/2011

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Baixe Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete em salvador - ba e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Mecânica, somente na Docsity! MONICA SILVA SILVEIRA APROVEITAMENTO DAS CASCAS DE COCO VERDE PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETE EM SALVADOR - BA Dissertação apresentada ao Programa de Pós–graduação em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Sandro Fábio César Salvador 2008 S5871 Silveira, Monica Silva Aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes em Salvador- BA. / Monica Silva Silveira – Salvador-BA, 2008. 163 p.; il. Orientador: Dr. Sandro Fábio César Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo). – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2008. 1. Coco. 2. Resíduos orgânicos – reaproveitamento. 3. Energia – fontes alternativas. 4. Briquetes. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. César, Sandro Fábio. III. Título. CDD 628.44 AGRADECIMENTOS A Deus, pela companhia inseparável em todos os dias da minha vida. Aos meus pais, Francisca e Benedito, e ao meu irmão, Flávio, pelos ensinamentos, amor, apoio e dedicação. A Marcos José, companheiro de todas as horas, pelo amor, incentivo e compreensão. Ao Centro de Recursos Ambientais – CRA, pela oportunidade de realização deste mestrado. Ao professor orientador, Sandro, pela atenção, incentivo e dedicação. A Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – Limpurb, pela disponibilidade dos dados e atenção, em especial François Prudhomme, Fátima Sampaio, Pedro Rabello e Euvaldo Nunes. A Luiz Veras, da Embrapa Agroindústria Tropical, pela atenção e informações. Aos meus familiares e padrinhos, pelo carinho, em especial a Kiko, Dina, Juciene, Aládia, Iracy, Thiago, Jaqueline, Katy, Laécio, Lourdes, Carmelito e Alice. Aos meus amigos e colegas do CRA, pelo incentivo, ajuda e carinho, em especial a Cláudia, Rosana, Andréa, Verônica, Neuracy, Rosileide, Anderson, Marcelo, Letícia, Joselita, Sílvio, Jeizon, Luís Cláudio, Ana Cristina, Tatiana, Carlos, Ana Cláudia, Rita Góes, Lúcia de Fátima, Ilton, Artur Wilson e Luiz Paulo. Aos meus amigos, pelo incentivo, ajuda e compreensão, em especial Cilene, Alessandro, Patrícia, Railda, Francis, Rita Dione, Jorge Urpia, Antonio José, Jacira, Ângela, Edenildes, Jorge, Maura, Rita, Vera, Cleide, Natalino e Katy. A Fabriciano, João Paulo, Thiago e Linda Carla, pelo apoio na formatação deste trabalho. A Maria Antoanette, colega de trabalho e de mestrado, pela divisão das aflições, incentivo e orações. A todos os vendedores de água de coco verde, barraqueiros e ambulantes, localizados do Porto da Barra a Ondina, pelas informações prestadas durante a realização deste trabalho, em especial Ary, Alagoas, Marco Pólo, Diego, Luiz, Jorge, Alex, Antonio, Agnaldo e Conceição. A todos, os meus sinceros agradecimentos. RESUMO O presente trabalho consiste no aproveitamento das cascas de coco verde para a produção de briquetes. O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil. A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde pode ser uma alternativa para diminuir o espaço ocupado por estes resíduos no aterro sanitário, e desta forma aumentar a vida útil do mesmo, como as melhorias na saúde pública com a redução da proliferação de vetores. O briquete produzido com este resíduo surge também como alternativa para fornecimento de energia preservando as florestas nativas ou plantadas com espécies exóticas e como incremento na cadeia produtiva do coco verde por meio de agregação de valor e geração de emprego e renda para uma classe social menos favorecida e profissionais com mão-de-obra qualificada que estejam desempregados. A área onde foram feitos os levantamentos da quantidade de cascas geradas pelas barracas e ambulantes, além de como é realizado o fluxo do coco verde, da produção até o destino final, foi o trecho da Orla de Salvador-BA do Porto da Barra a Ondina. Os fatores que influenciaram na escolha desta área foram o impacto visual causado pela disposição destes resíduos, a zona turística, a concentração de um comércio específico, barracas, para venda de água de coco verde “in natura” e o consumo durante todo o ano. O levantamento foi realizado no período de outubro de 2006 a outubro de 2007. A média do volume ocupado por 300 cascas de coco, com peso médio de 1,5 kg, foi 1m3, sendo a média diária de cascas de coco verde geradas na alta estação de 2.798 unidades e na baixa estação de 1.375 unidades. São necessárias a média de 25,18 t de cascas de coco verde na alta estação e 12,37 t na baixa estação para atender a demanda mínima da usina de briquetagem. Com isso, o custo anual da Limpurb para coletar e dispor estes resíduos, que poderão ser aproveitados, no aterro sanitário é de R$ 727.683,00. Palavras-chave: cascas de coco verde, aproveitamento, impactos, energia, briquetes. ABSTRACT This paper concerns about the utilization of the green coconut husk for the briquettes production. The State of Bahia is the biggest producer of coconut in Brazil. The evaluation of the utilization potential of the green coconut residues means a path to reduce the gap taken by these residues on the sanitary landfill, in order to increase their useful life, such as the public health improvement because of the decrease of the vectors’ proliferation. The briquettes which are produced from these residues take form as an alternative for the energy generation, preserving so the native as the planted forests with exotic species, and also as a development of the green coconut trade chain through the value aggregation and the generation of employment and income to poor people and qualified professionals who are unemployed. The area where the surveys of the amount of husks discarded by the tents and vendors and also the way how the green coconut trade chain, from the production through the final destination, was a location along the shore of Salvador-BA, between “Porto da Barra” and “Ondina”. The reasons that influenced the choice of that area were the visual impact caused by the disposal of the residues, the tourist zone, the concentration of a specific trade market, the sum of tents to sell green coconut natural water and its consumption during all the year. The research took course from 2006 (October) through 2007 (October). The diary average of the volume taken by 300 green coconut husks, with average weight of 1,5 kg, was 1m3, and the diary average of green coconut husks discarded during the high season was 2,798 unities and 1,375 unities during the low season. It’s necessary an average of 25.18 tons of green coconut husks on the high season and 12.37 tons on the low season to satisfy the lowest demand of the briquettes manufacturing plant. Because of this, the annual costs of collecting and disposal in the landfill of residues which can be used by Limpurb is R$ 727.683,00. Keywords: green coconut husk, utilization, impacts, energy, briquettes. FIGURA 33 – “TELHA ECOLÓGICA”, COM IMPERMEABILIZAÇÃO (ESQUERDA) E SEM IMPERMEABILIZAÇÃO (DIREITA). ..................................................89 FIGURA 34 – FLUXOGRAMA COM O FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO A DESTINAÇÃO FINAL.........................90 FIGURA 35 - ORGANOGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO DE COCO NA BAHIA. ...............91 FIGURA 36 – CAMINHONEIRO DISTRIBUINDO COCOS VERDES NAS BARRACAS DE COCO DO FAROL DA BARRA...............................................................93 FIGURA 37 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NO BALCÃO DA BARRACA DE COCO - PRAIA DO PORTO DA BARRA......................................................94 FIGURA 38 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NA BARRACA DE COCO DA PÇ. BAHIA SOL - ONDINA ..................................................................................94 FIGURA 39 – COCOS VERDES ARMAZENADOS, PELO AMBULANTE, NA AREIA DA PRAIA E NO ISOPOR - PRAIA DO PORTO DA BARRA.....................95 FIGURA 40 – CASCAS DE COCO VERDE ACONDICIONADAS EM TONÉIS E CONTÊINER DE 240 L PRAIA DO PORTO DA BARRA............................97 FIGURA 41 – CONTÊINERES METÁLICOS NO FORTE DE SANTA MARIA-BARRA.98 FIGURA 42 – COMPACTADOR COLETANDO O LIXO DAS BARRACAS DE COCO DO FAROL DA BARRA, DESTAQUE PARA A FORMA COMO OS ESÍDUOS SÃO COLOCADOS NO CARRO..................................................................105 FIGURA 43 – COMPACTADOR DO SETOR ORLA I DESCARREGANDO NA ESTAÇÃO DE TRANSBORDO....................................................................108 FIGURA 44 – PRAIA DO PORTO DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO...110 FIGURA 45 – PRAIA DO FAROL DA BARRA, COM OS VENDEDORES DE COCO.1110 FIGURA 46 – PRAIA DE ONDINA, COM OS VENDEDORES DE COCO......................111 FIGURA 47 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07. ...............................................112 FIGURA 48 – QUANTIDADE DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES DAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07...113 FIGURA 49 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO, BARRACAS DE PRAIA E AMBULANTES NAS PRAIAS DO PORTO DA BARRA, FAROL DA BARRA E ONDINA NO PERÍODO 0UT/06 A OUT/07........................................................................115 FIGURA 50 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO GERADAS PELAS BARRACAS DE COCO E AMBULANTES NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. ................................................................116 FIGURA 51 – QUANTIDADE TOTAL DE CASCAS DE COCO NA ÁREA DE ESTUDO NO PERÍODO DE 0UT/06 A OUT/07. .........................................................116 FIGURA 52 - QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS COLETADOS PELO SETOR ORLA I NO PERÍODO DE OUT/06 A OUT/07. ..........................................118 FIGURA 53 – LENHA ORIUNDA DE REFLORESTAMENTO PARA USO NA CALDEIRA-FRIGORÍFICO DE AMARGOSA............................................125 FIGURA 54 – BRIQUETADEIRA DO TIPO PISTÃO. .......................................................128 FIGURA 55 – BRIQUETADEIRA DO TIPO EXTRUSORA DE ROSCA SEM FIM. .......129 LISTA DE QUADROS QUADRO 01 – CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO COQUEIRO................................42 QUADRO 02 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE PLANTIO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL..............................47 QUADRO 03 – INTRODUÇÃO, ORIGEM, PROCEDÊNCIA, INTRODUTOR E LOCAL DE PLANTIO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL ...................................48 QUADRO 04 – ENFERMIDADES RELACIONADAS COM O RESÍDUO SÓLIDO TRANSMITIDAS PELOS MACROS VETORES...........................................55 QUADRO 05 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA DIURNA E NOTURNA .........................................................................................................................100 QUADRO 06 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA COLETA TERCERIZADA.....105 TABELA 25 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 01.............133 TABELA 26 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 01....133 TABELA 27 – RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES, COM SUAS RESPECTIVAS POTÊNCIAS – ALTERNATIVA 02.............133 