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Guias e Dicas
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Os agricultores de várzea no médio solimões, Notas de estudo de Geografia

CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DE VIDA

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 14/01/2010

leonardo-sousa-17
leonardo-sousa-17 🇧🇷

4.5

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Baixe Os agricultores de várzea no médio solimões e outras Notas de estudo em PDF para Geografia, somente na Docsity! SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ DIRETORIA DE ENSINO SUPERIOR COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO LUNOS: LEONARDO SOUSA - 200883168 OS AGRICULTORES DE VÁRZEA NO MÉDIO SOLIMÕES: CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DE VIDA Delma Pessanha Neves: Antropóloga, professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense. Introdução: “Os dados aqui considerados visam construir modelo (e suas respectivas variantes) de práticas e formas de organização da vida social dos agricultores de várzea.” P.101 “neste artigo estarei considerando os desdobramentos de processos de integração social dos ribeirinhos, cujos resultados são, de certa forma, contraditórios” p.102 “neste artigo, estarei valorizando o campo de concorrências institucionais, cujos agentes estão diferencialmente posicionados.” “, “nesse sistema de posições, os ribeirinhos, isto é, aqueles motivados pelo desejo de serem reconhecidos como dotados de atributos positivos” P.104 “No entorno do médio rio Solimões, nos municípios pesquisados, o ciclo de alagações e vazantes/secas configura dois modelos de organização da vida social e produtiva. O das cheias, que ocorre entre março e junho/julho; e o da vazante/seca, entre agosto/setembro e fevereiro, com repiquete (curto período de subida das águas) esperado por volta de dezembro.” p.105 “E, para melhor compreender as reflexões que se seguem, insisto na advertência ao leitor: não perca de vista que estou destacando certos atributos da prática social de agricultores de várzea, no caso, reconhecidos politicamente pela categoria ribeirinha.” P.106 “Os agricultores de várzea não se auto-apelam como tal, salvo nos espaços de ação política” p.106 “para efeitos de compreensão das condições de vida, quero destacar que a análise não pode perder de vista que os agricultores de várzea reconhecidos ribeirinhos são agentes econômicos e políticos.” P.106 “O estudo estava orientado pelo levantamento de dados para caracterização sociopolítica de cada comunidade, e socioeconômica de grupos domésticos ali situados.” p.109 “A equipe deveria aprofundar a análise das condições de vida da população, conforme roteiros previamente estabelecidos pela coordenação geral da pesquisa” p.109 “incluímos na pesquisa algumas comunidades situadas em terra firme (termo que se contrapõe ao de várzea, por não ser a área atingida por alagações da bacia hidrográfica e se apresentar dotada de outras características físicas).” P.110 “Eles se consideram capazes de assegurar manejos e reproduções sob a referência da sustentabilidade.” P.115 “Os ribeirinhos e os representantes políticos delegados exaltam a convivência secular dos habitantes da Amazônia com agentes externos que por aí se integram, em nome de objetivos mercantis, missionários ou científicos.”p.115 “Limitar-me-ei a focalizar o modelo de intervenção dos representantes da Igreja Católica e das instituições estatais.” P.117 “Como foi visto, desde o período da colonização há uma complementaridade de papéis entre o Estado, a Igreja e os agentes econômicos mediadores da circulação de mercadorias” p.132 “Ao final do século XX, em face da expansão da presença institucional do Estado na sociedade brasileira, processo acompanhado pelo apoio ao crescimento das atividades extrativistas, as condições de vida da população residente nas margens dos rios foram atingidas no tocante às lógicas sociais, aos saberes acumulados e às alternativas até então valorizadas” p.132 “No contexto dessa diferenciação entre os agentes