Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Uso Sustentável da Material, Manuais, Projetos, Pesquisas de Engenharia Civil

Manual - Manual

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 08/03/2010

denise-guedes-2
denise-guedes-2 🇧🇷

4.6

(12)

30 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Uso Sustentável da Material e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity! Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil 5 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Geraldo Alckmin Governador Secretaria da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo João Carlos de Souza Meirelles Secretário Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo Alberto Pereira de Castro Presidente Francisco Romeu Landi Vice-Presidente Diretoria Executiva Guilherme Ary Plonski Diretor-Superintendente Francisco Emílio Baccaro Nigro Diretor Técnico Marcos Alberto Castelhano Bruno Diretor de Planejamento e Gestão Milton de Abreu Campanario Diretor Administrativo-Financeiro Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo Presidente Artur Quaresma Filho Vice-presidentes Sergio Tiaki Watanabe (Financeiro) Cedric Poli Veneziani Eduardo Gorayeb Eduardo May Zaidan Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Iskandar Aude João Claudio Robusti João de Souza Coelho Filho José Romeu Ferraz Neto Luiz Antonio Messias Manuel Tavares da Silva Filho Maristela Alves Lima Honda Miguel da Silva Sastre PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Marta Suplicy Prefeita Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo Adriano Diogo Secretário 7 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Sumário 1. Introdução .............................................................................. 08 2. Aspectos sócioambientais ................................................... 09 3. Usos da madeira na construção civil .................................. 12 4. Produtos de madeira ............................................................. 14 5. Indicação de madeira para usos na construção civil ........ 24 6. Fichas tecnológicas de madeiras ........................................ 29 7. Qualidade da madeira ........................................................... 53 8. Referências bibliográficas .................................................... 59 10 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Madeireiros de Origem Nativa que substituirá a Autorização para Transporte de Produto Florestal (ATPF). Mais informações nos sites: www.ibama.gov.br www.fsc.org.br www.amazonia.org.br www.imaflora.org.br www.sbs.org.br (Cerflor) 2.3 Situação atual Oitenta por cento da produção de madeira da Amazônia é destinada ao mercado interno brasileiro, sendo que o Estado de São Paulo é o maior consumidor (20% da produção total). Outros Estados da Federação engrossam essa necessidade, que tende a aumentar. A oferta de matéria-prima centraliza-se principalmente em poucas espécies, exercen- do uma pressão muito grande sobre as florestas nativas. Diante deste quadro são recomendáveis as seguintes práticas: 2.3.1. Projetos e Especificação da Madeira a) Ao projetar e especificar o tipo da madeira a ser utilizada, é importante que sejam consideradas as carac- terísticas das peças a serem detalhadas, evitando excesso de cortes e emendas. Procure adequar o projeto às medidas das peças disponíveis no mercado. b) Para a especificação do tipo da madeira, consulte no capítulo 6 deste manual as espécies que mais se adequam a seu projeto. 2.3.2. Aquisição a) Adquirir madeira somente de empresas que possam comprovar a origem da mesma, seja através de certificação legal ou de um plano de manejo aprovado pelo Ibama, com a apresentação de: • Nota Fiscal • Documentos de Transporte - Ibama b) Não recorrer somente a espécies tradicionais, buscando neste Manual alternativas, com as mesmas características técnicas, entre as madeiras de reflorestamento e mesmo de outras espécies de mata nativa, porém que não estejam, no momento, sob pressão de exploração, desta forma agregando valor econô- mico a espécies pouco conhecidas. 2.3.3. Uso na Obra a) Procure utilizar as peças de acordo com o projeto e, na falta deste, de forma a evitar perdas com cortes desnecessários 11 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil b) Verificar a possibilidade do reúso das peças, ou seja, utilizar uma mesma peça mais de uma vez, dando- lhe uma sobrevida, o que significa economia de dinheiro e matéria-prima 2.3.4. Destinação de resíduos de madeira A resolução do Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente n° 307 considera os geradores de resí- duos da Construção Civil responsáveis pelo seu destino. Eles deverão ter como objetivo primordial a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, reutilização, reciclagem e destinação final. Os Estados e municípios estão elaborando suas políticas de gestão de resíduos, nas quais está prevista a implantação de ATTs – Áreas de Transbordo e Triagem, para onde deverão ser encaminhados os resíduos da construção civil, entre eles os de madeira, para que possam ser segregados, reutilizados, reciclados ou tenham a correta destinação. 12 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Usos da madeira na construção civil Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e jane- las), nos forros e pisos. Para se avaliar comparativamente esses usos é apresentado na tabela 1 o consumo de madeira serrada amazôni- ca pela construção civil, no Estado de São Paulo, em 2001. TABELA 1 – CONSUMO DE MADEIRA SERRADA AMAZÔNICA PELA CONSTRUÇÃO CIVIL, NO ESTADO DE SÃO PAULO, EM 2001 Uso na construção civil Consumo 1000 m3 % Estruturas de cobertura 891,7 50 Andaimes e fôrmas para concreto 594,4 33 Forros, pisos e esquadrias 233,5 13 Casas pré-fabricadas 63,7 4 Total 1783,3 100 Fonte: Sobral et al. (2002) Nessa tabela observa-se que o uso em estruturas de cobertura representa metade da madeira consumida no Estado de São Paulo. Neste uso, são empregadas peças simplesmente serradas, como vigas, caibros, pranchas e tábuas. Tais produtos são comercializados em lojas especializadas, conhecidas como depósitos de madeira, e desti- nam-se principalmente à construção horizontal, ou seja, casas e pequenas edificações (Sobral et al., 2002). Na mesma tabela pode ser visto que a madeira usada em andaimes e fôrmas para concreto representa 33% da madeira consumida no Estado de São Paulo. Neste tipo de uso, a construção verticalizada é a principal demandante, com aproximadamente 485 mil metros cúbicos anuais. Esta quantidade representa 80% da madeira consumida nesse segmento da construção civil (Sobral et al., 2002). O quadro completa-se com a madeira utilizada em forros, pisos e esquadrias, partes da obra em que a madeira sofre forte concorrência de outros materiais, e em casas pré-fabricadas. Para atender a esses usos na construção civil os principais centros demandantes de madeira serrada, localizados nas Regiões Sul e Sudeste, se abasteceram durante décadas com o pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia) e a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron), explorados nas florestas nativas dessas regiões. Com a exaustão dessas florestas, o suprimento de madeiras nativas passou a ser realizado, em parte, a partir de 3 15 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil pranchas em um tanque com uma solução contendo um produto preservativo de ação fungicida e outro de ação inseticida. Devido ao método de tratamento e à natureza dos produtos preservativos utilizados, o pré-tratamento confere uma proteção superficial à madeira, pois atinge somente suas camadas mais externas. O pré-tratamento pode ser dispensado pela indústria quando a secagem da madeira é feita em estufas, imediatamente após desdobro das toras, e não deve ser considerado, pelo consumidor, como um tratamento definitivo da madeira que vai garantir sua proteção quando seca e em uso. As serrarias produzem a maior diversidade de produtos: pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pontaletes, ripas e outros. A tabela 2 apresenta os principais produtos obtidos nas serrarias, bem como as dimensões dos mesmos. Pranchas e pranchões No desdobro, a tora sofre cortes longitudinais resultando em peça com duas faces paralelas entre si, mas com os cantos irregulares (mortos) e com casca. A prancha deve apresentar espessura de 40 mm a 70 mm e largura superior a 200 mm. O comprimento é variável. O pranchão caracteriza-se por espessura superior a 70 mm e largura superior a 200 mm. O comprimento também é variável. Vigas e vigotas As vigas são peças de madeira serrada utilizadas na construção civil. Apresentam-se na forma retangular, com espessura maior do que 40 mm, largura entre 110 e 200 mm e comprimento variável, de acordo com o pedido do solicitante. As vigotas ou vigotes são uma variação de vigas, de menores dimensões, apresentando espessura de 40 mm a 80 mm e largura entre 80 e 110 mm. TABELA 2 - DIMENSÕES DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DE MADEIRA SERRADA Produtos Espessura (mm) Largura (mm) Comprimento (m) Pranchão maior que 70 maior que 200 variável Prancha 40 – 70 maior que 200 variável Viga maior que 40 110 – 200 variável Vigota 40 – 80 80 – 110 variável Caibro 40 – 80 50 – 80 variável Tábua 10 – 40 maior que 100 variável Sarrafo 20 – 40 20 – 100 variável Ripa menor que 20 menor que 100 variável Dormente 160 220 2,00 – 5,60 170 240 2,80 – 5,60 Pontalete 75 75 variável Bloco variável variável variável Fonte: NBR 7203 (1982). 16 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Tábuas, Caibros As tábuas dão origem a quase todas as outras peças de madeira serrada por redução de tamanho. Apresentam-se na forma retangular, com espessura entre 10 e 40 mm, largura superior a 100 mm e comprimento variável, de acordo com o pedido do solicitante. Estes produtos são gerados a partir de toras, pranchas e pranchões. Os caibros, ripas e sarrafos têm múltiplas aplicações tanto na construção civil como na fabricação de móveis. Os quadradinhos são variações do sarrafo, com menores dimensões, utilizadas normalmente para confecção de cabos de vassoura e pincéis. 4.3 Madeira beneficiada A madeira beneficiada é obtida pela usinagem das peças serradas, agregando valor às mesmas. As operações são realizadas por equipamentos com cabeças rotatórias providas de facas, fresas ou serras, que usinam a madeira dando a espessura, largura e comprimento definitivos, forma e acabamento superficial da madeira. Podem incluir as seguintes operações: aplainamento, molduramento e torneamento e ainda desengrosso, desempeno, destopamento, recorte, furação, respigado, ranhurado, entre outras. Para cada uma destas operações existem máquinas específicas, manuais ou não, simples ou complexas, que executam vários trabalhos na mesma peça. No aplainamento, as sobremedidas e as irregularidades são retiradas deixando a superfície mais lisa. O molduramento faz os cortes de encaixes – tipo macho-fêmea, por exemplo, – no comprimento para peças destinadas a forros, lambris, peças para assoalhos, batentes de portas, entre outros. No torneamento, as peças tomam a forma arredondada, como balaustres de escadas. As dimensões dos principais produtos usinados representados por madeira aplainada em duas ou quatro faces, assoalhos e forros (macho-fêmea), rodapés, molduras de diferentes desenhos, madeira torneada e furada com respigas são apresentadas na tabela 3. TABELA 3 – DIMENSÕES DAS PRINCIPAIS PEÇAS DE MADEIRA BENEFICIADA Peça Dimensões da secção transversal (mm) Assoalho 20 x 100 Forro 10 x 100 Batente 45 x 145 Rodapé 15 x 150 ou 15 x 100 Taco 20 x 21 Fonte: NBR 7203 (1982). 