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Guias e Dicas
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Manual de Segurança Biológica - OMS, Manuais, Projetos, Pesquisas de Farmácia

Manual de Segurança Biológica - Organização Mundial da Saúde

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

Antes de 2010

Compartilhado em 24/09/2009

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vanessa-mazur-11 🇧🇷

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Baixe Manual de Segurança Biológica - OMS e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Farmácia, somente na Docsity! Organização Mundial da Saúde M AN U AL D E SEG U R AN ÇA BIO LÓ G ICA EM LABO R ATÓ R IO TER CEIR A ED IÇÃO O M S ISBN 92 4 254650 1 MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO Terceira edição Durante mais de 20 anos, desde que foi publicado em 1983, o Manual de Segurança Biológica nos Laboratórios tem sido uma fonte de orientações práticas sobre técnicas de segurança biológica para os laboratórios de todos os níveis. Boas Técnicas de Microbiologia e a utilização apropriada do equipamento de protecção por parte de um pessoal bem formado continuam a ser os elementos fundamentais da segurança biológica laboratorial. No entanto, a globalização, os progressos consideráveis da tecnologia, a emergência de novas doenças e as ameaças graves que constituem a utilização e libertação intencionais de agentes microbiológicos e toxinas obrigaram a uma revisão dos procedimentos em vigor. Nesta nova edição, o Manual foi portanto alvo de uma ampla revisão e expansão do seu âmbito. O Manual abrange agora a avaliação dos riscos e a utilização segura da tecnologia de recombinação de ADN, e fornece igualmente orientações para a fiscalização e certificação dos laboratórios. Foram igualmente introduzidos conceitos de biosegurança e os mais recentes regulamentos internacionais para o transporte de substâncias infecciosas. Documentação sobre segurança em laboratórios de unidades de saúde, publicada anteriormente pela OMS noutras publicações, foi igualmente incorporada no Manual. Esperamos que o Manual continue a estimular os países a introduzir programas de segurança biológica e códigos nacionais de procedi- mentos para o manuseamento seguro de materiais potencialmente infecciosos. Manual de segurança biológica em laboratório Terceira edição Organização Mundial da Saúde Genebra 2004 Instalação para animais – Nível 2 de segurança biológica 31 Instalação para animais – Nível 3 de segurança biológica 32 Instalação para animais – Nível 4 de segurança biológica 33 Invertebrados 34 7. Directivas para a fiscalização da construção de instalações laboratoriais 36 8. Directivas para a certificação de instalações laboratoriais 39 PARTE II. Directivas de protecção biológica 47 9. Conceitos de protecção biológica em laboratório 49 PARTE III. Equipamento de laboratório 51 10. Câmaras de segurança biológica 53 Câmara de segurança biológica – Classe I 53 Câmaras de segurança biológica – Classe II 55 Câmara de segurança biológica – Classe III 57 Ligações de ar da câmara de segurança biológica 59 Escolha de uma câmara de segurança biológica 59 Utilização de câmaras de segurança biológica em laboratório 59 11. Equipamento de segurança 64 Isoladores de pressão negativa em plástico flexível 64 Material de pipetar 66 Homogeneizadores, batedores, misturadores e geradores de ultra-sons 67 Ansas descartáveis 67 Microincineradores 67 Equipamento e roupa de protecção pessoal 67 PARTE IV. Boas técnicas microbiológicas 71 12. Técnicas de laboratório 73 Manipulação segura de amostras em laboratório 73 Uso de pipetas e meios de pipetar 74 Evitar a dispersão de materiais infecciosos 74 Utilização de câmaras de segurança biológica 75 Evitar a ingestão de material infeccioso e o contacto com a pele e os olhos 75 Evitar a inoculação de material infeccioso 76 Separação de soro 76 Utilização de centrifugadoras 76 MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • iv • Utilização de homogeneizadores, batedores, misturadores e geradores de ultra-sons 77 Utilização de separadores de tecidos 78 Manutenção e utilização de frigoríficos e congeladores 78 Abertura de ampolas contendo material infeccioso liofilizado 78 Armazenagem de ampolas contendo material infeccioso 79 Precauções de base com sangue e outros fluidos, tecidos e excreções orgânicos 79 Precauções a ter com materiais podendo conter priões 80 13. Planos de emergência e medidas a tomar 83 Plano de emergência 83 Medidas de emergência em laboratórios microbiológicos 84 14. Desinfecção e esterilização 87 Definições 87 Limpar materiais de laboratório 88 Germicidas químicos 88 Descontaminação do meio ambiente local 94 Descontaminação de câmaras de segurança biológica 95 Lavagem/descontaminação das mãos 95 Desinfecção e esterilização pelo calor 96 Incineração 98 Eliminação 99 15. Introdução ao transporte de substâncias infecciosas 100 Regulamentos internacionais sobre transportes 100 O sistema básico de embalagem tripla 101 Processo de limpeza de derrames 101 PARTE V. Introdução a biotecnologias 105 16. Segurança biológica e tecnologia de recombinação de ADN 107 Considerações de segurança biológica para sistemas de expressão biológica 108 Considerações de segurança biológica para vectores de expressão 108 Vectores virais para transferência de genes 108 Animais transgénicos e “knock-out” 108 Plantas transgénicas 109 Avaliações de risco para organismos geneticamente modificados 109 Outras considerações 110 ÍNDICE • v • MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • vi • PARTE VI. Segurança em relação a produtos químicos, incêndio e electricidade 113 17. Produtos químicos perigosos 115 Vias de exposição 115 Armazenagem de produtos químicos 115 Regras gerais relativas a incompatibilidades químicas 115 Efeitos tóxicos dos produtos químicos 115 Produtos químicos explosivos 116 Derrames de produtos químicos 116 Gazes comprimidos e liquefeitos 117 18. Outros tipos de risco em laboratório 118 Risco de incêndio 118 Riscos eléctricos 119 Ruído 119 Radiações ionizantes 120 PARTE VII. Segurança: organização e formação 123 19. Responsável da segurança biológica e comissão de segurança biológica 125 Responsável da segurança biológica 125 Comissão de segurança biológica 126 20. Segurança do pessoal auxiliar 128 Serviços de manutenção de aparelhos e instalações 128 Serviços de limpeza 128 21. Programas de formação 129 PARTE VIII. Lista de controlo de segurança 131 22. Lista de controlo de segurança 133 Locais 133 Armazenagem 133 Saneamento e instalações para o pessoal 134 Aquecimento e ventilação 134 Iluminação 134 Serviços 134 Segurança 135 Prevenção e protecção contra incêndios 135 Armazenagem de líquidos inflamáveis 136 Agradecimentos • ix • A elaboração desta terceira edição do Manual de Segurança Biológica em Laboratório foi possível graças às competências das pessoas a seguir nomeadas e a quem apresen- tamos os nossos profundos agradecimentos: Dr. W. Emmett Barkley, Howard Hughes Medical Institute, Chevy Chase, MD, USA Dr. Murray L. Cohen, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA, USA (reformado) Dr. Ingegerd Kallings, Swedish Institute of Infectious Disease Control, Stockholm, Sweden Sra. Mary Ellen Kennedy, Consultant in Biosafety, Ashton, Ontario, Canada Sra. Margery Kennett, Victorian Infectious Diseases Reference Laboratory, North Melbourne, Australia (reformada) Dr. Richard Knudsen, Office of Health and Safety, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA, USA Dra. Nicoletta Previsani, Biosafety programme, World Health Organization, Geneva, Switzerland Dr. Jonathan Richmond, Office of Health and Safety, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA, USA (reformado) Dr. Syed A. Sattar, Faculty of Medicine, University of Ottawa, Ontario, Canada Dra. Deborah E. Wilson, Division of Occupational Health and Safety, Office of Research Services, National Institutes of Health, Department of Health and Human Services, Washington, DC, USA Dr. Riccardo Wittek, Institute of Animal Biology, University of Lausanne, Lausanne, Switzerland Também agradecemos a ajuda das seguintes pessoas: Sra. Maureen Best, Office of Laboratory Security, Health Canada, Ottawa, Canada Dr. Mike Catton, Victorian Infectious Diseases Reference Laboratory, North Melbourne, Australia Dr. Shanna Nebsy, Office of Health and Safety, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, GA, USA MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • x • Dr. Stefan Wagener, Canadian Science Centre for Human and Animal Health, Winnipeg, Canada Os autores e os revisores também desejam agradecer aos numerosos especialistas que contribuiram para a primeira e segunda edições do Manual de Segurança Biológica em Laboratório assim como para a publicação da OMS Safety in health-care laboratories (1997). • 1 • 1. Princípios gerais Introdução Neste manual, faz-se referência aos perigos relativos de microrganismos infecciosos, por grupos de risco (Grupos de Risco 1, 2, 3 e 4 da OMS). Esta classificação só deve ser utilizada em trabalho laboratorial.No quadro a seguir descrevem-se os grupos de risco. Quadro 1. Classificação de microrganismos infecciosos por grupo de risco Grupo de Risco 1 (nenhum ou baixo risco individual e colectivo) Um microrganismo que provavelmente não pode causar doença no homem ou num animal. Grupo de Risco 2 (risco individual moderado, risco colectivo baixo) Um agente patogénico que pode causar uma doença no homem ou no animal, mas que é improvável que constitua um perigo grave para o pessoal dos laboratórios, a comunidade, o gado ou o ambiente. A exposição a agentes infecciosos no laboratório pode causar uma infecção grave, mas existe um tratamento eficaz e medidas de prevenção e o risco de propagação de infecção é limitado. Grupo de Risco 3 (alto risco individual, baixo risco colectivo) Um agente patogénico que causa geralmente uma doença grave no homem ou no animal, mas que não se propaga habitualmente de uma pessoa a outra. Existe um tratamento eficaz, bem como medidas de prevenção. Grupo de Risco 4 (alto risco individual e colectivo) Um agente patogénico que causa geralmente uma doença grave no homem ou no animal e que se pode transmitir facilmente de uma pessoa para outra, directa ou indirectamente. Nem sempre está disponível um tratamento eficaz ou medidas de prevenção. As instalações laboratoriais designam-se por: laboratório de base – Nível 1 de segu- rança biológica; laboratório de base – Nível 2 de segurança biológica, de confinamento – Nível 3 de segurança biológica, de confinamento máximo – Nível 4 de segurança biológica. Estas designações baseiam-se num conjunto de características de concepção, estruturas de confinamento, equipamento, práticas e normas operacionais necessárias para trabalhar com agentes de diversos grupos de risco. No quadro 2 relacionam-se mas não se « equacionam » os grupos de risco aos níveis de segurança biológica dos laboratórios que devem trabalhar com os organismos em cada grupo de risco. Os países (regiões) devem estabelecer uma classificação nacional (regional) dos microrganismos, por grupo de risco, levando em consideração: PARTE I Directivas de segurança biológica • 9 • 3. Laboratórios de base – Níveis 1 e 2 de segurança biológica Neste manual, as orientações e recomendações apresentadas como requisitos mínimos para os laboratórios de todos os níveis de segurança biológica visam microrganismos nos Grupos de Risco 1 a 4. Embora algumas precauções possam parecer desnecessárias para alguns organismos no Grupo de Risco 1, elas são desejáveis para efeitos de formação, tendo em vista promover Boas (seguras) Técnicas de Microbiologia (BTM). Os laboratórios para diagnósticos e cuidados de saúde (saúde pública, clínicos ou hospitalares) devem todos ser concebidos para o Nível 2 de segurança biológica, no mínimo. Dado que nenhum laboratório tem um controlo total dos espécimes que recebe, os agentes laboratoriais podem ficar expostos a organismos em grupos de risco mais elevado do que o previsto. Esta possibilidade tem de ser levada em conta na elaboração dos planos e políticas de segurança biológica. Em certos países, os labo- ratórios clínicos têm de estar oficialmente acreditados. De um modo geral, devem adoptar-se e utilizar-se sempre as precauções-padrão (2). As directivas para laboratórios de base – Níveis 1 e 2 de segurança biológica aqui apresentadas são abrangentes e detalhadas, dado que são fundamentais para os laboratórios de todos os níveis de segurança biológica. Para os laboratórios de confinamento – Nível 3 de segurança biológica, e laboratórios de confinamento máximo – Nível 4, estas directivas foram alvo de modificações e acréscimos tendo em conta o trabalho com agentes patogénicos especialmente perigosos (ver Capítulos 4 e 5 a seguir). Código de práticas Este código é uma lista das práticas e normas laboratoriais mais essenciais que estão na base das BTM. Em muitos laboratórios e programas nacionais para laboratórios, pode servir para elaborar práticas e normas escritas para actividades laboratoriais seguras. Cada laboratório deve adoptar um manual de segurança ou de trabalho, que iden- tifique perigos conhecidos e potenciais e que especifique as práticas e as normas para eliminar ou minimizar esses perigos. As BTM são fundamentais para a segurança dos laboratórios. O equipamento laboratorial especializado é um suplemento dessa segurança, mas não pode substituir as normas apropriadas. A seguir se descrevem os conceitos mais importantes. Acesso 1. O símbolo e o sinal internacionais de risco biológico (Ilustração 1) devem estar expostos nas portas das salas onde se estão a manusear microrganismos do Grupo de Risco 2 ou acima. 2. Só o pessoal autorizado deve entrar nas áreas de trabalho do laboratório. 3. As portas do laboratório devem permanecer fechadas. 4. As crianças não devem poder nem ser autorizadas a entrar nas áreas de trabalho do laboratório. 5. O acesso aos compartimentos de animais requer autorização especial. 6. Nenhum animal deve entrar no laboratório, além dos que se inserem nas activi- dades do mesmo. Protecção individual 1. Devem utilizar-se sempre capas, batas ou fatos nos trabalhos de laboratório. 