Baixe Arborização e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Ambiental, somente na Docsity! REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 3 - Número 2 - 2º Semestre 2003 Análise da arborização dos bairros do Mirante e Vila Cabral na cidade de Campina Grande - PB Carlos Henrique Salvino Gadelha Meneses1; Eric Beserra de Melo Sousa2; Filipe Patrício de melo e Medeiros3; Ivanclayton Rocha de Menezes4; Helder Neves de Albuquerque5; Letiene dos Santos6. RESUMO A arborização das cidades constitui-se em um elemento de grande importância para a elevação da qualidade de vida da população, seja em grandes centros urbanos quanto em pequenas cidades. Com suas características, são capazes de controlar muitos efeitos adversos do ambiente urbano, contribuindo para uma significativa melhoria na qualidade de vida, pois melhoram o ambiente urbano tanto no aspecto ecológico quanto na sua estética. A análise da arborização urbana nos bairros do Mirante e Vila Cabral na cidade de Campina Grande-PB teve por finalidade comparar os métodos utilizados em ambos, levando-se em consideração às condições financeiras da população residente neles e se essa condição influi no tipo e na forma de arborização em cada bairro, tomando-se por base as regras estabelecidas no manual de arborização da CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais). Palavras chave: Arborização Urbana, Bairros, Infra-Estrutura, Campina Grande, Paraíba. ABSTRACT The forest of the cities is constituted in an element of great importance for the elevation of the quality of life of the population, be in great urban centers as in small cities. With your characteristics, they are capable to control many adverse effects of the urban atmosphere, contributing to a significant improvement in the life quality, because they improve the urban atmosphere so much in the ecological aspect as in your aesthetics. The analysis of the urban forest in the neighborhoods of the Mirante and Vila Cabral in the city of Campina Grande-PB he/she had for purpose to compare the methods used in both, being taken in consideration the financial conditions of the resident population in them and if that condition influences on the type and in the form of plantation of those trees in each neighborhood, being taken by base the established rules in the forest of handbook of CEMIG (Energy Company of Minas Gerais). Key words: Urban forest, Neighborhoods, Infrastructure, Campina Grande, Paraiba. 1. INTRODUÇÃO O Reino Plantae é, atualmente, constituído por três filos de briófitas e nove filos de plantas vasculares. As plantas são organismos fotossintetizantes adaptados à vida em ambientes terrestres que evoluíram a partir de algas verdes especializadas. Os vegetais são seres vivos que possuem grande diversidade em espécies, muitas ainda não descritas. Ao longo do tempo o ser humano utilizou-se desta enorme variedade para os mais diversos fins. Mesmo com a vinda de grande parte da humnaidade para os Centros urbanos, a forte relação entre os seres humanos e os vegetais não foi alterada (RAVEN, 2001). O desenho urbano de cada cidade apresenta uma infinidade de variáveis que devem ser analisadas. Dentre estas, encontra-se a arborização que tem de ser compatível e integrar-se aos demais elementos da cidade (BRANDÃO, 1992) Esta arborização e um serviço altamente necessário, como por exemplo, a distribuição de energia elétrica, telefonia, abastecimento d’água, sistema de esgoto, entre outros. Sendo a árvore o elemento fundamental no planejamento arbóreo urbano, na medida em que define e estrutura o espaço. A arborização das cidades constitui-se em um elemento de grande importância para a elevação da qualidade de vida da população, seja em grandes centros urbanos quanto em pequenas cidades. Com suas características, são capazes de controlar muitos efeitos adversos do ambiente urbano, contribuindo para uma significativa melhoria na qualidade de vida, pois melhoram o ambiente urbano tanto no aspecto ecológico quanto na sua estética (BALENSIEFER e WIECHETECK, 1987; SOUZA, 2001). A vegetação do meio urbano, nas mais diferentes localidades, desempenha diversas funções ligadas e influenciadas por aspectos sociais, culturais, econômicos, e, sobretudo