Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Apostila de Enfermagem 1, Notas de estudo de Literatura

- - - - - - -

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 14/10/2008

jean-maykon-martins-7
jean-maykon-martins-7 🇧🇷

5

(1)

4 documentos

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Apostila de Enfermagem 1 e outras Notas de estudo em PDF para Literatura, somente na Docsity! Ministério da Saúde rofissionalização de Auxiliares de E Cadernos do Aluno DANE rA AA Io) A AÇÃO PROFISSIONAL CER 1INSTRUMENTALIZANDOA AÇÃO PROFISSIONAL P nfermagem rofissionalização de uxiliares deA E Cadernos do Aluno Anatomia e Fisiologia Parasitologia a mMicrobiologio Psicologia Aplicada SUMÁRIO 1 Apresentação pág. 9 2 Anatomia e Fisiologia pág. 11 3 Parasitologia e Microbiologia pág. 89 4 Psicologia Aplicada pág. 137 APRESENTAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE PROJETO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA ÁREA DE ENFERMAGEM processo de construção de Sistema Único de Saúde (SUS) colocou a área de gestão de pessoal da saúde na ordem das prioridades para a configuração do sistema de saúde brasileiro. A formação e o desenvolvimento dos profissionais de saúde, a regulamentação do exercício profissional e a regulação e acompanhamento do mercado de trabalho nessa área passaram a exigir ações estratégicas e deliberadas dos órgãos de gestão do Sistema. A descentralização da gestão do SUS, o fortalecimento do controle social em saúde e a organização de práticas de saúde orientadas pela integralidade da atenção são tarefas que nos impõem esforço e dedicação. Lutamos por conquistar em nosso país o Sistema Único de Saúde, agora lutamos por implantá- lo efetivamente. Após a Constituição Federal de 1988, a União, os estados e os municípios passaram a ser parceiros de condução do SUS, sem relação hierárquica. De meros executores dos programas centrais, cada esfera de governo passou a ter papel próprio de formulação da política de saúde em seu âmbito, o que requer desprendimento das velhas formas que seguem arraigadas em nossos modos de pensar e conduzir e coordenação dos processos de gestão e de formação. Necessitamos de desenhos organizacionais de atenção à saúde capazes de privilegiar, no cotidiano, as ações de promoção e prevenção, sem prejuízo do cuidado e tratamento requeridos em cada caso. Precisamos de profissionais que sejam capazes de dar conta dessa tarefa e de participar ativamente da construção do SUS. Por isso, a importância de um "novo perfil" dos trabalhadores passa pela oferta de adequados processos de profissionalização e de educação permanente, bem como pelo aperfeiçoamento docente e renovação das políticas pedagógicas adotadas no ensino de profissionais de saúde. Visando superar o enfoque tradicional da educação profissional, baseado apenas na preparação do trabalhador para execução de um determinado conjunto de tarefas, e buscando conferir ao trabalhador das profissões técnicas da saúde o merecido lugar de destaque na qualidade da formação e desenvolvimento continuado, tornou-se necessário qualificar a formação pedagógica dos docentes O 15 16 19 19 25 27 29 34 35 36 38 40 42 45 46 48 48 51 51 54 56 58 59 61 63 65 ÍNDICE 1 Apresentação 2 O corpo humano 3 Sistema locomotor 3.1 Ossos 3.2 Cartilagens 3.3 Articulações 3.4 Músculos 4 Sistema tegumentar 4.1 As camadas da pele 4.2 Os anexos da pele 5 Sistema cardiovascular 5.1 Vias do sangue 5.2 A máquina da vida 5.3 Um trajeto de vida 6 Sistema linfático 7 Sistema imunológico ou imunitário 7.1 Células do sistema imunológico 7.2 Órgãos imunológicos 8 Sistema respiratório 9 Sistema digestório 9.1 Processo digestório 9.2 Absorção de nutrientes 10 Sistema urinário e órgãos genitais 10.1 Mais que um filtro: um purificador 10.2 Órgãos genitais masculinos 10.3 Órgãos genitais femininos 6 6 71 72 73 73 76 77 78 80 80 82 83 83 83 83 84 84 84 87 11 Sistema nervoso 11.1 Regulação postural e do movimento 11.2 Como proteger estruturas tão importantes? 12 Sistema sensorial 12.1 Olhos – visão 12.2 Língua – paladar 12.3 Nariz – olfato 12.4 Orelha – audição 12.5 Pele – tato 13 Sistema endócrino 13.1 Hipófise ou pituitária 13.2 Pineal 13.3 Tireóide 13.4 Paratireóide 13.5 Supra-renais 13.6 Pâncreas 13.7 Ovários 13.8 Testículos 14 Referências bibliográficas 17 P EAROF a porção cranial (superior ou proximal) e a caudal (inferior ou distal) do corpo (figura 1). Um dos elementos que possibilitam localizar com maior exatidão as áreas do corpo são suas faces internas e externas. Assim, colocan- do-se uma pessoa deitada em decúbito dorsal (o dorso, as costas em contato com o leito), com as palmas das mãos para cima, pode-se ob- servar um corpo em posição anatômica; as áreas mais internas são ob- viamente as faces internas; as outras, as faces externas. Até agora, detivemo-nos na apresentação do corpo humano em sua forma anatômica. Se, contudo, desejamos envolver o fator saúde, apenas conhecer a forma não é suficiente, faz-se necessário entender seu funcionamento. Figura 1 Plano transversal Superior (céfalo) Inferior (caudal) Plano coronal PosteriorAnterior Plano sagital Direito Externo Interno Esquerdo 18 1 Anatomia e Fisiologia Volte novamente os olhos para seu corpo. Perceba que ele é com- pletamente recoberto por um tecido que muda de aspecto conforme a especificidade das partes. Assim, o que recobre a face superior das mãos é diferente do que recobre a palma; o que recobre os lábios é diferente do que recobre a face, etc. Mas há um ponto comum: todos são com- postos por células que atuam em conjunto, formando verdadeiras equi- pes de trabalho. A essa altura, observando atentamente o corpo e não tendo con- seguido diferenciar nenhuma célula, você deve ter percebido que elas são invisíveis a olho nu, só podendo ser vistas com o auxílio de mi- croscópios. Embora a maioria seja composta por um núcleo - onde fica ar- mazenado o material genético com informações que garantem suas ca- racterísticas -, um citoplasma e uma membrana - que envolve a célu- la e a protege -, as células possuem funções e formas diferentes e sua disposição resulta em vários tipos de tecidos: • conjuntivo - composto por células e fibras imersas num meio especial chamado substância intercelular. A proteína fibrosa existente entre as células do tecido conjuntivo é denominada colágeno. Sua função é de sustentação: o tecido conjuntivo sustenta e une os órgãos, ocupando os espaços vazios entre os mesmos. Forma as cartilagens (conjuntivo cartilaginoso), os ossos (conjuntivo ósseo), o tecido gorduroso (conjuntivo adiposo) e o sangue (conjuntivo sangüíneo); • muscular - composto por fibras musculares; • epitelial ou de revestimento - como o nome sugere, reveste e protege todas as superfícies do organismo. Recobre a parte ex- terna da pele (chamada de epiderme) e a parede interna (deno- minada mucosa) de diversos órgãos, como a boca, estômago, intestino, etc.; • nervoso - composto por células nervosas, chamadas neurônios, tem a função de captar estímulos ambientais e do próprio cor- po, conduzindo-os e interpretando-os. Entretanto, se agrupamentos de células podem formar tecidos diferentes, estes, por sua vez, formam distintos órgãos que interagem para desempenhar determinada função no organismo, resultando, en- tão, em um sistema. O corpo humano é constituído por vários sistemas, cada um deles executando tarefas distintas; que devem estar sintonizados e funcionando de forma integrada e harmônica, para manter a saúde do organismo. Citoplasma Núcleo Membrana Célula 19 P EAROF 3- SISTEMA LOCOMOTOR Ao movimentar o corpo, necessariamente você faz uso dos ossos, cartilagens, articulações e músculos estriados, ou seja, do siste- ma locomotor – o qual possibilita não apenas a sustentação do corpo como nos permite andar, correr e realizar movimentos mais complexos como pular, dançar, praticar esportes, etc. Este sistema age sob o co- mando do sistema nervoso central. 3.1 Ossos Os ossos são responsáveis pela firmeza, sustentação e postura do corpo humano. Por serem constituídos de um tecido conjuntivo es- pecial, são formados por células vivas denominadas osteócitos, que precisam ser nutridas. Tal fato o diferencia de outros tecidos conjunti- vos, pois no interstício há grande quantidade de sais minerais, especial- mente fosfato e cálcio, o que explica sua dureza. Os ossos apresentam grande variedade de forma, tamanho e estru- tura interna e têm como principais funções a sustentação do corpo e a fixação do tecido muscular esquelético (ou voluntário), além da proteção dos órgãos moles como, por exemplo, cérebro, coração e pulmões. Os ossos longos, como por exemplo o fêmur, localizado na coxa, têm sua estrutura composta externamente por uma camada densa e rígida, e internamente por outra camada, esponjosa, onde se localiza a medula óssea – a qual possui um tecido de coloração avermelhada e forma a maior parte das células sangüíneas. No corpo do osso, chama- do de diáfise, há uma membrana fibrosa, o periósteo, que o reveste externamente. As extremidades, onde se processa o crescimento do te- cido ósseo por acréscimo de camadas superficiais, são chamadas de epífises e recobertas de cartilagem para facilitar o movimento. Há também os ossos chatos ou planos, que são largos, com- pridos e finos. Como exemplo, podemos citar a escápula, mais com- pacta, que não produz células sangüíneas - encontrada na face pos- terior do tórax, bilateralmente. Geralmente, esses ossos desempenham funções de proteção - como os ossos planos do crânio, que protegem o cérebro. Citam-se, ainda, os ossos curtos, que possuem as três dimen- sões mais ou menos iguais (assemelhando-se a um cubo) e são en- contrados apenas no tornozelo (tarso) e punho (carpo). Os ossos irregulares, que possuem diversas formas como aqueles da face, e os ossos sesamóides, que se desenvolvem em cer- tos tendões (por exemplo, a patela) e são encontrados no cruzamen- Interstício - espaço entre as células Superfície patelar Epífise Medula vermelha Camada esponjosa D iáfise Camada rígida Epífise Medula 22 1 Anatomia e Fisiologia cinco vértebras, fixadas entre si. Ao final da coluna, temos a região coccigeana com quatro vértebras, também fixadas entre si (figura 5). Cada vértebra possui um espaço no centro, conhecido como forâmen vertebral (figura 6). O posicionamento das vértebras, umas sobre as outras, permite a formação do canal vertebral, por onde passa a medula espinhal. A B Atlas Axis Vértebras cervicais Vértebras torácicas Região dorsal Vértebras lombares Região sacral Região coccigeanaCóccix Co st ela s v er da de ira s Esterno Co st ela s f als as Costelas flutuantes Vértebra Costela Cartilagem Forâmen vertebral Figura 4 Tórax - anterior Figura 5 Coluna vertebral Figura 6 23 P EAROF A caixa torácica é composta por vinte e quatro costelas (em doze pares), mais o osso esterno, denso e grosso. As costelas têm forma cha- ta e alongada e o espaço entre elas é chamado de espaço intercostal. Na sua maioria, são fixadas posteriormente nas vértebras da região torácica ou dorsal e anteriormente no osso esterno - osso achatado com- posto pelo manúbrio (parte superior), corpo (parte mediana) e apêndice xifóide (parte inferior). Aquelas diretamente articuladas ao osso esterno são denominadas costelas verdadeiras (da 1ª a 7ª); as falsas (da 8ª a 10ª) são aquelas que se articulam às cartilagens do osso esterno, e não dire- tamente a ele. Já as costelas flutuantes (da 11ª a 12ª) são aquelas que não têm contato com o osso esterno, sendo fixadas somente nas vérte- bras da região dorsal. A caixa torácica óssea, além das costelas e esterno, inclui as vértebras torácicas e seus discos intervertebrais, formando um arcabouço ósteo-cartilaginoso que protege o coração, pulmões e al- guns órgãos abdominais, como o fígado, por exemplo. O esqueleto dos membros superiores é composto pela cintura escapular (cíngulo peitoral) e pelos ossos dos braços e mãos. A cintura escapular une-se anteriormente ao manúbrio esternal e é formada pelas clavículas e escápulas. Embora seja muito móvel, é sustentada e estabilizada por músculos inseridos nas costelas, esterno e vértebras. A região do braço inicia-se no ombro ou cintura escapular, de onde parte a clavícula - osso longo e fino, situado na parte anterior do corpo. Já a escápula, de forma achatada e triangular, localiza-se na sua parte posterior. O úmero, osso do braço situado na porção proximal, apresenta forma longa e tem uma das extremidades encaixada na escápula - gerando a articulação que permite a realização de movimentos dife- renciados em várias direções. O antebraço (porção distal), por sua vez, é composto por dois ossos denominados rádio e ulna, que se articulam com o úmero em uma de suas extremidades, formando o cotovelo. Para se distinguir os ossos do antebraço, basta esticar o braço com a palma da mão voltada para cima e observar que o osso do mesmo lado do dedo polegar é o rádio; o outro, na direção do dedo mínimo, é a ulna. Estes dois ossos possuem forma longa, porém são mais finos quando comparados ao úmero. Nas mãos (figura 7), encontramos três diferentes grupos de ossos. O punho ou carpo é formado por oito pequenos ossos. Na palma da mão ou metacarpo, somam-se cinco ossos pequeninos. Os dedos compõem-se de três ossículos denominados falange proximal, falange medial e falange distal – exceto o polegar, formado por apenas dois ossículos (não há falange medial). Os dedos das mãos permi- tem-nos realizar tarefas extre- mamente delicadas, devido ao movimento semelhante ao de uma pinça. 