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Guias e Dicas
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Manual de Combate a Incêndio Florestal, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Naval

Manual técnico de Combate a Incêndio Florestal

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 14/04/2010

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bruno-freitas-25 🇧🇷

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Baixe Manual de Combate a Incêndio Florestal e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Naval, somente na Docsity! 1 ÍNDICE CAPÍTULO I Considerações gerais, 3 1. Introdução, 3 2. Objetivo, 3 3. Topografia, 4 4. Coordenadas terrestres, 6 5. A vegetação, 11 6. Agentes atmosféricos, 13 7. Efeitos benéficos, 24 8. Efeitos maléficos, 25 CAPÍTULO II Deslocamentos nas matas, 27 1. Introdução, 27 2. A orientação, 27 3. A navegação em matas e florestas, 29 4. A sinalização, 30 5. Animais peçonhentos e venenosos, 31 CAPÍTULO III Os incêndios florestais, 33 1. Introdução, 33 2. Os tipos de fogo, 33 3. Partes do incêndio, 35 4. Causas do incêndio, 35 5. Fatores de propagação, 39 6. Períodos de incidências, 44 7. Prejuízos ecológicos, 45 CAPÍTULO IV O combate, 46 1. Introdução, 46 2. A localização do incêndio, 46 3. Composição da guarnição, 48 4. O desenvolvimento do combate, 50 5. Métodos de extinção, 52 6. O apoio logístico, 54 7. Fogo contra fogo, 54 8. Os aceiros ou linhas de defesa, 54 2 CAPITULO V O material, 57 1. Introdução, 57 2. Equipamento individual, 57 3. Material e equipamento operacionais, 58 4. O helicóptero e o ultraleve, 63 5. O trator, 66 6. Osborne e goniômetro, 68 7. A comunicação, 69 CAPITULO VI A prevenção, 71 1. Introdução, 71 2. Educação preventiva, 72 3. Controle de riscos e causas, 73 4. A vigilância, 79 5. O código florestal, 82 CAPITULO VII Situações diversas, 85 1. Introdução, 85 2. Fogo no mato em local urbano, 85 3. Fogo no mato junto a rodovias e ferrovias, 86 4. Fogo no mato ameaçando residências, 87 5. Salvamento em incêndios florestais, 88 6. O rescaldo, 89 5 c. Planalto O planalto ocupa a maior parte do Estado. Seu bordo montanhoso, chamado genericamente da Serra do Mar e localmente Serra dos Órgãos, da Estrela, das Araras, da Bocaina, de Paranapiacaba, etc. Além do Rio Paraíba do Sul, junto ao limite com o Estado de Minas Gerais, seguindo rumo grosseiramente paralelo à linha divisória, ergue-se outro paredão montanhoso semelhante a Serra do Mar: é a Serra da Mantiqueira, que forma o rebordo do planalto Mineiro. Dentre os picos mais altos estão o Pico de Itatiaia, no maciço das Agulhas Negras e o Dedo de Deus, na Serra dos órgãos, em Teresópolis. Estrutura esquemática dos blocos falhados e basculados do Planalto Sul e das escarpas do Sudeste Dentro desta topografia apresentada, é importante salientar que o declive é que mais facilita a propagação do fogo, de acordo com o grau de inclinação; quanto mais acentuado for, mais se pode calcular que a velocidade de propagação num declive muito acentuado sem a participação do vento, é igual à de outro incêndio desenvolvido sobre um terreno plano com a influência de uma ação eólica (ação do vento). Esta rápida propagação dos incêndios montanha acima se explica pelos seguintes motivos: Declive (topografia do terreno) 6 a. O fogo seca e aquece os materiais florestais que estão na parte de cima com maior intensidade que os situados abaixo, não só pelo fato das ondas de calor irradiado tenderem a subir, corno também pelo fato do declive aproximar os materiais das chamas. b. As chamas estão mais próximas (chegando mesmo a entrar em contato) dos materiais combustíveis que estão na parte mais alta. c. O lençol freático está a uma profundidade maior, dificultando o fenômeno de capitalização da água. d. A corrente de ar quente originada encaminha-se à parte superior da montanha, em conseqüência da corrente de ar frio, que é injetada na parte interior da montanha. Levantamento de ar aquecido e. Recebendo maior quantidade de calor e secando mais rapidamente, os materiais florestais da parte superior entram em Combustão mais violentamente, gerando uma proporção mais rápida e mais destruidora. Os incêndios podem também, dependendo das condições, propagar-se montanha abaixo, porém a velocidade de propagação será menor e, portanto, o combate bem mais fácil. PROPAGAÇÃO DO FOGO DE ACORDO COM A INCLINAÇÃO PORCENTAGEM DE INCLINAÇÃO 05 – 15 16 – 25 26 - 35 36 - 45 46 – 55 FATOR DE PROPAGAÇÃO 1.00 1.05 1.15 1.20 1.25 4. COORDENADAS TERRESTRES Faz-se mister ressaltar tal estudo, tendo em vista sua importância no atendimento de capítulos posteriores. Senão vejamos: A Terra é um planeta que descreve em tomo do Sol uma órbita elíptica, levando neste percurso aproximadamente 365 dias e 6 horas. Com a finalidade de facilitar o estudo do nosso planeta, considera-se a Terra cortada por diversos planos imaginários e linhas por eles determinadas na superfície terrestre, ou sejam, as coordenadas terrestres. 7 A Terra possui um eixo imaginário, cujas extremidades constituem os pólos norte e sul, ou "pólos verdadeiros", tendo em vista que suas posições diferem ligeiramente dos "pólos magnéticos" indicados pela bússola. Se traçarmos um plano perpendicular ao eixo terrestre passando pelo seu centro, teremos a terra dividida em duas metades, denominadas "hemisféricos terrestres" (norte ou sul). O plano perpendicular acima citado é denominado “piano do equador, porque delimita na superfície terrestre uma linha também imaginária, o Equador”. Pelo eixo terrestre, podemos passar uma infinidade de planos paralelos ao plano do equador, os quais determinam, na superfície terrestre, linhas chamadas "paralelos". De modo análogo, se traçarmos planos que contenham o eixo terrestre e que sejam perpendiculares ao plano do equador, eles irão formar linhas imaginárias denominadas "meridianos". Por convenção, o meridiano inicial ou meridiano de origem, é aquele que passa no Observatório de Greenwich, na Inglaterra. Finalmente, o ponto determinado pela interseção do plano do equador com o eixo terrestre, é denominado "centro da Terra". a. Longitude Sendo o Equador uma circunferência (seção circular central da esfera terrestre), podemos dividi-lo em arcos de um grau, ficando dessa forma constituído por 360 arcos de um grau de abertura. Denominamos de "longitude de um local L", o ângulo formado pelo meridiano de origem, com o meridiano que passa em "L". A longitude é expressa em graus, minutos e segundos, para leste e para oeste, a partir do meridiano inicial. Evidentemente, a longitude de qualquer ponto não pode ser superior a 180º 00' 00” (este ou oeste). Por outro lado, todas as localidades situadas sobre um mesmo meridiano, têm a mesma longitude. b. Latitude Como o plano do equador forma com o eixo terrestre um ângulo de 90 graus, podemos dividir cada hemisfério terrestre em segmentos compreendendo arcos de um grau, contados a partir do equador (0º) em direção aos pólos (90º). Pela extremidade de cada um desses arcos, pode ser passado um paralelo. A distância compreendida entre o paralelo que passa por um local "A" e o equador recebe o nome de "latitude". Evidentemente, todas as localidades situadas sobre um mesmo paralelo têm mesmas latitudes, entretanto, nenhuma localidade pode ter latitude e longitude Iguais à outra localidade. c. Altitude O termo "altitude" é empregado para exprimir a distância vertical entre um local e o nível do mar. Para representar a altitude de um local qualquer, usa-se o símbolo - "H", mas em Meteorologia é a altitude do barômetro. 10 Como exemplo, para localidades situadas no meridiano central do 3º fuso a oeste de Greenwich, teremos 3 horas a menos em relação ao tempo registrado rios relógios do Observatório. O território brasileiro está situado dentro do 2º, 3º, 4º e 5º fusos a oeste de Greenwich, acarretando desta maneira que a hora de Fernando de Noronha difira de 3 horas do estado do Acre. Em países muito grandes como o nosso, tornar-se-á pouco prático processar alterações nos relógios a cada vez que se cruzasse um meridiano limitante de dois fusos horários. Visando facilitar a contagem do tempo para os fins civis, são estabelecidos determinados acidentes geográficos, corno limites de fusos horários. Tal fato ocorre com o Brasil, que tem o seu território dividido em quatro fusos horários, limitados por acidentes geográficos importantes. Exceto no Equador, onde durante todo o ano os dias duram doze horas, a duração dos dias veria com a latitude, sendo mais longos no verão do que no inverno. Para compreendermos melhor essa variação do comprimento do dia, é necessário acompanharmos o movimento aparentemente descrito pelo sol no sentido Norte-Sul. Durante esse movimento anual, temos a considerar quatro importantes datas: - 23 de setembro - equinócio de primavera no hemisfério sul (equinócio de outono no hemisfério norte); - 21 de dezembro - solstício de verão no hemisfério sul (solstício de inverno no hemisfério norte); - 21 de março - equinócio de outono no hemisfério sul (equinócio de primavera no hemisfério norte); - 21 de junho - solstício de inverno no hemisfério sul (solstício de verão no hemisfério norte). Posição do sol nos equinócios e solstícios, considerando-se a Terra fixa e o sol móvel. É importante ainda observar que, por ocasião dos equinócios, o sol culmina sobre o equador ao meio-dia, enquanto que, por ocasião dos solstícios, o sol culmina sobre os trópicos de Capricórnio (23º 27' S) e de Câncer (23º 27’ N). 11 A 23 de setembro o Sol culmina no zênite* sobre o equador ao meio-dia, iluminando igualmente os dois hemisférios. Este dia tem a mesma duração para todos os pontos situados no equador ou em qualquer outra latitude (exceto nos pólos). Para o pólo norte, inicia-se o inverno, e para o pólo sul tem início o verão. A partir de 23 de Setembro, o sol vai culminando no zênite em locais cada dia mais ao sul, o que provoca um aumento de duração da luz solar ao sul, e uma diminuição da luz solar (duração do dia), no hemisfério norte. A 21 de dezembro o sol culmina no zênite sobre o Trópico de Capricórnio, e o comprimento do dia varia de 12 horas (no equador) há 24 horas (nas latitudes iguais ou superiores a 66º 33' S) - A partir de 21 de dezembro, o sol começa a culminar a cada dia sobre latitudes cada vez mais próximas do equador. A 21 de março o sol culmina novamente sobre o equador, ocorrendo o mesmo fato verificado a 23 de setembro. A partir desta data, o sol culminará no Zênite, sobre latitudes norte, o que provoca uma gradativa redução na duração dos dias no hemisfério sul e aumento no hemisfério norte. A 21 de junho o sol atinge a máxima latitude norte, culminando no zênite ao meio-dia, sobre o Trópico de Câncer. Nessa ocasião, o comprimento do dia no hemisfério sul varia de 12 horas (no equador) a 00:00h (sobre a latitude de 66º 33’ S). No pólo sul, o inverno atinge sua metade. Como podemos observar, o dia e a noite nos pólos dura cerca de 6 meses. Como curiosidade estão registrados, a seguir, os dias mais compridos verificados em latitudes de 00º a 90º (norte ou sul): LATITUDE 00º 10º 20º 30º 40º 50º 60º 70º 80º 90º COMPR. DO DIA 12.00 h 12.35 h 13.13 h 13.56 h 14.51 h 16.09 h 18.30 h 65 dias 134 dias 186 dias * Denomina-se de linha "Zênite-Nadir" de um ponto P, situado na superfície terrestre, à linha imaginária que passa pelo ponto P e é perpendicular ao Plano do Horizonte. Eis por que quando um astro cruza a linha Zênite-Nadir, acima do Plano do Horizonte, diz-se que está "no Zênite” e abaixo está "no Nadir'. 5. A VEGETAÇÃO Pouco resta da primitiva cobertura do Estado do Rio de Janeiro. A ocupação agropastoril levou a uma quase extinção das florestas fluminenses que recobriram outrora cerca de 90% da superfície atual do Estado. A vegetação florestal exerce acentuada influência no microclima da área. Uma floresta densa, fechada, intercepta a radiação solar, baixando por conseguinte a temperatura do ar e dos materiais combustíveis ali contidos. Também funciona como barreiras evitando a livre passagem das correntes de ar e reduzindo sensivelmente a velocidade do vento. Isto ocasionará menor evaporação dentro da floresta, evitando ou dificultando a secagem do material combustível da floresta. 