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Biodiversidade Amazônica, Notas de estudo de Gestão Ambiental

A grande bacia hidrográfica do rio Amazonas configura-se como a maior do mundo, tendo uma área de 6.925.674 km2 e sendo responsável pela descarga de 133.861 m3. s-1 no Oceano Atlântico (68% do total vertido pelos rios do país), considerando apenas as contribuições brasileiras. Dada a sua configuração de característica de formação geológica, a bacia Amazônica apresenta uma grande variedade de sistemas naturais, o que resulta em grande quantidade de oportunidades ecológicas. A conseqü

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 24/03/2011

carla-s-arruda-9
carla-s-arruda-9 🇧🇷

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Baixe Biodiversidade Amazônica e outras Notas de estudo em PDF para Gestão Ambiental, somente na Docsity! A grande bacia hidrográfica do rio Amazonas configura-se como a maior do mundo, tendo uma área de 6.925.674 km2 e sendo responsável pela descarga de 133.861 m3. s-1 no Oceano Atlântico (68% do total vertido pelos rios do país), considerando apenas as contribuições brasileiras. Dada a sua configuração de caracte- rística de formação geológica, a bacia Amazônica apresenta uma grande varie- dade de sistemas naturais, o que resulta em grande quantidade de oportunidades ecológicas. A conseqüência dessa hete- rogeneidade e grandiosidade territorial é uma incrível biodiversidade, considerada megadiversidade por pesquisadores do mundo inteiro. Para se ter uma idéia dessa diversida- de, a Amazônia concentra cerca de 80% das espécies de peixes conhecidas para Biodiversidade Amazônica toda a Região Neotropical. Há registro de que a Amazônia possui 50% das espécies de aves do Brasil, 40% dos mamíferos e 30% dos anfíbios anuros (sapos, rãs e pe- rerecas). As algas microscópicas conhecidas no Acre somam 463 espécies, a vegetação mais de 4.000 espécies, os peixes mais de 270 espécies, os anfíbios 126 espécies, as aves 723 espécies, e os mamíferos cerca de 210 espécies. Ressalte-se que no Acre as coletas de organismos são numerica- mente incipientes, sendo concentradas apenas nas porções extremas do leste e do oeste do Estado, havendo enormes “buracos negros” no conhecimento sobre a sua biodiversidade. O potencial de utilização da biodiver- sidade se estende desde o uso de plantas e animais para fins ornamentais, até o uso dos componentes genéticos e químicos nas áreas de biotecnologia e farmacêutica. Algumas das principais indústrias de cos- méticos do Brasil, por exemplo, utilizam es- sências vegetais da Amazônia como base para algumas linhas de produtos. Nesse campo, até comunidades tradicionais têm utilizado tais essências para fabricar pro- dutos artesanais, o que tem melhorado a qualidade de vida de muitos. Além disso, é comum a descoberta de falsos cientistas e turistas pirateando plantas e animais com a finalidade de fornecer as grandes indús- trias estrangeiras os elementos e conheci- mentos tradicionais para o aproveitamen- to de materiais genuinamente brasileiros. Apesar da grande diversidade e de sua importância a Amazônia está sendo em- pobrecida pelo avanço do desmatamento que inviabiliza a continuidade da existên- cia de populações de diversas espécies, in- clusive várias de interesse comercial, com é o caso da castanheira (Bertholetia excelsa). Outra grande ameaça à biodiversidade, que também decorre do desmatamento (lançamento de carbono na atmosfera), é o conjunto de mudanças ambientais glo- bais que alteram ciclos naturais e põem em risco muitas espécies naturais e à saú- de do ser humano. A “teia da vida” que representa as espé- cies naturais organizadas é um emaranha- do ordenado de relações que envolvem trabalho cooperado e/ou relações alimen- tares. Quanto maior o número de espé- cies numa dada área, maior o número de interações e maior a complexidade. Deste modo, a biodiversidade é tão maior quan- to maior for o número de espécies que ha- bitam um dado sistema ou bioma. Duas comunidades aquáticas hipoté- ticas, por exemplo, podem ter o mesmo número de espécies e apresentarem teias alimentares completamente distintas, in- clusive com valor de complexidade distin- tos, o que mostra que somente o número de espécie não é suficiente para represen- tar a biodiversidade. A complexidade da biodiversidade Cada espécie natural possui suas neces- sidades de alimentos, abrigo, reprodução, etc. Tais necessidades são satisfeitas na me- dida em que as mesmas usam recursos de outras espécies, causando uma interação. Indivíduos de uma espécie predadora, por exemplo, se alimenta de indivíduos de uma espécie de presa, causando uma relação de benefício para o predador e prejuízo para a presa (predação). A