ecológicos, interferindo fortemente nas condições de conforto ambiental. Mas, será que a disparidade econômica em comunidades vizinhas implica em uma incorreta arborização? (MILANO, 1998; RAVEN et al., 2001). A arborização de vias urbanas consiste em trazer para as cidades, pelo menos simbolicamente, um pouco do ambiente natural e do verde das matas, com a finalidade de satisfazer ás necessidades mínimas do ser humano, que não se sente bem sob o intenso calor ou o ar seco destas selvas de pedra, que são as cidades modernas (PEDROSA, 1983). No entanto, a arborização necessita, como qualquer outra atividade, de profissionais bem capacitados para a sua realização. Pessoas leigas tendem a prezar, muitas vezes, apenas pelo aspecto beleza. Mesmo sendo este de relevante importância, outros aspectos devem ser respeitados, afim de que a arborização proporcione bem estar e não trazendo transtornos (GEMTCHÚJNICOV, 1976; HERWIG, 1976; GRAF, 1978; GRAZIANO, 1994). A vegetação do meio urbano, nas mais diferentes localidades, desempenha diversas funções ligadas e influenciadas por aspectos sociais, culturais, econômicos, e, sobretudo ecológicos, interferindo fortemente nas condições de conforto ambiental (SANCHOTENE, 1999). O objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar a arborização urbana dos bairros Mirante e Vila Cabral na cidade de Campina Grande-PB, já que estes possuem, respectivamente, renda per capita alta e baixa, respectivamente, verificando qual dos bairros possui a arborização , segundo a Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG (2001), mais adequada, bem como apresentar os problemas que possam existir e a diversidade de espécies existentes (quantidade e qualidade) nesses locais. 2 - METODOLOGIA 2.1 - Desenho do Estudo De acordo com Silva (2002), o estudo e do tipo levantamento, realizado através de observações nos bairros citados, ao que se refere à correta arborização urbana. 2.2 - Área de Estudo O estudo foi desenvolvido na cidade de Campina Grande-PB nos Bairros do Mirante e Vila Cabral, sendo estes bairros vizinhos e situados na zona leste da cidade que apresentam segundo a SEPLAG (1999) auma renda per capita por habitante de 3.517,47 reais no Mirante e de 280,44 reais na Vila Cabral. vegetais necessitavam urgentemente de supressão, enquanto outras haviam sido suprimidas drasticamente. No bairro de maior renda per capita (Mirante), verificou-se que o maior número de árvores plantadas eram as consideradas exuberantes pela população local (sombreiros, 15; cácias amarelas, 16; pau d`arcos, 18 e fícus,30). Porém, na Vila Cabral, não existiu nenhum critério no uso da arborização, sendo encontradas no bairro, árvores nativas e introduzidas com maior aceitação entrecomunidades de baixa renda em nossa região, a exemplo da algaroba (09), mulungu da índia (11) e fícus (20). O número elevado da espécie Ficus spp encontrado nas duas localidades (50 espécimes de exemplares jovens) justifica-se, provavelmente, pelo modismo e pelas reportagens sensacionalistas em nossa região, com isso, provocando sérios prejuízos, pois de acordo com o CEMIG (2001), vegetais com tais características não são indicados para plantio em áreas residenciais. Nos bairros estudados a arborização usada, de acordo com as normas e padrões da CEMIG (2001), apresentou sérios problemas, como vistos abaixo (Quadro 02). PROBLEMAS ENCONTRADOS BAIRROS ESTUDADOS PROBLEMAS MIRANTE* VILA CABRAL Distancia árvore/árvore 30% erradas 35% erradas Distancia árvore/muro 20% erradas 36% erradas Distancia árvore/poste 30% erradas 24% erradas Incompatibilidade com rede elétrica 100% incompatíveis 100% incompatíveis Danos nas calçadas 16% danificadas 18% danificadas Quadro 02. Problemas encontrados quanto à arborização nos bairros do Mirante e Vila Cabral em Campina Grande-PB. 2003 De acordo com o Quadro 2, os erros foram verificados em ambos os bairros, porém, a Vila Cabral apresentava problemas mais acentuados. O percentual de 24% de erros na distância árvore/poste foi inferior ao bairro do Mirante pelo fato de que, na Vila Cabral, o número de vegetais é mais reduzido. Quanto aos problemas com a rede elétrica, ambos os bairros apresentaram arborização incompatível com Pereira (1994) e CEMIG (2001). Isto, podendo trazer no futuro, sérios danos aos moradores. No que se refere aos danos nas calçadas, o percentual da Vila Cabral (18%) só não foi maior, porque nesse bairro a infraestrutura é inexistente e não existia calçadas na maioria das ruas para servir como parâmetro avaliativo. 