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Guias e Dicas
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Fecundação em Angiospermas e Biologia Floral, Notas de estudo de Agronomia

Apostila da UFU sobre biologia floral e reprodutiva.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 02/10/2010

alexandre-santaella-6
alexandre-santaella-6 🇧🇷

4.7

(35)

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Baixe Fecundação em Angiospermas e Biologia Floral e outras Notas de estudo em PDF para Agronomia, somente na Docsity! 49 FECUNDAÇÃO A fecundação nas angiospermas se processa em três fases: Polinização: transporte do grão de pólen da antera ao estigma da flor. Formação do tubo polínico: ou germinação do grão de pólen (microgametogênese). Fecundação propriamente dita: fusão dos gametas masculino (núcleo espermático) e feminino (oosfera), processo também denominado de singamia. Polinização É o processo de transferência do pólen do órgão masculino (antera) ao órgão feminino (estigma) da flor que resulta na fertilização do óvulo e, conseqüentemente, no desenvolvimento do fruto e da semente. Tipos de Polinização Autopolinização: é o processo de polinização que ocorre em uma mesma flor. Polinização cruzada: processo de polinização que ocorre entre flores diferentes. Se as flores diferentes estiverem numa mesma planta, falamos em geitonogamia, mas se estiverem em plantas separadas, falamos em xenogamia, e em flores que nunca se abrem pode ocorrer autopolinização forçada ou cleistogamia. Nas Angiospermas existe uma tendência ao desenvolvimento de mecanismos morfológicos ou fisiológicos visando o impedimento da autogamia e a posterior autofecundação. Esses mecanismos são: Auto–esterilidade: ocorre quando a fecundação de um indivíduo com o seu próprio grão de pólen (ou grão de pólen de indivíduo genotipicamente semelhante) não resulta na formação de sementes. A auto–esterilidade é determinada pela presença de genes auto-estéreis. Em muitas espécies, o crescimento do tubo polínico é inibido (em alguns casos aparentemente pela inativação de substâncias de crescimento, em outros pela presença de um inibidor específico do tubo polínico) quando o tecido do estigma e o pólen contem o mesmo alelo. Exemplo: muitas variedades de centeio (Secale sp. - Poaceae). Heteromorfia ou heterostilia: é a presença na mesma população de flores de mais de um tipo morfológico, ou seja, nessas flores ocorrem tamanhos diferentes de estames e estiletes, além de diferença no tamanho e ornamentação do pólen, e das papilas estigmáticas. Tal fenômeno é denominado distilia, quando ocorrem dois tipos de flores (brevistilas e longistilas), ou tristilia quando ocorrem três tipos de flores (brevistilas, medistilas e longistilas). Para ocorrer a formação de sementes nessas plantas deve haver polinização alógama e existir uma associação correta entre o tipo de pólen e de estigma. A tristilia ocorre em apenas três famílias: Lythraceae - Oxalidaceae e Pontenderiaceae. Dicogamia: quando em uma flor monóclina ocorre a liberação do pólen concomitantemente à maturação do estigma, falamos em homogamia. Este processo é inverso ao da dicogamia, onde há separação no tempo das funções de liberação do pólen e receptividade do estigma da mesma flor. Esse último processo inclui a protandria e a protoginia. Na protandria o pólen é disponível antes que o estigma esteja receptivo. Esta condição é muito comum em Asteraceae, Campanulaceae, Lamiaceae e Fabaceae. Na protoginia, o gineceu amadurece antes do androceu. Esse fenômeno tem menor freqüência que a protandria e ocorre especialmente em algumas espécies de Aristolochiaceae, Plantaginaceae, Brassicaceae e Rosaceae. Na dicogamia a flor é morfologicamente monoclina, porém funcionalmente díclinas. Hercogamia: ocorre quando o arranjo espacial das anteras e do estigma impede a autopolinização. O exemplo clássico é encontrado entre as Iridáceas, que apresentam estigmas petalóides recobrindo os estames. Quando o agente polinizador visita a flor, à procura do recurso, toca no lobo-fértil do estigma provocando sua abertura, e deixa aí depositado o pólen de outra flor que eventualmente estiver em alguma parte de seu corpo. Na saída, carregando agora o pólen da própria flor, empurra o lobo fértil que ficara aberto, de maneira a evitar a autopolinização. Fatores que favorecem a autogamia A dicogamia e a hercogamia são processos que permitem a geitonogamia e a xenogamia, mas excluem, 50 em grande escala, a autogamia. No entanto, existem plantas nas quais a autopolinização é obrigatória. É o caso de flores que só se abrem depois de polinizadas e estas flores são chamadas de cleistógamas (fenômeno