2. Devem utilizar-se luvas apropriadas em todos os trabalhos que impliquem con- tacto directo ou acidental com sangue, fluidos corporais, materiais potencialmente MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 10 • RISCO BIOLÓGICO ENTRADA RESERVADA A PESSOAL AUTORIZADO Nível de segurança biológica : ______________________ Investigador responsável : _________________________ Contacto em caso de emergência : ___________________ Telefone de dia : _______________________________ Telefone privado : _______________________________ A autorização para entrar deve ser pedida ao investigador responsável acima nomeado Ilustração 1. Sinal de risco biológico a afixar nas portas do laboratório infecciosos ou animais infectados. Após utilização, devem tirar-se as luvas de forma asséptica e lavar bem as mãos. 3. O pessoal deve lavar as mãos após manusear material infeccioso e animais, e antes de sair das áreas de trabalho do laboratório. 4. Devem utilizar-se óculos de segurança, viseiras ou outros dispositivos de pro- tecção, sempre que for necessário proteger os olhos e a cara de salpicos, impactos de objectos e raios artificiais ultravioleta. 5. É proibido utilizar roupa de protecção laboratorial fora do laboratório (cantina, cafetaria, escritórios, biblioteca, salas do pessoal e quartos de banho). 6. Sandálias e chinelos não devem ser utilizados nos laboratórios. 7. É proibido comer, beber, fumar, maquilhar-se e pôr lentes de contacto nas áreas de trabalho do laboratório. 8. É proibido guardar comidas e bebidas nas áreas de trabalho do laboratório. 9. A roupa de protecção laboratorial utilizada no laboratório não deve ser guardada nos mesmos cacifos ou armários da roupa normal. Normas 1. Pipetar com a boca deve ser imperiosamente proibido. 2. Nenhum material deve ser colocado na boca. Não lamber rótulos. 3. Todos os procedimentos técnicos devem ser efectuados de forma a minimizar a formação de aerossóis e gotículas. 4. A utilização de agulhas e seringas hipodérmicas deve ser limitada; estas não devem ser utilizadas como substitutos de pipetas ou qualquer outro fim, além de injecções parentéricas ou aspiração de fluidos de animais de laboratório. 5. Qualquer derrame, acidente, exposição efectiva ou potencial a materiais infec- ciosos deve ser notificado ao supervisor do laboratório. Deve manter-se um registo escrito de tais acidentes e incidentes. 6. Devem ser elaboradas normas escritas para a limpeza destes derrames e devida- mente aplicadas. 7. Os líquidos contaminados devem ser (química ou fisicamente) descontaminados antes de serem lançados nos esgotos sanitários. Pode ser necessário um sistema de tratamento de efluentes, segundo a avaliação de riscos do agente (ou agentes) manuseado. 8. Os documentos escritos susceptíveis de saírem do laboratório precisam de ser protegidos de contaminação dentro do laboratório. Áreas de trabalho do laboratório 1. O laboratório deve estar arrumado, limpo e sem materiais que não sejam perti- nentes para as suas actividades. 2. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas após qualquer derrame de material potencialmente perigoso e no fim de um dia de trabalho. 3. LABORATÓRIOS DE BASE – NÍVEIS 1 E 2 DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 11 • 10. Em cada sala de laboratório deve existir um lavatório, se possível com água corrente, e de preferência perto da porta de saída. 11. As portas devem ter painéis transparentes, protecção anti-fogo adequada e de preferência um sistema de fecho automático. 12. No Nível 2 de segurança biológica, deve existir uma autoclave ou outro meio de descontaminação, na proximidade adequada do laboratório. 13. Os sistemas de segurança devem prever o combate a incêndios, emergências eléc- tricas, chuveiros de emergência e meios de lavagem dos olhos. 14. Devem estar previstas áreas ou salas de primeiros socorros convenientemente equipadas e facilmente acessíveis (ver anexo 1). 15. Ao planear novas instalações, deve examinar-se a possibilidade de prever sistemas de ventilação mecânica que injectem um fluxo de ar sem recirculação. Se não houver ventilação mecânica, as janelas devem ser de abrir e estar equipadas de redes contra artrópodes. 16. É essencial dispor de um abastecimento seguro de água de boa qualidade. Não devem existir inter-conexões entre a água de beber e a água para o laboratório. Deve instalar-se um dispositivo « anti-refluxo » para proteger o sistema de abastec- imento de água. 17. Deve haver um fornecimento de electricidade adequado e de confiança e ilumi- nação de emergência que permita uma saída segura. É desejável dispor de um gerador para apoio do equipamento essencial, como incubadoras, câmaras de segurança biológica, congeladores, etc., bem como para a ventilação dos compar- timentos dos animais. 18. Deve igualmente dispor-se de um fornecimento de gás adequado e de confiança. A boa manutenção do sistema é imprescindível. 19. Os laboratórios e os compartimentos de animais são ocasionalmente alvo de vandalismo. Deve examinar-se a possibilidade de instalar um sistema de protecção das instalações e contra incêndios. Portas robustas, grades nas janelas e restrição do número de chaves são elementos imprescindíveis. Outras medidas que aumentem a segurança devem ser examinadas e aplicadas, se apropriado. Equipamento laboratorial Juntamente com as boas práticas e procedimentos, a utilização do equipamento de segurança ajudará a reduzir os riscos ao enfrentar os perigos inerentes à segurança biológica. Nesta secção, abordam-se os princípios básicos relativos ao equipamento apropriado para os laboratórios dos diversos níveis de segurança biológica. Os requisitos para equipamento de laboratório de um nível de segurança biológica mais elevado são abordados nos capítulos pertinentes. O director do laboratório, após consulta com o responsável da segurança biológica e a comissão de segurança (se houver), deve assegurar-se da disponibilidade do equipamento adequado e da sua boa utilização. A escolha do equipamento deve levar em conta determinados princípios gerais, nomeadamente: MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 14 • 1. Ser concebido para evitar ou limitar o contacto entre o operador e o material infeccioso 2. Ser construído com materiais impermeáveis aos líquidos, resistentes à corrosão e conformes aos requisitos estruturais 3. Ser fabricado sem asperidades, arestas cortantes e partes-movediças sem protecção 4. Ser concebido, construído e instalado de forma a facilitar o seu manuseamento, manutenção, limpeza, descontaminação e testes de certificação; vidro e outros materiais quebráveis devem ser evitados, sempre que possível. Pode ser necessário analisar as possibilidades detalhadas de utilização e as especifi- cações de construção do equipamento, para se assegurar que possui as necessárias cara- cterísticas de segurança (ver também capítulos 10 e 11). 3. LABORATÓRIOS DE BASE – NÍVEIS 1 E 2 DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 15 • Ilustração 3. Laboratório típico para o Nível 2 de segurança biológica (gráficos gentilmente cedidos por CUH2A, Princeton, NJ, EUA). As manipulações susceptíveis de gerar aerossóis têm lugar numa câmara de segurança biológica. As portas são mantidas fechadas e com os sinais de perigo apropriados. Os resíduos potencialmente contaminados são separados do sistema geral de evacuação de resíduos. Equipamento essencial de segurança biológica 1. Meios de pipetar – para evitar pipetar com a boca. Existem as mais diversas formas. 2. Câmaras de segurança biológica, para utilizar sempre que: — se manusear material infeccioso; este material pode ser centrifugado no labo- ratório se forem utilizados copos herméticos de segurança centrífuga e se forem enchidos e esvaziados numa câmara de segurança biológica — houver um risco acrescido de infecção por via aérea — forem utilizados procedimentos com alto potencial de produção de aerossóis, tais como: centrifugação, moagem, mistura, agitação, separação por ultra-sons, abertura de recipientes com material infeccioso, cuja pressão interna seja diferente da pressão ambiental, inoculação intranasal em animais e colheita de tecidos infecciosos de animais e de ovos. 3. Ansas de plástico descartáveis; podem utilizar-se incineradores de espirais eléctricos, dentro das câmaras de segurança biológica, a fim de reduzir a produção de aerossóis. 4. Tubos e frascos com tampa de rosca. 5. Autoclaves ou outros meios apropriados para descontaminar o material infeccioso. 6. Pipetas Pasteur de plástico, descartáveis, sempre que disponíveis, para evitar o vidro. 7. O equipamento como as autoclaves e as câmaras de segurança biológica precisa de ser validado com métodos apropriados, antes de ser utilizado. A recertificação deve ser feita a intervalos periódicos, segundo as instruções do fabricante (ver Capítulo 7). Vigilância médica do pessoal A entidade empregadora, através do director do laboratório, tem de assegurar uma vigilância apropriada da saúde do pessoal do laboratório. O objectivo desta vigilân- cia é controlar o aparecimento de doenças do trabalho. Para o efeito deve: 1. Proceder à vacinação activa ou passiva, sempre que pertinente (ver Anexo 2) 2. Facilitar a detecção precoce das infecções adquiridas no laboratório 3. Excluir as pessoas altamente susceptíveis (grávidas e imunodeficientes) de trabalhos laboratoriais de alto risco 4. Fornecer equipamento e meios de protecção pessoal eficazes. Directivas para a vigilância do pessoal de laboratório que manuseia microrganismos, ao Nível 1 de segurança biológica A experiência mostra que não é provável que os microrganismos manuseados a este nível provoquem doença no homem ou doença animal de importância veterinária. Contudo, todo o pessoal de laboratório deve ser submetido a um controlo de saúde MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 16 • 4. Material contaminado para descontaminação em autoclave e eliminação 5. Material contaminado para incineração directa. Material cortante As agulhas hipodérmicas, uma vez utilizadas, não devem ser reintroduzidas nos seus invólucros, partidas ou retiradas das seringas descartáveis. Todo o conjunto deve ser posto num recipiente para descartáveis. As seringas descartáveis, quer utilizadas com ou sem agulhas, devem ser colocadas em recipientes para descartáveis e incineradas, após descontaminação em autoclave, se necessário. Os recipientes para agulhas descartáveis devem ser resistentes/antiperfurantes e não devem ser totalmente cheios; quando estiverem quase cheios (3/4 da sua capacidade) devem ser postos em contentores para « resíduos infecciosos » e incinerados, após descontaminação em autoclave, se as práticas do laboratório o exigirem. Os recipientes para agulhas descartáveis não devem ser deitados em aterros. Material contaminado (potencialmente infeccioso) para descontaminação em autoclave e utilização ulterior Não procurar fazer qualquer prélavagem a este material. Qualquer limpeza ou reparação só pode ser feita após descontaminação em autoclave ou desinfecção. Material contaminado (potencialmente infeccioso) para eliminação Com excepção das agulhas, já atrás abordadas, todo o material contaminado (poten- cialmente infeccioso) deve ser descontaminado em autoclave, em recipientes imper- meáveis, por exemplo sacos de plástico para autoclaves com cores codificadas, antes de ser eliminado. Após a descontaminação, o material deve ser colocado em recipi- entes de transporte para ser levado para o incinerador. O material proveniente de actividades ligadas a cuidados de saúde não deve ser deitado fora em aterros, mesmo que já tenha sido descontaminado. Se o laboratório possuir um incinerador, pode omitir-se a descontaminação em autoclave, colocando os resíduos contaminados em recipientes específicos (com cores codificadas) e levando-os directamente para o incinerador. Os recipientes de transporte reutilizáveis têm de ser impermeáveis e ter tampas herméticas. Devem ser desinfectados e limpos, antes de serem enviados de volta ao laboratório. Em todos os postos de trabalho devem ser colocados recipientes para descartáveis (baldes ou vasos) de preferência inquebráveis (ex. plástico). Quando se utilizam desin- fectantes o material deve permanecer em contacto íntimo com o desinfectante (não protegido por bolhas de ar) o tempo apropriado, segundo o desinfectante utilizado (ver Capitulo 14). Os recipientes para descartáveis devem ser descontaminados e lavados, antes de serem reutilizados. A incineração de material contaminado deve ser aprovada pelas autoridades de saúde pública e ambiental, bem como pelo responsável da segurança biológica no laboratório (ver Capítulo 14 secção Incineração). 3. LABORATÓRIOS DE BASE – NÍVEIS 1 E 2 DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 19 • Segurança química, eléctrica, do equipamento e contra incêndios e radiações Acidentes químicos, eléctricos e provocados por incêndio ou radiação podem provo- car uma ruptura no confinamento de organismos patogénicos. É portanto essencial manter altos padrões de segurança nestes domínios, em qualquer laboratório de microbiologia. As regras e regulamentos pertinentes são normalmente estabelecidos pelas autoridades nacionais/locais competentes, a quem se deve solicitar assistência, se necessário. Na Parte IV deste manual (Capítulos 17 e 18) descrevem-se por- menorizadamente os eventuais perigos químicos, eléctricos, de incêndio e radiação. No Capítulo 11 encontra-se informação adicional sobre equipamentos de segurança. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 20 • • 21 • 4. Laboratório de confinamento – Nível 3 de segurança biológica O laboratório de confinamento – Nível 3 de segurança biológica foi concebido e equipado para trabalhar com microrganismos do Grupo de Risco 3 e com grandes quantidades ou altas concentrações de microrganismos do Grupo de Risco 2 que cons- tituem um risco acrescido de propagação de aerossóis. O confinamento ao Nível 3 de segurança biológica exige um reforço dos programas operacionais e de segurança superior ao dos laboratórios básicos – Níveis 1 e 2 de segurança biológica (ver Capítulo 3). As directivas apresentadas neste capítulo são de facto suplementos às directivas para laboratórios de base – Níveis 1 e 2 de segurança biológica, as quais devem por- tanto ser aplicadas, antes de aplicar as directivas para os laboratórios de confinamento – Nível 3 de segurança biológica. Os principais acréscimos e alterações encontram-se: 1. No código de práticas 2. Na concepção e instalações do laboratório 3. Na vigilância médica do pessoal. Esta categoria de laboratórios deve estar registada junto (ou na lista) das autoridades nacionais competentes. Código de práticas O código de práticas para os laboratórios de base – Níveis 1 e 2 de segurança biológica é aplicável, excepto nos seguintes casos: 1. O sinal/símbolo internacional de risco biológico (Ilustração 1) colocado nas portas de acesso ao laboratório deve indicar o nível de segurança biológica e o nome do supervisor do laboratório que controla o acesso, bem como definir eventuais condições específicas para entrar na referida área, por exemplo, estar vacinado. 