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Guias e Dicas
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Manejo de pastagens, Notas de estudo de zootecnia

arquivo em doc de principais tecnicas de manejo de pastagem

Tipologia: Notas de estudo

2010

À venda por 07/11/2010

luiza_elvira
luiza_elvira 🇧🇷

4.7

(15)

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Baixe Manejo de pastagens e outras Notas de estudo em PDF para zootecnia, somente na Docsity! MANEJO DE PASTAGENS (Gardner & Alvim, 1985; Cândido, 2003; Silva, 2004) O manejo das pastagens é um conjunto de técnicas utilizadas para maximizar biologicamente e/ou economicamente no longo prazo, a obtenção de produtos advindos de animais domésticos em pastejo. Objetivos do manejo de pastagens O manejo de pastagens enseja a maximização do lucro do produtor, evitar riscos e estresses desnecessários aos animais e manter o equilíbrio do ecossistema. Fatores a serem controlados pelo manejador de pastagens Dentre os fatores a serem controlados pelo manejador de pastagens, citam-se como principais: produção e qualidade dos pastos; métodos de pastejo; consumo de forragem pelo animal; pressão de pastejo; ganho por animal e ganho por área; alimentação suplementar. Produção e qualidade dos pastos Efeito da planta Embora do ponto de vista da planta seja interessante o maior tempo de rebrotação para aumentar a massa de forragem numa dada área, do ponto de vista do animal há um limite para que o equilíbrio entre produção e qualidade do pasto torne-se desfavorável. Isso porque em idades avançadas da forrageira, ocorre redução no teor de conteúdo celular (proteínas, carboidratos solúveis etc.) e elevação no teor dos carboidratos estruturais (FDN, FDA, hemicelulose, celulose, lignina) de cada célula da planta, independentemente do órgão. Além disso, ocorre um acentuado desenvolvimento do colmo com o avançar da idade da planta e a redução no valor nutritivo do colmo, principalmente das plantas C4, é bem mais acentuada, devido à intensa lignificação dos tecidos que compõem o anel esclerenquimático (dão sustentação aos perfilhos de maior tamanho). Essa diferenciação entre colmo e folha é ainda mais acentuada dentro das plantas C4 nas gramíneas de crescimento cespitoso (capim Elefante, capim Andropógon, gramíneas do gênero Panicum), em que há a necessidade estruturas de sustentação mais rígidas para manter as plantas com o porte ereto, em relação às estoloníferas (gramíneas do gênero Cynodon) e às de hábito decumbente (gramíneas do gênero Brachiaria). Esse aspecto torna-se mais grave no caso das pastagens, pois plantas forrageiras colhidas mecanicamente passam por um processamento (redução no tamanho das partículas) que auxiliam os processos mastigatórios e digestórios do ruminante. Por outro lado, a estrutura do pasto, no qual o próprio ruminante exercerá o papel de colhedor da forragem, é negativamente afetada com o prolongamento excessivo do período de descanso (idade de rebrotação), ocorrendo elevação da altura do dossel, alongamento dos entrenós, redução na massa de folhas, elevação na massa de colmos e de material morto e reduções nas relações material vivo/material morto e folha/colmo (Figura 3.1), demandando do animal em pastejo maior número de movimentos manipulatórios para apreender a forragem, provocando redução na taxa de ingestão diária de forragem. Ainda que a elevação na massa seca de forragem verde possa elevar a taxa de lotação na área, quando corrigido para massa seca de lâminas foliares secas isso torna- se nulo a partir do momento em que a primeira folha produzida na rebrotação morre, o que ocorre por volta dos 35 dias no caso do capim Mombaça pastejado por novilhos (Cândido, 2003), mas ocorre mais rapidamente no caso do pastejo por ovinos (Silva, 2004). Ademais, além da redução na capacidade de suporte com o prolongamento demasiado do PD, antes desse momento, já ocorre grande redução no rendimento de produto animal por área, pelo comprometimento do desempenho individual do animal (Tabela 3.1). Fig ura 3.1 - Vari açã o na altu ra do past o (qua ntid ade) e na rela O pastejo sob lotação contínua é caracterizado pela presença contínua e irrestrita de animais em uma área específica durante o ano ou estação de pastejo. Normalmente é utilizado em pastagens nativas ou naturais onde se obtém menores taxas de produção, destacando-se entretanto que o mesmo pode ser em muitos casos intensificado, assim como o é o pastejo sob lotação rotativa. Outro aspecto a