Baixe Cultivo da gravioleira e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! CULTIVO DA GRAVIOLEIRA Célio Kersul do Sacramento Engº Agrônomo, Dr. Professor Adjunto DCAA/UESC Introdução A gravioleira (Anona muricata L.) é uma fruteira originária da América Central e vales Peruanos, sendo cultivada em vários paises do mundo, principalmente América Central e do Sul. No Brasil, os estados produtores se concentram nas regiões do Norte e Nordeste, devido as características edafo – climáticas favoráveis ao bom desenvolvimento e produção da planta. No Norte, o estado do Pará é o maior produtor, e no Nordeste, os estados do Ceará e Pernambuco, mas a Bahia desponta como um dos mais propícios, por suas excelentes condições edafo-climáticas, alcançando altas produtividades. O valor comercial da graviola está na sua polpa utilizada para fabricação de suco, sorvetes, compotas e doces cristalizados. Pode ser usada também como planta medicinal, pois apresenta propriedade diurética, antiespamódica, fonte de cálcio, xaropes anti-escorbúticos e adstringente. Segundo o conhecimento popular, as folhas em infusão é usada para emagrecimento e para o controle da diabete, a casca, sementes, troncos e folhas contém certos alcalóides, como a “anonina” e a “muricina”, que podem ser utilizados na industria de inseticidas. Botânica A gravioleira pertence à família Annonaceae, da qual fazem parte cerca de 75 gêneros e mais de 600 espécies. A graviola (A. muricata L.) é uma árvore de porte médio que alcança uma altura média de 6 metros, entretanto em cultivo comercial é conduzida sob poda até 2,5m de altura. As flores são hermafroditas, de formato subgloboso ou piramidal, de cor verde escuro quando em crescimento e verde clara quando próximas da antese. A flor apresenta o fenômeno da dicogamia protogínica ( a parte feminina amadurece antes da masculina) mas isso não parece ser problema para autofecundação. O fruto é uma baga composta ou sincarpo cujo peso oscila de 0,4 a 11 kg, podendo apresentar-se na forma ovóide, cordiforme, periforme ou irregular. O fruto da gravioleira é composto por 80% de polpa comestível, 16% de sementes e 4% de penduculo. Clima e Solo: A gravioleira é a mais tropical das anonáceas, com temperaturas variando de 21F 0B 0C a 30F 0B 0C, sendo o ideal a temperatura média em torno de 25 F 0 B 0C a 28ºC e precipitações superiores a 1.200 mm anuais e bem distribuídas, porém as oscilações de temperaturas são os fatores climáticos que mais limitam o cultivo da graviola, que não suporta temperaturas abaixo dos 12F 0B 0C. A umidade relativa do ar entre 70% a 80%. A altitudes de até 1.000m, no momento não foram identificados problemas que inviabilizasse a implantação do cultivo. Com relação ao solo, a gravioleira adapta-se bem em diversos tipos de solo, desde as areias quartzosas do litoral nordestino, solos pobres e ácidos aos argilo-silicosos, contanto que sejam profundos, bem drenados e ricos em matéria orgânica e com pH ligeiramente ácido, variando de 6,0 a 6,5. Apesar de não possuir um sistema radicular com raiz pivotante longa, o seu sistema radicular é abundante, por isso prefere solos profundos e de boa aeração e sem encharcamento. Variedades Não existem variedades bem definidas de gravioleiras entretanto são citados tipos como Morada, Lisa, Blanca, Comum, FAO I e FAO II, as quais apresentam características físicas e químicas semelhantes. Propagação A propagação da gravioleira pode ser através de sementes, enxertia e estaquia. O método sexuado tem sido o mais utilizado devido a falta de plantas matrizes selecionadas e viveiristas credenciados para a produção de mudas de graviola. Para produção de mudas por sementes estas devem coletadas em plantas de boa produção, sadias e que produza frutos bem conformados e de boa qualidade. As sementes devem ser retiradas de frutos maduros e sadios, devem ser lavadas em água corrente, descartando as que tiverem qualquer deformação ou que boiarem na água. As sementes devem semeadas no mesmo dia em sementeiras ou saquinhos de polietileno 30x18cm e estarão pronta para plantio definitivo dentro de 8 meses. Na propagação assexuada por enxertia utiliza-se, como porta-enxerto, a própria gravioleira propagada de semente, embora outras espécies como araticum do brejo (Annona glabra), araticum do cerrado (Annona montana) e o biribá possam ser utilizados. Na enxertia podem ser utilizados os métodos de garfagem de fenda cheia ou a borbulhia. No caso de enxertia de fenda cheia os garfos devem ser coletados de ramos com aproximadamente 01 ano de idade e de plantas com mais de 03 anos de produção, de alta produtividade, fitossanidade, qualidade e tamanho dos frutos Formação do pomar Preparo da área, espaçamento e plantio Em áreas de capoeira o preparo da área consiste em roçagem, coivara e queima. Após coleta e análise do solo efetua-se, se necessário a correção da acidez. O pomar deve ser localizado em local plano ou suavemente ondulado, sendo em áreas mais inclinadas é necessário a efetivação de curvas de nível, construção dos terraços no intuito de proteger o solo da erosão. A determinação do espaçamento depende de diversos fatores, tais como: condições do solo e do terreno (fertilidade natural e declividade), tipo de condução do pomar, uso de máquinas e implementos agrícolas e tamanhos do empreendimento. Tem sido utilizado os espaçamento de 5x5m para plantios conduzidos manualmente e 6x5 mecanizado. As covas deverão ser preparadas com antecedência de 30 a 60 dias, com dimensões mínimas de 40cmx40cmx40cm, sendo em seguida adubadas com 15 litros esterco de gado bem curtido, 250 gramas de super fosfato simples e 50gramas de F.T.E. e reenchidas. A época de plantio ficará condicionada um período de chuva ou a qualquer época no caso de irrigação. No ato do plantio as mudas deverão estar com aproximadamente 20 a 30 cm de altura, com bom estado nutricional e fitossanitário.