2. A roupa de protecção deve ser do tipo: batas envolventes e com a parte da frente reforçada, fatos de esfrega, capas, gorras e, quando apropriado, protecção de sapatos ou sapatos de laboratório. Batas normais de laboratório, de apertar à frente, não são apropriadas, bem como mangas curtas ou arregaçadas. A roupa de protecção não pode ser utilizada fora do laboratório e tem de ser descontaminada antes de ser lavada. Quando se trabalha com determinados agentes (ex. agrícolas ou zoonóticos) pode ser necessário tirar a roupa toda e vestir-se com roupa especí- fica de laboratório. 1. O exame médico de todo o pessoal de laboratório, que trabalha em laboratórios de confinamento – Nível 3 de segurança biológica,é obrigatório.Este exame deve incluir o registo da história clínica detalhada e um exame físico centrado na profissão. 2. Após um exame clínico satisfatório, o agente recebe um cartão de contacto médico (ver Ilustração 5) mencionando que o portador trabalha numa unidade equipada com um laboratório de confinamento – Nível 3 de segurança biológica. Este cartão deve conter uma fotografia do portador, ter formato de bolso e estar sempre na posse do portador. O nome da pessoa a contactar tem de ser definido no labo- ratório, mas pode incluir o director do laboratório, o médico assistente e/ou o responsável da segurança biológica. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 24 • Ilustração 4. Laboratório típico para o Nível 3 de segurança biológica (gráficos gentilmente cedidos por CUH2A, Princeton, NJ, EUA). O laboratório está separado do local de passagem geral e a ele se acede através de uma antecâmara (que pode ser uma entrada de porta dupla ou um laboratório de base – Nível 2 de segu- rança biológica) ou uma caixa de ar. O laboratório está equipado de uma autoclave para descontaminação de resíduos antes da sua eliminação, assim como de um lavatório com comandos não manuais. O ar circula do exterior para o interior e todo o trabalho com material infeccioso é realizado numa câmara de segurança biológica. 4. LABORATÓRIO DE CONFINAMENTO – NÍVEL 3 DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 25 • A. Recto do cartão Contacto médico Nome Dr. Tel. profissional Para o empregado Guardar este cartão na sua possessão. No caso de doença febril inexplicável, apresentá-lo ao seu médico e notificar uma das seguintes pessoas segundo a ordem da lista: Tel. pessoal Dr. Tel. profissional Tel. pessoal Fotografia do portador B. Verso do cartão Para o médico O portador deste cartão trabalha para numa zona onde estão presentes vírus, rickettsias, bactérias, protozoários ou helmintas patogénicos. No caso de um acesso febril inexplicável, queira por favor contactar o patrão para obter informações sobre os agentes aos quais o empregado pode ter sido exposto. Nome do laboratório: Endereço: Tel.: Ilustração 5. Modelo proposto de cartão médico • 26 • 5. Laboratório de confinamento máximo – Nível 4 de segurança biológica O laboratório de confinamento máximo – Nível 4 de segurança biológica foi conce- bido para trabalhar com microrganismos do Grupo de Risco 4. Antes de construir e pôr a funcionar um laboratório deste tipo, deve proceder-se a amplas consultas com as instituições que têm a experiência de trabalhar com instalações semelhantes. Os laboratórios operacionais de confinamento máximo – Nível 4 de segurança biológica devem estar sob o controlo das autoridades sanitárias nacionais ou organismos equi- valentes. A informação a seguir apresentada deve ser considerada como material de introdução. As entidades que procuram criar um laboratório deste tipo devem con- tactar o programa de Segurança Biológica da OMS para obter informações adicionais1. Código de práticas O código de práticas para o Nível 3 de segurança biológica é aplicável, excepto nos seguintes casos: 1. Deve aplicar-se a regra de trabalho « a dois », isto é nenhuma pessoa pode tra- balhar sozinha. Isto é particularmente importante quando se trabalha nas insta- lações de Nível 4 de segurança biológica onde é preciso trabalhar com fatos pressurizados. 2. É necessário mudar totalmente de roupa e de sapatos antes de entrar e de sair do laboratório. 3. O pessoal deve receber uma formação em técnicas de extracção de emergência, em caso de ferimentos ou doença. 4. Deve existir um método de comunicação entre o pessoal que está a trabalhar no laboratório de confinamento máximo – Nível 4 de segurança biológica e o restante pessoal do laboratório, para contactos de rotina e casos de emergência. Concepção e instalações do laboratório As características de um laboratório de confinamento – Nível 3 de segurança bioló- gica também se aplicam ao laboratório de confinamento máximo – Nível 4 de segu- rança biológica, acrescentando-se as seguintes: 1 Biosafety programme, Departement of Communicable Disease Surveillance and Response, World Health Organization, 20 Avenue Appia, 1211 Geneva 27, Switzerland (http://www.who.int/csr/). 5. Esterilização de resíduos e material. No laboratório, deve existir uma autoclave de duas portas (à frente e atrás). Devem existir igualmente outros métodos de descontaminação para artigos e equipamento que não suportam a esterilização por vapor. 6. Pontos de entrada para amostras, material e animais devem igualmente estar previstos. 7. Sistema de emergência e linha(s) própria(s) de fornecimento de energia devem estar previstas. 8. Drenos de confinamento devem estar instalados. Devido à grande complexidade da concepção e construção de instalações de Nível 4 de segurança biológica, quer do tipo câmara ou fato pressurizado, não se incluíram representações esquemáticas de tais instalações. Devido à grande complexidade do trabalho nos laboratórios de Nível 4 de segu- rança biológica, deve elaborar-se, em separado, um manual de trabalho detalhado, e testado em seguida em exercícios de formação. Por outro lado, deve conceber-se um programa de emergência (ver Capítulo 13). Para preparar este programa, deve estabelecer-se uma cooperação activa com as autoridades sanitárias nacionais e locais. Devem igualmente envolver-se outros serviços de emergência, por exemplo: bombeiros, polícia e hospitais designados. 5. LABORATÓRIO DE CONFINAMENTO MÁXIMO – NÍVEL 4 DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 29 • • 30 • 6. Instalações laboratoriais para animais Todos os que utilizam animais para fins experimentais e de diagnóstico têm a obri- gação moral de tomar todas as precauções para evitar infligir-lhes dor e sofrimento desnecessários. Os animais devem ter alojamentos higiénicos e confortáveis e comida e água salubres e apropriadas. No final das experiências devem ser tratados com humanidade. Por razões de segurança, o alojamento dos animais deve ser uma unidade inde- pendente e separada. Se for adjacente a um laboratório, a sua concepção deve prever o seu isolamento das partes públicas do laboratório, se tal for necessário, bem como a sua descontaminação e desinfestação. Quadro 4. Níveis de confinamento das instalações para animais: resumo das práticas e equipamento de segurança. GRUPO DE NÍVEL DE PRÁTICAS LABORATORIAIS E EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA RISCO CONFINAMENTO 1 NSBIA – 1 Acesso limitado, roupa de protecção e luvas 2 NSBIA – 2 Práticas de NSBIA – 1 mais: sinais de alerta para perigos. CSB – Classe 1 e 2 para actividades que produzem aerossóis. Descontaminação de resíduos e alojamentos antes de lavar. 3 NSBIA – 3 Práticas de NSBIA – 2 mais: acesso controlado. CSB e roupa de protecção especial para todas as actividades 4 NSBIA – 4 Práticas de NSBIA – 3 mais: acesso estritamente limitado. Mudar de roupa antes de entrar. CSB – Classe 3 ou fatos de pressão positiva. Duche à saída. Descontaminação de todos os resíduos antes da sua remoção da instalação. NSBIA – Nível de segurança biológica em instalações para animais. CSB – Câmaras de segurança biológica. As instalações para animais, tal como os laboratórios, podem ser classificadas de Nível 1, 2, 3 e 4 de segurança biológica de instalações para animais, segundo a avaliação do risco e o grupo de risco dos microrganismos a serem investigados. Quanto aos agentes a utilizar no laboratório animal, devemos considerar os seguintes factores: 1. A via normal de transmissão 2. As quantidades e concentrações a utilizar 3. A via de inoculação 4. Se estes agentes podem ser excretados e qual a via. No que se refere aos animais a utilizar em laboratório, devemos considerar os seguintes factores: 1. A natureza dos animais (agressividade e tendência para morder e arranhar) 2. Os seus ecto- e endoparasitas naturais 3. As zoonoses a que são susceptíveis 4. A possível disseminação de alérgenos. Tal como nos laboratórios, os requisitos para as características de concepção, equipa- mentos e precauções a tomar tornam-se mais rigorosos, segundo o nível de segurança biológica. Estes níveis, já resumidos no Quadro 4, descrevem-se a seguir. Estas direc- tivas são de carácter aditivo, isto é: cada nível superior engloba automaticamente as normas do nível inferior, acrescentando-lhe as suas próprias normas. Instalação para animais – Nível 1 de segurança biológica Este nível é adequado para a manutenção da maior parte dos animais após quarentena (excepto primatas não humanos, sobre os quais se deve consultar as autoridades nacionais) e para os animais que foram deliberadamente inoculados com agentes do Grupo de Risco 1. São necessárias boas técnicas de microbiologia. O director das insta- lações para animais tem de estabelecer políticas, procedimentos e protocolos para todas as operações e para o acesso ao viveiro. Deve ser estabelecido um programa de vigilância médica apropriada para o pessoal. Deve igualmente preparar-se e adoptar-se um manual de segurança ou de operações. Instalação para animais – Nível 2 de segurança biológica Este nível é adequado para trabalhar com animais que foram deliberadamente inoculados com microrganismos do Grupo de Risco 2. As seguintes precauções de segurança são aplicáveis: 1. É necessário observar todos os requisitos estabelecidos para o Nível 1 de segurança biológica. 2. Devem afixar-se sinais de risco biológico (ver Ilustração 1) nas portas e outros locais apropriados. 3. A instalação deve ser concebida de forma a facilitar a sua limpeza e manutenção. 4. As portas devem abrir para dentro e fechar automaticamente. 5. O aquecimento, a ventilação e a iluminação devem ser adequados. 6. Se houver ventilação, o fluxo do ar deve ser dirigido para o interior. O ar usado deve ser expelido e não recirculado para qualquer outra parte do edifício. 7. O acesso deve ser restringido ao pessoal autorizado. 6. INSTALAÇÕES LABORATORIAIS PARA ANIMAIS • 31 • 7. O pessoal tem de tirar a sua própria roupa e vestir roupa especial de protecção. Quando terminar, tem de retirar a roupa de protecção para descontaminação numa autoclave e tomar um duche antes de sair. 8. A instalação deve possuir um sistema de ventilação com filtro HEPA, concebido de forma a assegurar uma pressão negativa (fluxo de ar dirigido para dentro). 9. O sistema de ventilação deve ser concebido de forma a evitar o retrofluxo e a pres- surização positiva. 10. É igualmente necessário uma autoclave de duas portas, com a parte não conta- minada num quarto fora das salas de confinamento, para a troca de material. 11. Deve igualmente existir uma passagem (câmara) de vácuo, com a parte não con- taminada num quarto fora das salas de confinamento, para a troca de material que não se pode descontaminar em autoclave. 12. Todo o manuseamento de animais infectados com agentes do grupo de Risco 4 deve processar-se em condições de confinamento máximo – Nível 4 de segurança biológica. 13. Todos os animais devem estar alojados em isoladores. 14. Todos os forros dos alojamentos e resíduos dos animais têm de ser processados em autoclave, antes de ser retirados das instalações. 15. O pessoal deve estar sob vigilância médica. Invertebrados Tal como no caso dos vertebrados, o nível de segurança biológica da instalação para animais é determinado pelos grupos de risco dos agentes sob investigação, ou quando indicado por uma avaliação dos riscos. As seguintes precauções suplementares são necessárias com determinados artrópodes, particularmente com insectos voadores: 1. Devem prever-se salas separadas para os invertebrados infectados e para os não infectados. 2. As salas devem poder ser seladas para fumigação. 3. Pulverizadores–insecticidas devem estar disponíveis no local. 4. Devem estar disponíveis meios de « arrefecimento » para reduzir, quando for necessário, a actividade dos invertebrados. 5. O acesso às instalações deve efectuar-se através de uma antecâmara com armadi- lhas para insectos e redes contra os artrópodes nas portas. 6. Todas as saídas de ventilação (exaustores) e janelas de abrir devem estar equipadas com redes contra os artrópodes. 7. Os ralos para resíduos nas pias e esgotos nunca devem ficar secos. 8. Todos os resíduos devem ser descontaminados em autoclaves dado que alguns invertebrados não morrem com desinfectantes. 9. Deve controlar-se os números de formas larvares e adultas de artrópodes voadores, rastejantes e saltitantes. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 34 • 10. Os receptáculos de carraças e ácaros devem permanecer em bandejas de óleo. 11. Os insectos voadores infectados ou potencialmente infectados devem ser guarda- dos em gaiolas de rede dupla. 12. Os artrópodes infectados ou potencialmente infectados devem ser manuseados em câmaras de segurança biológica ou caixas isoladoras. 