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Guias e Dicas
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Palácio Anchieta ES - História, Estudo e Restauração, Notas de estudo de Urbanismo

Esta publicação ocupa-se de um verdadeiro patrimônio capixaba: o Palácio anchieta. Mas este livro é, também e antes de tudo, uma celebração, pois marca a conclusão da primeira obra de restauração da principal sede do governo capixaba, após signifcativas obras de reconstrução e reforma, realiza-das ao longo do século xx, notadamente na sua primeira metade.

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 03/08/2010

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Baixe Palácio Anchieta ES - História, Estudo e Restauração e outras Notas de estudo em PDF para Urbanismo, somente na Docsity! P A L Á C I O A N C H I E TA P A L Á C I O A N C H I E T A p a t r im ô n io c a p ix a b a P A L Á C I O A N C H I E TA Palácio anchieta José antonio Martinuzzo alair caliari FotograFia PatriMônio caPixaba PAULO HARTUNG governador RICARDO FERRAÇO Vice-governador NEIVALDO BRAGATO secretaria dos transportes e obras Públicas DAYSE MARIA OSLEGHER LEMOS secretaria da cultura MARIA ANGELA BOTELHO GALVÃO superintendência de comunicação HILDA CABAS chefe do cerimonial AUREA LIGIA BERNARDI gerência de Palácios e residências oficiais CONTEMPORâNEA LTDA coordenação de projeto M379p Martinuzzo, José antonio. Palácio anchieta – Patrimônio capixaba / José antonio Martinuzzo. – Vitória : governo do estado do espírito santo, 2009. 240 p.: il. 27cm x 31cm edição bilíngue: Português e inglês 1. Palácio anchieta 2. história - espírito santo (estado) 3. arquitetura Jesuítica - espírito santo (estado). i. título. cDD 981.52 catalogação na fonte biblioteca Pública do espírito santo realização nas páginas seguintes, temos a descrição de um autêntico “lugar de memória” capixaba. uma construção robusta, inúmeras vezes “re-vestida” com adornos, contornos, cores e expressões diversas. com sua imponência pontuada de vestígios seculares, o Palácio anchieta expressa no simbolismo de sua concretude muito do espírito santo que foi, é e será no seu viés político-cultural e econômico. Para contar essa história de longa duração e muitos tempos, esta publicação se constitui de cinco partes. inicialmente, é feito um panorama político-econômico da trajetória capixaba, tendo em vista a contextualização da história do Palácio anchieta, que sempre esteve no centro das decisões mais importantes do estado. em seguida, inicia-se a série de quatro capítulos dedicados exclusiva- mente à história do palácio, elaborados de acordo com as principais fases/usos da construção, desde 1551, data da inauguração das dependências originárias, até este 2009, ano da conclusão de sua primeira completa restauração em todos os tempos. Dessa forma, no capítulo 2, encontram-se narrados os fatos ligados aos construtores-mores do que se tornaria o atual Palácio anchieta: os jesuítas. o prédio inicia a sua trajetória como residência, colégio e igreja. Para uma me- lhor contextualização, fala-se também da criação e da chegada da companhia de Jesus ao espírito santo, e dos seus empreendedores mais significativos em terras capixabas, os jesuítas afonso brás e José de anchieta. a seção seguinte trata da tomada do prédio pelo poder laico. com a expulsão dos jesuítas do império português, ocorre o confisco de todos os 11 O tempo é uma ausência.chegou, já passou – e o movi- mento não cessa. o tempo é uma presença. Passa, mas fica – deixa heranças. invisível, pode riscar memórias profundas. intocável, alcança a tudo e a todos. com seu toque, molda paisagens, construções, destruições, experiências. ergue e desmonta. transtorna perspectivas. Marca. Falar de um prédio histórico é falar do tempo – dos vários tempos que o esculpiram. Do tempo que construiu, destruiu, reconstruiu. Do tempo que faz, refaz e refará – intermitentemente. Do tempo que opera pelas mãos dos homens, que orienta pelos anseios e crenças da cultura, que determina pelos interesses da economia e que governa pelos braços da política. Do tempo que se materializa em gerações e que define eras em intervalos de existências. o tempo é puro paradoxo. é ausência e presença. é concreto e simbó- lico. é passado, presente e futuro. Passou, passa, está passando, passará, deixando suas marcas. nessa direção, este livro traz o perfil de um prédio de fundações e paredes quatrocentonas, mas que abriga e expõe marcas de tempos vários, materializados em mais de quatro séculos de experiência histórica. o atual Palácio anchieta acumula entranhas e feições de diversos tempos vividos, numa vocação ou mesmo condição inelutável, realçadas pela restauração iniciada em 2004, sob os auspícios do governo do estado do espírito santo. como se verá nesta publicação, motivada pela conclusão das obras de restauro, o tempo presente não deixou de dar o seu toque, mas foi generoso com os tempos que passaram, descobrindo as marcas dos tempos do antes de hoje. introDução 10 valor artístico e cultural das construções, envolvendo saberes de diversos cam- pos, a partir de um trabalho de absoluta precisão e zelo. a restauração foi feita a partir de um minucioso conjunto de estudos elaborados por arquitetos, arqueólogos, historiadores, engenheiros e restaurado- res. o diagnóstico revelou uma construção em estado de degradação acelerada, crivada por infiltrações, fissuras, rachaduras, goteiras, com estruturas compro- metidas e redes elétricas e hidráulicas em péssimas condições. a primeira fase do restauro contemplou as fachadas e o telhado, que foram totalmente recuperados. na segunda etapa, foi privilegiado o interior do palácio, uma construção que resultou da fusão de três edifícios seculares erguidos pelos jesuítas: a residência, o colégio e a igreja de são tiago. nesse processo, o sóbrio conjunto colonial jesuítico vestiu-se das minúcias e opulências do estilo eclético, numa transformação que, apesar de ter apagado vestígios evidentes da contribuição dos religiosos, permitiu a sobrevivência da estrutura através dos tempos seculares que ela coleciona. santo agostinho, intrigado com o que seria o tempo, perguntou: “onde estão o passado e o futuro, se é que existem?”