24 1 Anatomia e Fisiologia O quadril ou cintura pélvica (figura 8) é considerado parte inte- grante do esqueleto dos membros inferiores. É formado por três ossos - ilíaco, ísquio e púbis – que, juntamente, com o sacro e o cóccix, constituem a bacia ou pelvis. O ílio é o maior osso do quadril e situa-se na parte superior lateral da pelvis, oferecendo suporte para as vísceras abdominais. Forma a parte superior do acetábulo (depressão côncava) na face lateral do osso do quadril, onde se articula com a cabeça do fêmur. Sua parte superior é conhecida como crista ilíaca. O ísquio for- ma a parte póstero-inferior da pelvis e é o principal ponto de apoio quando a pessoa está sentada. O púbis situa-se na parte anterior da pelvis e liga-se ao ílio e ao ísquio, originando o que se denomina sínfise púbica. Figura 7 Esqueleto da mão Ulna Corpo e articulação do punho Metacarpo Falange Rádio Figura 8 Cintura pélvica Crista Ilíaca Ílio Vértebras sacrais Acetábulo Vértebras coccígeas Cabeça do fêmur ÍsquioPúbis Sínlise púbica 27 P EAROF las cartilaginosas morrem. No espaço intercelular, então, há uma substitui- ção gradual por tecido ósseo - que, dessa forma, não resulta diretamente de sua transformação. Este é o motivo pelo qual o esqueleto do adulto apre- senta menor proporção de tecido cartilaginoso. Entretanto, pode-se cons- tatar que a cartilagem atua como proteção nos espaços entre as vértebras da coluna, evitando seu desgaste (figura 10). 3.3 Articulações Na anatomia do corpo, articulação é a junção de dois ou mais ossos distintos, permitindo seu movimento. De acordo com o tipo de material que une os ossos articulados, as articulações podem ser divididas em: • fibrosas: unidas por tecido fibroso; • cartilagíneas: unidas por cartilagem ou por uma combinação de cartilagem e tecido fibroso; • sinoviais: unidas por cartilagem com uma membrana sinovial que circunda a cavidade articular. Para a obtenção de um de- sempenho adequado e sem atritos, a maioria dessas articula- ções possui um lubrificante denominado líquido sinovial, razão de seu nome. Ressalte-se que as articulações sinoviais são as mais comuns e proporcionam o movimento livre entre os ossos que une, caracteri- zando-se pela presença em quase todas as articulações dos membros. Apresentam uma cavidade articular e extremidades ósseas revestidas por cartilagem articular. Essas articulações são circundadas por uma cápsula articular, fibrosa, internamente revestida por uma membrana sinovial (figura 11). A junção com os ossos pode ser do tipo móvel, semimóvel ou fixa. A articulação do ombro com o braço permite a realização de amplos movimentos, como o de girar o braço em várias direções. Isto exemplifica a diartrose, ou seja, articulação móvel. Outro exemplo de diartrose, porém com movimentos menos amplos, é encontrado no joelho, onde se consta- ta a semelhança com o movimento de uma dobradiça. Observando-se os ossos do crânio, pode-se verificar que os mes- mos estão firmemente encaixados entre si e que suas extremidades são irregulares, ou seja, nem retas nem lisas. Isto exemplifica a sinartrose, definida como articulação imóvel ou fixa. Já os movimentos realizados pela coluna vertebral, limitados, re- presentam um exemplo de anfiartrose, ou seja, articulação semimóvel. Nas articulações, há também os ligamentos, responsáveis pela união dos ossos, limitando-lhes os movimentos a determinadas dire- ções. Esses ligamentos são constituídos por tecido conjuntivo fibro- O aumento excessivo de líqui- do sinovial na articulação do joelho é popularmente conhe- cido como “água no joelho”. 28 1 Anatomia e Fisiologia so e encontram-se fortemente unidos à membrana de revestimento do osso denominada periósteo. Quando a articulação não possui ligamen- tos eficientes, há necessidade do apoio muscular, sendo este o maior responsável pela estabilidade do conjunto. As principais articulações do esqueleto humano são têmporo- mandibular, processo articular vertebral, coxo-femoral, joelho, calca- nhar, ombro, cotovelo, punho. Os principais movimentos articulares são: - flexão: diminui o ângulo entre as partes do corpo; - extensão: corrige ou aumenta o ângulo entre as partes do corpo; - abdução: afasta parte do corpo do plano sagital mediano no plano coronal; - adução: aproxima parte do corpo do plano sagital mediano, no plano coronal - exceção feita aos dedos das mãos e pés, nos quais abdução significa separá-los e adução, juntá-los; - rotação: mover uma parte do corpo ao redor do seu eixo longi- tudinal. Côndilo do úmero Musculatura Úmero Membrana sinovial Cavidade articular Cápsula articular Cartilagens articulares Ulna Rádio Úmero Figura 11 Articulações sinoviais 29 P EAROF 3.4 Músculos Em qualquer movimento realizado, mesmo o mais discreto, como mexer o dedo do pé ou piscar o olho, utiliza-se a musculatura. Os músculos distribuem-se por todo o corpo, sendo responsáveis por todo e qualquer movimento, intencional ou não. Ao dobrar firmemente o braço, você fará um movimento de flexão contraindo o músculo bíceps, que ficará mais curto e grosso; ao estendê- lo, o músculo retornará a seu tamanho original. Quando nos espregui- çamos, acontece um alongamento nos músculos. Analisando-se esses dois exercícios pode-se compreender a principal característica do teci- do muscular: sua capacidade “elástica” de contração e distensão. Para que um músculo funcione, ou seja, para a realização do movimento, faz-se necessário um comando do cérebro - enviado pelos nervos motores e cujo resultado é a contração muscular. Ao ficar paralisado por longo tempo o músculo perde sua tonicidade, o que dificulta ou impede seu movimento. Para sua recupe- ração a pessoa precisará praticar exercícios de fisioterapia – o que fará com que o músculo, aos poucos, retome os movimentos perdidos. Todas as pessoas possuem a mesma quantidade de músculos, mas cada uma apresenta diferenças em relação à forma e tamanho. Os músculos variam de volume quando exercitados com freqüência, tor- nando-se mais delineados e desenvolvidos, como podemos observar nos esportistas. Ao tocar sua coxa você pode perceber a extensão do músculo que a constitui, considerado um músculo grande. Ao contrá- rio, seu rosto exemplifica um conjunto de músculos pequenos. O músculo, constituído por fibras, possui forma alongada, parte central alargada (ventre, porção carnosa contrátil) e extremidades afuniladas que se fixam aos ossos ou órgãos por meio de tendões (cor- dões fibrosos) ou aponeuroses (lâminas fibrosas). Cada fibra muscular é uma célula longa e fina, com vários núcleos e filamentos microscópi- cos a preencher seu citoplasma. O conjunto de fibras constitui o feixe muscular e cada músculo possui numerosos feixes. Em algumas regiões do corpo, a musculatura é diferenciada de acordo com a função a ser desempenhada. A musculatura esquelética estriada, situada nas camadas su- perficiais do corpo, liga-se firmemente às cartilagens e aos ossos por meio de tendões ou aponeuroses Seus movimentos são voluntários, comandados pela vontade. Ela recobre todo o esqueleto, permitindo o controle dos movimentos da face, pernas, braços, etc. A musculatura lisa ou visceral, responsável pelo movimento de órgãos como o esôfago, o estômago e os intestinos, contrai-se lentamen- te, independente de nossa vontade. Além disso, faz parte da maioria dos vasos e controla o fluxo do sangue através dos vasos sangüíneos. Tonicidade – estado em que os músculos apresentam vigor ou energia; o seu oposto é a flacidez. Se você quer fortalecer sua musculatura, faça regular- mente algum exercício físico, desde que orientado por profissionais competentes. Isto só lhe trará benefícios para a saúde em geral, além de agilidade e força muscular. 32 1 Anatomia e Fisiologia O movimento do antebraço é limitado, o que lembra uma dobra- diça. Porém, as mãos executam movimentos precisos e delicados, como abotoar uma blusa, fazer uma trança, digitar um texto, dentre muitos outros utilizados no dia-a-dia. Para a prática de seu serviço duas posi- ções do antebraço são muito úteis: supina, quando o antebraço se en- contra com a palma da mão para cima, e prona, quando a palma está virada para baixo. Seus principais músculos são: Deltóide Faciais Peitoral maior Bícep Reto abdominal Oblíquo externo Flexores do pulso e dos dedos Costureiro Quadríceps Esternocleidomastóide Trapézio Deltóide Tríceps Grande dorsal Oblíquo externo Grande glúteo Bíceps crural ou femural Gêmeos ou gastrocnêmios Extensores dos dedos Grande denteado Figura 13 Músculos dos membros superiores, do tronco e inferiores 33 P EAROF - flexor dos dedos – situa-se na parte anterior do antebraço e promove a flexão dos dedos; - extensor dos dedos – localiza-se na parte posterior do ante- braço, sendo responsável pelo afastamento dos dedos. 3.4.3 Músculos do tronco Os principais músculos do tórax (figura 13) são: - trapézio – localiza-se na região superior das costas, sendo res- ponsável pela elevação dos ombros - é nele que se realiza a massagem de conforto; - grande dorsal – situa-se na região inferior das costas, tendo como função principal levar o braço para trás; - peitoral maior – como o nome indica, localiza-se no peito, per- mitindo o movimento do braço para a frente; - grande denteado – situa-se na parte lateral do tórax, promo- vendo a elevação das costelas, ajudando, dessa forma, o pro- cesso de respiração. No abdome, os principais músculos são: - reto abdominal – localiza-se na frente do abdome ou barriga, sendo responsável por dobrar o tórax sobre o abdome, ajudan- do na inspiração (entrada de ar no organismo) forçada; - oblíquo externo – situa-se nos lados do abdome; atua compri- mindo as vísceras e inclinando o tórax para a frente; - diafragma – separa o tórax do abdome e ajuda na inspiração. A musculatura abdominal é também responsável pela susten- tação do peso e pressão dos órgãos viscerais. Na prática de seu trabalho três posições distintas são muito utili- zadas: decúbito dorsal - quando o corpo se encontra com o dorso (costas) em contato com a superfície de apoio (maca ou leito); decúbito ventral - quando o corpo está apoiado sobre o ventre (de barriga para baixo); decúbito lateral - quando o corpo está apoiado em um lado específico, seja o direito ou o esquerdo. 