13. Os artrópodes infectados ou potencialmente infectados podem ser manipulados em bandejas de arrefecimento. Para mais informações ver referências (3–6). 6. INSTALAÇÕES LABORATORIAIS PARA ANIMAIS • 35 • • 36 • 7. Directivas para a fiscalização da construção de instalações laboratoriais A fiscalização da construção das instalações pode definir-se como o processo sis- temático de análise e documentação assegurando que determinados componentes estruturais, sistemas ou componentes de sistemas foram instalados, inspeccionados, testados operacionalmente e verificados como conformes às normas nacionais e inter- nacionais apropriadas. Os critérios e funções de concepção do respectivo sistema de construção estabelecem esses requisitos. Por outras palavras, os laboratórios do Nível 1 a 4 de segurança biológica têm requisitos de licenciamento diferentes e cada vez mais complexos. As condições geográficas e climáticas, tais como as falhas geológicas e o calor, frio ou humidade extremos, também podem afectar a concepção do laboratório e os requisitos de fiscalização. Após a conclusão do processo de fiscalização, os com- ponentes estruturais e sistemas de apoio pertinentes têm sido sujeitos às diversas condições de funcionamento e falhas eventuais que se possam normalmente prever e têm sido aprovados. O processo de fiscalização e os critérios de aceitação devem ser estabelecidos na fase inicial, de preferência durante a fase de programação do projecto de construção ou renovação. Ao entrar em contacto com o processo de fiscalização na fase inicial do projecto, os arquitectos, engenheiros, pessoal de segurança e de saúde e os próprios donos dos laboratórios compreendem as capacidades do referido laboratório e esta- belecem expectativas uniformes para a performance do laboratório e/ou instalação. O processo de fiscalização dá à instituição e à comunidade vizinha uma maior confi- ança que os sistemas estruturais, eléctricos, mecânicos, de canalização, de confina- mento e descontaminação, de segurança e alarme funcionam conforme previsto, assegurando o confinamento de qualquer microrganismo potencialmente perigoso com que se esteja a trabalhar num determinado laboratório ou instalação para animais. As actividades de fiscalização começam geralmente durante a fase de programação do projecto e prosseguem durante a construção e período de garantia subsequente do laboratório ou instalação. O período de garantia dura geralmente um ano após a ocu- pação dos locais. Aconselha-se que o fiscal escolhido seja independente dos arquitec- tos, engenheiros e construtores envolvidos na concepção e construção da obra. O fiscal serve de « advogado » da instituição que constrói ou renova o laboratório e deve ser considerado como um membro da equipa de concepção; a participação do fiscal na fase de programação inicial do projecto é essencial. Nalguns casos, a instituição pode • 39 • 8. Directivas para a certificação de instalações laboratoriais Os laboratórios são meios complexos e dinâmicos. Hoje em dia, os laboratórios clíni- cos e de investigação biomédica têm de adaptar-se rapidamente às necessidades e pressões sempre crescentes de saúde pública. Um exemplo disto é a necessidade dos laboratórios ajustarem as suas prioridades, para enfrentar os desafios das doenças infecciosas emergentes ou re-emergentes. A fim de assegurar que a adaptação e manutenção se processa prontamente e de forma segura e apropriada, todos os labo- ratórios clínicos e de investigação biológica devem ser certificados regularmente. A certificação de um laboratório ajuda a assegurar que: 1. Estão a ser utilizados controlos técnicos apropriados e estão a funcionar ade- quadamente, conforme previsto 2. Existem controlos administrativos apropriados in loco e previstos nos protocolos 3. O equipamento de protecção pessoal é apropriado às tarefas realizadas 4. A descontaminação dos resíduos e do material foi resolvida de forma adequada e existem procedimentos apropriados para o tratamento dos resíduos 5. Existem procedimentos adequados para a segurança geral do laboratório, incluindo a segurança física, eléctrica e química. A certificação dos laboratórios é diferente das actividades de fiscalização (Capítulo 7) em diversos pontos importantes. A certificação de um laboratório é a análise sistemática de todas as características e procedimentos de segurança, dentro do laboratório (controlos técnicos, equipamentos de protecção pessoal e controlos administrativos). As práticas e procedimentos de segurança biológica são igualmente examinados. A certificação dos laboratórios é uma actividade contínua de controlo da qualidade e da segurança, que deve decorrer regularmente. Os profissionais de segurança e saúde ou de segurança biológica, devidamente formados, podem efectuar actividades de certificação de laboratórios. As instituições podem utilizar pessoal que tenha o conjunto de aptidões necessárias para efectuar as fiscalizações, vistorias ou inspecções (termos sinónimos) ligadas ao processo de certificação. Contudo, podem decidir ou ser estimuladas a recrutar terceiros para essas funções. As instalações laboratoriais clínicas e de investigação biomédica podem criar instrumentos de fiscalização, vistoria ou inspecção, a fim de assegurar consistência no processo de certificação. Tais instrumentos devem ser suficientemente flexíveis para abranger as diferenças físicas e de procedimento entre os laboratórios, que exige o tipo de trabalho a efectuar, permitindo simultaneamente uma abordagem consistente dentro da instituição. Deve, porém, ter-se o cuidado de assegurar que os referidos instrumentos são apenas utilizados por pessoal devidamente formado e que não são utilizados como substitutos de uma boa avaliação profissional da segurança bioló- gica. Nos Quadros 5 a 7 dão-se exemplos desses instrumentos. Os resultados da fiscalização, vistoria ou inspecção devem ser debatidos com o pessoal e a direcção do laboratório. Dentro do laboratório, deve identificar-se e responsabilizar-se uma pessoa para assegurar que são tomadas as medidas de cor- recção das deficiências identificadas durante o processo de fiscalização. A certificação do laboratório não estará completa e o laboratório não será declarado funcional, até que as referidas deficiências tenham sido devidamente corrigidas. A complexidade das operações laboratoriais do Nível 4 de segurança biológica ultrapassa o âmbito deste manual. Para mais informações e detalhes, queira contac- tar o programa de Segurança Biológica da OMS1 (ver Anexo 3). MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 40 • 1 WHO Biosafety programme, Department of Communicable Disease Surveillance and Response, World Health Organization, 20 Avnue Appia, 1211 Geneva 27, Switzerland (htp://www.who.int/csr/). 8. DIRECTIVAS PARA A CERTIFICAÇÃO DE INSTALAÇÕES LABORATORIAIS • 41 • Quadro 5. Laboratório de base – Nível 1 de segurança biológica: Vistoria da segu- rança em laboratório Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Data . . . . . . . . . . . . . . . . . Responsável do laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ITEM VISTORIADO (DATA DA VISTORIA) SIM NÃO N/A COMENTÁRIOS Laboratório Sinalização própria: Luz ultravioleta, laser, material Nível de segurança radioactivo, etc. .........................................................    biológica: Directivas de segurança biológica apropriadas, Anexar formulário disponíveis e aplicadas .............................................    apropriado Equipamento laboratorial devidamente etiquetado Vistoria do Nível de (risco biológico, radioactivo, tóxico, etc.) .................    Segurança Biológica Concepção do laboratório Concebido para limpeza fácil .........................................    Luzes ultravioletas com comutador interligado .............    Todas as prateleiras fixas ...............................................    Tampos das bancadas impermeáveis e resistentes a ácidos, álcalis, solventes orgânicos e ao calor ......    Iluminação apropriada ...................................................    Espaço de armazenagem adequado e bem utilizado .....    Cilindros de gás Todos os cilindros fixos .................................................    Cilindros de reserva com tampas ..................................    Gases asfixiantes e perigosos só em salas ventiladas ..    Cilindros de reserva ou vazios in loco ...........................    Produtos químicos Inflamáveis armazenados em armários apropriados .....    Geradores de peróxidos (com data de recepção e data de abertura) ......................................................    Produtos químicos bem separados ...............................    Produtos químicos perigosos armazenados acima do nível dos olhos ....................................................    Produtos químicos armazenados no chão .....................    Recipientes de produtos químicos não fechados ..........    Todas as soluções devidamente etiquetadas .................    Termómetros de mercúrio em utilização .......................    Frigoríficos/congeladores/câmaras frigoríficas Presença de alimentos para consumo humano .............    Inflamáveis em contentores antiexplosivos ...................    Avisos nas portas caso contenham substâncias cancerígenas, radioactividade e/ou riscos biológicos .................................................................    Câmara frigorífica dispõe de disparo de emergência ....    MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 44 • Quadro 6. Laboratório de base – Nível 2 de segurança biológica: Vistoria da segurança em laboratório. Formulário a utilizar com o formulário de vistoria de segurança em labo- ratório do Nível 1 de segurança biológica. Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Data . . . . . . . . . . . . . . Responsável do laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ITEM VISTORIADO (DATA DA VISTORIA) SIM NÃO N/A COMENTÁRIOS Câmara de segurança biológica (CSB) Certificação no ano anterior .............................................    Data: Superfície da CSB limpa com desinfectante apropriado no início e no final de cada procedimento .................    Local: Grelha frontal e filtro exaustor não obstruídos ................    Chamas vivas utilizadas dentro da câmara ......................    Modelo: Circuitos de vácuo dispondo de filtros em série e sifões desinfectantes .............................................................    Tipo: CSB comprometida pelo ar da sala ou localização ..........    CSB utilizada quando há risco de formação de N° Série: aerossóis......................................................................    Laboratório Acesso limitado e restrito ao pessoal autorizado ............    Entrada limitada ao pessoal avisado de todos os perigos potenciais ...................................................................    Sinal de risco biológico afixado na porta do laboratório, sempre que tal for o caso ..........................................    — Sinal com informações exactas e actuais ............    — Sinal legível e em bom estado. ............................    Todas as portas fechadas. ................................................    Descontaminação Descontaminante específico ao organismo utilizado .......    Todos derrames e acidentes com materiais infecciosos notificados ao supervisor do laboratório. ...................    Descontaminante apropriado utilizado para limpeza de derrames ................................................................    Superfícies de trabalho descontaminadas antes e depois de cada procedimento, diariamente e após derrames. ....................................................................    Manuseamento de resíduos contaminados Utilização correcta de recipientes de resíduos infecciosos ..................................................................    Recipientes não cheios demais .......................................    Recipientes devidamente etiquetados e fechados ...........    Stocks de culturas e outros resíduos regulamentados devidamente descontaminados antes de eliminados ..................................................................    8. DIRECTIVAS PARA A CERTIFICAÇÃO DE INSTALAÇÕES LABORATORIAIS • 45 • Materiais descontaminados fora do laboratório transportados em contentores fechados, resistentes, estanques, em conformidade com regras e regulamentos locais ....................................................    Resíduos diversos biologicamente descontaminados, antes de eliminação como resíduos químicos ou radiológicos ................................................................    Protecção pessoal Pessoal de laboratório alertado para vacinação/testes apropriados contra agentes manuseados ...................    Apelo a serviços médicos apropriados para exames, vigilância e tratamento em caso de exposição profissional .................................................................    Utilização de luvas ao manusear material infeccioso ou equipamento contaminado .........................................    Protecção da cara ao trabalhar fora da CSB com material infeccioso ......................................................    Lavagem das mãos depois de tirar as luvas, depois de trabalhar com agentes infecciosos e antes de sair do laboratório ......................................................    Agente antimicrobiano disponível para primeiros socorros imediatos .....................................................    Práticas Utilizar CSB sempre que existir potencial para produção de aerossóis/salpicos infecciosos ..............................    Manual de segurança biológica preparado e adoptado ....    O pessoal lê, estuda e segue as instruções sobre práticas e procedimentos, incluindo o manual de segurança ou de operações (todo o pessoal, anualmente) ................................................................    As manipulações são realizadas de forma a minimizar aerossóis/salpicos ......................................................    Com agentes infecciosos, utilizar seringas de agulha fixa/seringas-agulhas descartáveis .............................    Recipientes e rotores de centrifugadora só devem ser abertos numa CSB ......................................................    