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Sistema de produção - Apostilas - Ambiente Parte1, Notas de estudo de Sociedade e Meio Ambiente

Apostilas de Gestão Ambiental sobre o estudo do sistema de produção para a criação de suínos em ciclo completo.

Tipologia: Notas de estudo

2013
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Baixe Sistema de produção - Apostilas - Ambiente Parte1 e outras Notas de estudo em PDF para Sociedade e Meio Ambiente, somente na Docsity! Emigpa SISTEMA DE PRODUÇÃO CRIAÇÃO DE SUÍNOS 1 Introdução O presente sistema de produção está direcionado para a criação de suínos em ciclo completo, confinado, desenvolvido em um único sítio e contemplando um plantel de 160 a 320 matrizes. Todas as etapas de produção a partir da maternidade estão previstas para serem desenvolvidas seguindo o princípio do sistema "todos dentro todos fora" (all-in all- out), onde os animais de cada lote ocupam, ou desocupam uma sala num mesmo momento. Esse manejo possibilita a limpeza e desinfecção completa das salas e a realização do vazio sanitário. Pelo fato de contemplar todas as etapas da produção, desde a aquisição do material genético até a entrega dos suínos de abate na plataforma do frigorífico, as orientações descritas neste documento aplicam-se também à sistemas de produção que executam apenas parte das etapas de produção de suínos, como a Unidade de Produção de Leitões (UPL) que produz leitões até a saída da creche e a Unidade de Terminação (UT) que recebe os leitões de uma UPL e executa as fases de crescimento e terminação. Outros sistemas de produção de suínos, como o Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL), o agroecológico, o orgânico e outros, precisam ser tratados separadamente em razão de suas particularidades. Mesmo assim, grande parte dos conceitos sobre a criação de suínos, caracterizados neste sistema, podem ser considerados com as devidas adaptações. A criação de suínos sobre cama, que está ganhando espaço considerável entre os suinocultores, principalmente por facilitar o manejo dos dejetos, também apresenta peculiaridades que merecem e precisam ser tratadas de forma específica. Informações referentes à produção de suínos sobre cama poderão ser obtidas em várias publicações da Embrapa Suínos e Aves. Importância Econômica A produção mundial de carne suína em 2001 foi de 83.608 mil toneladas e, segundo a FAO, o crescimento anual de consumo de carnes no mundo até o ano 2015 deve ficar em torno de 2%. Considerando ser a carne suína a mais produzida no mundo, uma parcela significativa deste percentual deverá ser atendida via expansão da produção de suínos. A posição dos principais países produtores de carne suína (China, União Européia e Estados Unidos) não deve ser alterada pelo menos no curto e médio prazos, uma vez que a diferença entre eles, no volume produzido em 2001, é significativa: 42.400, 17.419 e 8.545 mil toneladas respectivamente. O Brasil ocupa atualmente a 4ª posição com 2.240 mil t. e concorre diretamente com o Canadá para manter essa classificação. As previsões para 2002 indicam que o Brasil deverá crescer cerca de 5,81% com relação à 2001, enquanto a produção de carne suína no Canadá crescerá apenas 1,74% no mesmo período. Tais níveis de produção solidificam a posição brasileira no ranking mundial. Com relação ao abate brasileiro de suínos, no período entre 1990 e 2001, verificou- se um crescimento de cerca de 45%, passando de 19,7 para 28,5 milhões de cabeças/ano. A expansão da produção voltou-se para algumas áreas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, sem, no entanto, caracterizar migração ou mesmo redução da atividade na Região Sul. Os dados de desempenho da suinocultura nacional mostram que em 1990 a Região Sul participava com 45,07% do abate total de suínos no Brasil e, em 2001, sua participação cresceu para 53,74%. Com base na análise dos problemas e potencialidades dos grandes produtores mundiais, fica claro que o Brasil apresenta amplas possibilidades de se firmar como grande fornecedor de proteína animal. Estudos recentes mostram que o Brasil apresenta o menor custo de produção mundial, cerca de US$ 0,55/kg, e produz carcaças de qualidade comparada à dos grandes exportadores. Dessa forma, pode-se dizer que o mercado internacional sinaliza para o crescimento das exportações brasileiras, com possibilidades de abertura de novos mercados como o do NAFTA, China, África do Sul, Chile e Taiwan. A abertura do Mercado Europeu para a carne suína brasileira deverá merecer atenção especial, assim como também o ingresso no Japão que é o maior importador mundial. 4 Tabela 1. Estimativa de consumo de água (litros/dia), de acordo com o tipo de bebedouro para a produção de um suíno de 100 kg de peso vivo. Bebedouro Peso Corporal, kg Bom Ruim Desperdício Consumo diário de água (l) 5-10 0,91 1,59 0,68 11-100 4,98 8,32 3,34 Consumo total de água(l) 5-10 11,11 25,39 14,28 11-100 542,82 906,88 364,06 Economia - - 378,34 Fonte: (Referência n° 32) Penz et.al. (1995). • Avaliar as áreas de maior risco de poluição em caso de acidentes. • Atender às legislações estaduais e municipais que normalmente exigem: • a)- LP (Licença Prévia) que determina a possibilidade de instalação do empreendimento em determinado local; b)- LI (Licença de Instalação) que faz a análise do projeto quanto à conformidade com a legislação ambiental; c)- LO (Licença de Operação) que concede a licença de funcionamento após conferência do projeto executado com base na LI e prevê um plano de monitoramento; • Estabelecer um programa de nutrição e manejo das rações que minimize a excreção de nutrientes e de resíduos na propriedade, escolhendo o que for mais adequado a sua área (tratamento, reaproveitamento dos resíduos, exportação para vizinhos, etc); • Monitorar e avaliar a adequação do dimensionamento do projeto. • Considerar e avaliar as ampliações futuras em função da legislação, do licenciamento e de mudanças no plano de nutrição. Manejo voltado para a proteção ambiental Reduzir a geração de resíduos através do manejo nutricional eficiente e do manejo da água na propriedade, diminuindo o potencial poluente dos resíduos (Tabela 2). Tabela 2. Características químicas e físicas dos dejetos (mg/l) produzidos em uma unidade de crescimento e terminação manejada em fossa de retenção, obtidas no Sistema de Produção de Suínos da Embrapa Suínos e Aves. Parâmetro Mínimo Máximo Média Demanda Química de Oxigênio (DQO) 11530 38448 25543 Sólidos Totais 12697 49432 22399 Sólidos Voláteis 8429 39024 16389 Sólidos Fixos 4268 10408 6010 Sólidos Sedimentares 220 850 429 Nitrogênio Total 1660 3710 2374 Fósforo Total 320 1180 578 Potássio Total 260 1140 536 Fonte: (Referência n° 36) Silva F.C.M. (1996). 