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Guias e Dicas
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Apostila de Silvicultura, Notas de aula de Silvicultura

Matéria Básica de Silvicultura

Tipologia: Notas de aula

2018
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Compartilhado em 24/04/2018

Eylanne
Eylanne 🇧🇷

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Baixe Apostila de Silvicultura e outras Notas de aula em PDF para Silvicultura, somente na Docsity! MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS: PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO. Versides Sebastião de Moraes e Silva UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS: PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA CUIABÁ - MT 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA v 5.3 - Arraste.......................................................................................................................... 74 5.4 - Traçamento .................................................................................................................. 75 5.5 - Empilhamento na esplanada ........................................................................................ 75 5.6 - Carregamento............................................................................................................... 75 6. CONTROLE E MONITORAMENTO DO MANEJO FLORESTAL.............................................. 76 6. 1 - Medições ..................................................................................................................... 76 6.1.1 - Pátio de estocagem (esplanadas):.......................................................................... 76 6.1.2 - Estrada secundária: ............................................................................................... 76 6.1.3 - Trilhas de arraste:.................................................................................................. 76 6.1.4 - Árvores Abatidas: ................................................................................................. 76 6.2 - Avaliação de Danos ..................................................................................................... 77 6.3 - Avaliação de Desperdícios........................................................................................... 78 6.3.1. - Quantificação de Danos e Desperdício ................................................................ 78 6.3.1.1 - Danos............................................................................................................. 78 6.3.1.1.2 - Área alterada ........................................................................................... 79 6.3.1.1.3 - Área do pátio de carregamento ............................................................... 79 6.3.1.1.4 - Pátio de descarregamento ....................................................................... 79 6.3.1.1.5 - Abertura de copa provocada pela queda ................................................. 79 6.3.1.1.6 - Danos nas remanescentes provocados pela queda árvores e arraste....... 79 6.3.1.2 - Desperdícios .................................................................................................. 79 6.3.1.2.1 - Volume da tora........................................................................................ 79 6.3.1.2.2 - Volume do desperdício na esplanada...................................................... 80 6.3.1.2.3 - Volume do desperdício pela altura do corte ( toco ) ............................... 80 6.3.1.2.4 - Volume do desperdício na ponta............................................................. 81 6.4 - Monitorar Regeneração Natural................................................................................... 81 6.4.1 - Avaliação do Crescimento, Incremento, Ingresso e Mortalidade da Floresta Estabelecida...................................................................................................................... 82 6.5 - Plano de Prevenção, Controle e Combate a Incêndios Florestais ................................ 83 6.5.1 - Recomendações Técnicas De Prevenção E Contra A Incêndios Em Florestas Tropicais........................................................................................................................... 85 6.5.1.1 - Medidas Preventivas: .................................................................................... 85 6.5.1.2 - Medidas de Segurança: .................................................................................. 85 6.5.1.3 - Normas de Segurança: ................................................................................... 85 7. LITERATURA CONSULTADA...................................................................................................... 86 ANEXO................................................................................................................................................. 90 MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS: PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO. Versides Sebastião de Moraes e Silva UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS: PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA CUIABÁ - MT 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA v 5.3 - Arraste.......................................................................................................................... 74 5.4 - Traçamento .................................................................................................................. 75 5.5 - Empilhamento na esplanada ........................................................................................ 75 5.6 - Carregamento............................................................................................................... 75 6. CONTROLE E MONITORAMENTO DO MANEJO FLORESTAL.............................................. 76 6. 1 - Medições ..................................................................................................................... 76 6.1.1 - Pátio de estocagem (esplanadas):.......................................................................... 76 6.1.2 - Estrada secundária: ............................................................................................... 76 6.1.3 - Trilhas de arraste:.................................................................................................. 76 6.1.4 - Árvores Abatidas: ................................................................................................. 76 6.2 - Avaliação de Danos ..................................................................................................... 77 6.3 - Avaliação de Desperdícios........................................................................................... 78 6.3.1. - Quantificação de Danos e Desperdício ................................................................ 78 6.3.1.1 - Danos............................................................................................................. 78 6.3.1.1.2 - Área alterada ........................................................................................... 79 6.3.1.1.3 - Área do pátio de carregamento ............................................................... 79 6.3.1.1.4 - Pátio de descarregamento ....................................................................... 79 6.3.1.1.5 - Abertura de copa provocada pela queda ................................................. 79 6.3.1.1.6 - Danos nas remanescentes provocados pela queda árvores e arraste....... 79 6.3.1.2 - Desperdícios .................................................................................................. 79 6.3.1.2.1 - Volume da tora........................................................................................ 79 6.3.1.2.2 - Volume do desperdício na esplanada...................................................... 80 6.3.1.2.3 - Volume do desperdício pela altura do corte ( toco ) ............................... 80 6.3.1.2.4 - Volume do desperdício na ponta............................................................. 81 6.4 - Monitorar Regeneração Natural................................................................................... 81 6.4.1 - Avaliação do Crescimento, Incremento, Ingresso e Mortalidade da Floresta Estabelecida...................................................................................................................... 82 6.5 - Plano de Prevenção, Controle e Combate a Incêndios Florestais ................................ 83 6.5.1 - Recomendações Técnicas De Prevenção E Contra A Incêndios Em Florestas Tropicais........................................................................................................................... 85 6.5.1.1 - Medidas Preventivas: .................................................................................... 85 6.5.1.2 - Medidas de Segurança: .................................................................................. 85 6.5.1.3 - Normas de Segurança: ................................................................................... 85 7. LITERATURA CONSULTADA...................................................................................................... 86 ANEXO................................................................................................................................................. 90 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA vi LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Ilustra a divisão de área em função do ciclo de corte. 21 Figura 02 - Exemplo de amostragem sistemática de múltiplo estágio. 26 Figura 03 - Exemplo de Amostragem mista em conglomerados. 27 Figura 04 - Exemplo de Amostragem com repetição total. 27 Figura 05 - Exemplo de amostragem com repetição parcial. 28 Figura 06 – Disposição das Amostras Permanentes com Sub-Amostra na Estação Demonstrativa. 29 Figura 07 – Disposição da Amostras Permanentes com Sub-Amostra na Fazenda São Nicolau. 30 Figura 08 - Exemplo de distribuição de área basal 50 Figura 09 – Demonstrativo da distribuição das árvores cubadas 56 Figura 10 – Esquema de medição da árvore cubada 56 Figura 11 – Distribuição espacial das amostras na área de manejo florestal da estação demonstrativa – UFMT/FENF. 57 Figura 12 - Exemplo de planilha para coleta de dados para elaboração do plano de manejo florestal 60 Figura 13 - Plaqueta de identificação de árvores nas amostras. 62 Figura 14 – Esquema da posição de coleta dos dados para determinação da altura 62 Figura 15 – Detalhe da unidade de produção anual (UPA) em azul, e unidade de trabalho (UT) 68 Figura 16 - Distribuição Espacial das Picadas de Orientação 69 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA vii LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Composição da equipe de campo para Avaliação da Regeneração 42 Quadro 02 - Exemplo de definição de base de produção em um plano de manejo florestal 65 Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 2 Desenvolvimento, a Rio-92, que resultou em alguns pontos positivos, entre os quais a “desnaturalização” e a “humanização” do desenvolvimento sustentável, pelo reconhecimento da imperiosidade de se considerar e incluir os problemas sociais neste conceito. Desde o pós-guerra, diversas correntes do pensamento econômico buscaram discutir os problemas do subdesenvolvimento do Terceiro Mundo. Essas discussões têm sido dominadas basicamente por dois paradigmas concorrentes. As teorias desenvolvimentistas, que predominaram durante a longa fase de expansão da economia mundial, marcada pela predominância do otimismo da modernização, que durou até 1973, e o pessimismo das teorias da dependência, que prevaleceram na longa fase recessiva estabelecida em seguida. O agravamento da questão ambiental - entendida como a contradição que se estabeleceu entre os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem e a capacidade de sustentação desse desenvolvimento pela natureza - contribuiu para engrossar as críticas à sociedade industrial e o estilo de desenvolvimento que ela imprimiu, resultando na degradação ambiental e social. Dois conceitos importantes estão contidos na noção de desenvolvimento sustentável: o de desenvolvimento e o de sustentabilidade, ambos caracterizados pela multiplicidade e controvérsia conceitual. O conceito de desenvolvimento é bastante abrangente, permitindo uma gama muito grande de interpretações e formulações teóricas, envolvendo, desde direitos individuais, de cidadania, até esquemas de classificação dos Estados-Nações. Internamente, ao sistema mundial, passa por atribuições de valor à mudança, tradição, justiça social, bem-estar, destino da humanidade, acumulação de poder econômico, político e militar. Outras conotações vinculadas a ideais de relações apropriadas entre os homens e entre estes e a natureza estão associadas ao conceito de desenvolvimento. O desenvolvimento apresenta uma conotação qualitativa, a qual implica em melhoria da qualidade de vida das pessoas. Essa melhoria envolve múltiplos aspectos de ordem econômica, social, política, ambiental e cultural. Por outro lado, a noção de crescimento econômico, em geral confundido com desenvolvimento, reflete principalmente o aumento da produção material de riqueza de um determinado país. É bem verdade que o desenvolvimento de uma nação se dá, na maioria das vezes, com crescimento econômico, entretanto, esse crescimento pode ocorrer ao mesmo tempo em que as condições de vida, de cidadania ou mesmo a qualidade do ambiente estejam sendo deterioradas. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 3 Os critérios puramente quantitativos de medição do crescimento econômico são, portanto, insuficientes para medir o desenvolvimento qualitativo proposto no desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, o crescimento econômico, como um aumento em quantidade, não pode ser sustentável indefinidamente em um planeta finito. Já os desenvolvimentos econômicos, que é uma melhora da qualidade de vida, sem causar necessariamente um aumento na quantidade dos recursos consumidos, pode ser sustentável. O desenvolvimento sustentável consiste na busca de um desenvolvimento alternativo, em que as preocupações com a qualidade da vida e do ambiente estejam presentes como fatores determinantes nas definições do estilo de desenvolvimento. A definição adotada pela FAO alinha-se entre aquelas que vinculam desenvolvimento sustentável e sociedade sustentável. Então o desenvolvimento sustentável “é o manejo e conservação da base dos recursos naturais e a orientação da mudança tecnológica e institucional, de tal maneira que assegure a contínua satisfação das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras”. Sustentabilidade pode ainda ser definida é “a relação entre os sistemas econômicos, humanos, dinâmicos e os sistemas ecológicos mais abrangentes, dinâmicos, mas normalmente com mudanças mais vagarosas, na qual”: a) a vida humana possa continuar indefinidamente, b) as individualidades humanas possam florescer, c) a cultura humana possa se desenvolver, d) os efeitos das atividades humanas permaneçam dentro de limites a fim de que não destruam a diversidade, complexidade e funções do sistema ecológico de suporte da vida”.(Constanza, 1991). Em geral, as definições de sustentabilidade incluem conceitos relacionados com as dimensões ecológica, econômica e social espacial e cultural. “Sustentabilidade ecológica no sentido de que o ecossistema em uso mantém através do tempo as características fundamentais quanto a componentes e interações em forma indefinida; sustentabilidade econômica no sentido de que o sistema em uso produz uma rentabilidade razoável e estável ao longo do tempo para quem o administra, que torna atrativo continuar seu manejo, e sustentabilidade social, no sentido de que ambos são compatíveis com os valores culturais e éticos, outorgando continuidade ao sistema” (IICA, 1992). Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 4 A sustentabilidade social tem como meta a construção de uma civilização com maior eqüidade na distribuição de renda e de bens. A sustentabilidade econômica deve ser alcançada via alocação e gerenciamento mais eficiente dos recursos e por meio de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. Deve ser avaliada em termos macro-sociais, e não apenas através do critério da rentabilidade empresarial de caráter macroeconômico. A sustentabilidade ecológica deve ser obtida por meio de uma série de medidas que objetivem a ampliação da capacidade de carga do planeta, a limitação do uso de combustíveis fósseis, a redução do volume de resíduos e de poluição, a limitação do consumo de materiais, a intensificação das pesquisas para a obtenção de tecnologias mais eficientes e menos poluidoras e a definição de normas para uma adequada proteção ambiental. A sustentabilidade espacial deve ter por fim a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. Finalmente, a sustentabilidade cultural inclui a procura de raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, processos que busquem mudanças dentro da continuidade cultural e que traduzam o conceito normativo de ecodesenvolvimento em um conjunto de soluções específicas para o local, o ecossistema, a cultura e a área. Essas definições de sustentabilidade são bastante abrangentes e inscreve-se num campo maior das relações homem-homem e homem-natureza no nível da sociedade, em uma dimensão espacial e temporal que remete à necessidade de garantir a conservação tanto do substrato biofísico de suporte à vida quanto do bem-estar humano no seu sentido amplo, incluindo as preocupações com as gerações futuras. O objetivo do ecodesenvolvimento é a busca de um modelo de desenvolvimento que conjugue eficiência econômica, prudência ecológica e justiça social. Para tanto, uma teoria do desenvolvimento que se pretenda fundamentada nesse novo paradigma deverá considerar a noção de sustentabilidade a partir da incorporação, em seu campo de análise, de pelo menos três dimensões que compõem o desenvolvimento: a econômica, a biofísica e a sócio-política . A dimensão biofísica é entendida como o espaço físico onde desenvolve-se a vida e todos os fenômenos do mundo material. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 7 1.2.3 - Natureza do Planejamento A natureza do planejamento pode ser definida através de um conjunto de características. A maioria delas, no entanto, são somente aplicáveis às concepções mais modernas, como o planejamento estratégico. Deve-se observar que quaisquer umas das características aplicam-se a qualquer tipo atividade de planejamento. Os principais aspectos que ajudam a melhor entender a natureza do processo do planejamento são: - a antecipação dos acontecimentos; - o compromisso com o futuro da organização; - a tomada de decisões de forma organizada; - a preocupação constante com a eficácia; - a atenção em relação às mudanças do meio ambiente externo; - a correta utilização dos recursos internos; - o cuidado à manutenção da cultura organizacional; - a caracterização de um processo interno de mudanças; - a identificação da necessidade de mudança de mentalidade; - caracterização do processo de aprendizado institucional. 1.2.4 - Definição de Planejamento Com base nas reflexões sobre a natureza do planejamento, é possível apresentar uma definição ampla e geral, válida para qualquer tipo de planejamento: “O Planejamento é um processo intuitivo ou estruturado que visa especular sobre o futuro, de forma a possibilitar a tomada de decisões antecipadamente” (Dorodame Leitão). Para efeitos dos objetivos do manejo, contudo, faz-se necessário mais essa definição, a fim de podermos caracterizar o processo de planejamento estratégico de uma empresa florestal como atividade central da administração estratégica. Para tanto, é necessário introduzir na definição alguns conceitos como: - processo ordenado e racional; - atividade contínua e racional; - otimização dos processos de produção; Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 8 - mudanças do meio ambiente externo; - mitigação dos impactos na floresta. Com isso, adotar a definição para o processo de Planejamento Estratégico Empresarial Florestal: “Planejamento Estratégico Empresarial Florestal é uma atividade permanente e contínua, que é obtido por um processo sistematizado de tomada de decisões, com vista ao alcance dos objetivos que permitirão otimizar a produção atual e futura da empresa, a despeito de mudanças aleatórias ou organizadas no meio ambiente futuro” . Da definição, podemos observar: Trata-se de uma atividade permanente e contínua, isto é, de um processo e não de um ato. O planejamento é desenvolvido de modo ordenado e racional, ou seja, é um processo de tomada de decisões que é estruturado no nível da empresa, e não de decisões intuitivas, baseadas na “genialidade” de alguns gerentes. Neste sentido, o planejamento, visa identificar e permitir o alcance de objetivos de longo prazo da empresa e, ainda, preocupando com o futuro da organização. O planejamento prevê a investigação e se prepara para as mudanças futuras no ambiente da empresa florestal. 1.2.5 - O Planejamento da Produção Florestal O manejo florestal assegura o interesse do proprietário e da sociedade à floresta, considerando os aspectos econômicos, ecológicos e ambientais. O manejo envolve desde a coleta de dados e o fornecimento de informações para tomada de decisões, planejamento da produção por unidade de trabalho, bem como o planejamento da produção para o conjunto das áreas florestais e, ainda, permite o gerenciamento de todo o processo de produção florestal. O planejamento da produção florestal é efetuado em duas etapas: na primeira fase planeja- se todas as ações necessárias para a produção de uma unidade de trabalho (UT); depois prossegue-se com o planejamento geral da produção em toda a área de manejo fazendo os ajustes necessários que eventualmente ocorram no planejado para as unidades de trabalho. Os aspectos que devem ser levados em consideração no planejamento da produção florestal são os seguintes: Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 9 - Regular o manejo da floresta produtora ajustando-se à capacidade de suporte do ecossistema, na existência ou não do estoque remanescente, da regeneração e a demanda. - Obter informações sobre a potencialidade das florestas mediante o planejamento e execução de inventários prévios, tecnicamente concebidos com objetivos claros e bem definidos para o fornecimento de informações sobre a composição, estrutura e estoque por espécie, por grupo de espécies e para o total de espécies existente na área sob manejo. - Planejar o monitoramento da evolução da floresta com o propósito de conhecer a taxa de recuperação e outros processos relativos à sua dinâmica. - Conceber programas de plantio de enriquecimento com objetivos e metas bem definidos que garantam rentabilidade e não causem impactos negativos ao ambiente. - Planejar a incorporação de novas espécies ao aproveitamento. - Agrupar as espécies, no planejamento, segundo critérios tecnológicos, econômicos e ambientais. 1.3 - Manejo Florestal 1.3.1 - Conceito Manejo Florestal é classicamente definido pela sociedade Americana de Engenheiros Florestais SAF (1958), como aplicação de métodos empresariais e princípios técnicos na operação de uma propriedade florestal. A silvicultura, parte integrada do manejo, é a parte da ciência florestal que trata do estabelecimento, condução e colheita de árvores. No Decreto n° 1.282, de 19.10.94 que regulamentou a exploração das florestas da Bacia Amazônica, o termo manejo florestal sustentável é definido como a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. É necessário salientar que o manejo florestal, além de ser uma técnica, é também uma estratégia política, administrativa, gerencial e comercial, que utiliza princípios e técnicas florestais no processo de intervenção do ecossistema, visando a disponibilização de seus produtos e benefícios para usos múltiplos, de forma a garantir os pressupostos do desenvolvimento sustentável. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 12 em que as preocupações de cunho econômico, por exemplo, não estejam desvinculadas das questões políticas, sociais e ecológicas. No campo da economia, as novas formulações teóricas propostas pela economia ambiental neoclássica e, mais recentemente, pela economia ecológica procuram a resolução dos problemas que resultam da relação entre desenvolvimento econômico, sociedade e natureza por meio da incorporação integral da natureza e dos serviços ambientais ao sistema de mercado, buscando uma eficiência global no seu uso. No campo da ecologia, um novo paradigma aponta para a compreensão do meio ambiente como sistema aberto, complexo e dinâmico. Nesse sentido, os problemas ambientais, longe de serem localizados e delimitados, são, ao contrário, transfronteiriços, isto é, não podem ser circunscritos a partir de limites estabelecidos politicamente. No âmbito da ciência florestal, essas duas interpretações têm provocado polêmicas entre aqueles que se alinham com maior ou menor intensidade a cada uma dessas concepções. Nesse contexto, as discussões sobre as formas de uso e o futuro dos grandes ecossistemas globais, ameaçados por esse modelo de desenvolvimento, têm colocado as florestas tropicais, em especial a amazônica, no centro das atenções internacionais nos diversos fóruns de debates sobre essa temática. O processo de destruição gradativa das florestas tropicais destaca-se como um tema prioritário nas formulações de políticas com vistas à conservação das florestas, em nível tanto nacional quanto internacional. Em relação ao setor madeireiro, por exemplo, o panorama internacional aponta para o esgotamento, num futuro bem próximo, das fontes tradicionais de suprimento do mercado internacional de madeiras tropicais, nos principais países produtores do sudeste asiático. As perspectivas são de que os interesses desse mercado voltem-se para a Amazônia, com o conseqüente aumento das pressões sobre os recursos florestais madeireiros da região. Diante desse quadro, fica patente a necessidade de reestruturação das atividades madeireiras na Amazônia, buscando corrigir e aprimorar o modelo atual de utilização dos recursos florestais, de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor florestal, em geral, e do madeireiro, mais especificamente. A postura predominantemente economicista-produtivista em relação aos recursos florestais tem sido apontada como a causa principal do padrão insustentável de exploração, que tem colocado em risco a manutenção física não só desses recursos, mas também dos múltiplos bens e serviços que eles fornecem. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 13 Se, para a sociedade em geral, a floresta é considerado um bem patrimonial capaz de fornecer múltiplos bens e serviços, do ponto de vista da empresa florestal privada, ela é vista como um estoque de recursos (ou capital) madeireiros. O predomínio da racionalidade econômica define o padrão de uso desses recursos madeireiros. O manejo florestal madeireiro há muito vem sendo considerado um dos instrumentos mais viáveis de gestão (decisões e ações negociadas entre atores sociais envolvidos) dos recursos florestais com vistas à produção sustentada de madeiras. Sob a influência dessa nova ótica de desenvolvimento, o manejo florestal passa a incorporar, também, a idéia de desenvolvimento sustentável. Para atender aos princípios do desenvolvimento sustentável, o manejo florestal precisa contemplar, em seus objetivos, a busca da sustentabilidade em relação às dimensões social, política, ecológica e econômica. Compatibilizar e articular essas quatro dimensões constitui o principal desafio para o manejo florestal sustentável. Historicamente, a concepção de manejo florestal passou de uma noção economicista, onde a ênfase maior era dada à maximização da produção de madeireira, para uma noção de manejo florestal sustentável, na qual a ênfase passou a ser dada ao ecossistema florestal como um todo e aos múltiplos bens e serviços que ele é capaz de fornecer a toda a sociedade. Essa mudança implica uma nova concepção, uma nova postura em relação à floresta e aos múltiplos recursos florestais. Isso não significa que esses aspectos eram anteriormente desconsiderados pela ciência florestal, ao contrário, as preocupações com a ecologia, o meio ambiente e o uso múltiplo das florestas em relação aos benefícios sociais a serem gerados sempre estiveram presentes, embora desarticuladas das preocupações principais da economia florestal. O grande avanço foi a integração de campos de análise que anteriormente eram tratados separadamente. Tal mudança é concernente a um novo paradigma da ciência florestal, que pretende articular em seu arcabouço teórico-metodológico e técnico as quatro dimensões contidas na proposta de desenvolvimento sustentável. Sob essa nova ótica, a floresta é concebida como um ecossistema complexo, capaz de fornecer uma multiplicidade de bens e serviços, para a sociedade em geral. Com a incorporação da dimensão sócio-ambiental de análise passa-se a considerar aspectos da relação entre seres humanos e destes com a natureza, o que permite reconhecer a existência de limites ecossistêmicos para as atividades econômicas e sociais, e de um contexto histórico-social no qual a atividade econômica está inserida. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 14 Essa nova concepção, apesar de se configurar como mais viável, no atual estágio de conhecimento técnico-científico, não encontra expressão prática na Amazônia, onde ainda prevalece um modelo de exploração seletiva, desorganizado e altamente predatório dos recursos florestais e as preocupações de cunho social permanecem ainda no campo da retórica, nas formulações de políticas públicas para o meio ambiente. Não obstante a evolução da legislação e os avanços técnico-científicos em relação ao manejo florestal, a exploração e o uso dos recursos florestais na Amazônia continuam baseados em modelos predatórios e pouco eficientes, gerando efeitos negativos que comprometem a sustentabilidade em longo prazo dessas atividades. As causas relatadas são variadas referem-se, por exemplo, à estrutura, organização atual do setor florestal, às inadequações da legislação e da política florestal, às deficiências institucionais, aos riscos e incertezas em relação aos problemas fundiários e sócio-econômicos, à falta de tecnologias apropriadas e à baixa rentabilidade do manejo florestal sustentável, que envolve investimentos elevados em longo prazo. Atualmente, existem boas informações sobre técnicas de manejo sustentável de florestas naturais inequiâneas na Ásia, África e na América, as quais, sem dúvida poderão ser adaptados às condições das florestas tropicais brasileiras. As pesquisas que têm sido desenvolvidas para testar a viabilidade do manejo florestal madeireiro têm privilegiado principalmente a verificação de aspectos técnico-científicos. As análises econômicas ainda estão limitadas a experiências em projetos demonstrativos, carecendo de informações sobre o comportamento econômico em escala empresarial e envolvendo mais de um ciclo de corte. Enfim, não existem, na Amazônia, experiências de pesquisas que busquem agregar e integrar a dimensão social, política, ecológica e econômica numa mesma proposta de análise. É preciso ter claro que a identificação das vinculações entre o manejo florestal madeireiro e o desenvolvimento sustentável não subentende, necessariamente, a aceitação tácita e irrestrita do conjunto dos pressupostos dessa proposta de desenvolvimento. Tampouco se pode deduzir que as bases de uma sociedade mais justa social e ambientalmente podem ser construídas sem que se processem profundas modificações nas relações sociais e nas relações de poder entre indivíduos, sociedades e nações nos níveis local, nacional e mundial. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 17 setor florestal é responsável pela ocupação de 26% da mão de obra, o que equivale a 39 mil postos de trabalho (PRODEFLORA, 2001). O segmento de desdobramento e beneficiamento de madeiras é, hoje, numa das principais atividades econômicas, cujo parque industrial é formado por aproximadamente 1.214 indústrias composta por serrarias, laminadoras e compensados, constituindo-se no maior segmento industrial instalado em Mato Grosso. O Brasil participou do mercado mundial de madeiras tropicais em 2000 com 2,1% e, deste total, Mato Grosso contribuiu com 1,5%. A participação do setor florestal na arrecadação de ICMS foi em média no período de 1991 a 1999 de 8,65%, correspondendo a cifra de R$ 67.103.394,65. Para aumentar a participação brasileira e também mato-grossense no mercado mundial de madeiras tropicais não basta apenas aumentar indiscriminadamente a extração de madeira. Torna- se necessário sensibilizar o proprietário rural sobre a importância do valor da floresta, que se bem utilizada pode lhe conferir renda a curto prazo, para isto é necessário tomar medidas que reduzam os riscos decorrentes da atividade. Nesse aspecto salienta-se a importância do manejo florestal no sentido de minimizar os efeitos da intervenção na floresta, de perpetuar a atividade e de torná-la mais produtiva. O Brasil participa do comércio mundial de madeira tropical com pouco mais de 2%, deste total Mato Grosso participa com 1,5% conforme é demonstrado na tabela 01, a seguir. Tabela 01 - Comercio mundial de madeira e a participação do estado e Mato Grosso em 1996 PRODUTO TOTAL (US$ 1.000) BRASIL (US$ 1.000) % MATO GROSSO (US$ 1.000) % Tora 11,131.000 25,800 0,2 - - Serrados 24,580.000 34,500 1,4 13,100 37,9 Compensado 8,676.000 248,000 2,9 16,278 6,5 Aglomerado 3,483.000 22,500 0,6 - - Chapa dura 754,000 83,700 11,1 - - MDF 1,000.000 - 0,0 - - Outros 92,376.000 2,285.000 2,5 18,684 0,8 Total 142,000.000 3,010.000 2,1 48,062 1,5 Fonte: Mato Grosso, 2000 Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 18 2.0 - LEGISLAÇÃO REFERENTE AO MANEJO FLORESTAL Para que a implantação de Projetos de Manejo Sustentado seja feita com sucesso é necessário o comprimento da legislação específica norteadora da atividade florestal. O Governo Federal, o Ministério do Meio Ambiente, o IBAMA e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente estabelecem os instrumentos legais que disciplinam o desenvolvimento do manejo florestal, que estão previstos em Leis, Decretos, Portarias e Instruções Normativas: O artigo 225 da Constituição Federal (1988): “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Lei 4.771 de 15 de setembro de 1.965 – Código Florestal Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto 2001 – Altera o Código Florestal. Decreto n°1.282 de 19 de outubro de 1.994 – Regulamenta o artigo 15 da Lei n° 4.771. Decreto n° 2.788 de 28 de setembro de 1.998 - Altera dispositivos do Decreto n°. 1.282, de 19 de outubro de 1994, e dá outras providências. Decreto n°1.963 de 25 de julho de 1.996 – Suspensão da Exploração da Exploração de Mogno e Virola na Região Amazônica. Decreto n° 3.559 de 14 de agosto de 2000 - Suspende a exploração da espécie mogno (swetenia macrophylla king), na região Amazônica, pelo período de dois anos, e dá outras providências. Instrução Normativa n° 3 de 4 de março de 2002 – Sobre conversão para uso do Solo (reedição da IN 003, de 10.05.01, publicada em 14.05.01). Instrução Normativa n° 7, de 22 de agosto de 2003 – Sobre o Manejo Florestal Sustentável do Mogno. Portaria nº 19 de 11 de abril de 2003 – Institui a Declaração de acompanhamento e Avaliação de Plano e Manejo Florestal Sustentável – DAAPMF, que deverá ser apresentada pelos responsáveis técnicos dos Planos de Manejo Florestal Sustentável. Com a assinatura do Termo de Cooperação Técnica para Gestão Florestal entre o estado de Mato Grosso e o Ministério do Meio Ambiente, a legislação florestal está toda em aparato legal pelo executivo estadual. Desta feita o Estado passou a ter uma legislação concorrente ao da União, como assegura o Art.24, inciso VI da Constituição federal de 1988. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 19 Lei Complementar Estadual nº232, de 21 de dezembro de 2005 – Altera o código Estadual do Meio ambiente. Lei Complementar Estadual nº233, de 21 de dezembro de 2005 – Dispõe sobre a Política Florestal do Estado de Mato Grosso. Decreto 6958 de 29 de dezembro de 2005 - Regulamenta a Gestão Florestal do Estado de Mato Grosso Decreto 7773 de 30/06/06 – Disciplina Guia Florestal (GF). Portaria 01 de 01/01/06 – Regulamenta o parágrafo 3º do art.13 do Decreto 6.958 de 29/12/05, institui o cadastro de consumidores de produtos florestais (CC-SEMA) Portaria 02 de 01/01/06 – Aprova os roteiros mínimos para Plano de Manejo Florestal e Plano Operacional Anual Portaria 03 de 01/01/06 – Institui os Termos de Responsabilidade de Manutenção de Floresta Manejada e o de Vinculação de Reposição Florestal Portaria 30 de 30/03/06 – Disciplina o uso da Guia Florestal para o Transporte de Produtos e Subprodutos de Origem Florestal Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 22 3.3 - Análise da Vegetação 3.3.1 - Considerações Gerais O Manejo de Florestas tropicais heterogêneas constitui o maior desafio da Ciência Florestal, devido a sua complexidade e a dificuldade de interpretação das múltiplas inter-relações do ecossistema natural. Estas dificuldades redobram-se na proporção direta do aumento da diversidade de espécies que compõem a comunidade vegetal. A vegetação é um fenômeno natural complexo, que pode ser medido por diversos parâmetros e está relacionado com alguns fatores do meio, tais como: climáticos, edáficos e bióticos, dando como resultado distintas classificações dos tipos ecológicos. A estrutura das florestas pode ser caracterizada, não só pelos métodos quantitativos, mas sim através de fórmulas combinadas, símbolos ou perfis esquemáticos, como apresentado, a seguir nos diferentes sistemas: a) – O sistema Klükler, baseia-se em uma série de combinações de letras e números, para designar os diversos tipos de vegetação. b) – O sistema Dansereau, para descrever a fisionomia da estrutura da vegetação, utiliza combinações de letras, números e mais uma série de símbolos para representá-los graficamente. c) – A representação de estrutura da floresta através das organizações arquitetônicas utilizando caracteres horizontais e verticais das espécies ou grupamentos vegetais. Os dados exclusivamente numéricos e os métodos descritos não satisfazem, já que as florestas geralmente são bastante complexas. É necessário, portanto, para melhor compreender a estrutura, desenvolver perfil dos povoamentos, que devem ser adaptados às características especiais da floresta. Como existe uma grande variação entre métodos já empregados para análise estrutural, e como ainda não alcançou uma uniformidade perfeita dos mesmos no cenário internacional, é necessário estabelecer alguns requisitos a ser seguidos, para que o sistema empregado seja realmente satisfatório: 1. Que seja capaz de fornecer um quadro representativo da estrutura do tipo de floresta estudada. 2. Deve ser aplicável, não importando o tipo de floresta estudada. 3. Os resultados devem ser objetivos, isto é, devem ser livres de qualquer influência subjetiva , sendo portanto, desejável que se expresse por diagramas e números. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 23 4. As análises dos resultados procedentes do mesmo tipo florestal ou de tipo diferente, sejam diretamente comparáveis. 5. Que seja aplicável o método de estatística, na compilação e avaliação dos dados de campo, bem como na interpretação e comparação dos resultados. Dentre as técnicas que cumprem com os principais requisitos anteriormente mencionados, pode-se distinguir as seguintes: 1. As técnicas analíticas, nas quais se aplicam os procedimentos clássicos de investigação cientifica; entre elas pode-se citar análise da estrutura florística (horizontal e vertical) e da estrutura diamétrica das florestas. 2. As técnicas de síntese, para o estudo da estrutura vertical das florestas, nas quais se procura obter uma imagem completa da floresta. No manejo de florestas nativas tropicais, cumpre este papel a análise da vegetação em que estão inseridos as estruturas florísticas. Para o manejo destas florestas é necessário obter além da sua descrição fisionômica, que contém as listas de espécies e a apresentação de perfis e diagramas, o conhecimento das medidas de abundância, dominância, freqüência, índice de valor de importância, valor de cobertura e regeneração. Os métodos de análise estrutural baseado nos cálculos de abundância, freqüência e dominância, devido a sua boa aceitação e motivados pela facilidade operacional, estão sendo crescentemente empregados nas pesquisas florestais e, também, como parâmetros de tomada de decisão na elaboração e execução dos planos de manejo florestal. 3.3.2 - Inventário florestal A Análise da Vegetação é realizada por meio do Inventário florestal que pode utilizar a técnica de Amostragem ou Censo. Os tipos de inventários são classificados de acordo com: Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 24 Cunho tático Cunho estratégico Inventário florestal nacional Inventário florestal regional Inventário florestal de ares restritas Amostragem  Plano de manejo Enumeração total ou censo  Plano Operacional Tabela de produção Inventários de uma ocasião ou temporarios Inventários de multiplas ocasiões ou contínuas Inventários exploratórios Inventários de reconhecimento Inventários detalhados Detalhamento dos resultados Objetivos Abrangência Obtenção dos dados Abordagem no tempo 3.3.2.1 - Amostragem Como as populações florestais são geralmente extensas, de difícil acesso e com freqüência necessitam ser inventariadas em curto espaço de tempo, a realização de inventários florestais está intimamente vinculada à teoria de amostragem. É importante ressaltar que inventário amostral e censo florestal são atividades que visam obter informações sobre a qualidade e a quantidade de recursos florestais existentes em uma determinada área. A única diferença entre os métodos consiste em que o inventário amostral (amostragem) observa uma porção da floresta (amostra) para obter estimativas representativas do todo. Já o censo ou enumeração total é a abordagem feita em todos os indivíduos da população (100%). Para um melhor entendimento, os principais conceitos utilizados no inventário são descritos a seguir:  População Pode ser definida como um conjunto de seres de mesma natureza que ocupam um determinado espaço no tempo.  Amostra Pode ser definida como uma parte da população, constituída de indivíduos que apresentam características comuns que identificam a população a que pertencem. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 27 Figura 03 - Exemplo de Amostragem mista em conglomerados Múltiplas ocasiões: - Amostragens independentes Amostragem com repetição total (Figura 04) - Amostragem dupla Amostragem com repetição parcial (Figura 05) Figura 04 - Exemplo de Amostragem com repetição total Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 28 Figura 05 - Exemplo de amostragem com repetição parcial 3.3.2.1.1 - Intensidade de amostragem A intensidade de amostragem é uma função da variável de interesse, do erro de amostragem máximo admitido para as estimativas e da probabilidade de confiança fixada para as mesmas. A intensidade deve ser definida pela equação: =n t² . Cv² , E² onde: Cv – Coeficiente de variação; t – Valor de t tabelado; E – Erro maximo admissível. E = LE * x em que: LE – Limite de erro admissível; x – média da variável de interesse na amostragem. 3.3.2.2 - Tamanho e forma de amostra A definição do tipo de amostra e os limites de medições foram estudados por diversos pesquisadores em várias regiões de florestas tropicais do mundo. As principais dimensões das unidades de amostras podem ser resumidas em tamanhos de 2m x 2m até 20m x 500m. Amostragem com Repetição parcial.T P 1a Ocasião 2a Ocasião P T1 Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 29 O número e tamanho da amostra para descrição estrutural variam de acordo com o interesse do trabalho a ser realizado, entretanto, muitos autores recomendam parcela variando desde 20m x 20m até 250m x 400 m (10ha) subdivididos em sub-parcelas. No trabalho desenvolvido na Estação Demonstrativa em Manejo Florestal, pelos pesquisadores da UFMT/FENF/PROMANEJO, as amostras foram definidas com dimensões de 10m x 250 m (2500 m2), subdivididos com sub-amostras de: 10m x 10m (100 m2), 5m x 5 m ( 25 m2 ) e 2m x 2 m ( 4 m2 ), como demonstrado na figura 06. Na pesquisa desenvolvida na Fazenda São Nicolau pela UFMT/PEUGEOT/ONF-BRASIL, a forma da amostra é retangular com 20m x 125m (2500 m2), conforme figura 07. A forma de amostra que tem sido amplamente usado na Amazônia é o retangular com dimensões variadas entre 10m x 250m e 20m x 125m entre outras. Figura 06 – Disposição das Amostras Permanentes com Sub-Amostra na Estação Demonstrativa. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 32 complexas e mais estáveis quando elas amadurecem. Entretanto, este conceito provavelmente seja aplicado somente em comunidades ecológicas. Existem vários índices de quantificação da diversidade de um ecossistema, os quais possibilitam inclusive comparação entre os diferentes tipos de vegetação. O Índice de diversidade de Shannon-Weaver considera igual peso entre as espécies raras e abundantes (MAGURRAN, 1989). em que: N = número total de indivíduos amostrados; ni = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie; S = número de espécies amostradas; ln = logaritmo de base neperiana (e). Quanto maior for o valor de H', maior será a diversidade florística da população em estudo. Este índice pode expressar riqueza e uniformidade. O Índice de dominância de Simpson mede a probabilidade de 2 (dois) indivíduos, selecionados ao acaso na amostra, pertencer à mesma espécie (BROWER & ZAR, 1984). Uma comunidade de espécies com maior diversidade terá uma menor dominância. O valor estimado de C varia de 0 (zero) a 1 (um), sendo que para valores próximos de um, a diversidade é considerada maior. C =1- l em que: l = é a medida de dominância C = índice de dominância de Simpson; ni = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie; N = número total de indivíduos amostrados; S = número de espécies amostradas. ( ) ( )[ ] N niniNN H S i∑ =−=′ 1 lnln* ( ) ( )1 1 1 − − = ∑ = NN nini l S i Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 33 3.3.3.2.2 - Agregação das Espécies A agregação refere-se à distribuição espacial de uma espécie. Devido à dificuldade da analise de distribuição espacial ou de agrupamento das espécies tropicais, os métodos mais comuns são os que se baseiam na suposição de que as plantas ocorrem em grupos e em determinada distribuição de espécies. Diferentes índices são propostos para comparar diferentes padrões de dispersão em populações (AZEVEDO et al, 1990). Baseado no método de quadrado, o índice desenvolvido por McGUINESS, para medir o grau de agregação de indivíduos leva em consideração as relações entre densidade observada com densidade esperada (AZEVEDO et al, 1990).O Índice de MacGuinnes (IGA) é calculado pela seguinte expressão: onde: IGAi = “Índice de MacGuinnes” para a i-ésima espécie; Di = densidade observada da i-ésima espécie; di = densidade esperada da i-ésima espécie; ni = número de indivíduos da i-ésima espécie; uT = número total de unidades amostrais. fi = freqüência absoluta da i-ésima espécie; ln = logaritmo neperiano; ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre; A Classificação do padrão de distribuição dos indivíduos das espécies, obedece a seguinte escala: IGAi < 1: distribuição uniforme IGAi = 1: distribuição aleatória 1 < IGAi <= 2: tendência ao agrupamento IGAi > 2: distribuição agregada ou agrupada. di Di IGA = Tu ni Di = ( )fdi −= 1ln Tu ui fi = Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 34 FRACKER & BRISCHLE (1944), determinou o grau de agregação utilizando as densidades observada e esperada através da seguinte fórmula: em que : Ki = “Índice de Fracker e Brischle” estimado para a i-ésima espécie; Di = densidade observada da i-ésima espécie; di = densidade esperada da i-ésima espécie. A Classificação do padrão de distribuição espacial dos indivíduos das espécies, obedece a seguinte escala: Ki <= 0,15 : distribuição aleatória 0,15 < Ki <= 1,0 : tendência ao agrupamento Ki > 1: distribuição agregada ou agrupada PAYANDEH, (1970) obteve o grau de agregação da espécie por meio da relação entre a variância do número de árvores por parcela, e a média do número de árvores, conforme fórmula abaixo: Mi Si Pi 2 = T J j u nij Mi ∑ = = 1 1 2 1 2 12 −         − = ∑ ∑ = = T T J j J j u u nij nij Si em que: Pi = “Índice de Payndeh” para i-ésima espécie; Si² = variância do número de árvores da i-ésima espécie; Mi = média do número de árvores da i-ésima espécie. ni = número de indivíduos da i-ésima espécie; uT = número total de unidades amostrais.       − = ²di diDi Ki Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 37 uma área com floresta. Portanto é um conceito estatístico relacionado com a uniformidade da distribuição das espécies e pode ser expressa em termos absolutos e relativos. Freqüência absoluta (FRabs) é expressa em percentagem das sub-amostras em que ocorre a espécie, e a freqüência relativa (FRrel) é calculada com base na soma total das freqüências absolutas de uma amostra, conforme pode ser visto a seguir: FR abs = % de sub-amostra que ocorre espécie 100 1 ∗= ∑ = n i abs abs rel FR FR FR onde: FR abs – Freqüência absoluta; FR rel – Freqüência relativa em porcentagem (%). 