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Características e efeitos dos acidentes ofídicos no Brasil, Notas de aula de Medicina Veterinária

Este documento fornece informações detalhadas sobre as características morfológicas e anatômicas das serpentes, bem como os efeitos do veneno de diferentes espécies de serpentes no brasil, como bothrops, crotalus e micrurus. Além disso, discute as manifestações clínicas locais e sistêmicas dos acidentes ofídicos e o tratamento específico para cada tipo de veneno.

Tipologia: Notas de aula

2011

Compartilhado em 23/01/2011

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gian-riccardo-galli-2 🇧🇷

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Baixe Características e efeitos dos acidentes ofídicos no Brasil e outras Notas de aula em PDF para Medicina Veterinária, somente na Docsity! Acidentes apidicos INTRODUÇÃO * Zootoxinas? Quaisquer substâncias tóxicas produzidas por animais (serpentes, aranha, escorpião, sapo); * O Médico Veterinário é constantemente questionado sobre as serpentes e os acidentes que elas causam; * Crendices populares: cobras hipnotizam suas vítimas, mamam leite das vacas e das mulheres de sono pesado, correm “em pé” atrás dos homens; As serpentes no mundo e no Brasil * No Brasil, há cerca de 250 espécies, das quais 71 são venenosas; * Anualmente ocorrem cerca de 20 mil acidentes: * Serpentes constritoras - Jibóias - Sucuris Características morfológicas e anatômicas das serpentes As serpentes se caracterizam por possuírem: - Pele maleável e elástica; - Corpo alongado e recoberto por escamas e por placas transversais ventralmente; - Orgãos internos alongados - rins, fígado, pulmão; Ausência de membros locomotores: - Sangue frio; Características morfológicas e anatômicas das serpentes * Ausência de ouvido externo: * Respiração pulmonar; * Número elevado de vértebras e costelas flutuantes - De 160 a 400 vértebras: * Língua delgada e bífida, relacionada com o sentido do olfato; * Pupilas verticais (algumas serpentes venenosas); Opistóglifa Presença de dois ou mais dentes inoculadores; Localizados em posição posterior no maxilar superior; Apresentam um sulco externo por onde o veneno é injetado. - Falsas corais - Cobra verde )y » / . A Opistóglifa ) ADEUS E a? Proteróglifa * Par de presas bem desenvolvidas; * Fixadas em posição anterior no maxilar e que apresentam um canal central; - Corais verdadeiras Proteróglifa Solenóglifa Par de dentes bem desenvolvidos; Móveis; Situados anteriormente de cada lado do maxilar superior; Presas grandes com canal central; narina As pontas apresentam forma de bise fosseta loreal EO L Solenóglifa - Jararacas, cascavéis e surucucus " Solenóglifa Órgãos dos sentidos * Olfato - E o mais desenvolvido e completo das serpentes; - Narinas - receptor direto; aro de Jacobson - através da língua delgada e bifi - Entre as fossas nasais e o palatino; - Chanfradura na mandíbula p exposição da língua; * Audição - Praticamente nula; - Vibrações transmitidas pelo solo através do próprio esqueleto; Es, principais ] “mucosa olfactiva | órgão de Jacobson Outras características das serpentes venenosas * Alimentação -Carnívoras; “Ratos, camundongos, pequenos répteis -Mandíbulas independentes; -Presas voltadas caudalmente; -Sapos - somente a boipeva ou capitão do campo; Outras características das serpentes venenosas * Reprodução -Sexos separados; -Fecundação interna; -Ovipara; -Ovovivipara ou vivípara; * Cor Outras características das serpentes venenosas - Camuflagem * Troca de pele - Relacionada com o crescimento: - Dependem alimentação e clima; * Hábitos e comportamentos - Mais