Perspectivas do Cultivo de Pinhão Manso em Comunidades Assentadas no Município de Zé Doca, Notas de estudo de Análise de Sistemas de Engenharia

Baixe Perspectivas do Cultivo de Pinhão Manso em Comunidades Assentadas no Município de Zé Doca e outras Notas de estudo em PDF para Análise de Sistemas de Engenharia, somente na Docsity! PERSPECTIVAS DO CULTIVO DE PINHÃO MANSO EM COMUNIDADES ASSENTADAS Taffarel M. ROCHA1; Hanna M. G. SILVA2; José C. M. LIMA3; Regiglaúcia R. OLIVEIRA4; Profª. Drª. Adriana B. ARAÚJO5 (1-5) Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia -Campus Zé Doca- Rua da Tecnologia, 215, Vila Amorim, Zé Doca- MA - CEP: 65365-000 Fone: (098) 3655 3065, (1) e-mail: taffarelmr@yahoo.com.br (2) hannamgs@yahoo.com.br (3) josecaciomlima@yahoo.com.br (4) glaucinha37@hotmail.com (5) adriarau@yahoo.com.br RESUMO O Brasil entrou de vez na era da produção de combustíveis alternativos, apresentando rápida mudança no perfil da sua matriz energética. O biodiesel como uma dessas alternativas, tem se apresentado com resultados positivos no âmbito social, econômico e ambiental. Dentre as matérias- primas para a produção de Biodiesel, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) desponta como grande potencial pela rusticidade, produtividade, por se prestar de forma completa para a agricultura familiar e não se tratar de uma cultura alimentar. Uma região ideal para o cultivo do pinhão manso é o nordeste brasileiro, pelo fato de ser perene e de se adaptar muito bem em regiões semi-áridas. O município de Zé Doca, localizado a oeste maranhense com cerca de 46.290 hab.(IBGE/2008), se mostra como uma opção bastante promissora, devido a ter além das características acima mencionadas, também possuir um histórico voltado para a agricultura familiar, retendo em seu território uma das maiores áreas de assentamentos agrários da região, onde atualmente corresponde a cerca de 19,5% dos assentamentos do INCRA no estado. Diante do exposto o trabalho tem o objetivo preliminar de realizar uma pesquisa de campo para analisar a atual realidade destas comunidades assentadas e sua relação com o uso das terras, para em seguida propor o pinhão manso como alternativa de plantio, buscando a viabilidade desse cultivo na região e uma alternativa para gerar um aumento na renda familiar desses agricultores. Palavras-chave: pinhão-manso, agricultura familiar, biodiesel 1. INTRODUÇÃO O Brasil entrou de vez na era da produção de combustíveis alternativos, apresentando rápida mudança no perfil da sua matriz energética. A iniciativa mais recente no sentido de buscar uma fonte alternativa de energia foi à criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. Os benefícios ambientais gerados são referentes a redução da poluição do ar, as mudanças climáticas, dos derramamentos de óleo e a geração de resíduos tóxicos, também podem gerar vantagens econômicas para o país, podendo enquadrar a produção do biodiesel, por exemplo, nos acordos do Protocolo de Kyoto. Desse modo, poder-se-ia beneficiar-se do uso de um combustível limpo e de produção nacional. Quanto aos benefícios sociais, a produção e o cultivo de matérias-primas para a fabricação de biodiesel podem ajudar a criar milhares de novos empregos na agricultura familiar, que é o foco do PNPB, principalmente nas regiões mais pobres do Brasil, como o Nordeste. Assim, a geração e distribuição de renda passariam a caracterizar o produto como um combustível social. Dentre as matérias-primas, existem várias oleaginosas que podem ser plantadas no Nordeste, com a finalidade de produção de Biodiesel, no entanto, o pinhão manso tem se mostrado uma opção bastante promissora, em especial para o município de Zé Doca. Esta planta, assim como outras espécies da família Jatropha, é ainda pouco conhecida, mas pelo fato de ser perene e de se adaptar muito bem em regiões semi-áridas tem sido apontada como ideal para a produção de óleos no nordeste brasileiro, utilizando a agricultura familiar. Apesar de