destacar é que dificilmente ocorre uma lotação plenamente contínua, pois os animais devem ser separados em categorias (idade, sexo, espécies e etc) e vez por outra são necessários ajustes da pressão de pastejo, ora trazendo animais de outras áreas, ora utilizando pastagens de reserva. Ressalta-se ainda que dificilmente um sistema de pastejo utiliza exclusivamente o método de pastejo sob lotação contínua. Na verdade, mesmos em áreas de pastagem natural, são feitas subdivisões estratégicas, com o objetivo de otimizar a utilização da forragem presente em cada uma das “mangas” da pastagem. Lotação rotativa A lotação rotativa é caracterizada pela subdivisão das pastagens e utilização de cada piquete por um tempo limitado (período de pastejo), seguido de um período de descanso. A lotação rotativa é mais apropriada quando do uso de gramíneas cultivadas de alta produção, como as dos gêneros Panicum (cv. Mombaça, Tanzânia, Aruana, Massai) e Cynodon (cv. Coast-cross, Tifton 85), mas para o seu sucesso também deve se associar uso da adubação e da irrigação na época da seca. Para o manejo correto da adubação em níveis intensivos, porém eficientes, é fundamental o monitoramento da fertilidade do solo, por meio de análises periódicas. Para o sucesso do manejo intensivo de uma pastagem sob lotação rotativa, também deve-se observar a correta definição do período de descanso, conforme já mencionado e do período de pastejo (PP). No caso dos bovinos, o PP pode se estender até sete dias, porém, no caso dos ovinos, em razão do seu pastejo mais baixo e mais seletivo e para reduzir a reinfestação com ovos de helmintos eliminados nas fezes, o PP não deve exceder cinco dias, sendo preferível até três dias. Dentre as modalidades de pastejo sob lotação rotativa, eis as principais: lotação rotativa convencional, pastejo em faixas, pastejo primeiro-último, creep-grazing e pastejo diferido. Lotação rotativa convencional É o método de lotação rotativa mais simples. Utiliza-se apenas um grupo de animais em pastejo durante toda a estação de crescimento, com a pastagem dividida em piquetes suficientes para sua utilização a cada ciclo de pastejo. Pastejo em faixas Quando se trabalha com vacas de leite, é interessante, quando possível, realizar o pastejo em faixas, que consiste na redução do período de pastejo para apenas um dia, garantindo assim uma uniformidade na produção diária de leite, já que a qualidade da dieta ingerida pelas vacas em lactação não variará de um dia para o outro. Pastejo primeiro-último Utilizado quando o produtor possui categorias diferentes de animais e deseja oferecer a elas dentro de uma mesma área sob lotação rotativa, dietas mais adequadas às suas exigências específicas. Assim, por exemplo, as vacas em lactação, de maior exigência nutricional, iriam na frente das vacas secas. No caso de se adotar o pastejo primeiro-último, o período de tempo que cada grupo passa num piquete chama-se período de permanência, já o tempo total de pastejo de todos os grupos em cada piquete chama-se período de ocupação (igual à soma dos períodos de permanência de todos os grupos de animais utilizados). Creep-grazing Similar ao primeiro-último, com a diferença que a categoria de animais que vai como primeiro grupo são os bezerros e o segundo grupo consiste nas suas mães. Assim os bezerros, ainda em aleitamento, têm o desenvolvimento do seu trato gastro-intestinal acelerado pelo consumo de uma dieta sólida de alta qualidade, os ápices das lâminas foliares de piquetes em descanso. Pastejo diferido Ocorre quando algum piquete na lotação rotativa ao final da estação das chuvas é “vedado” para sua posterior utilização na época da seca e ainda permitir a revigoração e ressemeio natural dos campos. Também é chamado erroneamente de feno-em-pé. Erroneamente porque, na medida em que a planta permanece viva, não é cortada, irá respirar e “consumir” todas as substâncias presentes no conteúdo celular, restando durante a estação seca basicamente parede celular. Assim, a única semelhança com um feno é o fato do material estar seco, mas o feno conserva o valor nutritivo da planta original, enquanto o pasto diferido não. Esta prática deve ser aplicada de forma alternada nas áreas de pastagens, com intervalos de alguns anos. Esse manejo, evidentemente, pode resultar em perdas de qualidade da forragem diferida. GARDNER e ALVIM (1985) consideram entretanto que este fato pode ser desprezado, se for considerado que a maioria das propriedades possui categorias de animais que em