de enquadramento e a integração da população, emerge a categoria política ribeirinhos, dotada de maior visibilidade, em função de processos de intervenção nas formas de organização social e política, mas também pelas diferenças nas modalidades e intensidade das atividades mercantis” p.132 “Esse processo foi se ampliando à medida que os agricultores puderam se apropriar do motor de popa ou trocar canoas a remo, por rabetas e deslizadores, base fundamental para deslocar os homens e suas mercadorias.” P.132 “Os entrevistados pela equipe de pesquisa, de cujas informações este artigo se sustenta, destacam o estado de abandono por parte da instituição estatal. Enumeram problemas cujas causas são explicadas por essa desatenção” p.132 “analiso as condições de vida de agricultores de várzea, reconhecidos pelo modelo difundido como ribeirinhos, no contexto do médio rio Solimões” p 101 “Torna-se necessário reconhecer que o termo ribeirinho qualifica os moradores em margens de rios e lagos sujeitas a inundações. Essa categoria tem sido estudada por diversos autores como Sigaud et al.,” “1987, p. 214-290 e Faria et al., 2002. No entanto, a referência imediata ao termo tem levado, sob particularidade generalizante, à associação com os que se encontram na Amazônia, talvez pela pujança da mobilidade do volume das águas, mas também por todas as associações fantasmagóricas que são imputadas a essa região.” P. 1091 “Trata-se de policultores (agricultores principalmente, mas também complementarmente, pescadores e extratores de recursos da floresta) que gerem disposições específicas por operarem em ambiente de várzea, área situada nas margens de rios e lagos, sujeita a inundações periódicas (de maior ou menor intensidade)” p.101 “Circunscrevem o aproveitamento de áreas agricultáveis a cultivos de ciclo curto. No caso em apreço, a utilização agricultável abarca de cinco a seis meses, entre uma e outra alagação. Por essa relação com os recursos naturais, são portadores de saberes, técnicas, estratégias e alternativas, peculiares à convivência com tal forma de sazonalidade.” P.101 “Mas são também atingidos por efeitos deletérios de ações predatórias que provoquem estranhas interdependências ao equilíbrio do ecossistema.” P.101 “municípios de Tefé, Alvarães e Coari, no estado do Amazonas” p.101 “procurei compreender as configurações que fazem ressaltar especificidades de significados comportamentais, representações e práticas sociais, constituídas na relação com um habitat próprio, mas também com formas específicas de afiliação e enquadramento institucionais (Wirth, 1938, 1979)” p.102 “Tomado como perspectiva analítica, o estudo das condições de vida permite revelar como categorias sociais especí ficas vivenciam o mundo e, conseqüentemente, se comportam” p.102 “não há diversidade cultural, mas variações do mesmo padrão cultural.” P.102 “As reflexões em torno das variações nas condições de vida dos ribeirinhos...permite perceber ... “investimentos predatórios que colocam em xeque sua reprodução”... “permitem trazer ao conhecimento externo os investimentos institucionais voltados para a objetivaçãode processos de reenquadramento” p.102 “os ribeirinhos estão ameaçados no que tange à reprodução de lógicas e associações que lhes conferem um modo de vida próprio” p.102 “são estimulados à produção de meios de inclusão de recursos (materiais e imateriais), que também produzem mudanças Comportamentais” p.103 “O horizonte a ele atribuído é a oferta de subsídios que possam vir a complexificar as formulações de políticas públicas ou políticas de governo, tal qual a demanda das instituições patrocinadoras da pesquisa.” P.103 “é fundamental entender os investimentos políticos na conformação de padrões de comportamentos e atitudes, de ethos e visões de mundo, mais facilmente perceptíveis em cristalizações institucionais.” P.103 “produtores se apresentam como agentes sociais numa ou a partir de uma comunidade delimitada. Os significados atribuídos ao t ermo comunidade tornam-se impositivos ao entendimento das relações sociais em que estão integrados. P.103 “ O termo comunidade adquire múltiplos significados. Ora é amplamente inclusivo e se define pela mínima unidade territorial ou localidade; ora é unidade político-administrativa porque sede de prestação de serviços públicos e comunais (escola, capela, campo de futebol, motor de luz, casa comunitária, sede da associação de produtores)´p. 103 – 104. “é base para formulação de demanda e espaço público legitimado para os investimentos dos serviços municipais”, “corresponde a um grupo de lealdades primordiais, preferentemente com reconhecimento oficial, pelo registro da fundação da associação em cartório”, “Equivale então à unidade associativa, base de gestão de ações políticas” “estão abandonados pelos poderes públicos, condição para o encaminhamento de reivindicações que correspondam aos investimentos asseguradores de direitos sociais” “ribeirinhos é uma categoria mais política do que econômica, razão pela qual é alçada à remissão qualificadora de um modo de vida advogado como sui generis. Engloba os agricultores de várzea, reconhecidos por prática econômica que associa a subsistência e as interdependências mercantis.” P.104 – 105 “para efeitos de compreensão das condições de vida, quero destacar que a análise não pode perder de vista que os agricultores de várzea reconhecidos ribeirinhos são agentes econômicos e políticos.” Os ribeirinhos “São então diretamente atingidos por mudanças na ordem dos sistemas de articulação dos recursos naturais. E, por esta razão, engajam-se com maior ou menor intensidade na construção de formas de gestão do controle das ações predatórias que alteram as lógicas dos fenômenos naturais.” “ribeirinhos, nos termos aqui concebidos, é categoria socioeconômica de heterodesignação.”, “A categoria ribeirinhos é, por esses mesmos heterodesignados, aceita para efeitos de constituição desses poliprodutor como agente político.” P.106 Os ribeirinhos “Configura-se assim como categoria de significados distanciados daqueles inerentes aos modos de auto-identificação, cuja ênfase recai como já destaquei, sobre o morador na comunidade (unidade territorial politicamente constituída pelo ideário da Solidariedade e da redistribuição fraterna ou vicinal).” P.106 Os ribeirinhos “Trata-se de um poliprodutor expert na gestão de constrangimentos/alternativas ambientais e sociais. Está dotado de saber para gerir constrangimentos porque, aprendendo a geri-los, construiu sua relativa liberdade diante da natureza, elaborou meios de adaptação a esse ambiente ecológico, rompeu barreiras fundamentais, transformando assim essa terra, sucessivamente inundada, em seu habitat.” ”Entre esses poliprodutores, tudo clama à consciência naturalizada dos limites:” p.106 a) dos períodos de cultivo; b) dos riscos de, ampliando a produção, aumentar as perdas; c) do uso da força de trabalho manual dos membros da família e, por conseqüência, da necessidade de formação de ajuris ou mutirão; d) da distância entre a casa e o roçado; e) da inexistência e inadequação de uso de animal de tração para lhes facilitar o trabalho; f) do espaço da canoa e da potência do seu motor para deslocar mercadorias; g) da distância a ser percorrida e do alto custo do combustível; h) da abundância do mercado quando os produtores dispõem dos mesmos produtos mercantis, cuja necessidade de consumo deve ser imediata; “A amplitude dessa forma de exploração secundarizou outros modos de apropriação dos recursos naturais; e outros segmentos de trabalhadores autônomos, porque não se encontravam diretamente subjugados ao sistema seringa” p.118 “os patrões e os regatões, ora se complementando, ora se contrapondo, ora se superpondo, articulavam um universo social cujos contornos eles mesmos contribuíam de forma vigorosa para delimitar” p118 “Para os seringueiros, pelo sistema de barracão, os patrões asseguravam a reprodução imobilizada. Para os demais segmentos de produtores, espalhados pelas margens dos rios, os regatões constituíam as redes de interligação com o mundo circundante.” P.119 “O desenvolvimento da economia da borracha, sustentada inclusive pela incorporação de embarcações a vapor, facilitou a circulação de mercadorias e consolidou a existência, mesmo que rarefeita, de um campesinato autônomo e de apropriação marginal dos fatores de produção, no que tange à vinculação mercantil.” P.119 “Essa presença mais rarefeita, em grande parte, estimulara a descida (termo de uso local para se referir ao movimento no sentido da foz do rio) da população em busca da proximidade de centros comerciais.” P119 “os seringueiros, cantados e decantados pela bravura, pelo sofrimento e pela solidão, foram sendo repostos pelos ribeirinhos. Estes, agregados em torno de grupos domésticos, dedicados à agricultura sazonal, à pesca, à coleta de frutos, à caça e à derrubada da floresta, atendiam agora aos interesses dos madeireiros, além de suprirem os regatões especializados no comércio de peixes secos” p119 “à quase interrupção do extrativismo no seringal acentua o movimento de descida dos rios, também animados por notícias alvissareiras, que apontavam para investimentos estatais concentrados em núcleos de desenvolvimento.” P119 “ribeirinhos: categoria que, por essa perspectiva, abarcaria amplo segmento de ex-seringueiros (e seus descendentes). Nesse contexto, migraram das colocações (unidades individuais de extração integradas ao sistema produtivo do seringal), tanto para atividades de subsistência e mercantis, sob a condição de produtores agrícolas nas beiras ou nos beiradões (margens dos rios), quanto para a residência na periferia das cidades, sob a condição de assalariados” p119 “grande enchente de 1975 seguiram-se outras inundações extravagantes, eliminando praticamente as condições de reprodução material.” P.120 “Essa versão é decisiva para a mobilização e legitimidade das ações dos missionários e catequistas na adesão dos princípios pedagógicos do Movimento de Edu- cação de Base – MEB que foi implantado na década de 1960.” P120 “Trabalho nos regatões ou nas equipes de recreios, tanto para homens quanto para mulheres jovens, isto é, de idade entre 18 e 30 anos ...” Esse engajamento qualifica então um “novo” e diferenciado ser social, capaz de elaborar desnaturalizações pela contraposição a modos de vida semelhantes e diversos. E, por tal distinção social, embora constituídos na posição através das funções de carregadores, cozinheiros ou serviçais em barcos recreios ou comerciais dos regatões, lançando-se eles próprios ao trabalho de mediadores culturais para a inclusão dos demais ribeirinhos” p.121 “Assim, o registro da ruptura da relativa autarcização dos seringais, da libertação também relativa do aviamento e da busca de referências externas pelos ex- seringueiros destaca o declínio da população e sua dispersão, até que ela reapareça vinculada ao cultivo da juta e/ou malva, também desenvolvido por iniciativa governamental, mas mediada por regatões .... “recebeu incremento a partir da década de 1940, tendo em vista a constituição de mercados para beneficiamento de matéria-prima para confecção de sacaria, embalagens de produtos agrícolas, telas, cordas e fundo de tapetes ..” P.121 “Todavia, a configuração de um espaço socioeconômico, do ponto de vista de muitos dos entrevistados, deve-se aos investimentos para implantação e expansão do sistema católico de articulação das populações.” P.121 Os ribeirinhos, as desobrigas e a vida em comunidade : As desobrigas representavam atos de mobilização para ampliar as adesões, mas também momentos de escuta e tomada de conhecimento das condições de vida dos que estavam afastados das sedes dos municípios “ p124 “Da realização da desobriga e da valorização da devoção doméstica, o método missionário passou a preconizar a promoção social e evangélica.” P.125 “A partir do século XVII, os investimentos intermediários postos em prática por diversas ordens religiosas marcaram o tom do caráter da colonização portuguesa, atrelada às ações mais consistentes de reconversão de grupos indígenas.” P.122 “padre Samuel Fritz, que fundou várias missões ao longo do rio Solimões e a quem se atribui a fundação de Tefé, sob esse mesmo prisma de integração legitimada por ação catequética” p.122 “De 1948 a 1981, o bispo da prelazia de Tefé criou paróquias em Carauari, Alvarães, Foz do Jutaí, Itamarati, Uarini, Caitaú, Maraã e Fonte Boa. Data também deste contexto a abertura da Escola Normal Rural e do Ginásio Espírito Santo, instituições responsáveis pela formação dos quadros da administração municipal.” 122. “As ações em parceria entre a Igreja Católica e o Estado, para a constituição do sistema de poder econômico e político, alcançaram longevidade” p.123 “As edificações das instituições são relativamente suntuosas, pois até hoje se destacam no conjunto arquitetônico da cidade. P.123 “as irmãs também foram responsáveis pelos primeiros cuidados em termos de serviço de saúde” p.123 “representantes das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, voltadas para a educação das moças destinadas às tarefas domésticas e aos primeiros atendimentos médicos” p.123 “Do seminário, diversos padres aí formados, deram continuidade à obra de catequese. A ele também se integravam os filhos das famílias dotadas de melhores recursos financeiros, tendo esse modelo pedagógico sido responsável pela formação da elite dirigente local.” P.123 “A Prelazia contava ainda com trabalho de irmãos, que se dedicavam à formação de artesãos e profissionais da carpintaria, marcenaria etc.” p.123 “A importância da Igreja Católica na construção do sistema de poder em que se fundou o processo de colonização, também perenizou suas marcas nos mais importantes edifícios, até hoje erguidos” p123 “As ações em parceria entre a Igreja Católica e o Estado, para a constituição do sistema de poder econômico e político, alcançaram longevidade. Excetuam-se os momentos de pressão de outras associações religiosas e corporativas, por ocasião da proclamação da república, quando, por exemplo, representantes dos interesses da Maçonaria”p.123 “O principal investimento catequético da Igreja Católica em relação à população que fixara residência nas margens dos rios e lagos fundamentava-se no modelo das desobrigas, trabalho missionário difundido em viagens anuais de sacerdotes e catequistas, mediante canoas a remo.” P.124 “Por intermédio de doações vindas de organizações religiosas interna cionais, o bispo da Prelazia de Tefé construiu o Hospital”... “Os bispos das Prelazias de Tefé e Coari se anteciparam à ação do Mobral, na instalação de estações de Rádio Rural, por meio das quais ministravam aulas radiofônicas” p.124 “Nessas passagens, os agentes eclesiásticos reafirmavam o sistema de crenças, a afiliação dos catequizados pela participação em rituais de comunhão e batismo, e reproduziam o sistema de recrutamento de alunos, alguns deles para formação de padres e irmãs” p124 “A reivindicação da presença de serviços advindos do Estado, num contexto de redefinição do papel da instituição, a partir do golpe militar, permitiu que no município de Tefé se instalasse a Associação de Crédito e Assistência Rural - Acar, em 1970, tempos depois substituída pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater – e, mais adiante, pelo Instituto de Desenvolvimento da Amazônia – Idam. Naquele contexto, a Acar definia-se como instituição parceira no processo de difusão de novos saberes e de adesão a visões de mundo consideradas sob o prisma da abertura de universo” p.125 “A presença de todas essas instituições provocou deslocamentos em termos de hegemonia de projetos de integração da população” .... “abraçaram ou construíram a causa dos ribeirinhos e lhes deram visibilidade política” .p.125 “O trabalho missionário foi transferido para os agentes pastorais e expandido para e pela constituição de aglomerados fixados às margens dos rios e la- gos, desde então reconhecidos como comunidades” p125 “os ribeirinhos eram exaltados pelas carências, mas também pela potencialidade dos homens na ação transformadora da sociedade” p.125 “Também por influência dos agentes eclesiásticos foi constituído em Tefé, em 1974, o Projeto Agrovila, destinado a famílias ribeirinhas vitimadas pelas sucessivas enchentes daquela década. Alguns agricultores foram então orientados para o desenvolvimento de culturas perenes e criação de animais de pequeno porte. Deslocando-se para a terra firme, mantiveram-se referenciados a um modo de vida organizado pelo ideário do contrato entre os comuns, retificado na idéia de comunidade ou vida comunitária” p.126 “1ª Assembléia Rural, realizada em 1988, momento a partir do qual os agentes missionários vinculados à Igreja Católica, em Tefé, abraçaram a causa preservacionista, isto é, a defesa da reprodução da pesca como meio de vida dos reconhecidos ribeirinhos” p.126 “O entrosamento e o interesse de todos os participantes nos trabalhos, nas equipes, plenários e celebrações, demonstraram que as comunidades estão: - lutando de verdade, para se libertarem de todas as formas de escravidão; - esforçando-se para ser Igreja Nova, mais unida e mais fraterna; - trabalhando para construir o Reino de Deus na fé, na união, no amor e na justiça. O tema da Assembléia foi: A IGREJA QUE SOMOS. A partir desse tema, foram propostas várias perguntas que deveriam continuar sendo discutidas e aprofundadas nas reuniões: Ajuris e Celebrações das Comunidades, por vários motivos: a) Para que a Assembléia não ficasse esquecida; b) Para que mais pessoas entrassem de imediato nessa caminhada da Igreja; c) Para que essa caminhada se tornasse mais clara, mais participativa e por isso, mais leve; d) Para que, conscientes da IGREJA QUE SOMOS, através do trabalho de todos, possamos construir um mundo mais justo e fraterno” (Schaekem, 1997, p. 66- 71). Evangelização e preservação ambiental “As formas de organização política dos ribeirinhos diante da luta pela preservação de lagos guardam aproximação com os modelos de agregação oferecidos como referência pela intervenção da Igreja Católica, por meio de suas instituições paralelas” p.128 “As condições de construção do problema ambiental (capitaneadas pela ação missionária) decorreram de um contexto político de mudança no processo extrativista e de captura, intensificado diante de novos recursos tecnológicos e, por isso mesmo, realizado em condições que excedem as possibilidades de reprodução dos homens e dos animais” p.128 “Sob essa base organizativa, os problemas e denúncias dos ribeirinhos (cristãos) foram transformados em questões políticas encaminhadas para reconhecimento pelos titulares do poder municipal e estadual (local).” P.128 ““Evangelizar é colocar-se a serviço da vida. ‘Que todos tenham vida e a tenham em abundância’. A pastoral rural destaca que o relacionamento com a natureza é uma dimensão da existência humana iluminada pelo Evangelho. Preservar o meio ambiente é condição essencial para preservar a própria vida humana” (Regis, 2001, p.56). p.128 “Preservar o meio ambiente é condição essencial para preservar a própria vida humana”p.128 “Segundo a memória dos entrevistados, eles acederam ao convite, por vezes insistente, dos representantes do MEB e da Prelazia, para que se agregassem e se unissem, de modo a se tornarem beneficiários de recursos de destinação comum, especialmente da escola” p.128 “Questão do controle dos lagos ter emergido há aproximadamente 30 anos, ela ainda não obteve um reconhecimento que lhe assegurasse autonomia nas práticas de interferência na elaboração de políticas públicas” precárias associações locais não permitem a formulação de modelos de gestão ambiental, não asseguram a diversificação das atividades econômicas e manejo de sistemas extrativistas, segundo a preservação de espécies.”p.130 Grupo de Preservação e Desenvolvimento – GPD “Recebe apoio financeiro do Provárzea, tendo em vista a adoção de sistemas inovadores de manejo dos recursos naturais da várzea que sejam econômica, social e ambientalmente sustentáveis”p.131 “Diante dos limites impostos à apropriação dos recursos de subsistência, os munícipes são obrigatoriamente convidados a aderir a outras formas de parcerias institucionais, sob vários planos do poder público, mas fundamentadas na universalização dos problemas sociais dos brasileiros carentes” p.130 “O enquadramento desse beneficiário (reconhecido seletivamente pela injustiça social) pode ocorrer tão mais facilmente quanto melhor ele estiver situado no campo de concorrência pelo reconhecimento da carência; e se estiver sob a visibilidade da concentração urbana” p.130 “Os beneficiários devem se colocar sob estado de disponibilidade para assim, de fato, usufruírem dos recursos escassos e transferidos sob recorrente atraso ou previsão duvidosa” p.131 “Os beneficiários devem se colocar sob estado de disponibilidade para assim, de fato, usufruírem dos recursos escassos e transferidos sob recorrente atraso ou previsão duvidosa” p.13 Os investimentos institucionais do Estado no enquadramento da população “Essas relações de convivência e concorrência no campo institucional do enquadramento da população, por vezes são mais harmônicas, por vezes mais tensas” p.132 “Mas essa ausência é conformadora da construção das demandas políticas e das projeções em torno do alcance de melhoria de condições de vida. A perspectiva projetada para essa melhoria se articula, tal qual o modelo difundido pela instituição estatal, aos projetos de caráter desenvolvimentista, que fixavam pólos de suposta irradiação de formas de integração econômica” p132 “os projetos desenvolvimentistas que desse campo político emergem são elaborados às avessas, isto é, pela denúncia-ressentimento do abandono ou da injustiça, mas referenciados aos mesmos princípios de legitimidade da ação estatal ou ao mesmo modelo de integração econômica e política” p133 “O processo mais visível de recente intervenção estatal na região foi organizado no final da década de 1970 e primeira metade da década de 1980. Constituiu-se basicamente da presença de instituições como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra –; Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater – ou Instituto de Desenvolvimento da Amazônia –Idam –, e também pelo Instituto de Terras da Amazônia – Iteram –; de programas como o Polamazônia, redefinidores de pólos de irradiação de mudanças, principalmente produtivas, inclusive de empresas agroindustriais, para estimular a expansão mercantil da produção agrícola e extrativista” p. 134 e 135 Municipalização e descentralização administrativa os atrativos institucionais na cidade “O processo de descentralização administrativa colocado em prática pelo governo federal tem emprestado dinamismo relativo aos municípios em questão38 . Funda-se na transferência de competências, de autoridade e do poder decisório de instâncias agregadas para unidades federativas dispersas. Em alguns casos, confere capacidade de decisão e autonomia de gestão para representantes de unidades de menor amplitude, na escala do governo municipal. Essa transferência de gestão pressupõe não só a mudança da escala de poder e de capacidade de escolhas, como também de definições de prioridades, diretrizes de ação e gestão de programas e projetos” p.136 “Em certas situações, as formas de objetivação dessa modalidade de descentralização das ações do Estado estão, na prática, distorcidas, pois os titulares da gestão municipal não estão preparados para ocupar o externamente atribuído papel de promotor do desenvolvimento local e para a construção de novas condições socioeconômicas e institucionais” p.137 “Quase sempre os administradores municipais não estão dotados do saber e da tradição para aplicar instrumentos de planejamento e de redistribuição universal orientada pela cidadania como valor. Além disso, estão também distanciados ou até expropriados do conhecimento e controle sobre os princípios de formatação da base técnica, construída em outros campos de saber e poder” p137 Os agricultores de várzea: gestão de constrangimentos e de alternativas econômicas e ambientais “entre os diversos motivos da migração, a impossibilidade de continuar aquele modo de vida, pelas debilidades físicas, para assumir atividades que assegurassem o acesso aos alimentos” p.143 “Argumentavam então que mesmo tendo dinheiro advindo da aposentadoria, passavam fome por não terem onde adquirir os alimentos.” P.143 “
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