Baixe Aula 05 - evolução e fixismo 01 e outras Notas de aula em PDF para Biologia, somente na Docsity! EVOLUÇÃO E ORIGEM DA VIDA HUBERTT LIMA VERDE DOS SANTOS – huberttlima@gmail.com PROFº: HUBERTT GRÜN. Página 1 EVOLUÇÃO E ORIGEM DA VIDA EVOLUÇÃO E FIXISMO – PARTE 01 PROFº: HUBERTT LIMA VERDE – huberttgrun@hotmail.it A Criação Especial: Há mais de quatro mil anos, antes mesmo de ser escrito o Velho Testamento, já os babilônios divulgavam a sua crença num Deus poderoso criador dos seres e das coisas. Depois, os relatos do Gênesis eternizaram essa idéia. No entanto, segundo se diz, desde a Antiguidade alguns filósofos gregos levantavam dúvidas quanto à verdade da ―criação especial‖. Por se tratar de assunto muito delicado, as opiniões daqueles filósofos, impregnadas mais do espírito científico do que religioso, não tiveram largo alcance e foram relegadas ao esquecimento. No século XVIII, Buffon procurava convencer os sábios da época de que os caracteres das espécies não são imutáveis e que através do tempo e sob a ação do meio, as espécies teriam sofrido profundas transformações. Para Buffon, a fauna atual ter – se - ia originado de uma outra, já extinta. Mas ele não conseguiu convencer disso a maioria dos estudiosos do seu tempo. Buffon (George Louis Leclerc, 1707-1788, naturalista francês, autor principal de uma História Natural em 44 volumes; ficou conhecido pelo título de Conde de Buffon) foi um dos maiores pensadores do século XVIII. Os sábios se dividiam, então, em duas correntes — os fixistas e os evolucionistas. Entre aqueles, se destacavam Cuvier e Lineu, que não admitiam o fenômeno da Evolução. A crença nos cataclismos foi abandonada quando o geólogo escocês Charles Lyell publicou, em 1833, o seu livro Principies of Geology, mostrando que as grandes alterações da estrutura da crosta terrestre aconteceram lentamente, por processos de sedimentação, levantamento e erosão. Segundo Cuvier, as espécies atuais já existiam desde a origem do mundo. Ele justificava o desaparecimento de algumas sugerindo a ocorrência de catástrofes periódicas que teriam abalado o planeta. Ao fim de cada cataclismo (terremotos e enchentes, como o dilúvio), muitas espécies estavam extintas, mas a vida continuava pela proliferação das remanescentes. Lineu dizia que ―as espécies são tantas quantas saíram das mãos do Criador‖. No final da sua vida, já era adepto da Evolução. Fixismo ou crença na Criação Especial, de certa forma, nunca acabou. Ele continua a existir na mente de muitas pessoas que se obstinam em não aceitar as conclusões da ciência, temerosas de que possam assim ferir seus princípios religiosos. Ainda que, no passado, a religião tenha se oposto com veemência aos avanços da ciência, como sucedeu com Galileu, condenado pelo tribunal da Inquisição, ou com Copérnico, atacado duramente por Martinho Lutero, a maior parte dos líderes das religiões modernas têm hoje outro cuidado. Eles preferem não desmentir a ciência. Só querem que se vejam nas mais avançadas explicações para a origem da vida e para a evolução das espécies, à luz de uma ciência maravilhosa, os recursos pelos quais Deus criou o mundo e os seres, o que, aliás, condiz muito melhor com a Sua suprema e incalculável sabedoria. Embora ainda existam protestantes e católicos fundamentalistas, que não aceitam a Evolução, há uma tendência cada vez maior de não contestá-la, inclusive no que se refere à evolução do homem, desde que não se tente explicar por esse meio a origem da alma humana. Uma restrição perfeitamente lógica e aceitável já que a alma se situa fora do campo científico. Como diz Paul Amos Moody, ―Howard Professor‖ da Universidade de Vermont (EUA): ―A Ciência lida com fenômenos que podem ser detectados, estudados e medidos pelo uso de instrumentos. A alma não está sujeita a essa abordagem. Desse modo, uma discussão sobre a alma estaria fora de lugar num livro científico. Pode ser que tal afirmativa não venha a ser sempre verdadeira, mas, por enquanto, devemos recorrer à Religião e à Filosofia para o conhecimento da alma‖ (Introdução à Evolução. Ed. Univ. de Brasília, 1975). Um dos maiores líderes religiosos que se definiu nitidamente como evolucionista foi Teillard de Chardin (França, 1881 - EUA, 1955). Foi sacerdote e cientista. Tornou - se famoso com a descoberta do fóssil do homem de Pequim. No seu livro O Fenômeno Humano, procurou fazer a harmonização entre a ciência e a religião, sustentando que, ao descobrir os maravilhosos segredos da Natureza, sentia fortalecer cada vez mais sua crença na origem divina da criação. Foi homenageado