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Guias e Dicas
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Coleção Cadernos EJA - 10 Segurança e Saúde no Trabalho, Trabalhos de Enfermagem

Coleção Cadernos EJA - 10 Segurança e Saúde no Trabalho

Tipologia: Trabalhos

2010

Compartilhado em 10/11/2010

gerson-souza-santos-7
gerson-souza-santos-7 🇧🇷

4.8

(351)

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Baixe Coleção Cadernos EJA - 10 Segurança e Saúde no Trabalho e outras Trabalhos em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! C a d e r n o s d e a CO LE ÇÃO Segurança e Saúde no Trabalho CA08_eja_iniciais.qxd 15.12.06 02:17 Page 1 pagbranca.qxd 22.01.07 17:57 Page 1 6 15. Pioneers go first Direitos civis 29 16. Foram-se os dedos Origenhadores 30 17. Modelo mexicanondios do Brasil 32 18. Completely beneficial 37 19. Na construção civil, o perigo é a dermatose causada pelo cimento Olhos38 20. Mercedes Benz promove acordo mundial pela saúde do trabalhador Art41 21. Pacto contra o regime de escravidãorte culinária 42 22. Leis nós temosArte culinária 44 23. A saúde na sociedade 24 horasArte culinária 46 24. Responsabilidade, a parte da empresaArte culinária 47 25. A voz do corpoArte culinária 48 26. O que é assédio moral no trabalho?a 50 27. Índios do Xingu ameaçados por DST, diabetes e obesidadeArte culinária52 28. Sóbria decisãoArte culinária 56 29. Fora, amianto!Arte culinária 63 CA08_eja_iniciais.qxd 12/16/06 1:43 AM Page 5 • Segurança e Saúde no Trabalho6 Riscos do ambiente de t rabalho TEXTO 1 OS RISCOS DE CADA JORNAD A De acordo com o Ministério do Trabalho, os pe rigos no ambiente lab oral podem ser classificados em cinco tipos Foto: Celso Junior / AE 01•CA08T01P3.qxd 20.01.07 12:54 Page 6 Fo to :X xx xx xx xx xx x xx xx xx xx xx x Extraído de www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/tipos_de_riscos.html Risco de acidente Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc. Risco ergonômico Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São exem- plos de risco ergonômico: levantamento de peso, ritmo de trabalho excessivo, monotonia, repetitividade, postura inadequada, etc. Risco físico Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc. Risco biológico Consideram-se agentes de risco biológico bactérias, vírus, fungos, parasitos, entre outros. Risco químico Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou pro- dutos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respirató- ria, na forma de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que sejam, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato com o organismo ou ser absorvidos por ele através da pele ou por ingestão. 1 3 5 2 4 RISCOS E SEUS AGENTES Segurança e Saúde no Trabalho • 7 01•CA08T01P3.qxd 31.01.07 16:06 Page 7 balho onde o teor de oxigênio (O2) seja inferior a 18% (dezoito por cen- to) em volume. V - Proteção dos membros superiores: Luvas e/ou mangas de proteção nas ativi- dades em que haja perigo de lesões provo- cadas por: a) materiais ou objetos escoriantes, abrasi- vos, cortantes ou perfurantes; b) produtos químicos tóxicos, alergênicos, corrosivos, cáusticos, solventes orgâni- cos e derivados de petróleo; c) materiais ou objetos aquecidos; d) operações com equipamentos elétricos; e) tratos com animais, suas vísceras e detri- tos e na possibilidade de transmissão de doenças decorrentes de produtos infec- ciosos ou parasitários; f) picadas de animais peçonhentos. VI - Proteção dos membros inferiores: a) botas impermeáveis e com estrias no solado para trabalhos em terrenos úmi- dos, lamacentos, encharcados ou com dejetos de animais; b) botas com biqueira reforçada para tra- balhos em que haja perigo de queda de • Segurança e Saúde no Trabalho10 Texto 2 / Normas de segurança 02•CA08T02P3.qxd 31.01.07 15:54 Page 10 materiais, objetos pesados e pisões de animais; c) botas com cano longo ou botina com perneira onde existam animais peço- nhentos; d) perneiras em atividades nas quais haja perigo de lesões provocadas por materi- ais ou objetos cortantes, escoriantes ou perfurantes; e) calçados impermeáveis e resistentes em trabalhos com produtos químicos; f) calçados de couro para as demais ativi- dades. VII - Proteção do tronco: Aventais, jaquetas, capas e outros para pro- teção nos trabalhos em que haja perigo de lesões provocadas por: a) riscos de origem térmica; b) riscos de origem mecânica; c) riscos de origem meteorológica; d) produtos químicos. VIII - Proteção contra quedas com diferença de nível: Cintas e correias de segurança. Os EPI e roupas utilizados em tarefas em que se empregam substâncias tóxicas ou perigosas serão rigorosamente higienizados e mantidos em locais apropriados, onde não possam contaminar a roupa de uso comum do trabalhador e seus familiares. Compete ao empregador rural, exigir de seus subcontratantes de mão-de-obra, quanto aos EPI: a) instrução e conscientização do trabalha- dor quanto ao uso adequado; b) substituição imediata do equipamento danificado ou extraviado; c) responsabilidade pela manutenção e esterilização. Compete ao trabalhador: a) usar obrigatoriamente os EPI indicados para a finalidade a que se destinarem; b) responsabilizar-se pela danificação dos EPI, que pode ser ocasionada pelo uso ina- dequado ou fora das atividades a que se destinam, bem como pelo seu extravio. Compete aos órgãos regionais do Minis- tério do Trabalho: a) orientar os empregadores e trabalhado- res rurais quanto ao uso dos EPI, quan- do solicitados ou em inspeção de rotina; b) fiscalizar o uso adequado e a qualidade dos EPI. O Ministério do Trabalho poderá determi- nar o uso de outros EPI, quando julgar necessário. Extraído de http://www.ceset.com.br/dbf/ler/NRR_41.pdf Segurança e Saúde no Trabalho • 11 02•CA08T02P3.qxd 14.12.06 16:35 Page 11 O DIREITO DOS PASSIVOS O artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho garante adicional de até 40 por cento do salário no caso de o ambiente de trabalho ser insalubre. Nos últimos anos, juristas têm considerado que o trabalhador não-fumante tem direito a esse adicional, no caso de o fumo ser per- mitido no local de trabalho. Os médicos há décadas constataram que os chamados fumantes passivos, isto é, aqueles que aspiram a fumaça emitida pe- los cigarros, charutos e cachimbos e pelos pulmões daqueles que, estando no am- biente, efetivamente fumam, correm o risco de sofrer todos os males provocados pelo tabaco, a partir do câncer do pulmão até ataques cardíacos. Entre fumantes e não- fumantes, morrem por ano no mundo, se- gundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde, 3 milhões de pessoas, por causa de males causados pelo tabagismo. Os não-fumantes, ou fumantes pas- sivos, correm riscos até maiores do que os fumantes, pois inalam a fumaça saída imediatamente da ponta do cigarro, sem passar pelo filtro que fica na boca do fu- mante, e assim recebem substâncias ainda mais perigosas do que o próprio