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Auto-Estima e Educação, Notas de estudo de Cultura

Problemas com a auto-estima. Por Paul C. Vitz. A teoria da auto-estima, com a qual tanta gente hoje em dia parece estar obcecada, prevê que só as pessoas que se sentem bem consigo próprias é que se darão bem (talvez seja por isso que todos estudantes a adotam). Contudo, não há nenhuma pesquisa que lhe dê suporte. Palestra dada por Paul C. Vitz em New Westminster, British Columbia (Canadá) em 29 de setembro de 1995.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 14/03/2010

ivan-balducci-7
ivan-balducci-7 🇧🇷

4.7

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Baixe Auto-Estima e Educação e outras Notas de estudo em PDF para Cultura, somente na Docsity! http://www.quadrante.com.br/Pages/servicos02.asp?id=349&categoria=Cultura Problemas com a auto-estima Por Paul C. Vitz A teoria da auto-estima, com a qual tanta gente hoje em dia parece estar obcecada, prevê que só as pessoas que se sentem bem consigo próprias é que se darão bem (talvez seja por isso que todos estudantes a adotam). Contudo, não há nenhuma pesquisa que lhe dê suporte. Palestra dada por Paul C. Vitz em New Westminster, British Columbia (Canadá) em 29 de setembro de 1995. A maior e mais conhecida parte da psicologia nos Estados Unidos é, hoje, a psicologia popular da auto-estima (self-esteem), que pode ser encontrada em todas as esferas da sociedade americana. A auto-estima, e a obsessão que muitos têm por ela é familiar a quase todos nós atualmente. Ela influencia o currículo escolar de inúmeras crianças, uma vez que essa idéia – um ideal, na verdade – foi assumida e aplicada principalmente pelos educadores. O conceito de auto-estima não tem origens históricas claras ou óbvias. Nenhum grande teórico da psicologia fez dele o seu ponto central, embora muitos psicólogos tinham enfatizado o “eu” (self) de diversas maneiras, pondo que o foco central na auto- realização ou na concretização do próprio potencial. Isso torna difícil rastrear a fonte da ênfase que lhe é dada. Aparentemente, essa preocupação tão difundida é um produto destilado do interesse pelo “eu” que se encontra em tantas correntes da psicologia. A auto-estima parece ser o denominador comum entre os escritos de teóricos tão distintos como Abraham Maslow, Carl Rogers, os partidários da força do ego e, mais recentemente, os educadores morais. Seja como for, a preocupação com a auto-estima paira hoje sobre todos os lugares dos Estados Unidos. É, contudo, mais fácil de ser encontrada no mundo da educação: nos professores universitários de pedagogia, nos departamentos de ensino, nos diretores e nos professores de escola, e até nos programas educativos, especialmente os que têm por objeto a educação pré-escolar, como o programa “Vila Sésamo”. O auto-apreço (self worth), que é um sentimento de respeito e confiança em si mesmo, possui um mérito que veremos em breve. Mas é algo muito diferente de uma auto- estima egocêntrica, do tipo “deixe eu me sentir bem”, que nos leva a ignorar os nossos defeitos e a nossa necessidade de Deus. O que há de errado nesse conceito? Muita coisa, e na sua própria essência. Foram feitos milhares de estudos psicológicos sobre a matéria. O termo auto-estima é freqüentemente confundido e misturado com outros, usado como rótulo para diversos aspectos que vão da auto-imagem (self image), à auto- aceitação (self acceptance), ao auto-apreço, ao amor próprio (self love), à auto- confiança (self trust), etc. No fim das contas, não existe nenhum acordo sobre como definir e aferir esse conceito. Mas, o que quer que signifique, não há nenhuma evidência confiável de que signifique muita coisa. Para já, não há nenhuma evidência segura de que uma alta auto-estima produza efeitos reais. Na verdade, muita gente com a auto-estima baixa obteve bastante sucesso nas suas atividades. Gloria Steinem, por exemplo, autora de muitos livros e uma importante líder do movimento feminista, revelou recentemente numa longa passagem de uma das suas obras que sofria de baixa auto-estima. Por outro lado, há muitas pessoas com alta auto-estima que são felizes simplesmente por serem ricas, bonitas ou bem relacionadas. Outro grupo de pessoas com alta auto-estima é o dos traficantes de droga das grandes cidades, que geralmente se sentem muito bem consigo próprios: afinal, conseguiram ganhar muito dinheiro num ambiente hostil e competitivo. Um estudo de 1989 comparou os conhecimentos matemáticos de estudantes de oito países. Os norte-americanos ficaram na última posição, enquanto os coreanos alcançaram a primeira. Mas os pesquisadores também pediram aos alunos que eles próprios avaliassem até que ponto eram bons em matemática. Os norte-americanos ficaram em primeiro lugar e os coreanos em último. A auto-estima matemática estava numa relação inversamente proporcional com o conhecimento matemático real. Este é certamente um exemplo de como a psicologia