4 – Conclusão Levando-se em consideração estes resultados, pode-se dizer que: • a condição econômica tem influencia na arborização local, estando esta questão relacionada, também, ao pouco conhecimento que as comunidades de baixa ou de alta renda têm de como manipular o elemento arbóreo. • O município de Campina Grande-PB, não se preocupa, através de seus órgãos ambientais em acompanhar e/ou orientar a população quanto à maneira correta de se realizar um programa de arborização urbana em seus bairros. • Os moradores locais desconhecem as espécies vegetais usadas na arborização de seus bairros, principalmente no que diz respeito à estrutura de copa, caules e raízes dos vegetais quando adultos. Por isso, utilizam toda e qualquer espécie vegetal gerando em futuro próximo transtornos tais como: danificação de calçadas, paredes, muros, rede de esgoto e de abastecimento de água; acidentes fatais com a rede elétrica e atração de raios no período chuvoso, além de transtornos gerais a pedestres e automóveis. • Esses problemas nos bairros estudados são frutos da inoperância e a falta de acompanhamento por parte dos ógãos municipais de Meio Ambiente. • Torna-se necessário uma intervenção de profissionais, como: técnicos, biólogos e engenheiros que estejam capacitados para realização de programas de arborização urbana. E desta forma, erros como estes encontrados não continuem acontecendo. 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALENSIEFER, M. & WIECHETECK, M. Arborização das cidades. Curitiba: Impresso pelo instituto de terras, cartografia e florestas; vinculado à secretaria de estado da agricultura e abastecimento, 1987. BRANDÃO, M. A árvore: paisagismo e meio ambiente. Comunicação Integrada Ltda. Belo Horizonte: Vitae, 1992. BRAGA, R. Plantas do nordeste (especialmente do ceará). 3 Ed. Fortaleza: Mossorense, 1978. Companhia energética de Minas Gerais – CEMIG - Manual de Arborização. Belo Horizonte, 2001. GEMTCHÚJNICOV, I. D. de. Manual de taxonomia vegetal. São Paulo: Agronômica Ceres, 1976. GRAF, A. B. Tropica (color cyclopedia of exotic plants and trees). East Rutherford: Roehs, 1978. GRAZIANO, T. T. Arborização de ruas. Departamento de Horticultura - FCAVJ – UNESP. Notas de Aula, 1994. HERWIG, R. Viva o verde, o livro das plantas. São Paulo: Livraria Cultura Editora, 1976. LORENZI, H. Árvores brasileiras. São Paulo: Plantarum, vol.1. 1992. MILANO, M. S. Curso sobre arborização urbana. Universidade Livre do Meio Ambiente. 1998. RAVEN, P.R.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal, 6ª ed., rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2001. ROCHA, J.S.M. Manual de Projetos Ambientais. Santa Maria: Imprensa Universitária, 1997. SANCHOTENE, M.C. A arborização urbana como parte integrante da paisagem. In.: Anais do VIII Encontro Nacional de Arborização Urbana: 1999. SCHULTZ, A. R. Botânica sistemática, 3. Ed. Rio de Janeiro: Globo, vol. 2. 1963. SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO (SEPLAG) / PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINA GRANDE-PB. Perfil Sócio-Econômico da população Campinense. 1999. Obtida via internet. http://www.pmcg.br.pb.gov.br PEDROSA, J.B. Arborização de cidades e rodovias. Belo Horizonte: IEF/MG, 1983. PEREIRA, A. Tudo verde, guia das plantas e flores. São Paulo: Melhoramentos, 1994. SILVA, M.M.P. Introdução à Pesquisa. Campina Grande, UEPB, 2002. SOUZA, M. C. de. Arborização urbana: inventário e suas espécies. 2001. 44 p. Monografia (Graduação) Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande. 2001. [1,2,3,4] Graduandos em Ciências Biológicas – Universidade Estadual da Paraíba - Departamento de Farmácia e Biologia [5] Biólogo; Profº MSc. da Universidade Estadual da Paraíba - Departamento de Farmácia e Biologia. E-mail: helderalbuquerque@bol.com.br [6] Engenheiro Agrônomo – Associação Nordestina para Defesa dos Ecossistemas – ANDE. E-mail: letiene@bol.com.br VOLTAR