trangiilas, vagarosas e noturnas; - Evitam horas quentes do dia e se entocam; - Vivem e caçam solitárias; Outras características das serpentes venenosas * Agressividade e bote - Não são agressivas; - Forma de “S”; - Bote alcança um terço do tamanho; - Coral verdadeira esconde a cabeça: - Picadas - pernas - abaixo dos joelhos (80%) - prevenção As serpentes do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal e possuem dentes inoculadores pouco desenvolvidos e fixos na região anterior da boca Fluxograma | Distinção entre serpentes peçonhentos e não peçonhentos Ausente Presente Com Aneis Caud Coloridos (Pretos, . queda com Covda com Covda Lisa Escomas Brancos e A iad Chocalho Vermelhos) rrepiedeis Micrurus** Bothrops Lochesis Crotalus Bothrops 90,5% Micrurus 1,4% Lachesis Crotalus A 0,4% 7,7% Figura 29. Distribuição dos acidentes ofídicos segundo o gênero da serpente peçonhenta. Brasil, 1990-1993 (Fundação Nacional de Saúde) * 88% dos acidentes ofídicos; *- 4Ocma2m:; Gênero Bothrops * 30 espécies de serpente no Brasil; * São as jararacas -caiçaca, jararacuçu, urutu, cruzeiro, jararaca-do- rabo-branco etc. * Dentição tipo solenóglifa; Gênero Bothrops Nome científico Nome popular Bothrops jararaca Jararaca, jararaca-do-campo Bothrops jararacussu Jararacuçu Bothrops alternatus Urutu, cruzeira, urutu-cruzeiro Bothrops moojeni Jararaca, caiçaca Bothrops neuwied Jararaca-do-rabo-branco, jararaca-pintada Bothrops ervthromelas Jararaca-da-seca, jararaca-rosada Bothrops fonsecai Jararaca-das-montanhas Bothrops itapetiningas Cotiarinha Bothrops jararaca Bothrops jararacussu Bothrops jararacussu 1 o EA El pe 1 tada = a qui a É ada of Bothrops alternatus Fig.1. Distribuição de Bothrops alternatus (Melgarejo 2008). Bothrops atrox Bothrops atrox Acidente Botrópico Ação necrosante ou proteolítica: “Decorre da ação citotóxica direta de frações proteolíticas do veneno; “Resulta nas alterações locais - dor, rubor, edema, vesículas e necrose; *Os efeitos vasculo-tóxico e coagulante também podem contribuir para a instalação destas lesões; Acidente Botrópico Ação necrosante ou proteolítica: Acidente Botrópico Ação vásculo-tóxica (hemorrágica): Acidente Botrópico Ação coagulante: “Ativação do fibrinogênio; *A fração coagulante da maioria dos venenos botrópicos tem a capacidade de ativar também o fator Xe a protrombina; “Ativação do fator X - consumo dos fatores V, VII e de plaquetas - quadro de coagulação intravascular disseminada - microtrombos nos capilares - favorecimento para ocorrência de insuficiência renal aguda; Acidente Botrópico Quadro clínico: Manifestações locais: - Dor e edema no local da picada * Intensidade variável, instalação precoce e caráter progressivo; Equimoses e sangramentos no ponto da picada; Aumento dos linfonodos; Aparecimento de bolhas; Necrose; Acidente Botrópico Quadro clínico local: Acidente Botrópico Complicações Locais: - Abscessos: - Ação "proteolítica” favorece o aparecimento de infecções locais; * Necrose: - O risco é maior nas picadas em extremidades; - Ação “proteolítica” + isquemia local + infecção + trombose arterial + síndrome compartimental e/ou uso de torniquetes; Acidente Botrópico Complicações Sistêmicas: * Choque (casos graves): - Patogênese é multifatorial - Liberação de substâncias vasoativas - Sequestro de líquido na área do edema - Perdas por hemorragias Acidente Botrópico * Tratamento: - Tratamento das complicações locais: * Síndrome compartimental: - Fasciotomia, debridamento de áreas necrosadas e drenagem de abscessos - Prognóstico: * Geralmente é bom * A letalidade nos casos tratados é baixa (0,3%) * Há possibilidade de ocorrer seqjiielas locais