determinadas épocas do ano, precisam ser mantidas a baixo custo. RODRIGUES e REIS (1997) cita como vantagem do pastejo diferido o fato de dispensar investimento em máquinas utilizadas na conservação de forragem. Já CORSI (1976) e MARASCHIN (1986) salientam que a eficiência do pastejo diferido está estreitamente associada com a qualidade que a planta forrageira, na área diferida, teria na ocasião de ser consumida. Fica evidente que o aspecto bio-econômico do método de pastejo diferido não é muito claro. Segundo GARDNER e ALVIM (1985) o êxito do método de pastejo diferido depende muito da lotação animal, do clima e duração do período de restrição alimentar. Atualmente, a utilização de suplementos múltiplos na alimentação dos animais durante a seca tem tornado o diferimento bastante popular entre os criadores, uma vez que o uso desses suplementos melhora o aproveitamento da forragem diferida pelo ruminante em pastejo. Costa et al. (1998) avaliou as características do pasto de capim Elefante-anão em função da época de diferimento e da época de utilização, em Porto Velho-RO (Tabela 3.2). Os valores obtidos sugerem que o pasto diferido em fevereiro deve ser utilizado em junho, aquele diferido em março deve ser utilizado entre julho e agosto e aquele diferido em abril deve ser utilizado entre agosto e setembro. Lotação contínua x lotação rotativa Existem grandes divergências sobre qual método de pastejo utilizar. Embora a literatura seja rica em informações, os resultados são contraditórios (MANNETJE et al 1976; MORLEY, 1981; BLASER, 1982; THOMAS e ROCHA,1985; MARASCHIN, 1994; RODRIGUES e REIS,1997). Tabela 3.2 - Características do pasto de capim Elefante-Anão em função da época de diferimento e da época de utilização, em Porto Velho-RO, na média de 4 anos para elevação do custo de produção, principalmente se forem utilizadas as espécies caprina e ovina, que exigem cercas mais elaboradas. Por outro lado, em áreas mais próximas do litoral, onde as condições de pluviosidade são mais favoráveis (maior número de meses com chuvas, às vezes até seis meses) ou em áreas mesmo de semi- árido, porém com potencial para irrigação, então há a possibilidade de se tirar proveito da grande vantagem da lotação rotativa, que é se trabalhar com elevadas taxas de lotação, obtendo-se maior produtividade animal por área. Condições básicas para o uso da lotação rotativa O uso do método de lotação rotativa implica em intensificação do sistema de produção. Desta forma fica claro que deve haver condições naturais ou artificiais para se intensificar a produção de forragem. O produtor que optar por este método em sua propriedade deve entender que para intensificar a produção algumas condições devem ser atendidas. A seguir comentaremos os principais pontos a serem observados pelos produtores na implantação de um sistema de produção de ovinos sob lotação rotativa. Precipitação pluviométrica Para se adotar o método de lotação rotativa, a região deve apresentar precipitação pluvial bem distribuída e em quantidade que permita o uso das pastagens em pelo menos cinco meses do ano. Caso não haja tais condições climáticas deve se avaliar a possibilidade do uso da irrigação. É importante que o produtor assuma que havendo baixa produção de forragem e principalmente produção descontínua não haverá produção animal suficiente para pagar os custos de implantação do sistema que é relativamente alto (construção de cercas). Fertilidade dos solos Como o uso da lotação rotativa se baseia em altas taxas de lotação animal, obviamente que deverá ocorrer altas produções de forragem e obviamente grande remoção de nutrientes, mesmo considerando a reposição oriunda das fezes, urina e pasto não consumido. Sendo assim, ao instalar tais sistemas, a análise do solo pré- implantação é obrigatória para que se inicie o sistema em pastagens com altas produções. Após a implantação do sistema o acompanhamento da fertilidade do solo deve ser constante, sendo aconselhado pelo menos uma análise de solo por ano em sistemas que utilizam as pastagens apenas durante o período chuvoso e duas análises para sistemas que utilizam as pastagens irrigadas e durante todo ano. Dentre as várias práticas utilizadas e indispensáveis para manejar corretamente uma pastagem, o acompanhamento da fertilidade dos solos via análise físico-química é das que apresentam maior relação custo-benefício. O uso incorreto da adubação por falta de informações causa prejuízos que dariam para pagar análises de solo por vários anos