3.3.3.3.4 - Índice de valor de importância (IVI) Os aspectos essenciais na composição florística são revelados pela área florestal, mas sempre são somente enfoques parciais, que de forma isolada não fornecem as informações requeridas sobre a estrutura da vegetação. Para a análise da vegetação é importante encontrar um valor que permita dar uma visão mais abrangente da estrutura ou que caracterize a importância de cada uma das espécies no conglomerado total da floresta. Um método para integrar os três índices parciais, (Abundância, Dominância e Freqüência), acima mencionados, consiste em combiná-los numa expressão única e simples de forma a abranger o aspecto estrutural em sua totalidade, pelo cálculo do “Índice de Valor de Importância”. Para obter este índice somam-se para cada espécie os valores relativos da Abundância, Dominância e Freqüência. FRDAB relrelrelIVI ++= onde: IVI – Índice de Valor de Importância; ABrel – Abundância relativa; FR rel – Freqüência relativa em porcentagem (%); D rel – Dominância relativa. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 38 3.3.3.4 - Estrutura Vertical Na análise estrutural das florestas, deve estar incluída a Estrutura Vertical, considerando para isso dois novos parâmetros: Posição Sociológica e a Regeneração Natural. Somente parâmetros da estrutura horizontal, em muitos casos não permitem uma caracterização verdadeira de ordem de importância ecológica das espécies. Dessa maneira as espécies que compõem a floresta, ficam mais corretamente situadas na ordem ecológica que lhes correspondem, por meio da associação das estruturas horizontal e vertical, o que permite assim, uma planificação silvicultural sobre bases reais. 3.3.3.4.1 - Posição Sociológica A expansão vertical das espécies informa sobre a composição florística dos distintos extratos da floresta e do papel que exercem as diferentes espécies em cada um deles. A posição sociológica é caracterizada pelos seguintes estratos: a) – Superior: que abrange as árvores cujas copas formam o dossel mais alto da floresta; b) – Médio: que corresponde as árvores cujas copas se encontram abaixo do dossel mais alto, mas na metade superior do espaço ocupado pela vegetação; c) – Inferior: inclui as árvores cujas copas se encontram na metade inferior do espaço ocupado pela floresta; d) – Sub–bosque: arbustos e pequenas árvores abaixo do estrato inferior A presença das espécies nos diferentes estratos da floresta é de grande importância fitossociológica, especialmente quando se trata de florestas muito irregulares e heterogêneas. Em geral “uma determinada espécie tem seu lugar assegurado na estrutura e composição da floresta, quando se encontram representadas em todo seu estrato e, ao contrário, aqueles que se encontram somente no estrato superior médio, ou inferior é muito duvidosa sua sobrevivência no desenvolvimento da floresta até o clímax”. Excetuam-se a esta regra, aquelas espécies que por características próprias, nunca chegam a passar do piso inferior, sendo pouco desenvolvidas e tolerantes a sombra e, provavelmente sempre serão partes de sua composição. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 39 Com base nesta teoria pode-se afirmar que as espécies que apresentam posição sociológica regular, isto é, maior número de indivíduos no piso inferior e diminuição até o piso superior são as mais estáveis ecologicamente dentro da comunidade florestal. A determinação das espécies que apresentam essa posição sociológica regular, segue o critério que no piso inferior há um número de indivíduos maior ou pelo menos igual aos pisos subseqüentes (médio e superior). Para calcular o valor absoluto da Posição Sociológica (PSabs) de uma espécie, somam-se os valores fitossociológicos da mesma em cada estrato, e estes se obtém multiplicando o valor correspondente do estrato pelo número de árvores da espécie no mesmo estrato, conforme demonstrado na fórmula a seguir: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )ssmmiiabs EnEVFEnEVFEnEVFPS ∗+∗+∗= onde: PSabs – Posição Sociológica Absoluta; VF – Valor Fitossociológico; N – Número de árvores de cada espécie; Ei – Estrato inferior; Em – Estrato médio; Es – Estrato superior. A Posição Sociológica Relativa (PSrel) de cada espécie é expressa em percentagem do total dos valores absolutos. Quanto mais regular for a distribuição dos indivíduos de uma espécie na estrutura vertical de uma floresta, tanto maior será o seu valor na Posição Sociológica Relativa. A Posição Sociológica Relativa (PSrel), será calculada em função da soma total da Posição Sociológica absoluta, assim: 100 1 ∗= ∑ = n i abs abs rel PS PS PS onde: PSrel – Posição Sociológica Absoluta; PSabs – Posição Sociológica Absoluta. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 42 Técnico Florestal com a responsabilidade de conduzir o trabalho diário no campo; dois Auxiliares braçais que ajudaram na coleta de material botânico, abertura de picadas e transporte de material (Quadro 01). Quadro 01 – Composição da equipe de campo para Avaliação da Regeneração Equipe Quantidade Engenheiro Florestal 1 Identificador Botânico 1 Anotador 1 Técnico florestal 1 Auxiliares de Campo 2 Na instalação das sub-parcelas a picada é feita de tal forma que não prejudique a regeneração sendo que sua abertura é apenas para permitir o acesso orientado até o local exato de instalação da parcela. O limite anterior e posterior da sub-parcela de 4m2 é demarcada temporariamente com dimensões de 2m x 2m, no canto da parcela como mostra o detalhe na figura 06, mostrado no item 3.3.2.2, que trata da amostragem. A parcela de 25 m2 com dimensões de 5m x 5m ao longo da linha de amostragem, conforme figura 06, mostrado no item 3.3.2.2, que trata da amostragem. Quanto a parcela de 100 m2 ficam 10 metros ao longo da picada e 10 metros perpendicular a amostra e, formando o quadrado de 10m x 10m, conforme figura 06, mostrado no item 3.3.2.2, que trata da amostragem. Para iniciar a tarefa de campo deve-se ter em mãos o seguinte: - Uma lista relacionando as espécies de interesse do trabalho; - As classes de tamanho das plantas a considerar; - Classificação da posição sociológica das árvores; 3.3.3.4.2.4 - Procedimento de Análise da Regeneração a) Lista de Espécies A lista das espécies poderá ser formada para o total ou por grupos de interesse de acordo com o objetivo da produção obedecendo aos seguintes critérios: Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 43 1. Valor comercial das espécies; 2. O índice de crescimento; 3. Capacidade de regeneração natural; 4. Tendência de formar fustes retilíneos; 5. Resistência a ataques de pragas e doenças; 6. Formas e tamanho de copas; 7. Densidade da madeira; 8. Outros itens de interesse do trabalho; Em função dos critérios e exigências da lista das espécies tem-se a seguinte classificação: 1. Espécies de madeira para serra (S) A 2. Espécies de madeira para lamina (L): B A relação deverá ser formada por região, pois certas espécies ocorrem apenas em determinadas localidades. b) Classes de Tamanho A tabela 03 a seguir relaciona as classes de tamanho, a terminologia e símbolo para cada fase de desenvolvimento da planta. Tabela 03 - Classe de tamanho, terminologia e símbolo das plantas. CLASSE DE TAMANHO TERMINOLOGIA SÍMBOLO 0 < altura <30 cm Plântula P 30< altura <300 cm Muda M 300 cm< altura e DAP =5 cm Muda Estabelecida ME 5 cm< DAP <10 cm Varinha Va 10 cm< DAP < 15 cm Vareta VB 15 cm < DAP < 20 cm Árvore Ar 20 cm < DAP < 30 cm Árvore 1 30 cm < DAP < 40 cm Árvore 2 40 cm < DAP < 50 cm Árvore 3 FONTE: Adaptado de FLOR, 1984. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 44 Após separar os indivíduos nas classes de tamanho, obtêm-se o peso de cada classe de tamanho. Para a obtenção do peso de cada classe divide-se o total de indivíduos de cada classe pela soma geral de indivíduos da regeneração. A classe de tamanho absoluta e relativa da regeneração natural para cada espécie é obtida pelo somatório dos produtos do número de indivíduos da espécie em cada classe pelo peso dessa classe, ou seja: a) Classe de Tamanho Absoluta       =∑ = N n CTRN i p i ijABS n 1 b) Classe de Tamanho Relativa 100 1 ∗= ∑ = p i ABS ABS REL CTRN CTRN CTRN em que: CTRNABS → Classe absoluta de tamanho da regeneração natural da i-ésima espécie; CTRNREL → Classe relativa de tamanho da regeneração natural da i-ésima espécie; nij → número de indivíduos da i-ésima espécie na j-ésima classe de tamanho; N → número total de indivíduos da regeneração natural; Ni → número total de indivíduos da i-ésima espécie da regeneração natural em todas as classes de tamanho; P → número de espécies. c) Posição Sociológica das Árvores na Regeneração Das espécies, deverão ser coletados e registrados dados sobre o estado competitivo da regeneração, situado à proporção das árvores em estágio de dominância e em competição ou ainda dominadas, ou suprimidas por outras espécies. De acordo com a condição em que as plantas se apresentam na regeneração podem ser classificadas em: Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 47 freqüência na regeneração aplica-se os procedimentos utilizados para árvores estabelecidas. A regeneração natural relativa para cada espécie, obtém-se pela média aritmética desses valores, tais como: ( ) ( ) 3 RELRELREL REL CTRNRNRN FRABRN ++ = onde: RNREL → Regeneração Natural Relativa (%); ABREL → Abundância Relativa da Regeneração Natural; FRREL → Freqüência Relativa da Regeneração Natural; CTRNREL → Categoria de Tamanho Relativa da Regeneração Natural. 3.3.3.5 - Índice de Valor de Importância Ampliado (IVIA) O índice de valor de importância das espécies é calculado pela soma da Abundância, Dominância e Freqüência Relativa, não permite uma informação completa sobre a estrutura das florestas, já que considera somente a análise da estrutura horizontal e esta não reflete o que verdadeiramente caracteriza as florestas, a sua grande heterogeneidade e irregularidade entre os estratos. Por isso, é calculado o Índice de Valor de Importância Ampliado (IVIA) que utiliza, tanto da estrutura horizontal como da vertical da seguinte maneira: IVIA = Estrutura Horizontal + Estrutura Vertical IVIA = ABREL+DREL+FRREL+PSREL+RNREL Com a adoção do IVIA a importância fitossociológica de cada espécie dentro da floresta é melhor caracterizada. Um exemplo claro a respeito, pode ser citado no caso de uma espécie apresentar uma alta classificação segundo o índice de valor de Importância (IVI), pelo fato de ter uma grande dominância, mas se essa espécie não regenera naturalmente e só está representado no estrato superior, fitossociológicamente não pode ser tão importante na dinâmica da floresta, para o clímax provavelmente desaparecerá por eliminação natural. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 48 3.3.3.6 - Estrutura Diamétrica A estrutura diamétrica que garante a sobrevivência de uma espécie florestal, bem como seu aproveitamento racional segundo as normas de rendimento sustentado, é sem dúvida a distribuição diamétrica regular. Entende-se por distribuição diamétrica regular a distribuição que apresenta maior número de árvores nas classes inferiores de diâmetro. Esta é a maior garantia para a sobrevivência das espécies e, ao contrário, quando ocorre uma estrutura diamétrica irregular, as espécies tenderão desaparecer com o tempo. Isso significa que as categorias inferiores devem incluir o maior e suficiente número de indivíduos que se requer para substituir as árvores exploradas e os que sofrem redução natural ao passar, com o tempo, de uma classe de diâmetro inferior para outra. A representação em classes diamétricas nas florestas heterogêneas é de grande valor, não só porque oferece suficiente informação sobre a existência de uma contínua regeneração, mas também porque guarda uma estreita correlação em relação aos métodos silviculturais adotados nos planos de manejo. 3.3.3.6.1 - Distribuições do número de árvores A aplicação da distribuição do número de árvores em classes de diâmetro vem desde o início do século XX na Europa, América, África e Ásia, e é classificada em três tipos principais: Unimodal, Multimodal e Decrescentes. A distribuição unimodal é característica dos povoamentos jovens equianos, podendo ser encontrada em povoamentos naturais. Este tipo de distribuição pode ser ajustado por uma função de densidade probabilística, como por exemplo, a função Beta. As distribuições do número de árvores em classes de diâmetro decrescentes são encontradas nas seguintes condições: a) Florestas naturais que apresentam árvores de todas as idades. b) Unidades florestais bem manejadas que contenham indivíduos de uma determinada espécie em todas as idades. c) Florestas plantadas quando consideradas em seu conjunto, em relação a um Estado, Região ou País. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 49 A distribuição diamétrica decrescente pode apresentar três tipos, em função do decréscimo do número de árvores em classes sucessivas de diâmetro, ou seja: Tipo I: O número de árvores por unidade de área decresce nas classes sucessivas de diâmetro em progressão geométrica uniforme. N1 = qN2 = q 2N3 = q 3N4 = . . . = q n-1Nn Tipo II: O número de árvores por unidade de área decresce nas classes sucessivas de diâmetro em progressão geométrica crescente. N1 > qN2 > q 2N3>q 3N4 > . . . > q n-1Nn Tipo III: O número de árvores por unidade de área decresce nas classes sucessivas de diâmetro em progressão geométrica decrescente. N1 < qN2 < q 2N3<q 3N4 < . . . < q n-1Nn onde: ⋅⋅⋅==== NNN NNN q 4 3 3 2 2 1 “ teoria de DE LIOCURT” Ni → número de árvores por classe de diâmetro, em que i variando de 1 a n. As distribuições multimodais apresentam pouca importância prática nas análises das estruturas diamétricas das florestas tropicais, pois estas não ocorrem naturalmente, apenas são encontradas em áreas florestais que sofreram aproveitamento de certas classes de diâmetros. 3.3.3.6.2 - Distribuições do volume A estrutura volumétrica de uma floresta natural é a sua distribuição do volume nas classes de diâmetro. A distribuição do volume pode ser definida através do cálculo do ponto de produção máxima em diâmetro. Este ponto é definido quando o volume da árvore com o DAP médio é máximo, ou seja, o ponto onde o volume por unidade de área começa a diminuir mais rapidamente enquanto o DAP da árvore aumenta. É um ponto crítico da floresta. São conhecidas duas formas de estruturas de distribuição do volume: Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 52 O quociente entre o número de árvores por classe de diâmetros estimados por esta função não é constante, pois aumenta com o acréscimo dos diâmetros, resultando em uma distribuição não linear sobre papel semi-logarítmo. 3.3.3.7.2 - Função Hiperbólica A função hiperbólica foi utilizada inicialmente por MERVART, na Nigéria para ajustar distribuições diamétricas de florestas altas. Este modelo é apresentado na forma: ( ) ( ) YY ix i i ie xx 0 0 110 +      −⋅ − = + εββ Onde: Yi → número de árvores por unidade de área por classe de diâmetro i; Xi → centros de classes de diâmetros; X0,Y0 → refere-se a classe inicial dos diâmetros; β0, β1 → Constantes a serem estimados; ℮ → base logaritmo natural; εi → erro aleatório. Nessa função procura-se ajustar os pontos de dados de uma distribuição apoiando-se no primeiro ponto de dados. 3.3.3.7.3 - Função Potencial O modelo potencial também pode ser utilizado para descrever a estrutura diamétrica das florestas naturais. Os modelos são escritos na forma: ix iY − ∗= 10 ββ ixY i β β − ∗= 10 onde: Yi → número de árvores por unidade de área por classe de diâmetro i; Xi → centros de classes de diâmetros; β0, β1 → Constantes à serem estimados; Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 53 3.3.3.7.4 - Função Polinomial Em florestas naturais a distribuição diamétrica apresenta uma tendência sigmoidal, porque as razões de crescimento e mortalidade são uniformemente distribuídas para as freqüências das classes de diâmetros. A função polinomial utilizada para ajustar as distribuições diamétricas é a série potencial na forma: xxx n ipiii xY βββββ +⋅⋅⋅+⋅+⋅+⋅+= 3 3 2 210 ln onde: Yi → número de árvores por unidade de área por classe de diâmetro i; Xi → centros de classes de diâmetros; β0, β1 β2 β3... βp → Constantes à serem estimados; Outras funções de densidade de probabilidade podem ser usadas para ajuste das distribuições do número de árvores, área basal e volume por classe de diâmetro. Dentre estas funções podemos citar a função Beta e a função Weibull que foram utilizados por Barros (1980), com dados da floresta nacional de Tapajós. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 54 4.0 - PROPOSTA TÉCNICA DE MANEJO FLORESTAL 4.1 - Planejamento das Ações para o Manejo Com base nos levantamento e nas observações de experimentos e resultados das pesquisas e trabalhos técnicos implantados em florestas tropicais, preparou-se esta proposta para elaboração de um plano de manejo. A proposta é que este plano possibilite obter produtos florestais madeireiros ou não, mantendo a biodiversidade por meio do estoque remanescente da regeneração e dos indivíduos estabelecidos e não selecionados para o corte e que apresentam características potenciais para aproveitamento futuro ou simplesmente sirvam como estoque regulador da floresta. Neste item serão discutidos as fases e os pontos importantes que devem ser considerados na elaboração de um plano de manejo em uma determinada floresta. 4.1.1 - Mapeamento e Delimitação da Propriedade A propriedade rural deve ser avaliada e, posteriormente, estratificada por zonas homogêneas para caracterizar as regiões com reais potencialidades de usos. A quantidade de área disponível em função da capacidade potencial será determinante para definir o sistema, a escala e intensidade de manejo. Em uma primeira abordagem com base apenas em informações obtidas das imagens e por inferência bibliográfica, por exemplo, o relatório Radambrasil, pode-se ter uma aproximação das condições de vegetação, solo, geomorfologia, hidrografia e topografia. Estas avaliações permitirão identificar as unidas homogêneas na propriedade. A confirmação ou alteração destas unidades ocorrerá pela etapa de coleta dos dados de campo onde serão anotados em planilhas próprias todas as informações adicionais importantes para uma correta subdivisão da área da propriedade. Nesta fase será efetuado o macro-zoneamento da propriedade onde serão caracterizadas as grandes unidades homogêneas que serão destinadas à utilização econômica, as de preservação permanentes e as áreas consideradas impróprias para uso comercial. O macro-zoneamento da propriedade deverá ser apresentado em mapas com escala compatível a área da propriedade. Para a confecção dos mapas deve ser usada a base cartográfica do Serviço Geográfico do Exercito – DSG ou cartas do IBGE. As escala disponíveis são de 1: 50.000, em alguns pontos; 1: 100.000 ; 1: 250.000 e 1: 1.000.000. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 57 4.1.2.2.1 - Locação das Amostras Na locação das amostras na área do projeto, utiliza-se um mapa de localização das amostras (Figura 11), em escala compatível, contendo a indicação das amostras sobre a base cartográfica, com a topografia do terreno, cursos d água e elevações com difícil acesso. A locação das amostras deve ser realizada com auxílio do instrumento do sistema de posicionamento global (GPS). Caso não disponha de um GPS, o serviço deve ser realizado com uso de bússola. As amostras são indicadas por caminhamento contendo o azimute e a distância para sua localização. A localização é feita a partir de um ponto de referencia conhecido no terreno. Figura 11 – Distribuição espacial das amostras na área de manejo florestal da estação demonstrativa – UFMT/FENF. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 58 4.1.2.2.2 - Instrumentos e Métodos de Medição Os instrumentos utilizados para medição nas amostras são: bússola, trena, hipsômetro laser ou clinômetro, fita métrica ou de diâmetro. O uso do hipsometro laser é preferível para determinação das alturas pois possui maior precisão em relação ao clinometro, porém sua aquisição é mais onerosa. O uso do clinômetro é interessante, pois, este aparelho, permite obter medidas de ângulos verticais com distância variável entre o observador e a árvore, porém requer maior cuidado no seu manuseio durante a leitura. A altura deverá ser tomada, no ponto de bifurcação do fuste ou na base de formação da copa. O método de medição da circunferência deve ser tomado, sempre que possível, a 1,3 metros de altura do solo (CAP). Em árvores com sapopemas a medida da circunferência deverá ser tomada acima destas cerca de ±10 cm . 4.1.2.2.3 - Informações Requeridas O inventário florestal prospectivo com base em amostragem deve fornecer informações da área do projeto que permita fazer inferências sobre a potencialidade da floresta e, ao mesmo tempo, planejar as futuras ações e tomar decisões em relação ao manejo desta floresta. Do inventário requerem-se as seguintes informações: a) Planta geral de localização do projeto de manejo na propriedade; b) Base cartográfica da propriedade e da área do projeto; c) Relação de espécies inventariadas; d) Planta de especificação do posicionamento das amostras; e) Mapas temático; - Solos; - Vegetação; - Geomorfológico; - Hidrografia; - Infra-estrutura disponível na propriedade. f) Informação paramétrica - Volume por amostra, por hectare, por espécie, por grupo de espécie e para o total; Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 59 - Área basal por amostra, por hectare, por espécie, por grupo de espécie e para o total; - Composição florística; - Estrutura horizontal: Abundância, Dominância, Freqüência e IVI; - Estrutura vertical: Posição sociológica e Regeneração natural; - Estrutura diamétrica: Distribuição do número de árvore, área basal e volume por classe de diâmetro por espécie, grupos de espécie e para o total das espécies; - Informações qualitativas da área florestal do projeto; - Informações sobre produtos não madeireiros. 4.1.2.2.4 - Coleta de dados por Amostragem Para o inventário florestal com objetivo de elaborar um plano de manejo faz-se necessário à implantação de amostras para coleta dos dados paramétricos e qualitativos da área de interesse do manejo. Muitas vezes estas amostras tornam-se permanentes. Após a marcação da amostra mede-se todos os indivíduos arbóreos com CAP ≥ 60 cm, dos quais: anota-se o nome comum na região e, se possível, o nome científico; mede-se a circunferência à altura de 1,3 metros do solo (CAP), a altura do fuste, ou seja, a altura da base da copa. As informações qualitativas da floresta são fornecidas por meio da anotação da forma do fuste, condição do tronco, posição sociológica da copa, presença de cipós e epífitas. Outras informações podem ser requeridas no inventário, neste caso, as planilhas de coleta dos dados devem ser preparadas para as exigências do projeto. Na figura 12, está demonstrado um modelo de planilha para coleta dos dados para elaboração do plano de manejo florestal. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 62 Na realização das medições é necessário que as árvores medidas sejam identificadas com plaquetas e numeradas na seqüência de “01” a “n”. As plaquetas devem ter dimensões de 5cm x 5 cm, em alumínio, e deverá ser fixada, com prego galvanizado a uma altura de 10 cm acima do CAP ou ponto de medição. A figura 13 mostra as dimensões, forma e padrão da plaqueta. 5,0 cm * 01 5,0 cm Figura 13 - Plaqueta de identificação de árvores nas amostras. Se a determinação da altura for pelo uso do clinômetro esta é obtida indiretamente por meio de cálculo. Por exemplo: tomando a altura como H; os ângulos verticais como alfa (α1)= 11 0 30 e beta (β1)= 5 0 00´ e a distância (L) = 30 m do operador até a árvore, temos então: H= L*(tg α1 + tg β1)= 30*( 0,2035+0,087), logo H= 8,75 m A figura 14 ilustra melhor a posição do operador e, também, as medidas a serem tomadas. Figura 14 – Esquema da posição de coleta dos dados para determinação da altura Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 63 4.1.2.3 - Processamento dos Dados 4.1.2.3.1 - Cubagem Os dados podem ser processados utilizando a planilha eletrônica Excel para obter as informações paramétricas diâmetro a altura do peito (DAP), altura total (HT) e os volume com e sem casca pelas fórmulas. O volume de cada tronco pode ser calculado pela fórmula descrita a seguir: VT = v1 + v2 + v3 + ...+ vn + vp onde: VT = Volume do tronco; v1 , v2 , v3 , vn = volume das respectivas seções; Vp = volume da ponta. 1 21 1 2 l gg V       + = 2322 2 l gg V       + = 3433 2 l gg V       + = n nn n l gg V         + = − 2 1        = 3 pnlgVp em que: V = volume da seção considerada; g = área seccionada do extremo da seção; l = comprimento da seção; Vp = volume da ponta. 