O transporte de espécimes infecciosos fora de CSB deve ser feito em contentores aprovados, segundo os regulamentos de transporte aprovados .................    Instalações Lavatório para lavar mãos instalado perto da saída do laboratório. ............................................................    Assinatura do vistoriador. . . . . . . . . . Data do termo da vistoria . . . . . . . . . . . . . ITEM VISTORIADO (DATA DA VISTORIA) SIM NÃO N/A COMENTÁRIOS • 46 • Quadro 7. Laboratório de confinamento – Nível 3 de segurança biológica: Vistoria da segurança em laboratório. Formulário a utilizar com os formulários de vistoria de segurança em laboratório dos Níveis 1 e 2 de segurança biológica. Localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Data . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Responsável do laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ITEM VISTORIADO (DATA DA VISTORIA) SIM NÃO N/A COMENTÁRIOS Instalações Laboratório separado de áreas de passagem livre no edifício ..........................................................................    Acesso ao laboratório através de antecâmara com portas que fecham automaticamente ............................................    Todas as entradas do laboratório são ou podem ser seladas para descontaminação .......................................................    O ar expelido da sala de passagem única é enviado para longe das áreas ocupadas .................................................    Sistema de ventilação controlado para monitorizar o sentido da circulação do ar ...............................................    Protecção pessoal Batas fechadas à frente a utilizar no laboratório ....................    Roupa de protecção a utilizar unicamente em locais do laboratório .........................................................................    Lavatório para lavar as mãos controlado por pedal, cotovelo ou automático .....................................................    Protecção das mãos Utilizar luvas duplas ao manusear material infeccioso e equipamento e superfícies de trabalho potencialmente contaminados ....................................................................    Protecção respiratória Todo o pessoal deve utilizar protecção respiratória no laboratório, quando os aerossóis não forem contidos de forma segura numa CSB ...................................................    Práticas Proteger as membranas mucosas ao trabalhar com material infeccioso fora de uma CSB ..............................................    Alertar o pessoal para perigos especiais ligados ao(s) agentes(s) ..........................................................................    Aconselhar o pessoal a ler, estudar e seguir as instruções sobre práticas e procedimentos, incluindo o manual de segurança biológica ou de operações ...............................    Fornecer ao pessoal actualizações anuais e formação adicional sobre alterações aos procedimentos ..................    Desinfectar em autoclave todos os resíduos contaminados antes de os eliminar ..........................................................    Assinatura do vistoriador. . . . . . . . . . Data de termo da vistoria . . . . . . . . . . . . . 9. Conceitos de protecção biológica em laboratório • 49 • O Manual de Segurança Biológica em Laboratório tem-se centrado no passado em directivas tradicionais sobre segurança biológica em laboratórios. Sublinha a utiliza- ção de boas práticas microbiológicas e de equipamentos de confinamento apropria- dos; a concepção, funcionamento e manutenção adequadas das instalações, bem como as observações administrativas para minimizar o risco de ferimentos e doenças entre os membros do pessoal. Ao seguir estas recomendações, minimiza-se obviamente os riscos para o ambiente e a comunidade vizinha em geral. Agora tornou-se necessário alargar esta abordagem tradicional da segurança biológica através da introdução de medidas de protecção biológica em laboratório. Os eventos mundiais dos últimos tempos têm vindo a sublinhar a necessidade de proteger os laboratórios e os materi- ais neles contidos de exposição intencional a uma situação capaz de causar danos à população, aos animais, à agricultura e/ou ao ambiente. Contudo, antes de definir as necessidades de protecção biológica em laboratório de uma instalação, é importante compreender a diferença entre « segurança biológica » e « protecção biológica ». « Segurança biológica » é o termo utilizado para descrever os princípios de confi- namento, as tecnologias e as práticas que são implementadas para evitar a exposição não intencional a agentes patogénicos e toxinas, ou o seu escape acidental. « Protecção biológica » em laboratório refere-se a medidas de protecção estabelecidas e pessoais concebidas para evitar perda, roubo, utilização indevida, desvio ou escape intencional de agentes patogénicos e toxinas. Prácticas eficazes de segurança biológica são a verdadeira base de actividades de protecção biológica. Através de avaliações de risco efectuadas como parte integrante do programa de segurança biológica de uma instituição, recolhe-se informação sobre o tipo de organismos disponíveis, sua localização física, o pessoal com necessidade de acesso a tais organismos, e identificação das pessoas por eles responsáveis. Esta infor- mação pode ser utilizada para avaliar se uma instituição dispõe de material biológico aliciante para quem desejar utilizá-lo indevidamente. Devem elaborar-se normas nacionais reconhecendo e assumindo a responsabilidade constante dos países e insti- tuições pela protecção de espécimes, agentes patogénicos e toxinas contra utilização abusiva. Para cada serviço, é preciso preparar e implementar um programa específico sobre protecção biológica em laboratório, segundo as exigências do serviço, o tipo de tra- balho realizado, e as condições locais. Em consequência, as actividades de protecção biológica em laboratório devem ser representativas das várias necessidades da insti- tuição e devem incluir dados de directores científicos, investigadores principais, responsáveis de segurança biológica, pessoal científico do laboratório, pessoal de manutenção, administradores, pessoal de tecnologia de informação e, quando apro- priado, agências e pessoal de segurança. As medidas de protecção biológica em laboratório devem basear-se num programa integral de responsabilidade por agentes patogénicos e toxinas, incluindo um inven- tário actualizado com localização da armazenagem, identificação do pessoal com acesso, descrição da utilização, documentação de transferências internas e externas dentro e entre serviços, e qualquer desactivação e/ou eliminação de materiais. Da mesma maneira, deve estabelecer-se um protocolo sobre protecção biológica em la- boratório para identificação, notificação, investigação e reparação de infracções à pro- tecção biológica em laboratório, incluindo desacordos em resultados de inventário. No caso de infracção à protecção, a participação e os papéis e responsabilidades das autoridades de saúde e de protecção pública devem ser claramente definidos. A formação em protecção biológica em laboratório, distinta da formação em segu- rança biológica em laboratório, deve ser administrada a todo o pessoal. Esta formação deve ajudar o pessoal a compreender a necessidade de protecção de tais materiais e o fundamento lógico de medidas de protecção biológica específicas, e deve incluir um estudo de normas nacionais pertinentes e de procedimentos específicos à instituição. Durante a formação também se deve tomar conhecimento do papel e responsabili- dades do pessoal no caso de uma infracção à protecção. A aptidão profissional e ética de todo o pessoal com acesso regular autorizado a materiais sensíveis para trabalhar com agentes patogénicos perigosos está também no centro de actividades eficazes de protecção biológica em laboratório. Em resumo, as precauções de segurança devem fazer parte do trabalho de rotina de laboratório, tal como as técnicas de assepsia e as práticas microbiológicas seguras. As medidas de protecção biológica em laboratório não devem entravar a troca efi- ciente de materiais de referência, espécimes clínicos e epidemiológicos e informação relacionada necessária para investigações clínicas ou de saúde pública. A gestão com- petente da protecção não deve interferir indevidamente nas actividades diárias dos cientistas, nem ser um impedimento à investigação. O acesso legítimo a materiais clínicos e de investigação importantes tem de ser preservado. A avaliação da aptidão do pessoal, a formação centrada na protecção e a observância rigorosa dos proce- dimentos de protecção dos agentes patogénicos são meios razoáveis de reforço da protecção biológica em laboratório. Todos estes esforços devem ser estabelecidos e mantidos por meio de avaliações regulares de risco e de ameaça, e revisão e actua- lização regulares dos procedimentos. A verificação da conformidade com tais proces- sos, com instruções claras sobre papéis, responsabilidades e acções de solução, deve ser uma parte integrante de programas de protecção biológica em laboratório e de normas nacionais para protecção biológica de laboratórios. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 50 • Parte III Equipamento de laboratório 0,38 m/s, passa por cima da superfície de trabalho e é expelido pelo canal de escape. O fluxo de ar varre as partículas de aerossol que possam gerar-se na superfície de tra- balho para longe do operador e envia-as para o canal de escape. A abertura na frente permite igualmente que os braços do operador cheguem à superfície de trabalho dentro da câmara, enquanto este observa a operação através de um painel de vidro. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 54 • Quadro 8. Selecção de câmaras de segurança biológica (CSB), segundo o tipo de protecção necessária TIPO DE PROTECÇÃO SELECÇÃO DE CSB Protecção do pessoal, microrganismos nos Classe I, II, III Grupos de Risco 1–3 Protecção do pessoal, microrganismos no Classe III Grupo de Risco 4, laboratório com porta-luvas Protecção do pessoal, microrganismos no Classe I, II Grupo de Risco 4, laboratório com fatos pressurizados Protecção do produto Classe II ou III unicamente se fluxo laminar incluído Protecção contra radionuclídios/químicos voláteis, Classe IIB1, Classe IIA2 de quantidades mínimas evacuação exterior Protecção contra radionuclídios/químicos voláteis Classe I, IIB2 ou III ar da sala ar potencialmente contaminado ar filtrado com filtro HEPA corte lateral A D C B Ilustração 6. Diagrama esquemático de uma câmara de segurança biológica de Classe I A – Abertura frontal; B – Painel de observação; C – Filtro exaustor HEPA; D – Conduta do exaustor Este pode ser completamente levantado, permitindo o acesso à superfície de trabalho para a sua limpeza ou outros fins. O ar da câmara é expelido através de um filtro HEPA: a) para o laboratório e depois para o exterior do edifício através do exaustor do mesmo; b) para o exterior através do exaustor do edifício; c) directamente para o exterior. O filtro HEPA pode estar colocado na conduta do exaustor do CSB ou no exaustor do edifício. Algumas CSB da Classe I estão equipadas com um exaustor de ventoinha, enquanto outras depen- dem da ventoinha do exaustor do edifício. A CSB da Classe I foi a primeira CSB reconhecida e, devido à sua concepção simples, continua a ser amplamente utilizada no mundo inteiro. Tem a vantagem de fornecer protecção pessoal e ambiental e pode igualmente ser utilizada para trabalhar com radionuclídios e químicos tóxicos voláteis. Contudo, dado que o ar aspirado da sala e que varre a superfície de trabalho é não-esterilizado, considera-se que não assegura uma protecção do produto consistente e digna de confiança. Câmaras de segurança biológica – Classe II Dado o aumento da utilização de culturas de células e tecidos para a propagação de vírus e outros fins, considerou-se que já não era satisfatório varrer a superfície de tra- balho com ar não-esterilizado. A CSB da Classe II foi concebida para fornecer pro- tecção pessoal, mas também para proteger os materiais na superfície de trabalho do ar contaminado da sala. As CSB da Classe II, da qual existem 4 tipos (A1, A2, B1 e B2), distinguem-se das CSB da Classe I pelo facto de só permitirem o fluxo de ar este- rilizado (filtro HEPA) sobre a superfície de trabalho. A CSB da Classe II pode ser utilizada para trabalhar com agentes infecciosos dos Grupos de Risco 2 e 3 e mesmo do Grupo de Risco 4 se forem utilizados fatos de pressão positiva. Câmara de segurança biológica – Classe II, tipo A1 Na Ilustração 7, a seguir, apresenta-se um esquema desta câmara. Uma ventoinha interna suga ar da sala (abastecimento de ar) pela abertura na frente e envio-o para a câmara através da grelha de entrada. A velocidade de entrada deste ar deve ser, no mínimo, 0,38 m/s na abertura da frente. O ar passa então por um filtro HEPA de abastecimento, antes de ser injectado para a superfície de trabalho. À medida que o fluxo de ar desce, a cerca de 6–18 cm da superfície de trabalho, divide-se em duas cor- rentes secundárias: metade do fluxo de ar passa através da grelha da frente do exaus- tor e a outra metade através da grelha de trás. Quaisquer partículas de aerossol geradas na superfície de trabalho são imediatamente capturadas neste fluxo de ar descendente e enviadas para as grelhas (posterior ou anterior) do exaustor, assegurando assim o mais elevado nível de protecção do produto. O ar é então expelido através da conduta traseira no espaço entre os filtros de abastecimento e do exaustor, localizados no topo da câmara. Devido ao tamanho destes filtros, cerca de 70% do ar é reenviado através do filtro HEPA de abastecimento para a zona de trabalho; os restantes 30% passam pelo filtro do exaustor para a sala ou para o exterior. 