anatômicas ou funcionais; -Acidente Botrópico- Classificação da gravidade e soroterapia Manifestações e tratamento Locais: dor edema equinose | Sistêmicas: hemorragia grave | choque | anúria recomendada Ausentes ou discretas Ausentes Classificação Moderada Evidentes Ausentes Intensas (1) Ausentes | Tempo de coagulação () Normal ou alterado Normal ou alterado Normal ou alterado Spot (nº de ampo-| las) SABISABCISABL (3) | (duas à quatro) Via de Administração | | 2-4 4-8 (quatro a oito) Intravenosa = (doze) Grupo dos Crotalíneos Gênero Crotalus * São as cascavéis - Presença de guizo ou chocalho; - Adultas podem medir mais de 1,5m; - 8% dos acidentes; - Dentição tipo solenóglifa; * Letalidade 6x maior que o veneno da Jararaca Crotalus durissus Acidente Crotálico * Ações da peçonha: - Ação hneurotóxica: Crotoxina: - Ação pré-sináptica que inibe a liberação de Ach - paralisias motoras; - Ação miotóxica: Crotoxina e crotamina - capacidade de produzir lesões na musculatura esquelética; Rabdomiólise sistêmica - necrose hialina das fibras musculares esqueléticas - mioglobinúria; Acidente Crotálico * Ações da peçonha: - Ação coagulante: Atividade do tipo trombina e ativação do fibrinogênio; Incoagulabilidade sangiiínea; Geralmente não há redução do número de plaquetas; As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas; Acidente Crotálico Quadro clínico: - Manifestações sistêmicas - Gerais: * Transtornos de locomoção; * Fasciculações musculares; * Flacidez da musculatura facial; * Sialorréia; * Ptose palpebral; * Disfagia; * Depressão neurológica grave; Acidente Crotálico Manifestações sistêmicas: Musculares: - Dor muscular generalizada (mialgias) * Fibra muscular esquelética lesada: - Liberação de mioglobina - mioglobinúria - A mioglobinúria constitui a manifestação clínica mais evidente da necrose da musculatura esquelética (rabdomiólise); Acidente Crotálico * Complicações: - Sistêmicas: * Insuficiência renal aguda * Necrose tubular geralmente nas primeiras 48 horas Acidente Crotálico Figura 2. Animais com apatia e letargia profunda É decorridas duas horas após a inoculação do veneno crotálico Acidente Crotálico Se Sa a EEB Figura 4. Animais apresentando dificuldade respiratória acentuada e siaborréia, 16 horas após a inoculação de veneno crotálico Acidente Crotálico Lachesis muta Acidente Laquético * Ações da peçonha: - Semelhante ao veneno botrópico * Ação proteolítica * Ação coagulante * Ação hemorrágica * Ação neurotóxica - E descrita uma ação do tipo estimulação vagal, porém ainda não caracterizada Acidente Laquético Quadro clínico semelhante ao dos envenenamentos botrópicos: * Manifestações locais: - Dor e edema, que podem progredir para todo o membro - Podem surgir vesículas e bolhas * Conteúdo seroso ou sero-hemorrágico logo após o acidente - Hemorragia local Acidente Laquético Diagnóstico diferencial dos acidentes botrópico x laquético: * Manifestações da "síndrome vagal"; * Maioria dos acidentes referidos pelos pacientes como causados por Lachesis é do gênero botrópico (ELISA); Acidente Laquético * Tratamento específico: * Soro antilaquético (SAL) I.V. * Soro antibotrópico-laquético (SABL) T.V. * Soro antibotrópico (SAB) T.V. * Não neutraliza de maneira eficaz a ação coagulante do veneno laquético * Tratamento geral: * Mesmas medidas indicadas para o acidente botrópico Grupo dos Elapídeos Gênero Micrurus * São as corais verdadeiras - As mais venenosas serpentes do Brasil; - Pequeno porte, até um metro; - Caçam à noite; - Lentas e trangúilas (deixam-se pegar); - Dentição proteróglifa; - Veneno mata em pouco minutos;
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