5 Manejo Nutricional Para promover a melhoria do desempenho e das carcaças, reduzindo o poder poluente dos dejetos e o custo de produção dos suínos, o produtor deve: • Buscar o aumento da eficiência alimentar e da produtividade por matriz; • Usar rações formuladas com base nos valores de disponibilidade de nutrientes dos alimentos, utilizando informações específicas dos suínos que estão sendo produzidos, especialmente quanto ao genótipo, sexo e consumo de ração; • Utilizar dietas formuladas com maior precisão, evitando o acréscimo de mais nutrientes ("margens de segurança") do que os animais necessitam; • Empregar o conceito de alimentação em múltiplas fases e sexos separados; • Evitar o uso de cobre como promotor de crescimento e reduzir ao máximo o uso de zinco no controle da diarréia; • Aumentar o uso de fontes de nutrientes com maior disponibilidade; • Utilizar enzimas nas dietas; • Utilizar a restrição alimentar em suínos na fase de terminação. Manejo de água na propriedade O manejo da água na propriedade deve contemplar: • Evitar a utilização de lâmina d'água; • Remoção do dejeto via raspagem; • Manutenção periódica do sistema hidráulico; • Reduzir a demanda de água no sistema através do reaproveitamento da água, servida aos suínos, para limpeza das instalações, evitando o contato com os animais. Tabela 3. Produção média diária de dejetos nas diferentes fases produtivas dos suínos. Categoria de Suínos Esterco* (kg/animal/dia) Esterco (+ urina kg/ animal/dia) Dejetos líquidos (l/ animal/dia) Suínos de 25-100 kg 2,30 4,90 7,00 Porcas em Gestação 3,60 11,00 16,00 Porcas em Lactação 6,40 18,00 27,00 Machos 3,00 6,00 9,00 Leitões desmamados 0,35 0,95 1,40 Média 2,35 5,80 8,60 *Considerando esterco com cerca de 40% de matéria seca. Fonte: (Referência n° 29) Oliveira et al. (1993). Planejamento da Produção Na suinocultura moderna e intensiva, um dos aspectos mais importantes na prevenção de doenças é o correto manejo das instalações, visando reduzir a pressão infectiva e a transmissão de agentes patogênicos entre animais de diferentes idades e racionalizar o uso da mão-de-obra nas atividades de manejo. Isto é possível através da utilização do sistema de produção "todos dentro todos fora" com vazio sanitário entre cada lote, pelo menos nas fases de maternidade, creche e crescimento/terminação. Para poder adotar esse sistema é necessário planejar as instalações, estabelecendo o número de salas que atendem um determinado fluxo de produção (intervalo entre lotes). Para calcular o número de salas necessárias em cada fase de produção, deve-se definir algumas variáveis conforme segue: 6 • Intervalo entre lotes: os intervalos entre lotes de 7 ou 21 dias são os mais utilizados para facilitar as atividades de manejo, mas, teoricamente, pode-se utilizar qualquer período com menos de 22 dias. A opção de 7 ou 21 dias de intervalo entre lotes depende de uma análise das vantagens e desvantagens de cada um (Quadro 2) e de algumas características do rebanho e instalações onde se pretende utilizá-lo; • Idade ao desmame: para fins de cálculo das instalações e para realizar o desmame sempre no mesmo dia da semana, usar 21 ou 28 dias; • Idade de saída dos leitões da creche: geralmente é de 63 a 70 dias; • Idade de venda dos suínos: deve ser definida em função das características do mercado que se pretende atender; • Intervalo desmama/cio: normalmente utiliza-se como média 7 dias; • Duração da gestação: essa variável é fixa de 114 dias; • Duração do vazio sanitário entre cada lote: para esse período, recomenda-se 7 dias (1 dia para lavagem + 1 dia para desinfecção + 5 dias de descanso). Definidas essas variáveis, é possível fazer os cálculos do número de salas necessárias em cada fase de produção e o número de lotes de matrizes necessários para atender ao fluxo de produção. A seguir, serão dados exemplos de cálculos para atender aos intervalos entre lotes de 7 e 21 dias. Cálculo do número de salas em cada fase de produção para um intervalo entre lotes de 7 dias e desmame com 21 dias Número de salas = Período de ocupação + vazio sanitário/Intervalo entre lotes Exemplo 1 - Cálculo do número de salas de maternidade Alojamento das fêmeas antes do parto = 7 dias Período de aleitamento = 21 dias Período de ocupação (7+21) = 28 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 7 dias N.