2 1 2 1 1 44 π π cd g == 2 2 2 2 2 44 π π cd g == 2 3 2 3 3 44 π π cd g == 22 44 π π nn n cd g == g = área seccionada do extremo da seção; d = diâmetro tomado no extremo da seção; c = circunferência tomado no extremo da seção. 4.1.2.3.2 - Parcelas Amostrais O processamento dos dados de inventário é realizado após a análise, consistência e codificação dos dados de todas as árvores. O processamento pode ser realizado por algum Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 64 programa específico de inventário ou utiliza-se de uma planilha eletrônica existente no mercado como por exemplo o Excel. A desvantagem do uso de planilhas eletrônicas é o tempo requerido para o processamento, mas trás como vantagem para o elaborador do projeto o controle dos dados o que permite verificar possíveis erros e fazer as correções. Os resultados do processamento devem ser apresentados por meio de tabelas e gráficos contendo as informações paramétricas quantitativas e qualitativas da área florestal por amostra, por estrato e para toda a área. Estes resultados devem ser sumarizados por espécie, por grupo de espécie e para o total. 4.1.2.4 - Preparação de Relatório do Inventário Os relatórios devem ser objetivos e concisos para facilitar a tomada de decisão a respeito dos resultados obtidos no inventário. O importante é que a peça escrita do relatório reflita a realidade florestal do local. Nos relatórios devem conter informações por espécie, grupo de espécies e para o total de espécies inventariada: a – Parâmetros médios ( Diâmetro, Altura, Área basal e Volume); b – Estrutura, Composição Florística; c – Estrutura Horizontal: Abundância, Dominância, Freqüência e IVI.; d – Estrutura Vertical: Posição sociológica, Regeneração natural e IVIA; e – Estrutura Diamétrica: e1) Número de árvores por espécie e por classe de diâmetro; e2) Área basal por espécie e por classe de diâmetro; e3) Volume por espécie e por classe de diâmetro. f – Listas das espécies para produtos não madeireiros. g – Tipos de produtos não madeireiro. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 67 Tabela 04 - Área de produção anual por unidade de manejo florestal no primeiro ciclo de corte ANO UPA (ha) ANO UPA (ha) ANO UPA (ha) ANO UPA (ha) 1 15.000,00 6 12.000,00 11 6.500,00 16 2.466,60 2 15.000,00 7 9.000,00 12 6.000,00 17 2.456,60 3 15.000,00 8 7.500,00 13 5.000,00 18 2.456,60 4 12.500,00 9 7.500,00 14 3.500,00 19 2.456,60 5 12.500,00 10 6.500,00 15 2.500,00 20 2.456,60 70.000,00 42.500,00 23.500,00 12.293,00 UMF1 (ha) UMF2 (ha) UMF3 (ha) UMF4 (ha) A estrutura do sistema de produção foi pela demarcação de cada uma das Unidades de Manejo Florestal (UMF`s) e, posteriormente, cada UMF foi dividida em Unidade de Produção Anual (UPA). Os primeiros cinco anos estarão em processo de produção a UMF1, que é sub- dividido em cinco Unidade de Produção Anual, a saber: UPA1, UPA2, UPA3, UPA4 e UPA5. A área das unidades de Produção Anual UPA somadas é igual a área total de cada uma das UMF. A área total da floresta que será manejada é igual a soma das áreas de todas UMF`s. Do sexto ao décimo ano estará em produção a UMF2 e, assim, por diante até que a última UMF, neste exemplo é a UMF4, entre em processo de produção para completar o primeiro ciclo de corte que está estimado em 20 anos. O Sistema de Manejo Policíclico de Uso Múltiplo (SMP) permite estabelecer um fluxo de produção otimizado em relação à infra-estrutura necessária para cada unidade de produção. Outra vantagem deste sistema é a manutenção de uma maior área de floresta sem ação antrópica, o que resulta num menor impacto ao ecossistema florestal. Desta forma, a área de 148.293 ha estará dividida em 20 unidades de trabalho anual. 4.5 - Unidade de Produção Anual e de Trabalho O planejamento do censo deve ser precedido da definição das unidades de trabalho (UT) que farão parte de um conjunto na unidade de produção anual (UPA). A unidade de produção anual é uma subdivisão da unidade de manejo florestal. Como exemplo, podemos citar a área da Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 68 Estação Demonstrativa em manejo Florestal, com 25 unidades de trabalho (UMF de 3000 ha) e com a unidade de trabalho de 120 ha cada e unidade de produção anual de 240 ha (Figura 15). Figura 15 – Detalhe da unidade de produção anual (UPA) em azul, e unidade de trabalho (UT) 4.6 - Censo Florestal o Planejamento e Execução 4.6.1 - Censo Florestal - Planejamento O planejamento deve definir as atividades a serem desenvolvidas pela equipe responsável, com o objetivo de antecipar todas as dúvidas que possam surgir à campo. Nesta etapa, deve-se preparar a área fazendo a demarcação das unidades de trabalho onde será realizada esta operação. Com apoio do serviço de geoprocessamento, define-se em mapa a disposição das unidades de produção anual e, conseqüentemente, as unidades de trabalho. A figura 15 mostra a espacialização das unidades de trabalho. Com o mapa de definição das unidades de trabalho (UTs) uma equipe formada por quatro pessoas fará os trabalhos de preparação da floresta para realização do censo. O responsável Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 69 técnico pelo trabalho, o coordenador, definirá o alinhamento da demarcação; outro membro da equipe assume o papel de balizador, cuja função é orientar a abertura das picadas e fixar as balizas ao longo das picadas; o restante da equipe, os dois ajudantes farão a abertura das picada. 4.6.2 - Censo Florestal: Preparação da área Para a demarcação das unidades de trabalho, localiza-se pelas coordenadas ou algum ponto de referência no terreno, o ponto de onde inicia a linha base. Deste ponto, com a orientação do azimute da linha e com o apoio de uma bússola, dá-se o início da abertura das picadas que demarcam a unidade de trabalho. Ao longo da picada devem ser fixadas balizas com eqüidistância de 50 metros. As picadas de orientação e a abertura das estradas secundárias em terreno planos devem ser sempre que possível no sentido Leste-Oeste, logo as picadas base devem ser abertas no sentido Norte-Sul, porque desta forma a abertura das picadas de orientação para realização do censo ficam no sentido Leste-Oeste. As balizas devem ser marcadas e numeradas com zero, na origem e, posteriormente, a cada 50 metros até o limite máximo de 1000 metros, a figura 16 ilustra melhor a distribuição das picadas. Em áreas acidentadas o comprimento das picadas vai depender das condições do terreno, por esta razão, pode ser maior ou menor que 1000 metros, recomenda-se nestes casos as UT definidas por microbacias. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 72 Outra forma para determinar o volume das árvores individualmente é fazer uso de uma equação de volume especialmente preparada para a área do manejo florestal. A informação dos dados para gerar o fator de forma ou a equação de volume deve ser obtida por ocasião da realização do inventário florestal prospectivo. 4.7 - Planejamento e implantação da Infra-estrutura de manejo 4.7.1 - Planejamento As chuvas que ocorrem durante grande parte do ano representam um grande obstáculo para a exploração da floresta tropical. Somente a construção de uma boa rede de estradas permanentes permitirá a colheita em matas de terras firmes durante a maior parte do ano. Por ser a área da floresta densa é possível a construção de estradas temporárias para o uso, não só na época de seca, mas também em uma boa parte do ano. A estrada temporária é de fácil e baixo custo de construção. Essa redução nos custos de construção de estradas temporárias deve ser aproveitada ao máximo a fim de reduzir o custo de extração de madeira, porém não devem ser usadas durante o período de chuvas. Deve-se também diminuir o trafego nas estradas principais durante as chuvas intensas. Então, a rede de estradas deverá ser planificada de maneira que se obtenha um custo otimizado de exploração. A estrada principal deverá ser levantada para conseguir suficiente drenagem e capacidade de suportar carga durante as chuvas, deverá ser revestida com material resistente. As estradas deverão ser construídas com um ano de antecipação das atividades de exploração, possibilitando assim sua melhor estabilização e compactação. As estradas permanentes deverão ter leito carroçável, com largura de 6 metros. A rede de estradas deve ser planejada com a definição dos rumos, sentidos e padrão, deve ser feito os mapas gerais e de detalhes. Os detalhes de cada uma das estradas, devem estar seguidos de pontes que serão necessárias construir. 4.7.2 - Implantação da Infra-estrutura para o Manejo 4.7.2.1 - Estradas principal e secundaria Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 73 A implantação das estradas principais e secundárias é feita em duas etapas. As primeiras estradas a serem construídas são as principais que tem a seguinte seqüência: 1 – abertura da picada do eixo da estrada; 2 – exploração do material comercializável existente na faixa de domínio da estrada, para esse procedimento, serão utilizados tratores de esteiras equipados com lâminas frontais; 3 – desmatamento que consiste no tombamento e enleiramento na lateral de todo o material vegetal existente no eixo da estrada. 4.7.2.2 - Trilhas de Arraste As trilhas de arraste desempenham um importante papel na racionalização das operações de exploração florestal. Elas permitem o direcionamento do arraste das árvores cortadas até os pátios intermediários, facilitando esta operação. São trilhas rudimentares de mais ou menos 3,00 metros de largura, abertas antes do inicio do corte, preferivelmente com trator florestal (Skider) e com ajuda de moto-serras, sempre evitando obstáculos tais como: árvores grossas caídas no trajeto da trilha. 4.7.2.3 - Abertura de Esplanadas Estrategicamente, e em pontos de livre e fácil acesso, serão formados pátio de estocagem ou esplanadas, para o armazenamento de toras, o que impedirá o congestionamento do material na floresta. Estas esplanadas devem possuir área de 500m² e dimensão de 20m x 25m. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 74 5. PREPARO DA FLORESTA PARA CORTE E EXTRAÇÃO 5.1 - Corte de Cipós Tem como objetivo facilitar a operação de derruba das árvores comerciais, não comprometendo a queda direcionada e diminuir os danos causados às outras árvores (remanescentes) e, riscos de acidentes durante a exploração, aumentando, assim, a segurança das equipes de exploração. Esta atividade deve ser realizada pelo menos um ano antes da exploração, preferencialmente, junto com o inventário pré-exploratório ou logo após o mesmo. Para eliminação dos cipós utiliza-se diversos métodos, porém o mais usual é o corte com foice na altura do peito e uma pincelada de arboricida a base de hormônio, a presença de um técnico habilitado é necessária, o técnico deve acompanhar toda a operação e observar alguns pontos: - O arboricida é tóxico e perigoso ao homem; - Diversas espécies são imunes a sua aplicação; - Necessidade de dosar muito bem a aplicação, para evitar a contaminação do ecossistema. 5.2 - Corte das árvores É a primeira etapa da colheita florestal e tem grande influencia na realização das operações subseqüentes. O corte pode ser realizado por diversos métodos, o mais usual no estado é o semimecanizado por meio da motoserra, além do equipamento auxiliar, a cunha com alavanca. O operador deve executar o entalhe direcional, esta operação permite a derrubada direcionada. Deve-se evitar o derrubamento contra outras arvores, devido aos danos físicos e ao trabalho de separar uma da outra. 5.3 - Arraste Esta operação pode ser executada com diversos tipos de máquinas de acordo com a disponibilidade de equipamentos. As operações de extração de madeira da floresta envolvem uma equipe completa composta pelo operador do equipamento de arraste, mais a presença de dois auxiliares, responsáveis pela colocação dos cabos nas toras.. O equipamento que maior rendimento tem oferecido para esta operação é o SKIDER. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 77 - As dimensões do diâmetro do toco no sentido dos eixos cartesianos X e Y, para obter o valor médio; - A altura de corte em cada toco; - O comprimento da tora (estimado pela distância entro o toco e o início da galhada); - As dimensões do diâmetro da ponta (início da galhada) no sentido dos eixos cartesianos X e Y, para obter o valor médio; - O comprimento da sobra da tora na ponta; - O comprimento e a circunferência de dois galhos principais de cada árvore; - A largura e o comprimento da galhada para permitir reconstruir a projeção da área ocupada pela copa no solo. - Registra-se, ainda, o tipo de corte utilizado (com entalhe direcional ou sem entalhe direcional), com o propósito de avaliar a qualidade do corte que será utilizado durante a exploração. 