3.4.4 Músculos dos membros inferiores Os principais músculos dos membros inferiores (figura 13) são: - grande glúteo ou glúteo superior - localiza-se nas nádegas e permite a extensão da coxa; - quadríceps - situa-se na parte anterior da coxa, sendo respon- sável pela extensão da perna; 34 1 Anatomia e Fisiologia - costureiro - é o músculo mais longo do corpo: inicia-se no quadril, cruza a coxa e termina na lateral interna do joelho; sua função é aproximar a coxa do abdome; - bíceps crural ou femoral – localiza-se na face posterior da coxa, permitindo o movimento de flexão das pernas; - gêmeos ou gastrocnêmios – situam-se na face posterior da per- na (“batata” da perna) e são responsáveis pela extensão dos pés. Por sua vez, os pés apresentam movimentos de extensão (fi- gura 14), flexão e rotação – possíveis devido à utilização dos músculos extensores e flexores neles inseridos por meio dos tendões. Músculos extensores dos dedos Músculos extensores dos dedos Revestimento dos tendões Tendões Tendões dos músculos extensores Em pacientes acamados ou sem nenhum exercício com os pés é comum acontecer o que se chama de queda plantar. Devido à falta de atividade da musculatura responsável pelo movimento, ela se torna rígida e atrofiada, necessitando de cuidados especiais para resgatar os movimen- tos normais. 4- SISTEMA TEGUMENTAR A pele reveste todo o corpo humano, exercendo funções indispensáveis para a manutenção da vida. Adicionalmente, como vive em perfeita harmonia com o organismo, reflete seu estado de saúde. Ao mesmo tempo que mantém a temperatura corporal estável, protege-o contra agressões físicas, químicas e biológicas, além de captar Figura 14 37 P EAROF Quando sentimos frio ou estamos em uma situação considerada “arrepiante”, po- demos observar que os pêlos ficam eretos, arrepiados, devi- do à função sensorial da pele. Ao cuidar das unhas, muitas pessoas têm o hábito de reti- rar a cutícula, o que pode re- sultar na contaminação do leito ungueal e em processos inflamatórios - vulgarmente conhecidos por “unheiro” - que podem até mesmo causar, conforme o grau de agressão, uma deformação permanente na unha. O cuidado com as unhas deve limitar-se à limpe- za, escovação e corte. O hábito de massagear diariamente a pele com um creme hidratante mantém a boa irrigação de sangue nas células da epiderme. Tal pro- cedimento é particularmente importante no caso de pacien- tes acamados que, devido à má circulação sangüínea e à morte prematura de células epidérmicas por falta de oxigenação, podem apresen- tar lesões de pele, denomina- das escaras. se abrem as glândulas sebáceas. Têm por função proteger áreas de orifí- cios e olhos, possuindo rica inervação que lhes confere, ainda, o papel de aparelho sensorial cutâneo. A cor dos pêlos, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e a região do corpo. Estão presentes em quase toda a superfí- cie da pele, exceto em algumas regiões bem delimitadas. As glândulas sebáceas situam-se na derme e, como já dito, for- mam-se junto aos pêlos, podendo existir várias para cada folículo piloso. Em certas regiões, como lábio, glande e pequenos lábios da vagina, os ductos das glândulas sebáceas abrem-se diretamente na pele. São res- ponsáveis pela secreção de gorduras que lubrificam e protegem a super- fície da pele e estão presentes em todo o corpo, exceto nas palmas das mãos e plantas dos pés. As glândulas sudoríparas são encontradas em toda a pele, exceto em certas regiões, como a glande. Secretam o suor - solução extremamente diluída, que contém pouquíssima proteína -, além de sódio, potássio, cloreto, amônia e ácido úrico. Nas palmas das mãos e plantas dos pés se abrem diretamente na superfície cutânea, sendo mais numerosas nessas áreas. Ao atingir a superfície da pele o suor se evapo- ra, baixando a temperatura corporal. Dessa forma, exercem importante papel no controle da temperatura corporal – motivo pelo qual suamos mais no calor e menos no frio. A presença de catabólitos no suor sugere que as glândulas sudoríparas também têm função excretora. Quando desembocam nos folículos pilosos são chamadas de glân- dulas sudoríparas apócrinas e localizam-se apenas nas regiões axila- res, perianal e pubiana. Podem ser estimuladas pela tensão emocional e sua secreção é ligeiramente viscosa e sem cheiro, mas adquire odor de- sagradável e característico pela ação de bactérias na pele. As unhas recobrem a última falange dos dedos e são formadas por queratina dura e fixadas sobre a epiderme nos denominados leitos ungueais. Crescem apenas longitudinalmente, não para os lados. Prote- gem as pontas dos dedos, evitando traumatismos e possuem em seu contorno uma espécie de selo chamado cutícula, que impede a entrada de agentes infecciosos, como bactérias. Para o profissional de saúde, a pele deve ser objeto de atenção especial pois sua coloração, textura e aparência podem ser indicativos de alterações no organismo. Por outro lado, os cuida- dos básicos de higiene e hidratação são essenciais para a manuten- ção da saúde em geral. 38 1 Anatomia e Fisiologia 5- SISTEMA CARDIOVASCULAR O sangue pode ser chamado de “meio de transporte” do cor- po. Veículo de elementos tão importantes que uma falha sua pode cau- sar a morte dos que esperam suas “mercadorias”: as células. O sangue é uma massa líquida, contida num compartimento fe- chado, o aparelho circulatório, e mantida em movimento regular e unidirecional devido às contrações rítmicas do coração. Num adulto, seu volume total é de aproximadamente 5,5 litros. Para executar com precisão suas funções, tais como suprir as necessida- des alimentares dos tecidos, transportar detritos das células para serem elimi- nados e conduzir substâncias e gases de uma parte a outra do corpo, possibili- tando o bom funcionamento das células, o sangue necessita de elementos es- peciais em sua composição – sobre os quais passaremos a discorrer. Se colhermos uma pequena quantidade de sangue observaremos que em pouco tempo haverá a separação entre um líquido amarelado e uma massa vermelha (coágulo). Assim, verificamos que o sangue é formado de uma parte líquida, denominada plasma, e de uma parte sólida, composta por células e fragmentos de células (elementos figurados). O plasma representa 56% do volume sangüíneo e é constituí- do por 90% de água e diversas substâncias, como proteínas, sais inorgânicos, aminoácidos, vitaminas, hormônios, lipoproteínas, glicose e gases - oxigênio, gás carbônico e nitrogênio -, diluídos em seu meio. Os sais minerais, juntamente com a água, regulam a pressão osmótica, ou seja, a força que pressiona a passagem de água através de uma membrana de um local menos concentrado para outro mais concentrado. Os principais sais minerais são o cloreto, o sódio, o potássio, o cálcio e o magnésio. Com relação ao plasma, suas principais proteínas são a albumina, as globulinas e o fibrinogênio. Entre outras funções, a albumina trans- porta medicamentos, bilirrubina e ácido biliar, além de manter a pressão osmótica uniforme no plasma, propiciando a troca de água entre o san- gue e os tecidos. As globulinas são compostas pelas alfa e betaglobulinas que transportam o ferro e outros metais, hormônios, vitaminas, lipídios e as gamaglobulinas (anticorpos) que protegem o nosso organismo – motivo pelo qual são chamadas de imunoglobulinas. Por sua vez, o fibrinogênio é necessário para a formação de fibrina, na etapa final da coagulação sangüínea. Das células que compõem a parte sólida do sangue, os glóbulos vermelhos, também chamados hemácias ou eritrócitos, são os que existem em maior quantidade. Não possuem núcleo e apresentam um pigmento rico em ferro, denominado hemoglobina, que torna o san- gue vermelho e tem a função de transportar oxigênio para as células. 39 P EAROF Qualquer interferência nesse transporte pode ser letal para as células do tecido afetado – o que é possível de ser percebido mediante a obser- vação da pele e mucosas (como os lábios), que se apresentarão hipocoradas (sem cor). As hemácias se formam nas medulas vermelhas dos ossos longos e vivem cerca de 120 dias; ao morrerem são transportadas pelo próprio sangue para o baço, onde se fragmentarão. O valor normal de eritrócitos é de 4,5 a 5 milhões/ml de sangue; e o hematócrito, ou seja, a porcen- tagem de eritrócitos no sangue, de 45%. A anemia significa uma deficiência de hemácias, que pode ser causada por perda muito rápida ou produção demasiado lenta. É muito importante que você saiba que nessas células existem certos componentes (aglutinógenos), geneticamente determinados, convencionalmente chamados de A e B. Sua presença define o tipo sangüíneo de uma pessoa. Quatro tipos de sangue podem ser identificados: tipo A - com hemácias que só contêm o elemento A; tipo B - com hemácias que só contêm o elemento B; tipo AB - com hemácias que contêm os dois elementos; e tipo O, com hemácias “vazias”, ou seja, sem aglutinógeno. Além destes componentes, há o fator Rh. Cerca de 85% da população possui o aglutinógeno Rh, sendo chamadas de Rh+. A presença desses aglutinógenos específicos nas hemácias não é um dos elementos responsáveis pelas reações transfusionais resultantes de ti- pos sangüíneos incompatíveis. Daí a necessidade de se conhecer a tipagem sangüínea do paciente quando da necessidade de realização de transfusão. Os leucócitos ou glóbulos brancos são células que existem no sangue em menor quantidade que as hemácias. Responsáveis pela defesa do organis- mo são capazes de destruir os invasores, além de produzir histamina (substân- cia manifesta nas reações alérgicas) e heparina (anticoagulante). Quando suspensos no sangue os leucócitos são esféricos e classificam-se em granulócitos - ou poliformonucleares - e agranulócitos - segundo caracterís- ticas celulares - e se diferenciam em outras células durante a fase de maturação. Os granulócitos são compostos de 60% a 75% de neutrófilos, 2% a 4% de eosinófilos e 1% de basófilos. Formam-se na medula ós- sea e são destruídos e eliminados pelo fígado, baço, muco-bronquial, secreções glandulares e por autodestruição. Defendem o organismo na fase aguda do processo infeccioso e inflamatório. Os eosinófilos parti- cipam de processos alérgicos. Os agranulócitos compreendem os linfócitos e monócitos. Os linfócitos correspondem a 25%-40% dos leucócitos e são for- mados nos tecidos linfóides, onde se armazenam (timo e baço). Uma pequena quantidade circula pelo corpo, atuando lentamen- te nas inflamações crônicas em vista de sua pouca ação destrutiva sobre as bactérias, no entanto são importantes nas reações de Ao ler um resultado de hemograma (exame de san- gue) você poderá observar as diferenças numéricas existen- tes entre essas células. As alterações encontradas nos exames podem ser a “chave” para o diagnóstico de muitas doenças. 42 1 Anatomia e Fisiologia Na maioria das vezes, as artérias são responsáveis por levar o sangue rico em nutrientes e substâncias essenciais - como o oxigênio - às células. Possuem paredes resistentes, formadas por musculatura lisa (involuntária), pois transportam o sangue sob alta pressão para que seu fluxo seja tão rápido quanto necessário. As artérias podem ser palpadas, principalmente em regiões arti- culares, onde são mais superficiais. Os batimentos arteriais palpados são o que chamamos de pulso e recebem os nomes conforme a artéria palpada, sendo os mais comuns: pulso carotídeo - artéria carótida; pul- so radial - artéria radial (figura 17); pulso femoral - artéria femoral; e pulso pedial - artéria pediosa. Devido à pressão existente no interior desses vasos, quando puncionados para a realização de exames diag- nósticos e/ou terapêuticos devem receber uma compressão no local, por alguns minutos, para evitar o sangramento e a formação de hema- toma. Em seu trabalho, rapidamente você verificará que as veias dos membros inferiores e superiores são as mais utilizadas para a punção venosa (figura 18). 