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Príncipios para Boas Práticas de Manejo (BPM) na engorda de Camarão Marinho no Estado do Ceará, Notas de estudo de Engenharia Biológica

Governo do Estado do Ceará SOMA - Secretaria da Ouvidoria Geral e do Meio Ambiente SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente Universidade Federal do Ceará (UFC) Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR)

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 21/04/2009

Alexandre98
Alexandre98 🇧🇷

4.6

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152 documentos

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Baixe Príncipios para Boas Práticas de Manejo (BPM) na engorda de Camarão Marinho no Estado do Ceará e outras Notas de estudo em PDF para Engenharia Biológica, somente na Docsity! Superintendência Estadual do Meio Ambiente Princípios para Boas Práticas de Manejo (BPM) na Engorda de Camarão Marinho no Estado do Ceará. Princípios para Boas Práticas de Manejo (BPM) na Engorda de Camarão Marinho no Estado do Ceará. Governo do Estado do Ceará SOMA - Secretaria da Ouvidoria Geral e do Meio Ambiente SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente Universidade Federal do Ceará (UFC) Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) Fortaleza - Ceará Março - 2005 ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos proprietários das fazendas listadas abaixo que gentilmente participaram das entrevistas e permitiram visitas as suas instalações de cultivo. 1. AMILCAR MONTEIRO COSTA LIMA 2. AQUAMAR 3. AQUAPLAN EXPORTAÇÃO LTDA. 4. ARGENBRAS 5. ARTEMISA AQÜICULTURA S.A. 6. ARTUR AQÜICULTURA 7. ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DE REQUENGUELA 8. ATLÂNTICO MARICULTURA LTDA. 9. BIOTEK MARINE E COMÉRCIO 10. CAJUCÔCO AQUACULTURA E AGROPECUÁRIA LTDA. 11. CAMACEL 12. CAMARÃO DA ILHA 13. CAMARISCO CAMOCIM M. LTDA. 14. CEAQUA CEARÁ AQUACULTURA LTDA. 15. CELM AQÜICULTURA 16. CINA COMPANHIA NORDESTE DE AQÜICULTURA E ALIMENTAÇÃO 17. COMPESCAL COMÉRCIO DE PESCADO ARACATIENSE 18. COPES AQÜICULTURA E EXPORTAÇÃO LTDA. 19. CRISTAL AGROPECUÁRIA LTDA. (FAZENDA I) 20. CRISTAL AGROPECUÁRIA LTDA. (FAZENDA II) 21. DACE DALLAS AQÜICULTURA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO 22. FAZENDA CORREIA 23. FAZENDA SÃO JOSÉ 24. GOLD SHRIMP CARCINICULTURA 25. IMA PRODUÇÕES LTDA. 26. JOLI AQÜICULTURA 27. LAIS CARCINICULTURA 28. LIBRA PESCADOS LTDA. 29. LUCRI AQÜICULTURA LTDA. 30. MANOR MARICULTURA DO NORDESTE LTDA. 31. MARICULTURA ACARAÚ PESCA 32. PEQUENO PRODUTOR EM CRUZ, CEARÁ 33. PMC PRODUÇÃO DE MARISCOS E CAMARÕES LTDA. 34. PROCAM PRODUTORA DE CAMARÃO LTDA. 35. REVESA ADMINISTRAÇÃO PARTICIP.E IMPORTAÇÃO LTDA. 36. RIVERS MARINES AQÜICULTURA LTDA. 37. SAMARISCO SAMBURÁ CAMARONEIRA LTDA. 38. SANTA BÁRBARA AQÜICULTURA 39. SÃO BENTO AQÜICULTURA 40. SEAFARM CRIAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AQUÁTICOS LTDA. 41. SITIO PEDRINHAS I E II 42. VIP CAMARÕES 43. ZUMBI AQÜICULTURA LTDA. ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO PREFÁCIO A carcinicultura marinha ou o cultivo de camarão marinho em cativeiro é uma das atividades do agronegócio brasileiro mais representativas na Região Nordeste. Desde o início desta década que o setor cresce de forma acelerada, em particular no Estado do Ceará, um dos maiores produtores nacionais. Apesar dos seus benefícios sócio-ecônomicos, existe uma preocupação cada vez maior quanto aos possíveis impactos da atividade sobre o meio ambiente. Efeitos ambientais adversos advindos da carcinicultura marinha possuem uma estreita relação com a engenharia, a construção e a operacionalização da fazenda de cultivo. Aspectos como a proteção dada aos taludes e diques, tipo de material utilizado na compactação, posicionamento de aeradores e profundidade dos viveiros podem reduzir drasticamente o potencial erosivo no sistema de produção, melhorando a qualidade dos efluentes gerados. A captação de água, sua distribuição aos viveiros e os métodos de drenagem adotados durante a renovação e a despesca também exercem forte influência sobre a qualidade da água e o meio ambiente. As BPM (Boas Práticas de Manejo, do inglês “Better Management Practices, BMPs”) compõem um sistema de princípios técnicos que objetivam oferecer referências a uma determinada atividade produtiva e a seus órgãos reguladores, recomendando procedimentos operacionais que mantenham a harmonia e o equilíbrio ambiental capazes de perpetuar a atividade em questão. O objetivo das BPM não é impor normas ou regras, mas sugerir procedimentos que pela experiência prática demonstram ser mais eficazes e rentáveis do ponto de vista ambiental e econômico. Na carcinicultura marinha, as BPM da Global Aquaculture Alliance (Boyd, 1999), da Australian Shrimp Prawns Association (Donavan, 2001 e da Asociación Nacional de Acuicultores de Honduras (Haws et al., 2001) foram as precursoras de códigos de conduta locais, como o da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC, 2001) e mais recentemente do Estatuto e Código de Conduta da Associação Cearense de Criadores de Camarão (ACCC, 2004). Os Princípios para Boas Práticas de Manejo apresenta o resultado de um estudo sobre o perfil técnico e operacional de 43 empreendimentos de engorda de camarão marinho do Estado do Ceará. Os resultados demonstram que apesar de existirem distinções operacionais como tamanho da fazenda, aporte de mão-de-obra, insumos e tecnologia, a maioria das operações de engorda de camarão no Estado adotam procedimentos de cultivo relativamente padronizados. As BPM apresentadas nesta publicação é a compilação de práticas encontradas na literatura, bem como resultantes da experiência e de trabalhos realizados em laboratório e em campo pelos autores. As BPM sugerem adoção de medidas proativas por parte dos produtores e abrangem desde aspectos relacionados à construção da fazenda, avaliação de áreas propícias ao cultivo, engenharia e construção de viveiros até o uso de rações, agentes terapêuticos, manejo de doenças e outras rotinas do dia-dia. Os autores. ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO Lista de Figuras........................................................................................................................... Pg 01 - Raio de Cobertura do Presente Estudo ................................................................................... xii 02 - Localização das fazendas abrangidas no presente estudo (pontos vermelhos) ........................xiii 03 - Camarões estocados sob densidade de 12animais/m2 em tanque de cultivo........................ 18 04 - Canaletas de drenagem de água em um viveiro de engorda de camarão ............................. 29 05 - Canal de descarga de água de uma fazenda de engorda de camarão ................................. 30 06 - Fases do ciclo de muda de um camarão marinho e os principais sinais para identificação ... 52 07 - Gaiola telada para estimar a mortalidade de camarões em viveiros de engorda após o povoamento ........................................................................................................................ 54 08 - Aeradores de pás em funcionamento em um viveiro de engorda de camarão ....................... 63 09 - Esquema de distribuição de ração em viveiros de engorda, após o povoamento com PL2 ou superior ........................................................................................................................... 69 10 - Disposição apropriada para o armazenamento de ração ...................................................... 72 11 - Funcionário preparado para distribuição de calcário em viveiro de engorda de camarão ..... 79 12 - O uso de máscara é essencial para manipulação do metabisulfito ....................................... 99 13 - Tanques berçários em uma fazenda de engorda de camarão .............................................. 105 14 - Camarão em estágio avançado de necrose cuticular .......................................................... 107 Lista de Tabelas 01 - Medidas de tratamento adotadas nos afluentes e efluentes ................................................... 56 02 - Medidas de tratamento adotadas para os riscos de contaminação ........................................ 57 03 - Taxa de aeração mecânica recomendada(cv/ha) em função da densidade de camarões estocados, peso médio populacional e sobrevivência estimada .............................................................. 64 04 - Número de refeições diárias e densidade de bandejas de alimentação em função da densidade de estocagem de camarões e fase de cultivo ...................................................... 70 05 - Tipos de rações utilizadas nas diferentes fases de desenvolvimento dos camarões ................. 72 06 - Parâmetros aceitáveis e preferíveis nas rações....................................................................... 74 07 - Corretivos comumente utilizados para o tratamento do solo de viveiros de camarão ............ 79 08 - Quantidade de corretivo (kg/ha) recomendado em função do pH do solo de viverios de camarão com vistas a neutralização da acidez .................................................................................... 82 09 - Grau de pureza ou eficiência (%) do calcário em funcção de sua granulometria ................... 82 10 - Níveis ideais de qualidade de água de viveiros de camarão e frequência recomendada para monitoramento ..................................................................................................................... 86 11 - Esquema de troca d´água observado nas fazendas de camarão ........................................... 88 Lista de Gráficos 001 - Tempo de Funcionamento das Fazendas ............................................................................. 16 002 - Número de Viveiros na Fazenda ......................................................................................... 17 003 - Área Média de cada viveiro ................................................................................................ 17 004 - Profundidade dos viveiros ................................................................................................... 17 005 - Densidade de Estocagem .................................................................................................... 18 006 - Número de ciclos ao ano ................................................................................................... 19 007 - Tempo do ciclo de engorda ................................................................................................ 19 008 - Peso dos camarões na despesca ......................................................................................... 20 009 - Média de sobrevivência ...................................................................................................... 20 ILUSTRAÇÕES ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 101 - Limpeza e calibração do equipamento de qualidade de água............................................. 85 102 - Disponibilidade de laboratório de qualidade de água na fazenda ...................................... 85 103 - Disponibilidade de cerca ou outro tipo de proteção no ponto de captação ........................ 87 104 - Tipos de bombas empregadas ............................................................................................ 87 105 - Influência da água de descarga da própria fazenda no ponto captação ............................. 87 106 - Taxa diária de renovação de água ...................................................................................... 88 107 - Fatores considerados no momento do bombeamento ......................................................... 88 108 - Emprego de filtragem da água por telas na comporta de abastecimento ............................ 90 109 - Objetivo da filtragem da água por telas na comporta de abastecimento ............................. 90 110- Substâncias químicas empregadas no cultivo ....................................................................... 92 111 - Objetivos do uso dos produtos químicos ............................................................................. 92 112 - Base para cálculo de dosagens de químicos ....................................................................... 94 113 - Forma de aplicação dos químicos ....................................................................................... 94 114 - Critérios para definir o momento da despesca .................................................................... 96 115 - Horários regularmente empregado para despesca .............................................................. 96 116 - Preparativos essenciais para despesca ................................................................................ 96 117 - Equipamentos e insumos para despesca ............................................................................. 97 118 - Empréstimo de material de despesca de outras fazendas .................................................... 98 119 - Desinfecção de equipamentos e utensílios empregados na despesca .................................. 98 120 - Formas de descarte da mistura de gelo e metabisulfito ....................................................... 99 121 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI´s utilizados durante a manipulação do metabisulfito 100 122 - Padrões sanitários das instalações .................................................................................... 102 123 - Compatibilidade das instalações sanitárias com o número de funcionários ....................... 102 124 - Controle no fluxo de visitantes e fornecedores a fazenda .................................................. 103 125 - Disponibilidade de cerca de proteção ............................................................................... 103 126 - Sistemas de desinfecção utilizados .................................................................................... 104 127 - Exigência do uso de luvas, botas e aventais pelos funcionários e (ou) visitantes ................ 104 128 - Adoção do manejo “All in All out” ........................................................................................ 105 129 - Doenças já observadas na fazenda ................................................................................... 106 130 - Procedimentos utilizados no caso da presença de enfermidades ....................................... 106 131 - Forma de descarte de camarões encontrados mortos .............................................. 106 e 108 132 - Destino dados ao camarões após as biometrias ................................................................ 108 133 - Tipo de licença para construção de diques, canais e viveiros ............................................ 110 134 - Distância mínima em média da área dos diques para Áreas de Preservação Permanente .. 110 135 - Ecossistemas permanentes no entorno da fazenda ............................................................ 