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Guias e Dicas
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Gramática completa lingua portuguesa, Notas de estudo de Direito

GRAMATICA COMPLETA DA LINGUA PORTUGUESA. AUTOR CARLO ALBERTO SUZAM BAPTISTA

Tipologia: Notas de estudo

2010
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Compartilhado em 14/06/2010

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Baixe Gramática completa lingua portuguesa e outras Notas de estudo em PDF para Direito, somente na Docsity! GRAMÁTICA COMPLETA DA LÍNGUA PORTUGUESA Resumo de Português Assunto: GRAMÁTICA COMPLETA DA LÍNGUA PORTUGUESA Autor: CARLOS ALBERTO SUZAM BAPTISTA “À/is Exemplos: júri, cáqui (cor), lápis, miosótis, íris, tênis, cútis, etc. Observação: Os prefixos paroxítonos, mesmo terminados em Exemplos: semi, anti, hiper, super, etc. mn i" ou "r", não são acentuados. - à/ ão (seguidas ou não de S) Observação: O til não é considerado acento gráfico, e sim uma marca de nasalidade. Exemplos: ímã (ímãs), órfã (órfãs), órfão (órfãos), bênção (bênçãos) etc. - 60/Ô00s5 Exemplos: vôo, enjôo, abençõo, perdôo, etc. -Ps Exemplos: bíceps, fórceps, etc. — us /um / uns Exemplos: vírus, bônus, álbum, álbuns, etc. - ditongos orais, crescentes ou decrescentes, seguidos ou não de s. Exemplos: água, mágoa, ódio, jóquei, férteis, fósseis, fôsseis, túneis, úteis, variáveis, área, série, sábio, etc. PROPAROXÍTONAS Todas as palavras proparoxítonas são acentuadas. Exemplos: lâmpada, côncavo, lêvedo, pássaro, relâmpago, máscara, árabe, gótico, límpido, louvaríamos, devêssemos, pêndulo, fôlego, recôndito, cândido, etc. Além dessas regras vistas acima, que se baseiam na posição da sílaba tônica e na terminação, existem outras que levam em conta aspectos específicos da sonoridade das palavras. Assim, são acentuadas as palavras com as seguintes características: A) Quando possuírem ditongos abertos em sílaba tônica como "ei", "eu", "oi", seguidos ou não de S. Exemplos: anéis, geléia, céu, chapéu, herói, heróico, anzóis, etc. Observações: 1. Atente-se que se esses ditongos abertos não estiverem na sílaba tônica da palavra, eles não serão acentuados. Exemplos: pasteiZinhos, chapeuZInho, anzoiZInhos, etc. 2. Se o ditongo apresentar timbre fechado, não haverá acento como em azeite, manteiga, judeu, hebreu, apoio, arroio, comboio, etc. Isso só vale para os ditongos "ei", "eu" e "oi", porque só com esses três ditongos pode haver a variação aberto/fechado. O ditongo "au", por exemplo, é sempre aberto (grau, nau, degrau, pau); por isso nunca será necessário diferenciá-lo de nada, ou seja, não será necessário acentuá-lo. B) Quando a segunda vogal do hiato for u “u" tônicos, acompanhados ou não de S, haverá acento: saída, proíbo, faísca, caíste, saúva, viúva, balaústre, país, baú, Gravataí, Grajaú, juízes, raízes, etc. Esta regra aplica-se também às formas verbais seguidas de lo(s) ou la(s): possuí-lo, distribuí-lo, substituí-lo, atraí-la, construí-los... Observações: 1. Quando a vogal ou a vogal “"u" forem acompanhadas de outra letra que não seja S, não haverá acento: paul, Raul, cairmos, contribuinte...; 2. Se o for seguido de "nh”, não haverá acento como em: rainha, moinho, tainha, campainha, etc; near 3. As formas verbais "possui", "sai", "cai", por exemplo, podem ou não aparecer acentuadas. Se forem a terceira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos possuir, sair, cair, elas não levarão acento: Ele/Ela possui, sai, cai. Se, no entanto, forem a primeira pessoa do singular do pretérito perfeito, as formas serão acentuadas: Eu possuí, saí, caí. C) Quando certas palavras possuírem as formas "gue", "gui", "que", "qui", onde o é pronunciado (sem constituir, porém, um hiato) como no caso de "averigúemos, aguentar, lingúiça, sequestro, equino, equilátero, fequente, consequentemente, delinquente, tranquilo, tranquilidade, quinquagésimo, quinquenal, enxágúem, pingúim, argúição, ambiguidade", esse U, que é átono, receberá o trema. No entanto, quando o U for tônico, ele levará um acento agudo como em "averigúe, argúe, oblique", etc. D) Existem ainda palavras com a possibilidade de dupla pronúncia, possuindo assim dupla possibilidade de acentuação, são elas: liquidificador/liquidificador, líquido/líquido, liquidação liquidação, -'sanguíneo/sangúíneo, -sanguinário/sangúinário, equidistante/equidistante, antiguidade/antigúidade, antiquíssimo/antiquíssimo, equidade/equidade, equivalente/equivalente. ACENTO DIFERENCIAL Apesar deste tipo de acento ter sido abolido pela lei 5.765, de 1971, existe ainda um único caso remanescente desse tipo de acento. Trata-se das formas do verbo PODER, onde no presente do indicativo não recebe acento gráfico: "Ele pode estudar sozinho"; mas no pretérito perfeito é acentuada: "Ela não pôde sair ontem à noite". Há ainda algumas palavras que recebem acento diferencial de tonicidade, ou seja, são palavras que se escrevem com as mesmas letras (homografia), mas têm oposição tônica (tônica/átona). Exemplos: pôr (verbo) por (preposição) pára (forma do verbo parar, também presente em algumas palavras compostas: pára-brisa, pára-quedas, pára-raios, pára-lama) para (preposição) côas, càda (formas do presente do indicativo do verbo coar) coas, cda (preposição com + artigo a e as, respectivamente; essas formas são comuns em poesia) péla, pélas (formas do verbo pelar, ou substantivo=bola de brinquedo) pela, pelas (contrações de preposição e artigo) pêlo, pêlos (substantivo) pélo (forma do verbo pelar) pelo, pelos (contrações de preposição e artigo) pêra, peras (substantivo=fruta) péra, péras (substantivo, ant.=pedra) pera, peras (preposição arcaica) pêro, Pêro (substantivos=maçã doce e oblonga, e denominação dada pelos índios aos portugueses nos primeiros anos da colonização) pero (conjunção arcaica=porém, mas, ainda que) pôla (substantivo=ramo novo de árvore) póla (substantivo=surra) pola (contração arcaica de preposição e artigo) pôlo (substantivo=falcão ou gavião) pólo substantivo=extremidade do eixo da Terra) polo (contração arcaica de preposição e artigo) Il. PRINCIPAIS SUBSTANTIVOS E SUAS FORMAS COLETIVAS abelha abutre acompanhante alho aluno amigo animal anjo apetrecho aplaudidor arcabuzeiro argumento arma arroz artista árvore asneira asno assassino assistente astro ator autógrafo ave avião bala bandoleiro bêbado boi bomba borboleta botão brinquedo burro busto - enxame, cortiço, colméia; - bando; - comitiva, cortejo, séquito (ou séquito); - (quando entrelaçados) réstia, enfiada, cambada; - classe; - (quando em assembléia) tertúlia; - (em geral) piara, pandilha, (todos de uma região) fauna, (manada de cavalgaduras) récua, récova, (de carga) tropa, (de carga, menos de 10) lote, (de raça, para reprodução) plantel, (ferozes