. Por experiência, sabe-se o que é o tempo; o difícil é apreendê-lo, concluiu um dos mais ilustres doutores da igreja, para quem, em última instância, só o presente existe, matizando o pas- sado e o futuro, num jogo de lembranças e esquecimentos, projetos e projeções. Fugidio, mas inescapável, o tempo diz presente em lugares de me- mória como o Palácio anchieta. espaços que, por sua constituição sensível e simbólica, dizem muito acerca do que se foi, do que se é e do que se pode ser. boa viagem, pois, às heranças do passado, às realizações do presente e às sinalizações do futuro em terras capixabas. afinal, do que fomos extraímos o que somos e indicamos o que poderemos ser, conectados e articulados pelo tempo – que não para! 13 bens da companhia de Jesus. o conjunto jesuítico, então referência na capital capixaba e arredores, transforma-se em prédio público. este capítulo alcança os séculos xViii e xix, encerrando-se com a visita e hospedagem do imperador Dom Pedro ii nas dependências do palácio – uma efeméride que marcaria a história da construção. no capítulo 4, abordamos o palácio como sede do executivo repu- blicano no espírito santo. num tempo de reconstrução e reformas, é a política dando novas feições ao legado da igreja e das monarquias portuguesa e brasileira. é o tempo dos presidentes e governadores de estado que assumem o palácio e investem na sua reconstrução (Jerônimo Monteiro) e na sua reforma (João Punaro bley). é uma era em que se apagou a maioria dos vestígios de outros tempos. restou basicamente a estrutura, ainda assim, modificada. Por fim, no quinto e último capítulo, dedicamo-nos a falar da atual conformação do Palácio anchieta, depois da restauração iniciada há mais de cinco anos. um restauro que contemplou as diversas fases da história do prédio e preparou o palácio para usos que extrapolam o âmbito político-administrativo. além de ter sido aberto à visitação pública, o Palácio anchieta, que se mantém como a principal sede do executivo capixaba, abrigando o gabinete do governador, também passa a ser espaço de exposições, eventos e atividades ligados à cultura capixaba. restaurado, o palácio encerra atualmente um pouco de todas as vocações e configurações que os tempos históricos lhe deram ao longo de quatro séculos. registre-se que essa é a primeira obra de restauração do palácio em seus 458 anos. os técnicos ensinam que uma reforma/reconstrução simples- mente visa a resolver problemas de estrutura ou de adaptação de um edifício a novos usos. a restauração, além de poder contemplar esses objetivos, busca aumentar a longevidade das edificações, considerando-se e respeitando-se o 12 PanorâMica i caPixaba tura, que, mais adiante, experimentou um grande processo de modernização e diversificação. a vocação para o comércio, com o fortalecimento do espírito santo pelo investimento em infraestrutura e atividades comerciais, vislumbrada e defendida por Muniz Freire, acabou por estabelecer-se na segunda metade do século xx, dando-nos know-how e logística nacionalmente privilegiados em relação à economia mundializada. a caminhada no século xx deu ao espírito santo personalidade eco- nômica, posição de destaque nas relações comerciais nacionais com o mundo, seja no comércio exterior, seja na produção de commodities que fazem girar a indústria mundial, seja na logística disponível. o estado figura entre os maiores produtores e exportadores de celulose, aço e rochas ornamentais. Pelos seus portos sai miné- rio de ferro e pellets para abastecer as maiores economias. Frutas, café, móveis e confecções também enriquecem a pauta econômica. nos últimos anos, o espírito santo se tornou o segundo do País em reserva e produção de petróleo e gás. no quesito político-administrativo, com o processo lento e gradual de abertura política, em 1982 foram retomadas as eleições diretas para governa- dor, sendo eleito gerson camata. tendo feito um governo empreendedor, que levou asfalto aos quatro cantos do estado, camata representava para os eleitores, segundo schayder (2002, p. 121), “a renovação da vida política capixaba: era jovem, peemedebista e primeiro descendente de italianos a governar o estado”. apesar dos avanços ao longo do século e da retomada democrática, o balanço do final dos anos de 1900 é dramático para a política capixaba. houve um completo descompasso entre o espírito santo que “trabalha e confia” e o espírito santo institucional. na virada do milênio, eram atualíssimas as palavras de Muniz Freire, ditas um século antes: “o nosso mal é político e resulta de vícios [...] dos apparelhos institucionaes” (cláuDio, 1981, p. 293). Falta de visão estratégica para introduzir o espírito santo no cenário de desenvolvimento nacional, denúncias de corrupção nas entranhas dos pode- res instituídos, instrumentalização da máquina pública pelo crime organizado e subordinação do interesse coletivo aos desmandos e negócios privados de quem tomava o poder, endividamento irresponsável, desmonte e sucateamento das estruturas governativas... a lista de equívocos e do aviltamento dos princípios e da ética republicanos, com graves prejuízos ao povo capixaba, principalmente 21 Dos anos 30 até a década de 60, o estado viveu dias de alternância entre privilégio à agricultura e à industrialização. Foi também o período das inter- venções federais patrocinadas pela era Vargas. o interventor João Punaro bley fez importantes investimentos e modernizações, mas o destaque vai para as figuras dos ex-governadores carlos Fernando Monteiro lindenberg e Jones dos santos neves. segundo schayder (2002, p.107), a principal preocupação de lin- denberg (1947 a 1950 e 1959 a 1962) “era incrementar o setor agropecuário”, tendo, inclusive, expandido a fronteira agrícola para o norte do estado. ainda de acordo com o referido autor, Jones dos santos neves (1951 a 1954) fez uma gestão baseada no planejamento, tendo em vista a política desenvolvimentista. “o governo estadual passou a intervir na economia, a fim de criar as condições infraestruturais que propiciassem o arranque industrial do espírito santo”. nos anos 50, reestruturou o Porto de Vitória, construiu hidrelétricas no rio santa Maria e ampliou e asfaltou a malha rodoviária, dentre outras realizações. Depois de viver dias de populismo, o espírito santo, nos anos 60, experimentou uma mudança no eixo da economia estadual. Promoveu-se a er- radicação dos cafezais – 180 milhões de pés foram sacrificados, ou 54% do total plantado. os governadores christiano Dias lopes (1967 a 1971) e arthur carlos gerhardt santos (1971 a 1974) foram os responsáveis pela chamada “‘grande Virada’, em que de uma economia predominantemente agrícola, passamos a uma essencialmente industrial e urbana”, afirma schayder (2002, p. 116). os grandes projetos industriais, localizados essencialmente na grande Vitória, transformaram o perfil socioeconômico do estado. com incentivos fis- cais, os investimentos privados foram potencializados, levando à modernização da indústria e à movimentação do setor de prestação de serviços e comércio. os grandes projetos industriais trouxeram importantes complexos de infraestrutura, especialmente portos, e uma capacidade logística que são hoje fatores decisivos para qualquer estratégia de comércio exterior do brasil. a industrialização do espírito santo foi tardia, mas chegou com o foco estra- tégico certo para o momento histórico mundial da globalização: o comércio exterior em bases competitivas. esse movimento econômico disseminou uma nova cultura de plane- jamento e organização produtiva e comercial que acabou alcançando a agricul- 20 enfim, com os choques ético e de gestão, fez-se um realinhamento governamental, recuperando-se a capacidade de investimento do estado para realizar obras e prestar serviços essenciais. resultado: o espírito santo saiu de menos de 1% de investimentos com recursos próprios em 2003 para o patamar de 15% nesses últimos anos. com a ampliação da arrecadação, os serviços foram normalizados e abriram-se frentes de obras em todos os municípios capixabas. esse trabalho tem levado melhorias a todos os milhões de capixabas. a efetivação de uma nova realidade político-institucional a partir de 2003 também dinamizou a economia estadual, inaugurando o terceiro ciclo de desenvolvimento capixaba, após a predominância da agricultura e da primeira fase da industrialização voltada para o comércio exterior. o atual movimento se estabelece pela ampliação do comércio exterior, pela dinamização dos arranjos produtivos locais, pela emergência do negócio ligado ao petróleo e gás. o avanço ocorre com novos investimentos dos empreendimentos já instalados e também pela atração de novos negócios, em nível nacional e inter- nacional. Deve-se ressaltar que este terceiro ciclo econômico se estabelece a partir de um novo modelo de desenvolvimento, socialmente inclusivo, ambientalmente responsável e geograficamente desconcentrado. como se pode notar, no ano de 2003, o espírito santo iniciou uma caminhada de travessia, do descontrole administrativo para uma nova fronteira histórica, marcada pela estabilidade político-administrativa, pela normalização, ampliação e qualificação dos serviços públicos e pela inaugu- ração de uma nova era econômica. este está sendo um tempo de superação, de arrumar a casa e estabelecer as bases de um novo futuro. Mas é também um tempo de muitas conquistas, até certo ponto inesperadas em função da gravidade do quadro encontrado há seis anos. os passos dados em mutirão distanciaram definitivamente o estado do passado recente de humilhação e vergonha. o governo do espírito santo voltou a trabalhar para o povo do espírito santo. e, hoje, vivem-se dias de uma nova história capixaba. um tempo de reconstrução e restauração, como a obra do Palácio anchieta, que tão bem simboliza esses novos tempos político- administrativos no estado. 23 aos mais pobres, que dependem diretamente dos serviços prestados pelo estado, parecia não ter fim. os capixabas entraram no terceiro milênio sob o opróbrio de uma política indigna de ser chamada de política, na sua acepção original – a comunhão de homens de bem em ação pela emancipação do homem, a justiça social, a liberdade, a igualdade e a fraternidade. “a república não foi feita para servir à opressão, ao esbulho e à violência, sim, porém, à liberdade, à paz e ao progresso” (cláuDio, 1981, p. 300). as palavras de Muniz Freire, considerando sobre os primeiros anos do republicanismo, parecem soar óbvias, mas no espírito santo elas foram esqueci- das por um bom período de tempo, principalmente no final do século passado. a decisão de mudança foi sacramentada nas urnas de 2002 e uma nova história começou. a trajetória tem sido desafiante. grande clamor dos cidadãos de bem na virada do milênio, a constituição de um governo estadual a serviço do povo capixaba foi a primeira missão da administração que se iniciou em janeiro de 2003. governar para todos os capixabas significava enfrentar desafios gigan- tescos. a missão era monumental. e, pelo tamanho da herança, ainda continua oferecendo grandes desafios. Mas as vitórias foram muitas – conquistas que per- mitem ao estado avançar sem parar rumo à consolidação de um novo tempo em terras capixabas. em 31 de dezembro de 2002, os restos a pagar, ou seja, dívidas com servidores, fornecedores, prestadores de serviços, entre outros, chegavam a r$ 1,2 bilhão. Para se ter uma ideia do montante, as dívidas equivaliam a quatro arrecadações estaduais. em 2005, todo esse passivo foi zerado. o estado também estava inadimplente com o contrato de renegociação da dívida com a união, que fazia a retenção do fundo de participação do espírito santo. hoje, o estado é citado País afora como exemplo de equilíbrio nas contas públicas. o espírito santo saiu da posição de um dos piores estados da Federação no quesito das contas públicas para a dianteira do ranking do tesouro nacional. eliminaram-se privilégios fiscais e administrativos, iniciou-se um combate sistemático e severo à sonegação, à corrupção e ao crime organizado, e investiu-se na modernização da máquina pública, com realização de vários concursos, introdução do planejamento estratégico, incluindo instrumentos de acompanhamento da sua aplicação, e a redução de gastos, entre outros. 22 ii Marco resiDência, colégio, igreJa JesuÍtico município de Anchieta, em 1595. Faleceu no dia 9 de junho de 1597. Seu corpo foi levado pelos índios, numa viagem de aproximadamente 90 km para Vitória, onde foi sepultado na Igreja de São Tiago. Foi grande escritor, historiador, poeta e teatrólogo. “Foi, possivelmente, o primeiro a fazer teatro no Espírito Santo, no intuito de propagação do catolicismo por meio da arte”. Conhecido como Apóstolo do Brasil, foi beatificado por João Paulo II no dia 22 de junho de 1980 (BITTENCOURT e CAMPOS, 2000, p. 56). 30 PaDre José De anchieta O padre José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534, em Tenerife, nas Ilhas Canárias, arquipélago pertencente à Espanha, no mesmo ano de fundação da Companhia de Jesus, ordem na qual ingressou em 1551. Chegou ao Brasil em 1553.Tornou-se um dos mais respeitados jesuítas no século XVI no Brasil, com atuações em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, estado ao qual esteve ligado por 32 anos. Anchieta é tido como um dos primeiros que aprenderam a língua tupi. Foi para Reritiba, atual Mapa de Vitória em 1767, com aspectos da cidade a época da expulsão dos jesuítas Map of Vitória in 1767 showing the city as it was at the time of the Jesuits’ expulsion Melhorias, reconstruções, ampliações... o conjunto jesuítico resultou de obras que atravessaram três séculos. Derenzi (1971, p. 27) afirma que, “pela centúria de 1600, os progressos foram lentos. [...] Porém, a partir de 1700, a evangelização dava frutos abundantes e a construção do colégio tomou impulso animador. [...] em 1747, o conjunto ‘estava terminado com sua majestade e beleza’”. Da precária capela erguida em 1551 por padre afonso brás à constru- ção da última ala do colégio, em 1747, foram 196 anos de obras que estabele- ceram as bases do atual prédio do Palácio anchieta. Quase dois séculos de cons- trução, tocada por religiosos que inscreveram seus nomes na história capixaba. Mas