6.2 - Avaliação de Danos Para avaliação dos danos e desperdícios, causados a vegetação remanescente, por ocasião da exploração, tanto no corte como no arraste, aplica-se o procedimento sugerido por SILVA (2003), de acordo com a seguinte escala: Causa do dano: 1 - Derrubada 2 - Arraste Tipo dano do Fuste: 1 - Quebrado 2 - Descascado 3 -Inclinado 4 - Derrubado Tipo de dano Copa: 1 - Parcialmente quebrada com – 50% 2 - Parcialmente quebrada com + 50 % 3 - Totalmente quebrada Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 78 Danos da casca: E - espessura L - Largura C - comprimento 6.3 - Avaliação de Desperdícios Na avaliação dos desperdícios, por ocasião da exploração, são medidos e anotados os dados de acordo com a seguinte escala: Tipo de corte: 1 - direcionado 2 - Não direcionado Toco: HC - altura do corte Hdesp. - altura do desperdício Dtoco - Diâmetro do toco Tora: Ctora -Comprimento da tora Dtora - Diâmetro da tora Cdesp - Comprimento do desperdício Ddesp - Diâmetro do desperdício Copa: Dg1 - Diâmetro do galho 1 Cg1 -Comprimento do galho 1 Dg2 - Diâmetro do galho 2 Cg2 -Comprimento do galho 2 Dcopa -Diâmetro da Copa Ccopa - Comprimento da Copa 6.3.1. - Quantificação de Danos e Desperdício 6.3.1.1 - Danos Os dados obtidos em campo são tabulados e processados, com o uso de planilha eletrônica. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 79 6.3.1.1.2 - Área alterada Calcula-se a área alterada pelo produto do comprimento vezes a largura média das estradas e trilhas de arraste. 6.3.1.1.3 - Área do pátio de carregamento A área do pátio de carregamento de toras é calculado como sendo a área do retângulo formado pelas dimensões de largura e comprimento das laterais de cada esplanadas. 6.3.1.1.4 - Pátio de descarregamento O calculo do pátio de descarregamento do reboque da carreta é realizado por meio da área do triangulo formado pela largura da rampa e o comprimento do acesso a mesma. 6.3.1.1.5 - Abertura de copa provocada pela queda Calcula-se a área alterada pela projeção da queda da copa no solo pela medida do comprimento e da largura da área ocupada pela copa no chão. A abertura do dossel é calculada considerando a projeção da área ocupada pela copa no chão. E a área da copa é estimada como sendo a área fornecida pelo círculo com diâmetro igual ao da largura da copa fornecida pela medida da base da copa. 6.3.1.1.6 - Danos nas remanescentes provocados pela queda árvores e arraste O número médio de árvores danificadas em decorrência da derrubada de uma árvore pode ser calculado pela contagem das árvores danificadas em torno de cada árvore caída; O número médio de árvores suprimidas ou danificadas em relação a abertura de estradas e trilhas de arraste é obtido pela contagem de árvores caídas por unidade de área durante a passagem do trator florestal ( Skidder). 6.3.1.2 - Desperdícios 6.3.1.2.1 - Volume da tora O volume de madeira efetivamente explorado e arrastado até o pátio é estimado pela área transversal da base (toco) pelo comprimento da tora ( h ) e fator de forma ( f f). Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 82 Os sistemas silviculturais, baseados na regeneração natural, dependem da presença de um estoque adequado de mudas e varas das espécies desejáveis no momento da exploração e/ou de seu recrutamento após a abertura do dossel. O levantamento do status da regeneração natural antes e após a exploração é uma importante ferramenta para orientar a tomada de decisão quanto ao sistema silvicultural a ser aplicado. Em outras palavras, a floresta apresenta um estoque suficiente de espécies desejáveis para suportar um sistema baseado exclusivamente na regeneração natural? Ou será que são necessários tratamentos pré-exploratórios para induzi-los e assim melhorar o estoque e composição do povoamento? Ou mais, será que o estoque de regeneração natural é tão baixo que levasse o silvicultor a indicar plantios de enriquecimento? Perguntas como essas têm sido motivo de preocupação para os engenheiros florestais por diversas décadas e muito esforço de pesquisa foi gasto no desenvolvimento de métodos para avaliar a regeneração natural. 6.4.1 - Avaliação do Crescimento, Incremento, Ingresso e Mortalidade da Floresta Estabelecida A importância desta avaliação se reveste no fato de que temos que saber qual é a dinâmica que ocorrem nestes parâmetros. Diferentes metodologias podem ser adotadas com o propósito de avaliar a velocidade da dinâmica de mudança no ecossistema. Diversos pesquisadores têm optado pela implantação de parcelas permanente com área mínima de ¼ ha por unidade de registro. Estas parcelas são divididas em sub-parcelas amostrais onde são coletados as informações da regeneração natural, como demonstrado nas figuras 06 e 07, descritas no item da amostragem. As informações obtidas em períodos de tempo diferentes permitem avaliar as mudanças em diâmetro, o tempo de passagem das espécies que ingressaram nas classes de diâmetro, e também, a mortalidade que é obtida pelo complemento da arvores sobreviventes na floresta. A avaliação do crescimento, incremento, ingresso e mortalidade deve ser efetuada com base nas medições de antes da intervenção e outras repetições que devem ser efetuadas em período de tempo com intervalos não superior a 5 (cinco) anos. O intervalo entre uma medição muito curta, por exemplo, período de um ano, não é suficiente para observar a variação ocorrida nos parâmetros que indicam a velocidade das mudanças, por outro lado, intervalos muito longos levam a perder as mesmas informações. A experiência nos trabalhos que vem sendo executados Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 83 nos centros de pesquisas do INPA no Amazonas e da Embrapa no Pará tem indicado na direção que o melhor intervalo de tempo deve ser 02 (dois) à 03 (três) anos. A dinâmica de crescimento deve ser avaliada pela área basal, numero de arvores e volume por classe de diâmetro e por unidade de área, neste caso um hectare. Os padrões mínimos a serem seguidos nas parcelas permanentes são as mesmas adotadas pela Rede de Monitoramento da Amazônia, em anexo. 6.5 - Plano de Prevenção, Controle e Combate a Incêndios Florestais Para a proposição de um sistema de prevenção e controle a incêndios, buscar-se-á definir os indicadores de riscos de incêndios, os agentes causais e a logística necessária para sua prevenção e controle a partir de dados oriundos da quantificação da biomassa, “práxis”da população e de parâmetros climatológicos. As informações necessárias para elaborar um plano de prevenção e controle serão coletadas por medição de amostras, aplicação de questionários e processamento de uma série de dados climatológicos. O sistema deve ser definido com base em uma matriz de decisão que permita identificar os pontos de susceptibilidade, elaborar e instrumentalizar estratégias para a prevenção. A grande maioria dos incêndios florestais, é fruto da ação do homem e consequentemente pode ser evitada. O fato de evitar é tão ou mais importante do que extinguir, pois a necessidade de extinção justifica-se na falta de precaução. A maneira mais econômica quanto aos incêndios florestais, é a realização de métodos preventivos. Pois medidas preventivas evitam prejuízos à economia florestal do país. Se estas fossem aplicadas obrigatoriamente seriam evitados os custos com combate e os prejuízos produzidos pelo fogo seriam suprimidos. A seguir algumas recomendações essenciais a prevenção e combate de incêndios em áreas florestais tropicais: Causas: As mais freqüentes: a) Intencionais: aqueles provocados com o objetivo de ampliar áreas para o pastoreio e a agricultura. Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 84 b) Camping, piqueniques e acampamentos: por negligência, descuido e ignorância, por a aqueles que utilizam a floresta como local de recreio e lazer. c) Fósforos e cigarros: têm como causa os fumantes, que atiram, sem menor cuidado, fósforos e pontas de cigarro ainda em ignição os quais propagam o fogo na camada de serrapilheira e aos pastos secos, dando origem a grandes incêndios. d) Queimadas com restos das explorações, que por descuido ou negligência se propagam, dando lugar à destruição das superfícies florestais. e) Estradas de ferro: as fagulhas expelidas pelas locomotivas, ao encontrar vegetação facilmente combustível às margens de seu leito, produziam incêndios, que em certos países se constituíram umas das principais causas. f) Raios: trata-se de uma causa imprevisível (fenômeno natural). A classificação para as causas de muitos incêndios como “diversos” ou “causas desconhecidas”, para aqueles casos em que se torna impossível a determinação da causa do fogo, quando este ultrapassa fronteiras de um país para outro, não podendo também se determinar a causa, recorre-se à mesma maneira, registrando-se como sendo “fogo proveniente de tal país”, etc. As causas podem ser agrupadas em duas categorias: naturais e humanas. As causas naturais correspondem aos fenômenos da natureza que produzem fogos sem a intervenção do homem: o raio, a combustão espontânea, os aerólitos, o atrito, etc. Neste caso, o raio ocupa um lugar predominante em certas estatísticas. Efeitos: Os danos produzidos numa superfície ou região florestal podem ser: a) Destruição ou dano em árvores jovens, maduras ou super-maduras, indispensáveis para o desenvolvimento e progresso da indústria madeireira; b) Destruição de sementes – futura regeneração – e rebrotas (futura floresta); c) Destruição da cobertura morta e empobrecimento do solo, reduzindo a capacidade reprodutiva e preparando a erosão; d) Destruição dos bosques de proteção, da fauna, e eliminação das belezas cênicas naturais; e) Aumento do número de insetos e enfermidades que logo atuarão infestando e infectando as florestas; Manejo de Floresta Nativas: Planejamento, Implantação e Monitoramento UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – VERSIDES SEBASTIÃO DE MORAES E SILVA 87 BURGER, D. – Tópicos de Manejo Florestal Ordenamento Florestal: A produção florestal – Setor de Ciências Agrárias – Curitiba. Universidade Federal do Paraná, 1976. 155p. BROWER, J.E.; ZARR, J.H. Field & Laboratory Methods for General Ecology. 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Lei Complementar Estadual nº232, de 21 de dezembro de 2005 – Altera o código Estadual do Meio ambiente. _______. Lei Complementar Estadual nº233, de 21 de dezembro de 2005 – Dispõe sobre a Política Florestal do Estado de Mato Grosso. _______. Portaria nº 19 de 11 de abril de 2003 – Institui a Declaração de acompanhamento e Avaliação de Plano e Manejo Florestal Sustentável – DAAPMF, que deverá ser apresentada pelos responsáveis técnicos dos Planos de Manejo Florestal Sustentável. http://www.suframa.gov.br/download/legislacao/ambiental/legi_p_ibama_19_11abr2003.pdf _______. Portaria 01 de 01/01/06 – Regulamenta o parágrafo 3º do art.13 do Decreto 6.958 de 29/12/05, institui o cadastro de consumidores de produtos florestais (CC-SEMA) _______. Portaria 02 de 01/01/06 – Aprova os roteiros mínimos para Plano de Manejo Florestal e Plano Operacional Anual _______. Portaria 03 de 01/01/06 – Institui os Termos de Responsabilidade de Manutenção de Floresta Manejada e o de Vinculação de Reposição Florestal _______. Portaria 30 de 30/03/06 – Disciplina o uso da Guia Florestal para o Transporte de Produtos e Subprodutos de Origem Florestal _______. Instrução Normativa n° 3 de 4 de março de 2002 – Sobre conversão para uso do Solo (reedição da IN 003, de 10.05.01, publicada em 14.05.01). _______. Instrução Normativa n° 7, de 22 de agosto de 2003 – Sobre o Manejo Florestal Sustentável do Mogno. ODUM, E.P. Ecologia. University of Georgia,1983. PAYANDEH, B. Comparacion of method for assessing spatial distribution of trees. For. Sci., v.16, n.3, p. 312-317, 1970. PELICO NETTO, S.; BRENA,D.A Inventário Florestal. Curitiba, 1997. 316p PERLIN, J. História das Florestas. Rio de Janeiro,1992.490p ROCHA, R.M., Taxas de recrutamento e mortalidade da floresta de terra firme da bacia do rio cuieiras na região de Manaus/AM. 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