ou selvagens) alcatéia; - chusma, coro, falange, legião, teoria; - (quando de profissionais) ferramenta, instrumental; - (quando pagos) claque; - batalhão, manga, regimento; - carrada, monte, montão, multidão; - (quando tomadas dos inimigos) troféu; - batelada; - (quando trabalham juntos) companhia, elenco; - (quando em linha) alameda, carreira, rua, souto, (quando constituem maciço) arvoredo, bosque, (quando altas, de troncos retos a aparentar parque artificial) malhada; - acervo, chorrilho, enfiada, monte; - manada, récova, récua; - choldra, choldraboldra; - assistência; - (quando reunidos a outros do mesmo grupo) constelação; - elenco; - (quando em lista especial de coleção) álbum; - (quando em grande quantidade) bando, nuvem; - esquadrão, esquadra, esquadrilha; - saraiva, saraivada; - caterva, corja, horda, malta, súcia, turba; - corja, súcia, farândola; - boiada, abesana, armento, cingel, jugada, jugo, junta, manada, rebanho, tropa; - bateria; - boana, panapaná; - (de qualquer peça de vestuário) abotoadura, (quando em fileira) carreira; - choldra; - (em geral) lote, manada, récua, tropa, (quando carregado) comboio; - (quando em coleção) galeria; 10 cabelo cabo cabra cadeira cálice cameleiro camelo caminhão canção canhão cantilena cão capim cardeal carneiro carro carta casa castanha cavalariano cavaleiro cavalgadura cavalo cebola cédula chave célula cereal cigano cliente coisa coluna cônego copo corda correia - (em geral) chumaço, guedelha, madeixa, (conforme a separação) marrafa, trança; - cordame, cordoalha, enxárcia; - fato, malhada, rebanho; - (quando dispostas em linha) carreira, fileira, linha, renque; - baixela; - caravana; - (quando em comboio) cáfila; - frota; - (quando reunidas em livro) cancioneiro, (quando populares de uma região) folclore; - bateria; - salsada; - adua, cainçalha, canzoada, chusma, matilha; - feixe, braçada, paveia; - (em geral) sacro colégio, (quando reunidos para a eleição do papa) conclave, (quando reunidos sob a direção do papa) consistório; - chafardel, grei, malhada, oviário, rebanho; - (quando unidos para o mesmo destino) comboio, composição, (quando em desfile) corso; - (em geral) correspondência; - (quando unidas em forma de quadrados) quarteirão, quadra; - (quando assadas em fogueira) magusto; - (de cavalaria militar) piquete; - cavalgada, cavalhada, tropel; - cáfila, manada, piara, récova, récua, tropa, tropilha; - manada, tropa; - (quando entrelaçadas pelas hastes) cambada, enfiada, réstia; - bolada, bolaço; - (quando num cordel ou argola) molho, penca; - (quando diferenciadas igualmente) tecido; - (em geral) fartadela, fartão, fartura, (quando em feixes) meda, moréia; - bando, cabilda, pandilha; - clientela, freguesia; - (em geral) coisada, coisarada, ajuntamento, chusma, coleção, cópia, enfiada, (quando antigas e em coleção ordenada) museu, (quando em lista de anotação) rol, relação, (em quantidade que se pode abranger com os braços) braçada, (quando em série) sequência, série, sequela, coleção, (quando reunidas e sobrepostas) monte, montão, cúmulo; - colunata, renque; - cabido; - baixela; - (em geral) cordoalha, (quando no mesmo liame) maço, (de navio) enxárcia, cordame, massame, cordagem; - (em geral) correame, (de montaria) apeiragem; q credor crença crente depredador deputado desordeiro diabo dinheiro disco doze ébrio égua elefante erro escravo escrito espectador espiga estaca estado estampa estátua estrela estudante fazenda feiticeiro feno filme fio flecha flor foguete força naval força terrestre formiga - junta, assembléia; - (quando populares) folclore; - grei, rebanho; - horda; - (quando oficialmente reunidos) câmara, assembléia; - caterva, corja, malta, pandilha, súcia, troça, turba; - legião; - bolada, bolaço, disparate; - discoteca; - (coisas ou animais) dúzia; - Ver bêbado; - Ver cavalo; - manada; - barda; - (quando da mesma morada) senzala, (quando para o mesmo destino) comboio, (quando aglomerados) bando; - (quando em homenagem a homem ilustre) poliantéia, (quando literários) analectos, antologia, coletânea, crestomatia, espicilégio, florilégio, seleta; - (em geral) assistência, auditório, platéia, (quando contratados para aplaudir) claque; - (quando atadas) amarrilho, arregaçada, atado, atilho, braçada, fascal, feixe, gavela, lio, molho, paveia; - (quando fincadas em forma de cerca) paliçada; - (quando unidos em nação) federação, confederação, república; - (quando selecionadas) iconoteca, (quando explicativas) atlas; - (quando selecionadas) galeria; - (quando cientificamente agrupadas) constelação, (quando em quantidade) acervo, (quando em grande quantidade) miríade; - (quando da mesma escola) classe, turma, (quando em grupo cantam ou tocam) estudantina, (quando em excursão dão concertos) tuna, (quando vivem na mesma casa) república; - (quando comerciáveis) sortimento; - (quando em assembléia secreta) conciliábulo; - braçada, braçado; - filmoteca, cinemoteca; - (quando dobrado) meada, mecha, (quando metálicos e reunidos em feixe) cabo; - (quando caem do ar, em porção) saraiva, saraivada; - (quando atadas) antologia, arregaçada, braçada, fascículo, feixe, festão, capela, grinalda, ramalhete, buquê, (quando no mesmo pedúnculo) cacho; - (quando agrupados em roda ou num travessão) girândola; - armada; - exército; - cordão, correição, formigueiro; 12 papel parente partidário partido político pássaro passarinho pau peça peixe pena pessoa pilha planta ponto porco povo prato prelado prisioneiro - (quando no mesmo liame) bloco, maço, (em sentido lato, de folhas ligadas e em sentido estrito, de 5 folhas) caderno, (5 cadernos) mão, (20 mãos) resma, (10 resmas) bala; - (em geral) família, parentela, parentalha, (em reunião) tertúlia; - facção, partido, torcida; - (quando unidos para um mesmo fim) coligação, aliança, coalizão, liga; - passaredo, passarada; - nuvem, bando; - (quando amarrados) feixe, (quando amontoados) pilha, (quando fincados ou unidos em cerca) bastida, paliçada; - (quando devem aparecer juntas na mesa) baixela, serviço, (quando artigos comerciáveis, em volume para transporte) fardo, (em grande quantidade) magote, (quando pertencentes à artilharia) bateria, (de roupas, quando enroladas) trouxa, (quando pequenas e cosidas umas às outras para não se extraviarem na lavagem) apontoado, (quando literárias) antologia, florilégio, seleta, silva, crestomatia, coletânea, miscelânea; - (em geral e quando na água) cardume, (quando miúdos) boana, (quando em viveiro) aquário, (quando em fileira) cambada, espicha, enfiada, (quando à tona) banco, manta; - (quando de ave) plumagem; - (em geral) aglomeração, banda, bando, chusma, colméia, gente, legião, leva, maré, massa, mó, mole, multidão, pessoal, roda, rolo, troço, tropel, turba, turma, (quando