esses mesmos religiosos pouco usufruíram do amplo edifício que construíram. em 1759, decreto do então rei de Portugal, Dom José i, expulsou os jesuítas do reino e de todas as possessões da coroa. chegava ao fim uma era da história do colonialismo português. encerrou-se, por exemplo, a trajetória do colégio dos Jesuítas. iii a transForMação eM Palácio Do goVerno assunção laica Por ocasião da visita imperial, o fotógrafo Victor Frond retratou a capital, evidenciando o destaque do Palácio Anchieta During the Imperial visit, photographer Victor Frond took pictures of the capital highlighting the Anchieta Palace 4140 43 com o socorro do império e o aporte de recursos por parte dos poderosos capixabas de então, Derenzi (1971, p. 42) diz que “as dependências do palácio foram reparadas, mobílias substituídas e sala de beija-mão montada satisfatoriamente”. rocha (2008, p. 51-52), com o auxílio de reportagens de jornais da época, escreve sobre o novo palácio que surgia em função da visita do imperador: Ficou resolvido: o casarão do Palácio sofreria uma verdadeira reforma. [...] Demoliram a antiga cozinha do Colégio; abriram paredes; consertaram goteiras, forros e assoalhos; acrescentaram ao vetusto prédio uma ‘bela, larga e longa varanda, dando sobre o pátio. Simples paredes e teto de uma alvura nítida, contrastando com o negro da barra – simpli- cidade propositada, procurando-se imitar a varanda imperial de S. Cristóvão’ – conforme descrição do correspondente do Correio Mercantil, que acrescentou: ‘Sobre a varanda se abrem diversos salões, sendo o primeiro o do dossel, forrado de um belo papel de ouro verde. O dossel está preparado de veludo verde e franja de ouro, e sob ele acham-se colocados dois espaldares de muito valor e arte’. O comunicado de outro repórter carioca, do Jornal do Comércio, completa a descrição: ‘O bom gosto presidiu a todos os arranjos do Palácio: uma rica mobília de mogno estofada orna- va sua sala de recepção; os quartos de Suas Majestades, assaz espaçosos, estavam revestidos de belos trastes, não faltando as bambinelas, os tapetes e todas as outras comodidades’. as benfeitorias efetivadas com a visita do imperador alcançaram não só o palácio, mas também parte da capital. Quanto ao palácio, as próximas melhorias só viriam mais de 20 anos depois da nobre visita. De acordo com informações das pesquisas feitas para as obras de restauro em 2004, construiu-se, em 1883, uma escadaria na ladeira que dava acesso ao cais do imperador, melhorando a ligação entre o porto e o edifício. De maneira análoga ao que acontecera com os jesuítas, que não pude- ram usufruir plenamente do conjunto arquitetônico que construíram, as admi- nistrações do império também tiveram pouco tempo para gozar das benfeitorias promovidas pela corte e pelos barões locais em função da visita do imperador. o império chegava ao fim e a república já dava sinais de sua instituição. começava um novo tempo na história do Palácio anchieta. imperial. Diante da precariedade do conjunto, o então presidente da província capixaba, Pedro leão Vellozo, foi atendido pela corte com mais 100% do repasse imperial para os preparativos da visita – além dos dois contos de réis garantidos, pediu outros dois. não bastou. a obra era tão gigantesca que quatro “barões” tiveram de socorrer o governo. cada um doou cinco contos e quinhentos mil réis, totalizando vinte e dois contos. Para se ter uma ideia da demanda por investimentos, obras, reparos e serviços, e do volume de recursos arrecadados, os honorários do presidente da província somavam cinco contos, ao ano. o total arrecadado junto aos poderosos correspondia, aproximadamente, à terça parte da receita total da província, reporta rocha. Derenzi (1971, p. 41) descreve o desafio da recepção do imperador no Palácio do governo: “[...] a casa era velha, em condições precárias, precisando de reparos, mobílias e utensílios [...]”. o próprio presidente da província relata, no pedido de verba extra à corte, a situação do palácio: “Vejo que, por modo algum, iniciados os reparos, se possa concluir e decorar o edifício sem mais dois contos de réis, pois ele é vasto de há anos e que foi grosseiramente pintado e sente falta dos trastes indispensáveis” (rocha, 2008, p. 50). 42 Fachada do palácio no início do século xx, antes da reforma que apagaria as marcas arquitetônicas jesuíticas Façade of the palace at the beginning of the 20th century before the renovation work which would erase the Jesuit architectural traits iV a rePública eM teMPo De reconstrução e reForMas Palácio 51 renascentista e a sala de recepção à Luiz XV. [...] Os tetos estucados com centros e sancas trabalhados a gesso, por profissional de nomeada, um nobre russo emigrado, Wlademar Bogdanoff, autor dos baixos-relevos e do altar-mor da Catedral. [...] Os quadros premia- dos de Levino Fanzeres, obras-primas adquiridas pelo Coronel Nestor Gomes, ganharam pontos de vista dignos da palheta do imortal. [...] A difícil escada de mármore do hall principal, ligando as Secretarias da Fazenda e Agricultura, é obra desta fase. a era de reconstrução interna, que completaria a total remodelação externa promovida por Monteiro, foi marcada, em 1939, por um outro incêndio, no andar térreo, onde funcionava o Diário da Manhã, órgão oficial do governo. segundo bittencourt e campos (2000, p. 186), em livro publicado no ano de 2000, “foi essa a última grande reforma do Palácio anchieta na repú- blica. Depois da reconstrução estrutural interna desse período, nenhuma obra expressiva se fez até a atualidade, apenas reparos e manutenções”. após essas duas grandes intervenções, quase um renascimento, em função das drásticas mudanças no edifício de bases religiosas, veio o batismo em homenagem ao jesuíta que contribuiu para a construção do conjunto. em 09 de junho de 1945, em mais um aniversário da morte do padre José de anchieta, o então governador, Jones dos santos neves, fez publicar o decreto de nº 15.888, denominando de Palácio anchieta a sede do governo estadual. em 1983, o edifício foi tombado pelo conselho estadual de cul- tura. a primeira obra de restauro do Palácio anchieta, iniciada em 2004, foi concluída quase um século depois das profundas intervenções promovidas por Jerônimo Monteiro. 