º de salas de maternidade = 28 + 7 / 7 = 5 salas Exemplo 2 - Cálculo do número de salas de creche Idade de desmame = 21 dias Idade de saída de creche = 63 dias Período de ocupação = 63 dias (saída da creche) menos 21 dias (idade ao desmame) = 42 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 7 dias Número de salas de creche = 42 + 7 / 7 = 7 salas Exemplo 3 - Cálculo do número de salas de crescimento-terminação (C/T) Idade de saída da creche = 63 dias Idade de venda dos suínos = 168 dias Período de ocupação = 168 dias (idade de venda) menos 63 dias (idade saída de creche) = 105 dias Vazio sanitário = 7 dias Intervalo entre lotes = 7 dias Número de salas de C/T = 105 + 7 / 7 = 16 salas 9 um lote de 10 fêmeas. Como no caso anterior, deve-se prever 10% a mais de fêmeas para cada lote, o que implica em prever a cobertura de 11 porcas por lote a cada 21 dias. Na construção das edificações, as diferentes salas não poderão ter comunicação direta entre elas para maior eficiência do vazio sanitário. A construção de corredor central com portas de acesso às salas não é recomendado. As portas de entrada devem ser previstas pelas laterais da instalação, exceto nas instalações com apenas duas salas em que as portas de entrada podem ser pelas extremidades. Construções O tipo ideal de edificação deve ser definido, fazendo-se um estudo detalhado do clima da região e(ou) do local onde será implantada a exploração, determinando as mais altas e baixas temperaturas ocorridas, a umidade do ar, a direção e a intensidade do vento. Assim, é possível projetar instalações com características construtivas capazes de minimizar os efeitos adversos do clima sobre os suínos. Homeotermia Os suínos são animais homeotérmicos, capazes de regular a temperatura corporal. No entanto, o mecanismo de homeostase é eficiente somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos limites. Portanto, é importante que as instalações tenham temperaturas ambientais próximas às das condições de conforto dos suínos. Nesse sentido, o aperfeiçoamento das instalações com adoção de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando alcançar bom desempenho produtivo dos animais. Tabela 4. Temperatura de conforto para diferentes categorias de suínos. Categoria Temperatura de conforto (°C) Temperatura crítica inferior (°C) Temperatura crítica superior (°C) Recém-nascidos 32-34 - - Leitões até a desmama 29-31 21 36 Leitões desmamados 22-26 17 27 Leitões em crescimento 18-20 15 26 Suínos em terminação 12-21 12 26 Fêmeas gestantes 16-19 10 24 Fêmeas em lactação 12-16 7 23 Fêmeas vazias e machos 17-21 10 25 Fonte: (Referência n° 33) Perdomo et.al. (1985). Princípios básicos Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico dos animais, aproveitando as condições naturais do clima, alguns aspectos básicos devem ser observados, como: localização, orientação e dimensões das instalações, cobertura, área circundante e sombreamento. Localização A área selecionada deve permitir a locação da instalação e de sua possível expansão, de acordo com as exigências do projeto, de biossegurança e daquelas descritas na proteção ambiental. 10 O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras naturais ou artificiais. A instalação deve ser situada em relação à principal direção do vento. Caso isso não ocorra, a localização da instalação, para diminuir os efeitos da radiação solar em seu interior, prevalece sobre a direção do vento dominante. Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejável para boa ventilação. No entanto, os ventos dominantes locais devem ser levados em conta, principalmente no período de inverno, devendo-se prever barreiras naturais. É recomendável dentro do possível, que sejam situadas em locais de topografia plana ou levemente ondulada, contudo é interessante observar o comportamento da corrente de ar por entre vales e planícies, nesses locais é comum o vento ganhar grandes velocidades e causar danos nas construções. O afastamento entre instalações deve ser suficiente para que uma não atue como barreira à ventilação natural da outra. Assim, recomenda-se afastamento de 10 vezes a altura da instalação, entre as duas primeiras a barlavento, sendo que da segunda instalação em diante o afastamento deverá ser de 20 a 25 vezes esta altura, como representado na Figura 2. Figura 2. Esquema da distância mínima entre instalações. Orientação O sol não é imprescindível à suinocultura. Se possível, o melhor é evitá-lo dentro das instalações. Assim, devem ser construídas com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nessa posição, nas horas mais quentes do dia, a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga calorífica recebida pela instalação será a menor possível. A temperatura do topo da cobertura se eleva, por isso é de grande importância a escolha do material para evitar que essa se torne um coletor solar. Na época da construção da instalação deve ser levada em consideração a trajetória do sol, para que a orientação leste-oeste seja correta para as condições mais críticas de verão. Por mais que se oriente adequadamente a instalação em relação ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia na face norte, no período de inverno. Providenciar nessa face dispositivos para evitar essa radiação. 11 Figura 3. Orientação da instalação em relação à trajetória do sol. Largura A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento térmico interior, bem como em seu custo. A largura da instalação está relacionada com o clima da região onde a mesma será construída, com o número de animais alojados e com as dimensões e disposições das baias. Normalmente, recomenda-se largura de até 10m para clima quente e úmido e largura de 10m até 14m para clima quente e seco. Pé direito O pé direito da instalação é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura sobre os animais. Estando os suínos mais distantes da superfície inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Desta forma, quanto maior o pé direito da instalação, menor é a carga térmica recebida pelos animais. Recomenda-se como regra geral pé direito de 3m a 3,5m. Comprimento O comprimento da instalação deve ser estabelecido com base no Planejamento da Produção, assim como também para evitar problemas com terraplanagem e sistema de distribuição de água (Referência n° 01). Cobertura O telhado recebe a radiação do sol, emitindo-a tanto para cima, como para o interior da instalação. O mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência térmica, como a telha cerâmica. Pode-se utilizar estrutura de madeira, metálica ou pré-fabricada de concreto. Sugere-se a pintura da parte superior da cobertura na cor branca e na face inferior na cor preta. Antes da pintura deve ser feita lavagem do telhado para retirar o limo ou crostas que estiverem aderidos à telha e facilitar assim, a fixação da tinta. A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura para o interior da instalação, pode ser feita com uso de forro. Esse atua como segunda barreira física, permitindo a formação de camada de ar junto à cobertura e contribuindo na redução da transferência de calor para o interior da construção. Outras técnicas para melhorar o desempenho das coberturas, e condicionar ótima proteção contra a radiação solar, têm sido o uso de isolantes sobre as telhas (poliuretano), sob as telhas (poliuretano, poliestireno extrusado, lã de vidro ou similares) ou mesmo forro à altura do pé direito. 