17 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil 4.4 Madeira em lâminas As lâminas de madeira são obtidas por um processo de fabricação que se inicia com o cozimento das toras de madeira e seu posterior corte em lâminas. Existem dois métodos para a produção de lâminas: o torneamento e o faqueamento. No primeiro, a tora já descascada e cozida é colocada em torno rotativo. As lâminas assim obtidas são destinadas à produção de compensados. Por outro lado, a lâmina faqueada é obtida a partir de uma tora inteira, da metade ou de um quarto da tora, presa pelas laterais, para que uma faca do mesmo comprimento seja aplicada sob pressão, produzindo fatias únicas. Normalmente, essas lâminas são originadas de madeiras decorativas de boa quali- dade, com maior valor comercial, prestando-se para revestimento de divisórias, com fins decorativos. 4.5 Painéis Os painéis de madeira surgiram da necessidade de amenizar as variações dimensionais da madeira maciça, diminuir seu peso e custo e manter as propriedades isolantes, térmicas e acústicas. Adicionalmente, suprem uma necessidade reconhecida no uso da madeira serrada e ampliam a sua superfície útil, através da expansão de uma de suas dimensões (a largura), para, assim, otimizar a sua aplicação. O desenvolvimento tecnológico verificado no setor dos painéis à base de madeira tem ocasionado o aparecimento de novos produtos no mercado internacional e nacional, que vêm preencher os requisitos de uma demanda cada vez mais especializada e exigente. 4.5.1. Compensado Os compensados surgiram no início do século XX como um grande avanço, ao transformar toras em painéis de grandes dimensões, possibilitando um melhor aproveitamento e, conseqüente, redução de custos. O painel compensado é composto de várias lâminas desenroladas, unidas cada uma, perpendicularmente à outra, através de adesivo ou cola, sempre em número ímpar, de forma que uma compense a outra, fornecendo maior estabi- lidade e possibilitando que algumas propriedades físicas e mecânicas sejam superiores às da madeira original. A espessura do compensado pode variar de 3 a 35 mm, com dimensões planas de 2,10 m x 1,60 m, 2,75 m x 1,22 m e 2,20 m x 1,10 m, sendo esta a mais comum. Extensamente utilizado na indústria de móveis e construção civil, seu preço varia conforme as espécies e a cola utilizadas, com a qualidade das faces e com o número de lâminas que o compõe. Há compensados tanto para uso interno quanto externo. Chapas finas de compensado apresentam vantagens sobre as demais madeiras industrializadas, pois são maleáveis e podem ser encurvadas. São encontrados no mercado três tipos: laminados, sarrafeados e multissarrafeados. Os primeiros são produzidos com finas lâminas de madeira prensada. No compensado sarrafeado, o miolo é formado por vários sarrafos de madeira, colados lado a lado. O multissarrafeado é considerado o mais estável. Seu miolo compõe-se de lâminas prensadas e coladas na vertical, fazendo um “sanduíche”. 20 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil 4.6 Desenvolvimento em madeira estrutural composta A madeira “engenheirada” inclui produtos já comuns em outros países, especialmente do Hemisfério Norte, mas ainda relativamente desconhecidos entre nós ou, no máximo, familiares apenas a uns poucos especialistas. A madeira serrada classificada eletromecanicamente vem a ser madeira serrada, geralmente de coníferas, ensai- ada não-destrutivamente (em máquinas de alta velocidade) quanto à flexão estática e identificada quanto à sua classe de resistência mecânica. Este produto é conhecido como machine evaluated lumber - MEL ou machine stress rated - MSR. Este produto não é encontrado neste País por várias razões, entre as quais se inclui a falta de normatização das seções transversais das peças usadas em estruturas, o alto custo do equipamento e da operação, além da falta de tradição no uso de madeira de coníferas para fins estruturais. Pode compor também este grupo a madeira laminada e colada, na qual as tábuas são dispostas e coladas, com as suas fibras na mesma direção, ampliando o comprimento ou a espessura (glulam). Vigas laminadas e coladas, fabricadas com madeiras de reflorestamento – pinus e eucalipto – preservadas contra ataque de insetos e fungos, além de prote- gidas contra fogo e umidade, são um produto já encontrado no setor da construção civil neste País. Entretanto, outros produtos, manufaturados em maior ou menor grau de sofisticação, estão incluídos no grupo das madeiras estruturais compostas., como: LVL – laminated veneer lumber, PSL – parallel strand lumber e OSL – oriented strand lumber. 4.7 Outros produtos A tecnologia tem ampliado a gama de novos produtos derivados da madeira, seja em diferentes formas, seja em combinação com outros materiais, visando sempre ao melhor desempenho do produto no fim a que se destina, a otimização do uso da matéria-prima e a redução dos custos de processamento. Muitos dos processos desenvolvidos baseiam-se no emprego de matéria-prima produzida em florestas de rápido crescimento especialmente para um determinado fim. Isto é reflexo de uma demanda especializada, exigente não só em relação ao desempenho do produto, mas também em relação à sua aparência. Exemplos podem ser facilmente apontados, como é o caso dos painéis MDF produzidos com misturas de espécies, resultando em painéis de cor mais escura, logo recusados pelo mercado mais sofisticado. Contudo, uma vertente de interesse crescente tem sido a utilização de resíduos de processamento mecânico ou químico de madeiras na produção de painéis, dentro do princípio de reúso ou mesmo de reciclagem de materiais Exemplo recente é o desenvolvimento de painéis produzidos com madeira sólida e com partículas de madeira tratada com CCA, um preservante de madeira à base de cobre, cromo e arsênio. Este material, proveniente de descarte, passaria a constituir-se em potencial contaminante ambiental. Com o reaproveitamento destes produtos na forma de painéis, um potencial agente contaminante passou a constituir-se matéria-prima, gerando outros produtos de alta durabilidade. O mercado requer produtos de bom desempenho, menor custo, esteticamente agradáveis e, crescentemente, sadios do ponto de vista ambiental. 21 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil 4.8 Madeira tratada com produtos preservativos Preservação de madeiras é todo e qualquer procedimento ou conjunto de medidas que possam conferir à madeira em uso maior resistência aos agentes de deterioração, proporcionando maior durabilidade. Estes agentes podem ser de natureza física, química e biológica (fungos e insetos xilófagos), que afetam suas propriedades. Essas medidas devem ser discutidas e adotadas na etapa de elaboração dos projetos, sendo que o uso racional da madeira como um material de engenharia no ambiente construído pressupõe minimamente: • Conhecimento do nível de desempenho necessário para o componente ou estrutura de madeira, tais como vida útil, responsabilidade estrutural, garantias comerciais e legais, entre outras. • Escolha da espécie da madeira com base nas propriedades intrínsecas de durabilidade natural e tratabilidade. • Definição das condições de exposição (uso) da madeira e dos possíveis agentes biodeterioradores presentes (fungos e insetos xilófagos), ou seja, definição do risco biológico a que a madeira será submetida. • Adoção do método de tratamento e produto preservativo de madeira (inseticida e/ou fungicida) em função do risco biológico para aumentar a durabilidade da madeira. O tratamento preservativo faz-se necessário se a espécie escolhida não é naturalmente durável para o uso considerado e/ou se a madeira contém porções de alburno. • Implementação de controle de qualidade de toda a madeira tratada com produtos preservativos para garantir os principais parâmetros de tratamento: penetração e a retenção do preservativo absorvido no processo de tratamento. A penetração é definida como sendo a profundidade alcançada pelo preservativo ou pelo(s) seu(s) ingrediente(s) ativo(s) na madeira. Já a retenção é a quantidade do preservativo ou de seu(s) ingrediente(s) ativo(s), contida de maneira uniforme num determinado volume da madeira, por exemplo, expressa em quilo- gramas de ingrediente ativo por metro cúbico de madeira tratável (kg/m³). Considerando a Lei nº 4.797 de 20 de outubro de 1965 e a Instrução Normativa Conjunta Ibama e Anvisa, em fase final de implementação para substituição da Portaria Interministerial nº 292 de 20 de outubro de 1989 e Instru- ção Normativa nº5, de 20/10/92, que disciplinam o setor Preservação de Madeiras no Brasil, o tratamento preserva- tivo de madeiras é obrigatório para peças ou estruturas de madeira, tais como dormentes, estacas, vigas, vigotas, pontes, pontilhões, postes, cruzetas, torres, moirões de cerca, escoras de minas e de taludes, ou quaisquer estrutu- ras de madeira que sejam usadas em contato direto com o solo ou sob condições que contribuam para a diminuição de sua vida útil. Esta obrigatoriedade deve ser observada exclusivamente com relação às essências florestais passíveis de tratamento. São passíveis de tratamento preservativo as peças de madeira portadoras de alburno ou as que, sendo de puro cerne, apresentem alguma pemeabilidade à penetração dos produtos preservativos em seus teci- dos lenhosos. No caso do uso de madeira de puro cerne, esta deve ser de alta durabilidade natural aos fungos apodrecedores e insetos xilófagos (brocas-de-madeira e cupins) para as condições de uso biologicamente ativa e/ ou agressiva. 22 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Com relação ao tratamento preservativo da madeira, deve-se considerar a busca de produtos preservativos e processos de tratamento de menor impacto ao meio ambiente e à higiene e segurança, a disponibilidade de produtos no mercado brasileiro, os aspectos estéticos (alteração de cor da madeira, por exemplo), aceitação de acabamento e a necessidade de monitoramento contínuo. Só devem ser utilizados os produtos preservativos devidamente registrados e autorizados pelo Ministério do Meio Ambiente, através do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avalia os resultados dos testes para classificação da Periculosidade Ambiental. Assim como, para o tratamento industrial da madeira, deve-se exigir registro no Ibama das usinas de preser- vação de madeira e outras indústrias que utilizam esses produtos. A especificação de um tratamento preservativo, baseado nas condições de uso da madeira, deve requerer pene- tração e retenção adequadas que dependem do método de tratamento escolhido. As normas técnicas e a experiência do fabricante podem relacionar estes parâmetros de qualidade do tratamento, considerando minimamente: • a diferente durabilidade natural e tratabilidade do alburno e cerne devem ser sempre consideradas; • quanto maior a responsabilidade estrutural do componente de madeira, maior deverá ser a retenção e penetração do produto preservativo; • uma maior vida útil está normalmente associada a uma maior retenção e penetração do produto; • para um mesmo processo de tratamento, diferenças de micro e macroclima entre regiões podem exigir maiores retenções e penetrações; • a economia em manutenção e a acessibilidade para reparos ou substituições de um componente podem exigir maiores retenções e penetrações; • o controle de qualidade de toda a madeira preservada deverá ser realizado para garantir os principais parâmetros de qualidade: penetração e a retenção do preservativo absorvido no processo de tratamento; • se o risco de lixiviação do produto preservativo existe, considerar a proteção dos componentes durante constru- ção e/ou transporte; • fatores como manuseio das peças tratadas, práticas durante a construção, integridade de acabamentos ou com- patibilidade do produto preservativo com o acabamento, podem afetar o desempenho da madeira preservada. Na norma brasileira NBR 7190 – Estruturas de Madeira, atualmente em revisão pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, está sendo introduzido o conceito de classe de risco que auxiliará o engenheiro, arquiteto e usuário de madeira em geral, na tomada de decisão sobre o uso racional da madeira tratada. Esta ferramenta relacio- nará as possíveis condições de exposição da madeira e os agentes biodeterioradores (fungos e insetos), com os produtos preservativos e processos de tratamento pertinentes, além de apresentar orientações mínimas de projeto para minimizar os danos causados por estes organismos xilófagos. 