5.2 A máquina da vida O coração é uma “bomba” muscular oca, responsável pela circula- ção do sangue pelo corpo. Para tanto, apresenta movimentos de contração (sístole) e relaxamento (diástole), por meio dos quais o sangue penetra no seu interior e é impulsionado para os vasos sangüíneos. Localiza-se na porção central da cavidade torácica conhecida como mediastino - mais precisamente o mediastino médio e é envol- vido por um saco fibrosseroso de paredes duplas, chamado pericárdio, que tem em seu interior pequena quantidade de líquido aquoso – o que permite seu melhor deslizamento quando dos movimentos de sístole e diástole. Artéria radial Figura 17 Pulso radial 43 P EAROF A estrutura cardíaca é formada por três camadas musculares: epicárdio (camada externa), miocárdio (camada média e a mais espes- sa) e endocárdio (camada interna). O coração é composto por quatro câmaras, denominadas átri- os (superiores) e ventrículos (inferiores). Os átrios recebem o san- gue que vem das veias, motivo pelo qual suas paredes são delgadas - ao inverso dos ventrículos que, por injetarem sangue nas artérias e necessitarem de maior força para vencer a resistência vascular, têm paredes musculares espessas. Artéria da têmpora Artéria do maxilar Artéria da face Artéria carótida Artéria da axila Artéria braquial Artéria das mãos Veias pulmonares Artéria do estômago Artéria comum aos dois ossos da bacia Artéria do fêmur Rede de artérias do joelho Artéria da perna Artérias dos pés Veia cerebral Veia facial Veia jugular interna Veia da tireóide Veia cava superior Aorta Artérias pulmonares Veia da axila Coração Veias braquiais (do braço) Veia cava inferior Artéria renal Veia comum aos ossos da bacia Rede de veias da mão Veias dos dedos Veia safena Veia do fêmur Rede de veias do joelho Veias das pernas Veias dos pés Veia jugular externa Figura 18 Principais artérias e veias O caminho percorrido pelo sangue do ventrículo direito até o átrio esquerdo, passan- do pela artéria pulmonar, che- gando aos pulmões e retornando ao coração pela veia pulmonar, é o que cha- mamos de pequena cir- culação. 44 1 Anatomia e Fisiologia Os movimentos cardíacos são rítmicos, numa média de 80 batimentos por minuto, no adulto – como na criança o espaço a ser percorrido é menor, seus batimentos são mais acelerados. Ao pousar a mão ou o diafragma do estetoscópio sobre o terço inferior do osso esterno, você poderá sentir ou ouvir o pulso referente ao ápice do coração, chamado pulso apical. E em cada movimento de sístole você perceberá que uma grande quantidade de sangue é impulsionada para fora do coração, com a importante missão de manter a vida. Artéria carótida comum Tronco venoso braquiocefálico esquerdo Veia jugular interna Tronco braquiocefálico Artéria subclávia Artéria pulmonar direita Veia subclávia Veia cava superior Aorta Artéria pulmonar esquerda Pulmão direito Coração Pulmão esquerdo Tronco pulmonar Canal arterial Aorta Ventrículo esquerdo Ventrículo direito Sangue arterial Pulmão direito Pulmão esquerdo Artéria pulmonar Átrio direito Sangue venoso Veia cava superior Veias pulmonares Átrio esquerdo Figura 19 Sistema cardiovascular Veia cava inferior 47 P EAROF Você já notou pontos ou “caro- ços”, muitas vezes dolorosos, em determinadas partes de seu corpo? Já percebeu que eles surgem quando há indícios de alguma infecção? Por que será que no exame preventivo do câncer mamário é neces- sário apalpar as axilas em busca de “caroços”? No câncer, encontramos o enfartamento ganglionar de natureza tumoral, devido ao fato de as células do câncer se desprenderem e, por apre- sentarem características dife- renciadas das demais células do organismo, sendo retidas nos linfonodos como agentes estranhos. Essas células pos- suem alta capacidade de re- produção e, não fosse a ação dos linfonodos, rapidamente a doença se disseminaria. Mas o que é a linfa e de onde vem? Quais são suas demais funções? Para responder a essas perguntas lembre-se do que aprendeu so- bre circulação sangüínea, pois o papel da linfa é, de certo modo, com- plementar ao do sangue venoso, pois também drena as impurezas do corpo através da circulação. Recorde-se de que o sangue arterial, ao sair do ventrículo es- querdo pela artéria aorta, empreende uma fabulosa jornada por todo o corpo penetrando em artérias de calibres cada vez menores até chegar às arteríolas e iniciar seu retorno pelas vênulas. É nessa pas- sagem das arteríolas para as vênulas que uma fração aquosa, deno- minada plasma, escapa dos vasos e circunda as células, fornecendo- lhes substâncias trazidas pelo sangue, ao mesmo tempo que recolhe os resíduos do metabolismo celular. Quando fora dos vasos capilares, esse líquido permanece nos espaços entre as células (espaço intercelular ou espaço intersticial), ali ficando estagnado. Você imagina o que aconteceria se não houvesse a drenagem desse líquido? Saiba que todo ele é drenado por capila- res linfáticos de calibre microscópico; ao atravessar suas paredes, o líquido intercelular passa a chamar-se linfa. Agora, você pode deduzir o que acontece, já que o processo é semelhante ao da circulação sangüínea. A linfa percorre a rede de vasos linfáticos, que se ampliam cada vez mais. Para realizar esse movimento ela não depende do coração, pois o mesmo ocorre por meio de compressões resultantes de movimentos incidentais, isto é, movimentos efetuados com outra finalidade, como as pulsações das artérias vizinhas, os movimentos respiratórios e as contrações mus- culares, principalmente durante a locomoção. Assim, a linfa percorre lentamente o corpo em vasos gradual- mente mais calibrosos, até desembocar na confluência das veias subclávia e jugular, retornando então à circulação sangüínea. Provavelmente, você pode estar pensando que o sistema linfá- tico serve apenas para conduzir a linfa, o que não é verdade. Ao longo de todo o trajeto existem formações denominadas linfonodos ou nodos linfáticos, de tamanhos variados; responsáveis pela filtragem da linfa, dela retiram as partículas estranhas e, concomitantemente, destroem as bactérias. Portanto, os linfonodos exercem importante papel, reten- do microrganismos ou células mortas, impedindo, assim, que um processo infeccioso no organismo se dissemine ou provoque perturbações em outros pontos. Entretanto, por vezes, o pro- cesso infeccioso é tão intenso que provoca acentuada prolifera- ção das células dos linfonodos. Tal fato faz com que a filtragem da linfa ocorra de forma mais restrita em vista do grande número de células presentes, que acabam por reduzir sua passagem, re- 48 1 Anatomia e Fisiologia sultando no chamado enfartamento ganglionar ou, como comumente chamado, íngua. A compreensão do funcionamento do sistema linfático pro- picia ao profissional de saúde conteúdos relevantes para a pre- venção de doenças e de edemas - com suas conseqüências (figura 20). 7- SISTEMA IMUNOLÓGICO OU IMUNITÁRIO Ao ficarmos gripados ou com algum tipo de infecção ou inflamação, apresentamos determinados sintomas característicos como febre, enfartamento dos gânglios linfáticos, etc. Essas caracte- rísticas não são causadas pela doença propriamente dita, mas por um sistema de defesa do organismo denominado sistema imunológico ou sistema imunitário. O sistema imunitário é formado por diferentes espécies de glóbulos brancos ou leucócitos, e por órgãos que produzem e procedem sua maturação. Existem diferentes modos de ataque dos glóbulos brancos a um invasor: uns atacam diretamente; outros, a distância; alguns, só colhem e distribuem informações a outras células de combate. 7.1 Células do sistema imunológico As células do sistema imunológico têm a função de defender o organismo contra qualquer tipo de ataque invasor - uma bactéria, vírus ou até mesmo alguma outra célula defeituosa do nosso organismo que, por estar anormal, é identificada como um corpo estranho e logo elimi- nada. Os glóbulos brancos dividem-se em macrófagos e linfócitos - estes, por sua vez, subdividem-se em três grupos: linfócitos B, linfócitos T matadores e linfócitos T auxiliares. • Macrófagos São células que se movimentam continuamente entre os teci- dos, envolvendo substâncias estranhas, como microrganismos, res- tos de células mortas, etc. Quando presentes no sangue, são chama- das de monócitos. Na vacinação, os anticorpos são produzidos pelo organis- mo, o que requer determina- do tempo. 49 P EAROF Figuras A e B lm - linfonodos mastoideos lpr - linfonodo pré-auricular lp – linfonodo parotídeos lsm – linfonodos submandibulares lso - linfonodos subocipitais lsc - linfonodos supraclaviculares vji – veia jugular interna lc – linfonodos cervicais acc – artéria carótida comum lt – linfonodos traqueais vcs – veia cava superior Figura C la – linfonodos axilares va – veia axilar aa – artéria axilar Figura D l i - linfonodos inguinais vie – veia ilíaca externa aie – artéria ilíaca externa Figura E vp – veia poplítea ap – artéria poplítea lcp – linfonodos do cavo poplíteo A C D |B E Iso LprLm Lp Lc Acc Vji Aa Va La Li Aie Vie Vp Lcp Ap Lsm Vji Lc Lt Vcs Lsc Figura 20 Sistema linfático 52 1 Anatomia e Fisiologia piração (condução do ar para dentro) filtra as impurezas do ar, possibili- tando que chegue mais limpo aos pulmões. Esse processo ocorre porque no interior das fossas nasais encontram-se os pêlos e o muco (secreção da mucosa nasal), cuja função é reter substâncias do ar, manter a umidade da mucosa e aquecer o ar, facilitando o desempenho dos outros órgãos. A faringe é um canal que liga a boca às fossas nasais e estas à laringe; integra tanto o sistema respiratório (pois conduz o ar para a laringe) como o digestório (pois repassa os alimentos para o esôfago). A laringe, com forma tubular e tecido cartilaginoso, situa-se na parte anterior do pescoço. Seu início é a glote, orifício em cujas bordas há duas pregas vocais - conhecidas como cordas vocais - que se movem com a passagem do ar, ocasionando uma vibração entre si e produzindo a fala ou a voz. Anteriormente à glote encontra-se uma saliência cartilaginosa denominada epiglote - a qual pode ser vista com a aber- tura da boca e o estiramento da língua. Sua função é muito importante na alimentação, pois veda a glote durante o processo de deglutição. Você já se engasgou alguma vez? Tal fato acontece quando não há o vedamento total da glote pela epiglote, permitindo a passagem de resíduo alimentar para as vias respiratórias. Contudo, logo ocorre uma reação es- pontânea do organismo para expulsar o corpo estranho - a tosse. Fossas nasais Glote Laringe Faringe Fossas nasais Cavidade bucal Faringe Traquéia Laringe Brônquios Pulmão direito Pulmão esquerdo Diafragma Epiglote Figura 22 Sistema respiratório Toque sua garganta e comen- te o que percebe em sua es- trutura, como forma, consis- tência, tamanho, etc. 53 P EAROF A traquéia é formada por um conjunto de anéis cartilaginosos, sobrepostos, resultando em uma anatomia tubular. Mede aproximada- mente 12 centímetros e em sua parte inferior possui uma bifurcação que dá origem a dois pequenos tubos denominados brônquios. Deles partem algumas ramificações conhecidas como bronquíolos, que de- sembocam nos alvéolos pulmonares, os quais, por sua vez, têm forma arredondada, apresentam-se agrupados e são revestidos por uma fina membrana e recobertos por muitos vasos capilares sangüíneos. O pulmão é um órgão duplo, elástico devido a sua função, localizado no interior da caixa torácica. O direito é composto por três partes, denominadas lobo superior, lobo médio e lobo inferior; já o esquerdo possui apenas dois lobos: o superior e o inferior (figu- ra 24). ExpiraçãoInspiração O movimento realizado pelos pulmões – de inspiração e expiração (Figura 23) - asse- melha-se ao de uma bola de aniversário ao ser enchida e esvaziada. Figura 23 Movimento respiratório Sustentados pelo diafragma, os pulmões são recobertos por uma fina membrana denominada pleura, responsável por sua proteção na caixa torácica. Quando, pela inspiração, o ar chega aos pulmões os músculos respiratórios (intercostais e o diafragma) contraem-se permitindo a elevação das costelas. Em conseqüência, há aumento do volume da caixa torácica e expansão dos pulmões. Durante a expiração (saída do ar para o meio externo) o ar sai dos pulmões espontaneamente, reduzindo o volume da caixa torácica e permitindo a aproximação 54 1 Anatomia e Fisiologia ou abaixamento das costelas – processo que ocasiona o relaxamen- to dos músculos diafragma e intercostais, que participam do meca- nismo respiratório. Durante a passagem do ar pelas vias aéreas ele é umidificado, aquecido e filtrado de corpos estranhos pela mucosa e cílios que reves- tem as porções condutoras do sistema respiratório. O ar inspirado é composto de O2 (oxigênio), que passa para o sangue do capilar, e CO2 (gás carbônico). Através da hemoglobina, subs- tância existente nos glóbulos vermelhos, o O2 é transportado pelo san- gue. Com o CO2 ocorre o processo inverso: passa do sangue para o alvéolo, de onde é eliminado através da expiração. O sangue que foi oxigenado nos pulmões é levado ao coração, que, pelos vasos sangüíneos, o distribui a todo o corpo. 