do “sinta-se bem” não permite aos estudantes uma percepção clara da realidade. A teoria da auto-estima prevê que somente quem se sente bem consigo mesmo alcançará o sucesso, o que supostamente faz com que todos os estudantes precisem dela. Mas, na prática, sentir-se bem consigo mesmo pode simplesmente fazer você demasiado confiante, narcisista e incapaz de trabalhar duro. Não quero dizer que uma alta auto-estima afete sempre negativamente a performance das pessoas. A pesquisa acima mostra que não se pode afirmar com certeza que os níveis de auto-estima influenciam o comportamento, quer positiva quer negativamente. Isso deve-se em parte ao fato de a vida ser complicada demais para que uma idéia tão simples possa ser de alguma valia. Todos já ouvimos falar de pessoas que são impelidas por inseguranças e dúvidas sobre si mesmas (self doubts). Essas pessoas são sempre os heróis ou os vilões da história. A prevalência de homens de baixa estatura na história dos feitos militares fanáticos está bem documentada. Júlio César, Napoleão, Hitler e Stalin foram homens baixos decididos a provar que eram grandes. Muitos atletas notáveis tiveram de superar graves deficiências físicas e falta de auto-estima. Poderíamos designar esse fenômeno como “efeito Demóstenes”, por referência do célebre orador grego que tinha problemas de fala e superou o seu defeito depois de muitos treinos em que se esforçava por falar com pedras na boca. Muitas das maiores conquistas do homem parecem ter-se originado naquilo que o psicólogo Alfred Adler chamou de complexo de inferioridade. Não é que sentir-se mal a respeito de si mesmo seja bom. O que acontece é que apenas duas coisas podem mudar de verdade a maneira como nos sentimos a nosso respeito: uma verdadeira realização e um verdadeiro amor. Primeiro, o que afeta as nossas atitudes são as realizações no mundo de verdade. Uma criança que aprende a ler, que aprende matemática, que consegue tocar piano ou jogar bola, essa criança terá um sentido de realização autêntico e um sentido de auto-estima apropriado. As escolas que falham em ensinar a ler, escrever e fazer contas corrompem a verdadeira compreensão da auto-estima. Quem causa esses problemas são os educadores que dizem: “Não os avalie; não os rotule. Você deve fazer com que eles sintam-se bem consigo mesmos”. Não faz sentido que os alunos estejam cheios de auto- estima se não aprenderam nada. A realidade em breve vai destruir as suas ilusões e eles terão de enfrentar dois fatos perturbadores: a) que são ignorantes; b) que os adultos PAGE 9 Paul C. Vitz Ph.D. pela Universidade de Stanford (1962), professor emérito de Psicologia da Universidade de Nova York e professor adjunto do John Paul II Institute for Marriage and Family (Washington, D.C.). É autor de quatro livros, entre os quais estão «Psychology as Religion: The Cult of Self-Worship» (“A psicologia como religião: a egolatria”) e «Faith of the Fatherless: The Psychology of Atheism» (“A fé dos órfãos: psicologia do ateísmo”). Fonte: Catholic Educator´s Resource Center Link: http://catholiceducation.org/articles/education/ed0001.html Tradução: Quadrante ........................................................................................ PAGE 9 ..................................................................................................................................... A arte da verdadeira educação Por Robert K. Carlson Ao descrever as excelências de um aprazível e bem-sucedido College americano, este autor relembra os preceitos clássicos para toda a boa educação, e sobretudo este: um bom ambiente é fundamental para o que há de mais essencial na educação – o aprendizado das virtudes Recentemente, fui convidado pelo Magdalen College, uma Faculdade católica de Artes Liberais da cidade de Warner, New Hampshire, para falar sobre o tema: "Qual é a verdadeira crise moral?" Ao voar de volta e pensar sobre a minha estadia ali, reparei que tinha recebido dos estudantes pelo menos tanto quanto procurara dar-lhes – e talvez mais. Magdalen fez-me lembrar de uma verdade perene central que, tal como o pássaro de São Beda, costuma fugir da mente se não se reflete sobre ela: a de que os estudantes não conseguem crescer em solo infértil. Ao chegar em casa, um amigo perguntou-me se tudo tinha corrido bem. Respondi-lhe que sim: "Em Magdalen, o solo era fértil, a semente tinha vida, os agricultores eram fortes, entusiastas e competentes, os estudantes eram dóceis e a colheita foi copiosa". Inspirado nesse solo rico, escrevi uma carta ao Presidente do College, Jeffrey J. Karls, em que resumia a minha experiência: "Os seus alunos, criados em boas famílias católicas, foram-lhe confiados pelos pais para se tornarem membros da ampla família de Magdalen – in loco parentis. Como filhas e filhos adotivos, tomaram contacto com a beleza do campus, com a capela de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, com a liturgia e música sacras, com os trajes