Baixe O método pilates na diminuição da dor lombar em gestantes e outras Notas de estudo em PDF para Fisioterapia, somente na Docsity! O MÉTODO PILATES NA DIMINUIÇÃO DA DOR LOMBAR EM GESTANTES Cristiana Gomes Machado1, Thelma Garcia Araújo2, Renato Alves Sandoval3, Cristina Aparecida Neves Ribeiro Machado4, Marislayne de Sousa Freitas5 1. Fisioterapeuta. 2. Fisioterapeuta. 3. Fisioterapeuta, Mestre em Fisioterapia UNITRI, Prof do curso de Fisioterapia da Univ. Católica de Goiás, Coordenador do curso de Fisioterapia da Facul. Montes Belos. 4. Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Integrada a Saúde da Mulher. 5. Educadora Física, Especialista em Fisiologia do Exercício. Resumo O método Pilates tem uma proposta reabilitadora, aliando a prática física ao relaxamento mental. A meta de alcance do movimento eficiente, retorno dos movimentos funcionais e melhora da performance é o fundamento do Pilates evoluído, que na gestação acredita-se promover a saúde da mulher e do bebê. A pesquisa foi um relato de caso com o objetivo de verificar a eficácia do método Pilates na diminuição da dor lombar e na melhora da postura da gestante. Foi utilizado para avaliação da dor a escala visual analógica e o questionário reduzido de McGill e para avaliar a postura, fotos digitais e programa de análise de imagem MGI Photoshop. Cocluiu-se que, o método Pilates é eficaz na redução do quadro álgico lombar apresentado durante a gestação; que houve o aumento gradativo das curvaturas fisiológicas, inerentes à gestação; que não houve alteração das curvaturas laterais da coluna vertebral, previamente observadas na paciente; que houve uma melhora da consciência corporal e um aumento da motivação em realizar atividades, relatadas pela paciente. Palavras – Chave: Pilates, gestante, lombalgia Introdução A lombalgia é conceituada como toda condição de dor e/ou rigidez, localizada na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco costal e a prega glútea. É freqüentemente acompanhada pela lombociatalgia, que se constitui de dor que se irradia daquela região para um ou ambos os membros inferiores (Sperandio et al., 2004). A mecânica da região lombar é inseparável da mecânica postural geral, principalmente da pelve e dos membros inferiores. Uma distensão mecânica ou funcional que cause desequilíbrio de uma parte do corpo irá resultar em alterações compensatórias. Um desequilíbrio pode começar com fraqueza ou distensão dos músculos abdominais; em mulheres a gravidez pode ser a causa. A dor lombar acompanha com freqüência o ato de carregar crianças, e as pacientes têm recebido alívio completo da dor através de tratamento para fortalecer os músculos abdominais e corrigir a má postura (Kendall, 1990). Sem sombra de dúvidas, é a informação proprioceptiva o mecanismo de suporte para uma postura equilibrada, isto é, para uma relação entre os segmentos corporais íntegra e funcional, que protege as estruturas corporais contra injúrias, progressivas deformidades e desordens estruturais, além de permitir um ambiente mais favorável para a atividade dos órgãos vitais (Sousa et al., 2003). O período gestacional tem duração de aproximadamente 40 semanas ou 280 dias. Este período é composto de diversas mudanças submetendo o corpo da mulher a adaptações anatômicas e fisiológicas, que criam o preparo de um meio adequado para o feto crescer e se desenvolver (Polden & Maltle, 1997). As mudanças anatômicas ocorridas durante a gestação podem causar alterações no andar da gestante contribuindo para uma variedade de condições de uso excessivo do sistema músculo-esquelético. As exigências que essas mudanças fazem sobre a mulher nunca devem ser subestimadas. Sendo que para a metade de todas as gestantes esse acontecimento é inevitável, existindo, porém, falta de conhecimento sobre patogenia e as manifestações clínicas (Polden & Maltle, 1997). A postura da gestante está influenciada pela modificação do centro da gravidade, que apresenta uma tendência em deslocar-se para frente, devido ao crescimento úteroabdominal e aumento ponderal das mamas. Para compensar, o corpo projeta-se para trás, favorecendo o aumento da lordose lombar, amplia-se o polígono de sustentação, os pés se distanciam e as escápulas se dirigem para trás, a porção cervical da coluna condensa-se e alinha-se para frente. No cotidiano da mulher gestante trabalhadora essas modificações têm aumentado a fragilidade da musculatura compensatória das regiões lombossacra e cervical, o que tem dificultado o desempenho profissional com lombalgias e cervicalgias freqüentes (Baracho, 2002). Mais de um terço das mulheres grávidas se referem a lombalgia como um problema severo, que interfere em suas atividades de vida diária e capacidade de trabalho, além de contribuir para insônia por se manifestar durante a noite (Sperandio et al., 2004). Aproximadamente 50% a 75% das mulheres experimentam algum tipo de dor nas costas em alguma fase de sua gravidez, acarretando em prejuízo ou limitação em suas atividades domésticas e profissionais. A dor lombar é considerada três vezes mais comum entre mulheres grávidas quando comparada ao resto da população (Sperandio et al., 2003). Os mecanismos implicados na gênese da lombalgia na gravidez são das mais variadas ordens. Entre os mais importantes podemos citar a lordose excessiva, a frouxidão ligamentar devido à secreção de relaxina pelo corpo amarelo e/ou a pressão direta do feto sobre