12 Além desses efeitos, a transpiração da massa florestal provocará o aumento da umidade relativa do ar. Todos esses fatores reunidos reduzem sensivelmente o perigo de ignição e propagação dos incêndios florestais. Porém, em uma floresta aberta e rala, a radiação solar e o vento atuarão quase livremente, produzindo o aumento da temperatura e a secagem do material combustível, expondo assim a floresta a um maior risco de incêndio. As espécies florestais influem também diferentemente na propagação dos incêndios. Um povoamento puro de coníferas resinosas, pelas características combustíveis dessas espécies, apresenta maior perigo que um povoamento de folhosas, geralmente mais difíceis de entrar em combustão. Em um povoamento de Araucária, o fogo se propaga com muito maior rapidez e intensidade do que em um povoamento de Eucaliptus. A diferença de comportamento do fogo em povoamentos dessas duas espécies citadas, mostra claramente a influência, do tipo de floresta na propagação dos incêndios. Convém salientar que esta diferença não se deve apenas à espécie em si, mas também aos diferentes sub-bosques e "coberturas mortas de solo", que se desenvolvem distintamente em cada um daqueles povoamentos. É oportuno lembrar que, normalmente, os povoamentos artificiais estão mais sujeitos aos incêndios (apresentam condições mais favoráveis) que as florestas naturais (que ainda não sofreram devastação). No Brasil, em 1978 existiam 2,4 milhões de hectares reservados à conservação, sendo aumentado para 13 milhões de hectares em 1984. Possui o Brasil, atualmente, 26 Parques Nacionais, 14 Reservas Biológicas e 14 Florestas Nacionais, sendo de responsabilidade federal, possuindo, também, vários outros de responsabilidade Estadual. 15 A distribuição local de temperatura e pressão nas áreas da costa é tal, que o ar quente sobre a terra se eleva e se move horizontalmente para o mar. Em substituição a este ar quente ascendente, o ar mais frio sobre a água move-se para a terra, ocasionando a "brisa marítima". À noite, a circulação é invertida, sendo que o movimento de ar à superfície é na direção da terra para o mar, ocasionando a "brisa terrestre". Tanto uma quanto a outra são pequenas em profundidade. MONÇÕES - São as que correspondem não às variações diárias de temperaturas, mas às que resultam das diferenças entre as estações climáticas. São também chamadas de "Ventos Estacionais". Durante o verão, o continente aquece-se mais depressa do que o oceano, acarretando deslocamentos de massas de ar deste para aquele, e originando as "monções marítimas" ou "de verão". Com o inverno tomando-se o continente mais frio que o oceano, dá-se o oposto, e as correntes dirigem-se da terra para o mar, constituindo as "monções continentais". 3) Turbulência Normalmente o vento junto à superfície da terra não se desloca corno um fluxo contínuo de ar, mas sim por sucessões de rajadas de durações e direções diversas, intercaladas por períodos de calma. Essa irregularidade de movimentação do ar é denominada de "turbulência". Para fins de nosso estudo, a turbulência pode ser dividida de acordo com os fatores causadores, em dois tipos: Térmica - causada pelas correntes de convecção localizadas, decorrentes do aquecimento da superfície (ar frio movendo-se sobre o solo mais quente); Mecânica - decorre da irregularidade da superfície terrestre e da velocidade do vento. A passagem do ar através de terrenos irregulares, origina sempre torvelinhos, tanto mais pronunciados quanto maior for à velocidade do vento e acidentada a superfície. 4) Direção do vento Por convenção, "direção do vento" é aquela, de onde ele sopra. É interessante relembrar-se que a direção do vento está quase sempre sujeita a variações, principalmente rios ventos a baixas altitudes o pequenas velocidades. 16 Em meteorologia são utilizados determinados termos, como os abaixo citados, para caracterizar posições em relação a ventos. • Barlavento lado de onde sopra o vento; • Sotavento lado para onde sopra o vento; • Contra vento - movimento em direção ao lado de onde sopra o vento; • A favor do vento - movimento que acompanha a direção do vento A direção do vento pode ser designada: Pelos ponto cardeais o colaterais - É a designação mais comumente usada, sendo a direção do vento aquela de onde ele sopra, será o vento designado conforme o caso, como "vento norte", “vento nordeste”, “vento sudeste”, “vento noroeste”, e assim por diante. • Pelo sistema sexagesimal - Dividindo-se uma circunferência imaginária em 36 direções (cada uma englobando 10º), poderemos nomear um vento conforme a sua direção, como sendo "vento de dez graus", "vento de sessenta graus", "vento de noventa graus", "vento de duzentos e setenta graus", etc. 17 • Por denominações específicas - Neste caso, chama-se ao vento de seis horas de “vento de trás" ou de “vento amigo"; ao de nove horas, de "vento transversal" (denominação também dada ao de três horas). Aos demais dá-se a denominação de "vento oblíquo". 5) Métodos de avaliação - A direção do vento pode ser avaliada por diversos modos, desde os mais sumários como por meio das birutas dos campos de aviação, das colunas de fumaça, de inclinação de plantações e ramos, e até por meio de aparelhos apropriados tais como o Anemômetro de Campanha e o Cata-vento de Wild. Vento Quanto mais irregular e cheio de obstáculos for o terreno, tanto mais freado e irregular será o vento. Assim, a velocidade pode aumentar consideravelmente à medida que se afasta do solo, segundo a tabela que se segue, considerando-se as condoas normais de temperatura. ALTURA 0 3 6 9 12 15 VARIAÇÃO DA VELOCIDADE (Km/h) 13 30 31 32 33 34 20 b. Temperatura A maior parte do território brasileiro apresenta temperaturas médias superiores à 22ºC. Somente a Região Sul e as zonas montanhosas do leste e centro-oeste acusam médias menores que 22ºC por influência da maior Latitude, ou da altitude elevada. As isotermas anuais superiores a 22ºC ocorrem ao longo da Costa, do Norte até o litoral Fluminense, sendo o seu traçado geral no sentido Oeste-Leste. No planalto interior vão apresentar um traçado irregular, atingindo temperaturas mais baixas em determinados pontos pela influência do relevo. Esta influência pode-se sentir, principalmente quando comparamos as temperaturas médias anuais de localidades vizinhas como a cidade do Rio de Janeiro com 23,7ºC e Petrópolis com 18,2ºC. A influência da altitude vai proporcionar que a menor temperatura média anual ocorra no Alto do Itatiaia, com 11,5ºC apresentando, inclusive, dias de geada. Sendo a temperatura (calor) um dos elementos do “Triângulo do fogo", não resta dúvida que sua importância é fundamental tanto na ignição como na propagação dos incêndios florestais. O ponto de ignição ou inflamabilidade, temperatura na qual se inicia a combustão, está entre 260ºC a 398ºC, dependendo, naturalmente, das características do material e das condoas atmosféricas do momento. A madeira seca apresenta um ponto de ignição a mais ou menos 285ºC. A velocidade do avanço do fogo em um material florestal combustível qualquer é menor ou maior segundo o seu conteúdo de umidade no momento de entrar em combustão. O material combustível, úmido, absorve grande parte do calor que receba para secar-se e só entra em combustão depois que a quantidade de umidade seja suficientemente pequena e incapaz de impedir a ignição. Desta forma compreende-se que um material verde queima com dificuldade (absorve grande parte do calor para secar-se), ao passo que o material que está seco entra em combustão imediatamente. Não havendo uma fonte de calor suficiente para elevar a temperatura do material combustível até o ponto de ignição, não poderá haver combustão. E para materiais verdes, esse calor tem que ser mais intenso do que para materiais secos. Quanto mais quente estiver a temperatura do ar, logicamente, com maior velocidade os incêndios se propagarão. 21 Portanto, concluindo, a temperatura exerce sua influência sobre a combustibilidade da mata ao facilitar a evaporação, como também influência o grau de umidade lenhoso; de modo que, ao se elevar à temperatura, surjam condições propícias aos incêndios; o ar quente absorve maior quantidade de umidade que o ar frio. O calor produzido pelos materiais em combustão é também um fator muito importante em sua propagação; ao passar sobre os materiais, seca-os, elevando sua temperatura a ponto de ignição. Esses então ardem e propagam o fogo a seus vizinhos, que, ao continuar o processo, o generalizam a toda área boscosa. O calor do fogo se transmite como urna coluna de ar que tende a elevar-se verticalmente e como calor radial que se propaga em todas as direções, decrescendo na razão inversa ao quadrado das distâncias. A temperatura do solo aquecido também influi sobre o movimento da corrente de ar. Os bombeiros ficam debilitados com maior facilidade, em razão da elevação da temperatura diminuindo seu rendimento, tornando-os mais lentos. c. Índice pluviométrico A palavra "pluviometria" significa "medição de chuva", mas compreende a determinação da quantidade de água caída sob a forma de neve, garoa, etc. A unidade usada para medir a quantidade de precipitação é o milímetro pluviométrico (mm), que equivale a uma precipitação de 1 litro de água para cada metro quadrado de superfície. Isto significa que 1 litro de água, despejado em um recipiente perfeitamente horizontal e impermeável de 1 metro quadrado de área de base, formaria uma película com 1mm de espessura, cobrindo homogeneamente todo o fundo deste recipiente. Os instrumentos destinados à determinação da quantidade de precipitações são os pluviômetros (medem) e pluviógrafos (medem e registram). Tempo atmosférico Apesar da sua grande extensão, o Brasil não possuem desertos, e suas máximas pluviométricas não atingem os níveis observados em outros países. A pluviosidade do país vai ser resultante, principalmente, da ação das massas de ar e interferência do fator geográfico - altitude, aliado à temperatura. 22 As precipitações no Brasil se distribuem de maneira irregular, variando de menos de 500 mm até mais de 4.000 mm anuais. As áreas de maiores precipitações (superior a 2.000 mm) são as da região do Alto Amazonas e ao longo da Serra do Mar, onde também encontramos as precipitações máximas observadas. O Estado do Rio de Janeiro registra climas diversificados, sendo o mais notório e freqüente o tropical-semi-úmido, com chuvas de verão e invernos secos e também possui a pluviosidade de 1.250 mm anuais. O clima tropical úmido ocorre na Serra do Mar, onde as chuvas de relevo determinam uma elevação de pluviosidade para atingirem a 2.500mm anuais. É importante o conhecimento desses dados, pois o conteúdo de umidade do material combustível, que controla a sua inflamabilidade, é muito importante na determinação das condições de perigo de fogo. Se os combustíveis estão saturados de umidade, eles não queimam com a mesma facilidade que se o conteúdo de umidade do combustível for baixo, o que permite um incêndio iniciar e se propagar. A umidade do combustível inibe a ignição, No, um material não será efetivamente combustível enquanto contiver uma determinada quantidade de umidade. O conteúdo de umidade dos materiais combustíveis mortos (cobertura morta, galhos, folhas, húmus) varia tremendamente, dependendo da chuva. Ela raramente é menor que 20% mas pode exceder a 200%, como por exemplo em madeira apodrecida ou húmus, depois de prolongada chuva. Experiências já demonstraram que a probabilidade de ignição é praticamente zero, para a maioria dos materiais combustíveis, quando sua umidade está entre 25% e 300%. Assim sendo, a umidade do material combustível tem grande influência na propagação dos incêndios. Havendo grande quantidade de material seco (baixo índice pluviométrico), o fogo vai se propagar com muita intensidade. Então, o próprio fogo vai atuar corno agente secador, reduzindo a quantidade de umidade dos demais materiais (inclusive vegetação viva) e intensificando cada vez mais a capacidade de propagação do incêndio. d. Umidade do ar A Umidade do ar pode ser assim estudada: 1) Umidade absoluta: E a quantidade de vapor de água contido rio ar. É expressa na razão "massa por volume" (g/cm3). É também chamada de "Tensão de Vapor", "Concentração de Vapor” ou de "Densidade de Vapor”. 2) Umidade relativa: É a relação entre a quantidade real de vapor de água existente; e a que existiria se o ar estivesse saturado. Podemos explicar a Umidade relativa de outra forma: • Consideramos a quantidade de vapor existente no ar em determinado momento (umidade absoluta), corno sendo igual a 10 g/cm3. Se considerarmos que à mesma temperatura aquele ar satura-se a 20 g/cm3, concluiremos que aquele vapor é correspondente à metade da tensão máxima (saturação). Assim, neste caso, diz-se que a Umidade relativa é igual a 500% pois que ela é expressa em percentagem. 