reles) corja, caterva, choldra, farândola, récua, súcia, (quando em serviço, em navio ou avião) tripulação, (quando em acompanhamento solene) comitiva, cortejo, préstito, procissão, séquito, teoria, (quando ilustres) plêiade, pugilo, punhado, (quando em promiscuidade) cortiço, (quando em passeio) caravana, (quando em assembléia popular) comício, (quando reunidas para tratar de um assunto) comissão, conselho, congresso, conclave, convênio, corporação, seminário, (quando sujeitas ao mesmo estatuto) agremiação, associação, centro, clube, grêmio, liga, sindicato, sociedade; - (quando elétricas) bateria; - (quando frutíferas) pomar, (quando hortaliças, legumes) horta, (quando novas, para replanta) viveiro, alfobre, tabuleiro, (quando de uma região) flora, (quando secas, para classificação) herbário; - (de costura) apontoado; - (em geral) manada, persigal, piara, vara, (quando do pasto) vezeira; - (nação) aliança, coligação, confederação, liga; - baixela, serviço, prataria; - (quando em reunião oficial) sínodo; - (quando em conjunto) leva, (quando a caminho para o mesmo destino) comboio; 15 professor quadro querubim recruta religioso roupa salteador selo serra soldado trabalhador tripulante utensílio vadio vara velhaco - corpo docente, professorado, congregação; - (quando em exposição) pinacoteca, galeria; - coro, falange, legião; - leva, magote; - clero regular; - (quando de cama, mesa e uso pessoal) enxoval, (quando envoltas para lavagem) trouxa; - caterva, corja, horda, quadrilha; - coleção; - (acidente geográfico) cordilheira; - tropa, legião; - (quando reunidos para um trabalho braçal) rancho, (quando em trânsito) leva; - equipagem, guarnição, tripulação; - (quando de cozinha) bateria, trem, (quando de mesa) aparelho, baixela; - cambada, caterva, corja, mamparra, matula, súcia; - (quando amarradas) feixe, ruma; - súcia, velhacada. OBSERVAÇÃO: Na maioria dos casos, a forma coletiva se constrói mediante a adaptação do sufixo conveniente: arvoredo (de árvores), cabeleira (de cabelos), freguesia (de fregueses), palavratório (de palavras), professorado (de professores), tapeçaria (de tapetes), etc. 16 Ill. COLOCAÇÃO PRONOMINAL EMPREGO DE "EU e TU"/"Tle MIM . . ) 2. COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS (ÊNCLISE, PRÓCLISE, MESÓCLISE) º 3. EMPREGO DO PRONOME ÁTONO EM LOCUÇÕES VERBAIS PERFEITAS E EM TEMPOS COMPOSTOS 4. TEMPOS COMPOSTOS 5. — EMPREGO DOS PRONONMES ESTE/ESSE/AQUELE a Os pronomes "eu" e "tu" só podem figurar como sujeito de uma oração. Assim, não podem vir precedidos de preposição funcionando como complemento. Para exercer esta função, deve-se empregar as formas "mim" e "ti". Exemplos: Nunca houve brigas entre eu e ela. (errado) Nunca houve brigas entre mim e ela. (certo) Todas as dívidas entre eu e tu foram sanadas. (errado) Todas as dívidas entre mim e ti foram sanadas. (certo) Sem você e eu, aquela obra não acaba. (errado) Sem você e mim, aquela obra não acaba. (certo) A festa não será a mesma sem tu e elas. (errado) A festa não será a mesma sem ti e elas. (certo) Perante eu e vós, aquelas criaturas são bem mais infelizes. (errado) Perante mim e vós, aquelas criaturas são bem mais infelizes. (certo) Levantaram calúnias contra os alunos e eu. (errado) Levantaram calúnias contra os alunos e mim. (certo) Observação: Os pronomes "eu" e "tu", no entanto, podem aparecer como sujeito de um verbo no infinitivo, embora precedidos de preposição. Exemplos: Não vais sem eu mandar. Pedi para tu comprares o carro. Esta regra é para eu não esquecer. 17 Observação: O pronome átono pode ser colocado antes ou depois do infinitivo impessoal, se antecedendo o infinitivo vier uma das palavras ou expressões mencionadas acima. Exemplos: "Tudo faço para não a perturbar naqueles dias difíceis"; ou "Tudo faço para não perturbá-la..." .MESOCLISE. Emprega-se o pronome átono no meio da forma verbal, quando esta estiver no futuro simples do presente ou no futuro simples do pretérito do indicativo. Exemplos: Chamar-te-ei, quando ele chegar. Se houver tempo, contar-vos-emos nossa aventura. Dar-te-ia essas informações, se soubesse. Observação: Se antes dessas formas verbais houver uma palavra ou expressão que provocam a próclise, não se empregará, consequentemente, o pronome átono na posição mesoclítica. Exemplos: Nada lhe direi sobre este assunto. Livrar-te-ei dessas tarefas, porque te daria muito trabalho. ooo São locuções verbais perfeitas aquelas formadas de um verbo auxiliar modal (QUERER, DEVER, SABER, PODER, ou TER DE, HAVER DE), seguido de um verbo principal no infinitivo impessoal. Neste caso, o pronome átono pode ser colocado antes ou depois do primeiro verbo, ou ainda depois do infinitivo. Exemplos: Nós lhe devemos dizer a verdade. Nós devemos lhe dizer a verdade. Nós devemos dizer-lhe a verdade. Observação: No entanto, se no caso acima mencionado as locuções verbais vierem precedidas de palavra ou expressão que exija a próclise, só duas posições serão possíveis para empregar-se o pronome átono: antes do auxiliar ou depois do infinitivo. 20 Exemplos: Não lhe devemos dizer a verdade. Não devemos dizer-lhe a verdade. Nos tempos compostos, formados de um verbo auxiliar (TER ou HAVER) mais um verbo principal no particípio, o pronome átono se liga ao verbo auxiliar, nunca ao particípio. Exemplos: Tinha-me envolvido sem querer com aquela garota. Nós nos havíamos assustado com o trovão. O advogado não lhe tinha dito a verdade. Observação: Quando houver qualquer fator de próclise, esta será a única posição possível do pronome átono na frase, ou seja, antes do verbo auxiliar. Os pronomes "este, esta, isto" devem ser empregados referindo-se ao âmbito da pessoa que fala (1º pessoa do singular e do plural - eu e nós), e quando se quer indicar o que se vai dizer logo em seguida (referência ao "tempo presente). Relacionam-se com o advérbio "aqui" e com os pronomes possessivos "meu, minha, nosso, nossa". Exemplos: Este meu carro só me dá problemas. Esta casa é nossa há dez anos. Isto aqui são as minhas encomendas. Ainda me soam aos ouvidos estas palavras do Divino Mestre: "Amai ao próximo como a vós mesmos." Espero que por estas linhas... (no começo de uma carta, por exemplo) Neste momento, está chovendo no Rio de Janeiro. (= agora) Ele deve entregar a proposta nesta semana. (= na semana em que estamos) Não haverá futebol neste domingo. (= hoje) O pagamento deverá ser feito neste mês. (= mês em que estamos) Empregam-se os pronomes "esse, essa, isso", com relação ao âmbito da pessoa com quem se fala (2º do singular e do plural - tu e vós; e também com "você, vocês”); e quando se quer indicar o que se acabou imediatamente de dizer (referência ao "tempo passado"). Relacionam-se com o advérbio "aí" e com os pronomes possessivos "teu, tua, vosso, vossa, seu, sua (igual a "de você"). 