fumante. O artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho foi originalmente concebido para os casos de insalubridade provocados por substâncias tóxicas oriundas da ma- téria-prima ou que surgem a partir das al- terações físico-químicas provocadas pelo processo de trabalho. Também foi conce- bido para o caso de ambientes de trabalho naturalmente insalubres, como minas sub- terrâneas cheias de gases tóxicos, ou am- bientes em que há riscos de explosão. Afinal, quando a CLT entrou em vigor, nos anos 1940, ainda não havia consciência dos riscos em que incorrem os fumantes pas- sivos – na verdade nem estava prevista a insalubridade causada por agrotóxicos, se- jam fertilizantes, sejam pesticidas. Atual- mente, porém, muitos juristas consideram que o tabagismo passivo está incluído na insalubridade e dá direito ao adicional de salário. Renato Pompeu é escritor e jornalista. Ambiente insalubre TEXTO 3 • Segurança e Saúde no Trabalho12 Cigarro no trabalho é insalubridade e pode dar direito a adicional Renato Pompeu Ilu st ra çã o: Al cy 03•CA08T03P3.qxd 14.12.06 16:42 Page 12 Assinava os papéis automaticamente, sem revisá-los. Sentia agora um interesse fraternal pela secretária. A cria- tura tinha um jeito encolhido de passarito doente. – E a dor nas costas... ainda não passou? – Às vezes, quando me deito, ela vem. – Deve ser da posição em que fica quando escreve à máquina. Precisa cuidar-se, D. Jisa. A moça sorria, meio constrangida. Eugênio se perguntava a si mesmo o que era que de repente o fazia assim tão solícito, tão atencioso, como um irmão mais velho. concluiu que era porque tinha pena da moça: pena de todos os que sofriam. Por um breve instante se sentiu reconciliado consigo mesmo. Entretanto seu eu puro e implacável lhe cochichou que se ele se demonstrava assim fraternal para com a secretária e para com os outros empregados da fábrica era para com essa atitude comprar a cumplicidade, a boa vontade e a simpatia deles. Porque todos ou quase todos sabiam da sua situação de inferiorida- de naquela firma. Não passava dum manequim, dum autô- mato que assinava papéis preparados pelos que realmente entendiam do negócio, pelos que trabalhavam de verdade mas que no entanto, em questões de ordenado, se achavam muito abaixo dele. Aquela gente sabia que ele ali era apenas o marido da filha do patrão. E, mostrando-se benevolente e atencioso, ele como que procurava comprar-lhes pelo menos a tolerância, já que a simpatia não era possível. Escreveu o nome com raiva, a pena rasgou o papel, um pingo de tinta saltou e espalhou-se no centro da folha. A secretária avançou com a prensa de mata-borrão. – Obrigado. O telefone tilintou. Eugênio levantou o fone ao ouvido. – Alô! Aqui fala Eugênio. (Tinha escrúpulos de dizer “doutor” Eugênio, podia parecer um acinte aos que não eram formados, ou uma exibição vaidosa) – Quem?... ah!... Segurança e Saúde no Trabalho • 15 05•CA08T05P3.qxd 15.12.06 00:03 Page 15 Ficou escutando em silêncio, enquanto seu rosto se enevoava numa expressão de contrariedade. Repôs o fone no lugar e ergueu-se. No pavilhão no 3, o chefe das máquinas o esperava. Tinha apanhado um de seus homens a escrever imoralidades numa das paredes do lava- tório. Queria que Eugênio visse com seus próprios olhos. Tratava-se dum operário chamado Galvez, que já estivera preso como agitador comunista: Era um sujeito perigoso – garantia o chefe das máquinas –, um tormento de desordem. Eugênio encaminhou-se para o pavilhão no 3. Ia contra- riado. Tinha horror a questões daquela natureza, era-lhe desagradável tratar com o pessoal da fábrica, resolver pendências, dar conselhos, aplicar sanções... Seria mil vezes melhor viver longe de todas aquelas coisas! – Galvez é um patife! – disse o homem com os lábios apertados. – Venha ver. Seu rosto era uma máscara de pedra. – Onde está ele? Entrou. Deu três passos sobre o chão de cimento do pavilhão. E, como ao sinal dum invisível e cruel contra-regra que estivesse apenas esperando a sua entrada em cena, algo de pavoroso aconteceu. – Galvez! – berrou o alemão. Sua voz, que tinha uma qualidade metálica, soou acima do surdo matraquear das máquinas. Eugênio olhou na dire- ção em que o outro lançara o grito. E viu, horrorizado, que a polia grande de uma das máquinas naquele instante apanhava o corpo dum operário. Ouviu-se um grito agudo. O corpo rodopiou enrolado na polia e depois, como um boneco de pano, foi lançado ao ar, caindo longe no meio de outras máquinas. Houve um momento de atarantamento. De todos os lados partiam exclamações. O alemão precipi- tou-se para a tábua dos comutadores e puxou a chave geral. As máquinas pararam. O silêncio que se seguiu gelou o • Segurança e Saúde no Trabalho16 Texto 5 / Ac identes de t rabalho 05•CA08T05P3.qxd 15.12.06 00:03 Page 16 sangue de Eugênio. Os homens correram numa só direção. Trouxeram depois um corpo ensangüentado e o puseram aos pés de Eugênio, como se – deus cruel – ele tivesse pedi- do aquele sacrifício. Fazendo um enorme esforço para vencer o tremor das pernas, ele se inclinou. Não havia mais nada a fazer. O crânio do operário estava todo esfacelado, seu rosto absolutamente irreconhecível. O corpo perdera quase a forma humana. No chão ao redor do cadáver, se formava uma poça de sangue. O pavor estrangulava aqueles homens, reduzindo-os ao silêncio. Os olhos do chefe das máquinas se conservaram frios e seu rosto era uma máscara inumana de pedra. Quando tornou a sentar-se à sua mesa, Eugênio teve a impressão de que saíra dali não apenas havia vinte minutos mas sim vinte anos. Sentia-se mais velho, mais cansado e amargurado. Ficou com os cotovelos fincados na mesa, as mãos segurando o rosto, a olhar fixamente para o tinteiro. Do pátio interno chegava até ele, através das janelas, um rumor de vozes. – Mandem tocar de novo as máquinas – disse o gerente. – Não podemos ficar parados. Tempo é ouro. Ouro... Por que era que os homens não se esqueciam nunca do ouro? Ouro lhe lembrava outra palavra: sangue. Tempo também era sangue. Ouro se fazia com sangue. Segurança e Saúde no Trabalho • 17 Trecho do livro Olhai os Lírios do Campo, Porto Alegre, Globo, 1981. 