25 8. EFEITOS MALÉFICOS Os incêndios florestais constituem sem dúvida alguma a principal fonte de efeitos maléficos às florestas em todo o mundo. Anualmente milhares de hectares de florestas são queimados, com prejuízos incalculáveis. De um modo geral, estes efeitos causados às florestas podem ser classificados nos seguintes grupamentos: a. Danos às árvores São enormes os danos às árvores comerciáveis; ou maduras e às árvores jovens, causados pelos incêndios florestais. Certamente dependerá diretamente da intensidade do fogo, do tempo de duração, do tipo de floresta, etc. Portanto, mesmo após o incêndio, a madeira das árvores ainda pode ser aproveitada, com uma pequena depreciação, de seu preço, apenas. Somente nas árvores jovens, devido a sua casca mais fina, e conseqüentemente à sua menor resistência, é que sua completa carbonização traz a morte da árvore. No entanto, muitas árvores que não morreram estão debilitadas sensivelmente. b. Danos ao solo Devemos ressaltar que os danos ao solo são particularmente mais severos de acordo com a intensidade e freqüência dos incêndios. Portanto os incêndios florestais geralmente causam grandes danos ao solo, principalmente às suas propriedades físicas. A destruição da cobertura orgânica do solo, expondo-o diretamente às intempéries, provoca grandes modificações em suas propriedades físicas, particularmente porosidade e penetrabilidade, além de expor totalmente o solo à ação dos agentes causadores de erosão. c. Danos à capacidade produtiva O fogo, de uma maneira geral, favorece a vegetação herbácea e as matas secundárias. O fogo pode mudar completamente o tipo de floresta, causando geralmente o empobrecimento da mesma. O fogo reduz, também, a densidade da floresta, prejudicando a produção qualitativa e quantitativa da madeira. Altera também o "Princípio de Persistência”, por forçar o corte de árvores ainda imaturas, diminuindo o rendimento da floresta. d. Danos à fauna Os incêndios podem causar danos à floresta diretamente, através da morte dos animais que não conseguem escapar ao fogo; e indiretamente, pela destruição da alimentação, e modificação radical do habitat dos animais. O equilíbrio biológico da floresta será totalmente alterado. e.Danos no aspecto recreativo Em várias partes do Brasil, as florestas são também usadas como recreação, para passeios ou para turismo, ou até mesmo onde populações urbanas vão passar fins de semana, feriados, fugindo da vida agitada da cidade. As florestas usadas para esta finalidade (parques nacionais, etc:), apresentam sempre um bonito aspecto paisagístico, o que um incêndio tomará este aspecto sem valor. 26 f. Danos no caráter protetor A floresta constitui um agente protetor de grande importância. Exercem proteção básica contra deslizamentos, avalanches, invasão de dunas e erosão. A floresta atua também como reguladora do regime hidrológico. O solo, com um incêndio, passará de esponjoso a duro, bastante impermeável, provocando o escoamento das águas das chuvas pela superfície, causando inundações, deslizamentos, erosão e também danos aos solos férteis das partes mais baixas, através do material erosinado. g. Danos a propriedades diversas Além dos danos diretos provocados às florestas pela destruição da madeira, os incêndios podem também causar danos a outras propriedades tais como casas, construções, veículos, implementos, etc. No incêndio do Paraná em 1963, citado anteriormente, por exemplo, foram destruídas cerca de 4.000 casas, deixando aproximadamente 5.700 famílias de trabalhadores rurais desabrigados. h. Danos à vida humana Os incêndios de grandes proporções, além de destruírem as florestas e outros bens materiais, algumas vezes provocam também ferimentos ou mesmo a morte de seres humanos. Até mesmo pequenos incêndios em matas podem trazer sérios danos à pessoa física, por se tratarem de fogo de difícil extinção, pois vários fatores contribuem para isto, tais como a fadiga do homem, o difícil acesso, a topografia, e também os ventos que variam muito de direção. 27 CAPÍTULO II Deslocamentos nas matas 1. INTRODUÇÃO O indivíduo ou grupo de indivíduos. tomando parte em operações de incêndios florestais poderá se ver isolado ou até mesmo perdido nas matas, devido às características próprias que a extinção a este tipo de incêndio requer. A densidade da vegetação não permite, muitas vezes, a localização de pontos de referência nítidos. Também, a necessidade de saber onde pisar ou colocar as mãos desviará, por certo, a direção do raio visual. A noite, nada se vê, nem a própria mão a um palmo dos olhos. O copado fechado das árvores não permitirá que se observe facilmente o sol ou o céu, a não ser que se esteja em uma clareira e, mesmo assim, em dia que não tenha céu nublado. Portanto, trataremos agora deste assunto, que tem por finalidade trazer conhecimentos básicos para se movimentar nas matas, pois tão logo o indivíduo se sinta isolado, em meio à mata densa, tentará, naturalmente, andar em uma direção qualquer, em busca da salvação. Será normal tal precipitação, porém totalmente errada, pois a ânsia de salvar-se, andando a esmo e entrando em pânico, poderá trazer conseqüências piores. Mostraremos também algumas considerações quanto a animais presentes nesses locais. 2. A ORIENTAÇÃO A necessidade de penetração para o combate ao fogo nos leva a fazer picadas, caminhos que, além do uso como meio de transporte, se constituem em verdadeiras barreiras para a passagem do fogo. Portanto, ao se penetrar na mata já se deve fazer os cortes rios arbustos de forma padronizada, para que assim constitua a melhor forma de orientar a quem estiver perdido, pois esta picada será a principal forma desse indivíduo voltar a se reencontrar, e também poderá orientar a quem possui como missão o resgate do pessoal perdido. Ao se ver isolado, as regras a se observar são: - ficar parado, não andar a toa; - sentar-se para descansar e pensar; - alimentar-se e matar a sede para poder raciocinar; - procurar então se orientar, se posicionar e, começar a se deslocar. Apresentaremos agora alguns processos para se melhor orientar nas matas: - orientação pelo Sol - orientação pelo Relógio - orientação pelas Estrelas - observação dos Fenômenos Naturais - construção de abrigos pelos Animais - orientação pela Carta - orientação pela Bússola 30 Se um elemento perde-se do grupo, poderá ser encontrado lançando mão de gritos e de apitos; se possuir arma, dará dois tiros, o que já é convencional nas matas. Poderá também, bater com qualquer pedaço de pau em cartas raízes expostas de árvores, o que produzirá um som que reboará até determinada distância. Se tentar uma navegação em busca do grupo, deverá, à medida que se deslocar, ir marcando o caminho percorrido; para isso fará marcas com um facão, faca ou canivete nas árvores, ou irá quebrando galhos da vegetação baixa, de modo que as pontas fiquem apontando a direção seguida. Com exceção do paladar, os demais sentidos serão bastante solicitados no caso de uma navegação noturna. A vista sentir-se-á cansada ante o esforço para enxergar. O tato, a todo momento, estará em função. O olfato identificará possíveis odores que sirvam para auxiliar a busca de um objetivo. A audição procurará identificar os sons comuns, bem como a distância em que são produzidos. Portanto, podemos destacar, devido às grandes dificuldades que se encontram, que os deslocamentos noturnos não são compensadores, devendo ser executados somente se necessário. No caso de necessidade de passar a noite num local qualquer, deve-se escolher para se abrigar, um ponto alto, em terreno ligeiramente inclinado, relativamente limpo e, se possível, próximo a água potável. Também será necessário se fazer urna fogueira, para se aquecer, para iluminar, sinalizar e fazer uma segurança noturna, porém, deve-se escolher um bom local pois o fogo não deve ser aceso, por questões óbvias, debaixo do abrigo. Um deslocamento mais seguro nas matas deve sempre ser realizado em grupo, nunca sozinho e jamais com uma distância maior do que três metros entre seus integrantes. A navegação deve ser em fila indiana e, após o cansaço do homem da frente, aquele que vai abrindo o caminho, este passará a ocupar o último lugar da fila, passando seu serviço para o segundo, e assim sucessivamente. Se algum bombeiro se perder no cumprimento de um serviço de combate a incêndios florestais, calcula-se que ele já possua determinados equipamentos que facilitarão suas ações. Neste caso, também seus comandantes ou superiores saberão aproximadamente onde poderá estar, havendo, portanto, uma base segura para a partida do socorro e uma perspectiva mais rápida de seu resgate, pois no plano de ações das equipes se pode localizar os pontos onde cada uma foi deixada para cumprir sua missão. 4. A SINALIZAÇÃO O que mais interessa a uma pessoa que se encontra perdida é ser encontrada. Portanto, se for utilizado um processo qualquer para sinalização, poderá haver possibilidades amplas de sucesso, desde que esse processo seja o mais adequado para a ocasião. No entanto, se necessário for, os processos mais simples de sinalização são: por apito, por tiro (dois), por batidas de paus em raízes de árvores, ou qualquer outro à base de acústica uma vez que sinais visuais surtirão poucos efeitos por causa da vegetação, e sinais como fogueira ou fumaça não representarão nenhum meio de sinal em locais; onde já temos a presença do incêndio florestal. Se o elemento ou o grupo decidir tentar a navegação, não deverá esquecer de ir balizando o percurso; para isto, além de sinalizar por meios acústicos, a espaços de tempo regulares, irá assinalando sua passagem pela quebra de pequenos galhos, de marcas em árvores, de objetos ou partes deles deixados pendurados, etc. Portanto, ao se encontrar uma clareira, tomar-se-á mais fácil seu resgate, se houver uma sinalização adequada. Para tanto, mostramos a seguir alguns sinais que poderão ser usados: 31 5. ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS Nas matas existem inúmeros animais que poderão atuar como inimigo do homem, se este não estiver capacitado a evitá-los ou a debelar os malefícios que poderão decorrer da sua peçonha ou do seu veneno. a. Animal peçonhento É aquele que segrega substâncias tóxicas com o fim especial de serem utilizadas como arma de caça ou de defesa. Para que haja uma vítima de peçonhamento, é necessário que a peçonha seja introduzida por órgãos especiais de inoculação dentro do organismo da vítima. Exemplos de animais peçonhentos são as cobras, as aranhas e os escorpiões. b. Animal venenoso É aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais, exige contato físico externo com o homem ou que seja por este digerido, como, por exemplo, o sapo cururu e o peixe baiacu. Para se evitar picadas de animais, existem algumas medidas preventivas que se devem tomar no caso de penetração nas matas para a missão de se combater incêndios. 1) Andar sempre com uma vara, batendo-a nas árvores e galhos; o ruído espantará os animais, e a própria vara poderá servir como defesa. 2) Antes de sentar ou deitar, verificar o local com a vara ou com os pós; evitar sentar árvores caídas, sem antes examinar à sua volta, pois são lugares preferidos, pelo frescor e sombra, para abrigar serpentes. 3) Ao vestir-se, sacudir as roupas. 4) Examinar os coturnos antes de calçá-los, pois são locais preferidos por escorpiões. 5) Ter cuidado ao mexer em folhas de palmeira, montes de folhas ou palhas, e paus ou tábuas empilhadas. 32 6) Evitar sempre andar isolado. Quando possível, deslocar-se no, mínimo, em grupos de três pessoas. 7) Sempre que possível, transportar sedativos e analgésicos entre os medicamentos de primeiros socorros. 8) É sempre importante se ter noções de primeiros socorros. 35 3. PARTES DO INCÊNDIO Seja de que tipo for, o incêndio tem quatro partes que são: o perímetro, cabeça ou frente, retaguarda ou cauda e flancos. • Perímetro - é o limite do fogo, medido pela distância dos contornos em chamas; • Cabeça ou frente - é o sentido no qual o incêndio se movimenta o varia conforme a direção do vento. É a parte, que avança mais rapidamente. • Retaguarda ou cauda - onde a velocidade das chamas é menor. A retaguarda de incêndios em terrenos planos é a parte da qual provém o vento. • Flancos - constituem os lados do fogo, entre a cabeça e a retaguarda, paralelamente à direção do vento. Os flancos geralmente avançam com lentidão e nestes casos, constituem o melhor ponto para se iniciar o combate ao incêndio. 4. AS CAUSAS DO INCÊNDIO Focos secundários O incêndio florestal acontece em conseqüência dos riscos elevados provocados pelas condições da vegetação, pela presença do homem e pela falia de informação deste, com relação aos aspectos preventivos. Assim sendo, podemos dizer que um incêndio florestal se manifesta, seja qual for o lugar, por um conjunto de ações humanas e naturais que possam transmitir ou produzir fogo. Assim poderemos dizer que os incêndios florestais têm como origem as causas naturais e as causas humanas. As causas naturais independem da vontade humana. Já as causas humanas apresentam dois aspectos que são o dolo e a culpa. 