112 136 - Áreas legalmente protegidas na propriedade .................................................................... 112 137 - Execução de reflorestamento para compensação de passivo ambiental ............................ 112 138 - Instalações disponíveis na fazenda .................................................................................... 116 139 - Funcionários atendidos pelas instalações .......................................................................... 116 140 - Número de funcionários que fazem parte da comunidade local ........................................ 117 141 - Grau de escolaridade dos funcionários ............................................................................. 117 142 - Tipo de apoio social ao funcionário ou sua família ........................................................... 118 143 - Adoção do sistema de premiação por resultado alcançado .............................................. 118 144 - Regime de trabalho dos funcionários ................................................................................ 119 145 - Equipe de despesca .......................................................................................................... 119 146 - Número de funcionários equipados e protegidos .............................................................. 120 147 - Número de funcionários por área de atuação na fazenda ................................................ 120 ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO SUMÁRIO Prefácio ........................................................................................................................................ v Universo Pesquisado, Localização e Metodologia........................................................................ xiii Agradecimentos ........................................................................................................................... iv 1. Aspectos Operacionais ...........................................................................................................15 1.1 Tempo de Funcionamento .................................................................................................. 16 1.2 Viveiros de Engorda ........................................................................................................... 17 1.3 Densidade de Estocagem ................................................................................................... 18 1.4 Duração do Cultivo ........................................................................................................... 19 1.5 Parâmetros de Desempenho Zootécnico ............................................................................ 20 1.6 Produção de Camarões ..................................................................................................... 21 2. Construção da Fazenda ..........................................................................................................23 2.1 Critérios para Seleção de Área .......................................................................................... 24 2.2 Localização da Fazenda..................................................................................................... 25 2.3 Análises do Solo ................................................................................................................ 26 2.4 Configuração dos Viveiros ................................................................................................. 27 2.5 Proteção de Diques e Taludes ............................................................................................ 28 2.6 Drenagem de Água dos Viveiros ........................................................................................ 29 2.7 Canais Individuais de Adução e Drenagem de Água .......................................................... 30 2.8 Regime de Cultivo ............................................................................................................. 31 3. Unidade de Berçário ..............................................................................................................33 3.1 Sistema de Tanques Berçários ............................................................................................ 34 3.2 Configuração dos Berçários ............................................................................................... 35 3.3 Aeradores e Geradores ...................................................................................................... 36 3.4 Localização e Acesso ......................................................................................................... 37 3.5 Água de Abastecimento ..................................................................................................... 38 3.6 Manejo da Água ................................................................................................................ 39 4. Recepção e Povoamento de Pós Larvas - PL’s ..........................................................................41 4.1 Testes de Avaliação de Pós Larvas - PLs ............................................................................. 42 4.2 Transporte e Contagem ..................................................................................................... 43 4.3 Recepção de Pós Larvas - PLs ............................................................................................ 44 4.4 Manejo Alimentar .............................................................................................................. 45 4.5 Transferência e Povoamento .............................................................................................. 46 4.6 Manejo das Caixas de Transferência .................................................................................. 47 5. Monitoramento do Estoque cultivado ......................................................................................49 5.1 Biometria Populacional ...................................................................................................... 50 ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 5.2 Monitoramento do Estoque ................................................................................................ 51 5.3 Determinação da Muda ..................................................................................................... 52 5.4 Estimativa de Sobrevivência ............................................................................................... 53 6. Afluentes, Efluentes e Resíduos Sólidos ...................................................................................55 6.1 Tratamento de Efluentes e Afluentes ................................................................................... 56 6.2 Riscos da Contaminação da Água de Captação ................................................................ 57 6.3 Manejo do Canal de Adução ............................................................................................. 58 6.4 Esgotos e Resíduos Sólidos ................................................................................................ 59 7. Aeração Mecânica .................................................................................................................61 7.1 Objetivos da Aeração Mecânica ........................................................................................ 62 7.2 Horário e Tempo de Aeração ............................................................................................. 63 7.3 Taxa de Aeração ................................................................................................................ 64 7.4 Posicionamento e Alinhamento dos Aeradores ................................................................... 65 8. Ração e Alimentação..............................................................................................................67 8.1 Métodos de Distribuição de Ração..................................................................................... 68 8.2 Ajuste das Refeições Ofertadas .......................................................................................... 69 8.3 Número de Refeições e Densidade de Bandejas ................................................................. 70 8.4 Armazenamento de Ração ................................................................................................. 71 8.5 Número de Rações Empregadas ........................................................................................ 72 8.6 Critérios Utilizados para Seleção de Ração ........................................................................ 73 8.7 Inspeção e Testes de Qualidade da Ração ......................................................................... 74 8.8 Parâmetros para Avaliar o Desempenho de Rações ............................................................ 75 9. Manejo do Solo ......................................................................................................................77 9.1 Tipo e Uso Anterior do Solo ............................................................................................... 78 9.2 Tratamentos do Solo .......................................................................................................... 79 9.3 Revirada do Solo ............................................................................................................... 80 9.4 Calagem ........................................................................................................................... 81 10. Qualidade de Água..............................................................................................................83 10.1 Parâmetros de Qualidade de Água .................................................................................. 84 10.2 Análise dos Parâmetros de Qualidade de Água ............................................................... 85 10.3 Bombeamento de Água ................................................................................................... 86 10.4 Renovação de Água ........................................................................................................ 87 10.5 Filtragem de Água ........................................................................................................... 88 11. Substâncias Químicas ..........................................................................................................91 11.1 Químicos e seus Objetivos .............................................................................................. 92 11.2 Dosagens e Formas de Aplicação .................................................................................... 94 [asc pAR eis a =) E ar a e k RR EAR E DR A ET Sa 4 ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 1. Aspectos Operacionais 1.1. Tempo de Funcionamento 1.2. Viveiros de Engorda 1.3. Densidade de Estocagem 1.4. Duração do Cultivo 1.5. Parâmetros de Desempenho Zootécnico 1.6. Produção de Camarões ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 17 1. TEMPO DE FUNCIONAMENTO O tempo de funcionamento das empresas visitadas é relativamente recente, verificando-se que apenas 4,7% têm mais de 15 anos e 58,1 % estão na faixa de 2 a 5 anos. Vale sal ientar que a at ividade de carcinicultura marinha, no Estado do Ceará, teve início na década de 70 do século passado e só atingiu um melhor desempenho a partir da metade da década de 90, observando-se uma maior expansão nos últimos cinco anos. Hoje o Ceará conta com um total de 185 fazendas de carcinicultura, sendo 12 grandes, 46 médias e 127 pequenas, perfazendo um total de 3.376 ha de área cultivada. O crescimento da carcinicultura no Estado trouxe uma série de benefícios econômicos e sociais, gerando divisas através das exportações e criando empregos diretos e indiretos. Entre o período de 1999 a 2003, a exportação de camarão cultivado no Estado do Ceará evoluiu de US$ 6.228.900 para US$ 80.944.384, representando um aumento de valores da ordem de 1.199,5%. No que diz respeito à geração de empregos, a carcinicultura pode gerar cerca de 3,75 empregos diretos e indiretos por hectare, o que significa que este agronegócio trouxe em torno de 12.660 empregos. Por outro lado, devido à melhoria do poder aquisitivo desse contingente, o comércio nas localidades onde a atividade se estabelece, tende a crescer e conseqüentemente criar novas oportunidades de trabalho e trazer mais progresso através da aplicação dos impostos arrecadados. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1. Monitorar a expansão da atividade de cultivo de camarões de forma criteriosa, a fim de evitar um aumento desordenado e garantir sua sustentabilidade econômica, ambiental e social. 2. Não exceder a capacidade de carga de áreas exploradas pela carcinicultura, regulando a qualidade dos efluentes em bacias hidrográficas com grandes concentrações de fazendas. Capacidade de carga é a máxima produção de camarão e de outras atividades geradoras de resíduos líquidos que pode ser suportada pela massa d’água receptora, sem comprometer a sua qualidade original. 3. Planejar e ordenar a construção de novas operações de cultivo considerando o Zoneamento Econômico e Ecológico (ZEE) da região. 4. Delimitar distâncias mínimas entre fazendas de cultivo e plantas processadoras de camarão para evitar o risco de entrada e disseminação de enfermidades por esta rota. Tempo de Funcionamento 30,2% 58,1% 7,0% 4,7% < 2 anos 2 - 5 anos 6 - 10 anos 11 - 15 anos > 15 anos n = 43 Gráfico 1 - Tempo de Funcionamento das Fazendas ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 20 1.4 DURAÇÃO DO CULTIVO A duração do cultivo é um fator de extrema importância para viabilidade econômica do empreendimento e sua rentabilidade. Este parâmetro varia de acordo com a idade ou o tamanho do camarão no povoamento, as densidades de estocagem empregadas e as metas desejáveis de produção em relação ao peso do camarão no momento da despesca. Enquanto em outras regiões do país, o número de ciclos alcançados ao ano tem uma estreita relação com a temperatura anual da água, na Região Nordeste, este fator não sofre grandes oscilações. Portanto, o número de ciclos de engorda alcançados durante o ano varia conforme a duração da engorda e os intervalos adotados para descanso e tratamento do fundo dos viveiros. Em média, quando se adota sistemas bifásicos de produção (engorda realizada em duas fases, incluindo a de berçários) é possível alcançar 2,5 safras anuais, considerando períodos de engorda de 115 dias e dois intervalos de 10 dias entre as despescas. Por outro lado, na medida em que se elevam as densidades de estocagem, a tendência é alcançar períodos de engorda mais prolongados. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1. Iniciar a engorda com camarões com idade ou peso mais elevado possível, de forma a reduzir a duração do ciclo de engorda e assim aumentar a rotatividade dos cultivos. 