05•CA08T05P3.qxd 15.12.06 00:03 Page 17 ! D urante muito tempo acreditou-se que o problema dos acidentes e doenças relacionados ao trabalho era assunto para engenheiros de segurança, médicos, gerentes e outros especialistas. Pensava-se que só eles tinham conhecimento para analisar os riscos e propor soluções. Nessa visão, os trabalhadores seriam meros e passivos coadjuvantes, apenas para forne- cer informações ou se submeter aos exames e responder perguntas aos médicos. Isso quando não eram acusados como responsá- veis pelos acidentes... Obviamente, essa falsa visão não inte- ressa aos trabalhadores, embora ainda hoje esteja presente em muitas empresas. A análise dos riscos nos locais de trabalho deve contar com a vivência, o conhecimen- to e a participação dos trabalhadores, já que são eles que realizam o trabalho coti- diano e sofrem seus efeitos. Portanto, são eles os mais indicados para identificar, eliminar e controlar os riscos. LOCAL DE RISCO Os trabalhadores passam a ter voz ativa na análise dos perigos típicos de seu ambiente profissional Cuidados com o local de t rabalho TEXTO 8 • Segurança e Saúde no Trabalho20 Extraído de www.instcut.org.br/pub3.htm Série: Cadernos de Saúde do Trabalhador - Nº3 08•CA08T08P3.qxd 14.12.06 17:11 Page 20 J á diz a sabedoria popular que nosso corpo é nosso maior tesouro. E o povo sabe muito. O nosso corpo é nossa morada e nossa melhor ferramen- ta. A ciência ensina que ele é uma má- quina perfeita, feito para durar e fun- cionar por muito tempo. Comer, andar, correr, dan- çar, nadar no rio ou no mar, tomar chuva de vez em quando, des- cansar e dormir são cuidados impor- tantes que devemos ter para que esta máquina funcione de maneira equilibra- da e supra suas próprias necessidades. Sentimentos, sensações e atitudes não estão fora de nosso corpo. Eles têm funções diferentes e sustentam a vida tanto quanto a respiração, a digestão ou a circulação de nosso sangue. O corpo é bom para trabal- har, para brincar, para descansar, para amar, para estar com outro corpo. E, evidentemente, ninguém vive sem um corpo! Nosso tesouro, morada, máquina é sempre bonito. Estar de bem com ele é sinal de muita saúde.. O TEMPLO DA SAÚDE Nosso corpo é uma máquina perfeita, mas exige manutenção Cuidados com o corpo TEXTO 9 Trecho do livro Crianças em Férias - Alcides P. da Fonseca - Quatá - SP, 1943, citado em CUT – Todas as Letras, Caderno do Educando. Segurança e Saúde no Trabalho • 21 09•CA08T09P3.qxd 14.12.06 21:36 Page 21 L ER/DORT significa lesão por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. A sigla foi criada para identificar um conjunto de doenças que atingem músculos, tendões e membros superiores (dedos, mãos, pu- nhos, antebraço, braços e pescoço). São inflamações provocadas por atividades do trabalho que exigem movimentos ma- nuais repetitivos, continuados, rápidos ou vigorosos, durante um longo período de tempo. Não há uma causa única e determina- da para a ocorrência de LER/DORT – vá- rios fatores podem contribuir para seu surgimento: repetitividade de movimen- tos, manutenção de posturas inadequadas por tempo prolongado, esforço físico, in- variabilidade de tarefas, pressão mecâni- ca sobre determinadas partes do corpo, trabalho muscular estático, choques e impactos, vibração, frio etc. Outros fatores, como exigência de ritmo intenso de trabalho, conteúdo das tarefas, pressão, autoritarismo das chefias e avaliação de desempenho baseados em produtividade também favorecem o apa- recimento de LER/DORT. Entretanto, pa- ra que esses fatores sejam considerados como de risco, é preciso observar sua intensidade, duração e freqüência. LER/DORT: FATORES DE RISCO O Ministério da Saúde adverte: repetir movimentos sem pausas causa inflamação Conseqüências do excesso de t rabalho TEXTO 10 • Segurança e Saúde no Trabalho22 Extraído do Protocolo de Investigação, Diagnostico, Tratamento e Prevenção de LER / DORT. Ministério da Saúde / 2000 – pg. 10. O uso excessivo do teclado pode causar LER/DORT 10•CA08T10P3.qxd 15.12.06 00:04 Page 22 A Organização Internacional do Traba- lho, OIT, está propondo que se inten- sifique nos locais de trabalho a mobi- lização contra o HIV/AIDS na América Latina e no Caribe. “Precisamos de mobilização, mobiliza- ção e mais mobilização”, disse o diretor- geral da OIT, Juan Somavia. “Nosso desafio é fazer com que o local de traba- lho seja um local de proteção, prevenção, atenção e esperança no coração da respos- ta ao HIV e à AIDS.” Cerca de 2 milhões de pessoas vivem com o vírus na América Latina e 600 mil morreram nos últimos 20 anos. A estimati- va é de que cerca de 500 pessoas contraem o vírus diariamente na região, conforme informação divulgada no encontro “AIDS e o mundo do trabalho na América Latina e no Caribe”, realizado em Brasília em 2005. “O local de trabalho é um reflexo da sociedade”, disse Somavia, acrescentando que “a lógica do compromisso da OIT é clara: a pandemia golpeia com maior força os indivíduos em idade produtiva”. Segun- do dados divulgados na reunião, no mundo, 36 milhões de pessoas em idade produtiva estão afetadas pelo HIV/AIDS. Na reunião se discutiu sobre a maneira de abordar o tema HIV/AIDS no local de trabalho. Foram discutidas ações que po- derão ser levadas adiante por governos, empregadores e trabalhadores. Desde 2000 existe o Programa OIT/AIDS, que cuida especialmente de en- frentar os desafios gerados pela pandemia no local de trabalho e que atualmente coopera com os esforços nacionais em mais de 40 países. Para Somavia, um desafio fundamen- tal é lutar contra a discriminação – um dos princípios da Agenda de Trabalho Decente promovida pela Organização –, de forma a garantir a vida laboral de pessoas afetadas e seu acesso a um tratamento adequado: “É possível contribuir para eliminar o medo, a desconfiança, o estigma e a discriminação”. As ações no local de trabalho também são consideradas fundamentais para inten- sificar a prevenção por meio da educação e de medidas práticas de apoio aos traba- lhadores e proporcionar atenção e trata- mento. Saúde e Segurança no Trabalho • 25 Extraído de www.oitbrasil.org.br/news/nov/ler_nov.php?id=1439 Para maiores informações sobre OIT/AIDS: www.ilo.org/aids 12•CA08T12P3.qxd 12/16/06 1:28 AM Page 25 NA CORDA BAMBA Ambiente de t rabalho TEXTO 13 • Segurança e Saúde no Trabalho26 As ameaças ao equilíbrio emocional do trabalhador Ilu st ra çã o: Al cy 13•CA08T13P3.qxd 20.01.07 13:05 Page 26 A pesquisa também mostra que 4,37% dos ban- cários já pensaram em suicídio devido à pressão emocional que sofrem no trabalho. “Tremores nas mãos”, “falta de apetite” e “chorar mais do que de costume” foram outros itens mencionados. A principal conseqüência relatada pelas vítimas é nervosismo, tensão ou preocupação. Em menor escala, o bancário dorme mal, se cansa com facilida- de, se sente triste, tem dores de cabeça, dificuldade para realizar com satisfação suas atividades, sente- se cansado o tempo todo, tem sensações desagra- dáveis no estômago e má digestão. Os sintomas de depressão muitas vezes apare- cem porque a pessoa pensa que a culpa é dela, está com esse peso e não consegue distinguir o que é erro dela e o que é do chefe. Mais da metade das mulheres e um pouco menos dos homens entrevistados se dizem estres- sados. Diferentemente do esperado, boa parte das agressões morais sofridas pelos bancários no am- biente de trabalho não são feitas pelo chefe. Ele continua sendo o maior agressor, mas não o único. Os colegas, inclusive os subordinados, são aponta- dos por boa parte dos entrevistados. A pesquisa "Assédio Moral no Traba- lho: Impactos sobre a Saúde dos Bancários e sua Relação com Gênero e Raça", realizada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco em 2006, apon- tou