TABELA 28 – CUSTOS DOS EQUIPAMENTOS E ENERGIA – ALTERNATIVA 02....134 TABELA 29 – CUSTO DA LIMPURB COM OS SERVIÇOS DE COLETA E DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SOLIDOS URBANOS......................................................136 TABELA 30 – CUSTO COM A COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DAS CASCAS DE COCO GERADAS NA ÁREA DE ESTUDO E NECESSÁRIA PARA A USINA ............................................................................................................136 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AMC Aterro Metropolitano Centro APP Áreas de Preservação Permanente ASBRACOCO Associação Brasileira dos Produtores de Coco CERBCAA Comitê Estadual da Reserva da Biosfera Caatinga CEPLAC Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental CETREL Empresa de Proteção Ambiental COEP Comitê de Entidades no Combate a Fome e pela Vida CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia COPANT Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas CRA Centro de Recursos Ambientais EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO Organização de Alimento e de Agricultura das Nações Unidas FEMA Fórum Empresarial para o Meio Ambiente GEE Gases de Efeito Estufa GWP Potencial de Aquecimento Global IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IRHO Instituto de Pesquisas de Óleos e Oleaginosas IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas JUCEB Junta Comercial do Estado da Bahia LIMPURB Empresa de Limpeza Urbana do Salvador LCCV Líquido da Casca de Coco Verde NBR Regulamentação das Normas Brasileiras OMM Organização Mundial de Metereologia ONU Organização das Nações Unidas PNEUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente RMS Região Metropolitana de Salvador SEAGRI Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária SEBRAE Serviço Brasileiro de Apóio as Micro e Pequenas Empresas SECOMP Secretaria de Combate a Pobreza e as Desigualdades Sociais SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SESAB Secretaria de Saúde do Estado da Bahia SESP Secretaria de Serviços Públicos UNEP Programa de União das Nações do Meio Ambiente WBCSD World Business Council for Sustainable Development SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 19 1.1 PROBLEMATIZAÇÂO 21 1.2 OBJETIVOS 23 1.2.1 Objetivo Geral 23 1.2.2 Objetivos Específicos 23 1.3 JUSTIFICATIVA 24 1.4 METODOLOGIA 31 1.4.1Classificação do Estudo 31 1.4.2 Delimitação da Pesquisa 31 1.4.3 Identificação das Variáveis 32 1.4.4 Técnicas de coletas de dados 32 1.4.5 Estrutura da Pesquisa 35 1.5 RESULTADOS ESPERADOS 36 1.6 PERSPECTIVAS 37 1.6.1 Originalidade da Pesquisa 37 1.6.2 Contribuições da Pesquisa 37 2 O COQUEIRO E O COCO 38 2.1 A ORIGEM DO COQUEIRO 38 2.2 O COQUEIRO E O FRUTO 38 2.3 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES DO COQUEIRO 42 2.3.1 O coqueiro gigante 42 2.3.2 O coqueiro anão 43 2.3.3 O coqueiro híbrido 44 2.4 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL 45 2.5 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL 46 2.6 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO HIBRIDO NO BRASIL 48 2.7 PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA 49 3 PRINCIPAIS IMPACTOS CAUSADOS COM A DISPOSIÇÃO DAS CASAS DE COCO VERDE 52 1 INTRODUÇÃO No decorrer dos anos para se atender as necessidades humanas foi-se desenhando uma equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. É exatamente na ponta desta equação que está um dos problemas da sociedade moderna – a produção de resíduos (SÃO PAULO, 1998). Das cidades mais populosas até as comunidades mais carentes um número crescente de pessoas e administrações municipais está se esforçando para encontrar as melhores soluções para as questões dos resíduos sólidos urbanos. Esses problemas são realmente novos se comparados com décadas atrás, e infelizmente não se resolvem sozinhos. As situações são bem diferentes em cada município, porém pode-se garantir que diante dos recursos humanos e materiais atualmente existentes e disponibilizados em cada administração pública, as dificuldades ainda são grandes, cabendo as prefeituras procurar soluções adequadas para gerenciar os resíduos sólidos municipal. Segundo Grippi (2001) gerenciar os resíduos sólidos na concepção da palavra, significa cuidar dele do berço ao túmulo, ou seja, desde sua geração, seleção e disposição; a qual deve ter um destino ambiental e sanitário adequados, a fim de não contaminar o solo, o ar, as águas superficiais e subterrâneas e evitar a proliferação de vetores que podem causar doenças ao homem. A crescente preocupação com a quantidade de resíduos sólidos produzidos e o aumento do custo da matéria-prima, aliados ao desenvolvimento de tecnologia, viabilizam o aproveitamento e reciclagem cada vez maior dos resíduos, promovendo economia de recursos naturais, diminuição da poluição ambiental, geração de empregos diretos e indiretos e redução do volume de material a ser disposto. De acordo com os dados da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador – LIMPURB (2007a), atualmente a Prefeitura Municipal de Salvador gasta, em torno de R$ 150 milhões por ano para administrar os resíduos sólidos do município que gera, em média, 2,4 mil toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos (incluindo os resíduos domiciliar e público). 20 Salvador é uma cidade litorânea e turística, onde a água de coco verde é bastante apreciada pela população, mas este consumo acarreta na geração de uma grande quantidade de resíduo sólido, cascas do coco verde, que sem ter um aproveitamento adequado, acaba sendo destinado ao aterro sanitário municipal. A reciclagem tem papel fundamental dentro do conceito de desenvolvimento sustentável, cabendo a cada pessoa fazer sua parte e cobrar eficiência do setor público, a quem cabe gerenciar os resíduos sólidos urbanos com eficiência e responsabilidade. A publicação da Agenda 21 foi um grande passo para a realização de um verdadeiro compromisso com o desenvolvimento sustentável e pode ajudar no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos nas cidades; principalmente no que diz respeito ao aumento da reutilização e reciclagem ambientalmente saudáveis dos resíduos. Para Teixeira e Zanin (1999) a reciclagem de materiais pode ser definida como o processo por meio do qual os constituintes de um determinado corpo ou objeto passa em momento posterior, a serem componentes de outro corpo ou objeto semelhante ou não ao anterior. Estes mesmos autores consideram a reciclagem como uma das etapas essenciais no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos de uma comunidade; podendo ser classificada, de uma maneira geral em: a) Reciclagem primária: é o processo de um resíduo para fabricação de um produto com características similares ao original; b) Reciclagem secundária: é o processo de resíduos com obtenção de produtos diferentes ao original. É tipicamente o caso da reciclagem a partir dos resíduos sólidos urbanos, também chamados reciclagem pós-consumo; c) Reciclagem terciária: implica na obtenção a partir de um produto, dos componentes químicos básicos do mesmo. É obtida por processos como pirólise e hidrólise, sendo também denominada reciclagem química; d) Reciclagem quaternária: é a utilização do conteúdo energético dos materiais por meio de queima ou incineração; também conhecida como reciclagem energética, Neste sentido apesar do nome, não é propriamente uma reciclagem, mas sim um reaproveitamento de materiais. Segundo Kiperstok e outros (2002), na impossibilidade dos resíduos serem reutilizados ou reciclados no processo produtivo (internamente), o reuso e a reciclagem externa bem como a 21 recuperação de alguns componentes ou energia deverá ser adotada ao invés de sua simples disposição no ambiente. Para Valle (1995), um material deixa de ser considerado resíduo pela sua valorização como matéria-prima para a produção de novos produtos. Com isso, as cascas do coco verde, enquanto matéria-prima não utilizada apresenta custos e impactos para a sociedade e meio ambiente, ao passo que o seu aproveitamento, para geração de energia, agrega valor ao resíduo e pode trazer benefícios para o meio como um todo. 1.1 PROBLEMATIZAÇÂO O aproveitamento das cascas de coco vem sendo feito em alguns estados brasileiros a exemplo do Pará, Ceará e Rio de Janeiro. Empresas automobilísticas, de beneficiamento do coco, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias – EMBRAPA, Universidades Federais e Estaduais, dentre outras, estão investindo em pesquisas para encontrar maneiras de utilização das cascas de coco verde. Em 2004, o Governo do Estado da Bahia firmou protocolo de intenções para a instalação de uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde em Salvador. Este projeto é uma iniciativa conjunta do Governo do Estado por meio das Secretarias de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária - SEAGRI, de Combate a Pobreza e as Desigualdades Sociais - SECOMP e a PMS por meio da Secretaria de Serviços Públicos – SESP/Limpurb, com apoio técnico da Embrapa Agroindústria Tropical que já havia implantado em Fortaleza uma unidade desta, conforme pode ser visto na seção 04 deste trabalho (Bahia, 2005). O objetivo geral do projeto era fomentar a geração de trabalho e renda com a implantação de uma unidade de beneficiamento de casca de coco verde para fabricação e comercialização solidária de produtos artesanais e insumos agrícola e industrial, ou seja, a idéia seria a venda de fibras de coco, pó da casca de coco, vasos e outros (Bahia, 2005). Apesar de o projeto ter sido elaborado, até a presente data, o mesmo não foi implantado, não tendo sido divulgada a metodologia utilizada na elaboração do mesmo. Portanto para avaliar o potencial de aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquetes foi preciso 24 1.3 JUSTIFICATIVA Segundo dados do IBGE (2006), a Bahia é o Estado brasileiro com maior produção de coco e uma cidade como Salvador, litorânea e turística, tem uma grande quantidade de resíduo gerado com o consumo de água de coco. As cascas de coco representam 70 a 80% do lixo de praia do nordeste, sendo a sua degradação lenta, em torno de 08 anos, o que causa grande impacto ambiental nos aterros sanitários em função, principalmente, do grande volume (ROSA, 2006; AGENCIA BRASIL, 2004). De acordo com os dados da Limpurb, em outubro de 2007, a quantidade, média, de lixo de praia gerado em Salvador foi de 43,76 toneladas/dia. Este lixo é constituído da limpeza de praia, propriamente dito, coleta dos resíduos gerados nas barracas de praia e de coco e lixo domiciliar. O modelo atual do gerenciamento do coco verde em Salvador é do tipo fim-de-tubo, ou seja, extração dos recursos e a disposição dos resíduos em aterro sanitário. A estratégia de produção mais limpa foi introduzida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA em 1989, apresentando atualmente a seguinte definição: é a aplicação continua de uma estratégia ambiental preventiva integrada, aplicada aos processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres humanos e ao meio ambiente. Entendendo o coco verde como um produto a estratégia de produção mais limpa aplica-se a redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida deste produto desde a extração até a disposição final (WBCSD e UNEP, 1997). Acrescenta-se que a produção mais limpa tem como propósito a minimização dos