2.Trabalhar com densidades de estocagem de camarão que não gerem aumentos substanciais na duração do ciclo de engorda. 3. Considerar criteriosamente o peso do camarão para despesca. O cultivo de camarões acima de 12 g é mais difícil, pois prolonga a engorda, demanda um maior aporte de insumos e mobilização de capital. Contudo, dependendo da época do ano, seus preços mais elevados podem compensar os riscos e os maiores custos operacionais. Número de Ciclos ao Ano 26,8% 19,5% 4,9% 48,8% 1 ciclo 2 ciclos 2,5 ciclos 3 ciclos 4 ciclos n = 43 Tempo do Ciclo de Engorda 2,4% 14,6% 17,1% 2,4% 51,2% 12,2% < 90 dias 90-110 dias 111-120 dias 121-130 dias 131-140 dias 141-150 dias > 150 dias n = 43 Gráfico 6 - Número de ciclos ao ano Gráfico 7 - Tempo do ciclo de engorda ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 21 1.5 PARÂMETROS DE DESEMPENHO ZOOTÉCNICO As operações de cultivo no Brasil se caracterizam por produzir camarões de tamanhos médios como forma de reduzir os riscos econômicos e minimizar a mobil ização de capital necessária para desenvolver o cultivo. A produção de camarão dentro de uma única faixa de peso restringe os nichos de mercado que poderiam ser atendidos, inibindo a diversificação e a agregação de valor do produto final. Isto é em parte resultado da ineficácia das poucas políticas de concessão de crédito para custeio da carcinicultura disponíveis no país. A engorda de camarão no Estado do Ceará sempre se caracterizou por aportar um nível tecnológico mais elevado nos cultivos e uma mão- de-obra mais quali f icada, resultando em produtividades recordes. Mais recentemente, devido ao surgimento de novas patologias nos cultivos e sua disseminação entre áreas, observou- se uma queda na sobrevivência final de camarões e na produtividade, além de uma elevação do fator de conversão alimentar (FCA). Enquanto uma série de fatores pode influenciar o FCA, como condições ambientais, manejo alimentar e qualidade da ração, neste caso, o aumento do FCA teve como causa a mortalidade de camarões já numa avançada fase de crescimento. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Manter um ambiente de cultivo saudável dentro dos padrões de segurança, evitando, ao máximo, situações de estresse para a população estocada, com vistas a reduzir perdas na produção. 2.Certificar-se quanto ao estado sanitário dos indivíduos estocados, evitando o povoamento com camarões debilitados ou com sinais clínicos de enfermidades. 3.Em face de um incremento na mortalidade de camarões durante o ciclo de engorda, considerar uma despesca emergencial, quando os camarões já apresentarem peso aceitável de comercialização Peso dos Camarões na Despesca 90,2% 9,8% < 10 g 10 - 15 g 16 - 20 g 21 - 25 g 26 - 30 g > 30 g n = 43 Média de Sobrevivência 17,1% 26,8% 9,8% 36,6% 7,3% 2,4% < 20% 21-30% 31-40% 41-50% 51-60% 61-70% 71-80% > 80% n = 43 Fator de Conversão Alimentar 7,3% 29,3% 9,8% 29,3% 24,4% < 1 1-1,25 1,26-1,5 1,51-1,75 1,76-2 2,1-2,25 > 2,25 n = 43 Produtividade de Camarões 46,3% 7,3% 9,8% 7,3% 2,4% 22,0% 2,4% 2,4% < 500 kg/ha/ciclo 500-1.000 kg/ha/ciclo 1.001-2.000 kg/ha/ciclo 2.001-3.000 kg/ha/ciclo 3.001-5.000 kg/ha/ciclo 5.001-7.000 kg/ha/ciclo 7.001-10.000 kg/ha/ciclo 10.001-15.000 kg/ha/ciclo > 15.000 kg/ha/ciclo n = 43 Gráfico 8 - Peso dos camarões na despesca Gráfico 9 - Média de sobrevivência Gráfico 10 - Fator de conversão alimentar Gráfico 11 - Produtividade de camarões ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 22 A produção anual de camarão nas fazendas entrevistadas varia de menos de 10 toneladas a mais de 5.000 toneladas, com uma maior representatividade entre 10 e 500 toneladas. Estabelecendo-se comparações entre as produções dos anos de 2002 e 2003, a maioria (57,6%) declarou que houve uma redução em maior ou menor grau, apenas 27,0% logrou aumento e 15,6% manteve-se estável. Quando indagados sobre a produção esperada em 2004, 77,4% esperam uma queda variando de menos de 25,0% a 50,0%, em relação a 2003. Com respeito à expectativa de crescimento para o ano de 2006 em relação a 2004, os dados foram otimistas, tendo 62,5% declarado esperar um incremento entre menos de 25,0 e 50,0%. A queda da produção que se manifestou de forma mais acentuada no ano de 2003 ocorreu devido ao surgimento da Mionecrose Infecciosa (IMN), sendo um vírus seu agente etiológico. Este fato, trouxe um sinal de alerta sobre a necessidade de implantação de medidas de biossegurança nas fazendas e da melhoria das práticas de manejo, como forma de reduzir o estresse aos indivíduos cultivados. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Adotar medidas para reduzir ao máximo a entrada do agente infeccioso através de potenciais vetores, como água de transporte de pós-larvas, veículos de despesca, água de captação, entre outros. 2.Praticar a higienização de equipamentos e utensílios empregados no cultivo, evitando-se o empréstimo de material de fazendas vizinhas. 3.Intensificar os tratamentos de solo entre os ciclos de produção, realizando a desinfecção de fundo quando for observado um aumento de mortalidade de camarões ou um acúmulo de matéria orgânica. 4.Adotar uma parada sanitária na operação de cult ivo, quando a fazenda se apresenta extremamente impactada por doenças e sem prévios sinais de recuperação. 1.6 PRODUÇÃO DE CAMARÕES Produção de Camarão em 2003 33,3% 17,9% 2,6% 30,8% 2,6% 12,8% < de 10 tons 10-100 tons 101-500 tons 501-1000 tons 1001-5000 tons > 5000 tons n = 43 Mudanças Ocorridas na Produção 2002-2003 15,2% 3,0%39,4% 3,0% 18,2% 15,2% 6,1% Reduziu >50% Reduziu 25-50% Reduziu <25% Não houve alteração Aumentou <25% Aumentou 25-50% Aumentou >50% n = 43 Mudanças Previstas na Produção 2004-2003 10,3% 33,3% 2,6% 30,8% 7,7% 15,4% Reduzir >50% Reduzir 25-50% Reduzir <25% Nenhuma alteração Aumentar <25% Aumentar 25-50% Aumentar >50% n = 43 Mudanças Previstas na Produção 2004-2006 5,0% 37,5% 7,5% 25,0% 2,5% 22,5% Reduzir >50% Reduzir 25-50% Reduzir <25% Nenhuma alteração Aumentar <25% Aumentar 25-50% Aumentar >50% n = 43 Gráfico 12 - Produção de camarão em 2003 Gráfico 13 - Mudanças ocorridas na produção 2002 - 2003 Gráfico 14 - Mudanças previstas na produção 2003 - 2004 Gráfico 15 - Mudanças previstas na produção 2004 - 2006 ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 25 A seleção de área para implantação da fazenda de engorda é um aspecto bastante considerado, pois dele depende a sustentação técnica, econômica e ambiental do empreendimento de cultivo. Áreas ecologicamente sensíveis podem apresentar restrições legais, enquanto regiões com crescimento demográfico elevado e com outras at ividades econômicas em ascensão são propensas a limitações de caráter técnico. A qualidade de água é sem dúvida o principal obstáculo para identificação de áreas propícias ao cultivo de camarão. Águas, mesmo distantes de grandes centros urbanos, podem apresentar contaminação química e (ou) biológica. Sob tais condições, o desempenho zootécnico e a qualidade sanitária dos camarões podem ser comprometidos. Uma vez identificada a área, prospecções são iniciadas para determinar sua viabilidade técnica e legal. Terrenos que possam gerar confl i tos com comunidades locais ou impor desafios técnicos à viabilidade econômica do empreendimento não devem ser ocupados. PRÁTICAS RECOMENDADAS Não selecionar áreas: 1.Ecologicamente sensíveis, como manguezais ou outros ecossistemas protegidos pela legislação brasileira. 2.Com impedimentos em órgãos ambientais ou com problemas de litígio de posse. 3.Em conflito com outras atividades produtivas, como a agricultura ou a pesca. 4.Com grande concentração de fazendas de cultivo de camarão. 5.Com topografia acidentada, com restrições topográficas ou requerendo grandes investimentos na limpeza ou correção do terreno. 6.Destinada previamente a atividades que faziam o uso de inseticidas ou herbicidas. 7.Fisicamente limitadas, que não atendem as metas de expansão do empreendimento de cultivo. 8.Com solos arenosos ou notadamente argilosos, com característica ácida (pH < 5) ou com grande quantidade de matéria orgânica (> 5%). 9.Com a fonte d'água eutrofizada (transparência d'água < 25 cm), com excesso de partículas em suspensão ou apresentando salinidade superior a 45 ppt e inferior a 0,5 ppt. 10.Sujeitas à captação de águas de drenagem de fazendas circunvizinhas. 2.1 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE ÁREA Critérios Adotados na Seleção de Área 90,7% 88,4%76,7% 93,0% 95,3% 90,7% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Disponibilidade de terra Acesso a vias de transporte Preço do terreno Qualidade da água Qualidade do solo Fora de áreas de proteção ambiental n = 43 Conflito com Outras Atividades 7,0% 9,3% 83,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Agricultura Pesca Pecuária Turismo Navegação Outros Não existe conflito n = 43 Gráfico 16 - Critérios adotados na seleção de área Gráfico 17 - Conflito com outras atividades ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 26 Selecionar áreas: 1. Com disponibilidade de energia elétrica, telefonia, mão-de-obra, serviços básicos, gelo, pós- larva, ração, estradas, com transporte e acesso durante todo ano. 2. Distantes em pelo menos 5 km da operação de cultivo mais próxima. 3. Livre de enchentes nos últimos 10 anos. 4. Com fácil acesso a água de boa qualidade. 5. Livre de poluição hídrica, de caráter químico e microbiológico. 6. Com topografia plana e inclinação inferior a 3%. Como resultado do crescimento da atividade de cult ivo de camarão marinho no Brasil, muitas microrregiões passaram a ser ocupadas por múltiplos empreendimentos. Em áreas com alta concentração de fazendas, os riscos com a propagação de enfermidades são mais elevados, caso não sejam adotadas medidas de biossegurança e tratamento de efluentes. Da mesma forma, fazendas próximas a centros urbanos são mais vulneráveis a contaminação biológica por esgotos domésticos e industriais, necessitando que sejam implementadas medidas para o tratamento das águas de captação. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.As fazendas devem manter distancias representat ivas de outros empreendimentos de cultivo e de centros urbanos por questões de biossegurança. 2.As fazendas já implementadas que mantêm distancias inferiores a 5 km a outras operações de cultivo ou centro urbanos, devem adotar medidas para o tratamento biológico, químico e físico das águas de captação e descarga (consultar seção 6). 2.2 LOCALIZAÇÃO DA FAZENDA Concentração de Fazendas de Camarão 95,3% 2,3% 2,3% No entorno (< 5 km) 5-10 km > 10 km n = 43 Proximidade da Fazenda com Área Urbana 74,4% 23,3% 2,3% No entorno (< 5 km) 5-10 km > 10 km n = 43 Gráfico 18 - Concetração de fazendas de camarão Gráfico 19 - Proximidade da fazenda com área urbana ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 27 Os solos devem ser avaliados durante a seleção de área e a operacionalização da fazenda. Devido aos procedimentos de calagem, alimentação, fertilização e renovação de água, o solo dos viveiros sofre alterações na sua composição química. Mesmo em viveiros novos, ao longo de um curto espaço de tempo, (dentro de 4-5 despescas) a quantidade de matéria orgânica alcança uma concentração onde a taxa de decomposição anual torna-se igual à adição de matéria orgânica através do arraçoamento e fertilização. A partir deste ponto, as densidades de estocagem de camarão e os aportes de fertilizantes e ração, precisam se manter equil ibrados para viabil izar a decomposição da matéria orgânica acumulada, através da ação dos microorganismos existentes no viveiro. PRÁTICAS RECOMENDADAS Durante a avaliação do terreno para construção da fazenda, realizar as análises indicadas abaixo em laboratório especializado. 1.Composição textural: classificação do solo em relação a sua granulometria. 2.Índice de plasticidade: propriedade do solo para se deixar moldar quando submetido a uma pressão, permanecendo na nova forma ao ser cessada a ação da força. 3.Taxa de permeabilidade: capacidade do solo de deixar transpassar água ou ar em uma maior ou menor intensidade. 4.Características químicas: pH, carbono total, nitrogênio total, fósforo total, matéria orgânica, cálcio, potássio, magnésio, sódio, ferro, manganês, zinco, cobre e alumínio. 2.3 ANÁLISES DO SOLO Análises para Correção Química do Solo 63,4% 2,4% 2,4% 92,7% 26,8% 29,3% 43,9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% pH Matéria orgânica Nutrientes Carbonatos e bicarbonatos Bacteriológica Nenhuma Outras n = 41 Análise de Solo em Laboratório Especializado 44,2% 55,8% Sim Não n = 43 uma vez a cada 4,5 meses Gráfico 20 - Análises para correção química do solo Gráfico 21 - Análise de solo em laboratório especializado ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 30 Viveiros de engorda devem ser capazes de alcançar um escoamento completo de água após a despesca. Viveiros com uma drenagem ineficaz prolongam o tempo requerido para despesca e podem levar a perda de camarão e comprometer a qualidade final do produto. Para auxiliar nos processos de drenagem de água, em particular de viveiros com áreas superiores a 2 ha, valas conhecidas como canaletas são construídas diagonal e paralelamente aos taludes. Estas estruturas, além de possibilitarem uma melhor circulação de água e coleta de resíduos sólidos, funcionam como refúgio para os camarões durante dias muito quentes. Das fazendas entrevistadas, 58,1% (n = 43) possuem viveiros com canaletas internas. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Construir nos viveiros de engorda canaletas internas com 5-10 m de largura e 30-50 cm de profundidade. 2.Uma das canaletas deve ser construída ligando diretamente as comportas de abastecimento e drenagem de água, diagonal ou paralelamente aos taludes. 3.As canaletas laterais aos taludes devem ser posicionadas distantes de forma a evitar uma velocidade excessiva das correntes d'água e erosão sobre sua estrutura. 4.Submeter as canaletas a limpeza a cada ciclo para remover excesso de part ículas minerais e material orgânico acumulados. 2.6 DRENAGEM DE ÁGUA DOS VIVEIROS Alcança Drenagem Total da Àgua dos Viveiros 78,6% 19,0% 2,4% Em todos Em nenhum Somente em alguns Na maioria n = 43 Gráfico 24 - Alcança drenagem total da água dos viveiros Figura 4 - Canaletas de drenagem de água em um viveiro de engorda de camarão ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 31 As fazendas devem contemplar canais de adução e drenagem de água individuais visando permit ir uma exposição dos camarões a bons níveis de qualidade de água ao longo de todo ciclo de engorda, além de uma maior flexibilidade nos processos de troca d'água e despesca. Contudo, os canais devem ser fisicamente interligados, para viabilizar o reuso parcial ou integral dos efluentes gerados pela troca d'água e despesca, após seu devido tratamento. De 42 fazendas entrevistadas, apenas 5,4% dispunham de uma interligação entre os dois canais. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Construir canais individuais de adução e drenagem de água para toda fazenda ou para núcleos distintos da fazenda. 2.Conceber o projeto de engenharia de forma a garantir a interligação entre os canais de adução e drenagem de água, por meio de bacias ou lagoas de sedimentação. 3.Reuti l izar a água de drenagem somente após seu devido tratamento, respeitando os níveis ideais para a espécie cultivada. 4.Quando a água de captação ou drenagem apresentar-se eutrofizada, com excesso de part ículas em suspensão ou com suspeita da presença de organismos 2.7 CANAIS INDIVIDUAIS DE ADUÇÃO E DRENAGEM DE ÁGUA Canais Individuais de Adução e Drenagem 11,9% 4,8% 83,3% Sim, toda fazenda Somente parte dela Não n = 42 Gráfico 25 - Canais individuais de adução e drenagem Figura 5 - Canal de descarga de água de uma fazenda de engorda de camarão ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 32 As fazendas de engorda de camarão podem operar sob três regimes de cultivo: (1) monofásico, cultivo realizado em uma única etapa com o povoamento de camarões na fase de pós-larva 11 (PL11, pós-larva com 11 dias de vida) diretamente em viveiros de engorda; (2) bifásico, cultivo em duas etapas, de PL11 até PL25 em tanques circulares de alvenaria denominados de berçário, sendo os animais posteriormente transferidos para viveiros de engorda; (3) trifásico, cultivo em três etapas, com uma fase adicional de pré-engorda realizada após a despesca do berçário, compreendendo o cultivo de pós-larvas (PLs) com 20 a 25 dias de vida até juvenis com 0,8 a 1,5 g. Os regimes de cultivo bifásico e trifásico objetivam, entre outros aspectos, otimizar a eficiência da engorda, reduzindo os custos operacionais e o tempo de cultivo nos viveiros de produção. PRÁTICAS RECOMENDADAS Operar a fazenda sob um regime de cultivo que permita: 1.Aclimatar os camarões às condições ambientais da fazenda precedendo o início da engorda. 2.Manter um inventário e avaliar a qualidade dos estoques de PLs adquiridas. 3.Reduzir o risco de exposição de camarões muito jovens a potenciais patógenos e predadores. 4.Detectar precocemente problemas e enfermidades, antecipando a aplicação de medidas profiláticas e (ou) curativas. 5.Implementar programas mais agressivos de nutrição e alimentação de PLs logo após sua chegada a fazenda. 6.Padronizar as características zootécnicas dos camarões a serem utilizados na engorda. 7.Formar estoques reguladores de PLs na fazenda em períodos de escassez de PL. 8.Estabelecer projeções mais confiáveis referentes à produção dos viveiros de engorda com base na contagem de camarões no momento do povoamento. 2.8 REGIME DE CULTIVO Regime de Cultivo 41,9% 55,8% 2,3% Monofásico Bifásico Trifásico n = 43 Gráfico 26 - Regime de Cultivo ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 35 Algumas fazendas de engorda possuem uma unidade formada pelo complexo de berçários intensivos. Esta unidade ocupa uma pequena área do empreendimento, entre 100 m2 e 0,5 ha, variando de acordo com as necessidades de fluxo de pós-larvas. Os tanques berçários intensivos circulares se constituem uma etapa adicional de cultivo conduzida em um ambiente independente dos viveiros de produção, uma fase intermediária entre a larvicultura e a engorda. Os berçários são particulares aos sistemas bifásicos de engorda (cultivo em duas fases) e abrangem o estágio de crescimento do camarão entre as idades de PL10 e PL30, sendo considerados uma extensão da larvicultura. Os tanques berçários intensivos são uma importante ferramenta para otimizar a logística de produção, regularizando o fluxo de recebimento de PLs dos laboratórios e o povoamento de viveiros recém preparados. Começar a engorda com juvenis ou PLs em um estágio mais avançado de desenvolvimento, além de reduzir os riscos financeiros, diminui o tempo de permanência dos camarões nos viveiros, aumentando a rotatividade dos ciclos de engorda e a produtividade anual do empreendimento. PRÁTICAS RECOMENDADAS Empregar os tanques berçários com os seguintes objetivos: 1.Reservatório temporário para o armazenamento de PLs. 2.Aclimatar camarões as condições ambientais da fazenda. 3.Manter um inventário de PLs e avaliar a qualidade dos estoques adquiridos. 4.Reduzir o risco de exposição de camarões muito jovens a potenciais patógenos e predadores. 5.Detectar precocemente problemas e enfermidades, antecipando a aplicação de medidas profiláticas e (ou) curativas. 6.Homogeneizar as características zootécnicas dos camarões a serem utilizados na engorda. 7.Diminuir a freqüência de viveiros com baixas taxas de sobrevivência. 8.Formar estoques reguladores de PLs. 9.Elaborar projeções mais confiáveis referentes à engorda. 3.1 SISTEMA DE TANQUES BERÇÁRIOS Dispõe de Tanques Berçários 58,1% 41,9% Não Sim n = 43 Gráfico 27 - Disponibilidade de tanques e berçario ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 36 Os tanques berçários intensivos podem ter um formato quadrado, retangular ou circular. Os tanques circulares são os mais utilizados no Brasil e apresentam algumas vantagens operacionais em relação às outras configurações. São mais fáceis de limpar, pois não possuem cantos e, portanto, não tendem a acumular restos de ração, algas, sedimento ou outros resíduos. Devido ao seu formato, propicia uma melhor circulação de água e uma renovação mais homogênea. No fundo, os tanques berçários apresentam uma geometria parcialmente cônica, ou seja, o piso possui uma leve declividade de 0,5% a 1% em direção ao centro do tanque onde é montado o sistema de drenagem. Os tanques podem ser construídos de f ibra de vidro, de materiais metál icos galvanizados resistentes a corrosão ou de alvenaria, sendo este último mais comum. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Uti l izar tanques berçários com configuração circular. 2.Com exceção dos tanques de fibra de vidro, revest ir internamente os tanques berçários com tinta epoxi ou metalatex preta, azul ou branca, ou ainda revestidos com uma manta PEAD (Membrana de Polietileno de Alta Densidade). 3.Não empregar tanques berçários sem revestimento interno. Asperezas nas paredes internas podem causar danos às PLs, por atrito, e também levar a colonização das paredes por bactérias indesejáveis, devido ao acúmulo de toxinas na superfície porosa. 3.2 CONFIGURAÇÃO DOS BERÇÁRIOS Configuração de Tanques Berçários 100,0% Retangular Quadrado Circular Outro n = 25 Revestimento Interno dos Berçários 48,0% 36,0% 8,0% 4,0% 4,0% Nenhum, no cimento Tinta epóxi Manta de PVC Fibra de vidro Terra n = 25 Gráfico 28 - Configuração de tanques e berçario Gráfico 29 - Revestimento interno dos berçarios ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 37 Para um suprimento regular de oxigênio nos tanques berçários são empregados sopradores de ar com motor elétrico dotado de uma potência variando entre 5 cv e 10 cv. Os sistemas de provimento de ar, empregado para oxigenação e circulação de água são independentes, contudo interconectados a uma única válvula operacional para regular a pressão e o fluxo de ar. O sistema de oxigenação da água dos berçários pode ser aéreo ou submerso. O sistema aéreo de oxigenação uti l iza mangueiras flexíveis, preferivelmente de silicone, conectadas a pedras porosas com poros entre 20-40 micras de diâmetro, dispostas sobre toda área cultivada. As pedras são suspensas com o auxílio de cordas fixadas perpendicularmente sobre o tanque, formando uma teia em toda sua extensão. Os sistemas submersos são construídos com canos de PVC interconectados e fixados no piso do tanque. A configuração dos canos varia, podendo ser dispostos paralelamente ou numa conformação circular. Os canos devem ser perfurados com microfuros para gerar pequenas bolhas de ar (quanto menor maior a eficácia da oxigenação). 3.3 AERADORES E GERADORES Sistema de Aeração Predominante 12,0% 48,0% 40,0% Aéreo Submerso Utiliza ambos n = 25 Sistema de Gerador para Berçários 8,0% 92,0% Sim Não n = 25 Gráfico 30 - Sistema de aeração predominante Gráfico 31 - Sistema de gerador para berçário Tanto o sistema aéreo como o submerso são amplamente ut i l izados, e aparentemente não divergem em relação ao nível de eficiência de oxigenação da água e os resultados zootécnicos obtidos. A escolha entre os dois sistemas geralmente recai sobre a facilidade de montagem, manutenção e limpeza. O sistema aéreo requer a troca rotineira de mangueiras que geralmente enrijecem e de pedras porosas que entopem ou quebram. Contudo, ainda é um sistema que apresenta maior facilidade de manutenção e limpeza (realizada com imersão em uma solução de ácido muriático) em relação ao sistema submerso. O sistema submerso tende a acumular resíduos no fundo, é mais susceptível a aderência de algas, dificultando os processos de limpeza entre ciclos. Contudo, auxilia na ressuspensão e concentração de material particulado. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Dotar os sopradores dos berçários com um grupo gerador de igual potência a diesel ou a gasolina para eventuais quedas de energia elétrica ou falhas de equipamento. Nunca permitir quedas nas concentrações de OD. Sempre dispor de soprador de reserva. 2.Equipar o grupo gerador com uma chave automática de ignição para uma recuperação rápida dos processos artificiais de oxigenação da água. 3.Dispor de pequenos compressores à bateria (12 V) para unidade de berçário a fim de oxigenar a ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 40 O sistema de drenagem de água dos tanques berçários consiste de uma tubulação de escoamento, montada abaixo e no interior da estrutura do berçário. Em todo sistema, pode ser empregada tubulação de PVC com 6" de diâmetro, de forma a permitir uma vazão suficiente durante a renovação de água e a despesca. No caso da necessidade de integração do sistema de drenagem de vários tanques, o canos de PVC deverão ser ligados a uma tubulação central de esgoto com um maior diâmetro interno. O sistema de escoamento se prolonga desde o dreno central, localizado no centro do tanque, até a caixa de despesca. No orifício central de escoamento de água do tanque, é fixado um cano de PVC com um comprimento superior em 20-30 cm em relação a cota máxima de água empregada. Este cano deve possuir orif ícios com 20 cm de diâmetro, distribuídos ao longo de toda sua superfície ou restritos a área do cano que permanece acima da lâmina d'água. Os canos com ori f ícios distribuídos ao longo de toda sua extensão permitem uma renovação mais uniforme na coluna d'água, facilitando a remoção de dejetos. Para evitar o escape de PLs, a área do cano com 3.6 MANEJO DA ÁGUA Sifonagem de Água do Berçário 64,0% 24,0% 16,0% 28,0% Não realizada 1 vez por dia 2-3 vezes por dia 1 vez a cada 2 dias n = 25 Destino da Água de Drenagem/Sifonagem 12,0% 56,0% 12,0% 8,0% 12,0% Gamboa Canal de abastecimento Viveiros Canal de drenagem Bacia de sedimentação Outro (rio, mar, salgado) n = 25 Gráfico 36 - Sifonagem de água do berçário orifícios é revestida com uma camisa feita com malha de 300 micras. O cano deve ser mantido numa posição vertical, por meio de enroscamento no dreno central, visando sua remoção durante a despesca e procedimento de limpeza. A caixa de despesca das PLs é escavada em terra e construída de alvenaria. Esta estrutura deve ser situada anexa aos tanques berçários, rebaixada a uma altura que viabilize a completa drenagem de água dos tanques. Pode ser projetada de forma a integrar a canalização de drenagem de dois ou mais tanques berçários. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Edificar os berçários de forma que possam ser drenados por completo, a cada ciclo de produção para eficiente limpeza e esterilização. 2.Restringir a taxa diária de renovação de água nos primeiros três dias de cultivo visando manter florações de fitoplâncton, e em especial as diatomácias. 3.A partir do quarto dia de cultivo, intensificar o sifonamento de água do fundo do tanque a fim de remover resíduos de fezes, restos de ração não consumida, sedimento e excesso de microalgas. 4.Destinar toda água de drenagem ou sifonamento ao sistema de tratamento de efluentes do empreendimento de cultivo (canais, bacia de sedimentação, etc.). Gráfico 37 - Destino da água de drenagem/sifonagem 4. Recepção e Povoamento de Pós- Larvas - PL’s 4.1 Testes de Avaliação de PL’s 4.2 Transporte e Contagem 4.3 Recepção de PL’s 4.4 Manejo Alimentar 4.5 Transferência e Povoamento 4.6 Manejo das Caixas de Transferência ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 45 5.Acompanhar todo processo de contagem, empacotamento e transporte das PL’s. 6.Solicitar previamente a larvicultura, aclimatação das PL’s a salinidade da água da fazenda. 7.Os sacos de transporte devem apresentar uma relação de água:oxigênio de 1:1 ou de 1:2. 8.Empregar densidades iguais ou inferiores a 1.000 PL’s por litro nos sacos de transporte, diminuindo progressivamente com um aumento das distâncias a serem percorridas. 9.Minimizar o tempo de transporte de PL’s entre a larvicultura e a fazenda. Evitar transportes superiores a 20 horas. 10.Resfriar a água de transporte para 22-24oC, quando o tempo a ser percorrido excede 3 horas. 11.Sempre que possível, transportar os animais com um cilindro de oxigênio para situações de emergência. 12.Quando o transporte de PLs ocorrer em sacos de polietileno, acondiciona-los em caixas de papelão como forma de minimizar a ação térmica. As embalagens devem ser transportadas em horários amenos do dia, protegidas do sol, de preferência em caminhão baú. Evitar o uso de caixas de isopor por questões de biossegurança. Previamente a aquisição das pós-larvas, a fazenda deve tomar providências no que diz respeito à preparação das estruturas de aclimatação e de berçário. Antes da estocagem nos berçários, os mesmos já devem ter sido esterilizados, cheios com água, fert i l izados e inoculados com diatomáceas. No caso da estocagem direta em viveiros, é necessário que todos os procedimentos relativos a preparação dos mesmos tenha também sido obedecida, no que diz respeito a secagem e a calagem do solo, e ao seu enchimento e fertilização da água. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Os tanques berçários devem ser submetidos à escovação, desinfecção com solução de hipoclorito de sódio a 20 ppm, lavagem com água corrente e secagem ao sol por 24 horas. 2.Empregar densidades de no máximo 30 PL’s/L nos tanques berçários, não excedendo duas semanas de cultivo, exceto em densidades inferiores a 10 PL/L. 3.Sempre conduzir aclimatação de PLs, acondicionamento ao pH (uma unidade/hora), salinidade (2-3 ppt/ hora) e temperatura (4oC/hora) da água de cultivo em caixas de aclimatação adotando uma densidade de 1.000 PL/L. 4.No uso de berçário cercado em viveiros, instalar em área com boa profundidade e circulação de água, preferivelmente de fácil acesso para alimentação. Remover, lavar e desinfetar telas após soltura dos animais no viveiro. 