que mais de 40% dos bancários de todo o país sofrem agressões morais no trabalho e quase um terço dos trabalhadores do setor se diz estressado. Foram ouvidos 2.609 trabalhadores e trabalhadoras de bancos públicos e privados de todo o país. De acordo com o estudo, as agressões duram quase o ano todo: metade dos casos ocorre várias vezes por semana. A maior queixa é de que “o chefe o enche de traba- lho”. Outras situações descritas: “O chefe prejudica sua saúde”; “Dá instruções confu- sas e imprecisas”; “Pede trabalhos urgentes sem nenhuma necessidade”. Entre as 20 situações colocadas como agressivas, estão também: “chefe falar mal de você em público”; “proibir seus colegas de falar/almoçar com você”; “forçar você a pedir demissão” e “insinuar e fazer correr boato de que você está com problema men- tal ou familiar”. Esta última é a situação mais freqüente entre as mulheres. Já para os entrevistados do sexo masculino é o fato de o chefe “não lhe dar qualquer ocupa- ção”. De acordo com os pesquisadores, a vio- lência moral é “a exposição do trabalhador a situações constrangedoras com objetivo de desestabilizar a relação no ambiente de trabalho, diminuir a auto-estima e atentar à dignidade da pessoa”. A diferença entre a falta de educação e o assédio moral, é “usar de valores culturais, sexuais ou que deixem a pessoa fragilizada para humilhá-la, para atingir a dignidade”. Segurança e Saúde no Trabalho • 27 Fonte P http://www.cut.org.br/ SUICÍDIO 13•CA08T13P3.qxd 14.12.06 17:29 Page 27 O operador de máquinas João Roque Correia Neto, de 20 anos, teve qua- tro dedos da mão esquerda esmaga- dos quando operava uma calandra sem pro- teção (sensor) na Usimatic, em São Bernardo, no dia 5 de maio de 2006. Apesar de imediatamente levado por companhei- ros ao hospital, João teve amputados os dedos anular e médio nesta semana. O trabalhador era contratado pela Premium Serviços Temporários Terceiri- zados e estava apenas há dois meses na Usimatic. Seu contrato venceria dia 12. Casado, pai de um filho de três meses e com o aluguel atrasado, o metalúrgico reclama que não recebe qualquer ajuda da empresa ou da agência sequer para comprar remédio. “O ferimento dói pra caramba e piora com todo esse frio. Eles passaram uns comprimidos mais fortes, mas não tenho dinheiro para comprar”, reclama João, que recebe pouco mais de R$ 500,00 e está gastando cerca de R$ 400,00 em medicamentos. “Se o pessoal na fábrica não fizesse uma vaquinha e meu pai não ajudasse no aluguel não sei como seria”, conta. “A empresa e a agência ficam me jogando de um lado para outro sem resolver nada”, protesta ele. Sobre a perda dos dedos, João revela que está tentando se conformar. “Sei que vou ficar muito abalado. Não tem dinheiro no mundo que pague. Ainda mais agora, que estou no começo da carreira”, lamenta. O diretor do Sindicato, José Paulo Nogueira, disse que a luta agora é para garantir a João todos os direitos previstos na convenção coletiva e na legislação. “A fábrica tem de assumir suas responsabili- dades”, avisa. “Era previsível que este acidente com o João iria acontecer. O pior é que ele Acidentes de t rabalho TEXTO 16 • Segurança e Saúde no Trabalho30 FORAM-SE OS DEDOS 16•CA08T16P3.qxd 15.12.06 00:08 Page 30 poderia ter sido evitado”. O autor da denúncia é Clayton Luciano, do CSE na Usimatic. Ele conta que, quando a máqui- na foi instalada, a empresa foi informada pela CIPA de que a falta do sensor pode- ria provocar algum acidente. “O problema é que a Usimatic é omis- sa na questão da segurança do trabalha- dor, eles só querem produção”, prossegue Clayton. Ele mesmo perdeu quatro falan- ges de uma mão em uma prensa. Só depois do acidente a empresa trocou as máquinas. “O técnico de segurança é sobrinho do patrão e só faz o que a empresa manda, nunca escuta o cipeiro”, diz o membro do CSE. Outra crítica é a jornada absurdamen- te longa que os encarregados obrigam os trabalhadores a cumprir. “Eles ameaçam com demissão quem não fizer horas extras. O acidente de agora ocorreu por esse exces- so de pressão”, afirma Clayton. João teve os dedos esmagados às 3h30 da manhã, quando seu horário é das 13h40 às 22h. Mesmo assim estava sozinho, aumentando o estresse da longa jornada. Quando esticou a mão para pegar a peça, encostou no cilindro da calandra. A máqui- na puxou sua mão e triturou os dedos. Se a calandra tivesse um sensor fun- cionando como deveria, o acidente com o rapaz não teria acontecido. Segurança e Saúde no Trabalho • 31 Trecho extraído da Tribuna Metalúrgica do ABC.Terça-feira, 30 de maio de 2006. Publicação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. 16•CA08T16P3.qxd 15.12.06 00:08 Page 31 MODELO MEXICANO • Segurança e Saúde no Trabalho32 Seguridad en el Trabajo es el conjunto de acciones que permiten localizar y evaluar los riesgos, y establecer las medidas para prevenir los accidentes de trabajo. La seguridad en el trabajo es respon- sabilidad compartida tanto de las autori- dades como de empleadores y trabajadores. Cuando se presenta un accidente en la empresa intervienen varios factores como causas directas o inmediatas de los mismos. las normas para las Comisiones de Seguridad e Higiene en el Trabajo son muy rigorosas •Estructuras o instalaciones de los edificios y locales deteriorados, impropiamente diseñadas, construidas o instaladas. •Falta de medidas de prevención y protección contra incendios. •Instalaciones en la maquinaria o equipo impropiamente diseñadas, construidas, armadas o en mal esta- do de mantenimiento. •Protección inadecuada, deficiente o inexistente en la maquinaria, en el equipo o en las instalaciones. •Herramientas manuales, eléctricas, neumáticas y portátiles, defectuosas o inadecuadas. •Equipo de protección personal defectuoso, inadecuado o faltante. •Falta de orden y limpieza. •Avisos o señales de seguridad e higiene insuficientes, faltantes o inadecuados. Prevenção de ac identes TEXTO 17 CONCEPTOS BÁSICOS DE SEGURIDAD EN EL TRABAJO Las condiciones inseguras más frecuentes son: Estos pueden clasificarse en dos grupos: a) Condiciones Inseguras: Se refieren al grado de inseguridad que pueden tener los locales, la maquinaria, los equipos, las herramientas y los pun- tos de operación. b) Actos Inseguros: Es la causa humana que actualiza la situación de riesgo para que se produzca el accidente. Esta acción lleva aparejado el incumplimiento de un método o norma de seguridad, explícita o implíci- ta, que provoca dicho accidente. 