36 No dolo, o homem manifesta-se pela intenção de consumar o fato, ele quis e assumiu o risco de produzir os efeitos advindos de seu ato. Na culpa, o fato acontece quando o homem, por negligência, negligência ou imperícia, causa incêndios florestais. Neste caso, o homem não quis produzir o risco, mas contribuiu para que o fato ocorresse. a. Causas naturais 1) Raios 2) Terremotos 3) Tufões 4) Combustão espontânea 5) Efeito de lupa 1) Raios São incêndios causados direta ou indiretamente por descargas elétricas. Sua prevenção é quase que impossível. A ação destruidora decorrente de queda de raios em florestas não são muito comuns no Brasil, em virtude das tempestades serem, sempre, acompanhadas das precipitações. Porém aconteceram casos de focos iniciais de incêndios, por raios, que provocaram incêndios em florestas e outros que foram prontamente debelados, pois foram descobertos no dia seguinte à tempestade e não haviam se propagado ainda, em virtude da umidade do material florestal. 2) Terremotos Este fato não foi observado rio Brasil até hoje e não merece ser detalhado, portanto. 3) Tufões Os tufões, também, não são comuns no Brasil. Eles acontecem, com mais frequência, rio mar da China, entre os meses de julho e outubro. É um vento muito forte e tempestuoso. 4) Combustão espontânea Chama-se combustão espontânea o fato de alguns corpos terem como propriedade característica a possibilidade de se combinarem com o oxigênio do ar ou outro portador (agentes oxidantes) com que estejam em contato, ocasionando uma reação exotérmica, isto é, com despreendimento de calor, o que favorece sua combustão, sem o concurso de uma fonte externa de calor, centelha ou outra causa de incêndio. 37 A combustão espontânea inicia-se normalmente por uma lenta reação química (oxidação) que gera algum calor e este processo vai se acelerando até tomar lugar uma rápida oxidação. Com exceção de alguns corpos sujeitos a uma rápida oxidação, o processo de combustão espontânea é tento e a ignição pode ocorrer após dias ou mesmo semanas, durante os quais a temperatura se eleva lentamente. A presença da umidade, em certos casos, pode favorecer o aquecimento, como por exemplo a presença de umidade no carvão vegetal. A combustão espontânea pode surgir, também, em produtos vegetais sujeitos à fermentação por bactérias ou enzimas. Nesta hipótese o aquecimento se dará em dois ou mais estágios: o primeiro até 70 ou 80ºC, provocado pela fermentação ou outra ação microbiana, pois acima desta temperatura, cessam todas as atividades vitais dos microorganismos e enzimas. O aumento de temperatura, no segundo estágio, é atribuído a uma oxidação química que faculta ao corpo alcançar seu ponto de ignição. O cânhamo, a juta e o sisal são materiais sujeitos à combustão espontânea. A madeira, quando sujeita a uma prolongada ação de temperatura, não muito alta, pode queimar espontaneamente, devido à formação de carbono poroso ou carvão na superfície exposta da mesma. 5) Efeito de "lupa" É comum acontecer incêndio em florestas, próximas a concentrações humanas, em parques onde haja camping, etc, pois, muitas vezes, os freqüentadores daquelas florestas levam para lá garrafas com refrigerantes ou outro tipo de bebida qualquer e, após o uso, às vezes, quebram as garrafas e as jogam em locais da floresta onde haja incidência de sol e muito material seco (folhas, pequenos galhos, etc). Esses fragmentos, com a incidência de raios solares, atuam como lentes, gerando a combustão. A causa inicial foi a ação do homem, mas o incêndio originou-se de uma causa natural propriamente dita, que foi o "efeito da lupa". b. Causas humanas 1) Incendiários 2) Queimas para limpeza 3) Fumantes 4) Fogos campestres 5) Operações florestais 6) Estrada de ferro 7) Balões 40 b) Quanto à rapidez em arder - Combustível ligeiro: ervas, folhas, acículas, etc. - Combustível lento: troncos, ramas, raízes, etc. Combustíveis lentos propagação lenta 41 c) Quanto à localização - Combustível subterrâneo: raízes e outros materiais, que se encontram sob o solo vegetal. - Combustível superficial: composto por folhas, acículas, ramas, arbustos ou árvores jovens, troncos, etc, que se encontram até = 1,5m de altura sobre o solo. - Combustível aéreo: ramas, fustos das árvores, folhagens, musgos, etc, que se encontram acima de 1,5m sobre o solo. d) Quanto à disponibilidade - Combustível total: todo aquele existente no local (vivo ou morto) - Combustível disponível: é o que está em condições de queimar e consumir-se durante o incêndio. - Combustível restante: fração do combustível total, que não está em condições de queimar e que fica após o incêndio. Compreendem o humus, os galhos mais grossos, os troncos caldos e os tocos de árvores já derrubadas. São materiais que, por suas características, queimam lentamente. Embora a ignição desses materiais seja mais difícil, eles são muito perigosos por manterem latente a combustão. Muitas vezes, quando um incêndio parece extinto, urna corrente de vento pode reacender estes materiais lenhosos; que começam a lançar fagulhas e, se houver descuido, podem reiniciar o incêndio. 2) A seca A seca pode ser definida como a deficiência de umidade no solo. Uma redução da precipitação normal, é a causa primária dos efeitos da seca. O perigo de danos e incêndios florestais aumenta sob condições atmosféricas e ventos fortes, pois todos estes fatores estimulam a evaporação e transpiração, reduzindo, portanto, rapidamente c suprimento de água do solo. A falta de água suficiente para promover as necessidades de uma floresta, sempre resulta em danos extensivos para esta floresta. A extensão dos danos pode variar desde uma pequena redução do crescimento, até mesmo ao incêndio florestal com a conseqüente morte de árvores. O primeiro dano causado pela seca é a morte da cobertura do solo e da reprodução jovem. À medida que aumenta a intensidade da seca, o próprio povoamento, com raízes mais profundas, sofre danos e as árvores, mesmo de grande porte, são completamente mortas. A quantidade e distribuição da precipitação são os principais fatores na determinação do caráter da floresta. Qualquer diminuição brusca no suprimento de água de uma floresta, será refletida em danos de seca nas árvores, principalmente, em região de solo raso ou onde a precipitação é, em si, quase o mínimo para suportar uma floresta. Um dos sinais característicos de danos causados pela seca, são folhas e galhos tenros murchos, o amarelecimento das folhagens e queda prematura das folhas e também um povoamento afetado pela seca geralmente tem a aparência de uma área queimada. Portanto, no terreno totalmente seco por falta de precipitação, as plantas não têm de onde pegar água e, conseqüentemente, vão se tomando secas e mortas. Quando se encontram nesta situação, o risco de incêndio é muito grande bastando a ação de qualquer fonte externa de calor. Durante a época seca do ano (normalmente do inverno), na região Sul e Sudeste do Brasil, a umidade relativa do ar freqüentemente baixa ao nível de 30%. Podemos citar como exemplo o incêndio florestal de 1963, no Paraná (queimou 2/3 de suas reservas), que chegou a registrar índices inferiores a 10% de umidade relativa. Como podemos observar, isto fornece ótimas condições para a propagação do incêndio. 42 3) Outros fatores de propagação - Umidade do material combustível - Vento - Temperatura - Umidade relativa do ar - Topografia A umidade do material combustível é um dos pontos mais importantes na avaliação dos combustíveis. Influi na probabilidade de que se inicie um incêndio e no comportamento que este apresenta uma vez iniciado. Antes de queimar, é necessário que se evapore o excesso da umidade e, assim sendo, é a umidade do combustível que vai determinar a quantidade de calor necessário, para atingir o ponto de ignição. Umidade de combustível - é a quantidade de água no combustível expressa como porcentagem em relação ao peso seco. Umidade do combustível = P. úmido - P. seco x 100 P. seco Pode variar de quase 0 (zero) até 300%. Combustíveis vivos têm umidade muito elevada podendo, às vezes, funcionar como retardante do incêndio. O conteúdo da umidade varia muito em função da temperatura e dias sem chuva, podendo mesmo baixar acentuadamente o teor da umidade dos combustíveis vivos tornando-os suscetíveis de se inflamarem. Estudos têm demonstrado que abaixo de 70% o perigo começa a aumentar. Não serão feitas considerações sobre os demais fatores acima, pois os mesmos já foram detalhados no capítulo I do presente Manual, dispensando, portanto, qualquer comentário para o seu perfeito entendimento. 45 Sempre que B for menor que 2,5, haverá riscos de incêndios, isto é, as condições atmosféricas do dia estarão favoráveis à ocorrência de incêndios. Vamos desenvolver um exemplo prático para melhor compreensão. Suponhamos que determinado dia, às 13 horas, obtivemos os seguintes dados: Umidade relativa do ar = 40% Temperatura do ar 30ºC, então B = 5 40/100 - 0,1 (30 - 27), que desenvolvida terá 13 = 2,0 – 0,3 donde B = 1,7 Este dia será considerado perigoso, pois B = 1,7 é menor que 2,5. Há outras fórmulas capazes de nos dar, também, os índices de risco de incêndios florestais. Não vamos descrevê-las, por apresentarem processos complicados de cálculo. 7. PREJUÍZOS ECOLÓGICOS A conseqüência mais desastrosa de um incêndio florestal é a destruição da vegetação, a qual raramente se recompõe em pouco tempo, e, às vezes, é arrasada definitivamente, não havendo, portanto, recomposição florestal. Pode-se afirmar que a capacidade de recuperação da vegetação queimada está na razão inversa de sua dimensão (ou parte) e do grau de destruição causado pelo fogo. Os prejuízos ecológicos e econômicos de um incêndio florestal podem ser temporários ou permanentes, variando sua intensidade, desde valores pequenos até perdas totais irreparáveis. Um incêndio florestal pode ser comparado desde uma pequena fogueira, sem maiores conseqüências, até uma depredação florestal em larga escala. Os incêndios florestais, causados por diversos motivos e origem, aliados aos desmatamentos indiscriminados, colocando vários Estados do Brasil em situação de quase deserto, provocam prejuízos com reflexos diretos à média pluviométrica; redução ou extinção de cursos de água; redução do teor da umidade do ar; aumento da temperatura média; aceleração da erosão do solo; extinção ou emigração da fauna; diminuição da taxa de oxigênio do ar; diminuição da produção agrícola e perdas eventuais de instalações, plantações, rebanhos, etc. 46 CAPÍTULO IV O combate 1. INTRODUÇÃO No combate a incêndios florestais, é necessário o emprego do maior número de pessoal e material, e no menor tempo que se tiver possibilidades. Isto porque, no início, ou quando "ainda se encontra em menores proporções se pode controlar e combater com maior eficiência. No combate, a organização, o planejamento, o reconhecimento e o correto emprego do pessoal e material, são indispensáveis para se minimizar a extensão e os efeitos deste agente destruidor. Portanto, o primeiro passo para se controlar o fogo é determinar o real perímetro da linha de fogo, de modo a poder utilizar com vantagens os homens e o equipamento necessário. Deve-se determinar as cabeças de fogo, o aspecto topográfico e as localizações de rios, lagos, estradas e outros acidentes, pois se constituem em bloqueios naturais à propagação do incêndio. Outro fato de extrema importância a ser verificado é a velocidade e a direção dos ventos, para, assim, certificar-se da velocidade de propagação e o direcionamento das cabeças de fogo. É um tipo de incêndio que apresenta uma grande dificuldade de combate quando alcança determinada proporção, por isso deve-se planejar e executar os serviços contando com todas as observações já descritas, e não se esquecendo que o entardecer e o amanhecer representam o melhor tempo para se combater incêndios florestais. 