resíduos, a redução do uso de matéria-prima e insumos (utilizando-os de forma racional), a maximização da eficiência energética e a minimização dos impactos ambientais ao longo de todas as etapas do processo produtivo e de consumo do produto (CHRISTIE, ROLFE e LEGARD, 1995). O aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia por meio da produção de briquetes constitui no uso sustentável de biomassa como combustível não incrementando o 25 teor de CO2 na atmosfera, já que este é produzido durante a combustão equilibrando-se com o CO2 consumido durante a fotossíntese (LORA, 2002). A substituição do uso da lenha por briquetes produzidos a partir do aproveitamento das cascas de coco verde pode trazer benefícios para a vegetação nativa já que existem basicamente duas maneiras de extração de madeira para produção de lenha: A primeira é por meio da silvicultura que, de acordo com o IBGE (2005), é a atividade que se ocupa do estabelecimento, desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando múltiplas aplicações. O plantio em silvicultura é feito geralmente com espécies exóticas (de outros locais) como eucalipto e pinus americano e espécies nativas como pinheiro brasileiro e mogno; geralmente os produtos obtidos são madeiras em tora (para papel e celulose, construção civil, movelaria e náutica), lenha e carvão. A segunda é por meio do extrativismo vegetal, onde os produtos são simplesmente coletados em vegetações nativas espontâneas. Podem ser produtos madeireiros como madeira em tora, lenha e carvão e não madeireiros como borracha, fibras, folhas e raízes medicinais, dentre outros. De acordo com os dados do IBGE (2005), o município de Inhambupe - Ba é o sétimo maior produtor nacional de lenha da silvicultura e a Bahia lidera a produção nacional com relação à lenha originária do extrativismo vegetal, sendo os municípios de Xique-Xique, Serra do Ramalho, Riacho de Santana, Bom Jesus da Lapa, Wagner, Paratinga e Itaberaba os maiores produtores. A Figura 01 representa a distribuição percentual de produção de carvão vegetal, lenha e de madeira em tora de extração vegetal e silvicultura no Brasil nos anos de 2004 e 2005. 26 FIGURA 01 – DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL, DA LENHA E DE MADEIRA EM TORA DA EXTRAÇÃO VEGETAL E SILVICULTURA NO BRASIL NOS ANOS DE 2004 E 2005. Fonte: IBGE – Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção de Extração Vegetal e da Silvicultura, 2005. Por meio da Figura 01, pode-se observar que da silvicultura, com exceção do carvão vegetal, a produção de lenha e madeira em tora aumentou; tal fato se deve ao setor madeireiro estar atuando em consonância com a legislação ambiental no sentido de diminuir a exploração de espécies vegetais nativas. Salienta-se que a demanda por matéria-prima, no setor madereiro, tem sido atendida por meio das práticas de redução dos desperdícios, cultivo de floresta homogênea e adoção de reciclagem de matérias. Com relação a extração vegetal houve um pequeno decréscimo em relação a lenha e a madeira em tora, fato que pode estar relacionado há maior fiscalização dos órgãos ambientais. A legislação ambiental no setor madeireiro está cada vez mais rigorosa no sentido de aplicação da lei. Nos últimos anos o uso de lenha em caldeiras e fornos de atividades passíveis de licenciamento ambiental como frigoríficos e olarias só é permitido, pelo CRA, mediante apresentação de documentação que comprove a procedência desta lenha. Além disto, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH está cada vez mais atuante no sentido de autorizar a supressão de vegetação para silvicultura. Embora o Código Florestal, Lei Federal nº 4.771/65, defina as diretrizes básicas para conservação, corte e exploração das florestas existentes no território nacional, deve-se lembrar 29 A conservação da Mata Atlântica é alvo de interesse dos setores do governo, sociedade civil organizada, instituições acadêmicas e setor privado. Apesar da forte pressão antrópica que cresce a cada dia existe um amplo arcabouço legal para a proteção deste bioma tais como: a constituição do Brasil de 1988 no seu capitulo referente ao Meio Ambiente que reconhece a importância da conservação da mata atlântica declarando-a patrimônio nacional; as portarias Federais do IBAMA nº 218/89 e 438/89 que normaliza os procedimentos quanto a autorizações de derrubada e exploração florestal envolvendo mata atlântica, além do Decreto Federal nº 11.428/06 (Lei da Mata Atlântica) que dispõem sobre a utilização e proteção da vegetação nativa no bioma mata atlântica. Com relação aos tipos de biomas existentes no estado da Bahia, o que possui maior quantidade de leis voltadas para sua conservação é o da mata atlântica, contudo nestes biomas os modelos de utilização dos recursos florestais ainda caracterizam-se, em sua grande maioria, pelo extrativismo e eliminação da vegetação por meio do desmatamento puro e simples. Em alguns casos para a ocupação do solo com agropecuária, mas muitas vezes para comercialização da lenha. Apesar de existir no litoral Norte da Bahia empresas que praticam a silvicultura muitos empreendimentos, principalmente de micro e pequeno porte localizadas na Região Metropolitana de Salvador - RMS e adjacência adquirem lenha de madeira nativa devido aos seguintes fatores: o custo para a produção da lenha oriunda de reflorestamento é maior devido aos gastos com a implantação e desenvolvimento para a formação do cultivo além dos impostos, encargos sociais e administrativos do empreendimento; a concentração da oferta em poucas empresas não oferece competitividade no mercado e a insuficiência de técnicos para a fiscalização do cumprimento da legislação vigente, favorece a realização dos desmatamentos ilegais e a comercialização da madeira clandestina (SILVA E MIRANDA, 1997). Ressalta-se que o Brasil exporta para os Estados Unidos e Europa madeira oriunda de reflorestamento como pinus e eucalipto que constituem matéria-prima da indústria de papel celulose, móveis, compensados, aglomerados e chapas; porém especialistas advertem que devido à escassez de madeira reflorestada ocorrerá num futuro próximo (a partir de 2008) o que eles chamam de “apagão da madeira” ou “apagão florestal”, onde o Brasil passará de exportador para importador desta matéria-prima (PATZSCH, 2004; SOUZA, 2005). 30 A Figura 02 mostra o comportamento da oferta e demanda de madeira de eucalipto e pinus no Brasil no período de 2000 a 2020. FIGURA 02 – COMPORTAMENTO DA OFERTA E DEMANDA DE MADEIRA DE EUCALIPTO E PINUS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2000 A 2020. Fonte: Patzsch, 2004. De acordo com a Figura 02, a oferta de madeira de pinus e eucalipto no Brasil não acompanha o crescimento da demanda. Com isso, segundo Patzsch (2004), o consumo de móveis fabricados no país fará a demanda por madeira plantada crescer 66,38%, porém as plantações de pinus e eucalipto são insuficientes, já que a quantidade disponível para corte só crescerá 23,58%. A fim de resolver esta situação, o Governo Federal decidiu liberar crédito para plantio de florestas em pequenas e médias propriedades, investir em assistência técnica e reduzir o excesso de burocracia que envolve os licenciamentos ambientais. Como as florestas de pinus plantadas ficam prontas para corte em 15 anos e as de eucalipto em 07 anos, esta situação deverá levar alguns anos para normalizar. Diante de toda a situação exposta com relação ao extrativismo vegetal, principalmente nos biomas cerrado e caatinga, e do iminente “apagão da madeira”, o aproveitamento das cascas de coco para produção de briquetes a fim de substituir a lenha surge como uma alternativa para evitar o desmatamento de vegetação nativa consequentemente conservar os biomas e aumentar a demanda da madeira originária de floresta plantada para uso nos setores de movelaria, papel e celulose, dentre outros além de oferecer uma oportunidade de emprego e renda e economia com os gastos para coletar e dispor estes resíduos no aterro sanitário. 31 1.4 METODOLOGIA 1.4.1Classificação do Estudo Considerando a existência de um problema específico e concreto, de como aproveitar os resíduos do coco verde gerados na orla de Salvador, levanta-se a necessidade de aplicação de uma metodologia também especifica para solucioná-lo. Baseado na classificação de Silva e Menezes (2001) e considerando a natureza do problema esta pesquisa pode ser caracterizada como: a) Aplicada - pois objetiva aplicar conhecimentos dirigidos à solução de problemas específicos, no caso o aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia; b) Quantitativa – os dados quantitativos, colhidos diretamente na área da pesquisa, são elementos fundamentais para a justificativa/viabilidade deste trabalho; c) Descritiva – com a descrição dos procedimentos relacionados com o manejo do resíduo do coco verde observados na área de estudo e as tecnologias sugeridas para o aproveitamento deste resíduo; d) Levantamento – pois foi necessário interrogar diretamente os vendedores de água de coco verde “in natura” para entender o fluxo deste resíduo na área de estudo. 1.4.2 Delimitação da Pesquisa O limite da Orla de Salvador escolhido para a pesquisa foi: da praia do Porto da Barra à Ondina. A escolha deste local foi determinada pelas seguintes características: - Zona turística; - Impacto visual; - Concentração de um comércio específico, barracas, para venda de água de coco verde “in natura”; - Consumo de água de coco verde “in natura”, durante todo o ano. 34 necessária juntar as partes para que o mesmo fosse considerado uma casca, ou seja, apenas coco inteiro foi considerado casca de coco verde. Desta maneira, a contagem das cascas de coco foi feita de forma direta por meio de contagem sendo que na maioria das vezes os barraqueiros e os ambulantes localizados nos logradouros eram questionados com relação a quantidade de coco verde vendida a fim de checar com os valores contados “in loco”, já com os ambulantes localizadas na areia da praia e nas barracas de praia isto não ocorria pois ao chegar na praia os mesmos já haviam deixado o local de trabalho e os resíduos das cascas de coco aglomerados em torno das lixeiras, dentro das mesmas e encostado a balaustrada eram então contados. Salienta-se que nem todos os barraqueiros e ambulantes estavam dispostos a colaborar com a pesquisa, desta forma não respondiam aos questionamentos feitos pelo pesquisador, com isso para que a contagem das cascas de coco fosse realizada nestes locais era necessário esperar que os mesmos deixassem o local de trabalho. Foram consideradas, na contagem pelo pesquisador, barracas de praia e ambulantes juntos, pois as cascas de coco geradas por eles eram dispostas no mesmo local, ou seja, na areia da praia. Outra observação que merece destaque é que as cascas de coco verde eram misturadas com outros tipos de resíduos como papel, latas, garrafas, canudos e plásticos principalmente quando dispostos na areia da praia. Os dados coletados foram tabulados em Planilha eletrônica, por meio do programa Microsoft Excel 2003. A análise exploratória das variáveis foi realizada por meio de estatística descritiva (mínimo, máximo, média) para cada variável e ao final foram gerados gráficos para apresentação dos dados, todos os procedimentos estatísticos foram gerados diretamente no Microsoft Excel 2003. Durante o levantamento de campo, foi determinado, por meio de contagem diretamente no contêiner, o volume médio ocupado pelas cascas de coco verde no mesmo, além do peso médio de várias cascas de coco. Com relação aos diversos usos que são dados ao resíduo do coco verde, o levantamento foi feito por meio de visitas a usina existente de beneficiamento de casca do coco verde, 35 pesquisas em livros e revistas técnicas, dissertações e teses e artigos publicados mundialmente. Os impactos gerados pelo resíduo do coco verde relacionados com o meio ambiente, foram identificados por meio da pesquisa bibliográfica, por observações feitas na área de estudo e nos locais de disposição dos mesmos. A avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde para geração de energia, incluindo a forma de armazenamento e coleta além do mercado consumidor do material produzido foi desenvolvida com base na análise dos dados existentes e informações levantadas na área de estudo. 