4.3 RECEPÇÃO DE PL’s Providências na Recepção de PLs 88 ,4 % 55 ,8 % 11 ,6 % 81 ,4 % 65 ,1 % 67 ,4 % 95 ,3 % 0% 20% 40% 60% 80% 100% Esterilização Fertilização Aclimatação Inoculação de alimento natural Análise de água Análise de solo Outro n = 43 Densidade de Estocagem no Berçário 25,6% 58,1% 11,6% 4,7% Até 15 PL´s/Litro De 15 a 30 PL´s/Litro Mais de 30 PL´s/Litro Não sabe n = 43 Gráfico 42 - Providências na recepção de pós-larvas Gráfico 43 - Densidade e estocagem no berçário ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 46 5.Somente efetuar a transferência ou povoamento de PLs em viveiros de engorda quando forem constatados níveis favoráveis de oxigênio dissolvido, temperatura, salinidade, pH e transparência da água. Tempo de Cultivo no Berçário 7,5% 70,0% 22,5% < 10 dias 11-20 dias > 21 dias n = 43 A fase de berçário representa uma boa oportunidade de munir as pós-larvas com um aporte adequado de nutrientes e assim fortifica-las para início da engorda em viveiros. Nesta fase de cultivo, é importante que o alimento atenda a todas as exigências nutricionais e ao metabolismo mais acelerado do animal. Para isto é necessário empregar um alimento balanceado de boa qualidade, sendo ministrado todos os dias com um maior número de vezes possível. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Durante a fase de berçário, empregar alimentos balanceados de alta qualidade nutricional, com nível protéico igual ou superior a 40%. 2.Uti l izar uma granulometria do alimento artificial compatível com o tamanho do animal. Todo alimento deve possuir granulometria inferior a 800 micras. Evitar realizar a moagem de ração pelet izada para fornecimento às PLs. 3.Sempre alimentar o maior número de vezes possível, preferivelmente em intervalos contínuos de uma ou duas horas durante períodos de 24 horas. 4.Reduzir a quantidade de alimento ofertado quando forem observadas sobras, empregando duas ou três bandejas de al imentação por berçário como indicadores de consumo. 4.4 MANEJO ALIMENTAR Alimento Utilizado na Fase de Berçário 94 ,9 % 0, 0%2, 6% 17 ,9 % 5, 1% 79 ,5 % 0% 20% 40% 60% 80% 100% Artemia Ração fina/moída Molusco triturado Dietas comerciais líquidas para larvas ou PLs Dietas comerciais secas para larvas ou PLs Outros n = 43 Freqüência Alimentar na Fase de Berçário 7,7% 12,8% 74,4% 2,6% 2,6% Até 4 vezes ao dia 4-6 vezes ao dia De hora em hora em períodos contínuos de 24 hrs A cada 2 horas em períodos contínuos de 24 hrs Outro n = 39 Gráfico 44 - Tempo de cultivo no berçário Gráfico 45 - Alimento utilizado na fase de berçário Gráfico 46 - Frequência alimentar na fase de berçário ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 47 A transferência e povoamento de camarões, seja no estágio de pós-larva ou juvenil, é estressante para os animais devido ao manuseio a que são submetidos. Os animais devem ser transferidos ao viveiro de engorda quando prevalecerem condições adequadas de qualidade de água e os indivíduos apresentarem boa condição de saúde. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Realizar a transferência e o povoamento dos camarões em horários amenos do dia, de preferência cedo pela manhã, logo após o nascer do sol. 2.Não transferir os animais em jejum. Ministrar uma refeição no máximo duas horas antes da transferência. 3.Checar a condição de saúde dos animais e a presença de alimento no trato digestório antes de iniciar a transferência. 4.Determinar a população disponível de PLs para definir a densidade de estocagem no viveiro de engorda. 5.Evitar realizar despescas parciais dos berçários. Uma vez iniciado a drenagem de água dos berçários, proceder até seu esvaziamento completo, exceto quando os animais apresentarem sinais de estresse. 6.Manter a área de despesca dos berçários e de povoamento protegida contra a ação solar. 7.Medir os parâmetros de qualidade de água do viveiro 2 horas antes do povoamento. Se observadas discrepâncias, conduzir aclimatação dos animais às condições de temperatura, pH e salinidade de água do viveiro. 8.Util izar água de boa qualidade quando a acl imatação for necessária. 4.5 TRANSFERÊNCIA E POVOAMENTO Horários de Transferência/Povoamento de PLs em Viveiros 20,9% 41,9% 9,3% 37,2% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Manhã Tarde Noite Indiscriminado n = 43 Acondicionamento de PLs durante Transferência para Viveiros 80,0% 97,5% 82,5% 100,0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Com aeração contínua Com controle de temperatura Com controle de exposição solar Com controle da densidade de estocagem n = 40 Medidas Tomadas Diante de Diferenças na Qualidade de Água 56,1% 7,3% 2,4% 17,1% 24,4% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Aclimatação no berçário Aclimatação nas caixas de transferência Aclimatação em sacos de transporte no momento do povoamento Aclimatação em caixas de 500-1.000 L Povoamento sem aclimatação n = 41 Gráfico 47 - Horários de transferência/povoamento de PL’s em viveiros Gráfico 48 - Acondicionamento de PL’s durante transferência para viveiros Gráfico 49 - Medidas tomadas diante de diferenças na qualidade de água 9.Quando a aclimatação exceder mais de duas horas, ministrar alimento balanceado aos animais na quantidade de 1 kg por hora para cada 1 milhão de PLs. 10.Sempre manter oxigenação contínua nas caixas de transferência e transporte. Não manter as caixas expostas ao sol por longos períodos ou sem aeração artificial. 11.No povoamento não adentrar o viveiro, para evitar a movimentação do fundo e a ressuspensão de matéria orgânica. Fazer a transferência utilizando mangueiras de sinfonamento. 5. Monitoramento do Estoque Cultivado 5.1 Biometria Populacional 5.2 Monitoramento do Estoque 5.3 Determinação da Muda 5.4 Estimativa de Sobrevivência ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 51 A biometria tem como intuito possibilitar mensurações do desempenho zootécnico da população cultivada, no que diz respeito ao crescimento e a sobrevivência dos camarões. A biometria é também um momento para averiguar o estado de saúde dos camarões. Ela é realizada somente quando os camarões apresentam tamanhos suf icientes para serem capturados por rede de tarrafa, entre a terceira semana e o 45º dia de engorda. O período exato em que são capturados dependerá do tamanho dos animais no momento do povoamento. Contudo, quando necessária, a biometria pode ser realizada com animais menores uti l izando uma rede de arrasto possuindo uma malha fina. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Dentro do primeiro mês de cultivo, avaliar o crescimento e a sobrevivência populacional através de bandejas de alimentação, no momento em que são retiradas para inspeção de sobras de ração e novas ofertas. 2.Após o primeiro mês de cultivo, realizar biometrias a cada 7 dias durante todo ciclo de produção. 3.Realizar tarrafeamento em várias áreas do viveiro, em regiões rasas e profundas, amostrando de modo mais homogêneo possível à distribuição espacial dos camarões. Camarões grandes geralmente procuram regiões mais profundas, enquanto camarões menores agregam-se próximo aos taludes do viveiro. 4.Evitar realizar biometrias logo após a alimentação. Camarões maiores tendem a apresentar uma maior concentração próxima aos pontos de alimentação, resultando em um maior número de indivíduos maiores nas capturas. 5.Não coletar camarões de bandejas de alimentação para biometrias. 6.Após a biometria, não retornar os camarões capturados ao viveiro. Destiná-los ao consumo interno da fazenda, a comercialização ou descarta-los. 5.1 BIOMETRIA POPULACIONAL Freqüência de Biometrias na Fazenda 0% 100% Semanal Quinzenal Mensal n = 43 Estágio de Realização da Primeira Biometria 41,9% 58,1% Dentro do primeiro mês de engorda Após o primeiro mês de engorda Outro n = 43 Exames Realizados na Biometria 4,7% 100,0%100,0% 67,4% 55,8% 69,8% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Presença de necroses Presença de alimento no trato digestório Condição do hepatopâncreas Condição das brânquias Grau de infecção por doenças virais Outro n = 43 Gráfico 52 - Frequência de biometrias na fazenda Gráfico 53 - Estágio de realização da primeira biometria Gráfico 54 - Exames realizados na biometria ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 52 7.Durante a biometria examinar se está ocorrendo ganho de peso (se a cauda está magra ou gorda), e se os estômagos estão cheios com ração, após 30 min a 1 hora após a última alimentação. 8.Durante as capturas, averiguar as condições do viveiro e a presença de predadores, como siris ou caranguejos. 9.Para biometria, capturar um total de 250 a 300 animais em três a quatro tarrafadas, em viveiros de até 5 ha. Em viveiros maiores, aumentar em 20% por ha adicional, o número de camarões capturados. 10.Evitar a captura de animais para biometria nos períodos de lua cheia e nova, como também nas marés de sizígia. Estes períodos representam fatores de estímulo para o comportamento migratório dos camarões peneídeos e para uma redução no consumo de ração, representando uma fase de estresse para os animais. Devido ao comportamento bentônico dos camarões e as grandes extensões das áreas de engorda, durante praticamente todo ciclo de produção os animais estão inacessíveis e pouco visíveis até o momento da despesca, quando os viveiros são esvaziados. Portanto, o monitoramento contínuo do estoque torna-se crítico em todas as fases da engorda, mas particularmente com a proximidade da despesca, quando os camarões estão mais susceptíveis a captura e consequentemente a furtos e roubos. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Utilizar o consumo diário de ração como indicador de sobrevivência e da condição de saúde da população. Suspeitar caso o consumo de ração se mantiver reduzido por vários dias consecutivos. 2.Tabular e analisar todos os dados coletados na biometria. Comparar o desempenho com ciclos anteriores de engorda. 3.Em sinais de queda de desempenho zootécnico, averiguar as taxas de alimentação adotadas, a qualidade da ração empregada e os parâmetros de qualidade de água. 4.Seguir os padrões diários de qualidade de água. Quando forem detectadas quedas de oxigênio dissolvido, monitorar os camarões mortos e tomar as medidas cabíveis. 5.Observar a presença de pássaros nas bordas dos viveiros o que pode indicar a ocorrência de camarões mortos próximos aos taludes. 6.Contabilizar diariamente o número de camarões mortos encontrados em bandejas. Reportar os dados como número de camarões mortos por cada 100.000 PLs estocadas. 5.2 MONITORAMENTO DO ESTOQUE Monitora o Estoque em Outras Circunstânceas 55,8% 44,2% Sim Não n = 43 Outras Situações de Monitoramento do Estoque 10,0% 20,0% 25,0% 10,0% 30,0%5,0% Observações visuais do viveiro Análise saúde do camarão Cálculos no computador Estimativa do consumo de ração Muda Pesagem diária n = 19 Gráfico 55 - Monitoramento e estoque em outras circunstâncias Gráfico 56 - Outras situações de monitoramento do estoque ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 55 Enquanto o crescimento de camarões na engorda pode ser determinado por amostragens rotineiras da população, a sobrevivência é geralmente baseada em cálculos anteriores de estimativas do consumo de ração, pelo uso de tarrafa ou por informações padronizadas de sobrevivência. A sobrevivência é um parâmetro essencial para calcular com mais precisão as quantidades de ração a serem ofertadas, possibi l i tando também um planejamento mais acurado da despesca. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.No momento do povoamento de camarões no viveiro de engorda, estocar em uma pequena gaiola um número conhecido de animais. Recontar os animais após 48 horas para estimar o êxito do povoamento e a sobrevivência dos animais a este procedimento. 2.Não empregar tarrafas para determinar a sobrevivência da população. A precisão deste método é limitada devido à distribuição espacial dos camarões no viveiro, especialmente em condições de baixa densidade de estocagem. 3.Determinar a sobrevivência com base no consumo diário de ração, empregando como referência taxas de alimentação obtidas de ciclos anteriores. 5.4 ESTIMATIVA DE SOBREVIVÊNCIA Método Adotado para Estimar a Sobrevivência 44,2% 4,7% 39,5% 79,1% 0,0% 34,9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Tabelas padrões de sobrevivência Dados históricos de sobrevivência final Tarrafa Consumo de ração Gaiolas flutuantes Outro n = 43 Gráfico 59 - Método adotado pora estimar a sobrevivência Figura 7 - Gaiola telada para estimar a mortalidade de camarões em viveiros de engorda após o povoamento 6. Afluentes, Efluentes e Resíduos Sólidos 6.1 Tratamento de Efluentes e Afluentes 6.2 Riscos de Contaminação da Água de Captação 6.3 Manejo do Canal de Adução 6.4 Esgotos e Resíduos Sólidos ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 57 Os efluentes da carcinicultura podem ser ricos em nutrientes, material orgânico e sólido em suspensão, apresentados na forma particulada e (ou) dissolvida na água. Os materiais particulados são detr i tos orgânicos como fezes de camarão, além de restos de ração não consumida e fertilizantes. Os materiais solúveis são geralmente subprodutos inorgânicos da excreção dos animais. Os nutrientes são derivados principalmente de ração não consumida, de fertilizantes empregados para est imular o florescimento do fitoplâncton e dos produtos metabólicos gerados pelos camarões cultivados. A composição dos efluentes (água que sai) das operações de cult ivo é também afetada pela qualidade dos seus afluentes (água que entra). Algumas fazendas, podem apresentar melhor qualidade dos efluentes quando comparado aos afluentes. Os camarões marinhos são exigentes quanto à qualidade da água de cultivo, e sob condições inadequadas, não crescem ou sobrevivem. Em alguns 6.1 TRATAMENTO DE AFLUENTES E EFLUENTES Tratamento de Afluentes e Efluentes 32,6% 67,4% Sim Não n = 43 Gráfico 60 - Tratamento de afluentes e efluentes Tabela 01 - Medidas de tratamento adotadas nos afluentes e efluentes casos, os afluentes necessitam ser submetidos a um tratamento prévio e desinfecção para permitir sua utilização no cultivo. A água da despesca e de drenagem dos viveiros é a que representa a maior preocupação em relação a sua qualidade, pois pode ter uma alta carga de sólidos em suspensão. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Submeter os efluentes gerados pelas fazendas de camarão a um tratamento prévio, sob qualquer circunstância, precedendo seu lançamento no meio adjacente, utilizando o sistema de tratamento de efluentes aprovado pelo órgão ambiental (SEMACE). 2.Sempre tratar os afluentes previamente, quando a operação de cultivo for próxima a centros urbanos, fazendas ou plantas de processamento de camarão, em zonas onde se pratica a pecuária e (ou) a agricultura ou durante a estação chuvosa. 3.Implementar uma ou mais das seguintes medidas para o tratamento dos afluentes e efluentes: decantação, desinfecção, oxigenação, retenção de sólidos em suspensão e filtragem biológica. 4.Os efluentes das fazendas de camarão devem apresentar uma qualidade de água igual ou superior aos afluentes. ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 60 3.Drenar e despescar por completo o canal de adução uma vez ao ano, realizando em seguida sua secagem, calagem e desinfecção com uma solução clorada, esta última nos casos em que houver uma alta incidência de doenças na fazenda ou quando a concentração de matéria orgânica no solo exceder os 6%. Esgotos e resíduos sól idos são resultantes da atividade humana, constituídos de substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. Resíduos dispostos inadequadamente em fazendas de camarão podem poluir o solo, o ar, e as águas de cultivo, alterando suas características físicas, químicas e biológicas, constituindo-se em problema de ordem estét ica, sanitária e ambiental. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de despejos, esgoto e dejetos humanos com a população, águas de abastecimento e cultivo, vetores de doenças e alimentos. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Distribuir coletores de lixo de pequeno volume (< 50 L) em pontos estratégicos da fazenda, adjacente a viveiros de cultivo, área de berçários, armazéns de estocagem de insumos, refeitórios, acomodações, banheiros e escritório administrativo. 2.Adotar um sistema de coleta seletiva de todo material inorgânico ou reciclável (plástico, metal, vidro e papel) e orgânico gerado pela fazenda. 3.Verificar diariamente a presença de l ixo nos coletores de pequeno volume, para sua devida coleta e transferência para armazenamento temporário em containeres de maior volume, com fechamento hermético, a fim de evitar a proliferação de insetos e outros animais nocivos. 4.Armazenar temporariamente o lixo em um área externa, mas adjacente a fazenda, ampla e ventilada, evitando a ocorrência de odores desagradáveis e o aparecimento de insetos e animais nocivos, além do risco de combustão do material estocado. 5.Dispor de forma adequada todo resíduo sólido, orgânico ou inorgânico, proveniente das operaçõs de cultivo. 6.Construir um sistema de tratamento primário de esgotos na fazenda, na forma de uma fossa séptica, de acordo com normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e aprovado pelo órgão ambiental (SEMACE). 6.4 ESGOTOS E RESÍDUOS SÓLIDOS Tratamento de Esgotos e Resíduos Sólidos 2,4% 11,9% 85,7% Somente esgotos Somente resíduos sólidos Ambos n = 42 Destino de Esgotos e Resíduos Sólidos 25,6% 1,2% 6,1% 23,2% 43,9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fossa Sólidos Queima Enterra Aterro sanitário da fazenda Aterro sanitário da cidade n = 43 Gráfico 65 - Tratamento de esgotos e resíduos sólidos Gráfico 66 - Destino de esgotos e resíduos sólidos 7. Aeração Mecânica 7.1 Objetivos da Aeração Mecânica 7.2 Horário e Tempo de Aeração 7.3 Taxa de Aeração 7.4 Posicionamento e Alinhamento dos Aeradores ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 65 A potencia de aeração por área cult ivada ( taxa de aeração) deve obedecer proporcionalmente ao aumento da biomassa estocada de camarões ao longo do ciclo de engorda. Na medida em que o ganho de peso dos camarões proporciona um aumento de biomassa estocada, é necessária uma maior taxa de aeração. A aeração mecânica é necessária em qualquer fase de cultivo, sempre quando a biomassa de camarões for superior a 2.000 kg/ ha. Acima deste limite, para cada 350 kg de biomassa estocada é necessário adotar uma taxa de aeração de 1 cv/ ha a fim de garantir níveis equilibrados de oxigênio dissolvido. Outras condições como incidências de doenças seguido da mortalidade de camarões, alta acidez do solo, excesso de material orgânico acumulado e florescimento de microalgas, podem potencializar uma maior demanda de oxigênio dissolvido no ambiente de cultivo, independente da biomassa estocada de camarões. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Introduzir os aeradores no viveiro precedendo o povoamento dos camarões de modo a evitar o estresse durante o ciclo de engorda. 2.Adotar um aumento progressivo das taxas de aeração mecânica em resposta a um aumento da biomassa estocada de camarões. 7.3 TAXA DE AERAÇÃO Critério para Definir a Potência de Aeradores por Área Cultivada 20,5% 97,4% 5,1% 15,4% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Densidade ou biomassa estocada Níveis históricos de oxigênio dissolvido Enfermidades ou grau de estresse do ambiente Outro n = 39 Momento de Introdução de Aeradores nos Viveiros 20,5% 2,6% 41,0% 2,6%0,0% 33,3% 0% 20% 40% 60% 80% 100% No abastecimento No povoamento Após o 1º mês de cultivo No final do cultivo De acordo com os níveis de OD De acordo com a estação do ano n = 39 Gráfico 70 - Critérios para definir a potência de aeradores por área de cultivada Gráfico 71 - Momento de introdução de aeradores nos viveiros Tabela 03 - Taxa de aeração mecânica recomendada(cv/ha) em função da densidade de camarões estocados, peso médio populacional e sobrevivência estimada. ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 66 O posicionamento dos aeradores no viveiro é um aspecto importante, pois afeta a circulação da água, o transporte de sólidos em suspensão, definindo as áreas preferenciais para maior oxigenação no ambiente de cultivo. Os camarões tendem a evitar regiões mortas do viveiro com baixa oxigenação ou onde exista um excesso de compostos nitrogenados, como amônia, metano ou gás sulfídrico. As áreas de posicionamento dos aeradores devem ser definidas precedendo o povoamento dos camarões. O sistema de fiação elétrica, submerso ou aéreo, e o quadro de comando, também já devem estar prontos para acionamento. Os aeradores são ancorados na área de cultivo por meio de estacas de madeira introduzidas no piso do viveiro e amarradas ou inseridas nas argolas de fixação da base do aerador. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Em viveiros retangulares, instalar os aeradores paralelamente e eqüidistantes em até 10 m um do outro 2.Posicionar todos os aeradores no mesmo sentido conforme a direção predominante do vento. 3.Alojar os aeradores dentro de um raio de 45º a 90º em relação aos taludes, no lado de maior extensão do viveiro. 4.Em viveiros sem enroncamento, posicionar os aeradores distantes em pelo menos 10 m dos taludes para evitar a erosão. 5.Não relocar os aeradores uma vez instalados e fixados em uma determinada área do viveiro. A redistribuição durante o ciclo de produção pode levar a agitação de material repousado no piso do viveiro, podendo ocasionar a liberação de substâncias tóxicas na água. 6.Para promover uma melhor circulação da água e a centralização de dejetos, posicionar os aeradores nas laterais interna dos viveiros de engorda. 7.4 POSICIONAMENTO E ALINHAMENTO DOS AERADORES Forma de Posicionamento dos Aeradores 10,3% 5,1% 17,9% 59,0% 0,0% 15,4%17,9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 45º em relação aos taludes Um ao lado do outro Dispostos em fileiras Em torno de todos os taludes Nas áreas centrais do viveiro Na direção do vento Outro n = 39 Distância dos Aeradores em Relação aos Taludes 12,8% 82,1% 5,1% < 5 m 5 - 10 m > 10 m n = 39 Gráfico 72 - Forma de Posicionamento dos aeradores Gráfico 73 - Distância dos aeradores em relação ao taludes ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 70 O apetite dos camarões varia conforme mudanças nas condições ambientais dos viveiros, tais como temperatura, dias ensolarados ou nublados, fase da lua; fatores fisiológicos, como doenças, muda, atividade enzimática, e; fatores ambientais, como sazonalidade e hora do dia e da noite. Nos camarões peneídeos predomina o modo alimentar bentônico, no qual o animal permanece maior parte do ciclo de engorda pouco visível, a procura de alimento no fundo do viveiro. As bandejas funcionam como um indicador do consumo de ração. As refeições são ministradas com base no monitoramento das sobras de ração encontradas nos comedouros, inspecionados dentro de um intervalo de tempo predefinido, geralmente a cada 3 ou 4 horas. As bandejas de alimentação permitem que os ajustes das refeições sejam realizados individualmente para cada ponto de alimentação e a cada trato, considerando as sobras observadas. Este método permite aferir as refeições com base no apetite do animal e na capacidade máxima de ingestão de ração pela espécie, além dos padrões de zoneamento da população estocada. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Ajustar as refeições diariamente, para cada ponto de alimentação e trato, considerando as sobras observadas a cada oferta individual de ração. 2.Realizar amostragens semanais da população para determinar o peso médio dos camarões e possibilitar um ajuste mais efetivo das refeições semanais. 8.2 AJUSTE DAS REFEIÇÕES OFERTADAS Base para Ajuste das Refeições Ofertadas 65,1% 2,3% 0,0% 41,9% 16,3% 7,0% 44,2% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Tabela de alimentação ou bandas Consumo em bandejas Nas sobras de ração nas bandejas Saciedade Crescimento Conversão alimentar Outro n = 43 Freq?ência nos Ajustes de Refeição 37,2% 32,6% 2,3% 27,9% Diariamente com o consumo alimentar A cada biometria Ambos Outros n = 43 peri fer ia do viveiro, reduzindo a distribuição nas bandejas localizadas no platô. Nestes períodos lunares, os camarões tendem a alterar seus padrões de atividade locomotora, nadando agrupados próximos aos taludes no sentido anti- horário e reduzindo o consumo alimentar por 4 a 5 dias. Figura 9 - Esquema de distribuição de ração em viveiros de engorda, após o povoamento com PL20 ou superior Gráfico 76 - Base para ajuste das refeições ofertadas Gráfico 77 - Frequência nos ajustes de refeição ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 71 3.Gerar tabelas de alimentação em cada ciclo de engorda, com base nos consumos médios semanais de ração, contabilizados entre cada biometria. 4.Empregar as tabelas de alimentação para determinar projeções esperadas de consumo e sobrevivência da população. 5. Não utilizar tabelas restritivas de consumo alimentar, exceto em situações de manutenção do estoque cultivado. O consumo alimentar tende a elevar-se quando os camarões alcançam entre 6 g e 8 g, reduzindo a demanda alimentar a partir deste ponto, sem efeitos deletérios sobre as taxas de crescimento. 6.Não estipular limites máximos de consumo alimentar, pois pode favorecer a subalimentação. 7.Nunca padronizar as taxas de alimentação, pois podem variar conforme a estação do ano, a condição de saúde da população e o estágio de crescimento do camarão. Em viveiros de engorda, acredita-se que diversos arraçoamentos ao longo do dia promovem um ganho de peso mais rápido e mais eficiente em camarões, reduz a dissolução de nutrientes da ração e melhoram os índices de conversão alimentar. Da mesma forma, um maior número de pontos de alimentação por área cultivada pode favorecer um acesso mais elevado e mais homogêneo à ração por toda população de camarões. Tanto o número diário de arraçoamentos como a densidade de bandejas deve variar conforme as densidades de estocagem de camarão e sua fase de crescimento. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Adicionar mais pontos de alimentação na medida em que as densidades de estocagem aumentam. 2.Aumentar o número de tratos ao dia proporcionalmente as densidades de estocagem utilizadas. 3.Manter intervalos de alimentação constantes, com períodos não superiores a 4 horas ou inferiores a 2 horas. 8.3 NÚMERO DE REFEIÇÕES E DENSIDADE DE BANDEJAS Número Diário de Refeições Ministradas 48,8% 2,3% 7,0% 4,7% 41,9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 1-2 2-3 3-4 4-5 6 n = 43 Número de Bandejas por Área Cultivada 27,3% 2,3% 18,2% 43,2% 9,1% < 30 por ha 30 – 50 por ha 50 – 70 por ha > 70 por ha Outros n = 43 Fase - Dens. de Estocagem Número de Refeições Diárias Bandejas/ha PL11 - 3,5 g 4 15 – 30 > 3,5 g à despesca > 15 camarão/m2 2 20 – 30 16 - 40 camarão/m2 3 30 – 60 41 - 60 camarão/m2 4 60 – 80 61 - 80 camarão/m2 5 80 – 100 > 80 camarão/m2 6 > 120 Gráfico 78 - Número diário de refeições ministradas Gráfico 79 - Número de bandejas por área cultivada Tabela 04 - Número de refeições diárias e densidade de bandejas de alimentação em função da densidade de estocagem de camarões e fase de cultivo ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 72 As rações podem sofrer perdas de natureza física e nutricional durante seu armazenamento, afetando diretamente sua qualidade. As rações submetidas a um armazenamento impróprio podem apresentar perda de palatabilidade e atratividade, redução de sua integridade física, além da lixiviação de vitaminas, degradação de aminoácidos e oxidação de ácidos graxos, componentes importantes para o crescimento e a sobrevivência de camarões cultivados. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Armazenar rações em locais secos e venti lados, protegidos do sol e chuva, preferivelmente com temperaturas abaixo de 250C e umidade relativa do ar inferior a 75%. 2.O local de armazenamento do estoque de ração deve ser seguro contra roubos ou furtos, telado contra roedores, insetos e pássaros. 3.O armazém deve possuir tamanho suficiente para permitir que a ração seja armazenada em lotes identificados, de acordo com o tipo, marca e data de aquisição do produto. 4.O armazém deve ser convenientemente si tuado para entrega e distribuição da ração na fazenda, isolado das áreas de cultivo, com acesso individual, para reduzir o risco de transmissão de doenças pelo tráfico de veículos externos no interior da propriedade. 5.O posicionamento dos sacos de ração no estabelecimento de armazenagem deve ser de tal maneira que facilite a retirada das sacarias com mais tempo de estocagem. 6.Quando armazenada próximo a viveiros, abrigar a ração sob tendas, abrigos ou ainda em pequenos silos. Não exceder 4 dias de armazenamento. 7.Quando acondicionada em sacos, manter a ração empilhada em paletes (pranchas de madeira), longe do contato direto com o chão ou paredes. Evitar empilhamento excessivo de sacarias. 8.4 ARMAZENAMENTO DE RAÇÃO Forma de Armazenamento da Ração 95,3% 0,0% 0,0% 97,7% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Em galpão coberto protegido do sol e chuva Em paletes ou estrados Em contato com chão ou paredes Outro n = 43 Armazenamento Próximo ao Viveiro 15,9% 70,5% 4,5% 0,0% 9,1% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Não realiza Em silos Em pequenas casas Exposto ao sol e chuva Outro n = 43 4,0 dias ± 2,2 1,0 dias ± < 0,01 1,3 dias ± 0,5 Rotatividade de Cargas de Ração na Fazenda 25,6% 7,0% 32,6% 34,9% Semanal Quinzenal Mensal > hum mês n = 43 Gráfico 80 - Forma de armazenamento da ração Gráfico 81 - Armazenamento próximo ao viveiro Gráfico 82 - Rotatividade de cargas de ração na fazenda ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 75 4.Utilizar rações de alta qualidade. Rações com boa estabilidade na água mantêm sua integridade física por mais tempo, permitindo um maior consumo pelos camarões e uma menor lixiviação. Rações de melhor qualidade são também melhor digeridas pelos camarões, permitindo uma redução na quantidade de fezes e resíduos metabólicos excretados. Todas as cargas ou pequenos lotes de ração que chegam à fazenda devem ser submetidos a uma inspeção. Testes de qualidade física da ração podem servir de indicativo quanto à qualidade do produto. O aspecto físico da ração é fortemente influenciado pelo processo de manufatura ao qual o produto foi submetido. Fatores como o grau de moagem dos ingredientes, a mistura, a adição de óleos, o tempo e a temperatura de cozimento, entre outros, exercem um papel importante na aparência e na qualidade física dos peletes. A qualidade física de peletes pode também ser influenciada por fatores como o transporte por longas distâncias em estradas irregulares e o manuseio inadequado da ração durante a preparação da carga e a descarga. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Inspecionar a carga ou lote de ração antes do seu desembarque na fazenda, verificando indícios de umidade ou mofo, presença insetos ou de metais, pedras, sujeira ou outros contaminantes não biológicos. 2.As sacarias não devem apresentar-se molhadas, úmidas ou descolorando- se. 3.Verificar o odor da ração que não deve possuir cheiro de ranço (peróxidos), mas de peixe ou de lula. O ranço é produto da oxidação dos ácidos graxos. 4.Na sacaria, avaliar a composição básica do produto e dos seus eventuais substitutos. Preferivelmente não deve conter subprodutos de animais terrestres (ruminantes) devido a exigências do mercado internacional. 5.Verificar se os níveis de garantia do produto excedem ou estão aquém dos requerimentos nutricionais do animal. 8.7 INSPEÇÃO E TESTES DE QUALIDADE DA RAÇÃO Realiza Testes de Qualidade Física 25,6% 74,4% Sim Não n = 43 Freqüência de Testes Físicos 12,5% 6,3% 81,3% Por carga recebida Uma vez por mês Outro n = 32 Tabela 06 - Parâmetros aceitáveis e preferíveis nas rações Gráfico 86 - Realização de testes de qualidade física Gráfico 87 - Frequência de testes físicos ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 76 6.Observar a data de fabricação na sacaria. Não utilizar rações após 60 dias de sua data de fabricação. Rações que passam do seu prazo de validade perdem nutrientes essenciais, sua integridade física e tornam-se não palatáveis a camarões. Podem também apresentar fatores antinutricionais ou substâncias tóxicas e gerar comportamentos anormais, baixa resposta alimentar, crescimento reduzido e perda de saúde dos animais. 7.Avaliar a quantidade de finos da ração. Fazer peneiramento de três sacos de ração coletados em áreas distintas da carga em tela de 1.000 micras. Contabilizar os finos. Preferível: < 0,5% de finos. Tolerável: < 1% de finos. Legislação: até 2% de finos. 8.Não utilizar coloração de ração como indicativo de qualidade. Alguns ingredientes ou processos de manufatura têm a capacidade de escurecer a ração sem fornecer um aporte nutricional adequado. 9.Rações não devem apresentar-se excessivamente duras ou com uma hidroestabilidade superior a 95%. Preferivelmente devem manter no mínimo 80% de estabilidade em água dentro de um período de 4 horas. 10.Verificar o afundamento dos peletes em água salgada entre 30-35 ppt. Todos os peletes devem afundar de imediato logo após entrar em contato com a água. As rações balanceadas exercem um papel importante nos resultados de desempenho zootécnico dos camarões cultivados, que por sua vez influenciam diretamente na rentabil idade do empreendimento. O fator de conversão alimentar (FCA) e as taxas semanais de crescimento dos camarões são os principais parâmetros empregados para avaliar o desempenho de rações balanceadas. Contudo, deve-se ressaltar que estes parâmetros também sofrem a inf luência da qualidade genética e da sanidade dos camarões, do manejo adotado e das condições ambientais da água e do solo, que prevalecem nos viveiros de engorda, durante o ciclo de produção. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Não utilizar viveiros comerciais para avaliações prel iminares de desempenho de ração, uma vez que alterações de caráter ecológico entre viveiros não permitem um julgamento apurado dos dados. 2.Conduzir avaliações de desempenho de rações em uma área anexa aos viveiros comerciais, em viveiros de terra entre 0,1 ha e 1,0 ha de área, em cercados entre 10-50 m2 instalados em viveiros comerciais ou em tanques de fibra de vidro com volumes de água igual ou superior a 500 L. 8.8 PARÂMETROS PARA AVALIAR O DESEMPENHO DE RAÇÕES Parâmetros Utilizados para Avaliar o Desempenho da Ração 6 9 ,8 % 7 9 ,1 % 7 2 ,1 % 6 7 ,4 % 0 ,0 % 9 7 ,7 % 8 8 ,4 % 3 4 ,9 % 7 6 ,7 % 4 4 ,2 % 0% 20% 40% 60% 80% 100% n = 43 0 % 2 0 % 4 0 % 6 0 % 8 0 % 10 0 % Taxa semanal crescimento Fator de conversão alimentar (FCA) Qualidade da água Qualidade do solo Produtividade de camarão Sobrevivência final de camarão Tempo de engorda Sobras de ração em bandejas Receita gerada por kg de camarão produzido Outro Gráfico 88 - Parâmetros utilizados para avaliar o desempenho da ração ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 77 3.Utilizar os viveiros comerciais para validar resultados preliminares de desempenho. 4.Sempre adotar no mínimo três réplicas para cada tipo de ração testada e avaliar os parâmetros de desempenho do animal durante toda sua fase de engorda. Área de Bioensaios para Testes de Qualidade Nutricional 11,6% 88,4% Sim Não n = 43 Gráfico 89 - Utilização de área de bioensaios para testes de qualidade nutricional ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 80 O fundo dos viveiros de produção é o principal habitat dos camarões durante a engorda. Sua qualidade tem papel fundamental nas característ icas químicas e biológicas da água de cult ivo. Para que os camarões se mantenham saudáveis, com um crescimento adequado em um ambiente dentro de padrões considerados aceitáveis para o cultivo, a cada ciclo de engorda é necessário implementar tratamentos no sentido de recompor a qualidade do solo. Estes tratamentos se resumem ao esvaziamento completo da água dos viveiros após a despesca, secagem do solo ao sol, calagem, revolvimento, e em alguns casos, a remoção de sedimento acumulado (raspagem). O propósito da secagem do solo é reduzir o nível de umidade para possibilitar a penetração de ar entre os espaços porosos das partículas de solo do viveiro. A melhor aeração do solo favorece o suprimento de oxigênio e promove a decomposição aeróbica de matéria orgânica acumulada. Com isto, a demanda de oxigênio é reduzida ao máximo antes do enchimento do viveiro. O revolvimento permite a revirada das camadas mais profundas do solo, expondo-as ao contato com ar. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Após cada ciclo de engorda, esvaziar e repousar o viveiro por pelo menos 14 dias, ou até possibilitar a implementação de todos os procedimentos de tratamento do solo. 9.2 TRATAMENTOS DO SOLO Tratamento do Solo 100,0% 30,2% 86,0% 53,5% 100,0% 95,3% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Desinfecção Exposição ao sol Revirada Calagem Fertilização Raspagem n = 43 Gráfico 92 - Tratamento do solo Figura 11 - Funcionário preparado para distribuição de calcário em viveiro de engorda de camarão Tabela 7 - Corretivos comumente utilizados para o traatamento do solo de viveiros de camarão ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 81 2.Coletar manualmente siris, peixes e camarões remanescentes após a despesca e o esvaziamento do viveiro, descartando-os adequadamente. 3.Esteri l izar poças d'água remanescentes no viveiro usando cloro (hipoclorito de cálcio) diluído na proporção de 900 g para cada 10 L de água. 4.Realizar análises de pH e matéria orgânica do solo entre os ciclos de produção, como forma de obter um melhor direcionamento em relação aos tratamentos e corretivos a serem utilizados. Forma de Revirada do Solo 51,2% 4,7% 14,0% 30,2% Mecânica Manual Ambos Nenhum n = 43 Solos com alto teor de argila ou com profundas camadas de silte quando secam, racham formando blocos. Superficialmente, os blocos aparentam secos e oxidados, contudo dentro e nas camadas mais profundas ainda estão úmidos e escuros (não oxidados). Neste ponto, a secagem adicional não traz muito benefício pois a superfície serve como barreira para evaporação. Somente o revolvimento ou revirada é capaz de romper os blocos do solo e penetrar em camadas mais densas promovendo a secagem e a aeração. A revirada do solo também promove uma melhor incorporação dos corretivos. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Não efetuar o revolvimento mecânico quando o solo ainda apresentar-se úmido. Sulcos formados pelos pneus de tratores serão preenchidos com sedimento fino funcionando como provável zona para condições anaeróbicas. 2.Tratores utilizados no revolvimento devem possuir pneus duplos ou pneus com largura extra para prevenir formação de sulcos. Sulcos também interferem com a drenagem de água e aumentam a dificuldade de secagem do solo. 3.Sempre submeter o trator a limpeza e a desinfecção do arado e pneus antes de compartilhá-lo com outros viveiros. 4.Para uma melhor eficiência no revolvimento e em solos muito compactados, efetuar uma gradagem cruzada (norte-sul e leste-oeste). 9.3 REVIRADA DO SOLO Trator Submetido a Limpeza e Desinfecção 66,7% 33,3% Sim Não n = 36 5.Aplicar de 150-200 g/m2 de óxido de cálcio (cal virgem) para desinfetar comportas, regiões de drenagem de água, taludes e enroncamentos de pedras, canaletas internas ou valas e áreas de posicionamento de bandejas de alimentação. 6.Em áreas mais degradadas e com alta concentração de matéria orgânica, ou em solos extremamente orgânicos, aplicar de 20-40 g/m2 de nitrato de sódio ou de potássio sobre o solo ainda úmido. O suprimento adicional de nitrogênio irá acelerar a degradação de matéria orgânica acumulada por bactérias nitrificantes, oxidando substâncias tóxicas como ferro, manganês e sulfato de hidrogênio. Gráfico 93 - Forma de revirada do solo Gráfico 94 - Limpeza e desinfecção de trator ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 82 A calagem de viveiros de engorda tem como objetivo neutralizar a acidez do solo entre os ciclos de produção e aumentar as concentrações de alcalinidade e dureza total da água de cultivo. Estas condições favorecem a produção de fontes naturais de alimento no viveiro, propiciando um incremento dos resultados zootécnicos dos camarões. O solo de viveiros de engorda precisa ser submetido a calagem quando apresentam uma ou mais das seguintes condições: (a) pH abaixo de 5,0 unidades (b) alcalinidade inferior a 100 mg/L de CaCO3; (c) matéria orgânica superior a 6%; (d) recente ocorrência de doenças virais ou bacterianas; (e) viveiro não responde a fertilização da água; (f) floração de microalgas ou excesso de material inorgânico em suspensão. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Não aplicar corretivos sobre solo seco, pois o mesmo não reage sob tais condições. Na aplicação do corretivo, o solo deve apresentar-se visivelmente úmido, suficiente para permitir que se caminhe sobre ele sem aderir ao solado do sapato. 2.Determinar as dosagens com base no mapeamento do pH do solo do viveiro. O requerimento do corretivo depende do pH inicial do solo e de seu poder tampão. Poder tampão do solo refere-se à resistência do solo a mudanças no seu pH após a adição de bases alcalinas. 3.Adotar o seguinte procedimento quando da análise do pH do solo: (a) coletar 5-10 cm de solo de pontos distintos do viveiro distantes 50 m, um do outro; (b) secagem das amostras de solo a 600C em estufa ou ao sol distribuindo as amostras em uma lona plástica; (c) pulverizar o solo seco e peneirar com malha de 2 mm; (d) misturar solo seco (10- 9.4 CALAGEM Objetivos da Calagem 79% 81% 0% 21% 72% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Água Solo Animal cultivado Água e solo Outro n = 43 Freqüência de Calagem 0%2% 35% 84% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Semanal com o viveiro povoado Quinzenal com o viveiro povoado Esporadicamente com o viveiro povoado quando houver necessidade Durante a preparação do viveiro n = 43 No. e Pontos de Coleta de Solo no Viveiro 2,3% 83,7% 9,3%4,7% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fundo do viveiro Talude Outro Não realiza análise de solo n = 43 8,7 pontos/ha ± 6,0 1,0 pontos/ha ± < 0,01 60 pontos/ha (viveiro) 3 pontos/ha (plato e valas) Gráfico 95 - Objetivos da calagem Gráfico 96 - Frequência da calagem Gráfico 97 - Número e pontos de coleta de solo no viveiro 20 g por amostra) com água destilada numa proporção de 1:1 (em solo muito argilosos usar 1:1,5 ou 1:2 de solo:água); (e) misturar por 30 minutos sem parar; (d) inserir o eletrodo do pHmetro diretamente na mistura; (e) proceder à mistura da amostra durante a leitura do pH; (f) obter média aritmética do pH das amostras analisadas. ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 85 A qualidade da água é um dos fatores determinantes do sucesso de uma operação de engorda de camarões. Níveis inadequados de qualidade da água levam os camarões ao estresse, gerando problemas na produção como uma maior susceptibi l idade a enfermidades, menores taxas de crescimento e baixo consumo alimentar. Estes fatores afetam diretamente a produtividade do empreendimento, pois reduzem os níveis de sobrevivência e a conversão al imentar, incidindo diretamente sobre a rentabilidade da fazenda. Os parâmetros de qualidade de água são classificados em fatores químicos, físicos e biológicos, e incluem dentre outros, a temperatura, o pH, o oxigênio dissolvido, a salinidade e a transparência d'água. A análise destes parâmetros visa garantir uma boa condição ambiental durante o cultivo de camarões, evitando mudanças bruscas e níveis considerados estressantes para os animais. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Realizar um acompanhamento sistemático dos parâmetros físicos, químicos e biológicos das águas em uso, incluindo as de captação, as armazenadas nos canais de abastecimento, em uso nos berçários e viveiros e das águas de drenagem. 2.Empregar os dados de qualidade de água para a tomada de decisões relativas ao povoamento, a despesca ou ainda para aplicação de medidas corretivas ou emergenciais. 3.Respeitar os níveis de qualidade de água considerados ideais para a espécie cult ivada, evi tando ultrapassar os limites críticos. 4.Estabelecer ações de correção e controle para cada um dos parâmetros de qualidade de água quando forem detectadas alterações nos níveis considerados aceitáveis para o camarão. 5.Evitar mudanças bruscas em qualquer um dos parâmetros de qualidade de água, adotando imediatamente medidas corretivas a qualquer sinal de alteração. 