50 o próximo governante a fazer profundas modificações no palácio foi o interventor federal João Punaro bley, na década de 30. antes, porém, houve outras alterações na construção, além da já assinalada derrubada da última torre da igreja de são tiago, em 1922. Florentino avidos, em 1924, ampliou o uso de área no pavimento térreo, instalou o primeiro elevador do edifício e pintou o palácio de amarelo, cor oficial dos prédios da administração pública (Derenzi, 1971, p. 50). em 1935 completar-se-iam quatro séculos da chegada dos portugue- ses, e o interventor Punaro bley, mineiro nomeado por Vargas a partir da revo- lução de 30, planejava preparar o palácio para os festejos. o que seria apenas uma reforma acabou, a partir do diagnóstico feito, se tornando uma completa reconstrução interna do palácio. se Jerônimo Monteiro se esmerou com a fachada, bley dedicou-se ao interior do prédio, apesar de na reconstrução do período de 1908-1912 muitas mudanças já terem sido efetivadas. De acordo com Derenzi (1971, p. 51-53), “o edifício nada mais era do que um amontoado de madeira danificada apoiada sobre paredes de fortale- za. [...] o palácio foi paulatinamente demolido por dentro e reconstruído sobre estrutura de concreto, sem embaraço ao seu funcionamento”. uma mudança importante: uma laje de concreto dividiu em dois o espaço da antiga igreja de são tiago, dando origem a dois grandes salões, atualmente, salão afonso brás e salão são tiago. a seguir, outros detalhes da reforma descritos pelo autor: A ala residencial mereceu cuidado. Demoliram-se quase todas as paredes e dentro do perímetro projetou-se e construiu-se uma residência, se não suntuosa, pelo menos racional e adequada à moradia de Chefe de Estado. A sala de jantar foi toda decorada em estilo 53 policromado em ouro velho. Segundo informa documentação de autenticação da mesma, “este fragmento foi retirado do fêmur esquerdo, enviado a Roma e devolvido pelo Padre Geral em 1966”. Derenzi (1971, p. 73) arremata a discussão sobre o túmulo do jesuíta, que está aberto à visitação no Palácio Anchieta: “opinando sem o mínimo de retórica e paixão: preliminarmente o túmulo é simbólico, nada contém dos restos mortais do famoso jesuíta e o local foi deslocado”. Segundo o historiador, por ocasião da adaptação da Igreja de São Tiago para receber a maquinaria da Imprensa Oficial e a sede da Secretaria de Governo, entre 1912 e 1916, foi removida a lápide do túmulo, tendo sido verificada a inexistência de restos mortais. Em 1922, um túmulo simbólico foi construído em homenagem à memória de Anchieta, preservando-se a antiga lápide, esculpida em Portugal. Com a restauração iniciada em 2004, novas escavações foram feitas, somadas àquelas executadas em 1997, quando se encontraram uma arca de ferro e pias batismais. Em 2009, a Capela do palácio foi instalada ao lado do túmulo simbólico, onde atualmente está exposta a relíquia de Anchieta recebida pelo Governo em 2007. Em 1922, foi construído um túmulo simbólico em homenagem a Anchieta In 1922 a symbolic tomb was built in honor of Anchieta 52 o túMulo De anchieta Anchieta faleceu em 09 de junho de 1597, em Reritiba, atual município de Anchieta, tendo sido enterrado junto ao altar-mor da Igreja de São Tiago. A partir daí, os historiadores divergem acerca do destino dado aos despojos do jesuíta. Derenzi afirma que, em 1609, parte dos ossos do religioso foi retirada para envio ao Colégio da Bahia e posterior traslado a Roma (Itália). O percurso não teria sido cumprido devido ao naufrágio da caravela. Em 1734, novamente o túmulo foi aberto, tendo sido retirados os últimos restos mortais do local. Derenzi (p. 72-73) registra que Parte dos despojos foram guardados em uma urna guarnecida de prata, no Colégio, e parte, distribuída provavelmente pelos outros colégios da Companhia. [...] Entre os objetos arrolados, quando do confisco dos bens jesuíticos, figura com destaque a urna aludida, que ficou guardada no Colégio, depois Residência dos Governadores, até o fim do século passado (XIX). [...] Dizem os historiadores, conterrâneos, que ao Imperador Pedro II, quando de sua visita, o Presidente Leão Vellozo ofertou-lhe parte da tíbia ou costela da relíquia. [...] O fato é verdadeiro porque, em 1888, o cofre foi restituído aos jesuítas. [...] Com a volta dos jesuítas à Paróquia de Anchieta, voltou também a visitação pública da urna. Lá está exposta, na cela onde expirou o grande missionário. Bittencourt e Campos (2000, p. 63-64) afirmam que os despojos permaneceram na igreja até 1611, quando boa parte deles foi removida para o Colégio da Bahia. Na mesma época, um fêmur e outros ossos teriam sido enviados a Roma. Segundo os mesmos autores, depois de alguns outros traslados, “[...] ignora-se o paradeiro das relíquias de Anchieta”. No Espírito Santo, informam os pesquisadores em livro escrito em 2000, a última notícia de relíquias (“uma caixa contendo um osso do padre”) no atual Palácio Anchieta data de 1888, exatamente o ano em que Derenzi relata a devolução dos despojos que restavam no antigo conjunto aos jesuítas. O fato é que, em 2007, depois de quase 120 anos sem abrigar qualquer despojo de Anchieta, o Governo do Estado recebeu da Companhia de Jesus de São Paulo uma pequena relíquia do Apóstolo do Brasil. A relíquia é um fragmento ósseo retirado do fêmur esquerdo, encrustrado em ícone V Palácio PatriMônio caPixaba anchieta + Ê ue "a à ne LESS sa! jm! TI E mm mit ooo) | E! FRA , pe ota poi to gui TE sms te | e PESSLESSACOS o a 4 4 4 » É Ha 71 Aspectos das fundações originais do prédio, executadas no século XVI pelos jesuítas Aspects of the original foundation of the building developed by the Jesuits in the 16th Century 5.1 lugares Da história No pavimento térreo, estão localizados ambientes que con- tam um pouco da trajetória construtiva do Palácio anchieta. Destaque também para o Pórtico à entrada do palácio, com avarandado com vista para o Porto de Vitória. bancos de mármore de carrara, um medalhão em bronze de anchieta e a bela escadaria contígua que dá acesso ao primeiro pavimento são elementos que merecem atenção neste primeiro momento de contato com o Palácio anchieta. na sala de história e Memória, o visitante assiste a um vídeo, em projeção panorâmica de nove metros de largura por dois metros e meio de altu- ra, contando a trajetória do espírito santo em conexão com o Palácio anchieta. o ambiente comporta 40 pessoas e tem efeitos de luz e som. é uma verdadeira imersão na história capixaba. também estão expostas partes das fundações e paredes da ala mais antiga da edificação. o espaço é tão eloquente em sua configuração que per- mite a leitura da construção primitiva sem a necessidade de mídias extras (desenhos, projeções etc.). na sala de achados arqueológicos, estão expostas em vitrines especiais peças encontradas durante as escavações realizadas na obra de restauro do prédio. são artefatos de madeira, cerâmica e ferro que remetem aos primórdios do conjunto. o auditório, com mobiliário, aparelhagem de som e acústica apropria- dos, destina-se, entre outros, à exibição de vídeo institucional sobre a história e o processo de restauro do Palácio anchieta para visitantes e grupos de estudo, bem como atende a reuniões de governo. tem capacidade para 54 pessoas. o espaço de convivência oferece um ambiente de integração entre os visitantes, com parada para um café, venda de souvenirs referentes ao palácio e divulgação de pontos turísticos do estado. integrado ao espaço de convivência, está o Pátio interno, onde se localiza um poço que permaneceu em uso entre os séculos xVi e xx. nesse que é um ambiente típico dos colégios jesuíticos, o visitante pode contemplar fachadas com a releitura das feições históricas, recuperadas a partir de prospec- ção arquitetônica. 