seguidos. Vale ressaltar que a lotação rotativa implica em uso de adubação em doses muito mais elevadas que o uso convencional. O uso desse sistema sem a correta adubação só leva a um resultado: prejuízo. Qualidade dos animais O uso intensivo das pastagens não implica em uso de animais de alta linhagem genética. Há que se entender entretanto que tal sistema não se sustenta se for utilizado com animais oriundos de criações onde não se adota um bom manejo sanitário. Os animais utilizados nesse sistema devem estar em plenas condições de responder à boa condição nutricional a que são submetidos. É necessário que o produtor, ao adotar o manejo intensivo das pastagens abandone o hábito de analisar a sua propriedade pelo número de animais possui e passe a trabalhar com produtividade por hectare, desfrute e etc. Devem ser abandonados alguns conceitos antigos como o que relaciona alta produção com grandes extensões de terra. O produtor, adotando esse sistema deve priorizar a saúde dos animais para que haja respostas às boas condições nutricionais a que são submetidos. Um número menor de animais, bem alimentados, em boas condições sanitários e ambientais podem são mais rentáveis que um grande número em condições precárias. Além disso, na impossibilidade de se colocar todo o rebanho utilizando pastagens sob lotação rotativa, esse método de pastejo, por ser de mais alto custo, deve ser direcionado prioritariamente para os animais que estão em produção, como as vacas/cabras em lactação e/ou os novilhos/ovinos em engorda/terminação. O uso da lotação rotativa, principalmente para ovinos, implica na necessidade de se priorizar o ganho por área, vez que a adoção de baixas taxas de lotação além de reduzir a vantagem da lotação rotativa face à contínua, conforme já comentado, favorece à seletividade do animal. Isso é ainda mais grave no caso dos ovinos, que chegam a eleger áreas de pastejo dentro do piquete e renegar outras, que ficam acumulando forragem madura, reduzindo a eficiência de uso da adubação e da forragem produzida e obrigando o produtor a intervir no sistema com a prática da roçada dessa vegetação rejeitada. Uso de gramíneas produtivas Num sistema de lotação rotativa intensiva deve se ter em mente que todas as exigências da gramínea devem ser atendidas. Assim sendo o produtor deve, preferencialmente excluir desse sistema alguns espécies que se adaptam bem às condições de sequeiro e que apresentem baixa produtividade. Dois exemplos que podemos citar são os capins buffel (Cenchrus ciliaris) e o corrente (Urochloa mosambisensis), os quais são excelentes para se formar pastagens em regiões semi- áridas porém não apresentam produção compatível com sistemas intensivos e irrigados. A seguir citaremos de forma sucinta algumas características que as gramíneas devem apresentar para serem utilizadas sob lotação rotativa intensiva. 1- Quando se está trabalhando com ovinos, em função de diminuir a infestação de helmintos, deve-se na medida do possível utilizar gramíneas cespitosas (touceiras). O uso de gramíneas cespitosas permite uma maior insolação e favorecem a inativação de larvas seja pela dessecação das larvas e ovos dos helmintos, seja pela dessecação das larvas pela diminuição da umidade pela ação da radiação ultravioleta (CUNHA et al 2000). 2- A gramínea deve apresentar porte de médio a baixo que permitem maior acesso dos ovinos à forragem. Gramíneas de porte alto poderão, eventualmente, serem utilizadas, porém há riscos de ocorrer áreas com macega de altura elevada, levando à necessidade de constantes roços de uniformização. Esse problema é menos grave quando se trabalha com bovinos, podendo se utilizar gramíneas de maior porte, como o capim Mombaça e o Elefante. 3-A gramínea deve responder eficientemente à adubação, uma vez que nesse sistema se preconiza uso de altas doses de adubo químico. 