21 Exemplos: Essa sua blusa não lhe fica bem. Quem jogou esse lixo aí na tua calçada? Isso aí que você está fazendo tem futuro? Esses vossos planos não darão certo. Esses exemplos devem ser bem fixados. Despeço-me, desejando que essas palavras... (no final de uma carta) Tudo ia bem com Rubinho até a 57º volta; nesse momento, acabou o combustível. Ele pouco se dedicava ao trabalho, por isso foi dispensado. Os pronomes "aquele, aquela, aquilo" devem ser empregados com referência ao que está no âmbito da pessoa ou da coisa de quem ou de que se fala (3º pessoa do singular e do plural - ele, ela, eles, elas). Relacionam-se com o advérbio "lá" e com os possessivos "seu, sua ( igual a "dele, dela"). Exemplos: Aquele carro, lá no estacionamento, é do professor Paulo. Aquela garota bonita é da sua turma? Eu disse ao diretor aquilo que me mandaste dizer. Observação: Numa enumeração, empregamos os pronomes "este, esta, isto" para nos referir ao elemento mais próximo, e "aquele, aquela, aquilo" para os anteriores. Exemplo: Em 96, adquiri duas coisas muito importantes para mim: uma casa e um computador. Este no início do ano e aquela no fim. COM A GENTE / CONOSCO / COM NÓS A expressão "com a gente” é típica da linguagem coloquial brasileira. Só pode ser usada em textos informais. Exemplos: A outra turma vai se reunir com a gente às 10h. A sua irmã vai com a gente ao clube hoje. Em textos formais, que exijam uma linguagem mais cuidada, devemos usar a forma “conosco”. Exemplos: Os pais dos alunos querem uma reunião conosco. Os diretores irão conosco ver o prefeito. 22 Observação: A concordância do adjetivo com o último substantivo será obrigatória quando: 1.0 sentido assim o exigir; Exemplos: Traga-me um livro e uma fruta fresca. No Shopping, comprei roupas e um rádio elétrico. 2. os substantivos forem sinônimos; Exemplos: Falta mais coragem ao povo e à gente brasileira. Ele passou por dor e sofrimento demasiado. 3. os substantivos estiverem no plural; Exemplo: Eles estão sempre com os corações e as casas abertas. > | Quando o adjetivo estiver antecedendo substantivos do mesmo gênero e número ou não, ele concordará necessariamente com o substantivo mais próximo. Caso, porém, o adjetivo venha após os substantivos, irá para o plural do mesmo gênero deles. Exemplos: Sua mãe e filhas podem ficar aqui. Você escolheu má hora e lugar para dizer isto. (Você escolheu mau lugar e hora...) Fiquei encantado com as serras e a gente mineiras. Observação: Quando os substantivos expressarem nomes próprios ou grau de parentesco, o adjetivo irá obrigatoriamente para o plural. Exemplos: Haverá uma homenagem aos ilustres Drumond e Bandeira. Encontrei ontem seus simpáticos sogro e sogra. > No caso de mais de um adjetivo qualificar ou determinar o mesmo substantivo, podem ser dadas à frase várias formas. Exemplos: O primeiro e o segundo turno foram anulados. Primeiro e segundo turnos foram anulados. O primeiro turno e o segundo foram anulados. Convidamos os alunos da primeira e da segunda série. Convidamos os alunos da primeira e segunda séries. Gosto das Literaturas brasileira e portuguesa. Gosto da Literatura brasileira e da portuguesa. Gosto da Literatura brasileira e portuguesa. 25 (Estilisticamente, as duas primeiras construções são preferíveis, pois a terceira pode trazer um pouco de incerteza: gosta-se de duas Literaturas distintas ou de uma Literatura luso- brasileira? ) > O adjetivo irá para o plural quando o substantivo, mesmo no singular, vier precedido das expressões "um e outro", ou "nem um nem outro”. Exemplos: Não posso fazer um e outro trabalho cansativos. Nem um nem outro aluno doentes fizeram a prova. > Caso o adjetivo venha antecedido das expressões "alguma coisa" ou "qualquer coisa", mais a preposição "de", vai para o masculino. Caso contrário, vai para o feminino. Exemplos: Alguma coisa de aterrador aconteceu ontem. Alguma coisa aterradora aconteceu ontem. Há qualquer coisa de errado com esse computador. Há qualquer coisa errada com esse computador. REGRA GERAL: O predicativo concorda com o sujeito em gênero e número. Exemplos: . Pedro E GENEROSO / as irmãs SÃO GENEROSAS > Quando o sujeito vier sem nenhum determinante, adquirirá um sentido amplo, vago, equivalente a "isso", "isto", "aquilo"; e o adjetivo do predicativo assumirá aparentemente uma forma masculina, mas, na verdade, será neutra. Exemplos: Cachaça não é bom para a saúde. (sem determinante) Esta cachaça não é boa. (com determinante = Esta) É necessário paciência de todos. E necessária a paciência de todos. 26 É proibido entrada de pessoas sem autorização. E proibida a entrada de pessoas sem autorização. - És professora? - Sim, sou-o. (sem determinante, sentido mais genérico; o = pronome neutro) - Es a professora daquele menino? - Sim, sou-a. (com determinante, sentido específico; a = pronome pessoal) > Quando o adjetivo que antecede os substantivos for um predicativo do objeto, ele deverá preferivelmente ficar no plural. Quando, porém, o predicativo do sujeito composto estiver anteposto a este, poderá concordar também com o núcleo mais próximo (o que acontece igualmente com o verbo da oração). Exemplos: Considero inteligentes o rapaz e a moça. Julgamos insensatos a sua idéia e o seu gesto. São vergonhosos a fome e o analfabetismo no Brasil. E vergonhosa a fome e o analfabetismo no Brasil. >» O particípio sempre concordará com o sujeito em gênero e número quando empregado nas orações reduzidas. Exemplos: Realizado o trabalho, todos saíram. Realizados os trabalhos, todos saíram. Realizada a tarefa, todos saíram. Realizadas as tarefas, todos saíram. Cumprida a exigência, ela pode fazer a prova. Cumpridas as exigências, ela pode fazer a prova. > Apesar de os pronomes de tratamento estarem todos no feminino, poderão, no entanto, se referir a pessoas de ambos os sexos, permitindo que o adjetivo do predicativo faça uma concordância ideológica (silepse) com o sexo da pessoa a quem nos dirigimos. Exemplos: Vossa Alteza é muito bondoso (dirigindo-se a um príncipe) Vossa Alteza é muito bondosa (dirigindo-se a uma princesa) 27 país social-democrata países social-democratas aliança luso-brasileira alianças luso-brasileiras > Existe um caso em que o adjetivo composto é invariável.Trata-se de alguns nomes de cores, nos quais o segundo elemento é um substantivo. Exemplos: camisas amarelo-limão vestidos azul-piscina saias verde-garrafa > Apesar de não se incluírem na regra acima, as cores "azul-marinho", "azul-celeste", "cor-de-rosa", "cor-de-carne" e as palavras adjetivadas "ultravioleta", "infravermelho", "turquesa" e "pastel" também se apresentam invariáveis. Exemplos: meias azul-marinho olhos azul-celeste blusas cor-de-rosa biquínis cor-de-carne raios ultravioleta raios infravermelho maiôs turquesa tons pastel > | Os advérbios apresentam-se sempre invariáveis. Exemplos: O mundo precisa de MENOS preconceito e de MENOS corrupção. Todos ficaram ALERTA. CURIOSIDADE A concordância na frase "não existe ninguém mais calma do que eu", quando falada por uma mulher, estaria certa? Depende. A tendência seria dizer "não existe ninguém mais calmo do que eu", mesmo vindo a frase de uma mulher, já que a palavra "ninguém" teoricamente é neutra e, em conseguência, pede o adjetivo "calmo" no masculino. No entanto, podemos dizer também que está acontecendo aqui um fenômeno lingúístico chamado silepse, ou seja, uma concordância ideológica. Neste sentido, a concordância se faria com a idéia do universo feminino ao qual a mulher, que pronunciou a frase, pertence. 