espé- cie presa pode ser herbívora e necessita se alimentar de uma espécie de planta. De- As necessidades das espécies afetam a Biodiversidade ve-se notar com esse exemplo que toda vez que um organismo se alimenta na na- tureza, está estabelecendo uma interação biológica. Quanto maior o generalismo na dieta das espécies, maior o número de interações e maior a complexidade da es- trutura da comunidade. Contrariamente, especialidade na dieta provoca uma dimi- nuição da complexidade estrutural, uma vez que diminuem os caminhos de liga- ção desde a base (produção primária) até o topo (predação). A espécie Homo sapiens é uma das que mais transformam o ambiente na- tural; cujas necessidades estão muito além da busca de alimento na nature- za. Esse fato é um dos mais preocupan- tes em relação à biodiversidade, pois a cada intervalo de uma ou duas décadas o consumo aumenta bastante. Várias são as empresas que explo- ram os recursos de fármacos das flo- restas, principalmente os de origem vegetal. Exemplo tal como a utilização de substâncias contidas em espécies da floresta brasileira é o da produção de artigos de perfumaria e cosméticos por duas empresas nacionais. Além de benefícios diretos na forma de extração de produtos comerciais, os ecossistemas realizam “serviços am- bientais” tais como purificação do ar e da água, manutenção de temperatura ambiente estável, etc... A bacia amazônica é coberta por gran- des extensões de florestas densas. Na re- gião, principalmente a partir da década de 1960, a fronteira agropecuária, com incen- tivo do Governo Federal, se expandiu para o Oeste do País. Tal expansão continua ocorrendo, uma vez que anualmente se observam ações de desmatamento para a conversão de florestas nativas em siste- mas produtivos agrários. O desmatamento raso é o método fundamental do modelo tradicional de desenvolvimento que tem sido utilizado e é a principal causa de distúrbios na na- tureza na região Amazônica, pois interfere em ciclos naturais, como os da água e do carbono. Tal método altera rapidamen- te as condições de retenção e circulação da água, o que resulta em problemas na disponibilidade hídrica. Por sua vez, a di- minuição da disponibilidade hídrica causa problemas no funcionamento dos ecos- sistemas aquáticos, comprometendo sua “prestação de serviços ambientais” ao ser humano. Tal fato decorre principalmente da necessidade de haver um nível mínimo de qualidade e quantidade de água. Para garantir a reposição dos estoques de água dos mananciais, especialmente os subterrâneos, deve-se favorecer maior poder de infiltração de água no solo, o que está muito relacionado com a co- bertura vegetal. Segundo Mendes et al. (2004), coberturas vegetais densas, como é o caso das matas, viabilizam maior infil- tração de água, o que aumenta o tempo de sua retenção no solo, e, conseqüen- temente, proporcionam maior oferta e disponibilidade para o manancial. Além disso, o sombreamento ocasionado pela vegetação arbórea reduz a evaporação da água e promove a manutenção de maior constância da umidade do ar e da tempe- ratura. Por outro lado, nos campos antró- Utilização da Biodiversidade pelo ser humano Relação entre Floresta e Recursos Hídricos picos e nos campos naturais, os quais têm semelhanças em termos e condições am- bientais e estruturais, a maior exposição do solo aumenta a evaporação e o expõe ao maior impacto da chuva. Dentre os problemas em recursos hí- dricos resultantes de ações de desmata- mento, além da deterioração da quali- dade e da diminuição da quantidade de água, provocam também impacto direto na estabilidade ecológica, alteração nos padrões de drenagem superficial e sub- terrânea, alteração da recarga natural dos aqüíferos, aumento da sedimentação de partículas, aumento dos riscos de inun- dações (impacto no controle natural de enchentes), prejuízos à pesca comercial, e diminuição da biodiversidade. A supressão da cobertura florestal pro- move, além de maior evaporação da água do solo, aumento na quantidade de calor irradiado e de calor refletido, o que contri- bui de modo significativo para o aumento de variações térmicas na região. Modelos de cenários de futuro para a Amazônia dão conta de que o desmatamento, asso- ciado às grandes mudanças ambientais globais, deve provocar elevação da tem- peratura com processos de savanização de extensas áreas na região, resultando na diminuição da umidade relativa do ar e do nível dos rios, ou seja, a diminuição da disponibilidade hídrica. Tal fato deverá ser agravado, segundo os modelos preditivos, devido a uma redução de 20% no volume de chuva nos próximos 20 a 50 anos, para uma visão mais pessimista (MARENGO et. al., 2007).
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