70 73 No primeiro pavimento, anexo à área de uso admi- nistrativo, há áreas para exposições e eventos, além de ambientes que remontam ao original uso religioso do conjunto. logo na entrada, o visitante pode contemplar painéis informativos acerca das diversas fases históricas da construção e também os detalhes das recém-concluídas obras de restauração. 72 A exposição "Por Dentro da Mente de Leonardo Da Vinci", em maio de 2009, inaugurou o Salão Afonso Brás In May 2009, the exhibition “Inside Leonardo Da Vinci’s Mind” inaugurated the Afonso Brás Hall o salão afonso brás, que ocupa a maior parte de onde fica- va o piso da igreja de são tiago, é um espaço dedicado à realização de eventos e atividades de grande porte. 74 8180 No segundo pavi-mento, encontram-se os diver- sos ambientes utilizados diretamen- te pela governadoria. Gabinete do Governa- dor – local de trabalho diário do chefe do executivo estadual, tem decoração austera, com belos lus- tres em bronze, sendo o principal banhado a ouro. o mobiliário, que inclui a mesa de trabalho e a mesa de reuniões, tem peças históricas e contemporâneas. algumas das mais belas pinturas do acervo estadual es- tão neste ambiente palaciano. Vista geral do Gabinete do Governador Panoramic view of the Governor’s Office Escaninho das primeiras secretarias de Estado a se instalarem no palácio, no início do século XX File cabinet of the first Secretaries of State to be based in the palace at the beginning of 20th Century 83 Mesa de trabalho do chefe do Executivo Estadual Work table of the Chief State Executive 82 Mobiliário em madeira confere austeridade ao ambiente de trabalho do governador The wooden furniture confers austerity to the Governor’s work place 85 Ala Residencial – as antessalas que fazem a passagem do gabinete do governador à ala da residência guardam significativas pe- ças de mobiliário, decoração e pintura. a ala residencial é composta por biblioteca, apo- sentos do governador e Quarto de hóspedes. O corredor de acesso ao Gabinete do Governador abriga um imponente console francês do início do século XX The hallway leading to the Governor’s Office contains an impressive French console of the early 20th century 91 93 Pedestais em mármore e bronze Pedestals in marble and bronze Diana - estatueta art décor Diana – art décor statuette 92 Antessalas e corredores dão acesso aos principais salões do Palácio Anchieta Anterooms and hallways provide access to the main halls and rooms of the palace Coluna decorativa - porcelana art nouveau Decorative column – art nouveau porcelain Relógio em bronze e mostrador de porcelana Clock in bronze with porcelain face 94 Bronzes completam a decoração das antessalas Bronzes compose the decoration of the anterooms 95 os aposentos do governador são compostos de escritório, quarto de dormir, quarto de vestir e quarto de banho. os pisos são pagina- dos com tacos de peroba rosa e maçaranduba. os móveis, de época, receberam laca branca e pintura com folhas de ouro nos adornos florais. o lustre do quarto de dormir, tendo como motivo principal um cupido, é todo em bronze e estilo francês. Quarto de dormir nos Aposentos do Governador Bedroom in the Governor’s Rooms 101 Relógio em prata Silver clock Chair in the residential wing of the palace 103 Poltrona da Ala Residencial do palácio Lustre em bronze, estilo francês, com a figura do Cupido ao centro French style bronze chandelier, with the figure of Cupid in the middle 102 Espelho dourado francês e cômoda em laca branca e detalhes em folha de ouro French golden mirror and chest of drawers in white lacquer with details in gold leaf 105104 Papeleira chinesa em madeira entalhada é destaque no escritório da Ala Residencial Chinese desk in carved wood is the highlight of the office in the residential wing 111 Mobiliários a Luís XV e XVI decoram o Salão Nobre Par de potes em cristal azul Moser, com detalhes em ouro Louis XV and XVI style furniture decorates the Noble Room Pair of Pots in Moser blue crystal, with details in gold 110 A iluminação do Salão Nobre é uma atração a parte The lighting of the Noble Room is a special attraction in itself 113 Salão Dourado – batizado com esse nome em função da profusão do uso de folhas de ouro em seus orna- mentos e mobiliários, este salão é um dos mais imponentes do Palácio anchie- ta, remetendo ao estilo rococó. o piso, em peroba do campo e jacarandá, exibe formas desenhadas pela alternância de tacos claros e escuros. À luís xiV, xV e xVi, o mo- biliário antigo, em laca, tem relevos cobertos por folhas de ouro e adornos entalhados em madeira. o lustre central é dos mais significativos de todo o conjunto. enta- lhado em madeira, coberto por folhas de ouro, tem cordões de bolas de cristal. um grande console e mesa de centro, ricamente ornados, vasos japoneses e chineses e peças de porce- lana limoges dão um toque especial à exuberância do salão. Imponência e riqueza de detalhes no Salão Dourado Magnificence and profusion of details in the Golden Room 120 Console francês em madeira entalhada revestida com folhas de ouro French console in carved wood covered in gold leaf 123122 Mesa francesa em madeira entalhada revestida com folhas be ouro French table carved in wood and covered in gold leaf 125 Vasos orientais de procedência japonesa e chinesa Oriental Vases from Japan and China 124 Conjunto de ânforas e floreira – porcelana Limoges Set of amphoras and flower pot – Limoges porcelain 131 O lustre antigo reforça a peculiaridade do ambiente The old chandelier enhances the character of this room 130 133132 Móvel e utensílios destinados aos jantares no Salão Negro Furniture and utensils for the Black Room dinners 135 Salão Inglês – com decoração austera, mas delicada, o governador faz as refeições diárias neste ambiente. o nome se deve a um grande carrilhão de origem inglesa instalado no local. Elegância e harmonia no espaço das refeições cotidianas do governador Elegance and harmony surround the room in which the Governor makes his everyday meals 134 141 O piano de cauda alemão é o centro das atenções no espaço que também abriga várias obras de arte The German grand piano is the cenher of the attention in a space which also displays several works of art 140 Estatueta (Vigne, de Ch. Muller), jarrão em porcelana japonesa e candelabro em bronze Statuette (Vigne, by Ch. Muller), large vase in Japanese porcelain, and bronze candelabrum 142 145144 O Salão da Imprensa, anexo