30 V. CONCORDÂNCIA VERBAL REGRA GERAL: , O verbo concorda com o sujeito em NUMERO (singular e plural) e PESSOA (1º, 2º, 3º). Exemplos: Eu amo Tu amas Ele ama Nós amamos Vós amais Eles amam O menino é estudioso. As meninas são estudiosas. > SUJEITO COLETIVO - é singular na forma, mas expressa idéia de pluralidade. Exemplos: povo, exército, grupo, turma, multidão, etc. Assim: 1. O verbo ficará no singular se estiver junto do sujeito coletivo. Exemplos: O povo aplaudiu o prefeito com entusiasmo. O exército argentino foi derrotado na guerra das Malvinas. A turma estava agitada no dia da prova. 2. Se o verbo estiver distante do sujeito coletivo, ou se este vier seguido de palavra que mencione os elementos nele contidos, poderá o verbo ir para o singular ou para o plural, conforme se queira destacar mais a idéia de todo ou a presença dos elementos que compõem o sujeito coletivo. Exemplos: O Conselho Universitário se reuniu e decidiu (ou decidiram) recomeçar os trabalhos. O grupo de pivetes fugiu correndo, mais adiante, porém, foi preso (ou foram presos). Um bando de pardais pousou (ou pousaram) naquela árvore ali. Nesses dias modernos, uma imensidade de problemas nos aflige (ou nos afligem). Uma turma de meninas cantava (ou cantavam) alegremente no clube. Um milhão de jovens participou (ou participaram) da passeata. 31 > É possível também que o sujeito seja formado por expressões de natureza partitiva como "grande parte de”, "o resto de”, "a maioria de”, "uma porção de”, "metade de”, "a maior parte de”, etc., seguidas de um substantivo ou pronome no plural. Neste caso, igualmente poderá haver dois tipos de concordância. Exemplos: Grande parte das pessoas chegou (chegaram) cedo à festa. A maioria delas estava (estavam) bem vestida(s). Metade dos candidatos não apresentou (apresentaram) nenhuma proposta interessante. > Quando o sujeito é formado por uma expressão que denota quantidade aproximada como “mais de...”, "menos de...", “cerca de...", “perto de...", seguida de um número no plural, o verbo deve ficar no plural. Porém, se estas expressões vierem seguidas do numeral "um", o verbo obrigatoriamente vai para o singular. Exemplos: Mais de um jornal estrangeiro fez alusão ao Brasil. Mais de dois jornais foram fechados em um ano. Cerca de vinte pessoas estiveram no jantar. Perto de dez carros envolveram-se no acidente. Observação: Deve-se empregar o verbo sempre no plural quando este expressar idéia de reciprocidade ou quando a expressão "mais de um” vier repetida na frase. Exemplos: Mais de um sócio se insultaram. Mais de um político agrediram-se no plenário. Mais de um aluno, mais de um professor emocionaram-se com o discurso do diretor. >» | Quando se tratar de nomes próprios, a concordância deverá ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo. Não havendo artigo, o verbo deverá ficar no singular; quando houver artigo no plural, o verbo ficará no plural. Exemplos: Estados Unidos cria e Brasil imita. Os Estados Unidos determinam o fluxo da atividade econômica no mundo. As Minas Gerais são inesquecíveis. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. As Alagoas nos revelam muitas mulheres bonitas. Alagoas impressiona pela beleza das praias e pela pobreza da população. > O pronome relativo "quem", normalmente, pede o verbo que o tem como sujeito, na terceira pessoa do singular. No entanto, o verbo pode concordar com a pessoa do sujeito antecedente, quando se quer fazer uma concordância enfática. 32 > Se os elementos do sujeito composto forem sinônimos ou formarem uma unidade de idéia, um todo no sentido, ou ainda estiverem organizados numa gradação, o verbo pode ficar na 3º pessoa do singular para realçar a unidade de sentido ou o último elemento da série gradativa. Exemplos: A sua família, o seu lar era aquele em que fora recolhida. A mágoa e a dor lhe ressuscitou o entendimento. Somente o elogio e o incentivo constrói. “Triste ventura e negro fado o chama." (Camões) "Mas permite, Deus, que a maldade e a malícia ande encoberta." (Vieira) A mesma idéia, o mesmo gesto, a mesma fala revelava a personalidade daquela mulher. Um grito, uma palavra, um movimento, um simples olhar causava-lhe medo. > Sendo os núcleos do sujeito composto formados de verbos no infinitivo, o verbo da oração ficará no singular se esses núcleos não vierem acompanhados de elementos determinantes. Caso contrário, o verbo irá para o plural. Exemplos: Correr, cair e levantar foi um só movimento. Comer e beber é necessário. O comer e o beber são necessários. > Entretanto, se os núcleos infinitivos forem termos antônimos, o verbo da oração irá para o plural, mesmo que não possuam determinantes. Exemplos: Amar e odiar são sentimentos muito fortes. Sorrir e Chorar fazem parte do show da vida. > | Quando um sujeito composto é resumido por um aposto, o verbo concordará com esse aposto, estando ele no singular ou no plural. Exemplos: Carinhos, abraços, palavras de amor, NADA o consolava. Alunos, professores, funcionários da escola, todos foram homenageados. "TUDO, os pastos, as várzeas, a caatinga, o mar milheiral esquelético, era de um cinzento de borralho." (Rachel de Queiroz) Capitão, marinheiros e passageiros, ninguém escapou com vida daquele naufrágio. Pai, mulher, filhos, cada um seguia seu caminho calado. Observação: Se os núcleos do sujeito composto vierem antecedidos pelo pronome indefinido "cada", o verbo permanecerá no singular. Exemplo: Cada professor, cada aluno, cada funcionário tinha sua reivindicação. 