17•CA08T17P3.qxd 15.12.06 00:09 Page 32 Segurança e Saúde no Trabalho • 35 Las propias Comisiones de Seguridad e Higiene reportarán a los patrones y a las autoridades del trabajo, cualquier falla en el cumplimiento de estas disposi- ciones. El equipo de protección personal más usado para seguridad, por región anatómica, es: a) Protección de la cabeza •Casco de seguridad, de diseño y características adecuadas. b) Protección de la cara y los ojos •Caretas, pantallas o cualquier otro equipo de protección contra radiaciones luminosas más intensas de lo normal, infrarrojas y ultravioletas, así como con- tra cualquier agente mecánico. c) Protección del cuerpo y de los miembros •Guantes, guanteletes, mitones, man- gas y cualquier otro equipo semejante, construido y diseñado de tal manera que permita los movimientos de manos y dedos, y que pueda quitarse fácil y rápidamente. •Polainas construidas con materiales de acuerdo con el tipo de riesgo, que puedan quitarse rápidamente en caso de emergencia. •Calzado de seguridad. •Mandiles y delantales construidos con materiales adecuados al trabajo y tipo de riesgo de que se trate. •Cinturones de seguridad o arneses; cuerdas de suspensión o líneas de vida y equipos de protección semejante. Riesgos de Trabajo: "Son los accidentes y enfermedades a que están expuestos los trabajadores en ejercicio o con motivo del trabajo" (artículo 473, Ley Federal del Trabajo). Accidente de Trabajo: "Es toda lesión orgánica o pertur- bación funcional, inmediata o poste-rior, o la muerte, producida repentinamente en ejercicio, o con motivo del trabajo, cualesquiera que sean el lugar y el Las Comisiones de Seguridad e Higiene deberán vigilar: 1. Que el equipo de protección perso- nal se seleccione de acuerdo con los riesgos a que estarán expuestos los trabajadores. 2. Que el equipo sea facilitado siem- pre que se requiera. 3. Que el equipo se mantenga en ópti- mas condiciones higiénicas y de funcionamiento; y 4. Que sea utilizado por los trabajado- res en forma adecuada y correcta. 17•CA08T17P3.qxd 15.12.06 00:09 Page 35 Texto 17 / Prevenção de ac identes • Segurança e Saúde no Trabalho36 tiempo en que se preste. Quedan inclu- idos en la definición anterior los acci- dentes que se produzcan al trasladarse el trabajador directamente de su domi- cilio al lugar del trabajo y de éste a aquél" (artículo 474, Ley Federal del Trabajo). Los accidentes de trabajo no solamente ocurren en el local cerrado de la fábrica o negociación, sino también en cualquier otro lugar, incluyendo la vía pública que use el trabajador para realizar una labor de la empresa, así como cualquier medio de transporte que utilice para ir de su domi- cilio al centro de trabajo y de éste a aquél. Se les llama tipo o mecanismo de acci- dente de trabajo a las formas según las cuales se realiza el contacto entre los traba- jadores y el elemento que provoca la lesión o la muerte. Los más frecuentes, son: • Golpeado por o contra... • Atrapado por o entre... • Caída en el mismo nivel • Caída a diferente nivel • Al resbalar o por sobreesfuerzo • Exposición a temperaturas extremas • Contacto con corriente eléctrica • Contacto con objetos o superficies con temperaturas muy elevadas que pue- dan producir quemaduras • Contacto con sustancias nocivas, tóxi- cas, cáusticas o de otra naturaleza, que provoquen daños en la piel o en las membranas mucosas, o bien se introduzcan en el organismo a través de las vías respiratorias, digestiva o por la piel y que den lugar a intoxica- ciones agudas o muerte • Asfixia por inmersión (ahogados) • Mordedura o picadura de animales El responsable de dar aviso sobre los accidentes de trabajo es el patrón. La Ley Federal del Trabajo, en su artícu- lo 504, fracción V establece, entre otras, la siguiente obligación a los patrones: "Dar aviso a la Secretaría del Trabajo y Previsión Social, al Inspector del Trabajo y a la Junta de Conciliación Permanente o a la de Conciliación y Arbitraje, dentro de las 72 horas siguientes, proporcionando los siguientes datos o elementos: 1. Nombre y domicilio de la empresa; 2. Nombre y domicilio del trabajador, así como su puesto o categoría y el monto de su salario; 3. Lugar y hora del accidente, con expre- sión suscinta de los hechos; 4. Nombre y domicilio de las personas que presenciaron el accidente; y 5. Lugar en que se presta o haya prestado atención médica al accidentado. Texto publicado pela Subsecretaría del Trabajo, Seguridad y Previsión Social. Dirección General de Seguridad y Salud en el Trabajo del México 17•CA08T17P3.qxd 15.12.06 00:09 Page 36 Cuidados com o corpo TEXTO 18 http://www.selfhelpmagazine.com/psychtoons/glasbergen/workout.gif “I exercise every morning before work. It increases my energy, reduces stress, and makes me smell so bad that nobody comes into my cubicle to bother me.” GlasbergenCOMPLETELY BENEFICIAL Segurança e Saúde no Trabalho • 37 18•CA08T18P3.qxd 12/16/06 1:57 AM Page 37 isso acontecer, a empresa de-verá emitir a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), a fim de assegurar o salário do trabalhador e o tratamento integral da dermatose gratuitamente. Para proteger sua pele, siga estas recomendações: •Na preparação da massa de cimento use luvas e botas de borracha forradas inter- namente. •Não trabalhe descalço ou de sandália havaiana, ou de bermuda. •Se sua roupa estiver suja de massa ou calda de cimento ou concreto, troque-a logo que possível. •Deve-se evitar trabalhar de bermuda, o melhor é usar calça comprida. Trabalhar de sandália havaiana prejudica a pele: botas de borracha ou couro protegem os pés. •Sempre que possível, quando trabalhar em contato com a massa de cimento, use luvas de borracha forradas. •Luvas ou botas rasgadas ou furadas são um perigo! Precisam ser trocadas ime- diatamente. •Se cair massa ou calda de cimento den- tro da luva, é preciso retirá-la imediata- mente e lavar as mãos e as luvas por den- tro e por fora. Deixe escorrer toda a água. •Se a bota furar ou rasgar, deve ser tro- cada rapidamente. Não trabalhe com bota furada ou rasgada •Pó ou cavaco de madeira dentro dos sapatos ou das botas pode irritar os pés. O melhor é usar meias de futebol. •Se entrar massa ou calda de cimento pelos furos ou rasgos da bota, pode provocar dermatoses graves nos pés. •Se cair massa de cimento ou calda de concreto dentro da bota, o trabalhador deve retirar a bota e a meia imediata- mente e lavar os locais atingidos. •Não deixe a calça úmida de calda do cimento em contato com a pele. •Nunca use o agitador sem proteção e sempre use óculos de segurança, luvas, botas e capacete. •Se cair concreto dentro da luva ou bota, deve-se lavá-los imediatamente, assim como as mãos e os pés. Isto evitará feri- mentos e queimaduras pelo cimento. •Ao final do trabalho diário, os pés e as mãos devem ser muito bem lavados, para retirar restos de cimento que ficaram na pele e nas unhas. Extraído da cartilha Dermatose profissional na Construção civil causada pelo cimento, publicação da FUNDACENTRO – MTE 40 • Saúde e Segurança no Trabalho Texto 19 / R iscos do ambiente de t rabalho 19•CA08T19P3.qxd 15.12.06 01:33 Page 40 MERCEDES BENZ PROMOVE ACORDO MUNDIAL PELA SAÚDE DO TRABALHADOR A luta pelo t rabalho decente TEXTO 20 Segurança e Saúde no Trabalho • 41 A direção da Mercedes Benz e o Co- mitê Mundial dos Trabalhadores assinaram protocolo estabelecendo princípios de saúde e segurança a serem seguidos em todas as fábricas