de cleistogamia). Como exemplo, podemos citar espécies do beijo-pintado (Impatiens hawkeri - Balsaminaceae) e de trevo-amarelo (Oxalis vulcanicola - Oxalidaceae). Há flores que são autógamas em virtude de características apresentadas pelo estigma, pelos estames ou por outras partes da flor. Assim, há flores nas quais os filetes se curvam de maneira que o estigma receba grãos de pólen da mesma flor. Exemplo: gerânio-silvestre (Geranium maculatum - Geraniaceae). Em algumas Asteraceae ou Campanulaceae, o estigma volta-se para baixo, alcançando os grãos de pólen que foram arrastados durante a saída do estilete através do tubo formado pelas anteras soldadas. Podem ser reconhecidos dois vetores ou agentes de polinização: polinização abiótica e polinização biótica. POLINIZAÇÃO ABIÓTICA: é aquela realizada por meio do vento e da água. Anemofilia: é a polinização realizada pelo vento e é o tipo dominante de polinização abiótica. Ocorre em Gimnospermas e em várias famílias de Angiospermas, especialmente em Poaceae e Cyperaceae. As flores polinizadas pelo vento normalmente apresentam as seguintes características típicas da anemofilia: a) flores unissexuais, que se apresentam desenvolvidas nas espécies caducifólias, antes que as folhas se desenvolvam ou que se destacam da massa de folhas; b) perianto insignificante ou ausente; c) brácteas e perianto quando presentes, geralmente verdes ou castanhos–escuros a avermelhados, estando essa coloração talvez relacionada com as condições de temperatura para abertura da flor; d) odor geralmente ausente; e) anteras expostas, geralmente com longos filetes flexíveis; f) estigmas expostos, geralmente com superfície receptiva bastante ampla, pilosa; g) grão de pólen pequeno, liso, seco, produzido em grande quantidade; h) redução no número de óvulos. Hidrofilia: é a polinização realizada pela água. A polinização pela água pode ocorrer na superfície da água ou dentro desta. Na polinização que ocorre na superfície, geralmente o pólen é liberado na água e flutua até atingir o estigma que está exposto como, por exemplo, em Ruppia, Callitriche, Vallisneria, Lemna e Elodea. A ocorrência de polinização dentro da água é registrada para poucas plantas como, por exemplo, em Najas, Halophila e Zostera. Nesses casos, geralmente o grão de pólen é longo, de parede celulósica e se enrosca nos estigmas, havendo um rápido crescimento do tubo polínico. POLINIZAÇÃO BIÓTICA é aquela realizada por animais – Zoofilia. As plantas utilizam diferentes tipos de animais, tais como insetos, aves e mamíferos para o transporte do pólen. Esses animais, por outro lado, desenvolveram estruturas eficientes para a extração e utilização das recompensas oferecidas pelas flores (recursos florais). Um atrativo floral para ser eficiente deve iniciar no visitante uma reação em cadeia que está ligada aos três sistemas principais de instintos: alimentar, sexual e criação do ninho. Os atrativos podem ser visuais (cor, forma, tamanho) ou olfativos (odor) e os recursos florais incluem: pólen, néctar, óleo, resina, tecido alimentar, abrigo e local para acasalar. Atração visual: os dois meios de atração visual para os polinizadores são cor, forma e tamanho da corola. Nas flores anemófilas, a corola perde essa função, sendo geralmente ausente ou muito reduzida. A cor das flores tem sido estudada do ponto de vista fisiológico e de composição química. Muitos pigmentos vegetais têm um papel bem estabelecido no fornecimento de cores atraentes nas flores para animais específicos, a fim de promover a polinização podendo, ainda, auxiliar na dispersão dos frutos e sementes. Existe uma correspondência relativamente grande entre certas classes de cores e de polinizadores. Por exemplo, os beija-flores (Trocholidae) preferem flores de cores laranja ou vermelha. Os pássaros têm visão pobre e embora percebam uma variação espectral similar à dos humanos, não distinguem bem o amarelo, azul e púrpura, porém distinguem bem cores de comprimento de onda longo como o vermelho. As abelhas, por outro lado, geralmente visitam flores com cores de 53 Síndrome de Quiropterofilia (polinização por morcegos) Características florais: * Antese noturna, a maioria dura somente uma noite; * Algumas vezes esbranquiçada ou creme; * Freqüentemente cor parda, acinzentada, raramente rosa; * Forte odor à noite; F* lores solitárias, grandes e rígidas, ou inflorescência com pequenas flores; * Grande quantidade de néctar; * Grande quantidade de pólen em grandes ou muitas anteras; Características do visitante: * Vida noturna; * Boa visão, provavelmente para orientação próxima; * Bom sentido de olfato; * Grandes animais, agarrando-se por polegares em