35 > Se os elementos do sujeito forem de pessoas gramaticais diferentes, o verbo vai para o plural e deve ser flexionado na pessoa que tiver prioridade: a primeira sobre a segunda e esta sobre a terceira. Exemplos: Eu, tu e João somos amigos. (Eu, tu e João = nós) Desejo que tu e teu marido sejais felizes. (tu e teu marido = vós) Observação: Quando o sujeito composto é constituído de elementos da segunda e terceira pessoas, também é correto que o verbo vá para a terceira pessoa do plural. Exemplos: Desejo que tu e teu marido sejam felizes. Estou torcendo para que tu e ele passem no concurso. Acredito que tu e Ana passarão no vestibular. >» | Quando ocorre idéia de reciprocidade, a concordância deve ser feita obrigatoriamente no plural. Exemplos: Abraçaram-se vencedor e vencido. Ofenderam-se o jogador e o árbitro. > Quando os núcleos do sujeito composto forem ligados pelas conjunções "ou" ou “nem”, o verbo poderá: 1. Ficar no singular se estiver se referindo a apenas um dos núcleos do sujeito, apresentando uma idéia de equivalência ou de exclusão; Exemplos: João ou Miguel ocupará o cargo de presidente daquela empresa. Nem Ana nem Márcia foi escolhida para ser a rainha do grêmio. 2. Irá para o plural quando a ação verbal incidir diretamente sobre os núcleos do sujeito e quando a conjunção "ou" tiver um caráter corretivo. Exemplos: Nenhum gesto ou palavra do orador ofenderam a platéia. Nem Pedro nem Paulo fizeram boa prova. O culpado ou os culpados pelo crime serão punidos. A parte ou as partes contrárias entrarão em acordo. Observações: A) Se o sujeito da oração for a expressão "um ou outro", normalmente o verbo permanecerá no singular; Exemplos: Um ou outro chapéu lhe ficava bem. Um ou outro fato sairá amanhã nos jornais. 36 B) No entanto, se a expressão for "um e outro”, o verbo irá preferencial- mente para o plural, sendo rara a concordância no singular; Exemplos: Um e outro chegaram cedo ao colégio. Um e outro aluno entraram (entrou) na sala depois do diretor. C) A expressão "nem um nem outro" determina, geralmente, o verbo no singular. Exemplo: Nem um nem outro candidato às próximas eleições compareceu ao debate na TV. Atenção! Em verdade, não há uniformidade no tratamento dado a essas expressões por gramáticos e escritores. >» | Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como "não só... mas também"; "não só... como também"; "não só... mas ainda"; "não somente... mas ainda"; "não apenas... mas também"; "tanto... quanto", o verbo concorda de preferência no plural. Exemplos: Não só a seca mas também o pouco-caso castigam o Nordeste. Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia. CASOS ESPECÍFICOS VERBO SE O verbo ser apresenta-se impessoal quando empregado em frases que se referem a horas, datas ou distâncias. Nestes casos, o verbo ser concorda com o seu complemento. No caso das datas, entretanto, a concordância será facultativa, se a palavra “dia” não estiver expressa. Exemplos: Que horas são? E uma hora. São duas horas. E meio-dia e meia. Que dia é hoje? (ou quantos são hoje?) Hoje é (ou são) 31 de julho. Hoje é dia 31 de julho. E um quilômetro até minha escola. São 400 km do Rio até São Paulo. Observações: A) Quando o verbo ser, nas expressões que se referem às horas, vem acompanhado por uma das seguintes locuções: "perto de”, "cerca de", "mais de”, tanto podemos empregá-lo na terceira pessoa do singular como do plural. 37 "Mesmo os doentes parece que são mais felizes." - Cecília Meirelles. (parece=verbo intransitivo; QUE OS DOENTES SÃO MAIS FELIZES =Sujeito Oracional: Oração Substantiva Subjetiva Desenvolvida) VERBO HAVER. Quando significa "existir, ocorrer”, o verbo haver fica na terceira pessoa do singular, já que ele se torna impessoal, não tendo sujeito. Exemplos: Houve fatos marcantes em nossa vida. Havia milhares de candidatos naquele concurso. Sempre houve graves problemas sociais no país. Deve ter havido muitas vítimas naquele acidente. No entanto, se empregarmos no lugar de haver os verbos existir ou ocorrer, eles concordarão com os seus respectivos sujeitos. Exemplos: Existiam milhares de candidatos naquele concurso. (“milhares de candidatos" = sujeito de existir) Ocorreram fatos marcantes em nossa vida. ("fatos marcantes" = sujeito de ocorrer) VERBO FAZER. Este verbo, assim como o verbo haver, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico, também são impessoais e, por isso, ficam na 3º pessoa do singular. Exemplos: Faz dois anos que estive em Portugal. ("dois anos" = objeto direto) Faz invernos terríveis na Europa. ("invernos terríveis" = objeto direto) Há anos não procuro meu primo. Havia anos que não nos encontrávamos. Observação: A impessoalidade também ocorre com todos os verbos que expressam fenômenos da natureza como chover, ventar, nevar etc. Contudo, se empregarmos qualquer um desses verbos em seu sentido figurado, eles passam a fazer a concordância com a regra geral. Exemplos: Choveu vários dias em São Paulo no mês passado. Quando eu era jovem, choviam convites para festas. (Aqui, "choviam" tem como sujeito "convites", por isso a razão da concordância.) Os verbos que acompanham pronomes de tratamento apresentam-se sempre na terceira pessoa do singular ou do plural. 40 Exemplos de pronomes de tratamento: você (originário da forma antiga Vossa Mercê), Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, Vossa Alteza, etc. Vossa Excelência está satisfeito? Vossas Excelências estão satisfeitos? (Concordância ideológica por se estar dirigindo a uma pessoa do sexo masculino) Quando se tem um número percentual sem o seu especificador, ou seja, quando ele não possui um complemento, o verbo deve concordar com o número da porcentagem. Exemplos: Apesar das enchentes, apenas 10% querem mudar de casa. Somente 22% disseram "sim" ao plebiscito, enquanto 77% optaram pelo "não" e 1% não compareceu às urnas. Assim, se esse número for inferior a dois, o verbo deve ficar no singular. Ex.: Apenas 1,65% votou naquele candidato; 0,7% achava o candidato honesto; Apenas 1% votaria novamente neste candidato. Quando a porcentagem vem acompanhada de especificador, ou seja, quando se diz "x% de algo", o verbo passa a concordar com esse especificador, independentemente do número percentual. Exemplos: 15% do ELEITORADO REPROVOU O PROGRAMA DAQUELE PARTIDO. 1% dos ELEITORES optaram pelo voto em branco. 40% dos lavradores estão preocupados com a falta de chuvas. 30% da lavoura de café foi perdida. Se o número percentual vier acompanhado de um determinante (pronomes, artigos, etc.), o verbo deverá ir sempre para o plural. Exemplos: Esses 5% das ações já me são suficientes. Os 40% da produção de laranja serão exportados para os EUA. Uns 15% da população estão desempregados. Já no caso das frações, as gramáticas dizem que o verbo deve concordar com o numerador da fração, ou seja, com o número de cima. Então, quando se diz "2/3 do eleitorado", o verbo concorda com o número "2", numerador da fração. Ex.: 2/3 do eleitorado recusaram-se a votar em qualquer candidato. Se, porém, tivermos "1/3 dos eleitores", deveremos fazer o verbo concordar com o número "1". Ex.: 1/3 dos eleitores recusou-se a votar em qualquer candidato. Observação: Notadamente, é esse o padrão adotado pelos grandes e mais conceituados jornais e revistas brasileiros. 