4- A gramínea deve apresentar facilidade de propagação. Normalmente gramíneas que se propagam vegetativamente (por mudas) apresentam custo de implantação mais elevado que aquelas que se propagam por sementes. Há que se destacar ainda que o helmintos, porém como o período de descanso é curto (25-35 dias) não há tempo suficiente para que haja eliminação das larvas infestantes. CUNHA et al (2000) alertaram que o período de ocupação não deveria ser superior a 5 dias para que se minimize a exposição dos animais às larvas infestantes (L3) eclodidas naquele mesmo ciclo de pastejo (auto-infestação). Segundo os autores, quando a população de larvas infestantes é significativa os animais já estão em outros piquetes. Há quem sugira a entrada dos animais nos piquetes apenas após a secagem do orvalho, pois nesse momento as larvas infestantes migram para as partes mais baixas do relvado procurando melhores condições ambientais e os animais sofreriam menores infestações. Essa prática precisa ser melhor avaliada na região nordeste pois em função da alta radiação solar e temperatura predominantes pode haver comprometimento do consumo de forragem pelos animais em função do desconforto ambiental nas horas mais quentes do dia. Quanto ao uso de anti-helmínticos, não há na literatura um roteiro para controle de verminose de ovinos criados sob lotação rotativa intensiva na região nordeste. No Núcleo de Pesquisa em Forragicultura da Universidade Federal do Ceará, tem se adotado o exame periódico de fezes do rebanho (amostras coletadas em 10 a 20% do rebanho) e o uso desse tipo de medicamento quando o nível de OPGs (ovos por grama) ultrapassa 800 (Pereira, 1976). Esse método tem permitido intervalo entre vermifugações de até 120 dias. No futuro, mais pesquisas precisam ser implementadas para se elaborar um bom roteiro para controle de verminose nesses sistemas. Princípios de manejo da irrigação em pastagens sob lotação rotativa A lotação rotativa alcança seu maior potencial de resposta quando utilizando gramíneas de alta produção em regiões semi-áridas com possibilidade de irrigação. Ainda assim, para se tirar o máximo proveito do sistema, alguns aspectos devem ser ressaltados. No tocante à época adequada para irrigar pastagens, embora a irrigação de pastagens seja usada mais intensamente na época seca, deve-se considerar que havendo veranicos durante a época das chuvas, a irrigação pode ser usada para evitar queda na produção de forragem por deficiência hídrica. Em termos de redução de custos da irrigação, o primeiro aspecto a considerar é a aquisição do material. A idéia de procurar materiais mais baratos nem sempre é bem- sucedida, vez que tais equipamentos, principalmente aqueles que ficam enterrados, como “Ts” e tubulações, no caso dos sistemas fixos, apresentarão um custo de substituição muito elevado, já que o sistema radicular das gramíneas concentra-se nos primeiros 20 cm do solo. Aspersores de má qualidade, embora não tenham grande dificuldade de substituição, trarão redução na eficiência de aplicação da água. Quando do uso da irrigação em pastagens que ocupam menores áreas, pode-se utilizar a irrigação por aspersão de baixa pressão. Esta consiste em se trabalhar com uma pressão no aspersor mais distante da bomba menor ou igual a 20 metros de coluna d’água (MCA). Por meio dessa técnica, é possível trabalhar com uma bomba de menor potência, o que reduz os custos com energia elétrica. Associado a isto, pode-se utilizar a irrigação setorizada, desde que o número de setores a serem irrigados não seja superior ao turno de rega, que é o número de dias necessário para irrigar novamente uma mesma área. No que se refere ao turno de rega, é importante ainda considerar a possibilidade deste ser maior que o período de pastejo em cada piquete, pois assim há a possibilidade de evitar a irrigação em piquetes sob pastejo, o que pode comprometer a taxa de ingestão diária de forragem pelos ruminantes, principalmente ovinos e caprinos. Para diminuir o risco de entupimento das tubulações, deve-se usar água de boa qualidade e acoplar uma tela na válvula de pé. Mesmo assim, após algum tempo de uso da irrigação (meses ou anos), pode ocorrer entupimento e redução da pressão na saída da bomba e/ou no aspersor mais distante desta. Tal controle pode ser feito acoplando-se em cada um desses dois pontos um manômetro para medir a pressão da água. Caso haja redução substancial na pressão dos aspersores, deve-se proceder à limpeza da tubulação. Para isto, é importante que no final da linha principal, haja uma válvula de limpeza, a qual será aberta, tendo todas as posições de aspersores fechadas, fazendo-se a limpeza das tubulações. Em seguida, pode ser colocado um número de aspersores inferior ao normalmente utilizado para aumentar a pressão em cada um deles e forçar a sua limpeza. Em ambos os casos, faz-se necessário utilizar uma substância ligeiramente corrosiva injetada na bomba, para percorrer toda a tubulação. Outro aspecto importante diz respeito à eficiência da irrigação, o que se torna ainda mais relevante em se tratando do Semi-árido, onde a água é um bem ainda mais valioso. Este problema se agrava quando