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Guias e Dicas
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Inovações Tecnologicas na Agroindunstria de Cana de Açucar, Notas de estudo de Engenharia de Produção

Inovações tecnológicas no setor sucroalcooleiro

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 22/04/2010

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jessica-resende-2 🇧🇷

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Baixe Inovações Tecnologicas na Agroindunstria de Cana de Açucar e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia de Produção, somente na Docsity! 1 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA AGROINDÚSTRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL Carlos David Guevara Abarca COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro DEPRO/Universidade Federal de Ouro Preto guevara@pep.ufrj.br Agroindústria da Cana-de-açúcar/ Estratégia, Organizações e Tecnologia ABSTRACT: The purpose of this paper is to present the partial result of a doctoral research in concern to the technological innovation in the brazilian sugar cane agro-industry. I will review the historical context of technological innovation in the brazilian sugar cane agro- industry and confront it with the reality of the 1990’s, showing the technological path in agricultural and industrial areas within the sugar cane agro-industry system. Also, I will pretend to explain the results of interviews made with several representatives of suppliers companies in the sugar cane agro-industry during the great technology fair, FENASUCRO 98, also the II Symposium of Technological Innovations in the Sugar Cane Agro-industry – STAB, and the examination of catalogs identifying the technologies offered to the sugar cane agro-industry. These technologies were classified in chemical technologies, metal-mechanics and, automation and monitoring by satellite. To proceed it will be presented the available information of each one of the important considered technological innovations in the sugar cane agro-industrial system as automation, genetic improvement, monitoring by satellite, continuous fermentation and new products. I will can indicate that the technological development implemented in the sugar cane agro-industry happened mainly through the innovations coming from other industrial sectors, and it is constituted in the 1990’s as a process of innovation incremental, and it could be qualified still as broken into fragments innovation because it doesn't reach the sugar cane agro-industry system in an integral way. KEYWORDS: Technological innovation, sugar cane agro-industry RESUMO: A proposta deste artigo é apresentar os resultados parciais da pesquisa de doutorado realizada na COPPE/UFRJ em relação ao processo de inovação tecnológica na agroindústria da cana-de-açúcar no Brasil. Os resultados obtidos indicam que o desenvolvimento tecnológico implementado na agroindústria da cana-de-açúcar aconteceu, principalmente, através das inovações provenientes de outros setores industriais, constituindo-se na década de noventa como um processo de inovação incremental, que ainda poderia ser qualificado como um processo de inovação fragmentada, na medida que não atingiu o sistema agroindustrial da cana-de-açúcar em forma integral. 2 I CONTEXTO HISTÓRICO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Avaliando a agroindústria no Brasil, FERREIRA et al. (1985) destacam que não se desenvolveu um setor autônomo de pesquisa agrícola nas empresas privadas do setor agroindustrial processador de alimentos e matérias-primas. Essas atividades ficaram a cargo de institutos públicos de pesquisas e das universidades, que foram financiadas pela empresas privadas interessadas, com recursos subsidiados do Governo Federal. Entretanto, no início dos anos 70, o Brasil realizou uma completa reestruturação no seu sistema tradicional de P&D, com a formação da empresa brasileira de pesquisa agropecuária (EMBRAPA) e, no caso da cana-de-açúcar foi criado o programa nacional de melhoramento da cana-de-açúcar (PLANALSUCAR) que beneficiou-se de parte dos recursos do fundo especial de exportação (PINAZZA, 1991). Desde então, na observação de PINAZZA, formou-se uma crescente disponibilidade de tecnologias oriundas basicamente do PLANALSUCAR, em termos de Brasil e da COPERSUCAR de forma mais localizada em São Paulo, reconhecendo-se que várias universidades e