41 VI. DIVISÃO SILÁBICA REGRAS: > Não se separam os elementos dos grupos consonantais que iniciam uma sílaba nem os dos dígrafos "ch, Ih, nh”. Exemplos: a-blu-ção, a-bra-sar, a-che-gar, filho, ma-nhã, con-tri-bu-ir, a-fri-ca-no, a-plai-nar, en-gra-ça-do, re-fle-tir, su-bli-me. Observação: Nem sempre formam grupos consonantais os elementos bl e br. No caso de o le or serem pronunciados separadamente, poderá haver a partição da palavra. Exemplos: sub-lin-gual, sub-li-nhar, sub-ro-gar, ab-rup-to. > O "s" dos prefixos bis, cis, des, dis, trans e o x do prefixo ex não se separam quando a sílaba seguinte começar por consoante. Todavia, se iniciar-se por vogal, formam sílaba com esta e separam-se do prefixo. Exemplos: bis-ne-to, cis-pla-ti-no, des-li-gar, dis-tra-ção, trans-por-tar, ex-tra-ir, bi-sa-vó, ci-san-di-no, de-ses-pe-rar, di-sen-te-ri-a, tran-sa-tlân-ti-co, e-xér-ci-to. > As letras "cc, cg, Sc, rr, ss" e as vogais idênticas separam-se quando da partição do vocábulo, ficando cada uma delas em sílabas diferentes. 42 VII. EMPREGO DA CRASE Fusão ou contração de dois "a" (a+a) num só (à, marcado pelo acento grave), sendo um deles preposição e o outro artigo feminino ou pronome demonstrativo. > Emprega-se a crase quando houver uma palavra de sentido incompleto que venha seguida da preposição "a", mais o artigo feminino "a" no singular ou plural, antes de substantivo feminino determinado. Exemplos: Pedro dirigiu-se a (preposição) + a (artigo) praça. Pedro dirigiu-se à praça. Ana dedica-se a+a igreja todo o tempo. Ana dedica-se à igreja todo o tempo. Meu tio era fiel a+a disciplina militar. Meu tio era fiel à disciplina militar. Todos estamos sujeitos a+as leis de Deus. Todos estamos sujeitos às leis de Deus. O reificava indiferente a+as súplicas do povo. O reificava indiferente às súplicas do povo. Você deve obedecer a+as normas do colégio. Você deve obedecer às normas do colégio. > Em função de só poder haver crase quando da contração da preposição "a" com o artigo feminino "a", consequentemente não haverá crase antes de nomes masculinos, verbos, pronomes indefinidos. Exemplos: Os camponeses iam a pé para o trabalho, mas o capataz ia a cavalo. O baile será promovido a partir das 20 horas. Tenho muito a receber de indenização. Com essa blusa não irei a nenhuma festa. Ela lançava olhares maliciosos a certo rapaz no restaurante. 45 >» | Também não acontecerá a crase antes de nomes próprios de cidade e da palavra “casa”, a não ser que venham determinados. Exemplos: Amanhã regressarei a Brasília. Amanhã regressarei à Brasília de meus sonhos. Cansado, chegou tarde a casa. (Não há artigo definido antes da palavra casa quando se refere a sua própria casa: "Fiquei em casa", "Venho de casa".) Cansado, chegou tarde à casa de seus pais. > Igualmente, não haverá crase antes dos vocábulos "cuja", "quem", "ela", “esta”, “essa”, "mim", "você", "vossa senhoria", "vossa excelência", etc. Exemplos: Este é o policial a quem devo minha vida. Hoje foi empossada a nova diretoria a cuja determinação devemos de agora em diante obedecer. Dei a ela uma bela flor e ela ofereceu a mim um lindo sorriso. Darei a esta criança abandonada todo meu carinho. Falarei a você todos os detalhes do filme. > Entretanto, existem alguns pronomes demonstrativos e de tratamento (como os pronomes referentes às mulheres) que aceitam a anteposição do artigo feminino, favorecendo, assim, o surgimento do fenômeno da crase. Exemplos: Contarei tudo à senhora (à senhorita, à madame, à dona, à dama, etc.) Darei todos esses livros à mesma pessoa. Só devolverei o dinheiro à própria dona. Observação: Quando somente acontecer um simples "a" antes de um substantivo feminino plural, não ocorrerá a crase logicamente por falta do artigo. Exemplos: Esta lei se destina a casadas e solteiras. Neste Congresso, falarei apenas a mulheres. Note-se, no entanto, uma pequena alteração semântica na frase, se houver a presença do artigo feminino, passando-se de um sentido mais genérico (como no caso dos exemplos acima), para um sentido mais restrito. Exemplo: Neste Congresso sobre sexualidade, falarei em especial às mulheres. (Aqui, pressupõe-se um grupo, uma platéia, onde as mulheres configuram uma parte desse grupo.) 46 > Nas locuções adverbiais (expressões que indicam circunstâncias de tempo, lugar, modo, | etc.), recomenda-se o emprego do acento grave nas formadas de "a" mais palavra feminina no singular. Exemplos: Rita disse que chegaria à noite. (tempo) Paulinho só comia à força. (modo) A canoa estava à margem do rio. (lugar) Miguel adora viver à toa. (Como locução adverbial de modo, significando "a esmo, ao acaso, sem fazer nada, em vão referindo-se ao verbo, à toa não leva hífen: "Passou a vida à toa"; "Anda à toa pelas ruas"; no entanto, quando aparece como adjetivo junto a um substantivo, significando "inútil, desprezível, desocupado, insignificante", à-toa deve ser escrito com hífen: "Era uma mulher à-toa"; "Não passava de um sujeitinho à-toa".) Eles travaram um duelo à espada. (instrumento) Prefiro escrever cartas à caneta do que à máquina. (instrumentos) Pedro foi ferido à bala. (instrumento) Outras locuções adverbiais muito empregadas: à beça, à deriva, à frente, à luz (dar à luz), A MÃO, à parte, à revelia, à tarde, à última hora, à unha, à vontade, às avessas, às claras, às ordens. Incluem-se nessas expressões as indicações de horas especificadas. Exemplos: à meia-noite, às duas horas, à uma hora, às três e vinte, etc. Observação: Não confundir com as indicações não especificadas como: "Isso acontece a qualquer hora"; "Estarei lá daqui a uma hora". > Será facultativo o emprego da crase quando também for livre o uso do artigo. Isto acontecerá antes de nomes próprios de pessoas e antes de pronomes possessivos. Exemplos: Ofereci um presente a (à) Bruna. Entregue essa documentação a (à) minha assessora que depois devolverá a (à) sua secretária. Observação: Note-se que, quando se deseja mostrar mais intimidade com a pessoa de quem se fala, o emprego do artigo feminino junto à preposição é mais aconselhável. Todavia, se o tratamento é puramente formal, ou se a pessoa se tratar de personalidade pública, recomenda-se somente o emprego da preposição, não acontecendo, dessa forma, o fenômeno da crase. Exemplos: Contarei tudo à Raquel, minha melhor amiga. Dedico esta homenagem a Rachel de Queiroz. 