se trata de irrigação de pastagens, em que a aspersão convencional ainda é o método mais eficiente e viável economicamente, porém de menor eficiência que a microaspersão, comumente utilizada em fruteiras. Para elevar a eficiência de aplicação da água de irrigação, deve-se evitar fazê-lo nas horas mais quentes do dia, em que a velocidade do vento causa muito efeito de “deriva”. A irrigação noturna seria o mais adequado, inclusive trazendo o benefício de redução nos custos de produção, pois a tarifa de energia noturna é inferior à diurna. Avaliações periódicas da eficiência de irrigação também podem ser efetuadas por técnicos especializados Dimensionamento de um módulo sob lotação rotativa O dimensionamento de um módulo para uso sob lotação rotativa depende de várias situações existentes na propriedade. O primeiro ponto a ser discutido é relacionado à gramínea existente ou a ser implantada. Gramíneas cespitosas(touceiras) normalmente expõe os pontos de crescimento e sofrem mais com a desfolhação feita pelos animais. Para essas espécies é necessário um maior período de descanso para retornar com os animais. Normalmente o período de descanso está em torno de 27 a 35 dias, quando em pastejo por bovinos. Se pastejadas por ovinos ou caprinos, o período de descanso terá que ser menor. Já as gramíneas estoloníferas, as quais se enraízam a partir do contato do caule com o solo, expõem menos os pontos de crescimento e sofrem menos com o pastejo, se recuperando mais rapidamente após a saída dos animais. Para essas espécies um período de descanso de 20 a 28 dias é suficiente para que os animais possam retornar aos piquetes. O período de descanso também é função da espécie animal que se está explorando, devido ao efeito distinto que cada uma com seu hábito de forrageamento apresenta sobre o pasto. Ovinos, por pastejarem mais próximo do solo induzem um hábito mais prostrado de crescimento da planta, mesmo nas estoloníferas (plasticidade fenotípica). Ao contrário, os bovinos por pastejarem mais alto, não provocam alteração tão grande no hábito de crescimento da planta (a não ser que a pressão de pastejo seja muito elevada). Assim, as plantas mais prostradas, causarão maior atenuação da RFA transmitida ao longo das camadas do dossel, elevando o sombreamento mútuo e reduzindo o tempo de vida das novas folhas produzidas. Portanto, para uma mesma espécie ou cultivar forrageira, quando pastejada por ovinos, deverá respeitar um período de descanso menor que quando pastejada por bovinos. Na Tabela 3.3, podem ser observados períodos de descanso indicados para algumas espécies forrageiras. Chama-se a atenção para o fato de tais informações terem sido geradas em outras regiões, com clima normalmente menos favorável ao crescimento das plantas forrageiras que no Nordeste Brasileiro. Na falta de uma Quanto ao período de ocupação (tempo total em que o piquete é ocupado = soma dos períodos de permanência), não se recomenda mais que 7 dias pois a partir daí os animais poderão colher as rebrotações oriundas dos perfilhos pastejados no primeiro dia de utilização do piquete. O uso de 1 dia de ocupação deve ser adotado apenas por produtores que dominem bastante o manejo das pastagens pois o curto período de ocupação torna difícil o ajuste no sistema. Por onerar mais o custo de produção, devido ao grande número de subdivisões, a utilização do pastejo em faixa (um dia de pastejo em cada piquete) só é recomendada para sistemas de produção que requerem uma grande uniformidade na produção animal de um dia para o outro, como é o caso de alguns sistemas de produção de leite que trabalham com quotas de leite negociadas previamente. Por outro lado, piquetes sob lotação rotativa por ovinos ou caprinos não deverão ter período de ocupação maior que cinco dias (ideal é três dias), pois esses animais são mais seletivos e podem consumir rebrotações a partir do sexto dia. Agora, como segundo exemplo, considere uma pastagem de capim Tanzânia (PD = 30 dias e PPe = 5 dias), pastejada por vacas em lactação e por vacas secas, em método de pastejo primeiro-último. O número de piquetes será: N = (30 dias/5 dias) + 2 = 8 piquetes. A fim de não ter que refazer as subdivisões da pastagem, o que aumentaria os custos com material e mão-de-obra, o produtor pode tentar equacionar esse novo manejo mudando o PD e o PPe, sem alterar o número de piquetes: EXEMPLOS: considerando a divisão do rebanho em 2 grupos (pastejo primeiro- último) N= (PD/PPe) + n F 0F 0 8 = (PD/PPe) + 2 PD/PP = 6 