institutos continuaram a dar sua contribuição técnico-científica ao setor. Ao contrário do contexto geral da agroindústria brasileira naquela época, GRAZIANO da SILVA (1985) destaca, como exceção, à agroindústria de açúcar e álcool, o fato de que, em 1970, o poderoso cartel formado pela COPERSUCAR montou, no interior de São Paulo, um centro privado de pesquisa composto de laboratórios, campos experimentais e profissionais altamente qualificados a dedicação exclusiva. De acordo com GRAZIANO da SILVA, a COPERSUCAR percebeu que a inércia tecnológica ameaçava a competitividade do setor de açúcar e álcool paulista, não apenas em termos internacionais, como em relação a seus concorrentes internos com os quais mantinha um diferencial de custos de produção resultante das inovações tecnológicas e agronômicas não disponíveis para as outras regiões do País. O Centro de Tecnologia da COPERSUCAR (CTC) desenvolvia, de forma centralizada, o estudo de novas variedades e novos processos de produção e mantinha um esquema de assistência técnica voltado para a solução de problemas das 70 usinas e 5 destilarias autônomas associadas naquela época à COPERSUCAR. O CTC dedica-se as pesquisas na área agrícola, industrial e de tecnologia administrativa. Na área agrícola desenvolve pesquisas em melhoramento, nutrição e adubação, manejo dos solos, 5 ALVES e NOVAES (1996) indicam que a tecnologia, no setor sucroalcooleiro, leva pelo menos 12 anos para ser desenvolvida. O setor chegou no limite de um padrão tecnológico baseado na cana queimada, para a cana crua ele está apenas iniciando. Com palha no canavial, com cana crua, é necessário uma reformulação completa de todo o sistema de produção de cana, que vai da descoberta de novas variedades, com melhores resultados; passa pelo preparo do solo e plantio com palha; novos tratos culturais; desenvolvimento de novos equipamentos para as atividades do campo, até corte e carregamento de cana e palha. Além disto, as unidades de processamento de cana não estão preparadas para operarem com palha, isto leva o processo de inovação para dentro das usinas e destilarias. Na identificação dos elementos explicativos do progresso técnico na agroindústria da cana-de- açúcar, o pesquisador EID (1996a) assinala uma tendência de obsolescência da instrumentação industrial pneumática analógica nas indústrias de processo contínuo em substituição gradual pela instrumentação eletrônica digital. O próprio EID (1996b) conclui que a automação industrial introduzida em dezenas de usinas de açúcar e destilarias de álcool no Brasil, não trouxe inovações tecnológicas no próprio processo de fabricação, a exemplo do que geralmente ocorre nas indústrias de produção em série. Na indústria sucroalcooleira, a automação vem sendo efetuada em termos de controle dos processos de fabricação desenvolvidos em cada fase, com a continuidade na utilização da maioria dos equipamentos convencionais. No artigo de VIAN et al. (1997), parte integrante do relatório de pesquisa FAPESP “Progresso Técnico, Diversificação e Organização do Trabalho na Agroindústria Sucroalcooleira “, destaca-se do estudo de caso em nove usinas, que o grau de mecanização das fases de produção agrícola no plantio é parcial e na preparação do solo, tratos culturais e no transporte é total, sendo o corte manual. Em relação ao grau de inovação industrial, os autores ressaltam como destaque a eletrônica digital e a pneumática analógica. O eixo da modernização do setor sucroalcooleiro a partir de meados dos anos 80, na opinião de VIAN (1997), têm sido a utilização de equipamentos de controle microeletrônico do processo de produção industrial, de softwares de controle da produção agrícola e de novos implementos agrícolas. VIAN relata que a pesquisa de campo efetuada em empresas agrícolas que atuam na produção da cana-de-açúcar mostrou que as novas tecnologias utilizadas pelas mesmas se concentram nas áreas de gerenciamento de informações (processador de texto, planilha eletrônica, 6 sistema gerenciador de banco de dados) e de gerenciamento de telecomunicações (telefone, radiodifusão e internet). THOMAZ JR. (1996) estabelece que a adoção de novas tecnologias, em partes específicas ou em todo o processo produtivo, a partir das inovações incrementais no plano operacional, bem como, em menor escala, a substituição por completo de equipamentos e maquinárias – associadas à incorporação diferencial de controles automatizados – e o conseqüente rearranjo da organização do trabalho no processo de trabalho, dão a tônica da diferenciação tecnológica, da estrutura e funcionamento da planta fabril. A tabela número 1, apresenta alguns indicadores da evolução tecnológica na área industrial do complexo sucroalcooleiro. No período 1975-1994, foi incrementada a capacidade de moagem em 100%, o processo de extração elevou a sua eficiência de 93% para 97%, enquanto que a eficiência do processo de fermentação aumentou de 80% para 91%. Por outro lado, a recuperação geral na produção de álcool aumentou em 30% e o consumo de vapor na destilação foi reduzido em 44%, entre outros indicadores. ETAPAS DO PROCESSO 1975 1994 Capacidade de Moagem – t/cana/dia (*) 5.500 11.000 Extração (%) 93 97 Tempo de Fermentação em Bateladas (horas x dornas) 24 6 Eficiência de Fermentação (%) 80 91 Teor Alcoólico do vinho para destilação (GL) 7,5 10,5 Eficiência da Destilação (%) 98 99 Recuperação geral na produção de álcool (litro/t/cana) 66 86 Consumo de Vapor na Destilação (kg/l) 3,4 1,9 Eficiência das Caldeiras (%) 66 87 Sobra de Bagaço (%) Até 8 Até 78 (*) Trata-se de empresas de médio e grande portes Fonte: ASSIS, 1994 (citado em THOMAZ JR., 1996) Tabela 1: Alguns indicadores da evolução tecnológica no setor fabril da agroindústria sucroalcooleira – Brasil, 1975-1994. Esses ganhos foram alcançados, exclusivamente, a partir de inovações incrementais, pela instalação de uma série de equipamentos periféricos e de novos procedimentos operativos nas moendas e na extração consubstanciado a partir de adaptações dirigidas pelo CTC, com a participação das empresas produtoras de bens de capital – de equipamentos sul-africanos e australianos – que resultou na elevação diferencial do rendimento industrial, a depender do grau e abrangência das alterações 7 instituídas. Em alguns casos, segundo THOMAZ JR., conseguiu-se dobrar a capacidade de produção e a elevação do índice de extração – como exemplo, as usinas Da Barra, São Martinho e Santa Adélia – comparável aos países produtores mais tecnificados, como a África do Sul e Austrália e, pode-se dizer que, hoje, são de uso generalizado nas empresas sucro-alcooleiras paulistas. II OS PRINCIPAIS ATORES DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA De acordo com THOMAZ JR, a geração da tecnologia e a operacionalidade das já disponíveis para a área industrial, mais especificamente no setor produtor de máquinas e equipamentos para as empresas sucroalcooleiras, revelam o predomínio da Dedini/Zanini (Grupo Ometto e Biaggi) que detém mais de 90% do fornecimento, única capaz de produzir uma usina e/ou destilaria completas, sabendo-se que 60% do seu faturamento provêm da área de açúcar e álcool. Na área de pesquisa agrícola e desenvolvimento tecnológico destaca-se o Centro de Tecnologia COPERSUCAR (CTC) com seu programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar. Utilizando modernas técnicas de engenharia genética, procura obter variedades mais resistentes às pragas e doenças e com maior teor de açúcar. Nesta área de pesquisa, existe unanimidade entre os especialistas na afirmação de que a COPERSUCAR coloca o Brasil no mesmo nível tecnológico de países como Austrália, Estados Unidos e África do Sul. No entanto, a nível de Brasil durante a década de noventa, a lavoura de cana-de-açúcar apresentou um desempenho baixo de crescimento da produtividade em relação a outras lavouras, conforme determina-se na avaliação dos dados disponíveis. Entre o período 1990-1996, o crescimento da produtividade da cana-de-açúcar foi somente 9%, enquanto que lavouras como café cresceram 29%, milho 28% e soja 25%, entre outros, para o mesmo período. Empresas do setor de equipamentos agrícolas contribuem com inovações no setor agroindustrial da cana-de-açúcar. Por exemplo, na safra 1997/98, a Caterpillar apresentou novos tratores de esteiras de borracha que proporcionam maior potência na barra de tração e menor compactação do solo. Em relação a esse assunto, ALVES e NOVAES (1996) indicam que o setor produtor de máquinas agrícolas (colheitadeiras) introduz uma série de inovações tecnológicas que dão aos novos modelos de máquinas colheitadeiras maior produtividade. Na área industrial, conforme citado por EID e SCOPINHO (1998), as classes de equipamentos são cinco: térmicos; hidromecânicos/hidráulicos; eletromecânicos; estruturais; e microeletrônicos. 