14 Tabela 6. Recomendações para orientação de projetos para as fases de gestação, pré- cobrição e de macho. Baias Área recomendada (m2/animal) Gestação individual (Box/gaiola) 1,32 Leitoas em baias coletivas 2 Leitoas em baias coletivas 3 Macho 6 Número de animais por baia Gestação coletiva/reposição/pré-cobrição 6 a 10 Área de piquete por fêmea 200 m2 Maternidade É a instalação utilizada para o parto e fase de lactação das porcas que, por ser a fase mais sensível da produção de suínos, deve ser construída, atentando com muito cuidado para os detalhes. Qualquer erro na construção poderá trazer graves problemas como de umidade (empoçamento de fezes e urina), esmagamento de leitões e calor ou frio em excesso que provocam, como conseqüência, alta mortalidade de leitões. Na maternidade deve-se prever dois ambientes distintos, um para as porcas e outro para os leitões. Como a faixa de temperatura de conforto das porcas é diferente daquela dos leitões, torna-se obrigatório o uso do escamoteador para os leitões. • Maternidade em salas de parto múltiplas com parições escalonadas Conforme já mencionado no Capítulo 3, as salas não podem ter comunicação direta entre si, recomendando-se o acesso a cada uma delas por meio de portas localizadas na lateral da instalação. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto. As celas parideiras devem ser instaladas ao nível do piso . O piso da gaiola de parição é dividido em 3 partes distintas, que são: 1)– local onde fica alojada a porca - parte dianteira com 1,30m em piso compacto de concreto no traço 1:3:5 ou 1:4:8 de cimento areia grossa e brita 1, com 6cm de espessura e, sobre esse, é feita uma cimentação no traço 1:3 de cimento e areia média na espessura de 1,5cm a 2,5cm, e parte de traseira com 90cm, em ripado de concreto ou metal. Altura de 1,10m e largura de 0,60m. 2)– local onde ficam alojados os leitões, denominado escamoteador - construído em concreto como o anterior, localizado entre duas baias na parte frontal, com largura de 0,60m e comprimento de 1,20m. 3)– Laterais da baia onde os leitões ficam para se amamentar - um lado construído em concreto e o outro em ripado de concreto ou metal com 0,60m de largura. • Área de parição A área de parição pode ser em baias convencionais ou em celas parideiras. Nas baias convencionais há necessidade de dispor de maior espaço que, por outro lado, contribui para um maior conforto (bem-estar animal) para as porcas. Essas baias devem ter, nas laterais, um protetor contra o esmagamento dos leitões e numa das laterais o escamoteador. Nas gaiolas metálicas, as divisórias podem ser de ferro redondo de construção de 6,3mm de diâmetro e chapas de 2,5mm x 6,3mm ou em uma estrutura de chapa de 2,5mm x 6,3mm e tela de 5cm de malha. O escamoteador deve, em ambos os casos, ser dotado de uma fonte de aquecimento baseada em energia elétrica, biogás ou lenha. As dimensões 15 recomendadas para a área de parição em baias convencionais e celas parideiras são apresentadas na Tabela 7. Tabela 7. Coeficientes técnicos indicados para as áreas de parição. Cela Parideira: Área da cela parideira Espaço para a porca Espaço para os leitões Altura da cela parideira Altura das divisórias Superior a 3,96 m2 0,60 m x 2,20 m 0,60 m de cada lado x 2,20 m de comprimento 1,10 m 0,40 m a 0,50 m Baia convencional Área mínima do piso Altura do protetor contra esmagamento Distância do protetor da parede 6 m2 (2,0 m x 3,0 m) 0,20 m 0,12 m Escamoteador Área mínima do piso 0,70 m2 Largura mínima do corredor de serviço 1,0 m Creche Creche é a edificação destinada aos leitões desmamados. Deve-se prever a instalação de cortinas nas laterais para permitir o manejo adequado da ventilação. As baias devem ser de piso ripado ou parcialmente ripado. Pisos parcialmente ripados devem ter aproximadamente 2/3 da baia com piso compacto e o restante (1/3) com piso ripado, onde os leitões irão defecar, urinar e beber água. É necessário dispor de um sistema de aquecimento, que pode ser elétrico, a gás ou a lenha, para manter a temperatura ambiente ideal para os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o desmame. Em regiões frias é recomendado o uso de abafadores sobre as baias, com o objetivo de criar um microclima confortável. Além do agrupamento correto dos leitões e da adequação de espaço para os animais, é importante que, nesta fase inicial de crescimento, o leitão tenha condições de temperatura e renovação de ar compatíveis com as suas exigências. Sabe-se que um leitão desmamado precocemente necessita de um ambiente protegido e que um número excessivo de animais em pequenas salas causam problemas de concentração de gases nocivos e odores desagradáveis. Recomenda-se a construção de baias para 4 a 5 leitegadas, respeitando-se a uniformidade dos leitões nas baias, em salas com um sistema de renovação de ar, preferentemente com ventilação natural. As instalações podem ser abertas, com cortinas para permitir uma boa ventilação, amenizando o estresse calórico. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto. Tabela 8. Coeficientes técnicos indicados para a creche. Área recomendada por leitão: - Piso totalmente ripado - Piso parcialmente ripado 0,30 m2 0,35 m2 Altura das paredes das baias 0,50 m a 0,70 m Declividade do piso 5% 16 Crescimento e Terminação Essa edificação destina-se ao crescimento e terminação dos animais desde a fase que vai da saída da creche até a comercialização. O piso das baias pode ser totalmente ripado ou 2/3 compacto e 1/3 ripado. O piso totalmente ripado é o mais indicado para regiões quentes, porém é o de custo mais elevado. O piso parcialmente ripado, isto é, constituído de 30% da área do piso da baia em ripado sobre fosso, é construído em vigotas de concreto e o restante da área do piso (70%) compacto em concreto. O manejo dos dejetos deve ser do lado de fora da edificação e por sala, para possibilitar maior higiene e limpeza. A declividade do piso da baia deve situar-se entre 3% e 5%. As paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou outro material, para facilitar a ventilação natural. As instalações, nessa fase, necessitam de pouca proteção contra o frio (exceto correntes prejudiciais que podem ser controladas por meio de cortinas) e de grande proteção contra o excessivo calor, razão pela qual devem ser bem ventiladas, levando em consideração a densidade e o tamanho dos animais. Nessa fase há uma formação de grande quantidade de calor, gases e dejeções que poderão prejudicar o ambiente. Para se ter uma ventilação natural apropriada, as instalações devem possuir área por animal de 0,70m, 0,80m e 1,00 m² para piso totalmente ripado, parcialmente ripado e compacto, respectivamente. Para o sistema de ventilação mecânica pode ser adotada a exaustão ou pressurização (ventilação negativa ou positiva). O correto dimensionamento do equipamento de ventilação deve atender à demanda máxima de renovação de ar nos períodos mais quentes. Pode-se também adotar o sistema de resfriamento evaporativo por nebulização em alta pressão (> 200 psi) para evitar estresse térmico em dias quentes. Características dos pisos ripados Para a construção de pisos ripados em concreto, são utilizadas vigas pré- moldadas cujas dimensões estão especificadas na Tabela 9. Essas vigas são apenas assentadas e encaixadas nas reentrâncias das paredes laterais do fosso, mantendo-se afastadas umas das outras com um chanfro de argamassa de cimento e areia que define a largura das frestas. Tabela 9. Dimensões das vigas de concreto em centímetros, construídas na forma de trapézio, projetadas para uma carga atuante de 150 kg/m. Comprimento da viga Base maior (parte superior) Altura Base menor (parte inferior) Barra de ferro de reforço 122,00 10,16 8,89 7,62 3/8" 183,00 10,16 12,70 7,62 3/8" 244,00 12,70 13,97 10,16 1/2" 305,00 12,70 12,70 10,16 5/8" 366,00 12,70 10,05 10,16 5/8" Material Genético A qualidade genética dos reprodutores de um sistema de produção é considerada a base tecnológica de sustentação da sua produção. O desempenho da uma raça ou linhagem é fruto da sua constituição genética somada ao meio ambiente em que é criada. Por meio ambiente entende-se não só o local onde o animal é criado, mas, também, a nutrição, a sanidade e o manejo geral que lhe é imposto. Portanto, de nada adiantaria fornecer o 19 adequado planejamento da alimentação dos animais. Isso envolve a disponibilidade de ingredientes em quantidade e qualidade adequada a preços que viabilizem a produção de suínos. A obtenção de lucros também exige a combinação adequada dos ingredientes para compor dietas balanceadas nutricionalmente, para cada fase de produção, visando atender às exigências nutricionais específicas. Em termos médios, em uma granja estabilizada de ciclo completo, para cada porca do plantel produzindo 20 leitões ao ano e terminados até os 105 kg de peso de abate, é necessário dispor de 7.000 kg de ração com um gasto médio de 240 kg de núcleo, 5.260 kg de milho e 1.500 kg de farelo de soja. Ainda, considerando uma relação média de 2,8 litros de água potável ingerida para cada kg de ração consumida, estima-se um gasto anual de 19,6 mil litros de água potável para cada porca e sua produção. A aplicação dos conhecimentos de nutrição deve contribuir para a preservação do ambiente e isto significa que o balanceamento das rações deve atender estritamente às exigências nutricionais nas diferentes fases de produção. O excesso de nutrientes na ração é um dos maiores causadores de poluição do ambiente, portanto, atenção especial deve ser dada aos ingredientes, buscando-se aqueles que apresentam alta digestibilidade e disponibilidade dos nutrientes e que sejam processados adequadamente, em especial quanto à granulometria (Referência n° 37). Em complementação, a mistura dos componentes da ração deve ser uniforme e o arraçoamento dos suínos deve seguir boas práticas que evitem ao máximo o desperdício. Através da nutrição e do manejo da alimentação e da água devem ser atendidas as necessidades básicas dos animais em termos de saciedade da fome e da sede, sem causar deficiências nutricionais clínicas ou subclínicas e sem provocar intoxicações crônicas ou agudas, aumentando a resistência às doenças. Os animais não devem ser expostos, via alimentação e água, à produtos químicos ou agentes biológicos que sejam prejudiciais para a produção e reprodução. No contexto do bem-estar animal, a nutrição deve assegurar o aporte adequado de nutrientes para a manutenção normal da gestação, para a ocorrência de partos normais e para uma produção adequada de leite que garanta o desenvolvimento normal dos leitões durante o período de lactação. Água O suíno deve receber água potável. Alguns parâmetros são importantes para assegurar a potabilidade e a palatabilidade da água: ausência de materiais flutuantes, óleos e graxas, gosto, odor, coliformes e metais pesados; pH entre 6,4 a 8,0; níveis máximos de 0,5 ppm de cloro livre, 110 ppm de dureza, 20 ppm de nitrato, 0,1 ppm de fósforo, 600 ppm de cálcio, 25 ppm de ferro, 0,05 ppm de alumínio e 50 ppm de sódio; temperatura inferior a 20° C. Ingredientes para rações Para compor uma ração balanceada é necessário a disponibilidade e combinação adequada de ingredientes, incluindo um núcleo