Opções: PD = 30 dias e Per. Perman. = 5 dias PD = 36 dias e Per. Perman. = 6 dias PD = 24 dias e Per. Perman. = 4 dias Embora tenham sido encontradas três soluções matemáticas para a questão, não há nenhuma solução biológica adequada. Isto porque, conforme comentado anteriormente, um pasto sob lotação rotativa não deve ser utilizado por mais que sete dias quando por bovinos e por mais que cinco dias quando por caprinos ou ovinos. Nesses três casos, o período de ocupação (soma dos períodos de permanência) seria de, no mínimo 8 dias (terceiro caso). Portanto, para ter essa possibilidade de alterar o número de grupos de animais sem alterar as cercas, há a necessidade de se fazer pelo menos nove subdivisões na pastagem. Por exemplo: N = (24 dias/3 dias) + 1 = 9 piquetes. Considerando a divisão do rebanho em 2 grupos (pastejo primeiro-último) N= (PD/PPe) + n F 0D E 9 = (PD/PPe) + 2 PD/PPe = 7 Única opção biologicamente adequada: PD = 21 dias e Per. Perman. = 3 dias (o que significa um período de ocupação igual a seis dias, o que é aceitável quando se trabalha com bovinos). Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a taxa de lotação instantânea ou densidade de lotação, quando se utiliza apenas um dia de ocupação. Se pensarmos numa pastagem de capim gramão (Cynodon dactylon) de 1 hectare onde se utiliza 1 dia de ocupação de 29 dias de descanso, teríamos, segundo a fórmula acima 30 piquetes. Cada piquete terá uma área de 333,3 m2. Se utilizarmos a área com borregos desmamados na lotação de 80 animais por hectare, cada animal terá disponibilidade de apenas 4,16 m2 por dia. Essa pequena disponibilidade de área por animal, associada com o sentido gregário dos ovinos poderá levar a um intenso acamamento da forragem por pisoteio. Vale lembrar ainda que quanto maior o número de piquetes, maior o gasto com cercas divisórias. No item cercas, o produtor deve entender que pelo caráter intensivo desse sistema de exploração das pastagens, não se concebe mais o uso de cercas com arame farpado. Além do alto custo, os estragos que esse tipo de cerca, causa à pele dos animais, torna o uso dessa modalidade de cerca inviável. Atualmente recomenda-se o uso cercas elétricas para bovinos leiteiros ou cerca elétrica ou tela campestre para ovinos e caprinos. A escolha entre as duas últimas para ovinos e caprinos depende de particularidades de cada propriedade. A tela campestre embora apresente custos de implantação mais elevados tem a vantagem de não necessitar de manutenção constante. Já no caso da cerca elétrica, o custo de implantação é baixo, porém há necessidade de limpeza periódica para se evitar que partes das plantas entrem em contato com a cerca e provoquem perdas de corrente. Em propriedades onde não há energia elétrico o uso de placas de energia solar tem sido feito com sucesso. Consumo de forragem O consumo de forragem pelo animal em pastejo é um importante fator a ser controlado pelo manejador, pois está diretamente ligado tanto à resposta da pastagem e sua persistência como à resposta do animal e seu desempenho e produtividade. De modo geral, o que se busca é maximizar o consumo por área, a fim de garantir a maior eficiência de utilização da forragem, pois toda a biomassa produzida e não consumida será perdida por senescência (embora seja reciclada no solo no longo prazo). Inicialmente é importante considerar os fatores que afetam o consumo de forragem, tanto por animais estabulados como por animais em pastejo. Fatores que afetam o consumo de forragem em animais estabulados O consumo de forragem é função da facilidade de fragmentação dessa forragem até tamanho menor ou igual a 1,0 mm, a fim de que possa passar pelo orifício retículo- omasal. Por sua vez, a redução no tamanho das partículas será obtida através dos movimentos de mastigação e ruminação, sendo que quanto pior for a qualidade da forragem, maior será o número de movimentos mastigatórios e ruminatórios que o animal terá que fazer para digerir um bolo alimentar. Os fatores que afetam o consumo foram revisados por Minson (1990). Entre eles, há diferenças entre espécies de plantas forrageiras, onde as leguminosas por terem menor teor de carboidratos estruturais e tecidos foliares mais frouxamente arranjados, apresentam menor resistência à fragmentação que as gramíneas, favorecendo assim a redução mais rápida no tamanho das partículas que chegam ao rúmen, aumentando a taxa de passagem do alimento e esvaziando esse compartimento do pré-estômago mais rápido, o que favorece um novo