10 As entrevistas efetuadas com diversos representantes de empresas que atuam na agroindústria da cana-de-açúcar durante a FENASUCRO 98, a nossa participação no II Simpósio Agroindustrial de Inovações Tecnológicas – STAB e a revisão de publicações periódicas, permitiu a identificação de tecnologias oferecidas ao setor sucroalcooleiro que foram classificadas em tecnologias químicas, metal-mecânicas e, de automação e monitoramento por satélite Na tabela número 2, observamos que as tecnologias químicas estão voltadas, basicamente, ao tratamento de efluentes. Portanto, verificamos que a ampliação do mercado ambiental, também atinge ao setor sucroalcooleiro. Empresa Tecnologia Contribuição Ahlstrom Pumps Bombas de processo Diversas aplicações como lavagem, extração, purificação do caldo, evaporação e cristalização. Gerenciada por computador Sermatec Difusor Maior extração de açúcar e menor consumo de energia Mausa Centrífuga automática Maior eficiência, menor consumo de energia e ajuste otimizado do ciclo automático Procknor Centrífuga contínua Alta Qualidade do açúcar, livre de problemas de operação Procknor Circuladores mecânicos para tachos a vácuo Menor consumo de potência Gumaco Condensador evaporativo Trocador de calor que utiliza o ar ambiente e a água como meios refrigerantes. Alpina Evaporador híbrido de placas de fluxo descendente Aumento da capacidade, flexibilidade e redução de custos de energia Alpina Torres de resfriamento modulares e pré- fabricados Flexibilidade de uso Miningtech Prensa desaguadora Tratamento de caldo Armstrong Eq. Purgadores de balde invertido para vapor Eficiência energética Renk-Zanini Redutores/Multiplicad ores de velocidade e acoplamentos Adequação a diferentes especificações de projeto e acionamentos Unimot Variadores eletromagnéticos de velocidade Sistemas de acionamento de menor peso e volume Stork Veco B. V. Telas micro-perfuradas em níquel Maior durabilidade e melhor qualidade do açúcar Elaboração própria Fonte: Revista STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, vários números e catálogos de produtos fornecidos pelas próprias empresas citadas. Tabela 3: Tecnologias metal-mecânicas oferecidas ao setor sucroalcooleiro 11 Em relação às tecnologias metal-mecânicas, trata-se de melhoramentos incrementais em equipamentos já existentes que contribuem, sobretudo, na redução do consumo de energia e água, além de elevar o grau de extração do açúcar, inclusive incrementado a qualidade do mesmo. As informações correspondentes as tecnologias metal-mecânicas podem ser apreciadas com maiores detalhes na tabela número 3. Empresa Tecnologia Contribuição Auteq Computadores de bordo Resistente e a prova d’água, reduz custos de operação da frota Xpto Coletor de dados portátil Reduz tempo e custos do processo de digitação Fertron Controlador híbrido programável Funciona com cartões inteligentes que efetuam algoritmos de controle independentes da CPU do sistema Sokkia Estação/GPS/Softwares Colheita, gerenciamento e processamento de dados monitorado por satélite. Ativa Automação Automação, software de programação e Supervisão Controle e supervisão total de máquinas ou processos Smar Sistema de Automação Supervisão e controle total dos setores de produção Elaboração própria Fonte: Revista STAB Açúcar, Álcool e Subprodutos, vários números e catálogos de produtos fornecidos pelas próprias empresas citadas. Tabela 4: Tecnologias de automação e monitoramento por satélite oferecidas ao setor sucroalcooleiro Em relação às tecnologias de automação e monitoramento por satélite, todas elas facilitam a colheita e processamento dos dados em trabalho de campo e no caso do processo industrial, através de tecnologias de automação permitem o controle e supervisão dos equipamentos ou processos (Ver tabela número 4). Cabe ressaltar que as empresas citadas nas tabelas 2,3 e 4 não atendem exclusivamente o setor agroindustrial da cana-de-açúcar. Os produtos e/ou equipamentos oferecidos por elas também são utilizados por outros segmentos agroindustriais (soja, suco de laranja, etc), assim como por outras indústrias como as siderúrgicas, mecânica, automotivas e químicas, entre outras. Para ter uma 12 melhor compreensão da relevância da agroindústria da cana-de-açúcar para a maior parte das empresas citadas, de acordo com declarações de representantes, as vendas para o setor sucroalcooleiro somente se aquecem no período de entressafra (fevereiro e março), depois as empresas procuram clientes