25 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Neste trabalho, a alocação das madeiras nos grupos de uso final (ver capítulo 3) foi realizada através de um critério em que foram utilizadas as propriedades e/ou características consideradas como o mínimo necessário para um bom desempenho da madeira no uso especificado. Para cada uma das propriedades escolhidas foram fixados valores mínimos e, às vezes, máximos, tendo como base os valores de madeiras tradicionalmente empre- gadas nos usos considerados. Esta estratégia foi adotada considerando que os especificadores de madeira (engenheiros, arquitetos, com- pradores de empreiteiras, carpinteiros etc.) têm o hábito de indicar somente as madeiras tradicionais, como peroba- rosa e pinho-do-paraná. Com isto, busca-se facilitar a aceitação de “novas” madeiras. Entretanto, há processos de seleção de madeiras tecnicamente mais elaborados, como o utilizado na norma NBR 7190 “Projeto de estruturas de madeiras” da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT e que subs- tituiu a NBR 6230 com profundas alterações na metodologia e procedimentos de ensaios. Nessa Norma foram estabelecidas três classes de resistência - C 20, C25 e C 30 - para as madeiras de coníferas (pinus e pinho-do-paraná, p. ex.) e quatro classes - C 20, C 30, C 40 e C 60 - para as madeiras de dicotiledôneas (peroba-rosa, ipê, jatobá, p. ex.). No estabelecimento dessas classes foram consideradas proprie- dades físicas (densidade de massa básica e aparente), de resistência (compressão paralela às fibras e cisalhamento) e de rigidez (módulo de elasticidade). A utilização de classes de resistência elimina a necessidade da especificação da espécie da madeira, pois em um projeto estrutural desenvolvido de acordo com essa norma bastará a verificação das propriedades de resistên- cia de um lote de peças de madeira à classe de resistência especificada no projeto. É importante salientar que a necessidade de especificar a espécie de madeira foi suprimida no que diz respei- to à resistência mecânica. Entretanto, isto ainda é necessário quando se precisa empregar madeiras naturalmente resistentes ou permeáveis às soluções preservantes, em função da classe de risco de deterioração biológica a que a madeira estará exposta (item 10.7 da Norma). Outra situação que requer tal especificação é quando se precisa conhecer as características de trabalhabilidade e de decoratividade da madeira. As listas de madeiras reunidas em grupos de uso final, tendo como referências as madeiras de peroba-rosa, pinho-do-paraná e imbuia, são apresentadas a seguir. Ao se elaborar essas listas, buscou-se excluir espécies de madeira, que embora sejam comercializadas, enfrentam restrições legais ou têm uso alternativo mais rentável, como p. ex., a castanheira (Bertholletia excelsa) e a copaíba (Copaifera spp.). 26 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Construção civil pesada interna Engloba as peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura, onde tradicionalmente era empregada a madeira de peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Nome popular Nome científico Nome popular Nome científico araracanga Aspidosperma desmanthum itaúba Mezilaurus itauba angelim-pedra Hymenolobium spp. jarana Lecythis jarana angelim-vermelho Dinizia excelsa maçaranduba Manilkara spp. angico-preto Anadenanthera macrocarpa muiracatiara Astronium lecointei angico-vermelho Parapiptadenia rigida pau-amarelo Euxylophora paraensis bacuri Platonia insignis pau-mulato Calycophyllum spruceanum bacuri-de-anta Moronobea coccinea rosadinho Micropholis guianensis cupiúba Goupia glabra pau-roxo Peltogyne spp. eucalipto - R Eucalyptus tereticornis, E. citriodora, E. saligna sapucaia Lecythis pisonis fava-orelha-de-negro Enterolobium schomburgkii tanibuca Terminalia spp. faveira-amargosa Vatairea spp. tatajuba Bagassa guianensis garapa Apuleia leiocarpa timborana Piptadenia suaveolens goiabão Pouteria pachycarpa uxi Endopleura uchi Obs.: R = madeira gerada em reflorestamento. Nomes em negrito: ver ficha, no capítulo 6, com informações técnicas sobre a madeira. Construção civil leve externa e leve interna estrutural Reúne as peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes empregados em usos temporários (anda- imes, escoramento e fôrmas para concreto) e as ripas e caibros utilizadas em partes secundárias de estruturas de cobertura. A madeira de pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia) foi a mais utilizada, durante décadas, neste grupo. Nome popular Nome científico Nome popular Nome científico angelim-pedra Hymenolobium spp. louro-canela Ocotea spp. ou Nectandra spp. bacuri Platonia insignis louro-vermelho Nectandra rubra bacuri-de-anta Moronobea coccinea marinheiro Guarea spp. cambará Qualea spp. pau-jacaré Laetia procera canafístula Peltophorum vogelianum quaruba Vochysia spp. cedrinho Erisma uncinatum rosadinho Micropholis guianensis eucalipto - R Eucalyptus grandis e E. saligna tatajuba Bagassa guianensis garapa Apuleia leiocarpa tauari Couratari spp. jacareúba Calophyllum brasiliense taxi Tachigali spp. ou Sclerolobium spp. nomes em negrito: ver ficha, no capítulo 6, com informações técnicas sobre a madeira. 27 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil Construção civil leve interna, decorativa: Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como forros, painéis, lambris e guarnições, onde a madeira apresenta cor e desenhos considerados decorativos. A referência e a madeira de imbuia (Ocotea porosa) Nome popular Nome científico Nome popular Nome científico angelim-pedra Hymenolobium spp. macacaúba Platymiscium ulei bacuri Platonia insignis marinheiro Guarea spp. cerejeira Amburana cearensis muiracatiara Astronium lecointei curupixá Micropholis venulosa pau-amarelo Euxylophora paraensis freijó Cordia goeldiana pau-roxo Peltogyne spp. grevílea - R Grevillea robusta rosadinho Micropholis guianensis guariúba Clarisia racemosa tatajuba Bagassa guianensis louro-vermelho Nectandra rubra vinhático Plathymenia spp. louro-canela Ocotea spp. ou Nectandra spp. Obs.: R = madeira gerada em reflorestamento. nomes em negrito: ver ficha, no capítulo 6, com informações técnicas sobre a madeira. Construção civil leve interna, de utilidade geral Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como forros, painéis, lambris e guarnições, onde o aspecto decorativo da madeira não é fator limitante. A referência é a madeira de pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia) Nome popular Nome científico Nome popular Nome científico amesclão Trattinnickia spp. faveira Parkia spp. cambará Qualea spp. jacareúba Calophyllum brasiliense cedrinho Erisma uncinatum marupá Simarouba amara cedrorana Cedrelinga cateniformis pinus - R Pinus spp. cuningâmia - R Cunninghamia lanceolata quaruba Vochysia spp. cupressus - R Cupressus lusitanica tauari Couratari spp. eucalipto - R Eucalyptus grandis e E. saligna taxi Tachigali spp. Obs.: R = madeira gerada em reflorestamento. nomes em negrito: ver ficha, no capítulo 6, com informações técnicas sobre a madeira. 30 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil PEROBA-ROSA - Aspidosperma polyneuron Müll. Arg., Apocynaceae. OUTROS NOMES POPULARES Peroba, peroba-açu, peroba-amarela, peroba-do-sul, peroba-mirim, peroba-rajada OCORRÊNCIA Brasil: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo Outros países: Argentina, Paraguai CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: alburno indistinto, cerne róseo quando recém cortado passan- do a amarelo-rosado com o tempo, uniforme ou com veios mais escuros; sem brilho; cheiro imperceptível e gosto ligeiramente amargo; densidade média; moderadamente dura ao corte; grã direita ou revessa; textura fina. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: invisível mesmo sob lente. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial; finos; poucos. Vasos: visíveis apenas sob lente, pequenos; muito numerosos; porosidade difusa; solitários predominan- tes, vazios, às vezes obstruídos por óleo-resina. Camadas de crescimento: individualizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA As informações disponíveis na literatura são controversas em relação à durabilidade natu- ral do cerne de peroba-rosa. Observações feitas pelo IPT em exame de estruturas de cober- tura, complementadas por ensaios de laboratório, permitem considerar esta madeira como de moderada resistência aos cupins e com baixa a moderada resistência aos fungos apodrecedores. Dormentes dessa madeira, sem tratamento preservante, apresentam uma vida útil média de seis anos. Em ensaio de campo, com a madeira em contato com o solo, a peroba-rosa foi considerada moderadamente resistente com vida média inferior a nove anos. A peroba-rosa é susceptível ao ataque de perfuradores marinhos. Apresenta baixa permeabilidade às soluções preservantes. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de peroba-rosa é moderadamente fácil de ser trabalhada, porém pode apresentar certa dificuldade quando ocorre grã revessa. Permite bom acaba- mento e é fácil de colar. Secagem: Na secagem em estufa, a ocorrência de rachas é baixa, entretanto, podem ocorrer empenamentos. PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 790 kg/m3 / básica (ρbásica): 660 kg/m3 Contração: radial: 4,0 % / tangencial: 7,8 % / volumétrica: 13,1 % PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 88,2 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 103,8 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 35,6 Módulo de Elasticidade - madeira verde (MPa): 9 248 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 41,6 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 54,4 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 27,9 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 11 739 Coeficiente de influência de umidade (%): 3,8 OUTRAS PROPRIEDADES MECÂNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) – Trabalho Absorvido (J): 23,3 Cisalhamento - madeira verde (MPa): 11,9 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 6 776 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 8,1 Fendilhamento – madeira verde (MPa): 0,9 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Pesada externa: dormentes e cruzetas. Pesada interna: tesouras, vigas e caibros. Assoalhos: tábuas, tacos e parquetes. Leve em esquadrias: marcos de portas e janelas, venezianas, portas. OUTROS USOS Mobiliário de utilidade geral: móveis pesados e carteiras escolares, folhas faqueadas, vagões, carrocerias, peças torneadas, fôrmas para calçados, paletes e embalagens. OBSERVAÇÕES Madeira tradicionalmente empregada em estruturas de telhado, e por esta razão ainda é especificada embora escassa e em processo rápido de substituição. Os dados apresenta- dos nesta ficha servem como referência para a busca de espécies alternativas à peroba-rosa, cujo uso deve ser evitado. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85). Fonte: IPT,1989a. 31 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil PINHO-DO-PARANÁ - Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, Araucariaceae. OUTROS NOMES POPULARES pinho, pinho-brasileiro, pinheiro-do-paraná OCORRÊNCIA Brasil: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: alburno e cerne pouco distintos pela cor, este branco- amarelado, freqüentemente com manchas largas róseo-avermelhadas (em árvores mais velhas, o cerne pode apresentar coloração amarronzada); brilho moderado; cheiro e gosto pouco acentuados, característicos de resina; densidade baixa; macia ao corte; grã direita; textura fina. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: invisível mesmo sob lente. Raios: visíveis apenas sob lente no topo, na face tangencial é invisível mesmo sob lente. Camadas de crescimento: distintas; transição suave entre o lenho inicial e tardio. Canais de resina: ausentes. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA A madeira de pinho-do-paraná, em ensaio de laboratório, demonstrou ter baixa resistência ao apodrecimento e ao ataque de cupins-de-madeira-seca. A madeira é muito susceptível aos fungos causadores da mancha azul, cupins e perfuradores marinhos. O alburno não é susceptível às brocas de madeiras do gênero Lyctus.A madeira de pinho-do-paraná, em ensaios de laboratório, quando submetida à im- pregnação sob pressão, demonstrou ter alta permeabilidade às soluções preservantes. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de pinho-do-paraná é fácil de ser trabalhada com ferra- mentas manuais ou máquinas. Se ocorrer madeira de compressão, pode haver distorção durante o aplainamento. Fácil de colar e aceita bem acabamentos superfici- ais. É fácil de desdobrar, aplainar e colar permitindo bom acabamento. Secagem: A secagem ao ar é difícil por apresentar tendência à torção e rachaduras. O processo de secagem em estufa deve ser controlado cuidadosamente, para que se possa obter madeira de qualidade. Programa de secagem pode ser obtido em Jankowsky (1990). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 550 kg/m 3 / básica (ρbásica): 458 kg/m 3 Contração: radial: 4,0 % / tangencial: 7,8 % / volumétrica: 13,2 % PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 59,7 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 85,6 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 25,1 Módulo de Elasticidade - madeira verde (MPa): 10 719 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 26,3 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 41,4 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 20,6 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 13 514 Coeficiente de influência de umidade (%): 4,7 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) Trabalho Absorvido (J): 14,7 Cisalhamento – madeira verde (MPa): 6,7 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 2687 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 3,4 Fendilhamento – madeira verde (MPa): 0,4 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna, estrutural: ripas e partes secundárias de estruturas. Leve interna, utilidade geral: cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris Uso temporário: pontaletes, andaimes e fôrmas para concreto. OUTROS USOS Móveis estândar e partes internas de móveis, molduras, moldes, instrumentos musicais, cabos para vassouras, lápis, pás e palitos de sorvete, palitos de dente, palitos de fósforo, compensados, laminados, brinquedos, embalagens leves, utensílios de cozinha, laterais de escadas extensíveis. OBSERVAÇÕES Madeira tradicionalmente empregada em estruturas de telhado, e por esta razão ainda é especificada embora escassa e em processo rápido de substituição. Existem reflorestamentos feitos com esta espécie. Os dados apresentados nesta ficha servem como referência para a busca de espécies alternativas ao pinho-do-paraná, cujo uso deve ser evitado. (**) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85). Fonte: IPT, 1989a. 32 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil AMESCLÃO – Trattinnickia burserifolia Mart, Burseraceae OUTROS NOMES POPULARES amescla, almesclão, breu, breu-preto, breu-sucuruba, breu-sucuuba, mangue, mes- cla, morcegueira, sucuruba, sucurubeira OCORRÊNCIA Amapá, Pará, Rondônia e Mato Grosso CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno pouco distintos pela cor, cerne bege- rosado ou bege-amarelado; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade baixa; modera- damente dura; grã direita ou irregular; textura média; superfície irregularmente lustro- sa; camadas de crescimento pouco distintas, delimitadas por zonas fibrosas ligeira- mente mais escuras. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: invisível mesmo sob lente. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial, finos e numerosos. Vasos: visíveis a olho nu; pequenos a médios; poucos; solitários e múltiplos; vazios ou obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas mais escuras. Máculas medulares: presentes em alguns espécimes. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Não durável aos fungos apodrecedores. Cerne de difícil preservação com penetração parcial e periférica em processo sob pressão (retenção de preservativo oleossolúvel abaixo de 100 kg/m3). Alburno moderadamente fácil de preservar, com penetração total e uniforme de preservativos em processo sob pressão (retenção de preservativo oleossolúvel entre 200 kg/m3 e 300 kg/m3). CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de amesclão é fácil de serrar, moderadamente fácil de aplainar apresentando superfícies radiais ásperas. Recebe acabamento de regular a excelente. Secagem: A secagem em estufa é rápida, apresentando tendência a rachaduras moderadas a fortes; encanoamento e torcimento moderados. Programa de secagem é sugerido por IBAMA (1997a). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 12% de umidade (ρap, 12): 520 kg/m 3 / madeira verde (ρverde): 955 kg/m 3 / básica (ρbásica): 440 kg/m 3 Contração: radial: 5,1 % / tangencial: 7,2 % / volumétrica: 11,8 % PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 49,7 Madeira a 12 % de umidade (MPa): 76,3 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 7 649 Módulo de Elasticidade madeira à 12% (MPa): 9 611 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 24,8 Madeira à 12 % de umidade (MPa): 44,1 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Cisalhamento madeira verde (MPa): 6,6 Cisalhamento madeira 12% (MPa): 8,2 Dureza Janka paralela madeira verde (N): 3501 Dureza Janka paralela madeira 12% (N): 4609 Dureza Janka transversal madeira verde (N): 2520 Dureza Janka transversal madeira 12% (N): 3099 Tração Normal às Fibras madeira verde(MPa): 3,1 Tração Normal às Fibras madeira 12% (MPa): 3,5 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna de utilidade geral: cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris. OUTROS USOS Móveis estândar e partes internas de móveis, compensados e laminados, artigos de esporte e brinquedos, embalagens e caixas. OBSERVAÇÕES Madeira usada principalmente em compensados. A introdução como madeira serrada é recente. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997a. 35 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil BACURI - Platonia insignis Mart., Guttiferae. OUTROS NOMES POPULARES bacori, bacuri-aço, bacuri-amarelo, bacuri-grande, bacuriba, bacuriúba, landirana, bulandim, ibacopari, ibacori, pacori, pacoru, pacuri, pacuriuva, pacuru. OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia (Amazonas e Pará). Outros países: Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Equador, Colômbia. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno distintos pela cor, cerne amarelo-escuro, alburno branco-amarelado; brilho moderado; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade alta; dura ao corte; grã direita; textura grossa, aspecto fibroso; superfície moderada- mente áspera ao tato. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível a olho nu, paratraqueal em faixas largas. Raios: visíveis apenas sob lente topo e na face tangencial. Vasos: visíveis a olho nu, médios a grandes; poucos; porosidade difusa; solitários e múltiplos; obstruídos por tilos e substância amarelada. Camadas de cres- cimento: distintas, individualizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. Máculas medulares: freqüentes. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Durabilidade Natural: madeira de alta resistência à ação de fungos apodrecedores e moderada resistência ao ataque de cupins. Resistente à ação de cupins. Tratabilidade: madeira pouco permeável à soluções preservativas em tratamento sob pressão. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de bacuri é fácil de ser trabalhada tanto com ferramentas manuais como mecânicas, com bom polimento. Apresenta dificuldades para pregar. Secagem: A secagem ao ar livre é moderadamente difícil. A secagem deve ser lenta. Deve ser feita com prudência afim de evitar rachas e empenamentos. PROPRIEDADES FÍSICAS Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 830 kg/m 3 * / aparente a 12% de umidade (ρap, 12): 820 kg/m 3 ** / básica (ρbásica): 670 kg/m 3 ** Contração*: radial: 4,6 % / tangencial: 8,1 % / volumétrica: 13,4 % PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 96,8 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 109,3 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 100,5 Módulo de Elasticidade - madeira verde (MPa): 12 739 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 42,9 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 49,4 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 37,6 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 16 495 Coeficiente de influência de umidade (%): 3,6 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) - Trabalho Absorvido (J): 38,7 Cisalhamento – madeira verde (MPa): 10,1 Dureza Janka – madeira verde (N): 6 953 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 6,2 Fendilhamento – madeira verde (MPa): 0,8 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Pesada externa: dormentes, estacas, esteios e cruzetas. Pesada interna: vigas, caibros em estrutura de telhado. Assoalhos: tacos tábuas e parquetes. Leve em esquadrias: batentes, portas e janelas. Leve interna, decorativa: lambris, forros e painéis. Uso temporário: andaimes, pontaletes, fôrmas para concreto. OUTROS USOS Móveis decorativos de alta qualidade, folhas faqueadas decorativas, peças torneadas, tanoaria, utensílios domésticos, embalagens, caixas, embarcações: quilhas, convés, costados e cavernas. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989a. (**) Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997a. 36 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil CAMBARÁ - Qualea spp., Vochysiaceae. OUTROS NOMES POPULARES canela-mandioca, mandioqueira, mandioqueira-áspera, mandioqueira-escamosa, mandioqueira-vermelha, mandioqueira-lisa, madioqueiro. OCORRÊNCIA Brasil: Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso. Outros países: Guiana, Guiana Francesa, Suriname. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno pouco distintos pela cor, cerne bege- claro levemente rosado a avermelhado; brilho moderado; cheiro e gosto imperceptí- veis; densidade média; moderadamente dura ao corte; grã revessa; textura média (aspecto fibroso). Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível apenas sob lente, paratraqueal aliforme com aletas curtas, eventualmente confluente, podendo forma arranjos oblíquos. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial; poucos. Vasos: visíveis a olho nu, grandes; muito poucos a poucos; porosidade difusa; solitários e múltiplos; eventualmente obstruídos por substância branca. Camadas de crescimento: distintas, individualizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA A madeira de mandioqueira apresenta baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos. Apresenta resistência moderada ao ataque de cupins-de-madeira-seca. Esta madeira é considerada moderadamente susceptível ao ataque de térmitas e susceptível aos perfuradores marinhos. A madeira de mandioqueira deve ser moderadamente permeável às soluções preservantes quando submetida a tratamento sob pressão. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de mandioqueira é moderadamente dura ao corte, com ferramentas manuais ou mecânicas, devido à presença de sílica nas células do raio. Apresenta um bom acabamento, boa colagem e é fácil de tornear, porém com tendên- cia para apresentar superfície felpuda. Secagem: A madeira de mandioqueira seca bem ao ar livre, sem apresentar defeitos. A secagem artificial deve ser cuidadosa. Programa de secagem pode ser obtido em Jankowsky (1990). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 650kg/m 3 / básica (ρbásica): 540kg/m 3 Contração: radial: 4,5% / tangencial: 8,9% / volumétrica: 15,1% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 61,1 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 87,3 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 11 023 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 34,3 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 31,8 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 56,5 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 22,8 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 13 700 Coeficiente de influência de umidade (%): 3,7 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) - Trabalho Absorvido (J): 20,1 Cisalhamento - madeira verde (MPa): 7,8 Dureza Janka paralela – madeira verde (N): 3 864 Tração Normal às Fibras – madeira verde (MPa): 4,2 Fendilhamento - madeira verde (MPa): 0,6 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna, estrutural: ripas e partes secundárias de estruturas. Leve interna, utilidade geral: forros, guarnições, cordões e rodapés. Uso temporário: pontaletes, andaimes e fôrmas para concreto. OUTROS USOS Móveis estândar e partes internas de móveis, compensados, embalagens e paletes. OBSERVAÇÕES No Brasil, as madeiras de cambará ou mandioqueira pertencem aos gêneros Qualea e Ruizterania. Embora apresentem propriedades variadas, essas madeiras são comercializadas indistintamente como mandioqueira ou cambará. Nesta ficha são apre- sentadas informações para a espécie Ruizterania albiflora (Qualea albiflora). (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989a. 37 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil CEDRINHO - Erisma uncinatum Warm., Vochysiaceae. OUTROS NOMES POPULARES bruteiro, cambará, cambará-rosa, cachimbo-de-jabuti, cedrilho, jaboti, jaboti-da-terra- firme, quaruba-vermelha, quarubatinga, quarubarana, verga-de-jabuti. OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia. Outros países: Guiana. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno distintos pela cor, cerne castanho avermelhado; sem brilho; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade baixa; grã direita a revessa; textura média a grossa. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível a olho nu, em faixas largas e longas, tangenciando os vasos, e também em trechos curtos. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial, finos; poucos. Vasos: visíveis a olho nu, médios a grandes; muito poucos a poucos; porosidade difusa; solitários e múltiplos de dois a três; obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: indistintas. Floema incluso: presente nas faixas do parênquima. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Durabilidade Natural: a madeira de cedrinho apresenta baixa durabilidade ao ataque de organismos xilófagos (fungos e insetos). Tratabilidade: O cerne e o alburno são moderadamente fáceis de preservar em proces- sos sob pressão. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de cedrinho é fácil de aplainar, serrar e lixar, mas apresen- ta superfície de acabamento ruim (felpuda). Secagem: A secagem ao ar é fácil e sem a ocorrência significativa de defeitos. A seca- gem em estufa também é rápida, mas em condições muito drásticas podem ocorrer empenamentos, rachaduras e endurecimento superficial. Programa de secagem é sugeri- do por Jankowsky (1990). PROPRIEDADES FÍSICAS Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 590 kg/m 3 * / madeira verde (ρverde): 1 110 kg/m 3 ** / básica (ρbásica): 480 kg/m 3 ** Contração*: radial: 3,3 % / tangencial: 7,7 % / volumétrica: 12,5 % PROPRIEDADES MECÂNICAS Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 72,5 * Madeira a 15 % de umidade (MPa): 80,2 * Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 9 365* Módulo de Elasticidade madeira à 12% (MPa): 10 395** Compressão paralela às fibras * Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 33,7 * Madeira a 15 % de umidade (MPa): 42,2 Limite de Proporcionalidade – madeira verde (MPa): 24,0 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 12 101 Coeficiente de influência da umidade (%): 2,9 OUTRAS PROPRIEDADES MECÂNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) - Trabalho Absorvido (J): 21,5 Cisalhamento - madeira verde (MPa): 7,4 Dureza Janka - madeira verde (N): 3 844 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 4,2 Fendilhamento - madeira verde (MPa): 0,5 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve em esquadrias: portas, venezianas, caixilhos etc. Leve interna, estrutural: ripas, caibros etc. Leve interna, utilidade geral: lambris, painéis, molduras, guarnições, forros. Uso temporário: andaimes, fôrmas para concreto, pontaletes. OUTROS USOS Móveis estândar, partes internas de móveis, laminados, compensados, embalagens e caixas. OBSERVAÇÕES O cedrinho ou cambará – nome pelo qual foi introduzida em São Paulo – é a madeira que substi- tuiu o pinho-do-paraná. É empregada em acabamentos (forros, guarnições, tabeiras). Nos usos temporários é freqüentemente especificada, porém outras madeiras são fornecidas em seu lugar. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989a. (**) Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997a. 40 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil CURUPIXÁ - Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre, Sapotaceae. OUTROS NOMES POPULARES abiorana-mangabinha, abiu-guajará, bacumixá, crubixá, cubixá, curubixá, gogó-de- guariba, guajará, grubixá, grumixá, grumixava, pau-de-remo, rosadinho, salgueiro. OCORRÊNCIA Brasil: Pará, Amazonas, Rondônia, Maranhão Outros países: Guiana, Guiana Francesa, Suriname. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno indistintos pela cor, bege-rosado; brilho moderado; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade média; dura ao corte; grã ondulada a direita; textura fina. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: pouco contrastado, visível só sob lente, em finíssimas linhas, sinuosas, aproximadas. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial, finos. Vasos: visíveis apenas sob lente, pequenos a médios; poucos; porosidade difusa; solitários e múltiplos de 2 a 5; vazios. Camadas de crescimento: distintas, individualizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Durabilidade Natural: madeira moderadamente resistente à podridão-branca e muito resistente à podridão-parda. É susceptível ao ataque de cupins-de-madeira- seca. Cerne susceptível a ação de fungos manchadores. Tratabilidade: alburno moderadamente fácil de tratar. Características de Processamento Trabalhabilidade: A madeira de curupixá é fácil de ser trabalhada no torno e na broca, resultando em excelente acabamento. Secagem: A secagem é rápida ao ar, com tendência a arqueamento moderado e a rachaduras leves a moderadas. PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 12% de umidade (ρap, 12): 790 kg/m 3 / madeira verde (ρverde): 1 210 kg/m 3 / básica (ρbásica): 670 kg/m 3 Contração: radial: 4,7 % / tangencial: 9,7 % / volumétrica: 14,0 % PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – f Madeira verde (MPa): 78,8 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 12 749 Módulo de Elasticidade madeira à 12% (MPa): 13 925 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 40,5 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 64,9 Compressão perpendicular às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 6,5 Madeira à 12 % de umidade (MPa): 10,0 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Cisalhamento - madeira verde (MPa): 10,6 Cisalhamento - madeira a 12% (MPa): 14,4 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 6 325 Dureza Janka paralela - madeira a 12% (N): 9 983 Dureza Janka transversal - madeira verde (N): 5 707 Dureza Janka transversal - madeira a 12% (N): 7 649 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 3,9 Tração Normal às Fibras - madeira a 12% (MPa): 3,9 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve em esquadrias: portas, venezianas, caixilhos. Leve interna, decorativa: lambris, painéis e forros. Uso temporário: pontaletes, andaimes e fôrmas para concreto. OUTROS USOS Móveis decorativos de alta qualidade, artigos domésticos decorativos, brinquedos, lâminas decorativas, peças torneadas, molduras e guarnições internas. OBSERVAÇÕES Madeira com cor e aspecto geral semelhante ao mogno, por isto às vezes recebe o nome de “mogno-do-sul” ou “mogno-de-santa-catarina”. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997a. 41 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil EUCALIPTO-CITRIODORA – Eucalyptus citriodora Hook., Myrtaceae. OUTROS NOMES POPULARES eucalipto OCORRÊNCIA Brasil: Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Paraíba. Outros países: Austrália, Portugal, África do Sul, Zimbábue, Ruanda, Tanzânia, Malawi, Quênia, Tailândia, Indonésia, China. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno distintos pela cor, cerne pardo, alburno branco-amarelado; sem brilho; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade alta; dura ao corte; grã variável: direita, ondulada e revessa; textura fina a média. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível apenas sob lente, paratraqueal vasicêntrico e aliforme de aletas curtas. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial; finos; de poucos a numerosos. Vasos: visíveis a olho nu, pequenos a médios; poucos; porosidade difusa; arranjo radial e diagonal; solitários e múltiplos; obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: pouco distintas, quando presente individualizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. Canais axiais traumáticos: presentes em alguns espécimes. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Madeira suscetível à ação de xilófagos marinhos. Resistente ao apodrecimento. As informações sobre resistência ao ataque de cupins são contraditórias. O cerne é difícil de ser tratado, entretanto, o alburno é permeável. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: Madeira excelente para serraria, no entanto, requer o uso de técni- cas apropriadas de desdobro para minimizar os efeitos das tensões de crescimento. Apresenta boas características de aplainamento, lixamento, furação e acabamento. Secagem: Em geral, as madeiras de espécies de eucalipto são consideradas como difíceis de secar, podendo ocorrer defeitos como colapso, empenamentos e rachas. A secagem em estufa deve ser feita de acordo com programas suaves, combinando, por exemplo, baixas temperaturas com altas umidades relativas. É recomendável a seca- gem ao ar, ou o uso de pré-secador, antes da secagem em estufa. PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 1 040 kg/m 3 / básica (ρbásica): 867 kg/m 3 Contração: radial: 6,6 % / tangencial: 9,5 % / volumétrica: 19,4 % PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – f Madeira verde (MPa): 111,8 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 121,4 Limite de Proporcionalidade – madeira verde (MPa): 47,2 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 13 337 Compressão paralela às fibras ou Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 51,1 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 62,8 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 33,7 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 15 867 Coeficiente de influência de umidade (%): 4,7 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) - Trabalho Absorvido (J): 45,3 Cisalhamento - madeira verde (MPa): 16,3 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 8757 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 10,1 Fendilhamento - madeira verde (MPa): 1,2 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Pesada externa: postes, cruzetas, dormentes, mourões. Pesada interna: vigas e caibros. OUTROS USOS Móveis estândar, cabos de ferramentas, embarcações. OBSERVAÇÕES Madeira de reflorestamento. Os eucaliptos representam um grupo muito variado de madeiras, com densidades desde 500 kg/m 3 até 1000 kg/m 3 . A espécie de Eucalyptus citriodora é adequada ao uso em peças estruturais pelas suas características de resistência mecânica, durabilidade natural e menor tendência ao rachamento. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989a. 42 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil EUCALIPTO-GRANDIS - Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden., Myrtaceae. OUTROS NOMES POPULARES eucalipto OCORRÊNCIA Brasil: Espirito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia. Outros países: Zimbábue, Nigéria, Malawi, África do Sul, Quênia, Congo, Zaire, Nova Zelândia. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno distintos pela cor, cerne castanho- rosado-claro, alburno bege-rosado; pouco brilho; cheiro e gosto imperceptíveis; densi- dade baixa; macia ao corte; grã direita; textura fina a média. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: indistinto mesmo sob lente, paratraqueal vasicêntrico escasso. Raios: visíveis apenas sob lente no topo, finos. Vasos: visíveis a olho nu, pequenos a médios; poucos; porosidade difusa; arranjo diagonal; solitários; obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: distintas, individu- alizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Madeira considerada com moderada durabilidade aos fungos apodrecedores e cupins, e com baixa durabilidade aos fungos de podridão mole e cupins-de-solo (Nasutitermes sp.). O cerne é difícil de ser tratado, entretanto, o alburno é permeável. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: Madeira excelente para serraria, no entanto, requer o uso de técni- cas apropriadas de desdobro para minimizar os efeitos das tensões de crescimento. Apresenta boas características de aplainamento, lixamento, torneamento, furação e acabamento. Secagem: Em geral, as madeiras de espécies de eucalipto são consideradas como difíceis de secar, podendo ocorrer defeitos como colapso, empenamentos e rachas. A secagem em estufa deve ser feita de acordo com programas suaves, combinando, por exemplo, baixas temperaturas com altas umidades relativas. É recomendável a seca- gem ao ar, ou o uso de pré-secador, antes da secagem em estufa. Programa de seca- gem pode ser obtido em Silva (2001). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 500kg/m 3 / básica (ρbásica): 420kg/m 3 Contração: radial: 5,3% / tangencial: 8,7% / volumétrica: 15,7% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 53,8 Madeira a 15 de umidade (MPa): 75,6 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 9 689 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 26,3 Madeira a 15% de umidade (MPa): 42,1 Limite de Proporcionalidade – madeira verde (MPa): 19,7 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 11 572 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 2 687 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna, estrutural: ripas e partes secundárias de estruturas. Leve interna, utilidade geral: cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris. Uso temporário: pontaletes e andaimes. OUTROS USOS Móveis estândar e partes internas de móveis, laminados compensados, embalagens, paletes. OBSERVAÇÕES Madeira de reflorestamento. Os eucaliptos representam um grupo muito variado de madeiras, com densidades desde 500 kg/m 3 até 1000 kg/m 3 . A espécie de Eucalyptus grandis gerada em plantios destinados à produção de polpas celulósicas, tem se mostrado adequada aos diversos usos na cons- trução civil e na produção de móveis. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989b. 45 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil GOIABÃO - Pouteria pachycarpa Pires (sinônimo Planchonella pachycarpa Pires), Sapotaceae. OUTROS NOMES POPULARES abiu-casca-grossa, abiurana, abiurana-amarela, abiurana-goiaba OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia. Outros países: Bolívia. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno indistintos pela cor amarelo-pálido, brilho moderado; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade alta; moderadamente dura ao corte; grã direita; textura fina. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível a olho nu, em linhas finas, às vezes interrompidas, formando com os raios uma trama irregular. Raios: visíveis apenas sob lente, no topo e na face tangencial; finos; numerosos. Vasos: pequenos; numerosos; porosidade difusa; em arranjo diagonal; solitários e múltiplos em cadeias radiais; obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Madeira suscetível à ação de fungos e cupins. O cerne e o alburno são fáceis de preservar, em processo sob pressão, tanto com creosoto (preservativo oleossolúvel) como CCA (pre- servativo hidrossolúvel). CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de goiabão é fácil de ser processada, podendo receber bom acabamento. É fácil de tornear e furar. É moderadamente fácil de aplainar e lixar. Recomen- da-se furação prévia à colocação de pregos. Secagem: A secagem pode ser muito rápida em estufa, apresentando tendência a encanoamento, rachadura de topo e torcimento, em programas de secagem muito agressi- vos. Neste caso, recomenda-se uma secagem mais lenta para se evitar ou diminuir estes defeitos. Programas de secagem podem ser obtidos em IBAMA (1997a e 1997b). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 12% de umidade (ρap, 12): 930 kg/m 3 / madeira verde (ρverde): 1190 kg/m 3 / básica (ρbásica): 730 kg/m 3 Contração: radial: 6,2% / tangencial: 11,2% / volumétrica: 16,5% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 98,9 Madeira a 12% de umidade (MPa): 155,5 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 12 847 Módulo de Elasticidade madeira à 12% (MPa): 16 377 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 45,1 Madeira a 12% de umidade (MPa): 74,0 Compressão perpendicular às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 7,1 Madeira à 12 % de umidade (MPa): 11,6 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Cisalhamento - madeira verde (MPa): 10,0 Cisalhamento - madeira a 12% (MPa): 18,1 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 8 120 Dureza Janka paralela – madeira a 12% (N): 15 220 Dureza Janka transversal – madeira verde (N): 7 296 Dureza Janka transversal – madeira a 12% (N): 12 817 Tração Normal às Fibras – madeira verde (MPa): 4,5 Tração Normal às Fibras – madeira a 12% (MPa): 5,8 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Pesada interna: vigas e caibros. Assoalhos: tacos e parquetes. Leve em esquadrias: revestimento de portas. OUTROS USOS Móveis de alta qualidade: móveis decorativos, assento e encosto de bancos e cadeiras, lâminas decorativas, artigos domésticos, torneados. OBSERVAÇÕES Esta madeira apresenta resistência mecânica apropriada para uso estrutural e em pisos. No entanto, devido a sua baixa durabilidade natural, cuidados devem ser tomados para minimizar seu contato com fontes de umidade. Devido a sua cor amarelada as vezes é comercializada como se fosse garapa ou pau-marfim. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997a. 46 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil ITAÚBA - Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez., Lauraceae. OUTROS NOMES POPULARES itaúba-abacate, itaúba-amarela, itaúba-grande, itaúba-preta, itaúba-verdadeira, itaúba- vermelha, louro-itaúba. OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne amarelo-esverdeado, quando recém serrado, tornando-se castanho-esverdeado-escuro; cheiro agradável, levemente adocicado, e gosto imperceptível; densidade alta; grã ondulada ou revessa; textura média; superfí- cie irregularmente lustrosa. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: invisível mesmo sob lente, paratraqueal escasso. Raios: visíveis apenas sob lente topo e na face tangencial; finos; muito poucos a poucos. Vasos: visíveis apenas sob lente, pequenos a médios; poucos; porosidade difusa; solitários, múltiplos e em cadeias radiais; obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: indistintas ou eventualmente delimitadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA A madeira de itaúba é considerada de alta resistência ao ataque de organismos xilófagos (fungos apodrecedores, cupins e xilófagos marinhos). Em experimento realizado em ambi- ente marinho foi moderadamente atacada por organismos xilófagos. Apresenta baixa permeabilidade às soluções preservantes. Ensaios com soluções hidrossolúveis, aplicados sob pressão, demostraram que o alburno é difícil de tratar e o cerne é refratário. A madeira é difícil de preservar, apresentando retenção de preservativos oleossolúveis abaixo de 100 kg/m3. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de itaúba é moderadamente difícil de ser trabalhada, tanto com ferramentas manuais como com máquina, devido à presença de sílica; porém permite bom acabamento. Secagem: A secagem ao ar é lenta e difícil, porém sem causar alta incidência de defei- tos. A secagem artificial é reportada como lenta, com ocorrência acentuada de rachadu- ras e moderada de empenamentos. Não há indicação de programas específicos para a madeira de itaúba. PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 960kg/m 3 / básica (ρbásica): 800 kg/m 3 Contração: radial: 2,3% / tangencial: 6,7% / volumétrica: 12,1% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 115,4 Madeira a 15% de umidade (MPa): 126,5 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 14 504 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 50,7 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 57,7 Madeira a 15% de umidade (MPa): 68,4 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 42,7 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 16 387 Coeficiente de influência de umidade (%): 3,7 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) - Trabalho Absorvido (J): 17,1 Cisalhamento – madeira verde (MPa): 12,1 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 6 433 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 10,8 Fendilhamento - madeira verde (MPa): 1,3 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Pesada externa: estruturas de pontes, dormentes, postes, cruzetas, defensas. Pesada interna: vigas, caibros, tesouras. Assoalhos: tábuas e tacos. Leve em esquadrias: marcos de portas e janelas. OUTROS USOS Móveis estândar, partes internas de móveis, veículos e implementos agrícolas, peças torneadas, construção naval e embarcações. OBSERVAÇÕES Madeira com propriedades mecânicas e de durabilidade natural superiores às da peroba- rosa, substituindo-a com vantagens em diversos usos na construção civil. É especialmente indicada para usos com altos riscos de deterioração. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989a. 47 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil JACAREÚBA - Calophyllum brasiliense Cambess., Guttiferae. OUTROS NOMES POPULARES cachincamo, cedro-do-pantano, cedro-mangue, guanandi, guanandi-carvalho, guanandi- cedro, guanandi-piolho, guanandi-rosa, landi, landim, mangue, oladim. OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia, Centro Oeste, Sudeste e Sul. Outros países: América Central, Guianas até Bolívia e México. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno pouco distintos pela cor; cerne bege-rosado tendendo para castanho, em alguns espécimes observam-se pequenas manchas longitudi- nais de coloração castanha mais escura; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade média; moderadamente dura ao corte; grã irregular; textura média; superfície lustrosa. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível apenas sob lente, em faixas contínuas ou interrompidas, afastadas. Raios: visíveis apenas sob lente no topo e na face tangencial; finos; poucos. Vasos: visíveis a olho nu, médios; muito poucos a poucos; porosidade difusa; arranjo diagonal; solitários; obstruídos por tilos. Camadas de cresci- mento: indistintas. Máculas medulares: presentes em alguns espécimes. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Madeira susceptível ao ataque de perfuradores marinhos, mas moderadamente resistente aos térmitas. Moderadamente resistente aos organismos xilófagos. Boa resistência aos fungos de podridão parda e branca, não susceptível ao ataque de Lyctus e baixa a média resistência ao cupim subterrâneo (Reticulitermes santonensis). Alburno permeável à impregnação e cerne impermeável. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de jacareúba é relativamente fácil de ser trabalhada. Retém pregos e parafusos com firmeza e não apresenta grandes dificuldades na colagem. Fácil de serrar, ocasionalmente a presença de resina pode causar problemas. É boa para faquear e desenrolar. Pintura e envernizamento podem ser aplicados sem problemas. Secagem: A secagem ao ar livre deve ser cuidadosa, pois a madeira apresenta alta ten- dência ao surgimento de rachaduras e empenamentos. A secagem em estufa deve ser feita com precaução e somente para peças com pouca grã entrecruzada. Programa de secagem podem ser obtidos em CTFT/INPA (s.d.) e Jankowsky (1990). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 620 kg/m 3 / básica (ρbásica): 517 kg/m 3 Contração: radial: 5,6% / tangencial: 8,7% / volumétrica: 16,9% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 62,4 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 80,4 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 9 277 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 33,6 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 32,0 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 48,5 Limite de Proporcionalidade - madeira verde (MPa): 23,8 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 12 562 Coeficiente de influência de umidade (%): 3,0 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) - Trabalho Absorvido (J): 17,6 Cisalhamento - madeira verde (MPa): 9,1 Dureza Janka - madeira verde (N): 4 060 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 5,1 Fendilhamento - madeira verde (MPa): 0,6 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna, estrutural: ripas e partes secundárias de estruturas. OUTROS USOS Móveis de alta qualidade: revestimento (lâmina) de móveis decorativos, folhas faqueadas decorativas, barris de vinho, montantes de escadas singelas e extensíveis, embalagens. OBSERVAÇÕES A secagem desta madeira deve ser feita com cuidado devido aos riscos de surgimento de rachas e empenamentos. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989a. 50 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil PINUS-ELIOTE - Pinus elliottii Engelm., Pinaceae. OUTROS NOMES POPULARES pinus, pinheiro, pinheiro-americano. OCORRÊNCIA Brasil: Espécie introduzida nos estados de Espirito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo. Outros países: EUA CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno indistintos pela cor, branco-amarelado, brilho moderado; cheiro e gosto distintos e característicos (resina); densidade baixa; macia ao corte; grã direita; textura fina. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: invisível mesmo sob lente. Raios: visíveis apenas sob lente no topo, na face tangencial é invisível mesmo sob lente. Camadas de crescimento: distintas; transição brusca entre o lenho inicial e o tardio. Canais de resina: presentes; visíveis sob lente; em disposição axial e radial. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Observações feitas pelo IPT complementadas por ensaios de laboratório, permitem considerar esta madeira como susceptível ao ataque de fungos (emboloradores, manchadores e apodrecedores), cupins, brocas-de-madeira e perfuradores mari- nhos. O pinus-eliote é fácil de tratar. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de pinus-eliote é fácil de ser trabalhada. É fácil de desdobrar, aplainar, desenrolar, lixar, tornear, furar, fixar, colar e permite bom aca- bamento. Secagem: A madeira é fácil de secar. PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 15% de umidade (ρap, 15): 480 kg/m 3 / básica (ρbásica): 420 kg/m 3 Contração: radial: 3,4% / tangencial: 6,3% / volumétrica: 10,5% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 48,0 Madeira a 15% de umidade (MPa): 69,6 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 6 463 Limite de Proporcionalidade – madeira verde (MPa): 19,7 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 18,5 Madeira a 15% de umidade (MPa): 31,5 Limite de Proporcionalidade – madeira verde (MPa): 13,7 Módulo de Elasticidade – madeira verde (MPa): 8 846 Coeficiente de influência de umidade (%): 6,7 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Resistência ao impacto na Flexão - madeira a 15% (choque) – Trabalho Absorvido (J): 14,5 Cisalhamento - madeira verde (MPa): 5,8 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 1 932 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 3,0 Fendilhamento - madeira verde (MPa): 0,4 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna, utilidade geral: cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris Uso temporário: fôrmas para concreto, pontaletes e andaimes. OUTROS USOS Móveis estândar, partes internas de móveis, móveis torneados (para exportação), cabos para vassouras, palitos de fósforo, compensados, laminados, torneados, brinquedos, embalagens, paletes, bobinas, carretéis, pincéis etc. OBSERVAÇÕES Madeira de reflorestamento. As propriedades mecânicas de pinus são influenciadas acentuadamente pelas práticas de manejo florestal adotadas nos plantios. Portanto, deve-se precaver quanto a esta caracte- rística em usos estruturais. A madeira de pinus apresenta alta permeabilidade às soluções preservantes, podendo, quando devidamente tratada, ser empregada em usos de alta classe de risco de biodeterioração. (*) Resultados obtidos de acordo com a Norma ABNT MB26/53 (NBR 6230/85).Fonte: IPT, 1989b. 51 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil QUARUBA* - Vochysia spp., Vochysiaceae. OUTROS NOMES POPULARES guaruba, guaruba-cedro, quaruba-cedro, quaruba-goiaba, quaruba-verdadeira, quaruba-vermelha. OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia e Mata Atlântica. CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno pouco distintos pela cor, cerne rosado e alburno cinza-claro a cinza-rosado; brilho moderado ou ausente; cheiro e gosto imperceptí- veis; densidade baixa; macia ao corte; grã revessa; textura média a grossa. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: visível a olho nu, paratraqueal aliforme com extensões longas e estreitas unindo vários vasos. Raios: os mais largos são visíveis a olho nu no topo, na face tangencial visíveis apenas sob lente. Vasos: visíveis a olho nu, médios a grandes; poucos; porosidade difusa; solitários em maioria; alguns obstruídos por tilos. Camadas de crescimento: indistintas. Canais axiais traumáticos: presentes em alguns espécimes. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA A resistência da madeira ao apodrecimento varia conforme a espécie. Com relação ao ataque de cupins e fungos, geralmente as madeiras desse gênero são susceptíveis e são moderadamente resistentes ao ataque de cupins-de-madeira-seca. A espécie V. guianensis é considerada modera- damente resistente ao ataque de cupins, entretanto, pode apresentar uma baixa resistência ao ataque de perfuradores marinhos. O alburno pode ser susceptível ao ataque de brocas do gênero Lyctus. Em ensaio de campo, com a madeira em contato com o solo, a espécie V. guianensis foi considerada moderadamente durável, com vida útil entre dois e cinco anos, e a espécie V. maxima foi considerada não durável, com vida útil inferior a dois anos. O alburno é muito fácil de preservar com creosoto (oleossolúvel) e CCA-A (hidrossolúvel) aplicados sob pressão. O cerne de V. guianensis é resistente ao tratamento preservante. Em ensaio laboratorial realizado pelo IPT, em tratamento sob pressão, o alburno apresentou alta permeabilidade ao pentaclorofenol. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de quaruba é fácil de ser trabalhada tanto com ferramentas manuais como com máquinas. Alguns defeitos comuns são a superfície felpuda e fibras arranca- das. a colagem e a aplicação de tintas e vernizes não apresentam problemas. O polimento é bom. É fácil de aplainar, lixar, tornear e furar, podendo apresentar, entretanto, acabamento ruim. Secagem: A secagem ao ar é moderada, com tendência a empenamento e rachaduras. A secagem em estufa é rápida, mas pode agravar os defeitos se não for bem controlada. Peças espessas estão sujeitas a colapso. Programas de secagem podem ser obtidos em IBAMA (1997a); Jankowsky (1990). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 12% de umidade (ρap, 12): 600 kg/m 3 / madeira verde (ρverde): 1140 kg/m 3 / básica (ρbásica): 490 kg/m 3 Contração: radial: 4,0% / tangencial: 8,8% / volumétrica: 12,1% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 60,5 Madeira a 12% de umidade (MPa): 91,2 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 9 316 Módulo de Elasticidade madeira à 12% (MPa): 11 180 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 29,4 Madeira a 12% de umidade (MPa): 47,6 Compressão perpendicular às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 4,8 Madeira à 12 % de umidade (MPa): 5,7 OUTRAS PROPRIEDADES MECÃNICAS* Cisalhamento - madeira verde (MPa): 8,4 Cisalhamento - madeira a 12% (MPa): 10,0 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 4 335 Dureza Janka paralela – madeira a 12% (N): 5 492 Tração Normal às Fibras – madeira verde (MPa): 3,7 Tração Normal às Fibras – madeira a 12% (MPa): 3,4 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve interna, estrutural: ripas e partes secundárias de estruturas. Leve interna, utilidade geral: cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris. Uso temporário: fôrmas de concreto e pontaletes. OUTROS USOS Móveis estândar e partes internas de móveis, molduras, peças torneadas, embarcações, compensados, laminados, brinquedos, embalagens leves, palitos, bobinas e carretéis. OBSERVAÇÕES A madeira de quaruba pertence ao grupo de espécies do gênero Vochysia. Dentre essas espécies, pode-se mencionar Vochysia guianensis Aubl., V. maxima Ducke, V. obidensis (Huber) Ducke, V. eximia Ducke, V. floribunda Mart., V. melinoni Benkmann, V. ferruginea Mart., V. paraensis Ducke, V. surinamensis Stafl., V. vismaefolia Spruce ex Warm. Como essas madeiras são semelhantes nas suas características e no comércio têm o mesmo valor; nesta ficha são tratadas em conjunto, sendo mencionada a espécie, quando pertinente. Esta ficha contém informações para a espécie Vochysia maxima Ducke. A madeira de quaruba pela sua cor e peso, tem sido comercializada como cedro-real numa tentativa de substituição do cedro. (*) Informações para a espécie Vochysia maxima Ducke. Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997a. 52 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil TAUARI* - Couratari spp., Lecythidaceae. OUTROS NOMES POPULARES imbirema, tauari-amarelo, tauari-morrão, estopeiro. OCORRÊNCIA Brasil: Amazônia Outros países: Guiana, Guiana Francesa CARACTERÍSTICAS GERAIS Características sensoriais: cerne e alburno indistintos pela cor; branco-amarelado a bege-amarelado-claro; brilho moderado; cheiro variável de pouco perceptível a perceptí- vel, neste caso, desagradável, gosto levemente amargo; densidade média; macia ao corte; grã direita; textura média. Descrição anatômica macroscópica: parênquima axial: pouco visível a olho nu, em linhas finas, numerosas, aproximadas, regularmente espaçadas, formando com os raios um reticulado quase uniforme. Raios: pouco visíveis a olho nu no topo, na face tangencial é visível apenas sob lente. Vasos: visíveis a olho nu, médios; muito poucos; porosidade difusa; solitários e alguns múltiplos de 3 e 4; vazios. Camadas de crescimento: distintas, individualizadas por zonas fibrosas tangenciais mais escuras. DURABILIDADE NATURAL E TRATABILIDADE QUÍMICA Apresenta baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos (fungos e cupins). Algumas espécies apresentam tendência a manchar (mancha azul), ocasionada por fungos manchadores, devendo ser utilizadas secas e protegidas da umidade. Em ensaio de campo, com madeira em contato com o solo, esta madeira foi considerada como não durável, com vida inferior a dois anos. A madeira de tauari, em ensaios de laboratório, quando submetida a tratamento sob pres- são, demonstrou ser permeável às soluções preservantes. É muito fácil de ser tratada tanto com creosoto (oleossolúvel) como com CCA-A (hidrossolúvel), aplicados sob pressão. CARACTERÍSTICAS DE PROCESSAMENTO Trabalhabilidade: A madeira de tauari é moderadamente macia ao corte, apresentando um bom acabamento, apesar de às vezes a superfície ficar com aparência felpuda. Algumas espécies possuem sílica, o que contribui para desgastar as ferramentas. Secagem: A velocidade da secagem ao ar é moderada, com leve tendência ao empenamento e rachaduras superficiais. A secagem em estufa é rápida, sem defeitos significativos. Couratari guianensis pode apresentar problemas de secagem como rachadu- ras e torcimento moderados. Programas de secagem podem ser obtidos em CTFT/INPA (s.d.); IBAMA (1997a); Jankowsky (1990). PROPRIEDADES FÍSICAS* Densidade de massa (ρ): aparente a 12% de umidade (ρap, 12): 610 kg/m 3 / madeira verde (ρverde): 1 100 kg/m 3 / básica (ρbásica): 500 kg/m 3 Contração: radial: 4,2% / tangencial: 6,6% / volumétrica: 10,9% PROPRIEDADES MECÂNICAS* Flexão Resistência – fM Madeira verde (MPa): 57,8 Madeira a 12% de umidade (MPa): 88,8 Módulo de Elasticidade madeira verde (MPa): 9 316 Módulo de Elasticidade madeira à 12% (MPa): 10 591 Compressão paralela às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 27,2 Madeira a 15 % de umidade (MPa): 46,8 Compressão perpendicular às fibras Resistência – fc0 Madeira verde (MPa): 4,5 Madeira à 12% de umidade (MPa): 6,1 OUTRAS PROPRIEDADES MECÂNICAS* Cisalhamento - madeira verde (MPa): 6,8 Cisalhamento - madeira a 12% (MPa): 8,5 Dureza Janka paralela - madeira verde (N): 3 727 Dureza Janka paralela - madeira a 12% (N): 5 315 Tração Normal às Fibras - madeira verde (MPa): 3,2 Tração Normal às Fibras - madeira a 12% (MPa): 3,6 USOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leve em esquadrias: portas, janelas e venezianas. Leve interna, estrutural: ripas e partes secundárias de estruturas. Leve interna, utilidade geral: cordões, guarnições, rodapés, forros e lambris OUTROS USOS Móveis estândar, estruturas e partes internas de móveis, lâminas, compensados, embala- gens, peças encurvadas, cabos de vassoura, brinquedos, objetos de adorno, instrumentos musicais, lápis, palitos de fósforo, bobinas e carretéis. OBSERVAÇÕES O gênero Couratari é encontrado na Amazônia onde ocorrem, dentre outras, as espécies Couratari guianensis Aubl., C. oblongifolia Ducke et R. Knuth e C. stellata A. C. Sm. Como essas madeiras são semelhantes quanto à densidade de massa, caracteres anatômicos e cor, nesta ficha são tratadas em conjunto, sendo mencionada a espécie, quando pertinente. Informações desta ficha são para a espécie Couratari oblongifolia Ducke et R. Knuth. Madeira pode apresentar forte cheiro desagradável que tende a desaparecer com o tempo. (*) Informações para a espécie Couratari oblongifolia Ducke et R. Knuth. Resultados obtidos de acordo com a Norma COPANT. Fonte: IBAMA, 1997. 55 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil A despeito disso, no mercado não se especifica o teor de umidade médio, nem os valores máximo e mínimo recomendados para o local de aplicação das peças, o que pode resultar em mau desempenho das mesmas. A título de exemplo, na tabela 4 são apresentados valores de teor de umidade recomendados para algumas cida- des brasileiras. Outro cuidado a ser tomado refere-se à verificação do teor de umidade das peças do lote na inspeção de recebi- mento. É freqüente a má utilização dos medidores elétricos, em geral, relacionada ao uso de aparelhos não calibrados, posicionamento dos eletrodos em partes não representativas da peça e erro de leitura em função da escala emprega- da, que varia com a espécie de madeira. No tocante ao teor de umidade, recomenda-se: • especificar o teor de umidade médio e os valores mínimo e máximo, considerando o local de uso da madeira; • verificar o teor de umidade das peças do lote, por amostragem, empregando medidores elétricos (ensaio não destrutivo) de acordo com as instruções do fabricante, ou pelo método de perda de massa em estufa (ensaio destrutivo). Este último, apesar de ser mais preciso, requer equipamentos de laboratório e é bem mais demorado. TABELA 4 - TEOR DE UMIDADE DE EQUILÍBRIO DA MADEIRA NA BASE SECA EM FUNÇÃO DA UMIDADE RELATIVA E DA TEMPERATURA Cidade Umidade Temperatura* Teor de umidade relativa do (0C) de equilíbrio da ar* (%) madeira** (%) Aracaju 78,2 26,0 15,2 Belém 86,5 26,0 18,4 Belo Horizonte 76,5 21,1 14,9 Brasília 67,6 21,2 12,5 Cuiabá 73,1 25,6 13,7 Curitiba 80,2 16,5 16,2 Florianópolis 82,2 20,3 16,8 Fortaleza 80,2 26,6 15,8 Goiânia 65,7 23,2 12,0 João Pessoa 80,6 26,1 15,9 Macapá 82,8 26,6 16,8 Maceió 79,0 24,8 15,5 Cidade Umidade Temperatura* Teor de umidade relativa do (0C) de equilíbrio da ar* (%) madeira** (%) Manaus 83,1 26,7 16,9 Porto Alegre 76,0 19,5 14,8 Porto Velho 84,8 25,1 17,7 Recife 81,2 25,5 16,2 Rio Branco 83,8 24,9 17,3 Rio de Janeiro 79,1 23,7 15,6 Salvador 79,5 25,2 15,6 Santos 79,9 21,3 15,9 São Luiz 78,4 26,1 15,2 São Paulo 78,4 19,3 15,5 Teresina 77,5 26,5 14,9 Vitória 81,1 24,2 16,2 Fontes: * Instituto Nacional de Meteorologia - INEMET ** Calculado de acordo com ASTM D 4933-91 – Standard Guide for Moisture Conditioning of Wood and Wood-Base Materials. 56 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil 7.1.4 Defeitos naturais e de processamento A presença de defeitos naturais (nós e bolsas de resina, p. ex.) ou de processamento (empenamentos e rachas de secagem, p. ex.) afeta a qualidade e desempenho das peças de madeira serrada. Para adequar a qualidade das peças às necessidades dos consumidores, existem normas de classificação que distribuem as peças produzidas em classes de qualidade. Essa distribuição pode ser realizada de acordo com dois sistemas básicos de classificação, conforme segue: Classificação por defeitos: este sistema, que também é conhecido como classificação por aparência, é empre- gado largamente em madeiras de coníferas e em madeiras de folhosas (angiospermas-dicotiledôneas) classificadas para mercados especiais. A classificação por defeitos pressupõe que a peça de madeira será utilizada nas dimensões originais, portanto não sujeita a ser recortada em outras dimensões correspondentes àquelas requeridas pelo uso final. Nesse sistema é consi- derado o número, a importância e a distribuição dos defeitos que apareçam em uma ou ambas as faces da peça serrada. No Brasil, esse sistema é empregado na norma de classificação para a madeira serrada de pinho (Manual prático de normas reguladoras de qualidade das madeiras de pinho no mercado nacional, da ABPM), na NBR 11700 “Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento para uso geral” e na norma que está sendo elaborada pela ABNT para classificação de madeira serrada de eucalipto. Classificação por uso final proposto: este sistema engloba dois subgrupos de classificação de acordo com o uso final da madeira: Classificação para uso em estruturas, onde as propriedades mecânicas são decisivas e Classifi- cações específicas, onde as peças são fornecidas em dimensões exatas para usos bem definidos. A classificação para uso em estrutura pode ser feita pelo método visual ou pelo método mecânico. No primeiro caso, a classificação está baseada no fato que os defeitos afetam a resistência e a rigidez das peças de madeira. As regras de classificação especificam tolerâncias para os tipos de defeitos, seu tamanho, quantidade e posição, que devem ser comparados visualmente pelo classificador, peça por peça. Este tipo de classificação é empregado pela NBR 7190 “Projeto de Estruturas de Madeira”. Já na classificação mecânica, realizada automaticamente em máquinas informatizadas, o princípio de classifica- ção baseia-se na estreita correlação entre o módulo de ruptura na flexão e o módulo de elasticidade. Este sistema apresenta maior confiabilidade que o sistema visual e também alta produtividade. Embora ainda não disponível no Brasil, será incluído na NBR 7190. Apesar da série de vantagens de caráter industrial e comercial da padronização de medidas e de qualidade da madeira serrada, que beneficiam tanto os produtores quanto os consumidores, no Brasil as peças de madeira empre- gadas na construção civil são especificadas/comercializadas em dois extremos: • madeira não selecionada (bica corrida) que compreende todo o produto da tora exceto as peças inaproveitáveis. Esse sistema prejudica o produtor, pois peças sem defeito e que às vezes são utilizadas, em uso que poderia aceitar alguns defeitos, são comercializadas pelo mesmo preço de uma peça com defeitos; 57 Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil • madeira de primeira qualidade em que as peças praticamente são isentas de defeitos. Neste caso, pedaços significativos de madeira são desprezados na serraria, constituindo um sério problema de descarte e um evidente desperdício do recurso florestal. Por outro lado, o consumidor fica desprotegido pois não há uma definição do que seja madeira de primeira o que gera dúvidas no momento da inspeção de recebimento. Evidentemente que a situação descrita acima tem exceções. Por exemplo, há empresas produtoras de madeira serrada que ofertam seus produtos classificados em diversas classes de qualidade, como também há construtoras que especificam as madeiras em pelo menos duas classes de qualidade. 7.2 Madeira compensada O compensado é um painel composto de várias camadas de lâminas de madeira de pequena espessura coladas entre si por um adesivo. Cada camada ou lâmina é colocada de forma que a direção das suas fibras forme um ângulo de 90o com a da outra camada adjacente. Geralmente é composto de um número ímpar de lâminas. Ao controlar a espessura e a quantidade dessas lâminas, é possível obter painéis de diferentes espessuras. Porém, painéis de 3, 5 e 7 lâminas são os mais produzidos, cujas espessuras variam de 4 mm a 18 mm. De acordo com o local de utilização, o compensado pode ser classificado como: - Interior: compensado colado com adesivo do tipo interior, destinado à utilização em locais protegidos da ação d’água ou alta umidade relativa; - Intermediária: compensado colado com adesivo intermediário, destinado à utilização interna mas em ambiente de alta umidade relativa, podendo eventualmente receber a ação d’água; - Exterior: compensado colado com adesivo a prova d’água, destinado ao uso exterior ou em ambientes fechados onde são submetidos a repetidos umedecimentos e secagem ou ação d’água . O desconhecimento dessa classificação por parte dos usuários ou a sua não verificação no ato do recebimento dos compensados gera um dos principais problemas relatados pelos usuários, ou seja, a delaminação dos painéis. Neste aspecto é importante especificar o tipo de compensado mais adequado ao uso pretendido e verificar, pelo ensaio da resistência da colagem ao esforço de cisalhamento, a qualidade da colagem. Para os compensados de uso permanente ou para aqueles de uso temporário, porém que se pretende estender sua vida útil, e que serão empregados em usos em que a classe de risco à biodeterioração é alta, é necessário realizar o tratamento preservativo do compensado, visto que as madeiras utilizadas na sua produção são de baixa durabilidade natural. Os compensados são normatizados pela ABNT e as normas relacionadas a seguir constituem um bom material de apoio na qualificação do produto: - NBR 9484/86 Compensado - determinação do teor de umidade; - NBR 9485/86 Compensado – determinação da massa específica;
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved