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Instrumentação em eletromiografia, Trabalhos de Fisioterapia

Alô Pessoal, Esse material é muito bom pra quem pensa em trabalhar com eletromiografia mas ainda precisa de uma base teórica. Ele esclare alguns dos pontos básicos da técnica. Espero que aproveitem... Abraço!!!

Tipologia: Trabalhos

Antes de 2010

Compartilhado em 10/12/2009

luis-paulo-nogueira-7
luis-paulo-nogueira-7 🇧🇷

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Baixe Instrumentação em eletromiografia e outras Trabalhos em PDF para Fisioterapia, somente na Docsity! Instrumentação em Eletromiografia Paulo Henrique Marchetti & Marcos Duarte Laboratório de Biofísica, Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo. Av. Prof. Mello de Moraes, 65, 05508-030, São Paulo/SP Resumo A eletromiografia é uma ferramenta importante na análise clínica da marcha e bastante utilizada para revelar informações relacionadas ao estado de ativação do músculo Este capítulo tem como objetivo revisar conceitos relevantes à instrumentação e utilização da eletromiografia como ferramenta para a análise da marcha. De forma didática, o dividimos em duas sessões distintas: aquisição do sinal eletromiográfico e análise do sinal eletromiográfico. Introduzimos ainda, sessões informativas a respeito da padronização sobre instrumentação, tipos de eletromiógrafos e sites de pesquisa. Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 2 1 ELE 11 111 1.1.2 113 114 1.1.5 1.2 1.2.1 1.2.1.1 Retificação... 1 1 1.2.1.4 - Integração 1.2.2 1.2.3 1.2.3.1 Transformada Rápida de Fourier e Densidade Espectral de Energi: RECOMENDAÇÕES DO ISEK... SITES DE PESQUISA NA INTERNET ..... REF Sumário TROMIOGRAFIA ... AQUISIÇÃO DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO Amplificador Filtros... Conversor Analógico/Di ANÁLISE DO SINAL ELETROMIOGRÁFICO Análise no domínio do tempo . 2 Envoltório Linear... 3 Root mean square Normalização . Análise no domínio de fregiiências ERÊNCIAS .... Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 5 devendo ser colocado próximo o bastante do músculo para que este possa captar sua corrente iônica. A área da interface eletrodo-tecido é chamada de superfície de detecção, comportando-se como um filtro passa-baixa cujas características dependem do tipo de eletrodo e do eletrólito utilizado (DE LUCA, 1997). Existem diversos tipos de eletrodos, delineados para diferentes tipos de aquisição, tarefa, natureza da pesquisa e músculo específico. Em se tratando de músculos profundos ou pequenos, utilizam-se eletrodos de fio ou de agulha, pois esses possuem pequena área de detecção e são limitados nos estudos de unidades motoras. Para análise das unidades motoras, utilizam-se eletrodos de agulha, pois possuem menor área de detecção, embora sejam críticos em atividades de contração forçada ou por influência considerável de dor (DE LUCA, 1997). Muitos outros tipos de eletrodos têm sido confeccionados para diferentes propostas, como eletrodos de “malha” (array), utilizados para aquisição das características de propagação dos potenciais de ação das fibras musculares. Entretanto, neste texto serão enfatizados apenas os eletrodos superficiais, por sua aplicabilidade ao contexto em questão. Os eletrodos superficiais são aderidos à pele, constituindo uma superfície de detecção que capta a corrente na pele através da interface pele-eletrodo. São geralmente compostos por um sistema Ag-AgCL associado a um gel condutor (eletrólito). Contudo, qualquer combinação metal/gel que permita reação eletrolítica pode servir (DE LUCA, 1997). O SENIAM (HERMENS et al., 2000) recomenda a utilização de eletrodos Ag/AgCL associado a um gel condutor, que promove uma transição estável com relativo baixo ruído, possuindo, desta forma, um comportamento estável em função do tempo (reações químicas em sua interface com a pele). O sinal EMG pode ser adquirido, não necessariamente por um simples eletrodo, mas pode resultar de uma combinação dos sinais advindos de vários detectores, podendo, deste modo, ser classificado como monopolar, bipolar e sistema multipolar (DUCHENE e GOUBEL, 1993) (FIGURA 1). A configuração monopolar é grandemente utilizada quando se adquire um sinal simples e associada a este, se faz necessária a utilização de um eletrodo de referência, longe o bastante do eletrodo ativo para evitar perturbações no campo elétrico das vizinhanças do local de aquisição. A razão sinal/ruído torna-se pobre e a seletividade dramaticamente diminuída, portanto possuem sérias implicações, principalmente em mensurações de Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 6 velocidade de propagação. Este tipo de configuração monopolar é frequentemente utilizado em análises gerais do sinal EMG, quando o objetivo é comparar a morfologia interna e sinais externos ou mesmo, quando o músculo é muito pequeno ou estreito para configurações bipolares (DUCHENE e GOUBEL, 1993). Eletrodos com configuração bipolar são os mais utilizados em estudos que envolvem exercícios de contração voluntária, ou sob condições de estimulação elétrica. O principal interesse em tal configuração está relacionado aos benefícios de uma alta taxa de rejeição de modo comum, para um moderno sistema de amplificação diferencial. A detecção diferencial é empregada para eliminar potencialmente grandes ruídos das linhas de força, sendo sua premissa simples. O sinal é detectado em dois locais, onde a circuitaria eletrônica subtrai e então amplifica sua diferença. Como resultado, qualquer sinal que é comum a ambos os locais de detecção será removido, e os sinais que são diferentes nos dois locais serão amplificados (DE LUCA, 1997). Normalmente são utilizados eletrodos superficiais passivos, isto é, que não possuem amplificação no próprio eletrodo. Este tipo de eletrodo apenas detecta o sinal EMG e o envia ao condicionador (amplificador associado ao filtro analógico). Entretanto, em atividades dinâmicas, onde se adiciona o ruído advindo do movimento dos cabos, faz-se interessante o uso de eletrodos ativos, que realizam a amplificação do sinal detectado antes de ser enviado ao condicionador. Esses eletrodos possuem um pré-amplificador diferencial que subtrai e amplifica o sinal EMG, tornando, desta forma, o movimento dos cabos menos significativo. A geometria do eletrodo é um outro aspecto crítico do aparato eletrônico utilizado na obtenção do sinal EMG. Dois pontos principais devem ser considerados quanto à escolha do eletrodo, sendo a primeira relacionada à distância entre as superfícies de detecção. Esta distância inter-eletrodos é definida como a distância de centro a centro entre as áreas condutivas dos mesmos, afetando o comprimento de banda das frequências e a amplitude do sinal EMG. Uma pequena distância altera o comprimento de banda para altas frequências e diminui a amplitude do sinal EMG. Por esta razão, a distância pode ser fixada para comparações quantitativas entre aquisições feitas dentro ou entre músculos. Preferivelmente, a superfície de detecção pode ser montada em uma plataforma fixa, não sendo necessário separar as superfícies de detecção por grandes espaços (DELSYS, 2006). A recomendação da distância entre Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 7 eletrodos proposta pelo SENIAM (HERMENS et aí., 2000) é de 20 mm (de centro a centro). O segundo ponto a ser considerado é o tamanho e a forma das superfícies de detecção. Quanto maior o tamanho da superfície de detecção, maior a amplitude do sinal EMG detectado e menor o ruído elétrico que será gerado na interface entre a pele e a superfície de detecção, entretanto, este deve ser pequeno o bastante para evitar o cross-talk de outros músculos (DELSYS, 2006; HERMENS et al., 2000). Em se tratando da qualidade de aquisição do sinal EMG por parte dos eletrodos, faz-se necessário minimizar a influência da impedância pele/eletrodo. Deste modo, certos cuidados devem ser tomados, tais como limpeza da pele, remoção dos pêlos e leve abrasão para remoção de células mortas (WINTER, 1990; HERMENS et al., 2000). O local e posicionamento dos eletrodos podem ter grande interferência na qualidade do sinal EMG. Portanto, se faz relevante a discussão de tais aspectos, considerados fundamentais: e Localização do eletrodo com relação ao ponto motor. Define-se ponto motor como o local no músculo onde a introdução de mínima corrente elétrica causa um perceptível estímulo nas fibras musculares superficiais. Este ponto, usualmente, mas não sempre, corresponde a parte da zona de inervação em um músculo possuindo grande densidade neural, dependendo da anisotropia do músculo nesta região. Sob o ponto de vista da estabilidade do sinal EMG, um ponto motor fornece um péssimo local para a detecção do sinal EMG (para eletrodos diferenciais), pois nesta região os potencias de ação viajam em ambas as direções, assim, as fases positivas e negativas dos potencias de ação podem ser subtraídos, cancelando-se. O SENIAM (HERMENS et al., 2000) propõe que o eletrodo seja colocado entre o ponto motor e o tendão distal do músculo avaliado. e Formas de Interferência do sinal EMG. Existem três formas principais de interferência do sinal EMG, que estão relacionadas ao batimento cardíaco, aquisição do sinal EMG de músculos vizinhos (cross-talk) e artefatos eletromecânicos (movimentos do equipamento/cabo e influência da rede elétrica). e Direção do eletrodo em relação às fibras musculares. Como o potencial de ação possui trajetória no mesmo sentido das fibras musculares, o eletrodo Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 10 FIGURA 2. Exemplo de sinal EMG com um boa razão sinal/ruído (acima), e com um sinal EMG ruidoso com baixa razão sinal/ruído (abaixo). O ganho caracteriza-se pela quantidade de amplificação aplicada ao sinal EMG. Todos os amplificadores possuem limites em sua variação de frequências. A região de frequências de trabalho é denominada de largura de banda do amplificador, portanto, os sinais EMG dentro desse intervalo de frequências são adquiridos, enquanto que outras frequências são suprimidas ou eliminadas. Em movimentos rápidos, por exemplo, pode ser necessário aumentar as frequências de corte, porque os artefatos do movimento podem conter componentes de alta frequência. Isto pode ser feito sem eliminar o sinal EMG útil, desde que com frequências menores que 20 Hz, pois tendem a ser instáveis ou oscilarem. O limite superior pode ser ajustado em valores ligeiramente acima do sinal desejado. O menor valor deste ajuste geralmente é 400-500 Hz para eletrodos superficiais (DELSYS, 2006). A mensuração da habilidade de um amplificador diferencial em eliminar o sinal de modo comum chama-se taxa de rejeição de modo comum (common mode rejection ratio, CMRR). O sinal de modo comum é aquele detectado em ambos os eletrodos, tais como interferências da rede elétrica, músculos distantes ou batimentos cardíacos, considerados ruídos. Quanto mais alta a CMRR, melhor o cancelamento do sinal de modo comum. Um CMRR de 32.000 vezes ou 90 decibéis! (dB) é geralmente suficiente para suprimir ruídos elétricos (DELSYS, 2006). Pelo corpo possuir alta condutância devido às concentrações de íons movendo-se livremente, os tecidos causam uma variação da resistência de 100 a 1000 Q, e podem ser consideradas fontes de impedância. O input bias current é a mínima corrente constante requerida para manter o amplificador ativo, e qualquer corrente do sinal EMG menor que essa não é amplificada (DELSYS, 2006). * Decibel: escala de medida logarítmica. A amplitude A de um sinal em relação a uma amplitude de referência Ao pode ser expressa em decibel como dB = 201og (A/As), onde log é O logaritmo na base 10. Por exemplo, se A = 1.000.000 é a amplitude de saída do sinal em um amplificador e Aq = 10 é a amplitude de entrada do sinal no amplificador, o fator de amplificação em decibel é dado por 20l0g (1.000.000/10) = 100 dB. Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 11 1.1.4 Filtros O filtro é um dispositivo designado para atenuar variações específicas de frequências (FIGURA 3). Os filtros possuem duas utilidades importantes, ou seja, de separação e restauração do sinal. A separação do sinal é necessária quando este for contaminado com alguma interferência, ruído ou outro sinal. A restauração do sinal é utilizada quando este foi distorcido de alguma forma. Portanto, a proposta dos filtros é permitir a passagem de algumas frequências inalteradas e atenuar outras (KONRAD, 2005). Os filtros podem ser analógicos ou digitais, e podem ser implementados tanto em sinais analógicos (variação de voltagem), quanto em digitais, onde os sinais analógicos são amostrados e representados por uma matriz numérica. Os filtros analógicos são baratos, rápidos, possuem grande variação dinâmica em amplitude e frequências, e são relacionados ao condicionamento do sinal. Estes são caracterizados como circuitos eletrônicos e seus componentes fundamentais são os resistores, capacitores e indutores. O uso adicional de amplificadores é utilizado comumente para aumentar a performance dos filtros. Entretanto, os filtros digitais são superiores em seu nível de performance e muito requisitados para a análise dos dados após sua digitalização (KONRAD, 2005; DELSYS, 2006). 8 8 = dora sinaL Bruto xao so 8 8 8 8 Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 12 SINAL FILTRADO BUTTERWORTH (20.200 Hz) 1000, ento oo cod ao a 2” £ ão ão É É 200 | ao I e HI oo | mà 1000, os 1 1.5 2 25 3 E 400 500 tende) crê enc É Be SINAL FLTRADO EUTTERMORTA (20-450 He) Es eso ooo o “oo | 5 soo | ao a 7 z E jo É a É . oo 00 : A ) | | | 1000, o, um ad o o 05 1 1.5 2 25 3 L un 400 500 TEMPO (5) FREQUENCAS (e) FIGURA 3. Gráfico representativo dos componentes do sinal EMG bruto (análise temporal e de frequências, respectivamente). Mesmo sinal EMG tratado com um filtro Butterworth de quarta ordem e dois tipos diferentes de passa banda (20-200 Hz e 20-450 Hz, respectivamente). Em geral, há quatro comportamentos de filtro que podem ser utilizados em eletromiografia: filtros passa-alta (Aigh pass), onde todas as frequências abaixo da frequência de corte (Fc) são atenuadas a zero; filtros passa-baixa (low pass), onde todas as frequências maiores que Fc são atenuadas a zero; filtro rejeita banda (stop band), onde todas as frequências maiores que Fct e menores que Fc2 são atenuadas a zero; e filtros passa-banda (band pass), que permitem que as Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 15 amostragem e sua quantização. Ambos restringem o quanto de informação um sinal digital pode conter (KONRAD, 2005). O processo de digitalização de um sinal EMG analógico é realizado por conversores analógico / digital (analog-to-digital converter, ADC). Estes dispositivos são componentes comuns dos equipamentos eletrônicos e são utilizados para capturar sinais de voltagem (analógico) e expressar a informação em formato numérico (digital). Uma vez digitalizada, a informação pode ser processada pelo software e hardware para alcançar objetivos específicos. O processo de digitalização impõe limites inerentes ao grau de precisão, contudo, se a tarefa é representar corretamente o sinal original, este então, pode ser reconstruído sem perda de informação (DELSYS, 2006). Utiliza-se o conceito de quantização quando os valores dos dados podem ser representados por um limitado número de dígitos. No caso de computadores, estes valores são descritos como dígitos binários (bits). Todos os ADC possuem um número fixo de bits para quantificar a voltagem do sinal de entrada detectado. O mais comum é a utilização de resoluções em torno de 8, 12 e 16 bits. A digitalização do sinal de voltagem (analógico) é especificada por um intervalo particular, definido por uma voltagem de entrada máxima e mínima. Por definição, este intervalo é dado pelo esquema de quantização n-bit, e a precisão ou resolução do ADC pode ser caracterizado pela seguinte equação: V resolução = V intervalo/(2") Esta inerente limitação do esquema de representação de números discretos é considerada como erro de quantização da mensuração do processo, sendo importante garantir que este erro não interfira na acurácia do sinal avaliado. Portanto, a escolha do ADC deve levar em consideração três fatores determinantes: o ganho do sistema, o ruído de entrada e a voltagem máxima de saída do sistema (DELSYS, 2006). 2 Bit - dígito binário, algarismo do sistema binário que somente pode assumir as formas de O e 1. Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 16 1.2 Análise do sinal eletromiográfico Uma vez adquirido o sinal EMG, existem muitos métodos de processamento que podem ser utilizados para a interpretação dos dados. Duas importantes características do sinal EMG são a frequência e a amplitude. Duas formas comuns para representar tais informações contidas nos sinais podem ser chamadas de análise no domínio temporal e no domínio de frequências (ROBERTSON, 2004). 1.2.1 Análise no domínio do tempo A informação representada no domínio temporal descreve quando algo ocorre e qual a amplitude de sua ocorrência. Cada amostra do sinal indica o que está acontecendo em determinado instante, e o nível de tal evento. A amplitude é um indicador da magnitude da atividade muscular, produzida predominantemente por aumentos na atividade das unidades motoras e em sua taxa de disparo (ROBERTSON, 2004). O sinal EMG adquirido durante uma atividade, em função do tempo, pode ser quantificado por diversas formas de processamento, entre elas o envoltório linear, retificação, RMS e integração (DE LUCA, 1997). 1.2.1.1 Retificação A retificação consiste em tomar o valor absoluto do sinal EMG, ou seja, rebater as fases negativas (full-wave) ou remover os valores negativos do sinal bruto (half- wave). Pela retificação em full-wave utiliza-se o valor absoluto do sinal EMG, retendo sua energia (FIGURA 4). 1.2.1.2 Envoltório Linear Quando o nível de atividade está sendo investigado, o sinal retificado pode ser alisado por um filtro passa-baixa para suprimir flutuações de alta frequência, permitindo uma avaliação clara da amplitude do sinal EMG (envoltório linear) (FIGURA 4). Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 17 O envoltório linear é um tipo de média móvel que indica a magnitude do sinal EMG. A exata seleção das frequências de corte são arbitárias e dependem de sua aplicação, embora existam recomendações entre 3 a 50 Hz (ROBERTSON, 2004). Em atividades de curta duração, geralmente usa-se frequências de corte em torno de 10 Hz, embora a resolução das características das altas frequências do sinal seja atenuada. SINAL EMG (BRUTO) 1000) AMPLITUDE (mv) AMPLITUDE (mv) AMPLITUDE (mv) FIGURA 4. Gráfico representativo do sinal EMG bruto, retificado (full wave) e o envoltório linear (5 Hz). 1.2.1.3 Root mean square (RMS) Uma das técnicas que avalia o nível de atividade do sinal EMG é chamado de root mean square (RMS). Esta forma de processamento não requer retificação, pois a amplitude do sinal EMG é elevada ao quadrado. Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 20 1. FIGURA 6. Contração Voluntária Máxima Isométrica (CVMI) — utiliza-se como referência para normalização o maior valor encontrado em uma contração isométrica máxima, para o músculo em questão (WINTER, 1990; BURDEN e BARLETT, 1999). . Pico Máximo do Sinal EMG — Este valor é caracterizado pelo pico do sinal EMG encontrado no movimento ou ciclo estudado (método do pico dinâmico) (BURDEN e BARLETT, 1999). A este atribui-se 100%, então, todo o sinal EMG é normalizado por esse valor. Robertson (2004) cita que esta seria a melhor forma para se normalizar contrações dinâmicas. Valor Médio do Sinal EMG - utiliza-se como referência para normalização o valor médio do sinal EMG da contração (método da média dinâmica) (BURDEN e BARLETT, 1999). Valor Fixo do Sinal EMG — Para se normalizar desta forma, pode-se citar como valor de referência: uma contração submáxima ou uma contração isométrica submáxima (ROBERTSON, 2004). SINAL EMG (RMS) E AMPLITUDE (mv) B£s SINAL EMG (CVM) E 8 8 AMPLITUDE (mv) 8 Gráfico demonstrativo do sinal EMG, o sinal EMG da Contração Voluntária Máxima Isométrica (CVMI) e o sinal EMG normalizado pelo valor máximo da CVMI. Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 21 Para movimentos cíclicos, como a marcha, o valor de normalização pode ser definido como o pico de cada tentativa ou seu nível médio, sendo este ajustado como 100% (ROBERTSON, 2004). Entretanto, Burden e Barlett (1999) citam que em tarefas dinâmicas como a marcha, tem-se utilizado a CVMI como valor de referência. Contudo, é reconhecido que o valor de uma CVMI é menos confiável do que o valor obtido de uma contração isométrica submáxima. A FIGURA 7 apresenta o sinal EMG sendo normalizado de diferentes formas (pelo pico do sinal EMG, pela média do sinal EMG e através da CVMI). sinal MG 100---=-- % MaX 200 DIA 100... %M uu so ax 0 2 4 E 8 10 2 1 16 18 20 TEMPQ (5) FIGURA 7 . Gráfico representativo do sinal EMG (filtrado e RMS) e diferentes formas de normalização (pico do sinal EMG, média do sinal EMG e pela contração voluntária máxima isométrica — CVMI). Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 22 1.2.3 Análise no domínio de frequências A informação representada no domínio de frequências é um método alternativo, caracterizado pela determinação do conteúdo das frequências do sinal EMG. Este método geralmente envolve a determinação do espectro de frequências através da transformada de Fourier. Qualquer sinal contínuo real pode ser expresso em uma combinação de senos e cossenos, necessários para duplicar o sinal. Como os sinais biológicos associados ao movimento humano não são funções puras de seno e cosseno, faz-se necessário combinar várias funções diferentes para representar o sinal EMG (DELSYS, 2006; ENOKA, 2000; HERMENS et al., 2000). Enoka (2000) apresenta três características que influenciam o conteúdo de frequências caracterizadas por: taxa de disparo das unidades motoras (UMSs), tempo relativo de disparo dos potenciais de ação por diferentes UMs e forma dos potenciais de ação. O mais significante fator é a forma dos potencias de ação, pois a taxa de disparo tem mínima influência. Pelo fato do sinal EMG possuir uma grande quantidade de potenciais de ação variando em forma, o conteúdo de frequências do sinal EMG varia entre 1-500 Hz. Uma das principais razões para os potencias de ação alterarem sua forma, são as diferentes distâncias entre as fibras ativas e o eletrodo. Quando a forma dos potencias de ação se alteram, suas frequências também mudam. Isto acontece frequentemente em contrações até a fadiga, com um declínio dos potencias de ação em amplitude e aumento em sua duração, alterando desta forma para a esquerda, o espectro de densidade de potência (power spectrum density, PSD), e consequentemente, modificando a média e a mediana das frequências (ENOKA, 2000; HERMENS et al., 2000). 1.2.3.1 Transformada Rápida de Fourier e Densidade Espectral de Energia Geralmente, a análise de frequências envolve a determinação do espectro de frequências via Transformada Rápida de Fourier (FFT), e então obter a análise de densidade espectral de energia (PSD) (FIGURA 8). O PSD pode ser utilizado para calcular as frequências médias e medianas e o comprimento de banda do sinal EMG (DE LUCA, 1997). Técnicas de análise espectral são frequentemente utilizadas para descrever as características das frequências do sinal EMG. Para sinais EMG de superfície, as Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 25 descrito incluindo material, tamanho, número e tamanho dos contatos condutivos na ponta, profundidade de inserção e localização no músculo. DETEÇÃO DO SINAL EMG: 1. voa BON Monopolar, diferencial, bidiferencial, etc; Impedância de entrada; Taxa de rejeição de modo comum (Common Mode Rejection Ratio, CMRR); Relação sinal — ruído (SNR); Ganho utilizado; Tipo de filtro (Butterworth, Chebyster, etc); Frequências de corte (passa alta e passa baixa); Inclinação dos cortes. RETIFICAÇÃO: Pode ser especificado se o sinal analógico foi retificado por onda completa ou meia onda. AMOSTRAGEM DO SINAL EMG PARA O COMPUTADOR: 1. 3. É aconselhável que o sinal EMG bruto (após amplificação e filtragem) seja armazenado no computador para o processamento digital. A amostragem mínima aceitável é o dobro da maior frequência de corte da banda do filtro utilizado. . Se a retificação e o alisamento com um filtro passa baixa é realizado com hardware antes da amostragem e armazenamento dos dados no computador, a frequência de amostragem pode ser drasticamente reduzida porque o comprimento de banda é reduzido pelo envelope linear. Número de bits, modelo, fabricante do conversor A/D. NORMALIZAÇÃO: 1. ar on Tipo de normalização (contração voluntária máxima, pico do RMS, etc); Como os sujeitos foram treinados para obter a contração voluntária máxima; Ângulo articular e/ou comprimento muscular; Condições e ângulos de articulações associadas; Taxa de aumento da força; Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 26 6. Velocidade de encurtamento e alongamento; 7. Variação angular articular ou comprimento muscular em contrações não isométricas; 8. Cargas aplicadas em contrações não isométricas. PROCESSAMENTO DO SINAL EMG NO DOMÍNIO DE FREQUENCIAS (PSD): 1. Período de tempo utilizado para cada estimativa espectral; 2. Tipo de janela utilizada para a transformada de Fourier (retangular, Hamming, etc); 3. Algoritmo utilizado (FFT); 4. Adição de zeros, zero padding, (se houver) e a resolução da frequência resultante; 5. Equação utilizada para calcular a frequência mediana, frequência média; 6. Outras técnicas de processamento devem ser acompanhadas por total descrição científica. Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br Marchetti & Duarte (2006) Instrumentação em Eletromiografia 27 3 Sites de Pesquisa na Internet EMPRESAS NORAXON http:/Ayww.noraxon.com DELSYS http:/Avww .delsys.com EMG System do Brasil http:/Avww.emgsystem.com.br B& LL Engineering http:/Avww.bleng.com Mega Electronics Lid. http:/Avww.meltd.fi Motion Lab Systems, Inc. http:/Avww.motion-labs.com Nicolet Biomedical/VIASYS Healthcare http:/Avww.viasyshe.com RUN Technologies http:/Avww.runtech.com Bortec Biomedical Ltd http:/Ayww.bortec.ca SOCIEDADES, UNIVERSIDADES E LABORATÓRIOS International http://isek.bu.edu Society of Electrophysiology and Kinesiology International http:/Ayww.isbweb.org Society of Biomechanics Laboratório de http://lob.incubadora.fapesp.br/portal Biofísica - EEFEUSP Boston University | http:/Avww.bumc.bu.edu/Dept/Content.aspx?DepartmentID=60&PagelD=8412 Medical Campus Laboratório de Biofísica — http:/lob.iv.fapesp.br
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