ao Salão do P iano, é ricamente decorado, abrigando, entre outros, vasos de cristal Bacarat, porcelanas japonesas e consoles ingleses em madeira The Press Room, next to the Piano Room, is richly decorated and displays, among other ornaments, Bacarat Crystal vases, Japanese porcelain and English wooden consoles Lo | 1 | RT | | (EPE TT k qo q se! é e | Ti 153152 Uma das “rendas" do artista plástico Hilal Sami Hilal enriquece o ambiente One of the “laces” of artist Hilal Sami Hilal embellishes the space 5.2 acerVo artÍstico-cultural o Palácio anchieta tem um importante acervo de pinturas. confira algumas dessas obras nas páginas seguintes. HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Paisagem rural com lavadeiras Country scene with washerwomen HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA subida do convento da Penha The path to Convento da Penha HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Paisagem rural com lavadeiras Country scene with washerwomen 155154 HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Vila Velha – subida do convento da Penha Vila Velha – The path to Convento da Penha HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA ruínas com dois meninos Ruins with two boys HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Dois barcos com o convento ao fundo Two boats with the Convent in the background HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Paisagem com convento Landscape with Convent 160 161 163162 HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA igreja de santa luzia Church of Saint Lucy HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA trecho da antiga Praia comprida A stretch of the Old Praia Comprida HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Mercado da Vila rubim The Vila Rubim Market HOMERO MASSENA TíTULO/TEMA Marinha com barco a vela e penhasco Seascape with sailing boat and cliff 164 165 LEVINO FANzERES TíTULO/TEMA trecho de estrada ladeado por três árvores e capinzal florido Stretch of a road with trees and flowery meadow LEVINO FANzERES TíTULO/TEMA trecho de rio com vegetação às margens e montanha ao fundo Stretch of a river with vegetation and mountain in the background LEVINO FANzERES TíTULO/TEMA encostas da Floresta da tijuca - rio Hillsides of Tijuca Forest - Rio LEVINO FANzERES TíTULO/TEMA iguassu Velho Old Iguassu THEODORO DE BONA TíTULO/TEMA Paisagem com lago e árvore caída Landscape with lake and fallen tree THEODORO DE BONA TíTULO/TEMA beira-mar com barcos e pescadores Seashore with boats and fishermen 170 171 RESCÁLA TíTULO/TEMA ladeira Professor baltazar e casario antigo Professor Baltazar Hill and old houses GEORGES WAMBACH TíTULO/TEMA estrada do contorno Bypass GEORGES WAMBACH TíTULO/TEMA antiga rua do sacramento, em Vitória Former Sacramento Street, in Vitória ANíBAL MATOS TíTULO/TEMA Pequena estrada com árvore e mata ao fundo Small road with tree and woods in the background 172 173 SHOkICHI TAkAkI TíTULO/TEMA uma tarde na colina de Piratininga An afternoon on Piratininga Hill ROBERT NEWMAN TíTULO/TEMA anchieta Anchieta DéCIO VILLARES TíTULO/TEMA a república The Republic BUSTAMANTE SÁ TíTULO/TEMA antiga rua do sacramento, em Vitória Former Sacramento Street, in Vitória 174 175 CELINA RODRIGUES TíTULO/TEMA Vale do canaã Canaã Valley CELINA RODRIGUES TíTULO/TEMA Vale do canaã (ii) Canaã Valley (ii) NAIR VERVLOET TíTULO/TEMA antigo cais do Mercado da Vila rubim The Old Quay of the Vila Rubim Market PEVALLE TíTULO/TEMA Marinha com barcos Seascape with boats 180 181 A. GHIU TíTULO/TEMA interior de sacristia Inside the vestry H. GOLTz TíTULO/TEMA Jarra de flores Flower vase FRANCISCO ACqUARONE TíTULO/TEMA Paisagem – lago e árvore Landscape – Lake and tree WALESkA FRAGA NASCIMENTO TíTULO/TEMA Paisagem – igreja de santa luzia Church of Saint Lucy 182 183 RICARDO MENESCAL TíTULO/TEMA Marinha Seascape RICARDO MENESCAL TíTULO/TEMA cena de carnaval Scene of Carnival ISABEL BRAGA TíTULO/TEMA na barra de itapemirim In Barra de Itapemirim zAVOUDAkIS TíTULO/TEMA Índio guerreiro Indian warrior 184 185 LUIz FRAGA TíTULO/TEMA Palácio anchieta Anchieta Palace WIN L. VAN DICk TíTULO/TEMA Paisagem na neve Landscape in the snow ePÍlogo 190 o Palácio anchieta, esse mo- numental conjunto arquitetônico loca- lizado no centro da capital do espírito santo, guarda peculiaridades de quase cinco séculos de agregações, subtrações e transformações construtivas. no entanto, mais que acu- mular fundações, paredes, janelas, en- tre outros elementos arquitetônicos, o Palácio anchieta encerra um intenso simbolismo da vida capixaba. Das suas primitivas funda- ções aos seus atuais salões, restam as lições da história, patrimônio de valor incalculável para quem almeja um fu- turo sempre melhor, mas que não deixa de respeitar os passos que foram dados. o Palácio anchieta é fruto da contribuição de várias eras históricas. talvez algumas não souberam contem- plar as anteriores – mas até isso é um cla- ro sintoma do que nós somos, ou fomos. neste início de século, o pre- sente tentou, dentro do limite, contem- plar os vestígios do passado. também pensando num outro futuro. um futuro de bases sólidas, inclusive, culturais, como tem o notável Palácio anchieta. 191 LINHA DO TEMPO 1524 1535 1559 15871534 1551 1570 17071597 1609  Nasce, em Portugal, o padre Afonso Brás, que ingressa na Companhia de Jesus em 1546 e vem para o Brasil na segunda leva de jesuítas, em 1550. É o fundador da obra jesuítica no Espírito Santo.  Inácio de Loiola funda, na França, a Companhia de Jesus, com missão evangelizadora para fazer frente à Reforma Protestante.  Aos 19 de março de 1534, nasce em Tenerife, nas Ilhas Canárias, arquipélago pertencente à Espanha, o padre José de Anchieta. É o mesmo ano de fundação da Companhia de Jesus, ordem na qual ingressou em 1551. Chegou ao Brasil em 1553.  Aos 23 de maio, começa ofi cialmente a colonização espírito-santense, com a chegada de Vasco Fernandes Coutinho.  Incêndio destrói a primeira sede da Igreja de São Tiago.  Aporta em terras capixabas o jesuíta Afonso Brás, aqui chegado em companhia do irmão leigo Simão Gonçalves.  Aos 25 de julho, padre Afonso Brás inaugura a construção primitiva da Igreja de São Tiago.  Nessa década, missionários mobilizados pelo padre Inácio de Tolosa dão início à construção de uma nova sede para a Igreja de São Tiago, agora em pedra, no mesmo local da anterior, erguida com madeira.  Anchieta conclui a primeira ala do Colégio, voltada para a praça (atualmente, Praça João Clímaco).  Após 120 anos da construção da primeira ala do Colégio, ergue-se a segunda, de frente para a Baía de Vitória.  Parte dos ossos do religioso é retirada para envio ao Colégio da Bahia e posterior traslado a Roma. O percurso não foi cumprido devido ao naufrágio da caravela.  