ato de consumo de forragem pelo animal. Por outro lado, as espécies de clima temperado são melhor consumidas pelo animal que as de clima troptical. Isso porque apresentam menor teor de carboidratos estruturais e maior digestibilidade, o que reduz o tempo de residência do minerais) e pela presença dos compostos anti-nutricionais, que podem afetar negativamente a biodisponibilidade dos nutrientes contidos na forragem. Tabela 3.6 – Taxa de bocados (boc/min) de ovinos em pastagem de capim Tanzânia (Panicum maximum) sob diferentes períodos de descanso (PD) e ao longo de cinco intervalos de avaliação no terceiro dia do período de pastejo em cada piquete Período de descanso Horário (h) (novas folhas/perfilho) 5-8 8-11 11-14 14-17 17-18 Média 1,5 32 Ab 31Ab 42 Aa 37 Aab 33 Ab 35 2,5 30 Aa 34 Aa 29 Ba 34 Aa 32 Aa 32 3,5 23 Bc 30 Aab 32 Ba 25 Bbc 28 Aabc 28 Média 28 32 34 32 31 Médias na mesma coluna seguidas de letras maiúsculas distintas diferem (P<0,05) entre si, pelo teste de Tukey; Médias na mesma linha seguidas de letras minúsculas distintas diferem (P<0,05) entre si, pelo teste de Tukey; Fonte: Silva (2004). Figura 3.6 - Relações entre o consumo de forragem e as características quanti- qualitativas do pasto (Poppi et al., 1987). Consumo de forragem para mantença e para produção Um dos principais aspectos que o produtor deve entender é o quanto de forragem consumida pelo animal que é direcionada para suprir as exigências de mantença e aquela que é dirigida para produção (leite, carne e lã). Para a exigência de mantença vai maior parte do alimento consumido pelos animais e portanto devemos procurar otimizar a produção pois quanto menor for a quantidade de forragem oferecida, acima do atendimento de mantença, maior será o consumo de alimento para cada quilograma de leite, carne ou lã produzidos e menor será a lucratividade da atividade pecuária. Este fato é melhor entendido observando se a Figura 3.2, onde fica demonstrado claramente que só haverá produção animal a partir do ponto onde o consumo de forragem supera as exigências de mantença. Devido à subalimentação, entre os pontos “A” e “B” ocorre perda de peso. Aumentando o consumo de forragem a produção passa a ser positiva, o que se verifica a partir do ponto “B”. Uma vaca em lactação pode produzir leite, mesmo perdendo peso, porém, essa filosofia não deveria ser adotada. Figura 3.2 - Relação entre consumo de forragem e produção animal. Entre os pontos A e B, o consumo não atende nem mesmo as exigências de mantença do animal. Somente a partir de B é que o consumo passa a ser convertido em produto animal (GARDNER e ALVIM, 1985). Na Figura 3.3, tem-se outra forma de representar a associação entre consumo e produto animal. No caso “A”, 20% do consumo total dirigiu-se para a produção e no caso “B”, a porcentagem foi de 33%. Verifica-se que com apenas 13% de aumento no consumo, houve uma elevação de 100% na produção, o que caracteriza uma relação positiva entre o nível de consumo e o nível de produção. Este fato tem uma importante influência sobre a eficiência de utilização da alimentação sobre a vida do animal. Para animais de corte, há outra forma de representar a relação entre consumo de forragem e produto animal (Figura 3.4). Existem duas taxas de crescimento: “A – B” e “A – D”. O animal de crescimento mais rápido (“A – B”) foi abatido antes do animal que teve crescimento mais lento (“A – D”). Uma indicação da quantidade de forragem consumida, em cada caso, pode ser obtida comparando as áreas “A – B - C” e “A – D – E”. Logicamente, o animal com ganho de peso mais rápido consumiu menos forragem e permitiu seu desfrute antes daquele que teve um crescimento mais lento e consumindo mais forragem. Figura 3.3 - Relação entre consumo de forragem e produção animal (Spedding, 1963). Figura 3.4 - Relação entre forragem consumida e idade ao abate (Spedding, 1963). Na Tabela 3.5, pode-se observar mais claramente este fato. Nota-se que para um novilho ser recriado (de 150 a 450Kg de peso vivo) podem ser gastos 1903 Kg de matéria seca e 224 Kg de proteina durante 273 dias se o animal estiver ganhando 1,10 Kg/dia ou 7320 Kg de matéria seca e 652 Kg de proteína durante 1200 dias, se o mesmo animal estiver ganhando 0,25 Kg/dia. Analisando este fato, alguns pontos devem ser destacados: Se considerarmos o teor de matéria seca do capim como 20%, podemos concluir que um animal ganhando 1,10Kg/dia precisa ingerir 31,7 Kg de forragem para ganhar
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