9- SISTEMA DIGESTÓRIO Os alimentos só podem ser absorvidos pelo organismo após sofrerem modificações químicas que possibilitem sua absorção pela cor- rente circulatória. Os nutrientes não absorvidos são eliminados sob a forma de fezes. Traquéia Pulmão direito Pulmão esquerdo Brônquio Bronquíolo respiratório Alvéolos Figura 24 Sistema respiratório 57 P EAROF Para evitar que restos de alimentos fiquem retidos entre os den- tes e venham a apodrecer, causando cáries, o que dificulta a mastigação e conseqüentemente a digestão, todas as pessoas devem, após as refei- ções ou consumo de doces em horários intermediários, realizar uma higiene bucal correta, mediante uma boa escovação. Durante a deglutição (figura 27), o alimento passa por uma vál- vula denominada epiglote – responsável, através de mecanismos re- flexos, pelo fechamento da laringe, impedindo desse modo que o bolo alimentar penetre nas vias aéreas – e posteriormente pela faringe, es- trutura que também pertence ao sistema respiratório, pois se comunica com a boca, cavidade nasal, esôfago e laringe. Da faringe, o alimento é encaminhado para o esôfago, que o transporta rapidamente até o estô- mago devido aos movimentos peristálticos existentes (inclusão e reor- ganização de conteúdo). Esôfago Alimento Língua Epiglote Glote Figura 27 Deglutição 58 1 Anatomia e Fisiologia Ao se dirigir ao estômago o alimento ainda passa por outra vál- vula denominada cárdia, cuja função é impedir o refluxo do bolo ali- mentar para o esôfago. Em crianças recém-nascidas, cuja cárdia ainda não está bem formada, o refluxo é freqüente. O estômago, dilatação do tubo digestivo, é um órgão que digere os alimentos e secreta hormônios. Sua principal função é continuar a digestão dos hidratos de carbono, iniciada na boca, e transformar os alimentos inge- ridos, mediante contração muscular, em uma massa semilíquida e alta- mente ácida de nome quimo. O estômago divide-se em cárdia, onde de- semboca o esôfago; fundo, região superior que se projeta para o diafragma; corpo, sua maior parte; e piloro, parte final que se comunica com o duodeno e que se abre e fecha alternadamente, liberando pequenas quantidades de quimo para o intestino delgado. No estômago, o bolo alimentar sofre a ação de uma secreção estomacal denominada suco gástrico, rica em ácido clorídrico e em duas enzimas, a pepsina e a renina, secretadas pela mucosa estomacal. Após chegar à primeira porção do intestino delgado, denomi- nado duodeno, o quimo é neutralizado pelo bicarbonato de cálcio liberado pela mucosa intestinal, induzido por um hormônio deno- minado secretina; nesse momento, já neutralizada sua acidez, o bolo alimentar recebe o nome de quilo. Posteriormente, o quilo sofrerá a ação do suco entérico, libera- do por milhares de glândulas existentes na mucosa intestinal - que con- tém as enzimas enteroquinase, cuja função é ativar a tripsina (uma enzima pancreática), e peptidases, que atuam na digestão dos peptídeos. Produzido no pâncreas, o suco pancreático é levado até o duodeno pelo canal colédoco. Nele, encontramos as enzimas tripsina e quimiotripsina, que irão digerir as proteínas, a lipase pancreática, que digere lipídios, e a amilase pancreática, que continuará a digerir o amido não digerido na boca pela ptialina. É também no duodeno que o bolo alimentar receberá a ação da bile. Produzida no fígado e armazena- da na vesícula biliar, a bile não é uma enzima, mas sais que irão emulsificar, ou seja, quebrar, moléculas grandes de gordura em molé- culas menores, possibilitando, assim, a ação da lipase. A função do fígado não é apenas produzir a bile, mas sim tratar e limpar as substâncias tóxicas do sangue que nele desemboca trazido pela veia porta e proveniente do intestino, pâncreas e estômago. 9.2 Absorção de nutrientes Os nutrientes resultantes do quilo são absorvidos por células da mucosa intestinal (intestino delgado) em estruturas denomina- das microvilosidades, posteriormente transferidas para a corrente sangüínea, que se encarregará de levá-los para todo o corpo. Refluxo - propriamente conhe- cido como golfada. Por esse motivo, ao comermos um alimento que não esteja bom ou esteja muito carrega- do em condimentos, logo pas- samos mal do fígado. 59 P EAROF Por intermédio de um esfíncter denominado ileo-cecal, os resí- duos não absorvidos pelo intestino delgado irão para o intestino gros- so. Neste, perderão água e endurecerão, formando o bolo fecal – o qual passará para a ampola retal por meio de movimentos peristálticos, sendo eliminado pelo ânus pelo processo de defecação. 10- SISTEMA URINÁRIO E ÓRGÃOS GENITAIS O sistema urinário (figura 28) contribui para a manutenção da homeostase, produzindo a urina que elimina resíduos do metabo- lismo, água, eletrólitos (soluto que em solução aquosa é capaz de con- duzir corrente elétrica; exemplo, sais) e não-eletrólitos em excesso no organismo, como glicose,uréia e outros. Abrange os rins, que secreta a urina, os ureteres, vias que conduzem a urina para a bexiga (que funciona como reservató- rio), e o ureter, que lança a urina para o exterior. No homem, o sistema urinário é interligado ao sistema genital; na mulher, esse sistema é independente. Os rins são órgãos glandulares que poupam ou excretam a água e sais nas quantidades adequadas para preservar a normali- dade e o meio ambiente em que as células vivem. São responsá- veis pela eliminação dos detritos que as células liberam e deposi- tam no organismo, recolhidas pelo sangue (uréia, creatinina, áci- do úrico). O acúmulo dessas substâncias pode ser letal, pois ra- pidamente prejudica as funções de diversos órgãos e sistemas im- portantes (coração, sistema nervoso, pulmão). Mas de que forma esses pequenos órgãos localizados na re- gião lombar (um de cada lado), com formato de feijões e medindo apenas 10 cm, podem interferir em questões tão importantes? Uma lesão renal pode realmente levar à morte? Para que você entenda o funcionamento dos rins, precisa an- tes saber o que é uma filtragem osmótica e hidrostática, pois é através delas que os rins recolhem os sais e resíduos do sangue. Isto parece complicado, mas não é. Na verdade, é muito sim- ples. Veja o seguinte exemplo. Quando você adoça em excesso seu café, o que faz para não tomar algo que lhe desagrada? Basta apenas adicionar um pouco de café sem açúcar e logo o sabor ficará mais de acordo com seu paladar. Como você não está se preparando para ser cozinheiro, mas sim pro- fissional de saúde, é bom que entenda o que de fato aconteceu. Homeostase – tendência do meio interno do organismo em se manter em equilíbrio. O rim, atuando como glându- la, produz uma substância chamada renina que exerce importante papel no controle da pressão arterial. 62 1 Anatomia e Fisiologia Após efetuarem muitas voltas, para permitir maior absorção, os túbulos formam grandes alças chamadas alças de Henle, onde o ex- cesso de água e parte do sódio são absorvidos passando, então, a nova- mente formar tubos contorcidos (túbulo contorcido distal) - os quais completam a absorção das alças que os antecedem e desembocam em túbulos coletores. Considerado a unidade funcional dos rins, o conjunto de glomérulos e túbulos recebe o nome de néfron. Por sua vez, os túbulos coletores desembocam em vias de calibre maior (ductos capilares), que se dispõem lado a lado, arrumados como pirâmides, com os vértices voltados para o interior do rim. Esses vérti- ces inserem-se em estruturas semelhantes ao nome que possuem: cáli- ce renal - para onde flui o filtrado, quase que totalmente modificado para urina. Cada grupo de três ou quatro cálices se une num cálice maior, que se comunica com a maior das câmaras de saída: a pelve renal. Essas câmaras (uma para cada rim) recebem a urina e afunilam-se formando os ureteres, pelos quais ela é depositada numa bolsa muscular, a bexiga, capaz de armazenar mais de um litro de líquido (figura 30). A bexiga possui um anel de musculatura lisa, cuja ação independe de nossa vontade, o que pode causar situações cons- trangedoras se não atendermos à necessidade de seu esvaziamen- Figura 29 Unidade funcional do rim Ramo ascendente da alça de Henle Glomérulo Arteríola eferente Arteríola aferente Túbulo contorcido proximal Tubo coletor Túbulo contorcido distal Vasos renais Ramo descendente da alça de Henle Alça de Henle Agora, fica mais fácil compre- ender quando um paciente diz que “não deu para segu- rar”, pois você sabe que isso pode ser verdade. 63 P EAROF to. Abaixo dele localizam-se feixes musculares estriados para a mic- ção voluntária. A ineficiência renal, por qualquer fator traumático ou por doen- ças, pode levar à perda desnecessária de água e de substâncias impor- tantes para o organismo, bem como à eliminação excessiva de água e de elementos indispensáveis ao nosso corpo, como as proteínas, por exemplo. A porção final do sistema urinário é a uretra, tubo muscular curto e estéril (não tem microrganismo) por onde a urina é expelida para o exterior através do meato urinário. 10.2 Órgãos genitais masculinos A genitália masculina é constituída externamente pelo pê- nis (que contém a uretra), a bolsa escrotal , os cordões espermáticos e os canais deferentes; e internamente pela prós- tata e vesículas seminais. O pênis é formado por três colunas de tecido erétil vascular reunidas por tecido fibroso, capazes de sofrer considerável aumento ao se encher de sangue durante a ereção. Em sua extremidade, há um alargamento cônico que constitui a glande, dotada de numerosas e dimi- nutas glândulas responsáveis pela produção de esmegma (substância que serve para lubrificar a uretra distal). O prepúcio é formado pela pele que, recobrindo o pênis, dobra-se sobre si mesma. O escroto é uma bolsa frouxa e enrugada, dividida em dois com- partimentos que contêm os testículos, os epidídimos e a parte mais proximal dos cordões espermáticos. Sua função não é apenas a simples sustentação dos testículos, pois exerce importante papel na regulação Figura 30 Rim É extremamente importante a retração do prepúcio para a higiene da criança e do adul- to. O acúmulo de esmegma, além de produzir mau cheiro, pode causar processos infec- ciosos. Coluna renal Papila renal Cápsula fibrosa Pelve renal Tecido adiposo Pirâmide renal Pirâmide renal Artéria renal Veia renal Cálice renal Ureter 64 1 Anatomia e Fisiologia da temperatura local em relação ao ambiente. Sendo formada de tecido elástico e musculatura lisa, contrai-se quando exposta ao frio (para aproxi- mar os testículos do corpo) e relaxa-se no calor. Assim, mantém uma tem- peratura constante no seu interior, fator fundamental para que os testícu- los secretem os espermatozóides. Os testículos são responsáveis por secretar substâncias que atuam no impulso sexual e nas características masculinas, além de produzir espermatozóides, as células responsáveis pela reprodu- ção Sua atividade inicia-se por volta dos dez ou onze anos, época em que o corpo começa a apresentar modificações - a produção de espermatozóides, porém, só ocorre após a puberdade. As vias espermáticas, que conduzem os espermatozóides, são compostas pelo epidídimo, ducto deferente, ducto ejaculatório e uretra. O epididímo tem sua gênese nos próprios testículos e termi- nam na uretra. Nele, ocorre a maturação final