2. LOCALIZAÇÃO DO INCÊNDIO É necessário concentrar esforços para encurtar o tempo entre o início da ignição e o combate. Portanto, só será possível ter um maior êxito em combate a incêndios florestais, com o fim de minimizar prejuízos, se existir um sistema de detecção e aviso, interligado a um dispositivo de reação. Quando ocorrem incêndios florestais (Reservas Biológicas, Parques Nacionais, matas), ou mesmo fogo no mato (terreno baldio, fogo em área urbana), a localização é fundamentalmente a primeira etapa na seqüência de ações necessárias à supressão. Efetivamente, nenhuma ação de mobilização e combate pode ser tomada, antes que o fogo seja descoberto. Diante disto, não há dúvida que, quanto mais rápido for localizado o fogo, melhores condições teremos de combatê-lo. 47 Os meios através dos quais os incêndios são descobertos e localizados, podem ser divididos em: - Torres de observação, - Patrulhas terrestres, - Patrulhas aéreas, - Denúncias públicas a. Torres de observação As primeiras torres de observação foram inicialmente de vigia, onde se mantinha urna fiscalização periódica. Normalmente esta fiscalização se inicia às 10:00h da manhã. Hoje as torres possuem cabinas perfeitamente construídas; e abrigadas em pontos estratégicos com domínio de extensas áreas florestais. Também possuem mapas da área visível, um círculo graduado, aparelhos de localização de incêndios (goniômetros, osborne), além de equipamentos de rádio VHF, transreceptor e ainda, binóculos, rádios "walkie-talkie", telescópios para ampliar o campo de observação, etc. Certas torres possuem instrumentos para regiões meteorológicos: pluviômetro, anemômetro, termômetro, etc., e ainda aparelhos e ferramentas para combate ao fogo. b. Patrulhas terrestres Os serviços florestais ou as companhias de reflorestamento mantêm pessoal devidamente equipado para percorrer zonas estabelecidas, a fim de prevenir, descobrir e combater qualquer foco de incêndio. A área sob vigilância dependerá das facilidades que ofereça para o rápido deslocamento do pessoal que tem a seu cargo o patrulhamento; quanto mais dificultosa, menos extensa. O patrulhamento terrestre possui também aparelhos de comunicação para o rápido contato quando da solicitação de auxílio para um incêndio que se inicia. c. Patrulhas aéreas Durante os últimos anos, em determinados países, o avião e os helicópteros vêm ocupando um lugar de destaque na ação de descobrir ou detectar rapidamente os focos de incêndios. Sua maior eficiência se faz notar naquelas regiões boscosas distantes; dos centros populacionais. Seu emprego é muito importante, ainda que em áreas dotadas de torres de observação, já que em muitas circunstâncias estas não podem atuar por falta de visibilidade; nestes casos, tanto o avião como o helicóptero, complementam a tarefa destas torres. d. Denúncias públicas Referem-se aos casos em que o fogo é notado por populares e pessoas alheias às organizações florestais e que, fazendo uso dos meios mais rápidos que tenham às mãos, comunicam o caso à autoridade competente. Vale a pena salientar um dos benefícios que as campanhas de educação preventiva podem proporcionar: a conscientização e o esclarecimento que pessoas alheias ao serviço florestal podem ter sobre o problema do fogo. E, movidas por este conhecimento, essas pessoas muitas vezes nos prestam inestimáveis contribuições ao comunicar imediatamente a presença dos incêndios. 50 4. O DESENVOLVIMENTO DO COMBATE Todo o trabalho que possui um bom planejamento e um bom plano de combate consegue êxito com maior rapidez. Em um incêndio de proporções acentuadas deve-se montar um Posto de Comando nas proximidades do local sinistrado para não se ter perda de tempo entre o planejamento e o combate. Deste posto é que sairão as equipes que poderão ser transportadas em helicópteros ou viaturas. Para tanto, a primeira tarefa é conhecer a extensão do incêndio, sua velocidade de propagação, os obstáculos naturais existentes na área. Todos estes detalhes serão levantados no reconhecimento da área, ponto inicial para o planejamento, do combate, através da observação dos momentos a seguir: a) Análise de situação o plano de ataque: - Qual o tempo necessário à construção da linha de defesa? - Onde estará a frente do incêndio quando terminar a construção da linha? - Há focos secundários? - Que distância deixar entre a frente do incêndio e a linha de defesa? - É possível o ataque direto? b) Procedimento para análise da situação: 1) Estimar o tempo necessário para construir a linha de defesa: - Extensão (comprimento) da linha - examinar a frente e estimar sua extensão - A linha deverá ser mais longa para que o fogo não cerque os combatentes. - Tipo de linha - qual a largura? Podemos alargá-la com contrafogo? - Tempo necessário à construção? Estimada a extensão e conhecendo a velocidade de trabalho do pessoal ou do equipamento disponível - determinar-se o tempo necessário. 2) Estimar velocidade de propagação e comportamento do fogo: - Velocidade - observar quanto o fogo avança em 1 (um) minuto. - Estimar onde estará a frente (fogo) ao terminar a construção da linha de defesa. - Estimar o comportamento do fogo neste tempo - Mais quente? Mais rápido? Como? (através do combustível?) - Determinar possíveis pontos perigosos - árvores secas, grandes acumulações de combustível, etc. 3) Determinar a demarcação da linha de defesa. Com os dados anteriores e acrescendo uma distância extra para imprevistos o chefe do grupo começa a marcar a linha de defesa. Evitar grandes acumulações de combustível e lugares com declividade. Após esta análise concluir que não se pode atacar com as forças disponíveis, será melhor retirar-se para uma barreira segura - uma rodovia, estradas e aí iniciar o ataque. Não havendo barreiras seguras, teremos que determinar as forças adicionais e solicitá-las. 51 Pode-se atacar o fogo pela retaguarda e flancos com o pessoal disponível. Organize todos os seus recursos. Reúna os homens e trace a forma de combate, onde serão colocadas as equipes e a função de cada uma. Mostre os pontos críticos e o que fazer em primeiro lugar. Todos os homens devem estar preparados e dispor de ferramentas suficientes e prontas para este serviço. Tão logo surgiu a informação do incêndio, deve-se dirigir para o local sem demora, a qualquer hora do dia ou da noite. Deve-se combater o fogo começando pelos pontos que oferecem maior perigo de propagação. Deve-se utilizar no combate, desde o início, o número necessário e indispensável de elementos. Deve-se dividir os combatentes em equipes de até 20 homens, designando o setor e o serviço de cada equipe. É indispensável conhecer a superfície afetada pelo fogo, a fim de se planejar com rapidez a forma de ataque e estar constantemente informado do avanço e condições do fogo. Se o combate durante a noite é viável o se dispõe de pessoal, deve-se realizá-lo, pois se obterá melhores resultados que durante o dia. A prática e as condições climáticas demonstram que é sempre conveniente concentrar o maior esforço no combate a incêndios florestais ao entardecer, até a madrugada e ao amanhecer. Quem comanda as operações deve observar e aproveitar toda a diminuição de intensidade do fogo, para uma concentração de esforços no combate. Este comando também deverá decidir pelo método ou forma de luta que considere mais conveniente para a circunstância, cuidando de colocar fora do alcance do fogo os materiais de rápida combustão. Deverá estar atento e eliminar rapidamente os “incêndios de manchas". Deve-se procurar encurralar o fogo tão logo seja possível; em incêndios pequenos e fracos, o ataque poderá ser feito diretamente sobre a cabeça (ou frente); em grandes incêndios, o combate deve ser iniciado pelos flancos e ir avançando até a cabeça. Deve-se procurar eliminar o fogo enquanto pequeno e concentrar um número suficiente de homens para assegurar a extinção no menor período de tempo possível. Deve-se manter homens vigiando o local e agindo em possíveis focos, para que se tenha certeza que tenha cessado todo o perigo de reativação do fogo. Portanto, para o desenvolvimento do combate, e visando a máxima rapidez na luta contra o fogo, devemos observar os seguintes pontos: a. No inicio, o fogo se propaga em círculo e gradativamente vai se expandindo em todas as direções; o vento e as condições do material combustível determinam a direção e intensidade de propagação. b. A magnitude de um incêndio depende da quantidade de material combustível existente. c. Uma atmosfera úmida retarda a ação do fogo, uma seca aumenta sua intensidade. d. Não se deve demorar no início do combate. e. Não se deve descuidar no estudo da situação, e na falta de planos adequados. 52 f. Deve-se possuir ferramentas em boas condições de uso e as equipes adequadas com conhecimento suficiente. g. Deve-se revezar as turmas antes que as mesmas estejam incapacitadas para a luta pelo cansaço. h. Deve-se manter urna atuação e vigilância adequada nos flancos. i. Nunca abandonar uma área, após um incêndio, sem tomar as medidas necessárias para que o fogo não tenha mais condições de reavivar-se. j. O entardecer e o amanhecer são os melhores períodos para combater um incêndio, o ar contém, neste períodos, maior percentagem de umidade e a atmosfera se encontra calma. Princípios da luta contra o fogo 5. MÉTODOS DE EXTINÇÃO Conforme já mencionamos anteriormente, para uma boa atuação no combate a incêndios florestais, deve-se observar: - O caráter do incêndio, - As variações no seu desenvolvimento, - A topografia e o tipo de vegetação, - As barreiras naturais existentes, - O número de combatentes disponíveis, - Recursos hídricos mais à mão. É verdade também que nos incêndios de grandes proporções, se apresentam, para os diferentes setores de avanço do fogo, variações substanciais com vistas aos fatores assinalados, de tal maneira que, assim como num setor podem predominar as condições topográficas, em outro o volume de combustível pode ser o fator de maior importância. 55 A construção de aceiros, dependendo da extensão e tipo de vegetação, exige grandes concentrações de meios humanos e materiais determinando, então, uma demanda de tempo muito grande. Assim acontecendo, podemos dizer que os aceiros são mais eficientes durante a prevenção, onde as grandes extensões e as dificuldades de construção não são levadas em consideração. Instalado o fogo, a confecção de aceiros exige maior rapidez e, às vezes, não é possível concentrar-se um grande esforço na sua construção. Os aceiros, na extinção de incêndios, ao serem construidos, devem ser precedidos de uma criteriosa análise que, envolva, por exemplo, a sua largura, local de sua construção, suficiência de tempo e disponibilidade de meios. a. Largura de um aceiro A largura de um aceiro deverá variar em razão do tipo de vegetação, condições de vento, temperatura, etc. O Comandante das Operações deverá levar em consideração estes fatores para evitar que nenhum esforço se desprenda no trabalho de construção, que não possa trazer benefícios às operações de extinção do incêndio florestal. Normalmente a largura de um aceiro deve ser superior a 10m em se tratando de fogo em copas de vegetação elevada. b. Tempo suficiente para a construção do aceiro De nada adiantada a construção de um aceiro, se ao tenniná-lo, o fogo já tivesse ultrapassado seus limites. Para que a concentração de esforços, neste sentido, não seja inútil, fazse necessário ter uma idéia de tempo para a confecção do aceiro, a fim de evitar que sua eficácia se perca. c. Local de construção O local de construção de aceiro deverá estar condicionado, principalmente, à suficiência de tempo. Ao fazer esta análise, o Comandante das Operações deverá verificar: 1) Se o fogo sobe por uma ladeira, a linha de defesa deve se localizar imediatamente por trás da elevação. 2) Se a direção do fogo é ladeira abaixo a linha de defesa deve ficar no fundo do vale. 3) Quando possível apoiar a linha em barreiras naturais - rios, áreas rochosas, floresta de folhosas, etc. 4) Apoiar sempre a linha em caminhos, estradas, ou aceiros que servem de acesso aos meios de extinção e de fuga em caso de necessidade. 5) A linha não deve ter entradas e saliências. 6) A linha deve contornar os focos secundários. 7) Deve estar suficientemente separada da frente de fogo tendo em conta sua velocidade de propagação. d. Disponibilidade de meios A disponibilidade de meios adequados à confecção de um aceiro representa um ponto importantíssimo no desenvolvimento do trabalho de extinção do incêndio. 56 Caracterizada a necessidade de um aceiro para impedir o avanço do fogo e caracterizado, também, o empreendimento de outras medidas para a extinção, cabe ao Comandante das Operações escolher a melhor medida, caso não tenha ele disponibilidades de meios materiais e humanos para a confecção do aceiro e agilizar outras medidas ao mesmo tempo. A carência de meios materiais e humanos não deve acontecer em um incêndio florestal, já que, antes de iniciar qualquer operação de extinção, deverá haver um bom planejamento que garanta sucesso nos trabalhos. Construção de uma linha de detesa 57 CAPÍTULO V O material 1. INTRODUÇÃO Nas opções de combate a incêndios florestais, as ferramentas e aparelhos ocupam Papel de destaque, uma vez que os trabalhos desenvolvidos, na maioria das vezes, nas áreas de incêndios, são inacessíveis ao transporte e a única alternativa que resta é o material portátil, transportado pelo próprio homem. Para melhor eficiência no combate aos incêndios é sempre recomendável ter ferramentas e equipamentos de uso exclusivo para este fim. Os materiais para uso em combate a incêndios florestais devem estar em condições de uso, em qualquer mornento. A qualidade e o tipo de ferramentas de uso em combate aos incêndios depende, sem dúvida, das características locais, tipo de vegetação, tamanho da área do incêndio, topografia do terreno, pessoal disponível, etc. Algumas ferramentas e equipamentos poderão ser requisitados no local onde estiver acontecendo o incêndio, para melhorar a eficiência do combate. O uso de tratores e motoniveladoras, por exemplo, poderá ser útil ao Corpo de Bombeiros no combate ao incêndio, pois, em alguns casos, tornam o trabalho de eliminação do fogo mais rápido e com mais segurança. Constituindo equipamentos de alto custo e de dff ícil deslocamento, os tratores ou motoniveladoras deverão, sempre que possível, ser requisitados de proprietários onde a utilização deles não acarrete prejuízos ao combate. 