da multi- nacional. A empresa se compromete a desenvol- ver processos integrados de saúde e segu- rança, garantindo todos os investimentos necessários. A prevenção das doenças ocu- pacionais e de acidentes de trabalho passa a fazer parte das metas da empresa. “É um avanço, pois a Mercedes colo- cou no papel as conquistas acumuladas pelos trabalhadores na área de saúde e segurança”, disse Valter Sanches, secretá- rio geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. Outro avanço é que tais princípios valem também para os tra- balhadores nas empresas fornecedoras. Princípios que devem, a partir de agora, constar do contrato entre a Mercedes e as terceiras. “É mais uma bala na agulha para melhorar a qualidade dos empregos nas fornecedoras e terceiras, exigindo investimentos”, comentou Sanches. A Mercedes tem fábricas em 21 paí- ses e emprega 372 mil trabalhadores. Extraído de http://www.smabc.org.br/mostra_materia.asp?id=6888 Fo to :R ob so n Fe rn an de s / A E 20•CA08T20P3.qxd 14.12.06 18:20 Page 41 PACTO CONTRA O REGIME DE ESCRAVIDÃO Trabalho decente e trabalho escravo não se resolvem da noite para o dia Trabalhador mantido em regime escravo em fazenda no interior do Rio Grande do Sul: mais de 30 pessoas foram libertadas depois que a situação foi denunciada. A luta pelo t rabalho decente TEXTO 21 • Segurança e Saúde no Trabalho42 Foto: Ricardo Wolffenbuttel 21•CA08T21P3.qxd 14.12.06 18:23 Page 42 21.7 A moradia deverá ter: a) capacidade dimensionada de acordo com o número de moradores; (121.008-4 / I1) b) ventilação e luz direta suficiente;(121.009-2 / I1) c) as paredes caiadas e os pisos construídos de material impermeável. (121.010-6 /I1) 21.8 As casas de moradia serão construídas em locais arejados, livres de vegetação e afastadas no mínimo 50 m (cinqüenta me-tros) dos depósitos de feno ou estercos, currais, estábulos, pocilgas e quaisquer viveiros de criação. (121.011-4 / I1) 21.9 As portas, janelas e frestas deverão ter dispositivos capazes de mantê-las fechadas, quando necessário. (121.012-2 / I1) 21.10 O poço de água será protegido contra a contaminação. (121.013-0 / I1) 21.11 A cobertura será sempre feita de material impermeável, imputrecível, não combustível. (121.014-9 / I1) 21.12 Toda moradia disporá de, pelo menos, um dormitório, uma cozinha e um compartimento sanitário. (121.015-7 / I1) 21.13 As fossas negras deverão estar, no mínimo, 15 m (quinze metros) do poço; 10 m (dez metros) da casa, em lugar livre de enchentes e à jusante do poço. (121.016-5 / I2) 21.14 Os locais destinados às privadas serão arejados, com ven- tilação abundante, mantidos limpos, em boas condições sani- tárias e devidamente protegidos contra a proliferação de inse- tos, ratos, animais e pragas. (121.017-3 / I1) Segurança e Saúde no Trabalho • 45 Fonte P NR21 do Ministério do Trabalho e Emprego 22•CA08T22P3.qxd 14.12.06 18:30 Page 45 D e acordo com o recenseamento de 2000, no Brasil há cerca de 64 mi- lhões de pessoas ocupadas em vários tipos de trabalho. Quase metade delas tra- balha mais que as 44 horas semanais pre- vistas na Constituição como a jornada máxima de trabalho semanal. Assim sendo, existe muita gente que, além de trabalhar mais que o número de horas semanais previstas em lei, ainda o faz em horário noturno. Calcula-se que mais de 10% da popu- lação brasileira ativa trabalha em turnos ou à noite. Talvez essa porcentagem seja até maior, já que a oferta de serviços que fun- cionam dia e noite, inclusive nos fins de semana e feriados, aumentou muito de alguns anos para cá: são serviços de teleco- municações, de processamento bancá- rio, de distribuição de correspondência, shopping centers e supermercados, hotéis, cinemas, restaurantes, academias de ginás- tica, clubes sociais e esportivos etc. Como se pode observar, além dos servi- ços essenciais, há uma quantidade cada vez maior de produção de bens e prestação de serviços que funcionam o tempo todo. Para que esses bens sejam produzidos e os servi- ços prestados, aumenta a população que trabalha em turnos, em horário noturno ou em horários irregulares. Não há como negar, portanto, a exis- tência de uma "sociedade 24 horas", que depende de um grande contingente de trabalhadores. Trabalhadores estes sujeitos à exposição de fatores que podem estragar a sua saúde. A SAÚDE NA SOCIEDADE 24 HORAS Excesso de t rabalho TEXTO 23 • Segurança e Saúde no Trabalho46 Fonte P (São Paulo em Perspectiva ISSN 0102-8839 versão impressa São Paulo Perspec. v.17 n.1 São Paulo jan./mar. 2003 - fragmento) 23•CA08T04P2.qxd 14.12.06 18:32 Page 46 A legislação trabalhista específica para a indústria e a aplicação de produtos tóxicos prevê que: RESPONSABILIDADE A PARTE DA EMPRESA Normas de segurança TEXTO 24 Extraído de http://www.andef.com.br/epi/ O empregador poderá responder na área criminal ou cível, além de ser multado pelo Ministério do Traba- lho. O funcionário está sujeito a sanções trabalhistas, podendo até ser demitido por justa causa. É recomendado que o fornecimento de EPI, bem como treinamentos ministrados sejam registrados através de documentação apropriada para eventuais esclarecimentos em causas trabalhistas. Os responsáveis pela aplicação devem ler e seguir as informações contidas nos rótulos, bulas e nas Fichas de Informação de Segurança de Produto (FISPQ) forneci- dos pelas indústrias sobre os EPI que devem ser utilizados para cada produto. O papel do engenheiro agrônomo durante a emissão da receita é fundamen- tal para indicar os EPI adequados, pois, além das características do produto, como a toxicidade, a formulação e a embalagem, o profissional deve considerar os equipa- mentos disponíveis para a aplicação (costal, trator de cabina aberta ou fechada, tipos de pulverizadores e bicos), as etapas da mani- pulação e as condições da lavoura, como o porte, a topografia do terreno, etc. É obrigação do empregador P fornecer os EPI adequados ao trabalho P instruir e treinar quanto ao uso dos EPI P fiscalizar e exigir o uso dos EPI P repor os EPI danificados É obrigação do trabalhador P usar e conservar os EPI Segurança e Saúde no Trabalho • 47 Quem falh ar nestas obr igações poderá se r responsab ilizado 24•CA08T24P3.qxd 14.12.06 18:38 Page 47 A OIT considera a exposição dos tra- balhadores e trabalhadoras a si- tuações humilhantes e constrange- doras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assi- métricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-a a desistir do emprego. O QUE É ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO? A Organização Internacional do Trabalho classifica a violência como praga global Riscos do ambiente de t rabalho TEXTO 26 • Segurança e Saúde no Trabalho50 Ilu st ra çã o: Al cy 26•CA08T26P3.qxd 12/16/06 1:30 AM Page 50 Caracteriza-se pela degradação deli- berada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordina- dos, constituindo uma experiência subje- tiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a