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Hotspots Revisitados, Notas de estudo de Ciências Biologicas

HotspotsRevisitados

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 13/10/2010

Abelardo15
Abelardo15 🇧🇷

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Baixe Hotspots Revisitados e outras Notas de estudo em PDF para Ciências Biologicas, somente na Docsity! As Regiões Biologicamente mais Ricas e Ameaçadas do Planeta Esta publicação foi produzida pela Conservação Internacional. As informações são baseadas no livro “Hotspots Revisited. Earth’s Biologically Richest and Most Endangered Terrestrial Ecorregions”, de autoria de Russell A. Mittermeier, Patricia R. Gil, Michael Hoffmann, John Pilgrim, Thomas Brooks, Cristina G. Mittermeier, John Lamourex e Gustavo A. B. da Fonseca, publicado pela CEMEX e editado pela Agrupación Sierra Madre. OS HOTSPOTS E AS GRANDES REGIÕES NATURAIS Um artigo de Norman Myers, de 1988, traz, pela primeira vez, o conceito de Hotspots. Myers identificou dez Hotspots em florestas tropicais caracterizados tanto por níveis excepcionais de endemismo de plantas como por taxas notáveis de destruição de habitats, apesar de não ter estabelecido critérios quantitativos com relação à definição de um Hotspot. A Conservação Internacional adotou o conceito em 1989, fazendo modificações e acréscimos ao longo dos anos seguintes. Em 1996, empreendeu uma reavaliação do conceito, em colaboração com Myers. Um primeiro relatório foi seguido de uma extensa revisão global, uma análise científica e uma publicação online detalhada (www.biodiversityhotspots.org). Esses esforços introduziram patamares quantitativos para a designação das áreas de preservação ambiental. Para qualificar- se como Hotspot, uma região deve preencher pelo menos dois critérios: abrigar no mínimo 1.500 espécies de plantas vasculares endêmicas e ter 30% ou menos da sua vegetação original (extensão da cobertura do habitat histórico) mantida. Essa análise identificou, em 1999, 25 Hotspots que abrigavam em conjunto, como endêmicas, não menos do que 44% das plantas do planeta e 35% dos vertebrados terrestres (mamíferos, aves, répteis e anfíbios) em uma área que cobria anteriormente apenas 11,8% da superfície terrestre. Contudo, o suporte que serviu para que esses incríveis resultados fossem apresentados foi que essa área tinha sido reduzida em 87,8% de sua extensão original, de tal maneira que essa incrível riqueza de biodiversidade foi reduzida a apenas 1,4% da superfície terrestre. Paralelamente ao desenvolvimento da estratégia dos Hotspots, houve o reconhecimento das vantagens em se investir nas áreas menos ameaçadas – e mais baratas – mas também de grande biodiversidade. Mittermeier chamou a atenção para várias áreas de florestas tropicais com alta biodiversidade que ainda estão em condições relativamente intactas – as Grandes Regiões Naturais. Apesar de estarem bem menos ameaçadas do que os Hotspots, essas áreas estão sob crescente ameaça pela ação do homem. Recentemente, as Grandes Regiões Naturais foram definidas quantitativamente como detentoras de, pelo menos, 70% do seu habitat original e possuidoras de densidades populacionais de menos de cinco pessoas por quilômetro quadrado. Três biomas brasileiros são considerados Grandes Regiões Naturais: Amazônia, Pantanal e Caatinga. Baseada nessa análise, a Conservação Internacional usa uma estratégia de dupla face para a priorização da conservação global, focalizando simultaneamente as áreas ameaçadas e insubstituíveis e as Grandes Regiões Naturais. 