ser ainda bastante controversa a produtividade destas espécies devido ao pouco estudo científico, vários pesquisadores garantem que se pode obter por hectare até 2000 litros de óleo ao ano (tabela 1). Entretanto, no estado do maranhão não se tem informações sobre o seu cultivo. (SUAREZ et al, 2009). Tabela 1. Teor estimado de óleo e produtividade para diversas oleaginosas Oleaginosa Teor de Óleo (% m) Produtividade (kg/ha ano) Produção de Óleo (kg/ha ano) Mamona 38 a 48 1500 720 Girassol 35 a 42 1600 672 Amendoim 39 1800 702 Gergelim 39 1000 390 Canola 38 1800 684 Dendê 20 20000 4000 Soja 18 2200 396 Algodão 15 1800 270 Babaçu 6 12000 720 Pinhão Manso 35-45 1000 - 6000 500 a 2000 Microalga 20 nd 90.000 Fonte: Quintella et al, 2009 Gráfico 2 Renda total do assentamento e renda por família Os assentamentos de Quadra Nova Canaã (A), Vila Canaã (B), Quadra Quixaba (C), Arrojada (D) totalizaram em 58 famílias entrevistadas o que corresponde a 234 pessoas morando numa área de 1.095 ha. E que cerca de 75% (A), 69,5%(B), 55%(C) e 49,2% (D) dos membros destas famílias trabalham, no entanto a renda familiar corresponde a apenas R$ 125,00; 322,00; 159,00 e 335,00 para as famílias A, B C e D respectivamente. Relatou-se também que essas terras têm como plantios principais feijão, mandioca, arroz, milho, entretanto existe apenas uma produção de subsistência, aliadas a criação de bovinos, ovinos e peixes que geram uma maior renda aos mesmos. Quando questionados sobre um novo tipo de plantio 100% dos entrevistados responderam que estavam dispostos a aceitar novas culturas. Também 93% conhecem o pinhão manso como matéria-prima para fabricação de biodiesel. E 91% dos entrevistados não pretendem deixar sua vida no campo para começar a morar na cidade. Durante a pesquisa também foi constatado que os agricultores já se organizavam na forma de cooperativas e associações, e produziam alimentos para suprir suas necessidades básicas. Prática que contribuía muito pouco para a melhoria de renda das famílias. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho realizado nos assentamentos de Zé Doca veio a constatar a necessidade de uma aplicação mais viável para essas terras, que venha a atender os aspectos socioeconômicos e ambientais desta região. E o cultivo do pinhão manso nessas terras é favorável, tanto em termos de rendimento, como 2.385,00 4.650,00 1.500,00 5.810,00 358,00322,00125,00 159,00 0,00 1.000,00 2.000,00 3.000,00 4.000,00 5.000,00 6.000,00 Quadra Nova Canaã Vila Canaã Quadra Quixaba Arrojada Renda per capita (R$) Renda por família (R$) ' citado na literatura, como pelos agricultores que se mostraram interessados na idéia. No entanto, os trabalhadores necessitam de mais informações sobre o plantio e uma assessoria técnica quanto à maneira de cultivar e explorar a produção. 6. REFERÊNCIAS QUINTELLA, Cristina M. et al. Cadeia do biodiesel da bancada à indústria: uma visão geral com prospecção de tarefas e oportunidades para P&D&I. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 793-808, 2009. SUAREZ, Paulo A. Z. et al. Biocombustíveis a partir de óleos e gorduras: desafios tecnológicos para viabilizá-los. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 768-775, 2009. WIKIPÉDIA, A enciclopédia livre. Zé Doca. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Z%C3%A9_Doca. Acessado em: 15 jun 2009. DABDOUB, Miguel J.; BRONZEL, João L. Biodiesel: visão crítica do status atual e perspectivas na academia e na indústria. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 776-792, 2009. PAULILLO, Fernando L. et AL. Álcool combustível e biodiesel no Brasil: quo vadis? RER. v. 45, n. 03, p. 531-565, 2007. LAGO J. Programa de Biodiesel do Maranhão – PROBIO-MA. MARANHÃO (Estado). Governador do Estado do Maranhão, 2007. SILVA. José I. et AL. Levantamento de aspectos agronômicos da espécie jatropha curcas l. Para produção de biodiesel no município de Zé Doca, estado do Maranhão, 60ª Reunião Anual da SBPC 2008, Anais. São Paulo.