orga- nização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e da vergonha de serem também humilha- dos, associado ao estímulo constante à competitividade rompem os laços afetivos com a vítima e, freqüentemente, reprodu- zem e reatualizam ações e atos do agres- sor no ambiente de trabalho, instaurando o “pacto da tolerância e do silêncio” no coletivo, enquanto a vítima vai gradativa- mente se desestabilizando e fragilizando, “perdendo” sua auto-estima. O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do “novo” trabalhador: “autônomo, flexível”, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empre- gável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado, que procura a excelência e saúde perfeita. Estar “apto” significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá- los pelo desemprego, aumento da pobre- za urbana e miséria, desfocando a reali- dade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso. A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprome- tendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves da- nos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constitu- indo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. A violência moral no trabalho consti- tui um fenômeno internacional, segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta distúrbios da saúde mental rela- cionados com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois, segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde estas serão as décadas do “mal, estar na globa- lização”, em que depressões, angústias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organiza- ção de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais. Segurança e Saúde no Trabalho • 51 Extraído de http://www.assediomoral.org/site/assedio/AMconceito.php 26•CA08T26P3.qxd 12/16/06 1:30 AM Page 51 O médico sanitarista Douglas Rodri- gues é coordenador do projeto Xingu da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e responsável pelo atendi- mento médico de 2.263 índios que vivem nas aldeias do Médio e Baixo Rio Xingu. Nesta entrevista, ele conta como enfrenta o desafio de estancar o avanço de “novas” enfermidades, como as doenças sexual- mente transmissíveis (DSTs), obesidade, hipertensão e desnutrição infantil. ISA: Como o senhor avalia o sistema de saúde indígena atual? Douglas Rodrigues: Eu sou do tempo em que a Fundação Nacional do Índio (Funai) era a responsável pela saúde indígena e acompanhei a mudança a partir de 1999, com a entrada da Funasa (Fundação Na- cional de Saúde) e a criação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas os Dseis, e a inclusão dos indígenas no atendimento pelo SUS, Sistema Único de Saúde. A melhora é inquestionável, mas existem propostas para a Funai reassumir o siste- ma. Acho que isso vai ser uma catástrofe, pois a Fundação não tem estrutura nem gente qualificada para um trabalho desse porte. Já demonstrou isso. ISA: Por que o trabalho da Funasa não funciona direito? Douglas Rodrigues: Porque a Funasa con- tinua trabalhando com os índios como no tempo em que controlava malária no meio do mato. As pessoas precisam entender que o trabalho de saúde indígena é muito complexo. São 400 mil índios aldeados no Brasil, mas cada grupo de mil é diferente de outros mil e estes de outros 500 e por aí vai. Assim, os critérios comuns de saúde públi- ca, como um médico para dois mil habitan- tes – que valem para cidades como São Paulo –, não servem para os índios do Xingu, nem para os ianomâmis, onde talvez seja necessário um médico para 500, 300 habitantes. Os índios são muito vulneráveis, estão em locais distantes e de difícil acesso. ÍNDIOS DO XINGU AMEAÇADOS POR DST, DIABETES E OBESIDADE Apesar de ter bom atendimento médico, os índios do Xingu estão ameaçados por doenças modernas, como câncer de colo de útero, obesidade, hipertensão e diabetes. Saúde indígena TEXTO 27 • Segurança e Saúde no Trabalho52 27•CA08T27P3.qxd 15.12.06 00:12 Page 52 ISA: Quais os outros impactos desta mudança no estilo de vida dos índios do Xingu? Douglas Rodrigues: A mudança de hábi- tos alimentares leva a dois extremos: obesi- dade e desnutrição, principalmente nas grávidas, nas crianças e nos idosos. A desnutrição em crianças praticamente não existia, e hoje temos 15 a 20% das crianças menores de cinco anos com algum grau de desnutrição. No Xingu não temos casos graves, tirando uma ou outra exceção. Mas isso está avançando e é intrigante. Como pode ter criança desnutrida numa aldeia com tanta fartura de alimentos? A conclu- são, a partir dos relatos dos próprios ín- dios, é que isso tem a ver com mudança de hábitos relativos aos cuidados com as crian- ças. Por exemplo, alimentação especial. No Xingu, uma criança pequena não come uma série de coisas, só um ou outro peixe, ela se alimenta basicamente de caldos. Esse hábito está se perdendo. Os antigos Kaiabi contam que antigamente as crianças anda- vam com uma cuiazinha cheia de farinha de peixe para comerem quando tivessem fome, isso não existe mais. As roças estão diminuindo, a rapaziada está mais interes- sada nas coisas da cidade do que em abrir roça. Querem mais é arrumar emprego e comprar o arroz e o feijão. Outra coisa que está acabando no Xingu é o intervalo interpartal, o período durante o qual o casal não mantém rela- ções sexuais, que entre os índios é de um a dois anos, exatamente para evitar que venha um filho atrás do outro. A tradição manda que o homem não mexa com a mulher até o filho começar a andar. Por isso é que muitos homens têm duas ou três mulheres. Hoje em dia ninguém res- peita mais isso. E dizem que é “porque é assim que os brancos fazem”. É comum ver mulher grávida e amamentando, que daqui a algum tempo vai ter sete, oito cri- anças para dar de comer, a roça vai ter que aumentar, e a mãe acaba cuidando mais de uns do que de outros. Portanto, os problemas de saúde não são por falta de comida. ISA: A obesidade também é problema? Douglas Rodrigues: Também. Antigamen- te todo mundo remava seus barcos para cima e para baixo. Agora é só barco a motor. Cortavam madeira no machado, agora é com motosserra. E estão consumindo mais sal e açúcar. Gastando menos energia nas atividades diárias, e tendo comida o tempo todo, o cara fica obeso e pode desenvolver diabetes. Esse problema atinge os índios norte-americanos desde a década de 1960 e agora está acontecendo no Brasil. São ameaças importantes, atuais, e a Funasa não está nem pensando em tratar, o negó- cio deles é vacinar e controlar diarréia. Segurança e Saúde no Trabalho • 55 Extraído de http://www.metaong.info Texto adaptado de entrevista concedida a Bruno Weis, do ISA 27•CA08T27P3.qxd 15.12.06 00:12 Page 55 SÓBRIA DECISÃO Cuidados com o corpo TEXTO 28 • Segurança e Saúde do Trabalhador56 Foto: Caio Guatelli / AE 28•CA08T28P3.qxd 14.12.06 19:54 Page 56 Krishma Carreira G eraldo mal abre os olhos pela manhã e com a luz do dia vem uma vonta- de visceral: bebida! Quando