2. EOUIPAMENTO INDIVIDUAL Os equipamentos individuais são aqueles usados pelo homem para, principalmente, dar-lhe condições de execução de seus trabalhos, condições de deslocamento, etc., durante os trabalhos nos incêndios florestais. Os mais comuns são Os seguintes: a. Cantil Deverá ser colocado no cinto N.A. e serve para manter o homem em condições de não se desidratar mediante o calor intenso dos incêndios florestais. Permite que seu trabalho se faça com menos interrupções, pois evita deslocamentos para busca de água. b. Facão Serve para abertura de picadas e para eliminar obstáculos ao deslocamento do homem na floresta (cipó, espinhos, etc.) c. Cinto N.A. Equipamento mais cômodo para condução de arma, cantil, facão, etc. O cinto ginástico, por ser muito tardo, exige algumas adaptações para condução de certos materiais. d. Perneira ou coturno Serve para melhor proteger o homem de picadas de animais venenosos e permite, ainda, proteção para as pernas quanto a acidentes por pontas de madeiras ou outros. 60 2) Batedor de galhos verdes Muito usado em incêndios florestais, pois a sua confecção é fácil e pode ser feita no próprio local do incêndio. 3) Batedor de mangueira Usando-se mangueira inservível para operações normais, para combate a incêndio da mesma maneira que os demais abafadores. Tiras de mangueira 4) Batedor de borracha Seu funcionamento assemelha-se ao dos demais abafadores. É confeccionado de borracha com lonas internas (para dar mais resistência). Todos os abafadores acima mencionados são presos a um cabo de pau mais longo, do que o de uma pá. n. Gadanho Utilizado para remoção de detritos depositados no solo (folhas, gramos, etc), evitando que, através deles, um incêndio de superfície atinja partes mais densas de uma floresta. 61 o. McLeod De utilização semelhante à do gadanho, com a vantagem de possuir na sua seção reta um corte para a retirada de raizes do solo. p. Caixa de primeiros socorros Esta caixa deverá conter, principalmente, soro anti-ofídico polivalente, pois os perigos; a que a guarnição está exposta, quanto à mordedura de cobra, são imensos. q. Arma individual O revólver serve para proteger a guarnição contra animais ferozes, e ainda, serve para utilização em sinais convencionais. r. Mochilas especiais para água As mochilas para água poderão dar ao homem maior quantidade de água do que o cantil e permitir um reabastecimento do próprio cantil no local do incêndio. s. Lança-chamas ou pinga-fogo Muito útil e prático, para se fazer fogo contra fogo, especialmente quando estes precisam ser feitos rapidamente. 62 t. Viaturas de bombeiros As viaturas de Bombeiro são de uso muito limitado em incêndios florestais, pois somente podem operar onde existem estradas relativamente boas ou qualquer outra forma segura de penetração nos lociais de incêndio. O combate a incêndios florestais, no Estado do Rio de Janeiro, tem sido feito quase que exclusivamente através do uso de materiais ou equipamentos que não envolvem dificuldades no transporte ou deslocamento. Nos Parques Florestais, Reservas Biológicas, etc, há condições de emprego de viaturas de Bombeiro, desde que seja feita uma infra-estrutura adequada, permitindo o uso racional daquelas viaturas. De um modo geral, quando há condições, poderão ser empregadas no incêndio florestal as seguintes viaturas: ABT; AT; ABS; AMO; Bomba-Reboque e Vtr de Pessoal. Sempre que possível, o transporte de pessoal e do material empregado na extinção do incêndio deverá ser feito até ao local do sinistro ou até ao local onde se permita a chegada de homens e recursos ao evento, com o menor espaço de tempo possível. Havendo condições seguras, o helicóptero é um excelente meio de transporte de pessoal e de alguns materiais ao local incendiado. Trataremos deste assunto mais adiante. As viaturas utilizadas no transporte de materiais e de pessoal, poderão ser utilizadas, caso haja necessidade, na remoção de pessoas, animais e bens, etc, da área sinistrada para local seguro. u. Avião Durante os últimos anos, em países desenvolvidos, o avião vem ocupando um lugar de destaque na ação de descobrir ou detectar rapidamente os focos de incêndios. Seu emprego é muito importante no papel de reconhecimento, permitindo uma perfeita localização e porporção do incêndio, etc, para um melhor planejamento de recursos materiais e humanos. Deve-se dar ênfase à crescente utilização dos chamados aerotanques, um dos mais notáveis avanços tecnológicos no campo da extinção de incêndios fiorestaís, onde são utilizados retardantes que são aspergidos na área do fogo, para sua extinção ou sua circunscrição. 65 d. O helicóptero no transporte de material Como tivemos oportunidade de ver, os materiais utilizados no combate a incêndios florestais na sua grande maioria são portáteis, permitindo levar ao local, através de helicóptero, uma boa quantidade destes materiais. O deslocamento de homens, em quantidade suficiente, e, ao mesmo tempo, de materiais utilizados no combate vão permitir então o início da extinção das chamas. O transporte de pessoas e materiais por helicópteros não exime o deslocamento de homens e meios por outras formas de locomoção. e. Transporte de feridos e de pessoas ilhadas pelo fogo Há casos de incêndios onde pessoas ficam sitiadas pelo fogo, não permitindo o seu salvamento através de meios terrestres e, na maioria das vezes, estas pessoas tiveram como fim a morte. O helicóptero, neste caso, teria condições de poder retirar estas pessoas sitiadas pelo incêndio e colocá-las em locais seguros. A utilização do helicóptero no trarisporte de feridos, para a cidade ou posto médico avançado, permitirá salvar pessoas que, através de outros meios, teriam morte certa, pela demora em receber os devidos socorros. A agilidade desta aeronave ajuda em muito na diminuição de casos fatais, devido ao pouco espaço de tempo no atendimento às vítimas até os locaís de socorro médico. f. O helicóptero no combate no incêndio florestal Nos itens anteriores, na sua maioria, pode-se usar o helicóptero ou helicópteros disponíveis no Estado, sem qualquer adaptação. Basta que sejam feitos pianos de emprego para utilização, em caso de necessidade deles em grandes incêndios fiorestaís. No combate a incêndios a utilização do helicóptero requer que a aeronave tenha dispositivos próprios para tal fim e, como sabemos, fica difícil possuir hoje, em qualquer unidade da Federação, tão sofistícado meio de combate a incêndios. A sua utilização no Corpo de Bombeiros atingiria uma faixa muito grande de atuação e, seu emprego, não ficaria apenas restrito às atividades que envolvessem riscos e danos aos maciços florestais do Estado do Rio de Janeiro. Feitas as considerações a respeito do helicóptero, passaremos a falar sobre a aeronave denominada ULTRALEVE, utilizada atualmente no GMar do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Possui o Ultraleve um motor de 50 HP, apresenta uma velocidade de deslocamento por volta de 100 km/h, vôo em altitudes de até 300 m (recomendação do D.A.C.), com aubriornia de vôo de até 3 horas. Esta aeronave conduz até dois tripulantes (piloto e observador) e pode ser equipada com rádio transceptor VHF/FM. Nas operações em áreas florestais, o emprego do Ultraleve poderá se efetivar dentro das atividades de patrulhamento preventivo; precedendo ao combate aos incêndios florestais, fazer reconhecimento para o planejamento das ações a serem desenvolvidas no local do sinistro e, durante os trabalhos, fazer observações para orientar o Comandante das Operações, nas decisões ou mesmo na mudança de algumas providências já tomadas, para melhorar a eficiência das operações. 66 O Ultraleve, devido a sua própria constituição, possui limitações e estas limitações poderiam aumentar mais ainda, se viéssemos a utilizá-lo em operações nas áreas florestais. Por exemplo, não pode voar a grandes altitudes, é desaconselhável fazer grandes deslocamentos, não pode sobrevoar áreas habitadas, etc. Para o vôo do Ultraleve sobre áreas habitadas e evitar, ainda, o cansaço prematuro do piloto através de grandes deslocamentos a aeronave poderá ser desmontada, conduzida em viatura e montada no local onde se pretende utilizá-la, devendo naquele local haver uma pista para pouso e decolagem, de 30 m de comprimento pelo menos. 5. TRATOR O trator, em trabalhos de combate a incêndios florestais, representa um tipo de equipamento importantíssimo, pois o seu uso apresenta um volume de trabalho/hora que, se fosse feito pelo homem, demandaria um tempo muito grande que poderia trazer prejuízos aos trabalhos de combate ao incêndio. Sempre que possível, o trator deve ser alocado aos trabalhos de combate a incêndios florestais, principalmente em casos onde a frente do fogo é muito grande e, também, em situação onde a construção de aceiros é possível. O trator pode ser empregado na construção de aceiros, na construção de estradas, na remoção de materiais combustíveis, no represamento de água para formação de lagos, etc. a. Construção de aceiros O trator, na construção de aceiros, talvez seja um dos melhores equipamentos usados nas operações de combate a incêndios florestais. O uso dele neste tipo de serviço vai proporcionar um rendimento muito grande na área de aceiros construídos. Quanto mais rápido forem construídos sistemas que permitem limitar o fogo nas florestas, em uma determinada área, melhor resultado terá o trabalho do Corpo de Bombeiros na extinção do incêndio. Conforme a localização do incêndio na floresta, o trator poderá ser deslocado até o local do evento. O trator pode trabalhar com relativa facilidade em declives, aclives ou declives laterais bastante acentuados, sem que aconteçam acidentes. 67 Há vários tipos de tratores. Os mais comuns entre nós são o trator de esteira e o trator de lâmina (motoniveladora). Estes tipos de tratores são aqueles que poderiam ser conskbrados nos trabalhos de combate a incêndios florestais como os melhores, pois apresentariam volume de trabalho considerável. Na verdade, quando não há possibilidade de serem deslocados rectirsos como os tratores de esteira ou motoniveladoras até ao local do incêndio, os tratores agricotas poderão ser usados, com menor rendimento, nos trabalhos de confecção de aceiros, embora haja uma grande limitação para este trator, não tendo ele condições de poder fazer remoção de árvores dos locais determinados para aceiro. A sua utilização ficaria limitada às áreas com vegetação mais Ieve", embora com grande potencial de propagação de fogo. b. Construção de estradas Na construção de estradas o trator desempenha um papel preponderante. Permite que recursos, impossíveis de serem carreados até o local do sinistro, se façam através de abertura de estradas. As estradas, como os aceiros, havendo possibilidade, poderão ser feitas em pontos estratégicos, servindo como uma barreira de proteção, não permitindo a propagação do fogo embora seja o principal objetivo de sua construção e fácil tramitação de recursos humanos, meios materiais de combate, apoio logístíco e comunicações. c. Remoção de materiais combustíveis A remoção de materiais considerados combustíveis, vai ajudar em muito, a extinção do fogo. Há casos, em incêndios florestais, de grande acúmulo de materiais no local. A remoção destes materiais que ainda não foram incendiados, tomará mais brando, o fogo e poderá evitar a propagação por outras áreas da floresta. Quando os trabalhos não se constituem em técnicas de construção de aceiro, a operação de retirada de materiais em incêndios florestais se constitui, também, como operação de remoção. A remoção seria, então, a retirada de um material combustível de determinada área, fazendo com que se interrompa a propagação do fogo de uma área às demais partes da floresta. d. Construção de barragens Muitas vezes em incêndios florestais há condições; de utilização de Auto Bomba no auxilio à extinção de incêndios. Como este processo poderá se constituir em mais um meio de ataque às chamas, há necessidade de se criar condições de abastecimento das viaturas. O represamento de água, muitas vezes, é possível em determinados; cursos de água, com rapidez de construção e com um conseqüente armazenamento de considerável volume de água. Todos os recursos disponíveis no local de incêndio deverão, sempre que possível, ser utilizados. Há os que podem ser utilizados imediatamente, sem qualquer adaptação ou outras modificações. Outros necessitam de trabalhos de aproveitamento para se tomarem efetivamente importantes nas operações de combate a incêndios, como é o caso do represamento de cursos de água. Dependendo da situação, o trator poderá ser utilizado em outras atividades para dinamizar as operações do bombeiro no combate ao incêndio florestal. 