as raízes A paciente foi submetida a três sessões semanais, com duração de 1 hora cada em um período de 1 mês. Em linhas gerais, a sessão possui seis momentos: 1) ativação do controle do centro (cinturão abdomino-pélvico); 2) ativação de grupos musculares específicos (abdome, adutores do quadril, períneo, multífidos e grande dorsal); 3) fortalecimento global de membros superiores e inferiores, tanto no solo com o auxilio de bolas ou elásticos, quanto nos aparelhos específicos do método (reformer, trapézio, cadeira combo, barril ou unidade de parede); 4) articulação da coluna com exercícios de mobilidade intersegmentar; 5) alongamentos globais com ênfase nos grupos musculares mais encurtados; 6) relaxamento em grupo com o uso de imagens visuais, respiração e música. O número de repetições de cada exercício variou de 8 a 12, desde que não seja percebido dor ou fadiga. Relato de Caso Paciente F S S, sexo feminino, 25 anos, na 25ª semana gestacional com história de dor lombar. Submetida nos dias 19/04/2005 e 23/05/2005 a uma avaliação postural através de fotos digitais em frente a uma parede quadriculada estando o avaliador a três metros de distância do paciente. Aplicação semanal da escala visual analógica de dor e do questionário de McGill. A partir da primeira sessão foram enfatizados exercícios nos quais a paciente trabalhou a região do assoalho pélvico e respiração. Os exercícios foram: 1) Respiração em decúbito dorsal; 2) Alongamento de adutores e abdutores em decúbito dorsal; 3) Ponte trabalhando a mobilidade da coluna; 4) Círculo mágico fortalecendo abdutores e adutores, 5) Reformer trabalha o fortalecimento de membros superiores e inferiores; 6) Série de braços, fortalecimento de tríceps com elástico; 7) Alongamento de cervical, braços, posterior de pernas (ísquiotibiais), quadrado lombar em decúbito dorsal utilizando o elástico. A paciente ralatou melhora em seu quadro álgico. Foi mantida a mesma sequência de solo, acrescentando no decorrer das sessões os exercícios abdominais; uso do Wunda chair para alongamento de cadeia posterior; fortalecimento de membros inferiores e mobilidade de coluna; Feldenkrais em decúbito lateral trabalhando fortalecimento de membros superiores; Wall Unit para fortalecer membros superiores (tríceps, bíceps, rombóides e infra-espinhal) e membros inferiores; massagem. Em algumas sessões foram repetidas a mesma rotina de trabalho, com algumas variações. Em todos os movimentos foi enfatizada a respiração, trabalho dos músculos abdominais, assoalho pélvico e consciência corporal. Resultados Em relação a escala visual analógica da dor, realizada semanalmente, foi encontrado inicialmente 5,5 centímetros que em quatro semanas evoluiu para 0, significando ausencia de dor. Figura 1 – Escala visual analógica da dor – divisão em semanas. Em relação ao questionário reduzido de McGill, realizado semanalmente. Nas três primeiras semanas foi relatado dor intermitente, de característica aguda e em pontada, já nas duas últimas semanas a paciente não referiu mais quadro álgico. Tabela 1 – Questionário reduzido de McGill, divisão em semanas. Questionário Reduzido de McGill semana 1 semana 2 semana 3 semana 4 semana 5 continua intermitente X X X aguda X X X crônica pontada X X X pressão ausencia de dor X X 0 1 2 3 4 5 6 ce nt ím et ro s semana 1 semana 2 semana 3 semana 4 semana 5 Escala Visual Analógica da Dor em Semanas Em relação a avaliação postural foi observado um aumento gradual das curvaturas fisiológicas, principalmente as lordoses cervical e lombar, comuns na gestação. Já as curvaturas laterais observadas na paciente não apresentaram alterações. Discussão Por se tratar de uma paciente sedentária o encurtamento muscular e a má postura pré existente associada às alterações anatômicas e hormonais inerentes à gestação, contribuíram para o surgimento das dores lombares. Na análise da dor observada pela EVA, realizada semanalmente foi observado inicialmente o valor de 5,5 cm, que indica uma dor de moderada para severa. Após 8 sessões de Pilates o valor da dor na EVA foi de zero, indicando ausência de dor. Isso mostra a eficácia do método em promover a analgesia. Podemos afirmar esta condição, porque durante todo o período de acompanhamento, a paciente não fez uso de medicamentos ou outros métodos de analgesia. Após a análise do questionário reduzido de McGill observou-se a mesma tendência verificada na EVA. Inicialmente a paciente relatava dor intermitente, aguda e em pontada que após 8 sessões passou a ser ausente. Isso indica que além da diminuição da intensidade e alteração no tipo de dor, suas causas reduziram e desapareceram. O método utilizado para avaliar a postura, apesar de simples, conseguiu demonstrar que as curvaturas fisiológicas aumentaram gradativamente com o passar do período gestacional e do desenvolvimento do abdomem. Já as curvaturas laterais não fisiológicas observadas na avaliação inicial da paciente, apesar de pequenas, não sofreram alteração, provavelmente por tratarem-se de curvaturas já estruturadas e pelo reduzido número de sessões realizadas. O referido método mostrou-se acessível e agradável de ser executado, motivando a paciente em dar continuidade a atividade mesmo após o termino da pesquisa. É um método que deve ser acrescido no arsenal fisioterapêutico e usado concomitantemente a outros métodos e dispositivos para aumentar sua eficácia e eficiência em outras condições terapêuticas.