garras; * Metabolismo alto; * Pólen como única fonte de proteína; Síndrome de Esfingofilia (polinização por mariposas) Características florais: * Antese noturna ou crepuscular, geralmente fechada durante o dia; * Forte perfume adocicado a noite; * A maioria branca ou levemente colorida, algumas vezes, vermelha ou parda, insignificante; * Lobos da corola profundamente recortados ou pétalas franzidas; * Flores horizontais ou pêndulas, porção livre da corola recurvada ou ausente, anteras versáteis; * Néctar profundamente escondido em tubos longos ou esporas, mais estreitos do que em flores visitadas por pássaros; * Mais néctar do que em flores de borboletas e abelhas; * Guias de néctar geralmente ausentes - guiadas pelo contorno da flor; Características do visitante: * Hábito noturno; * Senso de olfato com preferência instintiva; * Visão para cores à noite; * Provavelmente sensível a contornos recortados; * Voa em frente à flor, sem apoiar-se nela; * Probóscide muito longa e fina; * Ativa voadora com metabolismo muito alto; * Alguma preferência por marcas (guias) para inserirem a probóscide; Síndrome de Ornitofilia (polinização por aves) Características florais: * Antese diurna; * Cores vivas, freqüentemente vermelhas ou com cores contrastantes; * Paredes das flores resistentes, filetes rígidos ou unidos, néctar escondido; * Ausência de odor; * Néctar abundante; * Sistema capilar para trazer o néctar para cima ou evitar seu escoamento; * Algumas vezes tubos profundos ou cálcar (espora), mais largo do que em flores de borboletas; * A distância entre néctar-órgãos sexuais pode ser grande; Características do visitante: * Vida diurna; * Visão sensível a vermelho, não a ultravioleta; * Bico forte; * Sentido de olfato pouco desenvolvido; * Grande consumidor de néctar; * Bico e língua longos; * Bico grande e largo; corpo grande (Passeriformes); Adaptações florais da Sapromiofilia (polinização por moscas varejeiras) * Antese diurna; * Odor forte lembrando carne em putrefação; * Colorido escuro, castanho, púrpura; * Flores geralmente com tricomas e apêndices nas partes internas, que funcionam como área de apreensão; * Flores em geral isoladas, órgãos sexuais escondidos; * Guias de néctar, em geral, ausentes; * Néctar (quando presente) e pólen em geral escondidos; Formação do tubo polínico Ao cair no estigma o grão de pólen fica retido por substâncias mucilaginosas produzidas pelas papilas estigmáticas, ganha água e germina dando origem ao tubo polínico. O grão de pólen apresenta, em seu 54 interior, duas células: a célula-geradora e a célula do tubo (ou célula vegetativa). Em algumas Angiospermas ocorre a divisão da célula geradora ainda dentro do microsporângio (saco polínico) e esta é uma condição considerada mais evoluída. Em outras, o grão de pólen retoma o seu desenvolvimento apenas no estigma e apresenta um alongamento da célula do tubo ou vegetativa, formando o tubo polínico que cresce através do estilete, em direção ao ovário quimiotropicamente. Uma vez no ovário, atinge o óvulo e penetra-o. A penetração mais comum ocorre pela micrópila – porogamia. Também pode se dar por outro local que não a micrópila – aporogamia. Fecundação ou Singamia Uma vez no óvulo, o tubo polínico atravessa o aparelho filiforme (projeções da parede da sinérgide no lado micropilar) de uma das sinérgides. As sinérgides têm por função receber o tubo polínico. A membrana plasmática da sinérgide que recebeu o tubo degenera e um dos gametas entra em contato com a membrana plasmática da oosfera e o outro com a da célula mediana. Os núcleos gaméticos, após a fusão das membranas plasmáticas, são levados então passivamente pela corrente citoplasmática em direção ao núcleo da oosfera ou da célula mediana. A fusão de um dos gametas masculinos com o núcleo da oosfera resulta no zigoto (2n), que, por divisões mitóticas, dará o embrião. O outro gameta masculino funde-se aos núcleos polares formando o núcleo endospermático primário, que é triplóide (3n) e, por divisões sucessivas dará origem ao endosperma, o tecido nutritivo do embrião das Angiospermas. Após a fecundação, salvo exceções, as antípodas degeneram. Na fecundação das Angiospermas, portanto, existem dois gametas masculinos: um se funde com o gameta feminino (oosfera) dando origem ao embrião (diplóide), que representa o início de uma nova geração esporofítica e o outro se funde com a célula média (binucleada, núcleos polares), dando origem ao endosperma (3n) ou xenófito, geração exclusiva das Angiospermas. Por este motivo, esta planta apresenta a chamada dupla fecundação. Após a fecundação, o óvulo transforma-se em semente.
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