6 UMA ANÁLISE ATUALIZADA DOS HOTSPOTS A análise dos Hotspots está em evolução constante. Com o passar do tempo, os Hotspots podem sofrer mudanças de duas maneiras. A primeira ocorre em função de um efeito real. As ameaças e os impactos que elas acarretam variam. Isso significa que alguns lugares podem tornar-se mais ameaçados, enquanto que outros, se os esforços para a conservação tiverem sucesso, podem eventualmente recuperar-se. A segunda se refere ao fato de que nosso conhecimento sobre biodiversidade, ameaças e custos está aumentando continuamente. A cada dia, descobrem-se novas espécies e populações e coletam-se com maior precisão dados sobre a cobertura terrestre. Nos últimos anos, em sintonia com a revolução da informação e o surgimento da Internet, esses dados puderam ser melhor compilados. Atualmente, anos depois da publicação da avaliação da estratégia de Hotspot, está na hora de reavaliar os próprios Hotspots sob a luz de novos dados relacionados com as distribuições das espécies e as condições de mudanças dos ecossistemas do planeta. O objetivo dessa análise é revisitar o status dos Hotspots, apurar seus limites, atualizar as informações e, o mais importante, considerar um número de Hotspots em potencial que podem ser candidatos para serem acrescentados à lista dos 25 já identificados. Os critérios sobre aquilo que qualifica um Hotspot permanecem os mesmos. Ao revisitar os limites dos Hotspots, tentamos alcançar um equilíbrio entre o que é cientificamente defensável e o que é pragmaticamente aceitável. Os Hotspots estão fundamentados no endemismo de plantas e assim, tanto quanto for possível, a decisão quanto ao lugar e a possibilidade de incluir uma determinada área ou ilha dentro de um Hotspot é determinada pelas afinidades com relação à flora da região em questão. Entretanto, em alguns casos, achamos conveniente desviar desse ideal para acomodar as ilhas tropicais – muitas das quais possuem proporções muito grandes de espécies ameaçadas - que, de outra forma, poderiam ficar fora da rede de prioridades de conservação. Por essa razão, agrupamos determinadas ilhas com os seus Hotspots mais próximos incluindo, por exemplo, Galápagos e Malpelo com Tumbes-Chocó-Magdalena, Juan Fernández com Chile Central-Florestas Valdívias, os Açores e Ilhas do Cabo Verde (ambas partes das Ilhas Macronésias juntamente com as Canárias e Madeira) com a Bacia Mediterrânea; e as ilhas de Lord Howe e Norfolk com a Nova Zelândia. Isso foi feito somente por razões de conveniência pragmática, com pleno conhecimento de que as afiliações quanto à flora dessas ilhas com suas partes continentais são, na melhor das hipóteses, fracas. 7 o) [ERR RR Re tora RR PRETO TR Lorca air Leoa EE lorva gn [aa RO DESTAS TES COD] PRI Andes Tropicais. 1.542.644 385.661 E] Tumbes-Chocó-Magdalena EG ERAS as ELES RARE] Err 8 [rio EX ECA E ESTES 397.142 RAS) E Aireor tatoo 1.30,019 Eis Eu Horestas de Pinho-Encino de Sierra Madre EA peço] pet Eu LUTAR Epbio pero) o Provincia Floristica da Califórnia Ea ERES! Pa GERE Te 620314 9547 15 [ECON tr Eu cora jeto Te ON o (0) EE 1571 Eu ESEC AU iRSera POLE NA 29.780 29 [Maputaland-Pondoland- Albany RE GRE 2 AL eee 291.250 Eai O LOTE E 1.017.806 E o OTA LENA peida =) A ERTg SO ] EE AU 10 [Bacia do Mediterrâneo 2485.292 DAL E) [Cáucaso 532.058 LER Et 27 Região Trano-Anatólica B99.773 PES IdS 15 EEE Ed LUPA 2) TOR RE EA! 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É uma série única de ecossistemas de florestas tropicais da América do Sul, que também inclui mangues e restingas. A altitude determina, pelo menos, três tipos de vegetação da Mata Atlântica: as matas da planície costeira, as florestas de encostas e as matas de grandes altitudes. Esse quadro influencia um padrão de alta riqueza de espécies. Além das áreas de florestas úmidas da planície costeira, podem ser encontradas formações mais secas, as matas semi-decíduas de interior e as florestas mistas, dominadas pela araucária nas áreas mais frias da região sul do país. Ocupação A Mata Atlântica já se estendeu quase que continuamente desde o Rio Grande do Norte e Ceará até o Rio Grande do Sul. Estima-se que ocupava aproximadamente 1.200.000 km2. Foi a primeira região do Brasil a ser colonizada e tem a maior população (108 milhões de habitantes ou 60% da população do país). É o centro agro-industrial do Brasil e duas das três maiores cidades da América do Sul - São Paulo e Rio de Janeiro - ficam em sua parte central. Há um total de 99.966 km2, ou cerca de 8,1% da Mata Atlântica ainda intactos. Essa perda de habitat deixou um grande número de espécies endêmicas da região sob sérios riscos de extinção. Proteção e estratégias