1.4.5 Estrutura da Pesquisa Esta dissertação está dividida em oito seções distintas. Na primeira tem-se a introdução com um panorama geral sobre o tema, o objetivo geral e especifico, a contextualização do problema da pesquisa, que forneceu dados para a justificativa, a metodologia, a originalidade e as contribuições esperadas do trabalho. A segunda seção refere-se ao histórico da espécie, sua introdução no Brasil, às partes que compõem o coco, a produção de coco no mundo, no Brasil e na Bahia. A terceira seção trata dos impactos ambientais gerados pela disposição do resíduo do coco tais como: a demanda de área para disposição em aterros sanitários, a proliferação de vetores, a emissão de metano e o impacto visual. A quarta seção trata da fibra do coco, sua composição e propriedades, a usina de beneficiamento de cascas de coco verde implantada em Fortaleza e os diversos usos das cascas de coco verde. A quinta seção refere-se ao fluxo do coco verde na área de estudo, ou seja, produção, distribuição, compra, armazenamento, consumo, acondicionamento, coleta e disposição final. 36 A sexta seção trata da localização da área de estudo, da quantidade de cascas de coco geradas com a venda de água de coco “in natura” e da análise destes dados. A sétima seção está relacionada a avaliação do potencial de aproveitamento do resíduo do coco verde na orla de Salvador, englobando o conceito de briquetes e as vantagens do seu uso, o processo produtivo do briquete, a quantidade de cascas de coco necessárias para a montagem da usina, o custo da Limpurb com a coleta de resíduos e as alternativas para a montagem da usina. A oitava seção finaliza a dissertação com as conclusões e recomendações finais. 1.5 RESULTADOS ESPERADOS Como resultado final desta dissertação, espera-se: - O levantamento da quantidade de resíduo produzido na orla de Salvador, no trecho da área de estudo; - Mostrar a ineficiência da sistematização de armazenamento e coleta deste resíduo; - Demonstrar a viabilidade de aproveitamento deste resíduo para produção de briquetes; - Apresentar a possibilidade de agregar valor ao resíduo de coco verde; - Mostrar o ganho ambiental e econômico com a não disposição destes resíduos no aterro sanitário; - Apresentar a possibilidade do ganho social com a geração de emprego e renda, para uma classe menos favorecida e profissional com mão-de-obra qualificada que esteja desempregado, a partir do aproveitamento das cascas de coco verde para produção de briquete; - Comprovar a necessidade de implantação de uma coleta diferenciada para este resíduo a fim de melhorar o aspecto visual da orla com a disposição/armazenamento adequada do mesmo. 39 desenvolvimento do coqueiro; o regime ideal de chuvas é caracterizado por uma precipitação anual de 1500 mm, com pluviosidades mensais não inferiores a 130 mm. Locais com baixo índice pluviométrico podem recorrer ao cultivo por irrigação para suprir esta necessidade, porém uma quantidade de chuva excessiva por um longo período pode ser também prejudicial e causar redução da insolação (já que o coqueiro exige luminosidade para se desenvolver), falta de aeração do solo, lixiviação dos elementos minerais e prejudicar a fecundação (BRASILIA, 2003). O coqueiro é considerado a “árvore da vida” por suas diversas aplicações tais como: fonte de alimento, habitação, locomoção, energia, dentre outros. É constituído de raiz, caule cilíndrico (tipo estipe), folhas, inflorescência (onde se localiza as flores) e fruto; tudo, praticamente, é utilizado (FERREIRA e outros, 1998). Neste trabalho o fruto é o objeto a ser estudado a fim de quantificar as cascas geradas com o consumo de água de coco verde “in natura” em um determinado trecho da orla de Salvador e avaliar o potencial de aproveitamento das mesmas para produção de briquetes. As Figuras 03 e 04 apresentam, respectivamente, um coqueiro com destaque para os frutos e inflorescência e as cascas de coco verde objeto deste estudo. FIGURA 03 – COQUEIRO COM DESTAQUE PARA OS FRUTOS E INFLORESCÊNCIA. Fonte: Autora, 2007. INFLORESCÊNCIA 40 FIGURA 04 – CASCAS DE COCO VERDE, OBJETO DE ESTUDO DESTE TRABALHO. Fonte: Autora, 2006. De acordo com as definições de Ferri e outros (1981) e Vasconcelos Sobrinho (1934) o fruto do coqueiro, o coco, é formado pelas seguintes partes: Pericarpo Epicarpo Mesocarpo Fruto Endocarpo Semente Tegumentos Albúmen Líquido (água de coco) Sólido (polpa) a) Pericarpo – é a parte do fruto que envolve a semente; b) Epicarpo (epiderme lisa) – é a camada externa do pericarpo, chamada de “casca” do fruto; c) Mesocarpo – é a camada que fica entre o epicarpo e o endocarpo (não considera a semente), em geral é a parte mais desenvolvida do fruto. No caso do coco se constitui de fibras; d) Endocarpo (camada pétrea que envolve a parte comestível) – é a camada mais interna do pericarpo. No caso do coco o endocarpo forma a casca dura em torno da semente, possui 41 três depressões circulares na base (buracos fechados, chamados carpelos) formando triângulo, por onde sai o embrião; e) Semente – é toda estrutura que serve para reproduzir um vegetal; f) Tegumentos – é qualquer estrutura que reveste e protege uma parte do vegetal. No caso do coco é uma camada fina de cor marrom. g) Albúmen (endosperma) – é um tecido contendo substâncias nutritivas na semente. O albúmen líquido (água de coco) começa a se formar em média dois meses depois da abertura natural da inflorescência e atinge o seu volume máximo (300 a 600ml, dependendo da variedade) nos frutos com idade de 6 e 7 meses. O volume decresce com a formação do albúmen sólido (polpa), ou seja, amadurecimento do fruto e a evaporação. (ARAGÃO e outros, 2002). A Figura 05 apresenta o desenho esquemático do coco, destacando as partes principais. FIGURA 05 – DESENHO ESQUEMÁTICO DAS PARTES QUE COMPÕEM O COCO, COM DESTAQUE PARA O ENRAIZAMENTO DO FRUTO-SEMENTE. Fonte: Correiosgourmand, 2007. 1 – Epicarpo 2 – Mesocarpo 3 – Endocarpo 4 – Albúmen 44 plantas se desenvolvem bem em solos profundos, férteis e cultivados em regiões com precipitação bem distribuída. São susceptíveis a praga e doenças e sofrem muito com a seca. A vida útil de produção econômica está em torno de 40 anos. (SIQUEIRA e outros, 2002; WADT,1997). De acordo com Ribeiro (1993) apud Wadt (1997), a variedade anão é dividida em três grupos os quais são distinguidos, principalmente, pela cor do epicarpo do fruto: coqueiro anão verde, coqueiro anão amarelo e coqueiro anão vermelho. Dentro do grupo vermelho existe o coqueiro anão vermelho da Malásia e o coqueiro anão vermelho dos Camarões. A Figura 07 mostra um coqueiro anão localizado na área de estudo. FIGURA 07 – COQUEIRO ANÃO LOCALIZADO NA PÇ. BAHIA SOL – ONDINA. Fonte: Autora, 2006. 2.3.3 O coqueiro híbrido Além das duas variedades de coqueiro já mencionadas (gigante e anão) tem-se que considerar a variedade hibrida, obtida pelo cruzamento entre as variedades do coqueiro gigante e anão ou vice-versa. Ressalta-se que hibridação é o cruzamento entre indivíduos geneticamente distintos e a escolha dos pais é feita a partir dos objetivos da atividade a ser desenvolvida (SIQUEIRA e outros, 2002). 45 O coqueiro hibrido reúne características desejáveis dos dois grupos, é rústico, possui frutos grandes, com maior teor de polpa e água, é precoce e produtivo, produzindo a partir do terceiro ou quarto ano de idade, de 150 a 180 frutos por planta por ano. A vida útil de produção econômica está em torno de 50 anos (SEBRAE, 2006; ARAGÃO e outros, 2001). Devido às características de maior interesse econômico como: precocidade, produção de frutos e copra (albúmen sólido), o coqueiro hibrido é superior ao gigante. Por outro lado, com relação ao coqueiro anão, o híbrido tem as seguintes vantagens: os frutos são mais utilizados nas agroindústrias de alimentos, uso culinário e água de coco; maior flexibilidade para o produtor definir a oferta do fruto no mercado a melhor preço; fruto maior com mais quantidade de água; maior estabilidade de produção por ter sido formado geneticamente de dois ou mais parentais (ARAGÃO e outros, 2001). Com relação à utilização do albúmen do coco, tem-se que: os frutos do coqueiro gigante são utilizados para a produção de copra, de coco ralado e consumo “in natura”, enquanto que o fruto do anão é indicado para consumo de água de coco (“in natura” ou engarrafado), pois sua copra é pouco espessa e de baixa qualidade e a produção de água é de melhor qualidade e maior quantidade do que o gigante. Os frutos produzidos pelo coqueiro hibrido podem ser utilizados tanto para a produção de copra como de água de coco (WADT,1997). 2.4 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO GIGANTE NO BRASIL O coqueiro não existia no Brasil quando da sua descoberta pelos portugueses em 1500 sendo que as primeiras referências aparecem no “Tratado Descriptivo do Brasil”, escrito por Gabriel Soares de Souza em 1587, que diz: “As palmeiras que dão os cocos se dão bem na Bahia, melhor que na Índia, porque colocando um coco debaixo da terra, a palmeira que dele nasce dá coco em cinco e seis anos, e na Índia não dão estas plantas, frutos em vinte anos” (BONDAR, 1955, apud SIQUEIRA e outros, 2002). Segundo Siqueira e outros (2002), a introdução do coqueiro no Brasil se fez com a variedade gigante em 1553 no Estado da Bahia, sendo precedentes das Ilhas de Cabo Verde. 46 A segunda introdução aconteceu em 1839 com a variedade cabocla (tipo de coqueiro gigante) proveniente de Kuala Lampur na Malásia e importada por Paulo Burte e Carlos Browne pelo Porto do Rio de Janeiro e plantados no município de Cabo Frio. A terceira introdução foi realizada pela Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, em 1976, com o coqueiro gigante Oeste Africano, procedente da Costa do Marfim. A quarta introdução ocorreu em 1981, quando a Sococo importou o coco gigante Oeste Africano para montar um campo de híbridos no Pará. A quinta introdução ocorreu em 1983. A Embrapa importou da Costa do Marfim várias populações para constituir o Banco Ativo de Germoplasma que se encontra instalado em Sergipe. 