70 O papel desenvolvido no campo das comunicações é tão significante que operações levadas a efeito, em áreas florestais, têm êxito ou não dependendo, às vezes, da qualidade de um serviço de comunicação. As comunicações podem ser empregadas em atividades de prevenção no setor florestal, nas atividades de reconhecimento e na fase de combate aos incêndios florestais. a. Na fase de prevenção Nas atividades de prevenção, o papel das comunicações representa o elo de ligação entre a Vigilância Fixa e a Vigilância Móvel, com a Central de Operações. O papel deste serviço, na atividade preventiva, é agilizar as providências a serem tomadas em caso de qualquer anormalidade acontecida na área a ser protegida. As atividades de vigilância acima mencionadas de nada adiantariam, se não lhes fossem possíveis quaisquer contatos com o órgão encarregado de tomar as providências necessárias ao combate a incêndios ou medidas; para evitá-lo. b. Na fase de reconhecimento Nesta fase é que acontecem as informações necessárias ao planejamento para as ações de combate aos incêndios florestais. Conjugando-se as comunicações com meios que permitam uma fácil visão de toda a área sinistrada, avião por exemplo, fica mais fácil tomar as decisões para o combate ao incêndio. As informações chegam mais rapidamente, permitindo tomada de posição, pela autoridade, com mais eficiência e rapidez. c. Na fase de combate Dependendo da distância onde estiver acontecendo o incêndio florestal, a Sede do Corpo de Bombeiros, encarregada de combatê-lo, poderá, durante as operações da Guarnição ou Guarnições no local do evento, perder o contato com o pessoal na área de operações, por falta de alcance das comunicações. Caso isto aconteça, há necessidade de se deslocar para a área uma unidade com maior potência para permitir o elo de ligação entre a área de operações e a Sede. A solução de continuidade nas comunicações entre a Sede e o pessoal que se encontra nas operações, acarretaria o isolamento e o resultado disto poderia causar problemas profundos, tanto materiais como humanos, ao Comandante das Operações no local do incêndio. Estabelecida uma boa ligação entre Sede e Comando das Operações, vem a necessidade, também, de estabelecer-se um bom contato entre Guarnições que operam no local do incêndio e o Posto de Comando estabelecido na área de operações. Sendo bom este contato, maiores informações sobre a situação que poderão vir de observações aéreas, por exemplo, deverão ser levadas às Guarnições, para melhorar a eficiência nas operações. Nestes casos, a responsabilidade do Serviço de Comunicações da Unidade é muito grande, pois o estabelecimento de uma boa qualidade de Comunicação dependerá de um excelente conhecimento das potencialidades dos aparelhos que estão ao seu alcance, para estabelecer as medidas necessárias à exploração adequada das comunicações. 71 CAPÍTULO VI A prevenção 1. INTRODUÇÃO A prevenção é, sem dúvida, de fundamental importância na Proteção Florestal. Há necessidade de que se protejam as árvores, em todas as etapas de sua vida. A proteção começa pela prevenção. Os prejuízos que os incêndios causam anualmente às florestas e à economia florestal do país, conferem uma importância ímpar à prevenção dos incêndios florestais. Caso pudesse ser evitado o aparecimento dos incêndios, todos os danos produzidos pelo fogo, todos os custos de combate e dos preparativos para que o Corpo de Bombeiros estivesse apto para combatê-lo, poderiam ser plenamente dispensáveis. Um incêndio evitado certamente pouparia uma série de medidas por parte do Bombeiro, e estada permitindo à flora e à fauna o desempenho de suas funções, dentro de um maior equilíbrio ecológico. A completa prevenção dos incêndios florestais é quase uma meta inatingível. Não há dúvida, porém, de que temos através de eficientes planos e campanhas de prevenção possibilidade de reduzir sensivelmente o número de ocorrências de incêndios provocados pelas causas passíveis de prevenção, que afinal de contas, representam cerca de 95% dos incêndios florestais. A prevenção de incêndios florestais poderia vir através da eliminação ou diminuição das causas humanas, isto é, evitar a primeira fagulha ou o início da ignição, por intermédio da educação, leis e outros meios. Poderia vir, também, através da redução do perigo ou risco de propagação dos incêndios (cujo início não pode ser evitado) por meio de técnicas especiais tais como: eliminação do material combustível, construção de aceiros, etc. No Brasil não existem normas técnicas para orientar a prevenção contra incêndios florestais. Todos os anos, a estação da seca provoca aumento do perigo de incêndios nas florestas, tanto nas naturais, como nas partes reflorestadas. Já tivemos grandes incêndios florestais no Paraná e no Estado de São Paulo, mesmo assim, as nossas autoridades não foram suficientemente motivadas a criar dispositivos técnicos e legais mais rígidos, para que outras catástrofes não viessem a acontecer. 72 2. EDUCAÇÃO PREVENTIVA A educação preventiva consiste em um conjunto de medidas destinadas a levar ao povo, em geral, os conhecimentos e as instruções necessárias à proteção das florestas, espacialmente contra os incêndios. A conscientização do povo para a importância das florestas e os danos; que a ela podem causar os incêndios pode ser obtida através de contatos pessoais, de contato em grupo, de material escrito e de recursos audiovisuais. a. Contatos pessoais As autoridades florestais devem periodicamente visitar os moradores das zonas rurais, procurando motivá-los através de esclarecimentos e ensinamentos para os problemas que o fogo pode causar, evitando assim que eles possam, por falta de conhecimentos, ser causadores de incêndios. Esses contatos devem servir para divulgar aos trabalhadores rurais a legislação florestal, alertando para as proibições legais (por exemplo, a necessidade de pedir permissão para realizar queimas), assessorá-los sobre os cuidados que deverão tornar por ocasião dessas queimadas, a fim de evitar que o fogo venha a fugir do controle e passe a causar danos florestais, enfim, instruir o pessoal do campo para que ele se tome defensor das florestas. Os contatos pessoais, apesar de serem um método mais caro, são bastante eficientes, pois permitem um diálogo direto, o que é muito importante para o trabalhador do campo, propiciando oportunidade para melhor esclarecimento e melhor orientação. b. Contato em grupo Este método educativo é de bastante importância, especialmente nas escolas e sobretudo escolas primárias. Urna campanha educativa funciona bem melhor, quando dirigida a mentes jovens, ainda em formação, que têm possibilidade de assimilar melhor os ensinamentos e aplicá-los futuramente. A maioria dos adultos que trabalham no campo não tem consciência do valor e utilidade das florestas. Para eles, as florestas são um empecilho à sua vontade de ampliar as áreas de cultivo e pastagens. Pensam, ainda, que o único valor das florestas são as árvores de madeira valiosa, as quais eles, o mais depressa possível, cortam e vendem. É difícil mudar este conceito em mentes já formadas e adultas. Por isto, é de grande importância dirigir campanha educativa às crianças, através das escolas, ensinando-as o valor das árvores, a utilidade da floresta, enfim, proporcionar-lhes uma visão exata dos benefícios florestais. 75 A largura dos aceiros depende muito das condições do local (do grande perigo que se apresente, da vegetação existente, etc.), mas não deve nunca ser interior a 10m e, em casos especiais, de locais extremamente perigosos, pode chegar a 50m. A largura a ser observada na construção de aceiros deverá variar, também, em função da vegetação, em função da altura das árvores, etc., que ficam às margens do aceiro. Os aceiros podem ser de construção empírira ou de construção mais aprimorada. 1) Construção empírica No aceiro de construção empírica retira-se apenas, a vegetação, não permitindo, no local, o tráfego de veículos. 2) Construção mais aprimorada No aceiro de construção mais aprimorada, usa-se tratores ou matoniveladoras, possibilitando o tráfego normal de veículos, servindo, também, além de aceiro, como estrada para escoamento da produção florestal, para patrulhamento motorizado, a cavalo, etc., e facilitando o acesso, em caso de necessidade de combate a algum incêndio que ali venha a ocorrer. De maneira geral, em incêndios de grandes proporções, os aceiros não conseguem, por si só, deter o fogo, pois as fagulhas podem saltar, dependendo das condições de vento e dos "rodamoinhos" produzidos pelo próprio fogo, até a uma distância de 1.000m. A grande utilidade dos aceiros é, sem dúvida, a facilidade de acesso ao local do fogo e a possibilidade que oferecem de permitir que se empreguem técnicas especiais para deter o fogo naquele local. - Um aceiro, com estrada em seu interior. - A ação do vento provocou queda de fagulhas na mata protegida pelo aceiro. b. Construção de divisoras e contornos Geralmente existe bastante contusão entre o que sejam aceiros, divisoras e contornos, devido, principalmente, à carência de uma terminologia florestal oficial em nosso país. Por este motivo, cada região tem sua terminologia própria e, muitas vezes, existe dificuldade de distinção e identificação entre os diversos termos usados. Em nosso caso, vamos dar as seguintes características para os três termos em questão: 76 1) Aceiros são construções de prevenção e proteção contra incêndios que não estão, obrigatoriamente, ligados a áreas florestadas ou reflorestadas artificialmente. São, portanto, construções ao longo das divisas e em áreas de plantios, quando suas características forem bem definidas, isto é, muito mais amplas e generalizadas que as divisoras. 2) Contornos são faixas limpas (desprovidas de vegetação), transitáveis ou não, que limitam talhões (terreno de cultura) com vegetação nativa. Sede de uma propriedade sendo protegida por aceiro 3) Divisoras, são, também, faixas limpas (desprovidas de vegetação) geralmente transitáveis, que dividem um talhão de outro. Feitas estas considerações, vamos salientar a importância das divisoras e dos contornos na prevenção dos incêndios. Atualmente, constatando-se efetivamente, os perigos que os incêndios representam às florestas, dever-se-ia proibir o plantio sem a construção de divisoras e contornos. A construção de divisoras e contornos deve seguir as mesmas instruções para a confecção de um aceiro. c. Construções de cortinas de segurança Uma das medidas eficientes que se pode tomar para prevenir a propagação dos incêndios, principalmente quando se tem grandes extensões reflorestadas com espécies altamente combustíveis (árvores resinosas) é o piando de faixas com espécies "não combustíveis", isto é, espécies que, pelas suas características, oferecem corta resistência à propagação do fogo. Ao longo dos aceiros e ao longo das divisas é conveniente o planto de algumas espécies "não combustíveis". O eucalipto, por exemplo, por não possuir folhas combustíveis, pode ser usado como cortina de segurança, pois incêndios nestas espécies são, geralmente, superficiais e lentos, facilitando, bastante o combate. A finalidade da cortina de segurança é diminuir a velocidade de propagação do fogo, facilitando assim, o combate. A largura das cortinas de segurança varia muito. Nas margens de aceiros bem construídos, apenas algumas linhas de espécies escolhidas são suficientes. Em locais de maior perigo, pode-se planejar o piando de uma série de linhas sucessivas para funcionar como cortina de proteção. De maneira geral, cortinas de 50 a 100 m de largura oferecem boa margem de segurança. 77 Cortinas de segurança em volta de uma floresta d. Eliminação de materiais combustíveis Quanto menos material combustível existir numa floresta, menor será o risco de ocorrência de incêndios. Mesmo que ocorra um incêndio, havendo pouco material combustível, o fogo não assumirá grandes proporções, o combate será bem mais fácil e os danos menores. Retirar todo o material combustível que aumenta o risco de incêndio em uma floresta (folhas caídas, ramos secos, pedaços de cascas, gramíneas secas, etc), é tarefa economicamente difícil ou impossível. Devemos, então, limitar a operação aos locais; de maior risco, apenas. Nas estradas de muito movimento, e ao longo das divisas, devemos retirar todo o material sem, dentro de uma faixa de 3 a 5 rn para o interior da floresta e queimá-lo, se possível. Podemos, também, afastar todo este material para o interior da floresta, por ser uma operação mais barata, mas tendo o inconveniente de aumentar a quantidade de material combustível no interior da floresta. e. Limpeza dos aceiros e margens de estradas A limpeza periódica de aceiros é de extrema Importância como medida de prevenção dos incêndios. De um modo geral, basta uma limpeza no início da época perigosa para que os aceiros atravessem todo o período crítico em bom estado, pois durante o inverno as plantas estão em estado de dormência e praticamente não há crescimento vegetativo. Ao chegar a primavera, certamente o mato começará, novamente, a invadir os aceiros, porém a época critica já passou e não há risco de incêndio. Dependendo das possibilidades, a limpeza poderá ser feita mecanicamente (motoniveladoras ou roçadeiras mecânicas) ou manualmente (com foices ou enxadas). As margens das estradas principais e até mesmo das secundárias também devem ser conservadas e limpas, especialmente durante o período de maior perigo de incêndio. Isto fará com que as estradas funcionem como um aceiro, dificultando a propagação e facilitando bastante o combate ao fogo. A largura da faixa a ser conservada limpa varia de acordo com o perigo que o local oferece. Geralmente de 3 a 6m de cada lado da estrada, oferece uma boa proteção. 