no Concílio do Vaticano II e, atualmente, algumas sociedades religiosas internacionais com sedes em Bruxelas, Paris e outros grandes centros promovem o estudo e a difusão do pensamento desse grande ―cientista – religioso‖. Os evolucionistas ou transformistas encontraram seus pontos fortes em Geophroy de Saint-Hilaire (1772-1844), Jean Baptiste de Monet, Cavaleiro de Lamarck (1744-1829), e Charles Darwin (1809-1882). Lamarck e Darwin. Imagens retiradas da páginas: http://www.biografiasyvidas.com/biografia/l/fotos/lamarck.jpg e http://i.treehugger.com/images/2007-2-1/charles_darwin_l.jpg Saint-Hilaire travou extraordinária polêmica com Cuvier na Academia de Ciências de Paris, em 1830, procurando provar a realidade da Evolução. Porém, a oratória hábil de Cuvier e seus amplos conhecimentos de Zoologia jogaram por terra a argumentação de Saint-Hilaire. Só mais tarde é que veio a tomar corpo e se definir, na opinião geral, a aceitação das doutrinas evolucionistas de Lamarck e de Darwin, que ficaram consumadamente conhecidas como lamarquismo e darwinismo. O Lamarquismo: A hipótese de Lamarck, que se celebrizou como teoria de Lamarck ou lamarquismo, se fundamentava em dois princípios básicos: Os órgãos estariam sujeitos a hipertrofias e atrofias em ش decorrência do seu uso excessivo ou do seu desuso. Essas alterações estruturais dos órgãos, adquiridas durante a ش vida por influência do meio, seriam transmissíveis por hereditariedade. Em conseqüência do primeiro princípio básico do lamarquismo, a doutrina de Lamarck ficou conhecida como a ―Lei do uso e do desuso‖. Lamarck apontava o que sucede com os atletas (halterofilistas) e com os paralíticos para comprovar que a musculatura muito solicitada aumenta de tamanho, ao passo que, não havendo o seu devido uso, ela se atrofia. Mas, em verdade, isto só se aplica para os tecidos musculares estriados. Não procede em relação aos outros tecidos e muito menos para os ―órgãos‖, como dizia ele. Se assim fosse, os indivíduos que, por necessidade, forçam demais a visão (escritores, estudantes, costureiras, escultores) teriam, ao final da vida, olhos hipertrofiados e a visão progressivamente melhorada. Qutro grande erro em que incorreu Lamarck foi o de admitir que os ―caracteres adquiridos‖ se transmitissem por hereditariedade aos descendentes. A compleição atlética ou esbelta dos pais, adquirida por força de ginástica ou dietas especiais, não se repete automaticamente nos filhos. Para provar a inveracidade dessa afirmação lamarquista, August Weissmann (1834-1914) acompanhou uma série de gerações de camundongos, cortando- lhes sistematicamente a cauda. Não observou, após tantas reproduções, nenhuma diminuição no comprimento ou no diâmetro da cauda dos novos animais que nasciam. EVOLUÇÃO E ORIGEM DA VIDA HUBERTT LIMA VERDE DOS SANTOS – huberttlima@gmail.com PROFº: HUBERTT GRÜN. Página 2 A obra de Lamarck, celebrizada na sua Philosophie Zoologigue, teve como maior mérito o de despertar a atenção dos naturalistas da época para o fenômeno da Evolução. Inicialmente as girafas tinham pescoço curto, porém o hábito de sua alimentação fazia com que tivessem que esticar o pescoço para se alimentar fez com que o seu pescoço e os membros anteriores fossem sendo alongados. Sendo que a cada geração seguinte era transmitido um novo aumento. Imagem retirada da página: http://www.safarikscience.org/biologyhome/8_ evolution/5_lamarck_giraffes.jpg O Darwinismo: Teoria criada por Charles Robert Darwin e apresentada no livro A Origem das Espécies, publicado em 1859, em Londres, o darwinismo se caracterizou por trazer os primeiros argumentos mais concretos, as primeiras explicações mais corretas para responder por que as espécies se transformaram no tempo. Contudo, Darwin não encontrou o caminho certo quando tentou explicar como essas transformações se manifestaram e se fizeram passar de pais a filhos, através das gerações. Pronuncie daruinismo (u–i) e não darvinismo, pois Darwin era inglês e não alemão. Após uma longa viagem a bordo do ―Beagle‖, durante a qual passou duas vezes pelo Brasil e fez longa estada nas ilhas Galápagos (no Pacífico, a cerca de 1000 km das costas do Equador), Darwin, impressionado com a ―luta pela vida‖ que observara entre os animais nos mares e nas florestas, e influenciado pela leitura de uma obra sobre populações, de um economista famoso na época—Thomas Malthus—, resolveu lançar a público suas idéias sobre a Evolução. Sua doutrina se baseava em quatro itens fundamentais: Numa mesma espécie, os indivíduos não são exatamente ش todos iguais entre si. Existem os