dos espermatozóides e em sua parte terminal os espermatozóides são armazenados até o momento da ejaculação. O ducto deferente é a continuação do epidídimo, que conecta-se com o ducto ejaculador. O ducto ejaculador surge da confluência entre os canais deferen- tes e os canais excretores das vesículas seminais, glândulas secretoras de um líquido especial, rico em frutose, capaz de ativar os movimentos dos espermatozóides e protegê-los contra a acidez do meio vaginal. Bexiga Ureter Glândulas bulbouretrais Vesícula seminal Intestino Uretra Canal deferente Epidídimo Canal ejaculatório e urinárioPê ni s Próstata Testículo Bolsa escrotal Outra glândula acessória da reprodução é a próstata, situada sob a bexiga, diante do reto (o que permite sua palpação pelo toque Figura 31 Aparelho genital masculino 67 P EAROF nervoso periférico. A junção dos corpos neuronais constitui uma subs- tância cinzenta denominada córtex. O funcionamento do sistema nervoso depende do chama- do arco ref lexo constituído pela ação das vias aferentes, centrípetas ou sensitivas, responsáveis pela condução dos im- pulsos originados nos receptores externos (provenientes do sis- tema sensorial) ou internos existentes em diversos órgãos e sen- síveis às modificações químicas, à pressão ou tensão; pelos cen- tros nervosos que formam a resposta aos estímulos enviados pe- las vias sensitivas; pela via eferente, motora ou centrífuga que conduz a resposta voluntária ou involuntária dos centros nervo- sos para os tecidos muscular e glandular. Anatomicamente, o sistema nervoso divide-se em sistema ner- voso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é representado pelo encéfalo e medula espinhal, respectivamente localizados no interior da caixa craniana e colu- na vertebral. O encéfalo é constituído pelo cérebro, diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e medula oblonga) e sua par- te central é constituída por uma substância branca; a externa, por uma substância cinzenta. O cérebro divide-se em duas partes simétricas (hemisférios direito e esquerdo) cuja troca de impulsos é feita pelo corpo caloso. Sua superfície evidencia pregas (giros) e reentrâncias (sulcos e fissuras) do córtex cerebral. Os sulcos e fissuras dividem os hemis- férios em lobos responsáveis por funções específicas - como sensiti- vas, auditivas, visuais, movimentação voluntária, memória, concen- tração, raciocínio, linguagem, comportamento, entre outras. Figura 33 Neurônio e seus principais componentes Corpo celular Axônio Bainha de mielina Terminais Células de Schwann e neurilena Dendritos 68 1 Anatomia e Fisiologia Quando, por qualquer eventualidade, a parte superi- or do tronco cerebral não interage a contento com os hemisférios cerebrais, o nível de consciência é afetado pois nessa área localizam-se os mecanismos de ativação e vigília. Se a lesão for extensa, pode levar ao coma. O diencéfalo circunda o terceiro ventrículo, forma a parte central mais importante do encéfalo e contém o tálamo e hipotálamo. Pelo tálamo passam todas as vias sensitivas que informam as per- cepções da sensibilidade dos órgãos dos sentidos, exceto o olfato – também percebe sensações como calor extremo, pressão e dor in- tensa. O hipotálamo, situado abaixo do tálamo, aloja a hipófise e controla as principais funções vegetativas e endócrinas do corpo. É uma das principais vias de saída de controle do sistema límbico (circuito neuronal que controla o comportamento emocional e os impulsos motivacionais). O cerebelo controla os movimentos, a tonicidade muscular e participa da manutenção do equilíbrio do corpo. O tronco cerebral une todas as partes do encéfalo à medula espinhal, vulgarmente chamada “espinha”. O tronco cerebral desempenha funções especiais de contro- le, dentre outras, da respiração, do sistema cardiovascular, da fun- ção gastrintestinal, de alguns movimentos estereotipados do cor- po, do equilíbrio, dos movimentos dos olhos. Serve como estação de retransmissão de “sinais de comando” provenientes de centros neurais ainda mais superiores que comandam o tronco cerebral para que este inicie ou modifique funções de controle específico por todo o corpo. A medula espinhal encontra-se no interior do canal formado pelas vértebras da coluna vertebral. Dela irradiam-se 33 pares de nervos espi- nhais, à direita e à esquerda, que inervam o pescoço, tronco e membros, ligando o encéfalo ao resto do corpo e vice-versa. É também mediadora da atividade reflexa (atos instantâneos, realizados independentemente da consciência). Estende-se da base do crânio até o nível da segunda vértebra lombar, pouco acima da cintura. Se você já assistiu a uma punção lombar (para anestesia peridural, por exemplo) deve ter percebido os cuidados adotados para apalpar as vértebras, visando evitar lesão na medula. A subs- tância cinzenta da medula espinhal tem o formato da letra H, cujas extre- midades são a raiz anterior, de onde saem as fibras motoras, e raiz posteri- or, local de saída das fibras sensitivas. Por sua vez, o SNP consiste nos nervos cranianos e espinhais. Emergindo do tronco cerebral, há 12 pares de nervos cranianos que exercem funções específicas e nem sempre estão sob controle voluntá- rio. Os nervos que possuem fibras de controle involuntário são chama- dos de sensitivos; e os de controle voluntário, motores. A partir dos órgãos dos sentidos e dos receptores (terminações nervosas sensiti- vas), presentes em várias partes do corpo, o SNP conduz impulsos ner- vosos para o SNC, e deste para os músculos e glândulas. Os nervos espinhais são divididos e denominados de acordo com sua localização na coluna vertebral: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e um coccígeo. 69 P EAROF Fisiologicamente, o sistema nervoso pode ser dividido em siste- ma nervoso voluntário, que comanda a musculatura estriada esquelética, e sistema nervoso autônomo (SNA) ou involuntário, responsável pelo controle da musculatura lisa, do músculo cardía- co, da secreção de todas as glândulas digestivas e sudoríparas e de alguns órgãos endócrinos. C 4 C 5 C 6 C 7 T1 T10 T11 T12 L1 L2 L3 L4 S1 S2 S3 S4 S5 C1 Plexo cervical Plexo braquial Plexo lombar Plexo sacroccígeo Filamento terminal Mesencéfalo Tenda do cerebelo Cérebro Tronco cerebral Bulbo Primeira vértebra torácica Medula espinhal Nervos espinhais Gânglios espinhais (sensitivos) Dura-máter espinhal Ramos posteriores dos nervos espinhais Vértebras seccionadas Primeira vértebra lombar Primeira vértebra sacral Cóccix Figura 34 Sistema nervoso central e sistema nervoso periférico 72 1 Anatomia e Fisiologia Estes impulsos servem a três funções distintas: a primeira, é a do sistema piramidal e das regiões do cérebro correlacionadas com a gêne- se e o padrão dos movimentos; a segunda, é das múltiplas vias agrupa- das como sistema extrapiramidal ou córtico-estrio-reticular; a terceira, é a do cerebelo, com suas conexões aferentes e eferentes. No sistema piramidal os impulsos se originam no córtex cere- bral e estão relacionados com a iniciação de movimentos voluntários delicados e de habilidade, como o início da marcha. Os mecanismos extrapiramidais são integrados em diversos níveis em todo o trajeto, desde a medula espinhal até o córtex cere- bral. Controlam o tônus muscular, os movimentos involuntários, as respostas reflexas, a harmonia e a coordenação do movimento. O cerebelo está relacionado com a coordenação, ajuste e uni- formidade de movimentos. Recebe impulsos aferentes do córtex motor, dos proprioceptores e dos receptores tácteis cutâneos, auditivos e visuais. 11.2 Como proteger estruturas tão importantes? O SNC é completamente envolvido por um sistema especial de formação protetora, representado por três membranas denomi- nadas meninges, que impedem o seu atrito com a caixa óssea. A função das meninges vai além de uma proteção mecânica, pois é através de sua camada mais interna, a pia-máter, que passam os vasos sangüíneos que fazem a irrigação cerebral. A camada se- guinte, denominada aracnóide, é presa à meninge mais externa, fi- brosa e resistente: a dura-máter. Mas entre a pia-máter e a aracnóide existe um espaço denominado espaço subaracnóideo, por onde cir- cula o líquido cefalorraquidiano ou líquor. Dura-máter Aracnóide Pia-máter Parede craniana Você já deve ter observado que diante da suspeita de um caso de meningite (inflama- ção das meninges) imediata- mente indica-se a punção lombar para a coleta de líquor. Durante a coleta, você já ouviu a expressão “água de rocha”? É uma expressão clás- sica utilizada para se referir a um líquor de aparência nor- mal, pois quando há presen- ça de agentes infecciosos este geralmente se torna turvo. Figura 36 Meninges 73 P EAROF Semelhantemente ao coração, o encéfalo também possui quatro cavidades, os ventrículos, que se comunicam como os cômodos de uma casa. O líquor é um líquido transparente - semelhante à água crista- lina - que circula pelos ventrículos e por todo o SNC, protegendo-o de impactos (funcionando como amortecedor) e agentes invasores. Exerce ainda a função de manter a estabilidade da pressão cerebral, sendo continuamente fabricado nos ventrículos laterais do SNC (III e IV), drenado e reabsorvido. Como vimos, o sistema nervoso é o centro de comando do organismo, capaz de influenciar os atos voluntários, involuntários e reflexos. Por isso, exige do profissional de saúde - durante procedi- mentos como a localização adequada para a administração de medi- camentos intramusculares, por exemplo - cuidados especiais no sen- tido de sua preservação. 12- SISTEMA SENSORIAL Como você percebe o mundo a sua volta? Diariamente, o ambiente que nos circunda repassa uma diver- sidade de estímulos que são captados pelo organismo – o chamado sentido ou sensação. Os ruídos, a claridade, o clima, o cheiro e o sabor dos alimentos, por exemplo, são fatores sempre presentes. Alguns órgãos, constituídos por células sensíveis, através de recep- tores sensoriais são especializados em perceber determinados estí- mulos externos, repassando a informação à respectiva área cerebral. Seu conjunto recebe a denominação de órgãos dos sentidos. São constituídos pelos olhos, que permitem a visão; língua, que sen- te o paladar; nariz, que possibilita o olfato; orelha, que conduz a audição e pele, que percebe o estímulo pelo tato – os quais serão a seguir apresentados com a respectiva correlação de sentido. 12.1 Olhos – visão Você prefere assistir a um filme em sua televisão ou no cine- ma? Qualquer que seja sua resposta você estará utilizando a visão, diferenciando-se apenas o tamanho da imagem. Os olhos são acondicionados dentro de duas cavidades ósseas da face: as órbitas oculares. Possuem dois globos oculares que, por sua vez, são constituídos por três distintas membranas denomina- das esclerótica, coróide e retina. Na parte anterior do globo ocu- Você já viu a cabeça de uma pessoa portadora de hidrocefalia? Seu aumento não lhe chamou a atenção? Ele resulta do acúmulo de líquor em um dos ventrículos, o que muitas vezes requer a instala- ção de uma válvula chamada ventrículo-peritonial que drena o excesso de líquor para o peritônio onde é absorvido. Ventrículo - espaço fechado que serve como reservatório de líquor. 