10. CÂMARAS DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 55 • O ar do exaustor da CSB – Classe IIA1 pode ser reenviado para a sala ou expelido para o exterior do edifício através de uma conexão a uma conduta própria ou através do exaustor do edifício. Recircular o ar usado para a sala tem a vantagem de fazer baixar os custos de com- bustível, porque não se está a expelir para o exterior ar aquecido e/ou arrefecido. Uma conexão a um sistema de ventilação por condutas também permite utilizar algumas CSB em trabalho com radionuclídios voláteis e químicos tóxicos voláteis (Quadro 8). Câmaras de segurança biológica – Classe II tipo A2 com ventilação para o exterior, B1 e B2 As CSB – Classe IIA2 com ventilação para o exterior, Classe IIB1 (Ilustração 8) e Classe IIB2 são variantes da Classe II tipo A1. No Quadro 9, mostram-se as suas caracterís- ticas, bem como as das CSB da Classe I e da Classe III. Cada variante permite utilizar as CSB para fins específicos (ver Quadro 8). Estas CSB distinguem-se umas das outras em diversos aspectos: a velocidade de entrada do ar pela abertura frontal; a quanti- dade de ar recirculado pela superfície de trabalho e expelido da câmara; o sistema de ventilação, que determina se o ar da câmara é expelido para a sala, para o exterior através de um sistema próprio, ou para o sistema de ventilação do edifício; MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 56 • corte frontal corte lateral B A E C D F ar da sala ar potencialmente contaminado ar filtrado com filtro HEPA Ilustração 7. Diagrama esquemático de uma câmara de segurança biológica da Classe IIA1 A – Abertura frontal; B – Painel de observação; C – Filtro exaustor HEPA; D – Conduta traseira; E – Filtro HEPA de abastecimento; F – Ventoinha câmaras podem ser conectadas a uma autoclave de duas portas, apropriada para descontaminar todos os materiais que entram ou saem das câmaras. Podem juntar-se várias caixas de luvas para ampliar a superfície de trabalho. As CSB de Classe III são apropriadas para trabalhar em laboratórios dos Níveis 3 e 4 de segurança biológica. Ligações de ar da câmara de segurança biológica As ligações « de dedal » ou « de capuz » foram concebidas para utilizar em CSB de Classes IIA1 e IIA2 com ventilação para o exterior. O « dedal » encaixa na caixa do exaustor da câmara, aspirando o ar da câmara e expelindo-o para as condutas do exaustor do edifício. Entre o dedal e a caixa do exaustor da câmara mantém-se um pequeno orifício, geralmente de 2,5 cm de diâmetro, o que permite que o ar da sala seja também aspirado e expelido para o exaustor do edifício. A capacidade deste sistema tem de ser suficiente para captar o ar da sala e o ar do exaustor da câmara. O dedal deve poder ser removido ou ser concebido de forma a permitir testes opera- cionais da câmara. De um modo geral, o rendimento de uma CSB com ligação de dedal não é muito afectado por flutuações no fluxo de ar do edifício. As CSB de Classe IIB1 e IIB2 têm condutas rígidas, solidamente ligadas sem qual- quer abertura ao sistema de ventilação do edifício, ou, de preferência, a um sistema próprio de condutas. O sistema de ventilação do edifício tem de corresponder rig- orosamente às necessidades de fluxo de ar especificadas pelo fabricante, tanto no que se refere ao volume como à pressão estática. A certificação de CSB de condutas rígidas demora mais tempo do que a de câmaras que recirculam o ar para a sala ou que têm ligação de dedal. Escolha de uma câmara de segurança biológica A escolha de uma CSB depende em primeiro lugar do tipo de protecção necessária: protecção do produto; protecção pessoal contra microrganismos dos Grupos de Risco 1 a 4; protecção pessoal contra exposição a radionuclídios e químicos tóxicos voláteis; ou uma combinação destes. No Quadro 8 são indicadas as CSB recomendadas para cada tipo de protecção. Químicos tóxicos ou voláteis não devem ser utilizados em CSB que reenviam o ar usado para a sala: câmaras da Classe I, que não estão conectadas ao exaustor do edifí- cio, ou da Classe IIA1 e IIA2. Câmaras da Classe IIB1 são aceitáveis para trabalhos com quantidades diminutas de químicos voláteis e radionuclídios. Quando estiver previsto trabalhar com quantidades significativas de radionuclídios e químicos voláteis, é necessário utilizar uma CSB da Classe IIB2, também conhecida por câmara de exaustor máximo. Utilização de câmaras de segurança biológica em laboratório Localização A velocidade do fluxo de ar através da abertura frontal para dentro da câmara é de aproximadamente 0,45 m/s. A esta velocidade, a integridade do fluxo é frágil e pode 10. CÂMARAS DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 59 • ser facilmente desintegrada por correntes de ar causadas por pessoas que passam perto da câmara, janelas abertas, registos do fornecimento de ar e pelo abrir e fechar de portas. A solução ideal seria instalar a CSB num local afastado da circulação das pessoas e de correntes de ar que a perturbem. Sempre que possível, deve prever-se um espaço livre de cerca de 30 cm nas traseiras e em cada lado da câmara, permitindo um acesso fácil para a manutenção do aparelho. Pode igualmente ser necessário um espaço livre de cerca de 30–35 cm acima da câmara, para a medição exacta da velocidade do ar através do filtro exaustor e para a mudança do filtro. Operadores Se as CSB não forem utilizadas de forma apropriada, a protecção que fornecem pode ficar muito reduzida. Os operadores das CSB têm de ser muito cuidadosos ao intro- duzir e retirar os seus braços da câmara, a fim de manter a integridade do fluxo de ar proveniente da abertura frontal. Deve-se introduzir e retirar os braços lentamente, na perpendicular da abertura frontal. O manuseamento dos materiais dentro da câmara só deve começar 1 minuto depois de introduzir as mãos e os braços na câmara, para que o ambiente no interior se estabilize e o fluxo de ar « varra » a superfície das mãos e dos braços do operador. É igualmente necessário minimizar os movimentos de entrada e saída da câmara, introduzindo previamente todos os materiais necessários, antes de iniciar a manipulação. Colocação do material A grelha frontal de entrada das CSB da Classe II não pode estar bloqueada com papel, equipamento ou outros artigos. A superfície do material a colocar dentro da câmara deve ser descontaminada com álcool a 70%. O trabalho pode ser efectuado sobre toalhas absorventes embebidas num desinfectante, a fim de capturar borrifos e salpi- cos. Todo o material deve ser colocado no fundo da câmara, perto da borda traseira da superfície de trabalho, sem bloquear a grelha traseira. O equipamento gerador de aerossóis (misturadores, centrifugadoras) deve ser colocado no fundo da câmara. Artigos volumosos, tais como sacos de protecção biológica, bandejas de pipetas descartáveis e frascos de sucções devem ser colocados numa das partes laterais do inte- rior da câmara. O trabalho em si deve fluir ao longo da superfície de trabalho, da área limpa para a área contaminada. O saco de segurança para recolha de material perigoso e a bandeja de pipetas que podem ser descontaminados em autoclave, não devem ser colocados no exterior da câmara. A frequência dos movimentos « para dentro e para fora » que implica a utilização destes recipientes iria perturbar a integridade da barreira de ar na câmara e comprometer tanto a protecção pessoal como a do produto manipulado. Funcionamento e manutenção A maior parte das CSB são concebidas para trabalhar 24 horas/dia, e os investigadores acham que o funcionamento contínuo ajuda a controlar os níveis de pó e partículas MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 60 • no laboratório. As CSB – Classe IIA1 e IIA2 com exaustor para a sala ou conectadas a condutas exaustoras próprias, por ligações de dedal, podem ser desligadas quando não forem necessárias. Outros tipos de CSB, como as da Classe IIB1 e B2, que possuem instalações de condutas rígidas, precisam de manter um fluxo de ar ininterrupto, para ajudar a manter o equilíbrio do ar da sala. As câmaras devem ser ligadas, pelo menos 5 minutos antes do início das actividades, e permanecer ligadas 5 minutos após o termo das mesmas, a fim de « purgar » a câmara, isto é, dar tempo para que o ar con- taminado seja expelido do ambiente interior da câmara. Todas as reparações numa CSB devem ser efectuadas por um técnico qualificado. Qualquer defeito no funcionamento deve ser assinalado e reparado antes de voltar a utilizar a câmara. Lâmpadas ultravioleta Lâmpadas ultravioleta não são necessárias nas CSB. Se forem utilizadas, devem ser limpas todas as semanas, para retirar o pó e sujidade que podem bloquear a eficácia germicida dos raios. A intensidade destes deve ser verificada quando a câmara é recer- tificada, a fim de assegurar que a emissão de luz é apropriada. É necessário desligar as lâmpadas ultravioleta quando a sala está ocupada, para proteger os olhos e a pele de exposição descuidada. Chamas vivas Deve evitar-se chamas vivas no ambiente quase isento de micróbios, criado dentro da CSB; elas perturbam os padrões do fluxo de ar e podem ser perigosas quando se uti- lizam substâncias inflamáveis voláteis. Para esterilizar ansas bacteriológicas existem microqueimadores ou « fornos » eléctricos, que são preferíveis à chama viva. Derrames Deve estar afixada no laboratório uma cópia dos procedimentos necessários em caso de derrames; todo o pessoal do laboratório deve ler e compreender estes procedi- mentos. Se ocorrer um derrame de material perigoso dentro de uma CSB, deve começar-se imediatamente a limpeza da mesma, continuando a câmara a funcionar. Deve utilizar-se um desinfectante eficaz e aplicá-lo de forma a minimizar a produção de aerossóis. Todo o material que entrou em contacto com o produto derramado deve ser desinfectado e/ou esterilizado em autoclave. Certificação O funcionamento e a integridade operacional das CSB devem ser certificados con- formes às normas nacionais e internacionais, aquando da instalação e depois peri- odicamente, por técnicos qualificados, de acordo com as instruções do fabricante. A avaliação da eficácia do confinamento das câmaras deve incluir testes sobre a inte- gridade da câmara, fugas nos filtros HEPA, perfil de velocidade do fluxo de descida, velocidade aparente, pressão negativa/taxa de ventilação, modelo de fumo do fluxo de 10. CÂMARAS DE SEGURANÇA BIOLÓGICA • 61 • • 64 • 11. Equipamento de segurança Dado que os aerossóis são uma fonte importante de infecção, deve tomar-se a pre- caução de reduzir as possibilidades da sua formação e dispersão. Diversas operações laboratoriais (fundir, misturar, separar, agitar, mexer, separar por ultra-sons e cen- trifugar materiais infecciosos) podem produzir aerossóis perigosos. Mesmo quando se utiliza equipamento seguro, é melhor, sempre que possível, efectuar estas operações numa câmara de segurança biológica. No capítulo anterior (10) analisa-se a utiliza- ção e testes de controlo destas câmaras. A utilização de equipamento de segurança não é, em si, uma segurança de protecção, excepto se o operador estiver devidamente formado e utilizar técnicas adequadas. O equipamento deve ser testado regularmente, a fim de assegurar a eficácia da protecção. No quadro 10 encontra-se uma lista de controlo do equipamento de segurança, concebida para eliminar ou reduzir certos perigos, bem como um resumo das suas características de protecção. Nas páginas subsequentes, dão-se mais pormenores sobre estes equipamentos. No Capítulo 12, encontra-se informação adicional sobre a sua utilização correcta. No Anexo 4 encontram-se informações sobre o equipamento e as operações que podem criar perigos. Isoladores de pressão negativa em plástico flexível O isolador de pressão negativa em plástico flexível é um dispositivo de confinamento primária completo, que fornece a protecção máxima contra materiais biológicos perigosos. Pode ser montado numa estrutura móvel e o espaço de trabalho está total- mente envolvido num invólucro transparente de cloreto de polivinilo (PVC), suspenso numa estrutura de aço. O isolador é mantido a uma pressão interna inferior à pressão atmosférica. O ar de entrada passa através de um filtro HEPA e o ar de saída através de 2 filtros HEPA, o que evita a necessidade de canalizar o ar usado para o exterior do edifício. O isolador pode ser equipado com incubadora, microscópio e outro equipamento laboratorial, tal como centrifugadoras, gaiolas/caixas para animais, blocos térmicos, etc. O material é introduzido e removido do isolador através de aber- turas próprias sem comprometer a segurança microbiológica. O manuseamento das operações é feito com mangas e luvas incorporadas, descartáveis. Existe igualmente um manómetro para controlar a pressão no invólucro. 11. EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA • 65 • Quadro 10. Equipamento de segurança biológica EQUIPAMENTO RISCO EVITADO CARACTERÍSTICAS DA SEGURANÇA Câmara de segurança Aerossóis e salpicos • Fluxo de ar de entrada mínimo biológica – Classe I (velocidade frontal) ao nível da abertura de acesso ao trabalho. Filtragem adequada do ar evacuado. • Não fornece protecção ao produto Câmara de segurança Aerossóis e salpicos • Fluxo de ar de entrada mínimo biológica – Classe II (velocidade frontal) ao nível da abertura de acesso ao trabalho. Filtragem adequada do ar evacuado. • Fornece protecção ao produto Câmara de segurança Aerossóis e salpicos • Confinamento máximo biológica – Classe III • Fornece protecção ao produto se tiver fluxo de ar laminar Isolador de pressão Aerossóis e salpicos • Confinamento máximo. negativa, em plástico flexível Escudo contra salpicos Salpicos de produtos • Cria uma barreira entre o operador e químicos a operação Material de pipetar Riscos devidos a pipetar • Facilidade de utilização com a boca, como • Controlo da contaminação da ingerir agentes extremidade de sucção da pipeta, patogénicos, inalar protecção do meio de pipetar, do aerossóis produzidos utilizador e do circuito de vácuo. pela sucção na pipeta, • Podem ser esterilizados derramar líquido ou • Controlo de fugas pela extremidade gotas da pipeta, da pipeta contaminação da extremidade de sucção da pipeta Microincineradores de Salpicos das ansas de • Protegido por um tubo de vidro ou ansas, ansas descartáveis transferências cerâmica fechado numa extremidade. Aquecido a gás ou electricidade • Descartável, aquecimento desnecessário Recipientes estanques Aerossóis, derrames e • Construção estanque com tampa para recolha e transporte fugas • Duradouros dentro do serviço de • Utilizáveis em autoclaves materiais infecciosos a esterilizar Utilizam-se isoladores de plástico flexível para manusear organismos de alto risco (Grupos de Risco 3 e 4) em trabalhos no terreno, onde não é possível nem apropri- ado instalar ou manter câmaras de segurança biológica convencionais. Material de pipetar Deve sempre utilizar-se este material para pipetar, e a sucção com a boca deve ser ri- gorosamente proibida. Nunca é demais sublinhar a importância de utilizar este mate- rial. Os perigos mais comuns ligados à utilização de pipetas são causados pela sucção bucal. A aspiração pela boca e a ingestão de matérias perigosas têm sido responsáveis por muitas infecções de origem laboratorial. Também é possível transferir agentes patogénicos para a boca quando se põe um dedo contaminado na extremidade de sucção da pipeta. Um perigo menos conhecido é a inalação de aerossóis causados pela sucção. O tampão de algodão não é um filtro eficaz de micróbios, à pressão negativa ou positiva, podendo sugar-se partículas através do mesmo. Pode mesmo ocorrer uma sucção mais violenta, se o tampão estiver muito apertado, aspirando-se o tampão, aerossóis e o próprio líquido. Só a utilização do material próprio de pipetar pode evitar a ingestão de agentes patogénicos. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 66 • Recipientes para objectos Feridas por picadas • Utilizáveis em autoclaves cortantes ou afiados • Robustos, não perfuráveis descartáveis Contentores para Libertação de • Robustos transporte entre microrganismos • Contentores primários e secundários laboratórios/instituições impermeáveis, para evitar derrames • Material absorvente para derrames Autoclaves manuais ou Material infeccioso • Concepção aprovada automáticas (tornado seguro para • Esterilização por calor eficaz eliminar ou reutilizar) Garrafas com tampas de Aerossóis e derrames • Confinamento eficaz rosca Protecção da linha de Contaminação do • Filtro de cartucho evita passagem de vácuo sistema de vácuo do aerossóis (tamanho das partículas laboratório com 0,45µm) aerossóis e fluidos • Frasco de descarga contém derramados desinfectante apropriado. Uma válvula de borracha pode servir para fechar o vácuo automaticamente quando o frasco-depósito estiver cheio. • Todo o equipamento utilizável em autoclave. EQUIPAMENTO RISCO EVITADO CARACTERÍSTICAS DA SEGURANÇA Tais blusas, batas, fatos e aventais não devem ser utilizados fora dos locais do laboratório. Óculos de protecção, óculos de segurança e viseiras de protecção facial A escolha do equipamento para proteger os olhos e a cara contra salpicos e impactos de objectos depende da operação a efectuar. Óculos normais ou graduados podem ser fabricados com uma armação especial que permite inserir lentes na frente da armação, utilizando um material inquebrável que acompanha a forma do rosto, ou ser equipa- dos com protecções laterais (óculos de segurança). Os óculos de segurança não fornecem porém uma protecção adequada contra salpicos, mesmo quando acom- panhados de protecção lateral. Nesse caso, devem utilizar-se óculos de protecção (tipo óculos de soldador) que protegem contra salpicos e impactos, por cima dos óculos graduados ou lentes de contacto (que não oferecem protecção contra perigos biológi- cos ou químicos). As viseiras de protecção facial são feitas de plástico inquebrável, ajustam-se à cara e são seguras à cabeça por tiras ou por uma touca. Óculos de protecção, de segurança e viseiras não devem ser utilizados fora do laboratório. Respiradores Ao proceder a trabalhos de alto risco (por exemplo: limpeza de um derrame de mate- rial infeccioso) pode ser necessário utilizar material de protecção respiratória. A escolha do respirador depende do tipo de perigo(s). Existem respiradores com filtros permutáveis: protecção contra gazes, vapores, partículas e microrganismos; é impres- cindível que o filtro escolhido corresponda ao tipo apropriado de respirador. Para assegurar a protecção ideal, o respirador deve ser instalado na cara do operador e testado. Os respiradores auto-suficientes, com abastecimento de ar integral, assegu- ram uma protecção total. Deve solicitar-se o conselho de uma pessoa devidamente qualificada, por exemplo um higienista profissional, para escolher o respirador ade- quado. As máscaras utilizadas em cirurgia foram concebidas para a protecção dos doentes e não asseguram a protecção respiratória dos operadores. Alguns respiradores descartáveis (ISO 13.340.30) foram concebidos para assegurar a protecção contra a exposição a agentes biológicos. Os respiradores não devem ser utilizados fora das áreas laboratoriais. Luvas Durante certas manipulações laboratoriais pode ocorrer a contaminação das mãos. Estas são igualmente vulneráveis a ferimentos causados por objectos cortantes. No trabalho normal de laboratório e no manuseamento de agentes infecciosos, sangue e fluidos corporais, usam-se geralmente luvas descartáveis de latex, vinilo ou nitrilo, microbiologicamente aprovados, semelhantes às utilizadas em cirurgia. Pode igual- mente recorrer-se a luvas reutilizáveis, mas tem de assegurar-se a lavagem, remoção, limpeza e desinfecção adequadas das mesmas. 11. EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA • 69 • Devem tirar-se as luvas e lavar bem as mãos, após manusear materiais infecciosos, trabalhar em câmaras de segurança biológica e antes de sair do laboratório. Depois de utilizadas, as luvas descartáveis devem ser eliminadas com os resíduos laboratori- ais infectados. Reacções alérgicas como dermatite e hipersensitividade imediata têm sido assina- ladas em laboratórios e entre outros trabalhadores que utilizam luvas de latex, parti- cularmente nas que contêm pó. Devem estar disponíveis alternativas às luvas de latex com pó. Devem utilizar-se luvas de malha de aço inoxidável, sempre que existir a probabi- lidade de exposição a instrumentos cortantes, como nas autópsias. Estas luvas pro- tegem contra cortes mas não contra perfurações. Não devem utilizar-se luvas fora das áreas laboratoriais. Para mais informações ver referências (12), (17) e (18). MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 70 • PARTE IV Boas técnicas microbiológicas que vertem. Os recipientes de amostras devem ser abertos numa câmara de segurança biológica. Devem ter-se à disposição desinfectantes. Uso de pipetas e meios de pipetar 1. Deve utilizar-se sempre um meio de pipetar. Pipetar com a boca deve ser proibido. 2. Todas as pipetas devem ter um tampão de algodão para reduzir a contaminação dos dispositivos para pipetar 3. Nunca se deve soprar com a pipeta num líquido contendo agentes infecciosos. 4. Não misturar materiais infecciosos aspirando e soprando alternadamente através de uma pipeta. 5. Não soprar na pipeta para expelir os líquidos. 6. Deve dar-se preferência a pipetas graduadas que não necessitam de expulsar as últimas gotas. 7. As pipetas contaminadas devem ser imersas num desinfectante apropriado contido num recipiente inquebrável. Devem ficar no desinfectante durante o tempo que for indicado antes de serem eliminadas. 8. Um recipiente para as pipetas a eliminar deve ser colocado no interior e não no exterior da câmara de segurança biológica. 9. Não se devem utilizar seringas com agulha hipodérmica para pipetar. 10. Devem utilizar-se dispositivos para abrir frascos com cápsula que permitem a utilização de pipetas e evitam a utilização de seringas e agulhas hipodérmicas. 11. Para evitar a dispersão de material infeccioso caído de uma pipeta, a área de tra- balho deve ser coberta com um material absorvente que depois deve ser eliminado como resíduo infeccioso. Evitar a dispersão de materiais infecciosos 1. Para evitar o derrame prematuro do material, as ansas de transferência micro- biológica devem ter um diâmetro de 2–3 mm e estar completamente fechadas. Os cabos não devem ter mais de 6 cm de comprido para minimizar a vibração. 2. O risco de projecção de material infeccioso com a chama do bico de Bunsen pode ser evitado utilizando um micro-incinerador eléctrico para esterilizar as ansas de transferência. Devem preferir-se as ansas descartáveis que não precisam de ser esterilizadas. 3. Ao secar amostras de saliva, é preciso ter cuidado para evitar criar aerossóis. 4. Amostras e culturas a esterilizar em autoclave e/ou a eliminar devem ser colocadas em recipientes estanques, por exemplo, sacos de resíduos de laboratório. Antes de colocados em contentores de lixo, devem ser bem fechados (por exemplo, com fita isoladora de autoclave). 5. As zonas de trabalho devem ser descontaminadas com um desinfectante apropri- ado no fim de cada período de trabalho. Para mais informações ver referência (12). MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 74 • Utilização de câmaras de segurança biológica 1. A utilização e limitações das CSB devem ser explicadas a todos os utilizadores potenciais (ver Capítulo 10), referindo-se às normas nacionais e documentação apropriada. O pessoal deve receber protocolos escritos ou manuais sobre pro- tecção ou funcionamento. Em especial, deve ser bem explicado que a câmara não protege o trabalhador de derrame, quebra ou técnica deficiente. 2. A câmara só deve ser utilizada se estiver a funcionar correctamente. 3. O painel de vidro não deve ser aberto quando a câmara estiver em funcionamento. 4. Na câmara deve ter-se o mínimo de aparelhos e materiais para não bloquear a circulação do ar no espaço do fundo. 5. Os bicos de Bunsen não devem ser utilizados dentro da câmara. O calor pro- duzido desvia o fluxo de ar e pode danificar os filtros. É possível utilizar um microincinerador mas deve dar-se preferência a ansas de transferência estéreis e descartáveis. 6. Todas as operações devem ser realizadas no centro ou na parte de trás da área de trabalho e devem ser visíveis através do painel. 7. A passagem de pessoal por trás do operador deve ser reduzida ao mínimo. 8. O operador não deve perturbar o fluxo do ar introduzindo ou retirando os braços da câmara repetidamente. 9. As grelhas de ar não devem ser obstruídas com papéis, pipetas ou outro material pois isso interrompe o fluxo do ar causando contaminação potencial do material e exposição do operador. 10. Uma vez o trabalho terminado e no fim do dia, a superfície da câmara de segu- rança biológica deve ser limpa com um desinfectante apropriado. 11. O ventilador da câmara deve funcionar pelo menos durante 5 minutos antes do início do trabalho e outros 5 depois do trabalho terminado. 12. Nunca se deve colocar documentos dentro das CSB. Para mais informações sobre câmaras de segurança biológica ver o Capítulo 10. Evitar a ingestão de material infeccioso e o contacto com a pele e os olhos 1. As partículas e gotículas (>5 µm de diâmetro) libertadas durante as manipulações microbiológicas depositam-se rapidamente nas áreas de trabalho e nas mãos do operador. Devem utilizar-se luvas descartáveis. O pessoal de laboratório deve evitar tocar na boca, olhos e cara. 2. Alimentos e bebidas não devem ser consumidos nem armazenados no laboratório. 3. No laboratório não se deve levar à boca nenhum objecto – canetas, lápis, goma de mascar. 4. Não se deve fazer a maquilhagem no laboratório. 5. Durante operações que possam resultar em projecções de materiais potencial- mente infecciosos, deve proteger-se a face, olhos e boca. 12. TÉCNICAS DE LABORATÓRIO • 75 • Evitar a inoculação de material infeccioso 1. A inoculação acidental devido a ferimento com vidros ou utensílios partidos pode ser evitada com medidas de precaução. Sempre que possível, os utensílios de vidro devem ser substituídos por utensílios em plástico. 2. Ferimentos com agulhas ou seringas hipodérmicas, pipetas de Pasteur de vidro ou vidro partido, por exemplo, podem causar inoculação acidental. 3. Podem reduzir-se os ferimentos com agulhas: (a) limitando ao mínimo o uso de seringas e agulhas (por exemplo, dispondo de dispositivos simples para abrir frascos com cápsulas de forma a utilizar pipetas em vez de seringas e agulhas); (b) utilizando dispositivos de segurança especiais quando as seringas e agulhas são realmente necessárias. 4. As agulhas nunca devem ser reinseridas nos seus invólucros. Os artigos descartáveis devem ser colocados em recipientes especiais imperfuráveis, providos de tampa. 5. As pipetas de vidro devem ser substituídas por pipetas Pasteur de plástico. Separação de soro 1. Este trabalho só deve ser realizado por pessoal devidamente formado. 2. Devem utilizar-se luvas e protecção para os olhos e as membranas mucosas. 3. Projecções e aerossóis só podem ser evitados ou minimizados com boas técnicas de laboratório. O sangue e o soro devem ser pipetados cuidadosamente e não vazados de um recipiente para outro. Pipetar com a boca deve ser proibido. 4. Depois de utilizadas, as pipetas devem ser completamente submergidas num desinfectante apropriado. Devem ficar no desinfectante durante o tempo que for indicado antes de serem eliminadas ou lavadas e esterilizadas para nova utilização. 5. Tubos de amostras contendo coágulos de sangue, etc. destinados a ser eliminados devem ser tapados com as suas tampas e colocados em recipientes estanques apropriados para esterilização em autoclave e/ou incineração. 6. Desinfectantes adequados devem estar disponíveis para limpar salpicos e derrames (ver Capítulo 14). Utilização de centrifugadoras 1. O bom funcionamento mecânico de centrifugadoras de laboratório é um requi- sito prévio de segurança microbiológica na sua utilização. 2. As centrifugadoras devem ser utilizadas segundo as instruções do seu fabricante. 3. As centrifugadoras devem ser colocadas de maneira que os agentes possam ver o interior da cuba para colocar correctamente os recipientes e os copos. 4. Os tubos e recipientes de amostras para centrifugadora devem ser feitos de vidro espesso ou de preferência de plástico e antes de serem utilizados devem ser inspec- cionados para detectar defeitos eventuais. 5. Os tubos e recipientes de amostras devem ser sempre bem tapados (se possível com rolhas de rosca) para centrifugação. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 76 • 4. Retirar delicadamente a parte superior da ampola e tratá-la como material contaminado. 5. Se o tampão de algodão ainda estiver por cima do conteúdo da ampola, removê-lo com pinças esterilizadas. 