em outras indústrias. As usinas e/ou destilarias sabem que investir em pesquisa e desenvolvimento, melhorando os seus processos e, consequentemente, os seus resultados, é importante para a sobrevivência da empresa em um mercado que tende a ser mais competitivo (GIANNINI, 1997). Os resultados da pesquisa desenvolvida por GIANNINI para 30 usinas ou destilarias do estado de São Paulo, 8 do estado de Minas Gerais, 8 do estado de Paraná e 6 de outros estados, revelou que 98,1% das usinas ou destilarias entrevistadas confirmaram a importância dos investimentos em P&D. Porém, dessas 52 usinas ou destilarias que responderam o questionário, somente 27,4 % revelaram possuir profissionais com dedicação exclusiva à P&D. Em relação ao investimento em P&D, apenas 44,2% informaram que destinam uma percentagem do orçamento para a pesquisa, 50% que o fazem de forma esporádica, enquanto que 5,9% não fazem qualquer tipo de investimento nesta área. Na proteção do meio ambiente no interior do complexo agroindustrial da cana-de-açúcar, a EMBRAPA (1998) destaca a introdução de novas tecnologias como: reaproveitamento do vinhoto; controle biológico da broca da cana; colheita mecanizada de cana crua; entre outros. No que concerne às mudanças organizacionais, VEIGA FILHO (1998) afirma que dentro do contexto de reestruturação introduzem-se na cultura empresarial do setor as questões sobre qualidade, aumento da circulação de informações intra-empresa, desburocratização, treinamento e uso de mão-de-obra mais qualificada, colocando como exemplo o programa de qualidade executado pela maior usina paulista e que implicou em investimentos de R$ 8,5 milhões, realizados desde 1993 nas áreas industrial e agrícola, com retornos positivos em sua rentabilidade operacional. Enquanto discute-se o processo de inovação tecnológica no interior das empresas do setor sucroalcooleiro, no contexto da globalização, a empresa multinacional Tate & Lyle, líder mundial do segmento de açúcar e adoçantes, continuando com sua estratégia de joint venture a nível mundial, em fins de 1998 assinou um contrato através da sua filial Tate & Lyle Process Technology localizada em Londres com a empresa brasileira A. J. Fogaça Equipamentos Industriais e Assesoria Ltda. com sede em Ribeirão Preto (Revista STAB, nov/dez 1998). 15 Fonte: EMBRAPA, 1998, [http://www.nma.embrapa.br/projetos/cana/cultiv. html] Gráfico 1: Imagens de áreas de cana-de-açúcar em diferentes estágios vegetativos Na atualidade, o mercado brasileiro da agricultura de precisão está em expansão. Nos últimos três anos, atuava somente o consórcio Agrisat formado pelas empresas Manah, Case, Algar e Du Pont. Em novembro de 1998, foi autorizada pelo governo brasileiro a participação da multinacional Ag Chem. Justamente, esta empresa vendeu à usina Zillo Lorenzetti, colheitaderas equipadas com computadores de bordo, softwares e monitoradas por satélites, no valor estimado para cada máquina de US$ 270 mil dólares. Convém reforçar que, a agricultura de precisão permite um mapeamento detalhado das condições do solo e produtividade da propriedade rural. Sensores acoplados às máquinas, seja plantadeiras ou colheitadeiras, medem as características da área por onde as máquinas passam. Um receptor de sinais de satélite chamado GPS, Global Positional System, dá sinais de satélite codificados que podem ser processados em um receptor GPS capaz de receber tempo, velocidade, a localização exata das máquinas no campo, permitindo o cruzamento de dados e a elaboração de mapas de produtividade com uma precisão de até cada metro quadrado da fazenda. 3.3 NOVOS PRODUTOS Em parceria com o Instituto Tecnológico de Alimentos (ITAL) que desenvolveu a tecnologia de adição da vitamina ao açúcar, a usina Açúcar Guarani lançou, em agosto de 1996, o açúcar vitaminado, enriquecido com vitamina A, produto que constitui-se em um complemento alimentar, além de reforçar a dieta das crianças. 