74 1 Anatomia e Fisiologia lar, a membrana esclerótica, que o reveste externamente, forma uma camada transparente chamada córnea. Na coróide, localizam-se os vasos sangüíneos. A retina, sua membrana mais interna e sensível, é formada por um prolongamento do nervo óptico. No interior do globo ocular existe uma substância que ocupa sua maior parte, cha- mada humor vítreo, de consistência gelatinosa e transparente, situa- da atrás do cristalino – o qual atua como uma lente, regulando a imagem com nitidez. O cristalino modifica-se pela ação dos múscu- los ciliares, comandados pelo sistema nervoso autônomo. Músculos retos laterais Esclerótica Coróide Retina Humor vítreo Nervo óptico Pupila Íris Vasos sangüíneos da retina Cristalino Figura 37 Globo ocular Entre o cristalino e a córnea há uma substância líquida e transpa- rente denominada humor aquoso. Na parte anterior do olho, a coróide forma um disco cuja cor é variável para cada pessoa, denominada íris. Em seu centro existe um orifício cujo tamanho altera-se de acordo com a quantidade de luz que sobre ele incide (figura 38), a pupila, também conhecida como “menina dos olhos”. A idéia da criação da máquina fotográfica originou-se a partir da observação do funcionamento do olho humano. Para sua utili- zação, faz-se necessário filme, luz e lentes. Numa correlação com nossa matéria, o filme corresponderia à retina - onde são fixadas as 77 P EAROF 12.3 Nariz – olfato Você prefere perfumes suaves ou mais concentrados? Se- ria muito bom se em nosso dia-a-dia só sentíssemos cheiros agra- dáveis, mas a realidade não é essa. É comum percebermos al- guns odores desagradáveis como, por exemplo, o gás que sai dos ônibus, o cheiro exalado das valas das ruas onde não há rede de esgotos, e até mesmo o suor das pessoas nos dias de intenso calor. O nariz, órgão do olfato, é formado por duas cavidades, as fossas nasais, medialmente separadas pelo septo. As fossas na- sais possuem orifícios anteriores, que fazem contato com o meio externo, denominados narinas, e orifícios posteriores que, por sua vez, fazem contato com a faringe, chamados coanas. Na parte superior das fossas nasais há um revestimento mucoso formado por células olfativas localizadas nas termina- ções do nervo olfativo (nervo sensitivo), o que nos faz perceber o olfato (Figura 41). O sentido do olfato é estimulado através de substâncias quí- micas espalhadas no ar, motivo pelo qual é considerado um sentido “químico”. No interior das fossas nasais encontram-se os pêlos, cuja função é “filtrar” o ar respirado - estes pêlos, juntamente com o muco (secreção da mucosa nasal), retêm na parede interna do nariz os poluentes, além de diversos microrganismos trazidos pelo ar. Figura 40 Língua e papilas Papilas fungiformes Papilas calciformes Papilas filiformes 78 1 Anatomia e Fisiologia 12.4 Orelha – audição A orelha, composta por três seguimentos - a orelha externa, a média e a interna - é o órgão responsável pela audição. A orelha externa ou pavilhão auditivo possui uma saliên- cia com o formato oval, flexível devido ao tecido cartilaginoso que a constitui. Seu canal auditivo externo encaminha o som para seu interior, agindo como um receptor sonoro. Neste canal são encontrados pêlos e glândulas (que produzem uma espécie de cera), cuja função é proteger a parte interna contra a poeira, microrganismos e outros corpos provenientes do meio externo (figura 42). O tímpano, localizado ao final do canal auditivo externo e no início da orelha média, é uma fina membrana que vibra de acordo com as ondas sonoras. Além dele, a orelha média é composta por três ossículos respectivamente denominados, pela ordem de locali- zação, martelo, bigorna e estribo – os quais articulam-se receben- do a vibração da membrana timpânica. É na orelha média que se inicia um canal flexível que se estende até a faringe, denominado trompa de Eustáquio, cuja função é manter o equilíbrio da pres- são atmosférica dentro da orelha média - também conhecida como caixa do tímpano. Cavidade bucal Mucosa olfativa Corneto médio Cavidade nasal direita Corneto inferior Palato duro Corneto superior Corneto médio Figura 41 Órgão do olfato Orelha interna - nova denomi- nação de ouvido. 79 P EAROF Na orelha interna ou labirinto encontra-se o vestíbulo, uma esca- vação no osso temporal cuja cavidade superior comunica-se com os ca- nais semicirculares e recebe a denominação de utrículo. A cavidade infe- rior é chamada de sáculo, que se estende até a cóclea ou caracol - nomes que Conduto auditivo externo Membrana timpânica Ossículos do ouvido Osso temporal Janela oval Canal externo da orelha Tímpano Cóclea Canais semicirculares Ossículos: martelo, bigorna e estribo Janela redonda Membrana timpânica Trompa de Eustáquio Figura 42 Órgão da audição e do equilíbrio 82 1 Anatomia e Fisiologia Mas o que são hormônios? De onde vêm? Para respondermos precisamos saber que não apenas o sistema nervoso realiza o controle de funções vitais como digestão, reprodu- ção, excreção, etc. Elas também são controladas por um sistema que possui estruturas especializadas para a liberação, na corrente sangüínea, de determinadas substâncias que irão controlar o funcionamento de vá- rias células e alguns órgãos importantíssimos para nossa sobrevivência. Esse sistema recebe o nome de sistema endócrino e as estruturas que o compõem são chamadas de glândulas endócrinas, que, por sua vez, liberam substâncias denominadas hormônios. As glândulas endócrinas, localizadas em várias partes do cor- po, são a hipófise ou pituitária, a pineal, a tireóide, as paratireóides, as supra–renais, o pâncreas, os ovários e os testículos. Em nosso organismo não existem apenas glândulas com função endócrina. Possuímos órgãos que desempenham a mes- ma função e não produzem hormônios, mas secretam substânci- as que serão lançadas na corrente sangüínea, como, por exem- plo, o rim - que produz a renina que irá atuar no controle da pressão arterial. 13.1 Hipófise ou pituitária É uma glândula do tamanho de um grão de ervilha, localizada no encéfalo, presa numa região chamada hipotálamo. Essa glândula é a mais importante do corpo, pois comanda o funcionamento de outras glândulas, como tireóide, supra-renais e sexuais. Produz gran- de número de hormônios, como os responsáveis pelo crescimento, metabolismo de proteínas (hormônio somatotrófico), contração do útero (hormônio ocitocina), controle da quantidade de água no or- ganismo (hormônio antidiurético - ADH), estímulo das glândulas tireóide (hormônio tireotrófico - TSH) e supra-adrenais (hormônio adrenocorticotrófico ou corticotrofina – ACTH). Os três tipos de hormônios gonadotróficos atuam no de- senvolvimento de glândulas e órgãos sexuais, interferindo nos processos de menstruação, ovulação, gravidez e lactação. São eles: o hormônio folículo estimulante (FSH), que age sobre a maturação dos espermatozóides e fol ículos ovarianos; o hormônio luteinizante (LH), que estimula os testículos e ovári- os e provoca a ovulação e formação do corpo amarelo; e a prolactina, que mantém o corpo amarelo e sua produção de hormônios, atuando no desenvolvimento das mamas e interfe- rindo na produção de leite. 83 P EAROF 13.2 Pineal A pineal ou epífise localiza-se no diencéfalo, presa por uma haste à parte posterior do teto do terceiro ventrículo. Contém serotonina , precursora da melatonina. É um transdutor neuroendócrino que converte impulsos nervosos em descargas hormonais e participa do ritmo circadiano de 24 horas e de outros ritmos biológicos, como os relacionados às estações do ano. A pineal normal responde à luminosidade, sendo mais ativa à noite, quando a produção de serotonina é maior que durante o dia. 13.3 Tireóide Esta glândula - sob controle do hormônio hipofisário TSH (hormônio tireotrófico) - localiza-se no pescoço (abaixo da laringe e na frente da traquéia) e libera os hormônios tiroxina e calcitocina, que intensificam a atividade de todas as células do organismo. O primeiro atua no metabolismo (todas as reações que ocorrem no interior do corpo); o segundo, na regulação de cálcio no sangue. 13.4 Paratireóide Estas quatro glândulas localizam-se, duas a duas, ao lado das tireóides. Secretam um hormônio denominado paratormônio, que também regula a quantidade de cálcio e fosfato no sangue. 13.5 Supra-renais Estas duas glândulas localizam-se sobre cada rim e possuem duas partes: a externa, chamada de córtex e a interna, de medula. O córtex da supra-renal produz e libera vários hormônios, dentre eles a aldosterona, que ajuda a manter constante a quantida- de de sódio e potássio no organismo. Outro hormônio é o cistrol, cortisona ou hidrocortisona, que estimula a utilização de gorduras e proteínas como fonte energética, aumenta a taxa de glicose na cor- rente sangüínea e também atua no processo de inflamações, sendo largamente utilizada como medicação. Também produz o andrógeno, o hormônio responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos. A medula da supra-renal produz e libera a adrenalina e nor- adrenalina, que é lançada na corrente sangüínea em situações de fortes reações emocionais como medo, ansiedade, sustos, perigos iminentes, etc. A adrenalina estimula a ação cardíaca, aumenta o seu batimento e dilata os brônquios; noradrenalina aumenta a pressão arterial e diminui o calibre dos vasos. 84 1 Anatomia e Fisiologia A insulina e o glucagon influ- enciam a quantidade de açú- car (glicose) na corrente sangüínea. A disfunção do pâncreas causa o Diabetes mellitus. 13.6 Pâncreas Esta glândula localiza-se na cavidade abdominal e possui duas funções: uma exócrina e outra endócrina. Na exócrina, produz o suco pancreático que será liberado fora da corrente sangüínea, mais preci- samente no duodeno, auxiliando o processo digestivo. Na função endócrina, produz dois hormônios: a insulina, que transporta a glicose através da membrana celular, diminuindo-a da corrente sangüínea, e o glucagon, que contribui, estimulando o fígado, para o aumento da glicose no sangue. 13.7. Ovários Os ovários são duas glândulas, uma de cada lado do corpo, que integram o aparelho reprodutor feminino e localizam-se abaixo da cavidade abdominal, em uma região denominada pelvis ou cavi- dade pélvica. Ligam-se ao útero através de dois ligamentos denomi- nados ligamentos do ovário. Os ovários são responsáveis pela produção e liberação de dois hormônios, o estrogênio ou hormônio folicular e a progesterona. O estrogênio controla o desenvolvimento das características sexu- ais femininas, como aumento dos seios, depósito de gordura nas coxas e nádegas, aparecimento de pêlos pubianos e estímulo ao im- pulso sexual. A progesterona, responsável pela implantação do óvulo fecundado na parede uterina e pelo desenvolvimento inicial do em- brião, estimula o desenvolvimento das glândulas mamárias e da pla- centa e inibe a secreção de um dos hormônios gonadotróficos. Além de produzir hormônios, os ovários são também respon- sáveis pela produção das células sexuais femininas, os ovócitos. 13.8 Testículos Em número de dois, localizam-se na pelvis e fazem parte do aparelho reprodutor masculino. Protegidos por uma bolsa denominada bolsa escrotal ou escroto, produzem o hormônio denominado testosterona, que controla as ca- racterísticas sexuais masculinas como aparecimento de barba, pêlos no tórax, desenvolvimento da musculatura e impulso sexual. Além da produção de hormônio, os são também res- p o n sáveis pela produção das células sexuais masculinas, os espermatozóides. 