6. Juntar líquido para voltar a formar a suspensão tendo o cuidado de o fazer lentamente para evitar a formação de espuma. Armazenagem de ampolas contendo material infeccioso Ampolas contendo material infeccioso nunca devem ser mergulhadas em azoto líquido pois pode haver o risco das que estão rachadas ou mal arrolhadas partirem ou explodirem à saída. Sendo necessário temperaturas muito baixas, as ampolas devem ser conservadas unicamente na fase gasosa acima do azoto líquido. Também se pode armazenar material infeccioso em criostato ou neve carbónica. O pessoal de laboratório deve usar protecção para os olhos e as mãos quando retira ampolas assim armazenadas. A superfície externa das ampolas deve ser desinfectada quando são retiradas da armazenagem. Precauções de base com sangue e outros fluidos, tecidos e excreções orgânicos Precauções de base (que incluem « precauções universais » (19) são destinadas a reduzir o risco de transmissão de microrganismos tanto de fontes de infecção reco- nhecidas como desconhecidas (2). Recolha, etiquetagem e transporte de amostras 1. Devem sempre tomar-se as precauções de base (2); usar luvas para todas as manipulações. 2. A recolha de sangue de pacientes e animais deve ser feita por pessoal com experiência. 3. Para flebotomias, os sistema convencionais de agulha e seringa devem ser subs- tituídos por dispositivos de segurança descartáveis (recolha no vácuo) que per- mitem a recolha de sangue directamente para tubos fechados de transporte e/ou de cultura, inutilizando automaticamente a agulha no fim da operação. 4. Os tubos devem ser colocados em recipientes adequados para transporte até ao laboratório (ver Capítulo 15) e dentro do laboratório (ver neste Capítulo a secção sobre transporte de amostras dentro do serviço). Os formulários de pedido devem ser colocados à parte em sacos ou envelopes impermeáveis. 5. O pessoal que recebe as amostras não deve abrir estes sacos. Abertura de tubos com amostras e conteúdos de amostragens 1. Os tubos de amostras devem ser abertos numa câmara de segurança biológica. 2. O uso de luvas é obrigatório. Também se recomenda protecção para olhos e mem- branas mucosas (óculos de protecção ou viseiras). 12. TÉCNICAS DE LABORATÓRIO • 79 • 3. A roupa de protecção deve ser completada com um avental de plástico. 4. Para evitar projecções, deve pegar-se no tampão com uma folha de papel ou gaze. Vidro e objectos cortantes 1. Sempre que possível,o vidro deve ser substituído por plástico.Só deve ser usado vidro resistente (borossilicato), e o material deteriorado ou rachado deve ser eliminado. 2. As agulhas hipodérmicas não devem ser utilizadas como pipetas (ver também neste Capítulo a secção sobre Evitar a inoculação de material infeccioso). Esfregaços para microscopia Fixar e colorir amostras de sangue, expectoração e fezes para microscopia não mata necessariamente todos os organismos ou vírus nos esfregaços. Tais artigos devem ser manipulados com pinças, guardados correctamente e descontaminados e/ou desin- fectados em autoclave antes de serem eliminados. Equipamento automático (gerador de ultra-sons, misturador de vórtice) 1. O equipamento deve ser de preferência fechado para evitar projecções de gotícu- las e aerossóis. 2. Os efluentes devem ser recolhidos em recipientes fechados para desinfecção em autoclave e/ou eliminação. 3. O equipamento deve ser desinfectado no fim de cada sessão, segundo as instruções do fabricante. Tecidos 1. Deve utilizar-se fixadores de formaldeído. 2. Deve evitar-se cortes em congelação. Quando necessário, o criostato deve ser protegido e o trabalhador deve usar uma viseira. Para descontaminação, a temperatura do instrumento deve subir pelo menos a 20°C. Descontaminação Para descontaminação recomendam-se os hipocloretos e desinfectantes do melhor nível. Soluções de hipocloretos preparadas no momento devem conter cloro activo a 1g/l quando são destinadas para uso geral e 5g/l quando são utilizadas para limpar sangue derramado. Para descontaminar superfícies pode utilizar-se o glutaraldeído (ver Capítulo 14). Precauções a ter com materiais podendo conter priões Os priões (também conhecidos como « vírus lentos ») estão associados a encefalopa- tias espongiformes transmissíveis (TSE), principalmente a doença de Creutzfeldt- Jakob (CJD, incluindo a nova variante), síndroma Gerstmann-Sträussler-Scheinker, insónia familiar fatal e kuru em seres humanos; « scrapie » em carneiros e cabras; encefalopatia espongiforme bovina (BSE) em gado bovino; e outras encefalopatias MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 80 • transmissíveis em veados, alces e martas. Embora a doença de Creutzfeldt-Jakob tenha sido transmitida a humanos, não parece haver casos provados de infecções asso- ciadas a laboratórios com quaisquer de tais agentes. Contudo, é prudente adoptar certas precauções durante a manipulação de material proveniente de pessoas ou animais infectados ou potencialmente infectados. A escolha de um nível de segurança biológica para trabalhar com materiais asso- ciados às TSE dependerá da natureza do agente e das amostras a estudar, e deve ser feita em consulta com as autoridades nacionais. É no tecido do sistema nervoso central que se encontram as maiores concentrações de priões. Estudos sobre animais sugerem a probabilidade de também se encontrar grandes concentrações de priões no baço, timo, nódulos linfáticos e pulmão. Estudos recentes indicam que a presença de priões em tecido muscular da língua e do esqueleto também pode apresentar um risco de infecção potencial (20–23). Como inactivar completamente os priões é difícil de conseguir, é importante privilegiar a utilização de instrumentos descartáveis sempre que possível, bem como de uma cobertura protectora descartável para cobrir a superfície de trabalho da câmara de segurança biológica. A principal precaução a tomar é evitar a ingestão de material contaminado ou a punção da pele do pessoal de laboratório. Como os agentes não são destruídos pelos processos normais de desinfecção e esterilização utilizados em laboratório, devem ser tomadas as seguinte precauções suplementares. 1. A utilização de equipamento exclusivo, isto é, equipamento não compartilhado com outros laboratórios é fortemente recomendada. 2. Deve utilizar-se roupa de protecção de laboratório (bata e avental) e luvas (para patologistas, luvas de malha de aço entre luvas de borracha). 3. A utilização de artigos de plástico descartáveis, que podem ser tratados e eliminados como resíduos secos é fortemente recomendada. 4. Os processadores de tecidos não devem ser utilizados devido a problemas de desinfecção. Em vez disso, devem utilizar-se frascos e provetas. 5. Todas as manipulações devem ser realizadas em CSB. 6. Devem tomar-se as maiores precauções para evitar a formação de aerossóis, ingestão de produtos e cortes e picadelas na pele. 7. Os tecidos fixados ao formol devem ser considerados como ainda infecciosos, mesmo depois de exposição prolongada. 8. Amostras histológicas contendo priões são largamente inactivadas depois de expostas a ácido fórmico a 96% durante uma hora (24), (25). 9. Os resíduos de trabalho, incluindo luvas, batas e aventais descartáveis, devem ser desinfectados em autoclave utilizando um esterilizador a vapor a 134–137°C durante um único ciclo de 18 minutos, ou seis ciclos sucessivos de 3 minutos cada, seguido de incineração. 10. Instrumentos não descartáveis, incluindo luvas de malha de aço, devem ser recolhidos para descontaminação. 12. TÉCNICAS DE LABORATÓRIO • 81 • 6. Transporte de pessoas expostas ou infectadas 7. Listas de fontes de soro imune, vacinas, medicamentos, material e fornecimentos especiais 8. Provisão de material de emergência, por exemplo, roupa de protecção, desinfec- tantes, conjuntos para derrames químicos e biológicos, material e equipamentos de descontaminação. Medidas de emergência em laboratórios microbiológicos Ferimentos por picadas, cortes e abrasão A pessoa acidentada deve retirar a roupa de protecção, lavar as mãos e qualquer outra zona afectada, aplicar um desinfectante cutâneo apropriado, e se necessário consultar um médico. Deve notificar-se a causa do ferimento e os organismos implicados, e manter registos médicos correctos e completos. Ingestão de material potencialmente infeccioso Tirar a roupa de protecção e consultar um médico. Identificar e notificar às autori- dades o material ingerido e as circunstâncias do incidente, e manter registos médicos correctos e completos. Formação de aerossóis potencialmente infecciosos (fora de uma câmara de segurança biológica) Todas as pessoas devem evacuar a área afectada e as que tenham sido expostas devem ser encaminhadas para um médico. O supervisor do laboratório e o responsável da segurança biológica devem ser informados imediatamente. Ninguém deve entrar na sala durante um espaço de tempo apropriado (por exemplo, 1 hora), para permitir a evacuação dos aerossóis e o depósito das partículas mais pesadas. Se o laboratório não tiver um sistema central de exaustão do ar, a entrada deve ser retardada, por exemplo, de 24 horas. Devem colocar-se sinais indicando que a entrada é proibida. Após este prazo, a descontaminação deve continuar controlada pelo responsável da segurança biológica. Deve utilizar-se roupa de protecção apropriada e protecção respiratória. Recipientes partidos e substâncias infecciosas derramadas Recipientes partidos contaminados com substâncias infecciosas e substâncias infec- ciosas derramadas devem ser cobertos com panos ou papel absorvente. Estes são depois regados com um desinfectante que fica a actuar durante o tempo devido. O pano ou papel e o material partido são então retirados; os fragmentos de vidro devem ser manipulados com pinças. A área contaminada deve então ser esfregada com um desinfectante. Se para retirar o material partido forem utilizados apanhadores, estes devem ser esterilizados em autoclave ou imersos num desinfectante eficaz. Panos, papéis e esfregões utilizados para limpar devem ser colocados num recipiente de resíduos contaminados. Todas estas acções devem ser efectuadas com luvas. MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 84 • Se formulários ou outros documentos impressos ou escritos à mão estiverem con- taminados, a informação neles contida deve ser copiada e o original deitado para o recipiente de resíduos contaminados. Quebra de tubos contendo material potencialmente infeccioso dentro de centrifugadoras que não têm recipientes estanques Se ocorrer ou se suspeitar de uma quebra enquanto a máquina está em funciona- mento, parar o motor e deixar a máquina fechada durante uns 30 minutos para per- mitir o depósito do material. Se a quebra for descoberta quando a máquina pára, voltar a fechar a tampa imediatamente e esperar cerca de 30 minutos. Nos dois casos, o responsável da segurança biológica deve ser informado. Para todas as operações seguintes devem utilizar-se luvas resistentes (por exemplo, de borracha espessa), cobertas, se necessário, com luvas descartáveis. Para retirar restos de vidro, devem utilizar-se pinças guarnecidas ou não de algodão. Todos os tubos partidos, fragmentos de vidro, recipientes e o rotor devem ser colo- cados num desinfectante não-corrosivo cuja eficácia contra o organismo implicado é conhecida (ver Capítulo 14). Os tubos intactos e arrolhados podem ser colocados em desinfectante num recipiente separado e depois recuperados. A cuba da centrifugadora deve ser esfregada com o mesmo desinfectante numa diluição apropriada e esfregada de novo, lavada com água e seca. Todos os materiais utilizados na limpeza devem ser considerados como resíduos infecciosos. Quebra de tubos encerrados em recipientes de centrifugação fechados (copos de segurança) Todos os recipientes de centrifugadora fechados devem ser carregados e descarregados numa câmara de segurança biológica. Se houver suspeita de quebras dentro do recipi- ente, a tampa de segurança pode ser relaxada e o recipiente esterilizado em autoclave. Como alternativa, o recipiente de segurança pode ser quimicamente desinfectado. Incêndio e desastres naturais Os serviços de socorros em caso de incêndio e outros desastres devem participar à elaboração de planos de preparação para emergências. Devem ser informados anteci- padamente da localização das salas que contêm materiais potencialmente infecciosos. Será benéfico organizar uma visita do pessoal desses serviços ao laboratório para ficar a conhecer o traçado dos locais e seu conteúdo. Depois de um desastre natural os serviços de emergência locais ou nacionais devem ser prevenidos dos riscos potenciais existentes dentro e/ou perto dos edifícios do labo- ratório. Só devem entrar nos locais acompanhados de um membro devidamente formado do pessoal. Os materiais infecciosos devem ser recolhidos em caixas estanques ou sacos descartáveis resistentes. A equipa de segurança biológica é que deve determinar, com base em regulamen- tos locais, o que deve ser recuperado ou eliminado. 13. PLANOS DE EMERGÊNCIA E MEDIDAS A TOMAR • 85 • Serviços de emergência: quem contactar Os números de telefone e endereços das pessoas e serviços abaixo designados devem estar afixados nas instalações de modo bem visível: 1. A própria instituição ou laboratório (a pessoa que telefona ou o serviço que recebe a chamada pode não conhecer bem o endereço e a localização) 2. O director da instituição ou laboratório 3. O supervisor do laboratório 4. O responsável da segurança biológica 5. Os serviços de incêndio 6. Hospitais/serviços de ambulâncias/pessoal médico (nomes de postos de saúde, departamentos, e/ou pessoal médico se possível) 7. Polícia 8. Médico 9. Técnico responsável 10. Os serviços de água, de gás e de electricidade. Material de emergência O material de emergência seguinte deve estar disponível: 1. Mala de primeiros socorros incluindo antídotos universais e especiais. 2. Extintores de incêndio apropriados, cobertores para fogo. Também se sugere o material a seguir, mas que pode variar segundo as circunstâncias locais: 1. Roupa de protecção total (fatos especiais de uma só peça, luvas e touca – para incidentes implicando microrganismos dos Grupos de Risco 3 e 4) 2. Máscaras respiratórias completas com filtros apropriados para produtos químicos e partículas 3. Aparelhos de desinfecção das salas, por exemplo, pulverizadores e vaporizadores de formol 4. Macas 5. Utensílios, como martelos, machados, chaves-inglesas, chaves de parafusos, escadotes, cordas 6. Equipamento para marcar e sinalizar a área de perigo. Para mais informações ver referências (12) e (28). MANUAL DE SEGURANÇA BIOLÓGICA EM LABORATÓRIO • 86 •
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