ou premix mineral-vitamínico específico para a fase produtiva do suíno. Existem várias classes de alimentos quanto à concentração de nutrientes (Referência n° 17). De uma forma geral, é possível classificar os ingredientes pelo teor de energia, proteína, fibra ou minerais presentes. São esses os principais fatores nutricionais que determinam o seu uso para as várias fases de vida do suíno (Referência n° 39). Alimentos essencialmente energéticos São os que apresentam em sua composição, baseada na matéria seca, mais de 90% de elementos básicos fornecedores de energia. São utilizados em pequenas proporções como o açúcar, gordura de aves, gordura bovina, melaço em pó, óleo de soja degomado ou bruto ou, em proporções maiores, como no caso da raiz de mandioca integral seca. 20 Alimentos energéticos também fornecedores de proteína São aqueles que possuem, geralmente, valor de energia metabolizável acima de 3.000 kcal/kg do alimento e, pela quantidade com que podem ser incluídos nas dietas, são também importantes fornecedores de proteína. São exemplos: a quirera de arroz, a cevada em grão, o soro de leite seco, o grão de milho moído, o sorgo baixo tanino, o trigo integral, o trigo mourisco, o triguilho e o triticale, entre outros. Alimentos energéticos com médio a alto teor de fibra Esses alimentos têm energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg e teor de fibra bruta acima de 6%. São exemplos: o farelo de arroz integral, o farelo de amendoim, a aveia integral moída, o farelo de castanha de caju, a cevada em grão com casca, a polpa de citrus, o farelo de coco, a torta de dendê, o grão de guandu cozido, a raspa de mandioca (de onde foi extraído o amido) e o milho em espiga com palha. Alimentos fibrosos com baixa concentração de energia e médio teor de proteína Possuem teor de proteína bruta maior que 17%, de fibra acima de 10% e concentração de energia metabolizável menor que 2.400 kcal/kg. São exemplos: o feno moído de alfafa, o farelo de algodão, o farelo de babaçu, o farelo de canola e o farelo de girassol. Alimentos fibrosos com baixa concentração em proteína São os ingredientes que possuem teor de proteína abaixo de 17%, mais de 6% de fibra bruta e valor máximo de energia de 2400 kcal/kg de alimento. São exemplos: o farelo de algaroba, o farelo de arroz desengordurado, o farelo de polpa de caju, a casca de soja e o farelo de trigo. Alimentos protéicos com alto teor de energia Os representantes dessa classe possuem mais de 36% de proteína bruta e valor de energia metabolizável acima de 3.200 kcal por kg de alimento. São exemplos: o leite desnatado em pó, a levedura seca, o glúten de milho, a farinha de penas e vísceras, a farinha de sangue, a soja cozida seca, a soja extrusada, o farelo de soja 42% PB, o farelo de soja 45% PB, o farelo de soja 48% PB e a soja integral tostada. Alimentos protéicos com alto teor de minerais A inclusão desses ingredientes em rações para suínos é limitada pela alta concentração de minerais que apresentam. São exemplos: as farinhas de carne e ossos com diferentes níveis de PB e a farinha de peixe. Alimentos exclusivamente fornecedores de minerais São fontes de cálcio, de fósforo, de cálcio e fósforo ao mesmo tempo e de sódio. Como exemplos mais comuns temos o calcário calcítico, o fosfato bicálcico, o fosfato monoamônio, a farinha de ossos calcinada, a farinha de ostras e o sal comum. Avaliação dos alimentos Os grãos de cereais e outras sementes variam sua composição em nutrientes, principalmente em função da variedade, tipo de solo onde foram produzidos, adubação utilizada, clima, período e condições de armazenamento. As forrageiras apresentam variação principalmente com a variedade, a idade da planta, tipo de solo e adubação, clima, processamento (fenação, ensilagem), além de período e condições de armazenamento. A principal causa de variação na composição dos subprodutos de indústria é o tipo de processamento utilizado, além de variações diárias dentro do mesmo tipo de processamento, bem como a conservação do produto. 21 Desta forma, para viabilizar a formulação de rações com base em valores de nutrientes o mais próximo possível da realidade, deve-se lançar mão de análises de laboratório, que indicarão a real composição em nutrientes das matérias-primas disponíveis. Preparo das rações Para a maioria das fases, uma formulação adequada é obtida com a combinação dos alimentos energéticos também fornecedores de proteína com alimentos protéicos com alto teor de energia. A complementação dos demais nutrientes deve ser feita com os alimentos exclusivamente energéticos, alimentos protéicos com alto teor de minerais e alimentos exclusivamente fornecedores de minerais. O uso de aminoácidos sintéticos pode ser vantajoso na redução de custos da ração, necessitando, no entanto, orientação técnica específica. Sempre deverá ser feita a inclusão de premix vitamínico e de micro-minerais. O Núcleo é um tipo especial de premix que já contém o cálcio, o fósforo e o sódio, além das vitaminas e micro-minerais necessários, por isso, na maioria das vezes, dispensa o uso dos alimentos exclusivamente fornecedores de minerais. Esses produtos devem ser utilizados dentro de 30 dias após a data de sua fabricação e ser mantidos em lugares secos e frescos, de preferência em barricas que minimizem a ação da luz. O uso de promotores de crescimento nas rações deve atender à legislação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), bem como atender aos seguintes critérios, simultaneamente: eficiência do ponto-de-vista econômico; rastreabilidade na ração; segurança para a saúde humana e animal; ausência de efeitos negativos sobre a qualidade da carne e compatibilidade com a preservação ambiental. Os leitões novos não admitem ingredientes de baixa digestibilidade ou alimentos fibrosos na dieta, enquanto um alto teor de fibra na dieta é adequado para as matrizes até os 80 dias de gestação. Os cuidados com o preparo das rações