87 P EAROF (Darasitologia e Microbiologia o g On 93 P EAROFIdentificando a ação educativa 1- APRESENTAÇÃO conteúdo do presente texto corresponde à disciplina Parasitologia e Microbiologia, integrante do curso de for- mação profissional de auxiliares de enfermagem. Inicialmente, abordamos as relações entre os seres vivos, suas prin- cipais características e formas de associação, como as infecções parasitá- rias e a transmissão dos agentes infecciosos; a seguir, analisaremos as vias de penetração e de eliminação destes agentes. Posteriormente, conheceremos os principais parasitos, ectoparasitos e as doenças por eles transmitidas. Finalmente, discutiremos as formas de controle e os mecanismos de extermínio dos agentes infecciosos. Em nossa realidade, verificamos constante queda nos investimen- tos em saneamento básico e saúde pública; por conseqüência, nossa qua- lidade de vida torna-se pior. Como resultado desse quadro, as doenças infecciosas e as parasitoses estão cada vez mais presentes. Visando minimizar tais dificuldades, esperamos que após a atenta leitura e com base nos conhecimentos adquiridos o público-alvo de nos- sos esforços, o aluno, consiga identificar e principalmente saber evitar, de forma muitas vezes simples, fácil, barata e criativa, os tão indesejados agentes infecciosos, não apenas em seu ambiente de trabalho como em sua própria casa e comunidade – na qual representa o papel de multiplicador das ações de saúde. Microbiologia e Parantologia O 94 2 Parasitologia e Microbiologia 2- RELAÇÃO ENTRE SERES VIVOS Os seres vivos possuem características e propriedades que os diferenciam dos seres não-vivos, também chamados inorgânicos. Dentre elas podemos apontar como mais importantes: organização celular, ci- clo vital, capacidade de nutrição, crescimento e reprodução, sensibilida- de e irritabilidade, composição química mais complexa, dentre outras. Destas, selecionaremos algumas para seu conhecimento. • Organização celular Existem seres vivos de tamanhos e formas muito variadas. Mas somente os seres vivos, com exceção dos vírus, são formados por uni- dades fundamentais denominadas células - tão pequeninas que não são vistas a olho nu, mas através do microscópio. Os organismos formados por uma só célula são chamados unicelulares, tais como as amebas, giardias e bactérias, também conhe- cidos como microrganismos. Concentram numa só célula todas as suas funções; assim, uma ameba é uma só célula e ao mesmo tempo um ser completo, capaz de promover sua nutrição, crescimento e reprodução. Porém, a maioria dos seres vivos são formados por milhares de células, motivo pelo qual são denominados pluricelulares ou multicelulares, como as plantas e os animais. • Ciclo vital A maioria dos organismos vivos nascem, alimentam-se, crescem, desen- volvem-se, reproduzem-se e morrem – o que denominamos como ciclo vital. • Nutrição Os alimentos são considerados os combustíveis da vida. Através deles os seres vivos conseguem energia para a realização de todas as funções vitais. Quanto à obtenção de alimentos, podemos separar os seres vivos em dois grupos: 1- aqueles que sintetizam seus próprios alimentos, também conhe- cidos como autótrofos - caso das plantas e algas cianofíceas; 2- aqueles incapazes de produzir seus próprios alimentos, como os animais que se alimentam de plantas ou de outros animais, chamados de heterótrofos. Inorgânicos (i = não; orgânico = organismo) - substâncias não exclusivas dos seres vivos, tam- bém encontradas nos seres brutos ou inanimados. Microscópio - instrumento for- mado por um sistema de lentes e uma fonte de luz, capaz de aumentar a imagem de um objeto cerca de 1 500 vezes, sem prejudicar sua nitidez. Os seres vivos são sempre vis- tos a olho nu? O homem é ca- paz de ver ou perceber a pre- sença de todos os seres vivos naturalmente? Autótrofos - auto = próprio, dele mesmo; trofos = alimento. Heterótrofos - hetero = diferen- te; trofos = alimento. 95 P EAROF • Reprodução Existem basicamente dois tipos de reprodução: sexuada e assexuada. A reprodução sexuada é a que ocorre com o homem, pela partici- pação de células especiais conhecidas por gametas. O gameta mas- culino dos seres vivos de uma mesma espécie funde-se com o femi- nino – fecundação –, dando origem a um novo ser a eles semelhante. Os gametas podem vir de dois indivíduos de sexos distintos, como o homem e a mulher, ou de um ser ao mesmo tempo masculino e femi- nino, o chamado hermafrodita, ou seja, o que possui os dois sexos – isto ocorre com a minhoca e com um dos parasitos do intestino humano, a Taenia sp, que causa a teníase e é popularmente conhecida como solitária. A reprodução assexuada é a forma mais simples de reprodução; nela, não há participação de gametas nem fecundação. Nesse caso, o próprio corpo do indivíduo, ou parte dele, como acontece com determi- nadas plantas, divide-se dando origem a novos seres idênticos – esse fenômeno ocorre com os parasitos responsáveis pela leishmaniose e doença de Chagas, por exemplo. • Sensibilidade e irritabilidade A capacidade de reagir de diferentes maneiras a um mesmo tipo de estímulo é chamada de sensibilidade. Só os animais apresentam essa característica, porque possuem sistema nervoso. A irritabilidade, por sua vez, é própria de todos os seres vivos. Caracteriza sua capacidade de responder ou reagir a estímulos ou a mo- dificações do ambiente, tais como luz, temperatura, força da gravidade, pressão, etc. 2.1 Necessidades básicas para a sobrevivência e perpetuação dos seres vivos Os seres vivos estão sempre buscando a sobrevivência e perpetu- ação ou manutenção de suas espécies. Para tanto, precisam de energia, obtida principalmente através da respiração celular. Necessitam, tam- bém, de alimentos, oxigênio, água e condições ambientais ideais, tais como temperatura, umidade, clima, luz solar. Sobretudo, precisam estar bem adaptados e protegidos no ambiente em que vivem. Isto significa a pos- sibilidade de, no mínimo, obter alimentos suficientes para crescerem e se reproduzirem. Mas será que só isso basta? Quando colocamos nossas mãos em algum objeto muito quente, imediatamente as reti- ramos. Por que será que isso acontece? Biologia (bios = vida; logos = estudo) é a ciência que estuda os seres vivos e suas manifesta- ções vitais. Os homens procuram tornar-se cada vez mais independentes. Eles seriam capazes de sobrevi- ver sozinhos? Fecundação - processo de fu- são dos gametas. 98 2 Parasitologia e Microbiologia 2.2.3 Reino Fungi Os fungos se encontram no reino Fungi. Todos conhecemos as casinhas de sapo nos tocos de árvores ou terrenos úmidos - são os fun- gos. Não são considerados plantas porque não fazem fotossíntese; nem animais porque não são capazes de se locomover à procura de alimen- tos. Absorvem do ambiente todos os nutrientes que necessitam para sobreviver. Existem fungos úteis ao homem, como os cogumelos utilizados na alimentação e aqueles empregados no preparo de bebidas (cerveja) e produção de medicamentos (antibióticos). Porém, alguns fungos são parasitos de plantas e animais, podendo causar doenças denominadas micoses. Algumas micoses ocorrem dentro do organismo (histoplamose), mas a maioria desenvolve-se na pele, unhas e mucosas, como a da boca. 2.2.4 Reino Animalia O reino Animalia é o que reúne o maior e mais variado número de espécies. Nele estão os homens, répteis, insetos, peixes, aves e outros animais. E também os vermes, que são parasitos e causadores de doenças como a ancilostomíase, conhecida como amarelão, e a ascariose, causada pelas lombrigas. E os ácaros? Vocês já ouviram falar neles? Eles também são animais? Sim, o filo artrópode inclui-se no reino animal e reúne os ácaros - que são transportados pelo ar e causam a sarna e alergias respiratórias - e os carrapatos (aracnídeos). Ambos parasitam o homem. Os insetos também são artrópodes. Sua importância em nosso curso reside no fato de que dentre eles estão as pulgas, que vivem como parasitos, prejudicando os animais e o homem. Existem ainda os insetos que transmitem doenças infecciosas para o homem, como os mosqui- tos transmissores da febre amarela, dengue, malária e os barbeiros trans- missores da doença de Chagas. E os vírus? Se existem e são considerados seres vivos, onde se classificam? Os vírus não pertencem a nenhum reino. Não são considerados seres vivos pois não são formados nem mesmo por uma célula com- pleta. São parasitos obrigatórios, só se manifestam como seres vivos quando estão no interior de uma célula. Causam diversas doenças, como caxumba, gripe e AIDS, por exemplo. Os reinos Fungi (fungos), Plantae (plantas) e Animalia (animais) agrupam seres multicelulares. Quem não conhece o “sapinho”, muito comum em crianças que, após a alimentação, não tive- ram a higiene oral realizada de forma adequada? 99 P EAROF 2.3 Formas de associação entre os seres vivos Como já vimos, na natureza todos os seres vivos estão intima- mente ligados e relacionados em estreita interdependência. Lembram-se da cadeia alimentar? Ela nos mostrou claramente como isso é verdade. As relações entre os seres vivos visam, na maioria das vezes, a dois aspectos: obtenção de alimentos e de proteção. Na cadeia alimentar os seres vivos estão ligados pelo alimento. Há transferência de energia entre eles, que por sua vez estão também trocando energia e matéria com o ambiente, ligados ao ar, água, luz solar, etc. Imaginemos um bairro de nossa cidade. Nele existem animais domésticos (cães, gatos), aves (pássaros, galinhas), insetos, várias espécies de plantas, seres humanos, etc. - e não podemos esquecer daqueles que não enxergamos: as bactérias, os vírus e os protozoários. Todos à procura de, no mínimo, alimento e proteção em um mesmo ambiente. Não é difícil imaginar que essa convivência nem sempre será muito boa, não é mesmo? Como são muitos, e de espécies diferentes, convivendo em um mesmo lugar e relacionando-se, interagem e criam vários tipos de associação. Essas associações podem ser de duas formas: positivas ou harmônicas e negativas ou desarmônicas. 2.3.1 Associações positivas ou harmônicas Nas relações harmônicas, as partes envolvidas são beneficiadas e, quando não existem vantagens, também não há prejuízos para ninguém. Todos se relacionam e convivem muito bem. O comensalismo, o mutualismo e a simbiose são tipos de relações harmônicas. No comensalismo, uma das espécies envolvidas obtém vantagens, mas a outra não é prejudicada. Como exemplo temos a ameba chamada Entamoeba coli, que pode viver no intestino do homem nutrindo-se de restos alimentares e jamais causar doenças para o hospedeiro. O mutualismo é a relação em que as espécies se associam para viver de forma mais íntima, onde ambas são beneficiadas. Como exem- plos temos os protozoários e bactérias que habitam o estômago dos ru- minantes e participam na utilização e digestão da celulose, recebendo, em troca, moradia e nutrientes. A simbiose é a forma extrema de associação harmônica. Nessa relação, as duas partes são beneficiadas, porém a troca de vantagens é tão 100 2 Parasitologia e Microbiologia grande que, depois de se associarem, esses indivíduos se tornam inca- pazes de viver isoladamente. Assim, temos os cupins, que se alimen- tam de madeira e para sobreviver necessitam dos protozoários (triconinfas). Esses protozoários habitam o tubo digestivo dos cupins e produzem enzimas capazes de digerir a celulose (derivada da ma- deira). Se houver um aumento na temperatura ambiente capaz de matar os protozoários, os cupins também morrem, pois não mais terão quem produza enzimas para eles. 2.3.2 Associações negativas ou desarmônicas As formas de relações desarmônicas mais comumente encontradas são a competição, o canibalismo e as predatórias. Em nosso estudo, nos ateremos ao parasitismo, haja vista a importância de seu conheci- mento no cuidado de enfermagem. No parasitismo, o organismo de um ser vivo hospeda, abriga ou recebe um outro ser vivo de espécie diferente, que passa a morar e a utilizar-se dessa moradia para seu benefício. Podemos comparar o fenômeno do parasitismo com um inquilino que mora em casa alugada e, além de não pagar aluguel, ainda estraga o imóvel. Uns estragam muito; mas a maioria estraga tão pouco que o proprietário nem se dá conta. Portanto, sempre haverá um lado obtendo vantagens sobre o outro, que acaba sendo mais ou menos prejudicado. Aquele que leva vantagem (inquilino), ou seja, quem invade ou penetra no outro, é denominado parasito. E o indivíduo que recebe ou hospeda o parasito é chamado de hospedeiro. O parasito pode fazer uso do organismo do hospedeiro como morada temporária, entretanto, na maioria das vezes, isto ocorre de for- ma definitiva. Utilizam o hospedeiro como fonte direta ou indireta de alimentos, nutrindo-se de seus tecidos ou substâncias. De modo geral, há o estabelecimento de um equilíbrio entre o parasito e o hospedeiro, porque se o hospedeiro for muito agredido po- derá reagir drasticamente (eliminando o parasito) ou até morrer, o que causará também a morte do parasito. Então, nas espécies em que o parasitismo vem sendo mantido há centenas de anos, raramente o para- sito provoca a doença ou morte de seu hospedeiro. Predatória – relativo a predador, ser que destrói outro com vio- lência.
Docsity logo



Copyright © 2024 Ladybird Srl - Via Leonardo da Vinci 16, 10126, Torino, Italy - VAT 10816460017 - All rights reserved