10.1 PARÂMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUA Parâmetros Analisados de Qualidade de Água 95 % 12 % 21 % 12 % 1 9% 21 % 5% 14 % 7% 7% 7% 21 % 16 % 10 0% 98 % 23 % 93 % 95 % 0% 20% 40% 60% 80% 100% n = 43 0%20% 40%60% 80%100% Oxigênio Dissolvido Temperatura Salinidade pH Alcalinidade Dureza Fósforo total Nitrogênio total Nitrito Amônia Transparência d’água DBO Material em suspensão Contagem total de bact. Contagem total de vibrio Bentos Fitoplâncton Zooplâncton Finalidade das Análises de Qualidade de Água 9,3% 2,3% 93,0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Utilizados para tomada de decisões Analisados e armazenados Somente armazenados n = 43 Gráfico 98 - Parâmetros analisados de qualidade de água Gráfico 99 - Finalidade das análises de qualidade de água ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 86 6.Conhecer e interpretar as relações entre os parâmetros de qualidade de água para melhor diferenciar as mudanças de caráter natural e aquelas resultantes do manejo. 7.Aplicar com moderação fertilizantes à base de nitrogênio, evitando o uso de adubos orgânicos. Os parâmetros de qualidade de água nos viveiros de cultivo são dinâmicos, sofrendo mudanças temporais reguladas por fatores ambientais e operacionais. Estações do ano, horário do dia e da noite, velocidade e ação dos ventos, profundidade dos viveiros, taxas de alimentação e biomassa estocada, são alguns fatores que podem promover alterações significativas na qualidade da água. O monitoramento destes parâmetros nas fazendas de camarão é normalmente realizado através da leitura de instrumentos em campo. A água é analisada em pontos dist intos da fazenda, em horários preestabelecidos. O objetivo deste monitoramento é detectar se algum parâmetro encontra- se fora dos níveis considerados ideais para a espécie, permitindo adoção de medidas corret ivas, caso se faça necessário. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Estabelecer uma rotina de análise dos parâmetros de qualidade de água na fazenda, delegando um ou mais funcionários para esta função. 2.Padronizar os pontos e os horários de análise dos parâmetros de qualidade de água. 3.Plotar as alterações diárias nos parâmetros de qualidade de água, veri f icando diariamente suas tendências. 4.Dotar a fazenda com equipamentos para análise dos parâmetros de qualidade de água considerados essenciais, tais como oxímetro (oxigênio dissolvido e temperatura), refratômetro (salinidade) e pHmetro (pH). 5.Quando viável, equipar a fazenda com equipamentos de colorimetria ou espectrometria. 10.2 ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUA Método de Realização de Análises 23,8% 85,7% 9,5% 2,4% 4,8% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Por leitura de instrumento em campo Em laboratório especializado Por colorimetria Por espectrometria A olho nu n = 43 Limpeza e Calibração do Equipamentos de Qualidade de Água 87,8% 12,2% Sempre Raramente Nunca n = 43 Fazenda Dispõe de Laboratório de Qualidade de Água 11,6% 69,8% 18,6% Sim Não Em implementação n = 43 Gráfico 100 - Método de realização de análises Gráfico 101 - Limpeza e calibração do equipamento de qualidade de água Gráfico 102 - Disponibilidade de laboratório de qualidade de água na fazenda ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 87 6.Manter todos os equipamentos de qualidade de água em perfeito funcionamento, calibrando-os de forma rotineira. 7.Dispor de equipamentos de reserva, caso ocorra quebra ou mal funcionamento. Manter em estoque pilhas, baterias, soluções químicas, água destilada e membranas para um contínuo funcionamento dos equipamentos. 8.Monitorar no mínimo três vezes ao dia as concentrações de oxigênio dissolvido. Selecionar um equipamento de boa precisão e resistente as condições adversas de salinidade e temperatura. 9.Sempre analisar o oxigênio dissolvido (OD) mais próximo possível do fundo do viveiro, onde os camarões passam a maior parte do tempo. Adotar um monitoramento noturno como padrão para este parâmetro. 10.Manter níveis de OD sempre acima de 3 mg/L a qualquer hora do dia, preferivelmente com uma margem de segurança de +1 mg/L. 11.Não ligar os aeradores mecânicos quando a água de cultivo estiver supersaturada com OD, ou seja, quando as c o n c e n t r a ç õ e s ultrapassarem 100%. 12.Monitorar diariamente a salinidade da água, administrando os aumentos e as quedas de forma a reduzir ao máximo o gasto osmoregulatório do animal. 13.Em áreas susceptíveis a alta salinidade, utilizar poços de água doce para equilibrar a salinidade e monitorar a liberação de água mãe de sal inas (água de alta salinidade). 14.Realizar análises quantitativas e qualitativas de fitoplâncton no ponto de captação, canal de abastecimento e viveiros de cultivo. 15.Realizar análises que requerem um maior grau de precisão e tecnificação (compostos nitrogenados e avaliações bacteriológicas) em laboratórios especializados. 16.Registrar todos os valores de análise dos parâmetros de qualidade de água em um banco de dados a fim de antecipar tendências estacionais e correlações com resultados de desempenho zootécnico. 17.Estabelecer um plano de monitoramento ambiental dos efluentes da fazenda de acordo com a Resolução do CONAMA No. 312/02. Tabela 10 - Níveis ideais de qualidade de água de viveiros de camarão e frequência recomendada para monitoramento ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 90 4.Sempre manter uma proporcionalidade entre os volumes da água de abastecimento e drenagem, como forma de minimizar o estresse na biomassa de camarão existente. 5.Utilizar estacas fixas para visualizar a profundidade do viveiro. Sempre trabalhar com a máxima profundidade operacional permitida. 6.Manusear as táboas protetoras ou stop logs fixadas nas comportas de drenagem de água para permitir uma renovação da massa d'água de forma estratificada. Drenar a água do fundo do viveiro para aumentar os níveis de oxigênio dissolvido ou reduzir a estratificação térmica. A drenagem superficial deve ser conduzida para remover água doce da superfície após fortes chuvas ou para controlar a floração de dinoflagelados e cianofíceas, que geralmente se acumulam nos primeiros 15 cm superficiais da lâmina d'água. 7.Evitar a troca de água noturna dado as dificuldades visuais de observações dos procedimentos relativos à renovação. 8.Instalar em todos os pontos de descarga de água da fazenda ao ambiente, telas para prevenir o escape de camarões. ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 91 Duas são as área básicas onde a filtragem se torna indispensável, na área dos berçários e nos viveiros. Nos berçários o processo é mais rigoroso pois é necessário o uso de micro telas e fibras para melhor reter as partículas em suspensão. Já nos viveiros, a filtragem geralmente é feita por um conjunto de telas, dispostas em seqüência onde partículas, ovos e predadores são previamente retidos. Desta forma faz- se necessário uma constante manutenção (escovação) deste conjunto de telas disposto na comporta de abastecimento. O mesmo procedimento é realizado na comporta de drenagem, onde a escovação é realizada para prevenir que algas fi lamentosas e pequenos crustáceos reduzam o fluxo da água de descarga. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Instalar no cano de abastecimento de água dos berçários, uma manga de filtragem com malha de 300 micras. 2.No caso da presença de enfermidades de ordem viral, adotar uma filtragem mecânica com filtros de piscina em toda água de abastecimento do berçário. 3.Fixar sequencialmente, na comporta de abastecimento de água, dois jogos de telas com malhas de 1.000 e 500 micras, antes do enchimento do viveiro e durante os primeiros 30 dias de engorda. 4.Realizar a troca de abertura de malhas das telas fixadas na comporta de abastecimento de água de cada viveiro, na medida em que os camarões apresentam pesos mais elevados. Estágio de PL até camarões de 3 g, malhas de até 500 micras; camarões entre 4 g e 8 g, malhas de até 1.000 micras; camarões entre 9 g e 12 g, malhas de até 5.000 micras. 5.No caso da presença de enfermidades de ordem viral, instalar bolsões na forma de bag net nos tubos de saída de água das bombas de captação e nos túneis de entrada de água dos viveiros. Utilizar malhas de 1.000 micras e 300 micras, respectivamente. 6.Sempre destinar telas para um único módulo ou bateria de viveiros, de forma a minimizar a dispersão de algum problema infeccioso no resto da operação de cultivo. 7.Escovar as malhas a cada troca d'água para evitar seu entupimento e rompimento. Sempre incluir malhas de reposição no estoque, estabelecendo um sistema de rotatividade preventiva conforme o nível de entupimento observado. 10.5 FILTRAGEM DE ÁGUA Emprega Filtragem da Água por Telas na Comporta de Abastecimento 100% Logo após povoamento do viveiro A partir do enchimento do viveiro Sim, exceto nos horários de limpeza e manutenção das telas Somente em certas fases do cultivo n = 43 Objetivo da Filtragem da Água por Telas na Comporta de Abastecimento 30,2% 76,8% Evitar a entrada de competidores ou predadores no ambiente de cultivo Evitar a entrada de vetores de enfermidades Outro n = 43 Gráfico 108 - Emprego de filtragem da água por telas na comporta de abastecimento Gráfico 109 - Objetivo da filtragem da água por telas na comporta de abastecimento 11. Substâncias Químicas 11.1 Químicos e seus Objetivos 11.2 Dosagens e Formas de Aplicação ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 95 A qualidade do produto empregado (pureza), quantidade e forma de aplicação irão influenciar na eficiência dos resultados dos tratamentos químicos adotados durante os ciclos de cultivo. A quase total idade das empresas visitadas adota como critério básico para o cálculo da dosagem dos produtos empregados, o volume de água dos viveiros. Considerando o empirismo na escolha e na quantidade do produto empregado, a possibilidade da eficiência das respostas obtidas é bastante reduzida. O uso de qualquer produto deve ser baseado no conhecimento da real qualidade da água, que irá ditar a melhor prática. A dosagem de corretivo calcário irá variar de acordo com o pH do solo e o produto selecionado. O mesmo acontece com a ferti l ização dos viveiros que irá depender do sistema de água, que por sua vez irá ditar a quantidade e a freqüência de aplicação. Embora existam sugestões de como e quanto aplicar, o bom senso e o conhecimento devem prevalecer. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Realizar análises da água e do solo como base para decisão do produto a ser aplicado e a dosagem necessária. 2.A calagem em solos cuja alcalinidade total encontra-se abaixo de 50 mg/L deve ser de 500-1.000 kg de carbonato de cálcio/ha ou 100-200 kg de óxido de cálcio/ha/semana. 3.Realizar a calagem apenas em viveiros com solos ácidos ou com pH abaixo de 5,0 unidades. 4.Águas salgadas e salobras não necessitam de calagem, elas normalmente apresentam alcalinidade total igual ou superior a 50 mg /L. 5.Calcular a dosagem de fertilizantes com base no conhecimento dos níveis de nutrientes dos viveiros para evitar custos desnecessários e deterioração da qualidade da água do cultivo. 6.Dar preferência a fertilizantes líquidos, que dissolvem rapidamente na água, cujos nutrientes são melhor aproveitados pelo fitoplâncton. Estes fertilizantes são aplicados na superfície da água. 7.Quando usar fertilizante granulado deixar imerso em água por aproximadamente 12 horas e somente depois incorporar ao solo. 8.Sempre realizar a calagem antes da fertilização. 9.Realizar o monitoramento semanal dos nutrientes do viveiro para definir a necessidade de fertilizações de manutenção, em especial em fazendas que operam com água oceânica. 10.Somente use antibiótico em caso extremo e ao término de sua aplicação, averiguar os níveis residuais no músculo e hepatopâncreas do camarão. Nunca comercializar o camarão antes do período adequado de carência. 11.2 DOSAGENS E FORMAS DE APLICAÇÃO Base para Cálculo de Dosagens 86% 0% 2% 0% 2% 2% 0% 5% 2% 9% 7% 2% 5% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Biomassa estocada viva Volume de água estocado Análise da água Análise do solo Biomassa despescada Grau de infecção Disponibilidade de nutrientes na água Contagem total de bactérias Mortalidade de camarões Recomendação técnica Observação visual em outra fazenda Prática do dia-dia Outro n = 43 Forma de Aplicação de Químicos 100% 0% 16% 7%5% 98% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Diretamente na água Diretamente no solo Por imersão Por aspersão Sobre o alimento Outro n = 43 Gráfico 112 - Base para cálculo de dosagens de químicos Gráfico 113 - Forma de aplicação dos químicos 12. Despesca 12.1 Preparação para Despesca 12.2 Equipamentos e Insumos 12.3 Higienização de Veículos, Equipamentos e Pessoal 12.4 Manipulação do Metabisulfito ZEE - ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO 97 O momento da despesca deve ser avaliado considerando fatores econômicos, mercadológicos e tecnológicos. Aspectos como o percentual de camarões dentro de uma determinada classificação de peso (ex., 80/100) e os custos adicionais e tempo requerido para que o mesmo salte para uma classificação superior devem ser cri ter iosamente estudados. Classificações mais elevadas possuem preços mais atrativos, contudo as margens financeiras podem ser mais reduzidas devido aos custos extras com ração e com o tempo adicional de mobilização dos camarões no viveiro. PRÁTICAS RECOMENDADAS 1.Antes da despesca, real izar avaliações para determinar o peso médio populacional, a aparência física dos animais e o percentual de camarões moles e defeituosos. 2.Determinar o percentual de camarões grandes, médios e pequenos (ex., classificações 70/80, 80/100 e 100/ 120). 3.Postergar a despesca quando o percentual de camarões fora dos padrões de qualidade exceder os 10%. Os defeitos mais comuns são: camarões com casca mole (muda), necrose, camarão com areia no estômago, camarão com gosto de lama, milho ou peixe e camarão com brânquias sujas. 4.Reduzir, mas não suspender a alimentação dos camarões precedendo a despesca. Adotar o uso de uma ração com menos proteína e gordura na última semana de cultivo. 5.Providenciar todos os equipamentos, utensílios e insumos 24 horas antes da despesca, definindo a equipe de trabalho e o horário de início da despesca. 6.Iniciar a drenagem do viveiro 48 horas antes do início da despesca. Sempre efetuar uma drenagem lenta de forma a não suspender matéria orgânica e inorgânica repousada no fundo do viveiro e não desencadear uma muda (troca do exoesqueleto) generalizada na população. 12.1 PREPARAÇÃO PARA DESPESCA Critérios para Definir o Momento da Despesca 95,3% 67,4% 76,7% 95,3%90,7% 97,7% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Peso médio da população Muda Biomassa estocada Enfermidades Preço do camarão no mercado Liquidez n = 43 Horários Regularmente Empregados para Despesca 4,8% 35,7% 11,9% 50,0% 0% 20% 40% 60% 80% 100% A qualquer hora Somente durante o dia Somente durante a noite Outro n = 42 Preparativos Essenciais para Despesca 85,7% 95,2% 0,0%2,4% 92,9% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Isopor para acondicionamento de camarões Basqueta para acondicionamento de camarões Gelo clorado Despescador mecânico n = 42 Gráfico 114 - Critérios para definir o momento da despesca Gráfico 115 - Horários regularmente empregado para despesca Gráfico 116 - Preparativos essenciais para despesca
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