civilizados, com as boas maneiras e com o ensino excelente – todo o fértil solo de Magdalen. E isso produziu bons frutos. Demonstram-no a caridade e o zelo de sua faculdade em dar o que tem – a sabedoria –, e a docilidade e alegria que os seus estudantes põem na busca dessa sabedoria, como pude observar nas duas aulas que vi serem ministradas, bem como nas conversas que tive com os alunos fora da sala de aula. E tudo acompanhado de muita educação, sinal de verdadeira caridade posta em prática". Creio que foi G.K. Chesterton quem disse certa vez, naquele seu estilo inimitável, que na educação o ambiente – o solo – é quase tudo. Nisso posso perdoar a Chesterton a sua costumeira tendência ao exagero retórico, pois frisava um ponto importante: de fato, o solo, se não é quase tudo, é pelo menos a coisa mais importante. E o Magdalen College sabe disso: coisa que muitos educadores de hoje esquecem ou, pelo menos, negligenciam. Contrariamente à opinião de Chesterton, muitos educadores modernos parecem pensar que o ambiente em que se dá a educação aos nossos estudantes conta muito pouco ou nada. A tradição educativa do Ocidente está certamente do lado de Chesterton, ou melhor, ele é que está do lado dela. Começando por Platão, o primeiro grande comentarista da educação, a tradição nos ensina que os estudantes não conseguem PAGE 9 desenvolver-se em solo estéril; que o ambiente do campus onde são educados é de primordial importância para que a educação liberal produza o seu fruto. E qual é o fruto próprio da educação liberal? A nossa tradição clássica e cristã nos diz que a educação liberal é a arte de tornar o homem melhor enquanto homem, para que assim possa viver uma vida melhor. É também a arte que possibilita ao homem adquirir as virtudes ou hábitos morais e intelectuais. Essas virtudes são os princípios absolutos e universais que regem a educação enquanto arte: são o significado da sua pretensão de tornar o homem melhor. Pois a educação liberal – do latim líber, livre – prepara a pessoa em função do seu próprio bem, e não apenas para algum trabalho. É a educação de um homem livre, e não de um escravo. Por isso, ao contrário de um escravo, o homem que recebeu essa educação vive por si próprio, no sentido exposto por Marcus Berquist: “compreende interiormente a finalidade da sua vida e a assume na sua própria pessoa”. A educação liberal forma o intelecto e as virtudes intelectuais. Robert Maynard Hutchins, explicando o enfoque tradicional da educação liberal, aponta: “Ao falar de virtudes intelectuais, refiro-me aos bons hábitos intelectuais. Das cinco virtudes intelectuais que os antigos distinguiam, três eram virtudes especulativas: o conhecimento intuitivo, que é o hábito da indução; o conhecimento científico, que é o hábito da demonstração; e a sabedoria filosófica, que é o conhecimento – ao mesmo tempo científico e intuitivo – das coisas de natureza mais alta: os primeiros princípios e as causas. As outras duas virtudes correspondem ao intelecto prático: a arte, que é a capacidade de agir conforme o verdadeiro curso do raciocínio, e a prudência, que é a reta razão quanto ao que se deve fazer”. No entanto, a educação liberal não menospreza a força da vontade – fonte primária da moralidade –, nem, muito especialmente, o cultivo prático das três virtudes morais cardeais – a temperança, a justiça e a fortaleza – que resumem todos os outros valores morais. Embora ao longo da história da educação liberal tenha havido muita discussão quanto ao ensino dessas virtudes morais – como devem ser ensinadas e se, a rigor, podem mesmo ser ensinadas –, há um consenso geral de que o intelecto tem de estar envolvido no cultivo da vontade. Como diz o antigo ditado, "o intelecto propõe e a vontade dispõe". Mark Van Doren comenta a propósito da vontade e do intelecto: “Sem capacidade de abstração, ficaríamos ofuscados ao ver as coisas, tal como o homem de Platão quando sai da caverna. O que não vemos é a natureza daquilo que vemos. «Virtude é conhecimento», disse Sócrates, ao explicar que o ignorante não pode ser corajoso, pois a coragem consiste em saber o que se deve e o que não se deve temer. A educação moral nada mais é do que reflexão. O método mais seguro de educação moral consiste em ensinar a pensar. Como dizia Pascal, «trabalhemos, pois, para bem pensar: eis o princípio da moral»". Consta da declaração de princípios educacionais do Magdalen College que o seu Programa de Estudos "se baseia na visão clássica e cristã da educação liberal", em coerência com o dito socrático: "uma vida irrefletida não é uma vida digna". Por isso, anuncia que a sua missão é capacitar os estudantes a "viverem bem a vida", o que é justamente a finalidade última da educação liberal. O Programa foi montado para realizar essa tarefa ajudando os estudantes na aquisição das virtudes intelectuais: "como questionar e como participar no discurso racional; PAGE 9
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