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O Naufrágio do barco Novo Amapá - A tragédia do rio Cajari, Notas de estudo de Matemática

O Naufrágio do barco Novo Amapá - A tragédia do rio Cajari

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 30/10/2009

pedro-miranda-9
pedro-miranda-9 🇧🇷

4.6

(22)

148 documentos

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Baixe O Naufrágio do barco Novo Amapá - A tragédia do rio Cajari e outras Notas de estudo em PDF para Matemática, somente na Docsity! O NAUFRÁGIO DO NOVO AMAPÁ A TRAGÉDIA DO RIO CAJARI Era noite de 6 de Janeiro de 1981, quando o barco ribeirinho Novo Amapá naufragou na foz do rio Cajari, próximo ao munićıpio de Monte Dourado (PA), levando às águas mais de seiscentas pessoas. Trezentas destas perderam a vida e dezenas passaram horas de pânico e desespero, imersas na água e na escuridão. A embarcação, com suporte para transportar no máximo 400 pessoas e meia tonelada de mercadoria, partiu do Porto de Santana com mais de 600 passageiros e quase um tonelada de carga comercial. Seu destino era o munićıpio interiorano de Monte Dourado, com escala em Laranjal do Jaŕı. Como as viagens anteriores duravam em torno de um dia e meio, seu proprietário havia reformado-lhe, instalando um motor hidráulico a mais, o que facilitaria na velocidade da embarcação. A lista de despacho, segundo a Capitania dos Portos na época, tinha registrado cerca de 150 pessoas licenciadas pelo despachante Osvaldo Nazaré Colares. Mas na embarcação havia mais de 600 vidas. O despachante (falecido em abril de 2001, v́ıtima de Dengue Hemorrágica) afirmou que só foi informado da tal lista após já ter partido há certas horas e que a lista foi deixada sob sua mesa, quando ele estava ausente. O comandante responsável pela viagem, Manoel Alvanir da Conceição Pinto, seguiu todas as instruções necessárias do proprietário, sobre a viagem. O proprietário era Alexan- dre Góes da Silva, que teve seu corpo encontrado no camarote da embarcação. Hoje com 53 anos de idade e 29 de profissão maŕıtima, Manoel Alvanir continua seus serviços como marinheiro. Atualmente trabalha em algumas embarcações no porto do Ver-o-Peso, em Belém. Poucas lembranças lhe vêm à memória quando o assunto é a tragédia do Novo Amapá. Seu único comentário volta-se para o comando do barco. Segundo versões de sobre- viventes na época, a responsabilidade pela cabine de comando estava nas mãos inexpe- rientes de um garoto. ”Isso é mentira. Havia sim um garoto ao meu lado na cabine de comando, mas não deixei por nenhum momento ele pegar na direção do barco, como andaram dizendo”, afirmou o ex-comandante que fez, da que seria uma simples viagem fluvial, o maior naufrágio da navegação brasileira. FOI INEVITÁVEL Segundo a lista da Capitania dos Portos do extinto Território Federal do Amapá, cerca de 650 pessoas embarcaram no Novo Amapá e menos de 180 puderam sobreviver. ”Muita gente diz que foram duzentos e poucas pessoas que sobreviveram. Isto não é verdade”, contradiz dona Creuza Marques dos Reis, sobrevivente hoje com 65 anos. Dona Creuza embarcou com sua filha e a neta. Somente ela e a neta de um ano e meio sobreviveram. Atualmente morando em Santana, tem como sustento um estabelecimento comercial di- versificado. Sobrevivente Armando da Silva Batista, hoje com 36 anos, trabalha na Champion Amapá no cargo de guarda patrimonial. Conta que uma das causas das inúmeras mortes terem ocorrido foi o aux́ılio dos salva-vidas. “Essas pessoas que pegaram os salva-vidas morreram quase todas porque dormiram e aquilo atrapalhou; não sabiam o que estava acontecendo”, disse. Funcionário de empresa que vendia utenśılios de cozinha para toda a região do Amapá, Armando viajava freqüentemente em época de pagamentos, para fazer cobranças, acom- panhado do colega Edson. Momentos antes da tragédia ambos haviam se separado. ”Como a área das redes estava muito quente, disse pro meu colega que ia pro andar de cima e quem sabe só retornar de manhã”, relatou. Ao ser perguntado sobre o momento em que o barco tombou, Armando contou com detalhes: “Levei uns 15 minutos pra chegar na cabine. Quando cheguei lá, ele (coman- dante) mandou servir um café pra mim, pro Roberto (amigo) e duas meninas do Jaŕı. Nos 15 minutos que cheguei lá, o barco deu um tombo para um lado e um tombo para o outro. Eu ainda perguntei pro Alvanir: “Alvanir, isso é maresia?”. Ele disse: “Rapaz, por incŕıvel que pareça, nessa região não dá maresia”. Quando ele terminou de falar, o barco tombou de uma vez. Foi como uma virada de carro. Inevitável”. Buscando até mesmo com precisão a hora em que o barco tombou, foi o que aconteceu com o sobrevivente Enoque Magave da Silva, hoje com 41 anos, policial militar que, minutos antes do trágico tombo, conseguiu ver as horas em seu relógio de pulso: eram 20h45min. “Eu estava com relógio no braço e vi as horas normalmente. Quando de repente senti o barco virar lentamente. Como estava deitado numa rede de frente para uma senhora, fui um dos primeiros a parar logo dentro d’água na hora do tombo”, contou Magave, que no mesmo ano do desastre casou-se com sua atual esposa e ingressou na Poĺıcia Militar. A recém-formada magistrada Kátia Isabel Andrade, hoje com 38 anos, era amiga pessoal da tripulação, principalmente do comandante Manoel Alvanir e do proprietário Alexandre Góes da Silva. “Tinha feito outras viagens no barco e já conhecia o pessoal”, disse Kátia, que ironizou a tragédia momentos antes de acontecer, na hora da jantar. “Eu terminei de jantar e disse pro pessoal na mesa que ia me banhar e minhas colegas disseram: “Tu vai morrer”, dáı eu falei: “Não vou não. Se não morrer agora, não morro mais”. Dáı fui pro banheiro, tomei banho e voltei pro camarote (...)”. Segundo Kátia,
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