16 Por sua parte, a usina Companhia Albertina Mercantil e Industrial lançou, desde o início de 1997, o Sucaretto, açúcar cristal extra fino que dispensa o uso de açucareiro, isto constitui na prática a introdução de um açucareiro descartável. A mesma usina Companhia Albertina Mercantil e Industrial continuou inovando, e apresentou ao mercado, em Janeiro de 1998, o Sucaretto Light, produto que acrescenta a vantagem de conter somente a metade das calorias dos açúcares tradicionais. Apesar de estar disponível no mercado, há pelo menos 50 anos, o açúcar líquido constitui uma novidade que despertou o interesse dos produtores de açúcar. O principal motivo foi o crescimento da demanda pelos fabricantes de refrigerantes, que vêem o insumo como uma alternativa para reduzir seus custos. Atualmente, a forma líquida representa, aproximadamente, 10% do mercado total de açúcar, que movimenta U$ 300 milhões ao ano. Sendo as previsões de especialistas para o ano 2001, que a participação do açúcar líquido se aproxime aos 80 ou 90% do mercado total. Cabe indicar que, a grande diferença de preços existentes entre o açúcar cristal e o açúcar líquido, registrada em anos anteriores, vem se reduzindo. De acordo com a publicação PARANÁ, AÇÚCAR e ÁLCOOL (set 1998), o preço do açúcar líquido está entre 8% e 12% mais caro que o açúcar cristal. Porém, com a utilização do produto, o fabricante tem uma economia de custos entre 10% e 20%. Além disso, isenta o cliente de fazer análise do produto e pode solicitá-lo com especificações individuais. Por enquanto, as únicas empresas ou usinas que fornecem o açúcar líquido são a COPERSUCAR, usina da Barra, Guarani, Dedini e usina Nova América. 3.4 MELHORAMENTO GENÉTICO As atividades de pesquisa e desenvolvimento de variedades melhoradas de cana-de-açúcar no Brasil são realizadas fundamentalmente pelo Centro de Tecnologia COPERSUCAR (CTC) na fazenda Santo Antônio em Piracicaba, interior do Estado de São Paulo. De acordo com o relatório de EID e SCOPINHO (1998), a tecnologia de transformação genética de cana é dominada no Brasil pela COPERSUCAR e a EMBRAPA. Para cana-de-açúcar há grande interesse no uso de genes para conferir resistência às pragas e doenças, inicialmente, e para melhorar propriedades mais complexas como o teor de açúcar, tempo de maturação, produtividade, etc. no futuro. Os pesquisadores afirmam que a legislação brasileira é pelo menos tão restritiva quanto a de outros países e informam que, o controle da produção de variedades transgênicas de cana é feito através da 17 lei número 8974 de 05/01/95, que estabeleceu normas para o uso de técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados (OMGs) e criou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), de quem a COPERSUCAR obteve certificação em 06/09/96 para produzir e manipular organismos geneticamente modificados. A COPERSUCAR submeteu para a CTNBio requerimento para o plantio em campo (em estação experimental) de algumas variedades resistentes a herbicidas, em estações experimentais definidas. O futuro desenvolvimento de variedades transgênicas de cana no Brasil, interessa também à multinacional Monsanto que já investiu em uma segunda fábrica do herbicida Roundup, pois o princípio ativo do Roundup é o glifosato, e as plantas transgênicas tem tolerância ao glifosato, Em entrevista, PEREZ (1999), integrante da equipe responsável pelo Projeto Genoma brasileiro, divulga que já surgiram propostas da COPERSUCAR em busca de parceria para identificar genes que possam ser responsáveis pelo aumento do teor energético, gerar variedades resistentes a pragas ou a defensivos agrícolas. As informações disponíveis da CTC, do censo varietal, revelam que no ano de 1995, em uma área superior a 2,8 milhões de hectares cultivados com cana de açúcar em todo Brasil, as variedades mais utilizadas, pelos produtores brasileiros, foram as seguintes: RB72454 (20% da área cultivada), SP70- 1143 (17%), SP71-6163 (12%), CB45-3 (9%) e SP71-1406 (8%). Em conjunto, as variedades SP ocuparam 51% dos canaviais do país. Em 1998, quando foram recenseadas somente as 36 usinas cooperadas da COPERSUCAR, em um total de 708 mil hectares cultivados, comprovou-se que as variedades SP aumentaram sua participação até atingir 60% das áreas de plantio. A COPERSUCAR indica que essa ampliação das áreas com variedades SP foi ocasionada pelas últimas liberações ocorridas no CTC, onde foram disponibilizadas aos produtores as variedades SP80-1816, SP80-1842 e SP81-3250, entre outras. As principais variedades nas usinas cooperadas no ano de 1998 foram a RB72454 com 21% da área total, seguida da SP80-1842 e SP79-1011 (com 9% cada uma), SP70-1143 e RB806043 (com 6% cada uma) e SP81-3250 e RB785148 (com 5% cada uma). Observa-se que os produtores de cana-de-açúcar diversificam as variedades utilizadas para reduzir as possibilidades de doenças ou pragas nas plantas.
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