mais fortes e os mais fracos, os sexualmente mais atraentes e os menos atraentes, os mais adaptados às condições ambientais e os menos adaptados. Imagem retirada da página: http://www.ambdhaka.um.dk/NR/rdonlyres/991E6824- 65C8-4443-AC4D-7F4BB21611AC/0/kvægmarkediDhaka.jpg ,As populações crescem numa progressão geométrica ش enquanto as reservas alimentares para elas crescem segundo, apenas, uma progressão aritmética. Esse fundamento, tirado de Thomas Malthus, seria uma justificação para o item seguinte. Em face da desproporção entre crescimento de população e ش quantidade de alimento disponível, os indivíduos empenhar–se - iam numa ―luta pela vida‖ (struggle for life). Ao final dessa luta, seriam naturalmente selecionados os mais ش fortes ou os mais aptos, disso decorrendo a ―seleção natural‖ de alguns em detrimento de outros. Pelo primeiro item da sua doutrina, Darwin demonstrava saber que existem variações de todos os graus entre os indivíduos e espécies na Natureza. E que, sob certas circunstâncias, as variações favoráveis tenderiam a se conservar, enquanto as desfavoráveis acabavam se extinguindo. Lamentavelmente, contudo, ao tempo de Darwin, muitos dos fundamentos essenciais da Biologia, como o conhecimento dos genes e dos cromossomos, bem como a ocorrência de mutações, não haviam ainda sido descobertos e, por isso, para explicar o mecanismo que levava ao aparecimento das variações, Darwin valeu-se de idéias lamarquistas. Esta foi à primeira falha do darwinismo. Em segundo lugar, a famosa comparação de Malthus entre populações e alimentos, posta em termos de progressão geométrica e progressão aritmética, não é hoje mais aceita como válida, ainda que se admita que as populações tenham uma taxa de crescimento não acompanhada pela produção de alimentos. Nesse particular, conta-se, então, outro ponto negativo para Darwin. Outra falha do darwinismo consiste em que a luta pela vida não se faz pelo modelo espetacular de uma lebre fugindo de uma raposa, ou seja, pela luta do indivíduo contra o indivíduo. Modernamente, o conceito de luta pela vida tem outra conotação, ela é a luta do indivíduo contra as circunstâncias do meio ambiente. Se um determinado tipo revela adaptações a tais circunstâncias, ele sobrevive. Mas se ele não se mostra bem adaptado a essas mesmas condições, será malsucedido no seu ambiente e tenderá ao extermínio. Logo, a luta pela vida não se faz do indivíduo contra o indivíduo, mas entre os indivíduos e o meio ambiente. Aí está a terceira falha do darwinismo. Todavia, o fenômeno luta pela vida, proposto por Darwin, é indiscutível, assim como inegável é também a seleção natural dos mais aptos. Esses dois fatores continuam, em nossos dias, a serem reconhecidos como essenciais, ainda que não únicos, no mecanismo da Evolução das Espécies. Com relação à seleção natural, a teoria de Darwin ressalta como variante a seleção sexual. Segundo ele, os indivíduos dotados de cores mais vivas (borboletas e aves), de cheiro ativo (percevejos), com aspecto luminescente (vagalumes), ou então capazes de emitir sons peculiares (cigarras, grilos, pássaros) atraem mais intensamente no aspecto sexual, incentivando uma reprodução mais abundante. Pavão. Imagem retirada página: http://www.coesis.org/conteudo/imagens/pavao Temos que reconhecer que, dentro dos limites do conhecimento científico dos meados do século passado. Charles Darwin foi brilhante em suas conclusões. O Mutacionismo: A partir dos primeiros anos do século XX, o reconhecimento da validade dos estudos de Mendel, estabelecendo as bases da Genética, permitiu que os cientistas descobrissem a existência, a estrutura e o papel desempenhado pelos cromossomos e pelos genes. Só depois disso é que se tornou possível entender o verdadeiro mecanismo que provoca as variações nos indivíduos de uma dada espécie. O termo mutação começava a ser empregado e surgia uma nova teoria — o mutacionismo. Mutação de cobra. Imagem retirada da página: http://port.pravda.ru/img/idb/photo/3- 447.jpg O mutacionismo, criado por Hugo de Vries (Holanda, 1848- 1935, autor do livro A Teoria das Mutações), traz uma concepção mais correta do fenômeno evolutivo. Inicialmente, ele corrige o grande erro da hipótese de Darwin, eliminando a hereditariedade dos caracteres adquiridos. Mas ele se mantém fiel à idéia da seleção natural. Para De Vries, as variações surgem nos indivíduos de uma espécie em conseqüência de alterações no material genético transmitido de pais a filhos através dos gametas. Logo, as mutações teriam sua origem em gametas alterados na sua dotação genética.