2.5 A INTRODUÇÃO DO COQUEIRO ANÃO NO BRASIL Segundo Siqueira e outros (2002), a introdução do coqueiro anão no Brasil é atribuída a Arthur Neiva e Miguel Calmon. Em 1920 o pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, Arthur Neiva, fez uma viagem para o oriente com o objetivo de estudar o coqueiro e a seringueira e ao retornar atendendo a Miguel Calmon, fez conferência na Sociedade Nacional de Agricultura, no Rio de janeiro em 27/12/1921 na qual fez referência a variedade do coqueiro anão. Posteriormente, Miguel Calmon, quando era ministro da Agricultura, apoiou-se nessa conferência de Arthur Neiva para importar das Índias, em 1925, várias centenas de mudas de coqueiro anão verde, que foram distribuídas pelos Estados do Norte. Na Bahia, a Sociedade Bahiana de Agricultura recebeu uma dezena de mudas que foram plantadas no Horto do Retiro, no Campo Experimental em Ondina e na estação Experimental de Água Preta (Uruçuca). No Estado do Rio de Janeiro as mudas foram plantadas na Estação Experimental do Governo Federal em Deodoro. A segunda introdução ocorreu em 1938, quando Paulo Burle e Carlos Browne introduziram, no Estado do Rio de Janeiro, a variedade Nyor Gading, importado diretamente da Malásia 49 2.7 PRODUÇÃO DE COCO NO MUNDO, NO BRASIL E NA BAHIA. A produção de coco vem crescendo a cada ano a nível mundial, nacional e baiano, nas Tabelas 01, 02 e 03 isto pode ser melhor visualizado. A Tabela 01 representa a produção de coco dos principais países produtores do mundo. TABELA 01 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE COCO E A PRODUÇÃO (1.000 T) NO PERÍODO DE 2001 A 2004. PAISES 2001 2002 2003 2004 Indonésia 15.815 15.495 16.145 16.285 Índia 9.530 8.942 9.288 9.500 Brasil 2.131 2.892 2.978 2.947 Sri Lanka 2.104 1.818 1.947 1.950 México 1.100 1.065 1.015 959 Malásia 712 712 597 642 Tanzânia 370 370 370 370 China 293 276 278 270 Moçambique 265 265 265 265 C. do Marfim 240 240 240 240 Jamaica 170 170 170 170 Fiji Islands 170 170 130 140 Fonte: Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO, 2006. Como pode ser observado, a Indonésia lidera como o país que mais produz coco no mundo, seguido da Índia e do Brasil. Os dados da Organização de Alimentos e de Agricultura das Nações Unidas - FAO, representados na Tabela 01 apontam uma produção de coco para o Brasil superior aos da Tabela 02 fornecidos pelo IBGE (2006). Este fato pode estar relacionado com a falta de esclarecimento dos dados, ou seja, os dados do IBGE tratam da produção de coco-da-baía e os dados da FAO podem abranger outras espécies de coco. A Tabela 02 mostra a quantidade produzida de coco-da-baia segundo as grandes regiões e os dois Estados com maior produção em cada região do Brasil no período de 2001 a 2006. 50 TABELA 02 - QUANTIDADE PRODUZIDA (1.000 frutos) DE COCO-DA-BAIA, POR REGIÃO E OS DOIS ESTADOS COM MAIOR PRODUÇÃO EM CADA REGIÃO DO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2006. BRASIL, REGIÃO E ESTADO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 BRASIL 1.420.527 1.928.236 1.985.661 2.078.226 2.079.291 1.985.478 NORTE 211.095 248.436 257.076 265.785 272.572 280.705 Pará 197.383 220.361 225.388 240.664 247.627 256.378 Rondônia 9.443 21.817 22.645 12.819 12.373 10.578 NORDESTE 960.569 1.398.951 1.432.992 1.467.822 1.432.211 1.320.933 Bahia 424.444 731.208 684.016 705.732 713.571 628.376 Ceará 203.769 202.366 217.610 228.818 237.968 243.513 SUDESTE 225.332 251.885 251.811 300.512 324.396 336.802 Espírito Santo 152.790 155.317 135.937 165.705 175.457 180.245 Rio de Janeiro 41.038 51.084 56.523 67.966 71.206 77.738 SUL 61 172 445 691 1.326 1.503 Paraná 61 172 445 691 1.326 1.503 C. OESTE 23.490 28.792 43.337 43.416 48.786 45.535 Mato Grosso 16.462 17.778 27.955 25.933 27.365 26.323 Goiás 4.965 7.665 11.863 12.881 16.481 14.759 Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006. Analisando a Tabela 02, observa-se que a maior produção de coco no Brasil está na região nordeste, representando 66,52 % da produção nacional no ano de 2006. A Bahia é o Estado brasileiro que mais produz coco, representando 47,57 % da produção do nordeste e 31,67 % da produção nacional no ano de 2006. A produção do Nordeste caiu 7,77% de 2005 para 2006 devido a queda na produção nos Estados do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Bahia, conforme dados do IBGE (2006). Com relação à produção nas regiões Norte e Sudeste, houve um acréscimo de 2,98% e 3,82%, respectivamente, devido ao aumento de produção nos estados do Pará, Rio de Janeiro e Espírito Santo, conforme mostra a Tabela 02. A Tabela 03 apresenta os municípios com maior produção de coco-da-baía no Estado da Bahia no período de 2001 a 2006. 51 TABELA 03 – MUNICÍPIOS BAIANOS COM MAIOR PRODUÇÃO (1.000 frutos) DE COCO- DA-BAIA NO PERÍODO DE 2001 A 2006 MUNICÍPIO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Bahia 424.444 731.208 684.016 705.732 713.571 628.376 Conde 81.600 204.000 163.200 180.000 180.000 90.000 Esplanada 18.600 122.616 123.552 123.552 123.552 123.552 Acajutiba 33.150 79.560 80.496 80.496 80.496 80.496 Jandaíra 48.000 48.000 48.000 48.000 48.000 47.200 Rio Real 19.800 19.800 19.800 19.800 19.800 16.200 Valença 17.056 16.970 17.050 17.075 17.250 17.275 Cairu 21.362 16.730 16.750 16.700 16.725 16.750 Juazeiro 4.728 35.400 7.024 6.875 14.301 23.607 Fonte: IBGE, Produção Agrícola Municipal, 2006. De acordo com a Tabela 03, pode-se observar que os municípios de Conde e Esplanada, localizados no Litoral Norte, lideravam a produção de coco do Estado da Bahia no período de 2001 a 2005 chegando a representar juntos 42,64% da produção do Estado em 2005. Porém, em 2006 houve uma queda de 50% na produção de coco no município de Conde, ficando na liderança estadual o município de Esplanada. A microrregião de Alagoinhas possui dois grandes produtores de coco: os municípios de Acajutiba e Rio Real. Já a microrregião de Juazeiro tem como o maior produtor o município de Juazeiro que em 2006 aumentou sua produção em 65%. Os municípios do sul da Bahia com maior produção de coco são: Valença e Cairu. Ressalta-se que os municípios de Mata de São João e Camaçari no ano de 2001 tiveram uma produção de coco de 17.100.000 e 14.850.000 frutos, respectivamente, se destacando entre os maiores produtores do Estado; porém a partir de 2002 iniciou-se um decréscimo na produção sendo que em 2006 a quantidade produzida foi de 3.900.000 frutos para Mata de São João e 6.702.000 frutos para Camaçari.(IBGE, 2006), este fato poderá está associado ao aumento de implantação de loteamentos e hotéis nestes municípios em áreas antes ocupadas por coqueirais. 54 Com isso, tem-se que todo o resíduo do coco verde gerado em Salvador, que é coletado, é disposto no AMC. Como este tipo de resíduo leva em torno de 08 anos para se degradar e associado a sua forma e constituição as quais dificultam a sua compactação, tem-se como conseqüência a ocupação de maiores áreas no aterro para sua disposição devido ao seu volume. Segundo Fortuna (2008), um dos fatores para determinar a área ocupada por um determinado volume de resíduo em um aterro sanitário é a cota do terreno, sendo que atualmente, fevereiro de 2008, o volume de 07 milhões de m3 de resíduos sólidos está ocupando uma área de 30 ha no AMC, em 11 anos de operação. De acordo com o levantamento de campo a quantidade média diária de cascas de coco verde, na alta estação, necessário para o abastecimento da usina para produção de briquete (a ser abordado na seção 07), corresponde a um volume de 56 m3 o que equivale a uma ocupação média de 0,00024 ha/dia, ou seja, 2,4 m2/dia no aterro sanitário. O aproveitamento do resíduo do coco verde surge como uma alternativa para o aumento da vida útil do aterro já que uma parcela considerável de resíduo deixará de ser disposta neste local. Ressalta-se também que a reciclagem, reutilização e aproveitamento de diversos tipos de resíduos farão com que não exista, ou seja, bem menor as áreas requeridas para futuros aterros sanitários com isso, haverá uma disponibilidade maior de áreas para utilização de outras atividades tais como: habitação, lazer, escolas, usinas e indústrias. 3.2 PROLIFERAÇÃO DE VETORES Os resíduos sólidos depositados de maneira inadequada além de degradar a paisagem e produzir mau cheiro colocam em risco o meio ambiente e a saúde pública. O acúmulo de resíduos sólidos contribui na transmissão de doenças por meio de vetores como: moscas, mosquitos, baratas e roedores que encontram nos resíduos alimentos, abrigo e condições adequadas para proliferação. O Quadro 04 mostra as enfermidades relacionadas com os resíduos sólidos transmitidas pelos macros vetores. 55 QUADRO 04 – ENFERMIDADES RELACIONADAS COM OS RESÍDUOS SÓLIDOS TRANSMITIDAS PELOS MACROS VETORES Macro vetores Forma de transmissão Enfermidades Ratos Mordida, urina, fezes Leptospirose, peste bubônica, tifo murino Moscas Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre tifóide, cólera, amebíase Mosquito Picada Malária, febre amarela, dengue Barata Asas, patas, corpo e fezes Febre tifóide, cólera, giardiase Fonte: Autora, adaptado de Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde, Coordenação de Saneamento, 1994. A Tabela 04 mostra as notificações de algumas enfermidades, relacionada no Quadro 04 referente ao Estado da Bahia no período de 2003 a 2005. TABELA 04 – NOTIFICAÇÕES DE ALGUMAS DOENÇAS NO ESTADO DA BAHIA NO PERÍODO DE 2004 A 2006 Enfermidades/Ano 2004 2005 2006 Leptospirose 245 313 294 Cólera 18 10 14 Dengue 6.678 26.887 10.270 Febre tifóide 141 195 134 Fonte: Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB/Superintendência de Vigilância e Proteção a Saúde - SUVISA/Diretoria de Informação em Saúde - DIS, 2008. Analisando o Quadro 04 pode-se verificar que a leptospirose e dengue são as doenças, relacionadas na Tabela 04, mais notificadas no Estado da Bahia e todas elas transmitidas pelos vetores que podem estar associado aos excretas, água e resíduos sólidos. A deficiência do serviço público de coleta regular de resíduos sólidos favorece o acúmulo de recipientes como: vasilhames, latas, casca de coco, garrafas, pneus, dentre outros, que acumulando água no seu interior tornam-se locais propícios, por exemplo, para que o mosquito da dengue ponha os seus ovos, que ficando acumulados por vários dias tornam-se larvas e geram novos mosquitos, fazendo com que o vírus se espalhe cada vez mais por toda a área atingindo a população. Todo o resíduo que não é coletado fica exposto a céu aberto nas ruas, quintais das casas, terrenos baldios, encostas, praias, áreas verdes e próximos a córregos conseqüentemente os vetores se instalam nestes locais e proliferam doenças nos seres humanos. Contudo, para que seja evitada a proliferação de vetores e haja uma redução dos criadouros do Aedes aegypti, por exemplo, por intermédio dos recipientes encontrados nos resíduos sólidos acumulados, é necessário que se faça armazenamento, coleta, transporte e se dê um destino 56 adequado aos resíduos, além de incentivar e educar a população a reciclar, reutilizar e criar tecnologias e meios para aproveitamento dos vários tipos de resíduos que são atualmente descartados como o resíduo do coco verde. Esses devem ser recolhidos diariamente e levados para locais que tenham uma infra-estrutura adequada, para que a disposição inadequada aliada com a falta de coleta não se constitua também como um foco potencial de transmissão de doenças. Na área de estudo deste trabalho, pode-se observar uma situação bastante comum que é o resíduo do coco verde disposto em vários locais: caixas, contêineres, papeleiras, areia da praia, logradouros, no entorno de coqueiros, dentre outros; ele pode estar separado ou junto com vários outros tipos de resíduos, o que acaba atraindo vetores, mesmo com o serviço de coleta de resíduos sólidos sendo regular na orla de Salvador, ou seja, realizada diariamente, diversas cascas de coco permanecem por vários dias acumulando água e atraindo vetores devido à falta de fiscalização dos agentes que efetuam a varrição e a limpeza das praias que não recolhe todo o resíduo deixado pelos consumidores de água de coco. As Figuras 07 e 08 são exemplos de disposição inadequada de resíduos de coco verde, na área de estudo, se constituindo em foco potencial para proliferação de vetores. Ressalta-se que durante a pesquisa de campo pode ser observado que a praia do Farol da Barra possuía várias tocas de ratos, localizadas nas fendas do paredão e nas tubulações de drenagem pluvial/esgoto, de onde os ratos saiam para procurar alimentos deixados pelos banhistas no final do dia. A Figura 08 retrata exatamente o acúmulo de água no interior da casca de coco, se constituindo em um foco potencial para o mosquito da dengue. Esta situação ocorre, principalmente, pela falta do serviço de varrição/catação nas áreas verdes do município. 