menos espera está com o copo de cachaça na mão trêmula. Sem fome, segue para a fábrica. De vez em quando, corre para o armário onde esconde uma garrafa. Um gole, outro, e volta ao trabalho. Na saída, mais um trago. Por dia, enxuga duas garrafas e, por causa disso, chega a dar o cano quinze dias por mês. Geraldo está com 32 anos e come- çou a beber aos 18. Na época, arrumou emprego de insta- lador de cortinas. “No final do serviço, o cliente pagava uma bebidinha.” Logo começou a tomar cerveja todos os dias. Um dia, a situação saiu de controle. Depois de beberem umas e outras, Geraldo e o companheiro de trabalho começaram a trocar socos enquanto o amigo dirigia, por causa da divisão da gorjeta. Saldo: um acidente de trânsito, ferimentos e demis- são. O patrão toleraria um acidente de trânsito, mas não um empregado bêbado. Esta história já está no passado de Geraldo de Souza, hoje com 45 anos e há 13 sem beber. “Antes, eu não tinha iden- tidade. Eu nem me olhava no espelho.” Ele atribui à conquista da abstinência a realização de antigos sonhos. Fez curso de fotografia. Comprou apartamento – onde vive com a mulher e dois filhos –, que temeu perder durante a era dos porres. E virou atleta. No futuro pretende pedalar 535 quilômetros até Belo Hori- zonte, sua cidade natal. Geraldo ainda vive uma luta diária contra o vício. “Quando vejo alguém tomando uma cervejinha me dá vontade, mas eu resisto.” Ele é dependente químico. A Organização Mundial de Saúde conside- ra que o alcoolismo é doença – que não tem cura, mas tem controle. Está em quarto lugar na lista das doenças que mais inca- pacitam os trabalhadores. Pode ter causa hereditária, psicológica, sociocultural ou Segurança e Saúde do Trabalhador • 57 Doença muitas vezes favorecida pela atividade profissional, o alcoolismo tem sido enfrentado por empresas e seus funcionários dependentes 28•CA08T28P3.qxd 14.12.06 19:54 Page 57 eu abria a garrafa tinha que ver o fundo. Saí da casa da minha mãe por causa do descontrole”, descreve. Aos 31 anos, Jeffer- son procurou ajuda na empresa. “O trata- mento é excelente porque o alcoólatra conta com uma estrutura e tem motivação.” Ele não bebe há 15 anos e mudou de ativi- dade: hoje, é consultor de empresas que desejam implantar programas de preven- ção e recuperação de dependentes. Empresa lúcida Para a médica e professora da Funda- ção Getúlio Vargas, Edith Seligmann, ajudar funcionários em vez de punir é, além de inteligente por parte da empresa, uma questão de justiça, já que algumas ativida- des favorecem o alcoolismo. Quem exerce um trabalho muito perigoso, por exemplo, pode passar a beber compulsivamente para “anestesiar”. O agente penitenciário Luiz da Silva Filho, diretor de saúde do sindicato da categoria em São Paulo, reitera a expli- cação da professora. “Em geral, após seis meses de trabalho como agente penitenciá- rio a pessoa começa a ter problemas com drogas; é estressante demais suportar tanta pressão. Temos muitos problemas com agentes alcoólatras.” As profissões monótonas também podem gerar problemas com álcool, pois a bebida passa a ser usada como recurso compensatório que gera euforia e prazer. Atividades que causam afastamento Texto 28 / Cuidados com o corpo • Segurança e Saúde do Trabalhador60 Profissões de alto risco Edith Seligmann Silva, professora da Fundação Getúlio Vargas, médica e especialista em psi- quiatria e saúde pública, aponta as profissões nas quais há maior ocorrência de alcoolismo: 1. Atividades socialmente desprestigiadas por envolverem atos ou materiais considera- dos desagradáveis ou repugnantes; 2. Situações em que a tensão gerada é cons- tante e elevada, especialmente quando não ocorrem apoio social ou reconhecimento: P Trabalho perigoso; P Trabalho mental intensivo sob altas exigên- cias de desempenho e rapidez; P Trabalho que exige auto controle emocional intenso e constante (exemplos: funcionários públicos que atendem pessoas, bancários, vendedores etc.); P Trabalho monótono, que gera tédio e insa- tisfação; P Trabalho em situação de isolamento (como vigias, maquinistas de trem etc.); P Atividades que envolvem afastamento pro- longado do lar (mineração, viajantes comerci- ais, etc.). Ao lado: cartaz de estímulo a freqüentadores de clínica para dependentes de álcool. 28•CA08T28P3.qxd 14.12.06 19:54 Page 60 Segurança e Saúde do Trabalhador • 61 Fo to :V id al C av al ca nt e / A E 28•CA08T28P3.qxd 14.12.06 19:54 Page 61 Texto 10 / Cuidados com o corpo • Segurança e Saúde do Trabalhador62 prolongado do lar também podem ajudar no desenvolvimento de dependência. O Itamaraty mantém um programa dirigi- do a diplomatas que abusam do álcool. Médicos são também grandes vítimas da doença. A proximidade constante da morte e a exigência de auto- controle convidam para um drinque. “Os programas de prevenção que podem efeti- vamente apresentar resulta- dos são aqueles que primei- ro vão estudar, com participação de especialistas e dos próprios funcionários, as condições do ambiente de trabalho e as relações que ele proporcio- na”, alerta a professora Edith. “A partir daí, identifica-se como surge o risco. O segun- do passo é desenvolver as transformações dos aspectos nocivos do trabalho.” Para isso, a empresa também precisa empreen- der um esforço semelhante ao do depen- dente: admitir que tem problemas. “Levei um choque e decidi me tratar” Antônio Ribeiro Santos tem 52 anos e, hoje, considera-se um vencedor. “Eu gosto de viver intensamente...” Chefe do serviço do departamento de trânsito da prefeitura de Diadema (SP), Antônio conseguiu comprar uma casa para viver com os pais. Foi uma conquista para quem chegou a morar em um porão e até mesmo a dormir no local de trabalho após se separar da mulher. Antônio bebia quando acordava. Bebia no almoço. Antes de chegar em casa. Antes de dormir... Perdeu o controle e três empregos. “Fiquei displicente, chegava ao trabalho com ressaca... Em um deles eu analisava projetos, mandava execu- tar e dava problema por- que eu não tinha racioci- nado direito. Depois que me separei, fui chamado na escola do meu filho porque ele estava com problemas. Perguntei para a psicóloga qual era o problema dele e ela disse que era eu. Levei um choque e decidi me tratar. Estou sem beber há 15 anos. No começo foi muito difícil; hoje me acho importante. Vou em festa e me policio diariamente. Parei de beber com ajuda de terapia e não precisei tomar medicamen- to.” Antônio pode não ter decifrado os motivos da dependência, mas o conforto dos amigos e o sorriso dos filhos foram bons motivos para se livrar dela. Texto de Krishma Carreira disponibilizado pela Agência Carta Maior (…) fui chamado na escola do meu filho porque ele estava com problemas. Perguntei para a psicóloga qual era o problema dele e ela disse que era eu. Levei um choque e deci- di me tratar. estou sem beber há 15 anos. 28•CA08T28P3.qxd 14.12.06 19:54 Page 62
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