Aos 09 de junho, em Reritiba, atual município de Anchieta, morre o padre Anchieta, enterrado junto ao altar-mor da Igreja de São Tiago. 1734 17981759 17961747 1860 1883 1908 1924 200419451901 1922 19831911 1935 20061939 2007 2009 n Constrói-se a terceira ala, fechando o pátio interno, juntamente com a segunda torre da igreja. n O Túmulo de Anchieta é novamente aberto, tendo sido retirados os últimos restos mortais do jesuíta. nPor decreto do então rei de Portugal, Dom José I, os jesuítas são expulsos do reino e de todas as possessões da Coroa. É o fim do Colégio de São Tiago. n Já recuperado do incêndio de 1796, o antigo Colégio é denominado Palácio do Governo, passando a abrigar também o Hospital Militar e o batalhão de polícia, entre outros. n O palácio recebe sistema de iluminação elétrica gerada por motor de corrente contínua. n Assume o governo o presidente Jerônimo Monteiro, responsável pela reconstrução do palácio, transformando radicalmente as feições do conjunto. Uma nova escadaria é construída, seguindo o estilo eclético implantado pelo engenheiro francês Justin Norbert. n Aos quatro séculos da chegada dos portugueses, planejavam- se festejos. Em função da precariedade das instalações, o conjunto passa por uma completa reconstrução interna, incluindo a instalação de lajes de concreto armado, como a que transformou a antiga Igreja de São Tiago em dois grandes salões. n Em 09 de junho de 1945, em mais um aniversário da morte do padre José de Anchieta, o então governador, Jones dos Santos Neves, faz publicar o decreto de nº 15.888, denominando de Palácio Anchieta a sede do Governo estadual. n Novos equipamentos, como um segundo elevador, são instalados com vistas à intensificação do uso público do prédio. n Inicia-se a primeira obra de restauro do Palácio Anchieta. n É construída uma escadaria na ladeira que dava acesso ao Cais do Imperador, melhorando a ligação entre o porto e o edifício. n É erguida a quarta ala, contígua à igreja, formando o quadrilátero imponente do que seria, por muitos anos, a maior construção do Estado. n Um novo incêndio ocorre nas dependências do conjunto. n Após importantes obras de reforma, em função do abandono de décadas a que foi submetida a construção, o palácio recebe Suas Majestades Imperiais o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Dona Teresa Cristina Maria. A visita dura 15 dias. n O prédio é adquirido da União em 23 de dezembro. n A Igreja de São Tiago é comprada do Bispado em 23 de novembro, ampliando em um terço a área coberta do palácio. No processo de reconstrução, a torre menor é destruída, tendo sido mantida a maior, com o relógio e os sinos. n Amplia-se o uso de área no pavimento térreo, incluindo a instalação do primeiro elevador do edifício, que ganha pintura amarela, cor oficial dos prédios da administração pública. n O terceiro incêndio da história do palácio ocorre no andar térreo, onde funcionava o Diário da Manhã, órgão oficial do governo. n O edifício é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura. n Com a finalização da primeira etapa da obra, o Palácio Anchieta passa a abrigar apenas os setores ligados ao Gabinete do Governador. n Todas as instalações do edifício (elétrica, hidráulica e telefônica) e os sistemas de climatização e drenagem são modernizados. O telhado passa por reforma completa. n Procede-se à restauração do acervo artístico e do mobiliário do palácio e à realocação da Capela junto ao túmulo simbólico de Anchieta. n A restauração é concluída, tendo sido recuperados vestígios de todas as fases históricas do conjunto. n O palácio é aberto à visitação pública, incluindo salas especialmente montadas para contar a história do prédio ao longo de quase cinco séculos. n Demolida a segunda e última torre da Igreja de São Tiago, apagando de vez os principais vestígios da herança jesuítica. n É construído um túmulo simbólico em homenagem a Anchieta. O antigo, com lápide esculpida em Portugal, havia sido removido em função das adaptações no interior do palácio. DINASTIA DE BORGONHA .....1140 S 1385 House of Burgundy D. afonso henriques ................... 1140 S 1185 D. sancho..................................... 1185 S 1211 D. afonso ii.................................. 1211 S 1233 D. sancho ii ................................. 1233 S 1248 D. afonso iii ................................ 1248 S 1279 D. Dinis ........................................ 1279 S 1325 D. afonso iV ................................ 1325 S 1357 D. Pedro i ..................................... 1357 S 1367 D. Fernando ................................. 1367 S 1383 D. João de castela ........................ 1383 S 1385 DINASTIA DE AVIS ..................1385 S 1580 House of Aviz D. João i ....................................... 1385 S 1423 D. Duarte ..................................... 1423 S 1438 D. afonso V .................................. 1438 S 1481 D. João ii ...................................... 1481 S 1495 D. Manuel .................................... 1495 S 1521 D. João iii .................................... 1521 S 1556 D. sebastião ................................. 1556 S 1578 D. henrique ................................. 1578 S 1580 UNIÃO IBéRICA ......................1581 S 1640 Iberian Union Filipe i ......................................... 1581 S 1598 Filipe ii ........................................ 1598 S 1621 Filipe iii ....................................... 1621 S 1640 DINASTIA DE BRAGANÇA ......1640 S 1910 House of Braganza D. João iV .................................... 1640 S 1656 D. afonso Vi ................................ 1656 S 1668 D. Pedro ii ................................... 1668 S 1706 D. João V ...................................... 1706 S 1750 D. José i ....................................... 1750 S 1777 D. Maria i ..................................... 1777 S 1816 D. João Vi .................................... 1816 S 1826 D. Maria ii (reg. D. Miguel) .......... 1826 S 1828 D. Miguel ..................................... 1828 S 1834 D. Pedro iV (D. Pedro i do brasil) ....... S 1834 D. Maria ii .................................... 1834 S 1853 D. Pedro V ................................... 1853 S 1861 D. luís i ....................................... 1861 S 1889 D. carlos i .................................... 1889 S 1908 D. Manuel ii ................................. 1908 S 1910 1 a partir de: oliVeira, José teixeira. história do estado do espírito santo. Vitória: arquivo Público: secretaria de estado da cultura, 2008. 1 From: OLIVEIRA, José Teixeira. História do Estado do Espírito Santo. Vitória: Arquivo Público: Secretaria de Estado da Cultura, 2008. goVernantes Das terras caPixabas1 Governors of the Espírito Santo Territory1 Monarchs of Portugal 195 Monarcas de Portugal
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