80 Para que haja condições de localizar exatamente o ponto de incêndio, é necessário que as torres possuam aparelhos para determinar a direção do fogo. Estes aparelhos jà foram estudados em capítulo anterior (OSBORNE E GONIÔMETRO). Localizado o incêndio, o observador terá que se comunicar com o órgão encarregado de combater os incêndios na área, no nosso caso, o Corpo de Bombeiros. É imprescindível que as torres tenham possibilidade de comunicação. A eficiência das torres está sempre condicionada ao bom treinamento do observador. Os observadores de torres devem ser pessoas desembaraçadas, devem saber operar bem os meios de comunicação, conhecer bem a região onde está situada a torre e sua área de observação, conhecer e manejar bem os aparelhos de localização de incêndios, em seu poder. As torres devem ser, sempre, equipadas com para-raios, pois sendo construções elevadas, sobre pontos altos do terreno, estão sempre ameaçadas pelas descargas elétricas. b) Vigilância móvel 1) Patrulhamento terrestre Pode ser realizado a cavalo ou em veículos, dependendo da finalidade e das condições locais. O patrulhamento a cavalo, geralmente, tem caráter mais permanente, isto é, geralmente é realizado durante o ano todo. Este tipo de patrulhamento é muito eficiente onde existem estradas de ferro que, mesmo com o uso de locomotivas diesel-elétricas, sempre provocam incêndios, devido à feita de cuidado dos passageiros e maquinistas. Patrulhamentos; feitos por homens a cavalo no trecho cortado pela estrada de ferro podem evitar muitos problemas com incêndios, pois geralmente os focos são descobertos logo no início e um homem pode, perfeitamente, extinguí-los ardes que se propaguem. Este serviço deve ser executado durante todo o ano, exceto nos dias em que não haja perigo, corno dias de chuva, por exemplo. É conveniente fazer o patrulhamento a cavalo ao longo das estradas principais, ao longo das divisas, especialmente divisas secas, e dentro da própria área florestal, nos locais abertos para tal fim. O uso de aparelho de comunicação portátil poderá ser feito através da patrulha a cavalo. 81 O patrulhamento com veículos deve ser realizado com viaturas leves (jeeps, caminhonetes, etc) se possível, dotados de rádio transmissor receptor, com a finalidade de comunicação com o órgão encarregado de combater o incêndio. É necessário, em épocas de maior perigo, para percorrer as estradas principais, as divisas e os locais; onde é maior a incidência de incêndios. Convém salientar a importância e necessidade de se intensificar o patrulhamento terrestre nos dias de excessivo perigo de incêndios e, principalmente aos domingos e feriados, querido o perigo é sempre maior, devido aos pic-nics, passeios, pescarias, etc. 2) Patrulhamento aéreo Nos últimos anos, em certos países, Canadá por exemplo, o avião tem ocupado um lugar cada vez mais proeminente na tarefa de descobrir, localizar e comunicar rapidamente os focos de incêndio. Sem dúvida alguma, os modernos aviões oferecem novas perspectivas nas tarefas de detecção de incêndios. A idéia original de que os custos muito elevados do patrulhamento aéreo seriam um fator limitante ao seu uso, tem sido colocada em dúvida por muitos pesquisadores. Infelizmente, as áreas florestais brasileiras não contam, ainda, nem mesmo com um sistema razoável de meios terrestres de prevenção contra incêndios. Por isto mesmo, um sistema mais sofisticado, com aviões, está fora de cogitação em nossos dias. 82 5. O CÓDIGO FLORESTAL Embora a educação bem dirigida possa, aos poucos, ir introduzindo uma melhor cultura e uma atitude mais coerente a respeito do problema florestal, não há dúvida de que a fixação de leis e regulamentos constitui meios da maior importância para se obter sucesso na preservação das florestas. O novo Código Florestal, Lei nº 4771, de 15 de setembro de 1965, atualizou bastante as leis florestais de nosso país, fixando normas eficientes para a preservação das florestas de um modo geral. No caso da proteção contra incêndios, podemos citar alguns artigos que direta ou indiretamente cuidam deste problema e poderão ser de grande importância no sentido de evitar parte dos incêndios florestais. Por exemplo: Art. 11 - O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivos que impeçam difusão de fagulhas susceptíveis de provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação marginal. Art. 25 - Em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos ordinários, compete não só ao funcionário florestal, com a qualquer outra autoridade pública, requisitar os meios materiais o convocar os homens em condições de prestar auxilio. Art. 26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou muita de um a cem vezes o salário mínimo mensal do lugar e da data da infração ou ambas as penas cumulativamente: a) ............. b) ............. c) ............. d) ............. e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas. f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação. 1) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha sem uso de dispositivos que impeçam a difusão de fagulhas, susceptíveis de provocar incêndios florestais. Art. 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação. Parágrafo único - Se peculiaridades locais; ou regionais justificarem o emprego de fogo em agropastoris ou florestais, permissão será estabelecida em ato de Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução. Art. 42 - Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos de educação florestal, previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o órgão florestal competente. §1º - As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em suas programações, textos e dispositivos de interesse florestal, aprovados pelo órgão competente rio limite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, distribuídos ou não em diferentes dias. 85 CAPÍTULO VII Situações diversas 1. INTRODUÇÃO Os dados estatísticos do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro nos mostram que a grande maioria de saldas de socorro para extinção de incêndios em vegetações acontece em perímetros urbanos. Este tipo de incêndio é vulgarmente denominado de “fogo no mato". Tendo em vista esta comprovação, toma-se de extrema importância a abordagem deste tipo de incêndio através de um melhor detalhamento, para o qual faremos a seguir uma subdivisão onde será enfocado, para tomar-se mais elucidativo. Pesquisando as estatísticas do Corpo de Bombeiros, vimos que, em todo o Estado, o maior número de saídas para fogo no mato acontece em terreno baldio (lote vago), junto a rodovias e com acentuada situação de ameaça a residências, depósitos, indústrias, etc. Para melhor conhecimento e eficácia neste tipo de operação, apresentaremos a seguir: fogo no mato em local urbano; fogo no mato junto a rodovias e ferrovias; fogo no mato ameaçando residências; salvamento em incêndios florestais e o rescaldo. 2. FOGO NO MATO EM LOCAL URBANO a. Características No interior de nosso Estado encontramos um relevo bastante acidentado onde existe até mesmo grandes declives. A vegetação que envolve um perímetro urbano se tomou uma mata aberta o mia onde a radiação solar penetra com facilidade e os ventos atuam livremente, produzindo, com isso, um aumento da temperatura e uma secagem grande do material combustível, expondo, assim, a um maior risco de incêndio. Fogo em mato no perímetro urbano Um fato notório que se percebe em locais urbanos é que o fogo no mato apresenta urna velocidade de propagação reduzida, devido ao tipo de relevo e vegetação apresentado acima. Com isto, toma-se mais acessível o trabalho de extinção e mais adequada a utilização de pessoal e material nas operações de combate nestes locais. 86 b. Métodos de extinção Os ataques aos incêndios florestais urbanos são diferentes dos ataques aos incêndios florestais na área rural, embora os métodos usados na extinção de ambos apresentem semelhanças dependendo de determinadas características. Sabendo-se que o fogo no mato, em perímetro urbano, normalmente se processa com contornos mais ou menos uniformes, em linha de formato arredondado (conforme a força e direção do vento), o método mais usado na sua extinção é o direto, por ser mais prático e mais eficiente, embora não deva ser descartado o emprego do método indireto, em alguns casos. Ao chegar ao local do incêndio, a guarnição do Corpo de Bombeiros deverá observar os seguintes detalhes, para a sua melhor extinção: 1) a direção do vento; 2) as barreiras naturais para ajudarem no cerco ao fogo; 3) evitar o enclausuramento da guarnição, em casos de súbitas modificações do vento; 4) verificar a real extinção do material combustível, para evitar a reignição; 5) selecionar o material e conduzi-lo ao local, já na fase de reconhecimento; e 6) na impossibilidade do uso de água através de auto, bombas, utilizar abafadores tais como galhos verdes, batedor ranger, batedor de borracha, batedor de mangueira retalhada, etc. c. Riscos No caso de incêndios em perímetro urbano, devemos observar com grande atenção a direção do fogo, para evitar que o mesmo atinja residências, indústrias, depósitos, paiol, etc. 3. FOGO NO MATO JUNTO A RODOVIAS E FERROVIAS a. Características Nos meses considerados como período de seca ou estiagem (maio a Setembro), há uma grande incidência de incêndios às margens de rodovias e ferrovias, devido à falta de manutenção quanto à limpeza destas margens e devido aos transeuntes que, inadvertidamente ou não, lançam pontas de cigarro, por exemplo, naquelas margens, dando início a incêndios nas laterais próximas às rodovias. Nas ferrovias, também, o fato acontece de maneira idêntica ao das rodovias e há, ainda, um fator a considerar, embora menos freqüente, que são as fagulhas expelidas pelas máquinas dos trens. Cabe ressaltar que a vegetação nas áreas de servidão das rodovias e ferrovias geralmente apresentam uma vegetação rasteira, com povoamento quase que formado de capim apenas. 87 b. Métodos de extinção Os métodos usados na extinção de incêndios em vegetação às margens das rodovias são idênticos, também, aos métodos convencionais, embora o uso de água, através de auto-bombas, possa ser de grande valia e, dependendo da distância a ser alcançada, poderá ser utilizada uma bomba portátil, em série, para que a água atinja o local desejado, com vazão e pressão suficientes. Nas ferrovias só poderemos usar água quando houver possibilidade do deslocamento da água através de tanques, utilizados nas ferrovias, cabendo ao Bombeiro somente a pressurização deste manancial. Caso não seja possível a utilização de água, deve-se usar outros meios de extinção tais como galhos verdes, batedor ranger, batedor de borracha, etc. c. Riscos 1) Rodovias Os incêndios às margens de rodovias, em razão do acúmulo de fumaça no seu leito, toma a visibilidade precária, provocando, às vezes, grandes acidentes automobilísticos, envolvendo vítimas e volumosos prejuízos. Os DER e DNER são responsáveis pela limpeza e manutenção dessas áreas, devendo mantê-las, sempre, com o mínimo de risco de incêndios possível. Urna forma de manter aquelas áreas sempre limpas seria a de praticar a agricultura através de pessoas interessadas, conforme acontece em algumas rodovias dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. 2) Ferrovias O fogo às margens de ferrovias poderá trazer risco às residências próximas a elas e danos à flora e à fauna locais. 4. FOGO NO MATO AMEAÇANDO RESIDÊNCIAS a. Características Neste tipo de incêndio está a maior incidência de atendimentos pelo Corpo de Bombeiros, pois nas áreas urbanas, principalmente no Rio de Janeiro, concentra-se grande número de lotes vagos (terreno baldio) onde a vegetação e o acúmulo de lixo ou outros detritos, altamente combustíveis, são freqüentes devido à falta de uma fiscalização adequada por parte dos órgãos competentes, que obrigassem o proprietário do imóvel a mantê-lo limpo evitando assim os incêndios naqueles locais.
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