somam-se aos esforços de formular uma dieta contendo ingredientes com composição e valor nutricional conhecidos e atendendo às exigências nutricionais dos suínos. Qualquer erro em uma ou mais etapas do processo de produção de rações pode acarretar em prejuízos econômicos expressivos, já que os gastos com a alimentação correspondem à maior parte do custo de produção dos suínos. Formulação das rações Usar fórmulas específicas para cada fase da criação (pré-inicial, inicial, crescimento, terminação, gestação e lactação) elaboradas por técnicos especializados, ou que sejam indicadas nos rótulos dos sacos de concentrados e núcleos. Ler com atenção as indicações dos produtos e seguir rigorosamente suas recomendações. Para atender às necessidades diárias de nutrientes de cachaços adultos, a dieta deve conter, no mínimo, os mesmos níveis nutricionais de uma dieta de gestação (Tabela 10). As matrizes em gestação recebem arraçoamento de forma controlada, razão pela qual é possível preparar uma ampla variedade de rações com níveis nutricionais diferenciados. Os níveis sugeridos na Tabela 10 representam um padrão compatível com a recomendação de fornecimento de ração referida no Capítulo 13. Também podem ser usados ingredientes fibrosos (alternativos) para alimentar as matrizes em gestação, devendo, nesse caso, ser revista a quantidade de ração diária a ser fornecida. A ração de lactação deve ter alta concentração em nutrientes porque a demanda em nutrientes para a produção de leite é muito alta. Os níveis apresentados na Tabela 10 referem-se a um consumo médio diário de 6 kg de ração por matriz. 24 Aconselha-se que a cada 3 minutos seja retirada e recolocada imediatamente no misturador uma quantidade de ração, de cerca de 30 kg. Isso fará com que o material que estava parado nas bocas de descarga seja também misturado. Forma física da ração As rações secas destinadas à alimentação de suínos podem ser apresentadas sob duas formas: farelada ou peletizada. A forma farelada é a mais usual e é usada nas granjas que misturam as rações na propriedade, enquanto que a forma peletizada deve ser a preferencial a ser adotada quando a ração é adquirida pronta. Com a peletização é observada uma melhoria média em 6,2% no ganho de peso, 1,2% no consumo de ração e 4,9% na conversão alimentar. O efeito da peletização sobre a melhoria na conversão alimentar ocorre sob 3 diferentes modos: redução das perdas; melhoria na digestibilidade dos nutrientes e menor gasto de energia para ingestão da ração. Arraçoamento Considerando uma matriz mantida em ciclo completo, o consumo total de rações por fase produtiva dos suínos durante um ano corresponde à 11% na gestação, 6% na lactação, 13% pelos leitões na creche, e 70% pelos suínos no crescimento e terminação. Desta forma, o manejo da alimentação na fase de crescimento e terminação assume importância fundamental para o máximo rendimento econômico na atividade. Quando avaliado sob o ponto de vista da quantidade de nutrientes fornecidos aos suínos, em um determinado intervalo de tempo, existem essencialmente três sistemas de alimentação: à vontade, controlada por tempo e com restrição. Alimentação à vontade No sistema de alimentação à vontade, os nutrientes necessários para expressar o máximo potencial de produção ou ganho de peso são fornecidos na proporção e quantidade suficiente. A ração está à disposição do animal para consumo o tempo todo e a quantidade total consumida depende do apetite do suíno. É o sistema adotado preferencialmente para leitões nas fases inicial e de crescimento, visando aproveitar o máximo potencial de deposição de tecido magro aliado ao máximo ganho de peso. O consumo médio à vontade na fase de crescimento é de aproximadamente 1,900 kg e na fase de terminação é de 2,900 a 3,100 kg por suíno por dia, dependendo da genética. Na Tabela 11 são apresentados, com base no peso vivo, os espaços mínimos de comedouro para cada suíno alimentado à vontade. Alimentação controlada No sistema de alimentação controlado por tempo, os suínos recebem várias refeições ao dia que são controladas por determinados períodos de tempo, nos quais o suíno consome a ração à vontade. Por exemplo, consumo à vontade por um período de 30 minutos, quando são realizadas duas refeições ao dia. Alimentação restrita No sistema de alimentação com restrição, um ou mais nutrientes são fornecidos na quantidade ou proporção não suficiente para permitir o máximo ganho de peso. As quantidades são restritas a níveis abaixo do máximo consumo voluntário e podem ser fornecidas em uma só vez, ou ser divididas em várias porções iguais durante o dia. O objetivo da restrição para suínos em terminação é a redução da quantidade de gordura e o aumento da proporção de tecido magro na carcaça (Referência n° 08). A restrição alimentar está baseada na proporção relativa que cada componente do ganho de peso assume em função da intensidade desse ganho nas diversas fases de vida do suíno. Durante a fase inicial (até 20kg de peso vivo) e no crescimento (até 55kg de peso vivo), a deposição de tecido muscular é alta enquanto a deposição de gordura é baixa. Com o avançar da idade, a taxa de ganho em tecido magro atinge um platô, isto é, um nível 25 máximo, enquanto a taxa de deposição de gordura aumenta, assumindo a maior proporção do ganho de peso. Assim, na fase de terminação, o objetivo é restringir o ganho de peso diário, reduzindo uma fração do ganho de gordura, de modo a não permitir uma deposição excessiva dessa gordura na carcaça. Sob condições nutricionais adequadas e para cada genótipo específico, a determinação do ganho de peso ideal (que maximiza a percentagem de carne na carcaça) é o ponto de partida que permite a recomendação ou não da restrição alimentar. Existe uma relação direta entre deposição de gordura na carcaça e conversão alimentar, porque o gasto energético para formar tecido adiposo é muito maior do que para a deposição de tecido magro. Isso implica em