59 TABELA 05 – CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS GASES DO EFEITO ESTUFA. Concentração Gás/fórmula Pré- industrial Em 1994 Anos de vida Principais fontes antropogênicas GWP Dióxido de carbono (CO2) ~ 208 ppmv 358 ppmv 50 a 200 Combustíveis fósseis, mudança no uso da terra, produção de cimento. 1 Metano (CH4) ~700 ppbv 1720 ppbv 7 a 17 Combustíveis fósseis, plantações de arroz alagado, depósito de lixo, criação de gado. 21 Óxido nitroso (N2O) ~275 ppbv 311 ppbv 120 Uso de fertilizantes, combustão industrial. 310 Tetrafluoreto de carbono (CF4) 0 72 pptv 50.000 Produção de alumínio. 6.500 Hexafluoreto de enxofre (SF6) 0 32 pptv 3.200 Fluido dielétrico. 23.900 Herofluorcarbonos (HCFCs) 0 105 pptv 121 Fluído refrigerante. ~1.300 Fonte: Painel Intergovernamental sobre Mudanças de Clima – IPCC (1996) apud Amaral (2004). De acordo com Lora (2002) e pela Tabela 05, os gases mais importantes do efeito estufa são: dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Observando a referida tabela pode-se constatar que a quantidade de carbono na atmosfera aumentou bastante do século XVIII para o XX devido principalmente à queima de combustíveis fosseis. O dióxido de carbono surge como o principal gás responsável pelo efeito estufa seguido pelo metano, que apesar da sua concentração ser menor tem potencial de aquecimento global vinte e uma vezes maior do que ele para influenciar no aquecimento global. Os outros gases possuem concentrações bem menores do que os dois citados, porém o potencial de aquecimento é bem maior, conforme pode ser observado na Tabela 05. Com isso, além de se constituir um dos problemas ambientais mais importantes e discutidos atualmente no mundo; os resíduos sólidos, nele incluso os resíduos do coco verde, também contribuem para o aquecimento global (AMARAL,2004). Com o objetivo de estimar as emissões de metano decorrentes da disposição de resíduos sólidos e líquidos no Brasil, para o período de 1990 a 1994, o estudo mais recente foi elaborado pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB a pedido do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT o Inventário Nacional de Metano pelo Manejo de 60 Resíduos no Brasil, baseado nas diretrizes revisadas em 1996 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças de Clima - IPCC. O IPCC foi constituído pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNEUMA e pela Organização Mundial de Metereologia – OMM, com o objetivo de apoiar com trabalhos científicos as negociações da Convenção – Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima. De acordo com o Inventário supracitado, as emissões de metano devido à disposição e tratamento de resíduos sólidos no Brasil no período de 1990 a 1994 estão relacionadas na Tabela 06. TABELA 06 – EMISSÕES DE METANO DEVIDO A DISPOSIÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL NO PERÍODO DE 1990 A 1994. Fonte: Autora, adaptado de Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental - CETESB, 2002. Esses dados da Tabela 06 indicam que a emissão de metano na atmosfera em decorrência da decomposição dos resíduos sólidos é crescente e que a redução da disposição desses resíduos por meio do aproveitamento, por exemplo, do resíduo do coco verde, contribuirá para diminuir a emissão dos GEE e consequentemente o aquecimento global. Ressalta-se que por meio do protocolo de Kyoto assinado por 84 países, não incluindo os Estados Unidos um dos países que mais emitem GEE, estabeleceram-se metas e prazos para controlar e reduzir os gases do efeito estufa a fim de alcançar a estabilização das concentrações destes gases na atmosfera num nível que não interfira perigosamente no efeito climático. O Protocolo de Kyoto inclui três mecanismos de flexibilização a serem utilizados para cumprimento dos compromissos os quais são: implementação conjunta, comércio de emissões e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL. Os dois primeiros são utilizados pelos paises industrializados, já o MDL que foi desenvolvido a partir da proposta da delegação brasileira que previa a constituição de um Fundo de Desenvolvimento Limpo, acabou se consistindo na possibilidade de um país desenvolvido financiar projetos em países em Ano 1990 1991 1992 1993 1994 Emissões de metano (Gg/ano) 618,01 636,34 649,68 673,28 677,18 61 desenvolvimento como forma de cumprir parte dos seus compromissos. Com isso o MDL tem por objetivo a mitigação de GEE em países em desenvolvimento, na forma de sumidouro, investimentos em tecnologias mais limpas, eficiência energética e fontes alternativas de energia (BRITTO, 2006). Com o intuito de reduzir a emissão de metano para a atmosfera, o AMC está drenando o biogás (mistura gasosa rica em metano), captando, purificando e queimando em torre flarh, enquanto não o utiliza para geração de energia no próprio aterro. De acordo com os dados fornecidos por Fortuna (2007), a quantidade média de biogás produzida no aterro é de 10.000 m3/h, sendo 3.800 m3/h de metano (que corresponde a 38% do biogás) Apesar da queima do biogás emitir CO2 este GEE é 21 vezes menos nocivo do que o metano. Como existem custos relacionados com o aproveitamento do biogás e possibilidades de ocorrer problemas operacionais no sistema, implicando na emissão direta de metano para a atmosfera, o aproveitamento do resíduo do coco verde surge como alternativa de diminuir a quantidade de resíduo disposto no AMC e consequentemente a emissão de gás metano. 3.4 POLUIÇÃO VISUAL Quando se fala em poluição todos lembram logo da poluição ambiental causada, dentre outras maneiras, pelo lançamento de efluente e resíduo nos rios, emissão de dióxido de carbono (CO2) no ar, utilização de agrotóxicos nas plantações e não se recordam da poluição visual. De acordo com Mota (1981), a poluição ambiental pode ser classificada nos seguintes tipos: poluição do solo, ar, água, acústica e visual. Na realidade nem sempre é possível separar a poluição ambiental por modalidades, pois muitas vezes elas ocorrem conjuntamente havendo vários fatores de interdependência entre as mesmas. Segundo Santos (2004), poluição visual são os efeitos danosos resultantes dos impactos visuais causados por determinadas ações e atividades, a ponto de prejudicar a saúde, a segurança e o bem estar da população; criar condições adversas às atividades sociais e 64 FIGURA 11 – CASCA DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. SETE DE SETEMBRO, ENTRE O PORTO E FAROL DA BARRA. Fonte: Autora, 2007. A Figura 12 é um caso típico de poluição visual nas areias das praias, pois os ambulantes de água de coco verde depositam as cascas na areia, dentro e no entorno das lixeiras distribuídas ao longo da praia, o que acarreta também na diminuição do espaço físico para os banhistas. FIGURA 12 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTES, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. A Figura 13 ilustra a caixa de lixo cheia e as cascas de coco verde sendo depositadas ao seu lado, causando um impacto visual aos transeuntes da área já que a caixa está localizada em frente a estabelecimentos comerciais. 65 FIGURA 13 – CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: AV. OCEÂNICA - ONDINA. Fonte: Autora, 2006. A Figura 14 mostra as cascas de coco verde depositadas na Praça Marechal Deodoro no bairro do Comércio, onde os transeuntes têm que desviar o percurso por causa dos resíduos. Esta Praça é bastante freqüentada por abrigar pontos de ônibus, bares e lanchonetes, sendo a poluição visual causada pela disposição das cascas de coco verde um dos principais problemas deste bairro. Ressalta-se que as Figuras 14 e 15 servem para ilustrar a falta de preocupação do vendedor de água de coco verde “in natura” com os resíduos, pois o mesmo não providenciou armazenar de forma adequada ou simplesmente ensacar o resíduo de modo a não comprometer a circulação das pessoas na praça e evitar o impacto visual do local, situação esta que os ambulantes da área de estudo mesmo sem equipamentos para acondicionamento das cascas procuram amenizar a situação utilizando sacos plásticos. 66 FIGURA 14 - CASCAS DO COCO VERDE, DEIXADAS POR BARRAQUEIRO, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ MAL. DEODORO – COMÉRCIO. Fonte: Autora, 2007. A Figura 15 ilustra as cascas de coco verde dispostas na Praça da Piedade, bairro do centro; onde se localizam dois dos principais shoppings da cidade, uma estação de ônibus, igrejas e toda uma área comercial. Este depósito de cascas é ao lado do ponto de ônibus e o impacto visual causado afeta os transeuntes, as pessoas que ficam no ponto e as que estão dentro do ônibus. FIGURA 15 – CASCAS DE COCO VERDE, DEIXADAS POR AMBULANTE, APÓS VENDA DA ÁGUA – LOCAL: PÇ DA PIEDADE - CENTRO. Fonte: Autora, 2007. Por meio destas figuras pode-se observar o impacto visual causado pela disposição das cascas de coco verde, onde faltam locais e equipamentos para o acondicionamento adequado dos resíduos e conscientização de alguns vendedores em dispor adequadamente os resíduos gerados com o seu comércio, com isso o aproveitamento das cascas de coco pode contribuir para que haja um acondicionamento adequado dos resíduos bem como, uma coleta diferenciada o que pode reduzir este tipo de problema. 69 TABELA 07 – VALORES MÉDIOS DAS PRINCIPAIS PROPRIEDADES DA FIBRA DE COCO VERDE Propriedades Valores pH 5,4 Condutividade elétrica 1,8 dS/m Relação C/N 132 Densidade 70g/L Porosidade total 95,6% Retenção de água 538 mL/L Água facilmente assimilável 19,8% Percentagem de lignina 35 a 45% Percentagem de celulose 23 a 43% Percentagem de hemicelulose 3 a 12% Fonte: Adaptado pela autora de Aragão e outros, 2006. Salienta-se que a composição química da casca de coco varia conforme a região de cultivo, tipo de solo, a época do ano e a quantidade de chuva (KAMPF e FERMINO, 2000 apud ROSA, 2001; SILVA, 2003). Na Tabela 08 são apresentados dados da composição química de algumas fibras vegetais, oriundas de cultivo principal e de subproduto da agricultura. TABELA 08 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS (% EM PESO) Fibra Celulose Hemicelulose Lignina Algodão 82,7 5,7 - Juta 64,4 12,0 11,8 Linho 64,1 16,7 2,0 Rami 68,6 13,1 0,6 Sisal 65,8 12,0 9,9 Bagaço de cana 32-48 19-24 23-32 Folha de abacaxi 70-82 18,0 5-12 Folha de bananeira 60-65 6-8 5-10 Fonte: Adaptado de Passos, 2005 e Silva, 2003. Como podem ser observadas nas Tabelas 07 e 08, as fibras convencionais (algodão, juta, linho, rami e sisal) possuem percentual de celulose que confere as mesmas o uso como material de reforço em compósitos. Já as fibras de casca de coco têm percentual menor de celulose em comparação as outras fibras vegetais, porém a quantidade de lignina é em torno de duas a quatro vezes maior do que os valores para a juta e o sisal, oferecendo-lhe um comportamento diferenciado com relação as outras fibras. 