de conservação A diversidade dos vertebrados e o endemismo nesse Hotspot são incrivelmente altos. A Mata Atlântica possui 12 gêneros endêmicos, incluindo dois gêneros de primatas ameaçados que simbolizam a região e são as chamadas “espécies-bandeira”. Tratam-se dos micos- leões, dos quais existem quatro espécies, e dos muriquis, com duas espécies. Esforços para a conservação dos micos-leões têm demonstrado a importância da cooperação entre universidades, zoológicos, ONGs nacionais e internacionais e o governo brasileiro, o que resultou não só na sua proteção como também na preservação de suas florestas. As ações para a conservação e pesquisa focalizadas nessas espécies resultaram em numerosas iniciativas de proteção ao habitat dos primatas, assim como o treinamento de muitos conservacionistas brasileiros. Segundo o Banco de Dados Mundial de Áreas Protegidas, apenas 4,1% do Hotspot encontram-se sob alguma forma de proteção legal. Um estudo recente sobre as áreas protegidas do Brasil revelou que, em dezembro de 2003, havia 100 parques nacionais e estaduais (19.717 km2), 28 reservas biológicas estaduais e federais (1.848 km2) e 77 estações ecológicas estaduais e federais (1.598 km2) na Mata Atlântica brasileira, totalizando 205 áreas de proteção integral cobrindo 23.163 km2. Se incluirmos as áreas das unidades de uso sustentável (principalmente as Áreas de Proteção Ambiental), a extensão das áreas protegidas aumenta um pouco, apesar dos níveis de proteção variarem. Além das terras protegidas pelo governo, existe também no Brasil um mecanismo legal para proteção particular – Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A partir de 1990, mais de 500 áreas desse tipo (com uma extensão de cerca de 4.500 km2) foram criadas, principalmente na Mata Atlântica e no Cerrado. Em 1997, um estudo financiado pelo Banco Mundial e realizado pela “Wildlife Conservation Society” e Conservação Internacional propôs a implementação de corredores ecológicos na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica brasileira. Alguns deles têm mais de 8 milhões de hectares de habitat contínuo, com o sistema de áreas protegidas já existente como sua espinha dorsal. Essas áreas foram identificadas usando indicadores biológicos tais como riqueza de espécies e graus de endemismo. Os corredores, que cobrem apenas 15 a 20% da área total desses biomas, deverão abranger mais de 75% da diversidade das florestas tropicais do país. Com os 44 milhões de dólares do Programa Piloto para Florestas Tropicais Brasileiras (PPG-7) dois corredores - um na Mata Atlântica e outro na Amazônia - estão sendo implantados como teste para essa abordagem inovadora. A região da Mata Atlântica foi também o berço do movimento ambiental brasileiro. Nos últimos 30 anos, o bioma foi palco de um crescimento impressionante do número de ONGs. O levantamento mais recente revelou que havia aproximadamente 700 ONGs ambientais ativas no Brasil, sendo que cerca de 30 delas possuem orçamentos anuais de mais de 300 mil dólares. Apesar de ser um dos biomas mais ameaçados do planeta, tendo perdido mais de 90% de sua extensão original, a perspectiva para a região da Mata Atlântica é indubitavelmente uma das mais animadoras dentre as dos Hotspots em países em desenvolvimento. 15 FICHA TÉCNICA: Fotos: Capa: Foto 1 Haroldo Palo Jr.; Foto 2 Haroldo Castro; Foto 3 João Makray; Foto 4 João Makray – Pag. 3 Adriano Gambarini Pag. 4: Foto 1 Haroldo Palo Jr.; Foto 2 Haroldo Palo Jr. – Pag. 5 Adriano Gambarini – Pag. 6: Foto 1 Haroldo Palo Jr.; Foto 2 Haroldo Castro – Pag. 7: Foto 1 Haroldo Palo Jr; Foto 2 Haroldo Palo Jr. – Pag. 10 José Caldas – Pag. 11: Guilherme Dutra – Pag. 12 Haroldo Castro Pag. 13 Foto 1 Haroldo Castro; Foto 2 Russell Mittermeier; Foto 3 Haoldo Palo Jr – Pag. 14: Adriano Gambarini – Pag. 15 Foto 1 Adriano Gambarini; Foto 2: Haroldo Palo Jr.; Foto 3: Adriano Gambarini – Pag.16: João Makray Edição: Isabela Santos Tradução e Revisão: Conceição Mello e Isabela Santos Editoração: Jacqueline Gonçalves, Joice Tolentino e Guilherme Baroli
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