que quanto maior a deposição de gordura, pior é a conversão alimentar. As diferenças genéticas quanto ao potencial para deposição de carne ou gordura podem ser observadas quando são fornecidas quantidades crescentes de energia e nutrientes através da ração aos animais. Em determinado consumo de ração, linhagens menos selecionadas atingem seu máximo de deposição de carne, enquanto que linhagens altamente selecionadas atingem esse máximo com um maior consumo de ração, propiciando maior deposição diária de carne. Em sistemas de alimentação convencionais, que não consideram as diferenças entre os animais quanto ao aspecto genético, pode-se incorrer em duplo erro. Os animais com baixa taxa de ganho em carne consomem quantidade de proteínas superior a sua capacidade de uso, enquanto os suínos de crescimento superior à média podem não otimizar seu potencial de crescimento devido à limitação na ingestão de proteína, ou depositar maior quantidade de gordura como conseqüência de um aumento na ingestão, na tentativa de atender a sua exigência de proteína/aminoácidos. Está evidente que podem ser obtidos benefícios, se as características de crescimento próprias de cada linhagem forem consideradas quando da formulação das dietas. Na restrição alimentar é necessário que todos os animais alojados na baia tenham acesso simultâneo ao comedouro e, dessa forma, o espaço ao comedouro é uma função do peso do animal. A área a mais que o comedouro ocupa, no caso da restrição, reduz a capacidade da instalação, podendo alcançar valores de 12% a 17% por baia. Na Tabela 11 são apresentados, com base no peso vivo, os espaços mínimos de comedouro para cada suíno criado com alimentação restrita. Tabela 11. Espaço linear (cm) mínimo de comedouro por suíno sob alimentação restrita e à vontade em função do peso vivo. Peso vivo (kg) Alimentação restrita Alimentação à vontade 10 14.0 3.5 40 22.0 5.5 50 23.5 5.9 60 25.0 6.3 70 26.5 6.6 80 27.5 6.9 90 28.5 7.1 100 29.5 7.4 Manejo da alimentação por sexo separado O fator sexo, pela ação dos hormônios sexuais, tem efeito sobre o potencial de crescimento, o consumo voluntário de alimento, a eficiência alimentar e a qualidade de carcaça em suínos na fase de crescimento-terminação. A capacidade de deposição de tecido muscular pelos suínos, quando sob a influência diferenciadora da atividade hormonal, obedece à seguinte ordem decrescente: machos inteiros, leitoas e machos castrados. A um 26 mesmo peso de abate e sob a mesma nutrição, as fêmeas apresentam mais proteína, menos gordura e menos matéria seca na carcaça quando comparadas aos machos castrados. Machos inteiros e leitoas depositam menos gordura no regime alimentar à vontade porque têm maior potencial de crescimento muscular e maior gasto energético para mantença quando comparados aos castrados. Sob o ponto de vista da alimentação, a instalação separada de machos castrados e fêmeas tem vantagens porque os machos castrados ingerem mais alimentos e mais rapidamente do que as leitoas e depositam mais gordura com menor idade, resultando em carcaças com menor porcentagem de carne. Quando os animais são alimentados com rações, contendo o mesmo nível nutricional e abatidos na mesma época, sem estratégia de peso de abate diferenciado, a instalação dos suínos por diferença de sexo proporciona carcaças mais magras porque as fêmeas não sofrerão a competição dos castrados pela ração, atingindo peso de abate mais cedo. Desta forma, todo lote pode ser abatido com até uma semana de antecipação o que pode representar, principalmente para os castrados, um aumento de até 1% na porcentagem de carne na carcaça. Se adicionalmente for adotado o arraçoamento diferenciado, aliado ao peso menor de abate para castrados, o produtor pode garantir um aumento de 1% a 2% na proporção de carne magra na carcaça, na média dos animais terminados. Nesta sistemática, as leitoas são alimentadas à vontade e os castrados com restrição de 5% aos 65kg de peso vivo, aumentando a restrição em 1% para cada 10kg de peso vivo até chegar à 10% na fase final da terminação. Finalmente, ainda existe a opção de fornecer dietas diferenciadas por sexo, aumentando a concentração nutricional na ração das fêmeas. Biossegurança Refere-se ao conjunto de normas e procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos e parasitas) no rebanho, bem como controlar sua disseminação entre os diferentes setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção. Nesse capítulo serão abordados apenas os procedimentos para evitar a entrada dos agentes no rebanho. Isolamento Do ponto de vista sanitário é indispensável que o sistema de produção esteja o mais isolado possível, principalmente de outros criatórios ou aglomerados de suínos, de maneira a evitar ao máximo a propagação de doenças. Localização da granja Escolher um local que esteja distante em, pelo menos, 500m de qualquer outra criação ou abatedouro de suínos e pelo menos 100m de estradas por onde transitam caminhões com suínos. Isto é importante, principalmente, para prevenir a transmissão de agentes infecciosos por via aérea e através de vetores como: roedores, moscas, cães, gatos, aves e animais selvagens. Acesso Não permitir o trânsito de pessoas e/ou veículos no local sem prévia autorização. Colocar placa indicativa da existência da granja no caminho de acesso e no portão a indicação "Entrada Proibida". A granja deve ser cercada e a entrada de veículos deve ser proibida, exceto para reformas da granja e, nesses casos, os veículos devem ser desinfetados com produto não corrosivo. Portaria Utilizar a portaria como único local de acesso de pessoas à granja. Construir a portaria, com escritório e banheiro junto à cerca que contorna a granja, numa posição que permita controlar a circulação de pessoas e veículos. O banheiro deve possuir uma área suja, chuveiro e uma área limpa, onde devem ficar as roupas e botas da granja para que o
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