70 Nas outras fibras oriundas de subprodutos da agricultura (bagaço de cana, folha de abacaxi e folha de bananeira), pode-se verificar as concentrações maiores de hemicelulose e lignina com relação as fibras convencionais, conferindo as mesmas diversas aplicações. A hemicelulose, que é a fração facilmente atacada por microorganismo, na fibra de coco tem um baixo percentual o que favorece o seu uso. Por meio das propriedades físicas, pode-se entender o comportamento das fibras e determinar as suas várias aplicações. A Tabela 09 apresenta as propriedades físicas de algumas fibras vegetais e sintéticas normalmente usadas como reforço em compósitos. TABELA 09 – PROPRIEDADES FÍSICAS DE ALGUMAS FIBRAS VEGETAIS E SINTÉTICAS Fibra Diâmetro (µm) Densidade (g/cm3) Resistência à tração (MPa) Módulo de Elasticidade (GPa) Alongamento (%) Algodão 16-21 1,5-1,6 287-597 5,5-12,6 7-8 Juta 200 1,3 393-773 26,5 1,5-1,8 Linho - 1,5 345-1035 27,6 2,7-3,2 Cânhamo - - 690 - 1,6 Rami - 1,5 400-938 61,4-128 3,6-3,8 Sisal 50-300 1,45 511-635 9,4-22 3-7 Casca de coco 100-450 1,15-1,45 131-175 4-13 15-40 Vidro - E 8-14 2,5 2000-3500 70 1,8-3,2 Carbono 7-10 1,6-1,9 4000 230-240 1,4-1,8 Fonte: Silva, 2003. Visualizando a Tabela 09, pode-se observar que o maior valor de densidade é da fibra de vidro o que confere peso maior aos compósitos que utilizam esta fibra, pois quanto maior a densidade da fibra maior o peso do compósito formado com ela. Com relação à resistência a tração e ao módulo de elasticidade, as fibras sintéticas tem valores maiores do que às fibras vegetais, sendo as fibras de casca de coco as que apresentam os menores valores. Os valores de alongamento são semelhantes tanto nas fibras sintéticas como vegetais; exceto para as fibras de algodão e principalmente de cascas de coco que possuem valores bem mais altos. 71 Por meio das Tabelas 07 e 09, conclui-se que as fibras de casca de coco têm valores de celulose mediana e lignina alta comparada com as outras fibras vegetais. Com relação as propriedades mecânicas, alongamento, resistência a tração e módulo de elasticidade, se faz necessário uma análise mais detalhada sobre as características da fibra como: idade; tipo de celulose; relação entre celulose, hemicelulose e lignina, dentre outras para determinar a sua utilização em compósitos (PASSOS, 2005). Ressalta-se que em caso de incineração das fibras após sua vida útil, a quantidade de cinzas formada pode se constituir um grande problema. Com relação às fibras de casca de coco há uma grande quantidade de silício que pode se transformar em carbureto de silício (SiC) e ser usado como reforço de metais e cerâmicas (SELVAM e outros, 1998 apud PASSOS,2005). 4.3 ETAPAS DO BENEFICIAMENTO DA CASCA DE COCO VERDE PARA OBTENÇÃO DE FIBRA E PÓ. Os Pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical, localizada em Fortaleza-Ceará, desenvolveram em parceria com a metalúrgica FORTALMAG um conjunto de equipamentos, composto por um triturador, uma prensa e um classificador, conectados de forma contínua, para beneficiamento da casca de coco verde e obtenção de fibra e pó (material de enchimento dos espaços entre as fibras) (VERAS, 2007). A Figura 17 apresenta a vista geral destes equipamentos, os quais estão em operação, desde julho de 2005, em uma usina localizada na área da Estação de Triagem e Transbordo de Resíduos Sólidos de Fortaleza no bairro do Jangurussu. A usina tem capacidade de processar de 1.200 a 2.000 cascas de coco por hora (VERAS, 2007). 74 4.3.1 Etapas de Operação 1 – Coleta do resíduo (cascas de coco verde) A coleta é feita diariamente e preferencialmente de modo que não ultrapasse 24 horas entre a extração da água até o processamento. Este procedimento tem como finalidade elevar a qualidade dos produtos finais (pó e fibra), pois a desidratação da casca prejudica as etapas subseqüentes do processamento. 2 – Recepção do resíduo de coco verde O veículo que transporta os resíduos deve despejar a carga em uma baia de recepção, localizada na entrada da linha de processamento. Neste momento são retirados os materiais indesejáveis como: canudos, plásticos, pedras, cascas ressecadas podres, entre outros. Vale ressaltar a importância de manter um fluxo uniforme de alimentação da linha de processamento, que é feito por meio de um elevador (que tem velocidade controlada), para garantir a eficiência da prensagem. As Figuras 19 e 20 apresentam, respectivamente, o momento em que os resíduos são despejados na baia e a maneira como eles são colocados no elevador. FIGURA 19 – CASCAS DE COCO VERDE SENDO DEPOSITADAS NA BAIA. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 75 FIGURA 20 – CASCAS DE COCO VERDE NO ELEVADOR. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 3 – Trituração Nesta etapa, o resíduo é cortado e triturado por meio de facas rotativas em disco, as quais fazem o fatiamento da casca e em seguida passa por martelos fixos os quais são responsáveis pelo esmagamento do produto. Este procedimento possibilita a realização da etapa de seleção da fibra com o pó do coco e prensagem. A Figura 21 mostra a casca de coco dilacerada após a trituração. FIGURA 21 – CASCA DE COCO DILACERADA APÓS TRITURAÇÃO. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 4 – Prensagem para retirada da umidade e sais A casca de coco verde tem aproximadamente 85% de umidade e a maior parte dos sais se encontra em solução. Na prensagem, remove-se 60% da umidade, ou seja, é liberada a água 76 que se encontra livre dentro dos elementos anatômicos (água de embibição), o que acarreta também na remoção conjunta dos sais. A eficiência desta etapa é de grande importância para a perfeita seleção do material na etapa seguinte e também para a adequação do nível da salinidade do pó obtido no processamento. O líquido oriundo da prensagem, chamado de Liquido da Casca de Coco Verde - LCCV é conduzido por meio de calha, conforme pode ser vista na Figura 22, para a rede de esgotamento sanitário do município a fim de ser tratado. FIGURA 22 – PRENSA COM CALHA PARA RECOLHIMENTO DO LCCV. Fonte: Luiz Veras – Embrapa Agoindústria Tropical, 2005. 5 – Seleção de fibra e pó Após a prensagem, as fibras são separadas do pó por meio de uma máquina classificadora que é equipada com um rolo de facas fixas e uma chapa perfurada. O material é turbilhonado ao longo do eixo da máquina e por diferença de densidade, o pó cai pela chapa perfurada e a fibra sai no fim do percurso. As Figuras 23, 24 e 25 apresentam, respectivamente, a máquina classificadora, o pó e a fibra oriundos do processo. 79 8 – Prensagem Por serem o pó e a fibra pouco densos, é necessário realizar a compactação do material em uma prensa hidráulica horizontal a fim de reduzir os custos com o transporte. Após a compactação são obtidos blocos de 40x40x40 cm de pó ou fibra. 9 – Embalagem Os blocos prensados serão embalados em sacos plásticos de 15 micras com as dimensões de 90x90x90 cm. Os sacos poderão ser selados ou amarrados com fita de nylon. 10 – Armazenamento Após a embalagem, os produtos deverão ser armazenados empilhados sobre pallets, evitando o contato com o solo que poderia transferir umidade ao material. As etapas de 08 a 10 geralmente são utilizadas quando da comercialização do produto final sem beneficiamento; mas o que esta sendo praticada na unidade visitada, é a comercialização de produtos como as mantas e vasos a partir das fibras de coco. 4.4 USOS DA FIBRA E PÓ DE COCO VERDE Há alguns anos várias pesquisas vêm sendo feitas para a utilização da fibra e do pó oriundos das cascas de coco verde, descritas na seqüência. 4.4.1 Fabricação de briquetes Briquetes são produtos de alto poder calorífico, obtido pela compactação dos resíduos de madeira como o pó de serragem e as cascas vegetais como a casca de coco. Apresenta forma regular e constituição homogênea sendo muito utilizado para a geração de energia. É considerado uma lenha ou carvão ecológico de alta qualidade, feito a partir da compactação de resíduos ligno-celulosicos, sob pressão e temperaturas elevadas (BIOMAX, 2007; BIOMACHINE, 2007). 80 A densificação mediante a briquetagem consiste em gerar mecanicamente elevadas pressões (até 1.200 kg/cm2) que provocam um incremento térmico da ordem de 100º C. Esta temperatura provoca a plastificação da lignina, que atua como elemento aglomerante das partículas da fibra do coco dispensando o uso de produtos aglomerantes adicionais como resinas e ceras. Para que haja perfeita aglomeração das partículas as mesmas tem que possuir tamanho entre 5 e 10 mm e umidade entre 8 e 15% (BIOMAX,2007; BIOMACHINE, 2007). Os briquetes podem ser utilizados em toda empresa que tenha forno ou caldeira na qual possa ser utilizada lenha, como por exemplo: padaria, pizzaria, frigorífico, olaria e churrascaria. A utilização de briquetes possui as seguintes vantagens: são produzidos em tamanhos padrões, espaço de armazenagem reduzido, produto higiênico sem os inconvenientes da lenha, produto 100% reciclado e ecologicamente correto, pois diminui o desmatamento, em razão da sua regularidade térmica mantém o calor homogêneo, maior temperatura de chama, menor índice de poluição pois é um combustível renovável, permite o aproveitamento do resíduo das industrias de base florestal, agroagricolas, agroalimentares, entre outros de origem vegetal, reduz o impacto negativo sobre as florestas nativas para a retirada de lenha, dispensa guia e reposição florestal junto ao órgão fiscalizador (BIOMAX,2007; BIOMACHINE, 2007). A Figura 26 apresenta briquetes, com diversos tamanhos, feitos com resíduo ligno-celulosico. FIGURA 26 – BRIQUETES. Fonte: MFrural,2007. Como a proposta deste trabalho é o aproveitamento das cascas do coco para produção de briquetes, este assunto será mais detalhado na seção 07. 81 4.4.2 Outros Usos Uso na agricultura Um dos principais fatores envolvidos na formação de mudas com qualidade são a escolha e o manejo corretos do substrato escolhido; pois o mesmo exerce a função do solo, fornecendo a planta, sustentação, nutrientes, água e oxigênio. Os substratos podem ter diversas origens: animal (esterco, húmus); vegetal (tortas, fibras, bagaços, serragem); mineral (turfa, lã de rocha, areia, perlita, verniculita) e artificial (espuma fenólica, isopor) (BEZERRA E ROSA, 2002). O pó oriundo do processo de beneficiamento da fibra de coco pode ser utilizado como substrato agrícola no cultivo de várias espécies como, por exemplo, hortaliças, flores e tomate, propagação de plantas em viveiros e germinação de sementes. Como este substrato não possui os nutrientes essenciais para as plantas se faz necessário adicionar adubos em pré- plantio ou em fertirrigação de acordo com o tipo de cultivo (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002). Segundo Noguera e outros (1998), a grande quantidade de lignina e celulose e a pequena quantidade de hemicelulose, proporcionam ao substrato da fibra de coco uma grande durabilidade. A fibra de coco é uma matéria-prima para elaborar substratos que se destaca por apresentar elevada estabilidade de retenção de água, bem como uma boa aeração. Por possuir uma textura micro-alveolar e uma porosidade próxima a 90%, compatível com a “lâ de rocha”, é utilizada também para cultivo hidropônico (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002; SENHORAS, 2003). Deve-se destacar que para esta finalidade alguns cuidados são importantes com relação à obtenção das fibras de coco; as mesmas devem ser bem lavadas em água corrente para que haja uma redução das substâncias químicas e patogênicas e o processo de aglomeração das fibras deve ser feito de modo a não prejudicar a compactação (CARRIJO, LIZ, MAKISHIMA, 2002; SENHORAS, 2003). 84 FIGURA 28 – MANTAS DE FIBRA DE COCO PRODUZIDAS NA USINA DA EMBRAPA AGROINDÚSTRIA TROPICAL. Fonte: Autora, 2007. FIGURA 29 – BERMALONGAS. Fonte: DEFLOR, 2006. Produção de enzimas Enzimas são catalisadores orgânicos, responsáveis por milhares de reações bioquímicas envolvidas nos processos biológicos dos sistemas vivos, apresentando ampla utilização na indústria alimentícia, principalmente em processos de maceração de vegetais e frutas para a produção de purês e néctares, no processamento de produtos cárneos (tenderização), na produção de queijos, na extração e clarificação de sucos de frutas e vinho, na desengomagem de fibras naturais e na recuperação de óleos vegetais (COELHO, 1993; CUNHA, 1999). A casca de coco verde poderia ser utilizada em processos fermentativos, como a produção de enzimas. Como este material contém grande quantidade de celulose, hemicelulose, lignina e 85 outros, não há necessidade de complementações nutricionais para o adequado desenvolvimento microbiano (COELHO e outros, 2001). De acordo com pesquisas realizadas por Coelho e outros (2001), foi possível obter enzimas, mediante o processo de fermentação semi-sólida, utilizando cascas de coco verde como matéria-prima. Como o mercado mundial da tecnologia enzimática movimenta bilhões de dólares, pode-se justificar o interesse em produzir enzimas a partir de subprodutos da agricultura, como as cascas de coco, já que envolve tecnologia de baixo custo energético, com um menor impacto ambiental (COELHO e outros 2001). Cabe salientar que o Brasil ainda adquire enzimas de outros países; podendo utilizar o resíduo do coco verde para o desenvolvimento nacional de uma indústria enzimática. (Senhoras, 2003). Matrizes poliméricas A fibra do coco verde está sendo utilizada na composição de novos materiais (bicompostos), com polímeros tais como polietileno, poliéster e polipropileno. O uso desta fibra é importante por ser um processo barato, natural e renovável, quando comparável com as fibras sintéticas, além de agir como um componente reforçador da matriz dos polímeros, alterando as propriedades mecânicas destes compostos tais como resistência, tração e elongação na ruptura (ISHIZAKI, e outros, 2006). Em compósito polímero-fibra celulósica, a escolha da matriz polimérica é limitada pela temperatura necessária ao processamento, já que as fibras lignocelulósicas (como é o caso da fibra de coco) degradam a alta temperatura. Desta forma a temperatura de processamento deve ser tal que permita a obtenção de misturas homogêneas, sem degradação da fibra (ISHIZAKI, 2006). A fim de proporcionar maior adesão com a matriz do polímero, a fibra de coco precisa passar por um processo de modificação química superficial como tratamento com base, ácidos, acetilação, cianoetilação e inserções de vinil. A escolha do tratamento depende do tipo de 86 polímero que será usado e das características finais desejadas ao produto, como rigidez e a resistência ao impacto (TAKEUCHI, 2003, apud SENHORAS, 2004; ISHIZAKI, 2005). O politereftalato de etileno – PET é o plástico mais importante dentre os poliésteres e muito utilizado como embalagens, principalmente para bebidas; a utilização da fibra de coco como carga para o PET pode gerar materiais plásticos com propriedades adequadas para aplicações práticas além de reduzir o tempo de decomposição do plástico (DIAS, 2007). Isolante térmico e acústico No Brasil, são fabricados alguns isolantes tais como: lã de rocha, lã de vidro, cortiça, fibra cerâmica, silicato de cálcio e poliuretana. A finalidade primordial de um isolante térmico é inibir o fluxo de calor. A partir daí é possível obter: conservação de energia diminuindo os gastos em combustível, controle de temperatura superficial visando proteção pessoal – temperatura de segurança e redução de absorção ou perda de calor em equipamentos ou estruturas (FAQ, 2007). A Amorim Isolamento S.A concentra suas atividades na produção de materiais de isolamento incluindo placas e rolos de fibra de coco como solução ideal de isolamento térmico e acústico, principalmente de divisórias, paredes interiores, tetos e lajeta flutuante (ruído de impacto). A fibra de coco, quando adicionada ao aglomerado de cortiça expandido, é um produto utilizado para isolamento acústico, devido à absorção de baixas freqüências, onde apresenta bons resultados dificilmente alcançados por outros materiais. Devido ao bom comportamento da cortiça em termos de estabilidade dimensional e elasticidade faz com que a fibra seja a melhor solução técnica, natural e renovável para a solução de problemas de isolamento acústico e térmico. No caso do isolamento acústico, apresenta reduções de 48 dB em isolamento de paredes interiores e de 35 dB em sub pavimentos. (SALVADOR, 2001). As Figuras 30 e 31 mostram enchimento de fibra de coco termo-acústico e manta ante ruído. 89 A Figura 33 apresenta a “telha ecológica”, com e sem impermeabilização. FIGURA 33 – “TELHA ECOLÓGICA”, COM IMPERMEABILIZAÇÃO (ESQUERDA) E SEM IMPERMEABILIZAÇÃO (DIREITA). Fonte: Passos, 2005. Ressalta-se que durante visita a Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza-CE puderam ser observados vários objetos como cordas, estofamento de carros, palmilhas e vasos para plantas, feitos a partir da fibra do coco verde. Segundo o técnico Luiz Veras muitos objetos feitos com a fibra do coco maduro podem ser feitos com a fibra do coco verde. Por meio desta seção obteve-se informações com relação a constituição da fibra do coco e suas características, a forma de processamento das cascas de coco verde, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, para obtenção da fibra e pó além dos diversos usos que são dados quando do aproveitamento deste resíduo. 90 5 FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO ATÉ A DESTINAÇÃO FINAL Esta seção trata do fluxo do coco verde na orla de Salvador da produção até a destinação final. O fluxo inicia com a produção de coco, destacando os maiores produtores da Bahia, seguindo pela distribuição aos barraqueiros e ambulantes a forma de armazenamento do coco para venda, o mercado consumidor de água de coco, a forma de acondicionamento das cascas, a coleta deste resíduo e finaliza com a disposição final dos mesmos. O fluxo do coco verde na orla de Salvador ocorre conforme fluxograma representado na Figura 34. FIGURA 34 – FLUXOGRAMA COM O FLUXO DO COCO VERDE NA ORLA DE SALVADOR – DA PRODUÇÃO A DESTINAÇÃO FINAL. Fonte: Autora, 2007. 91 5.1 PRODUTOR O Estado da Bahia é o maior produtor de coco do Brasil, como já foi abordado na Seção 02. De acordo com os dados do IBGE, em 2006 a produção foi de 628.376.000 frutos para uma área plantada de 81.686 ha. Considerando uma produção de coco maior ou igual a 14.000.000 de frutos no ano de 2006, segundo os dados do IBGE, os municípios baianos que mais produzem coco atualmente são: Juazeiro, Acajutiba, Rio Real, Conde, Esplanada, Jandaíra, Cairu e Valença. 5.2 DISTRIBUIDOR E COMPRADOR Conforme organograma, representado na Figura 35, a distribuição do coco produzido na Bahia dá-se do seguinte modo: FIGURA 35 - ORGANOGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO DE COCO NA BAHIA. Fonte: Autora, 2007. 94 FIGURA 37 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NO BALCÃO DA BARRACA DE COCO - PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. FIGURA 38 – COCOS VERDES ARMAZENADOS NA BARRACA DE COCO DA PÇ. BAHIA SOL - ONDINA Fonte: Autora, 2006. 95 FIGURA 39 – COCOS VERDES ARMAZENADOS, PELO AMBULANTE, NA AREIA DA PRAIA E NO ISOPOR - PRAIA DO PORTO DA BARRA. Fonte: Autora, 2006. 5.4 CONSUMIDOR Os consumidores de água de coco verde são os transeuntes, turistas, banhistas, praticantes de esportes, munícipes de Salvador em geral. 5.5 ACONDICIONAMENTO DOS RESÌDUOS GERADOS De acordo com a NBR 12.980/93, acondicionamento é o ato ou efeito de embalar os resíduos sólidos para seu transporte. Ou seja, prepará-lo para a coleta de maneira adequada sanitariamente e de forma compatível com o tipo e a quantidade de resíduo (IBAM, 2001). A qualidade da coleta e transporte dos resíduos sólidos depende, dentre outros fatores, da forma de como foi acondicionado e da disposição dos recipientes utilizados. Um acondicionamento adequado é importante sobre os principais aspectos: evita acidentes, evita a proliferação de vetores, minimiza o impacto visual e olfativo, reduz a heterogeneidade dos resíduos (no caso de haver coleta seletiva) e facilita a coleta (MANSUR e MONTEIRO, 1993; IBAM, 2001). 96 São inúmeros os tipos de recipientes utilizados pela população para acondicionamento dos resíduos sólidos, a exemplo de: latas, baldes, tonéis, bombonas, caixotes de madeira ou papelão, sacos plásticos de supermercados ou especiais para lixo, contêineres metálicos ou plásticos. A escolha pelo recipiente mais adequado para o armazenamento dos resíduos sólidos deve estar associada a alguns fatores tais como: característica e geração do resíduo, freqüência da coleta, custo do recipiente, local de exposição. Os recipientes adequados para acondicionar os resíduos sólidos, cuja coleta é mecânica, devem ter as seguintes características: dispositivos que facilitem o seu deslocamento até o local da coleta, ser herméticos para evitar derramamento ou exposição dos resíduos, serem padronizados (quando permitirem uma maior carga) a fim de que possam ser manuseados por dispositivos mecânicos existentes nos próprios veículos coletores. Os contêineres são recipientes fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD) com capacidade de 120, 240 e 360 L (contêineres de duas rodas) e 760 e 1100 L (contêineres de quatro rodas), constituído de tampa, recipiente e rodas. São utilizados para o recebimento, acondicionamento e transporte de resíduos sólidos; podem ser utilizados também como carrinho para coleta de resíduos da varrição dos logradouros. Há também os contêineres metálicos que podem ser utilizados para o acondicionamento dos resíduos sólidos, estes recipientes estacionários podem ter capacidade de 5 ou 7 m3 e podem ser basculados por caminhões compactadores. Em se tratando da coleta manual os sacos plásticos são as embalagens mais apropriadas para o acondicionamento dos resíduos sólidos devido as seguintes características: facilidade de amarração das bocas o que garante o fechamento; são leves, sem retorno (resultando uma coleta mais produtiva), permitem recolhimento silencioso e possuem preço acessível permitindo a padronização. De acordo com a NBR 9.190/93 os sacos plásticos utilizados para o acondicionamento dos resíduos sólidos, dentre outras características, devem ter resistência para não se romper com o manuseio; ter volume de 20, 30, 50 ou 100L e possuir fita para fechamento da boca.
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