47 2. Não haverá a crase em expressões já cristalizadas no idioma como aquelas formadas por palavras repetidas. Exemplos: gota a gota, cara a cara, dia a dia, passo a passo, etc. Ocorrerá a crase somente quando "às vezes" for uma locução adverbial de tempo (= de vez em quando, em algumas vezes); Exemplos: Às vezes, os alunos consultam os dicionários. O Flamengo, às vezes, ganha do Vasco. Quando a expressão "as vezes" não trouxer o significado acima, não acontecerá a crase. Exemplos: Foram raras as vezes em que ela veio ao Rio. ("as vezes" é o sujeito da oração) Em todas as vezes, ele levou os documentos. (Não há a preposição "a", por isso não ocorre a crase; temos o artigo definido plural "as") Para muitos gramáticos, quando "até" for uma preposição, o uso do acento da crase no "a" que vem em seguida é facultativo. Na verdade, porém, a presença de "até", neste caso, torna desnecessário o uso da preposição "a", como igualmente acontece com outras preposições. Exemplos: Vou até a igreja depois do café. Viajou para a França. Está aqui desde as seis horas. Chegará só após as vinte horas. Atente para não confundir a preposição "até" com a partícula de inclusão (até = inclusive), em cujo emprego poderá ocorrer ou não a crase. Exemplos: Até (inclusive) a diretora (o diretor) compareceu à festinha dos alunos. O rapaz se referia às colegas e até (inclusive) à amiga mais íntima (ao amigo mais íntimo). 50 VII. EMPREGO DO HÍFEN PREFIXOS MAIS USADOS: >» AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO, PSEUDO, SEMI, SUPRA, ULTRA. Estes prefixos exigem hífen quando se juntam a palavras iniciadas por vogal, h, re s. Exemplos: auto-análise, auto-escola, auto-estima, auto-retrato, auto-suficiente, contra- almirante, contra-ataque, contra-reforma, contra-regra, contra-senso, extra-humano, extra- oficial, extra-regimental, extra-secular, infra-estrutura, infra-renal, infra-social, intra-ocular, intra-uterino, intra-regional, intra-setorial, neo-humanista, neo-republicano, proto-história, proto-revolucionário, pseudo-herói, pseudo-revolucionário, pseudo-sábio, semi-analfabeto, semi-reta, semi-selvagem, supra-hepático, supra-renal, supra-sumo, ultra-especial, ultra- humano, ultra-realismo, ultra-romântico, ultra-sensível, ultra-som. Exceção: "extraordinário", não leva hífen. > ANTI, ANTE, ARQUI, SOBRE. Estes prefixos devem ser ligados por hífen a palavras iniciadas por h, rou s. Exemplos: anti-herói, anti-higiênico, anti-rábico, anti-séptico, anti-social, ante-histórico, ante- república, ante-sala, arqui-rabino, arqui-rival, arqui-sacerdote, sobre-humano, sobre-saia, sobre-ser, sobre-sinal. > INTER, HIPER, SUPER. Estes prefixos só exigem hífen quando se juntam a palavras que começam por h e r. Exemplos: inter-numano, inter-regional, hiper-raivoso, hiper-hidrose, super-homem, super- rápido, super-requintado. > SUB. Este prefixo só exige hífen quando se associa a palavra que começa por b ou r. Exemplos: sub-base, sub-bibliotecário, sub-região, sub-ramo, sub-reino. [SENSE bi, tri, tetra, penta, hexa. Palavras com estes elementos não devem levar hífen. Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal, tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão, tetraplégico, pentacampeão, pentágono. Também não se deve usar o hífen após os elementos "hidro, sócio, micro, macro, multi, mini, mega e tele”. Estes elementos sempre se juntam sem hífen à palavra agregada. Se esta começar com "rt" ou com "s", teremos "rr" ou "ss". 51 Exemplos: hidrossanitária, sociopolítico, microempresa, minissérie, minissaia, macrorregião, megaempresa, megashow, multimídia, multirracial, multissecular, telespectador, teleducação, telecomunicação, telessala, telessexo, telessena. Em relação ao prefixo "hidro", em alguns casos, há duas formas possíveis. "Hidroavião" e "hidravião", "hidroenergia" e "hidrenergia", por exemplo, são formas registradas pelo "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", da ABL. Quando se junta o elemento "mini" a palavras que começam por "h", o "Formulário Ortográfico" não disciplina com clareza esse caso. Com exceção do "Houaiss", os demais dicionários também não tocam no assunto. O "Houaiss" registra: "Nos casos (...) em que o segundo elemento se iniciar por h, sugere-se o uso de hífen." E o que ocorre com "mini- hospital", "mini-hotel" etc. No caso do elemento "sócio", só usamos hífen quando ele é substantivo (= de associado). Exemplo: sócio-gerente. Lista das principais palavras compostas que se ligam por hífen. ab-reptício co-produção mula-sem-cabeça pró-cardíaco ab-rogar côncavo-convexo navio-cargueiro puxa-encolhe abaixo-assinado copo-de-leite (flor) | navio-negreiro puxa-puxa além-mar corre-corre navio-tanque quebra-cabeça além-túmulo decreto-lei ob-rogar quebra-mola amor-perfeito ex-aluno pan-americano recém-chegado arranha-céu ex-prefeito pão-de-ló recém-nascido baixo-relevo ganha-perde pára-choques reco-reco banho-maria gente-de-fora pára-lamas ruge-ruge bate-boca gentil-homem pára-quedas salário-família bate-bola guarda-chuva passa-dez salário-minimo bate-papo guarda-civil pau-de-arara sangue-frio belas-artes guarda-louça pau-para-toda-obra sem-fim bem-aventurado guarda-mor pé-de-moleque sem-vergonha bem-me-quer guarda-municipal pé-de-valsa sempre-viva bem-querer guarda-noturno pega-pega sob-roda bem-te-vi leva-e-traz pisa-mansinho sob-rojar bem-vindo louva-a-deus pisca-pisca tico-tico bom-dia lugar-comum político-econômico treme-treme boa-tarde luso-brasileiro pombo-correio vai-volta boa-noite má-criação porta-voz verde-amarelo bota-fora mal-agradecido pós-datar vice-diretor carro-dormitório mal-humorado pré-alfabetização vice-presidente carro-forte mal-educado pré-carnavalesco vice-rei co-autor médico-cirúrgico pré-datado co-educação mil-folhas prima-dona 52 e) nos nomes de repartições públicas, agremiações culturais ou esportivas, edifícios e empresas públicas ou privadas; Exemplos: Ministério da Educação, Delegacia do Trabalho; Academia Brasileira de Letras, Clube de Regatas Vasco da Gama; Edifício Itália, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Editora Melhoramentos, etc.; f) nos títulos de livros, periódicos, produções artísticas, literárias e científicas; Exemplos: Grande Sertão: Veredas (de Guimarães Rosa), Veja; Jornal da Tarde ; O Pensador (de Rodin), Os Girassóis (de Van Gogh); O Noviço (de Martins Penna); A Origem das Espécies (de Charles Darwin) etc.; 9) nos nomes de escolas em geral; Exemplos: Escola Técnica Industrial de São Gonçalo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, Escola de Arte Dramática Cacilda Becker, Universidade Federal do Rio de Janeiro, etc.; h) nos nomes dos pontos cardeais quando indicam regiões; Exemplos: os povos do Oriente, o falar do Norte, os mares do Sul, a vegetação do Oeste, etc.; Observação: Os nomes dos pontos cardeais são grafados com a inicial minúscula quando indicam apenas direções ou limites geográficos; exemplos: ao sul de Minas Gerais; de norte a sul; de leste a oeste. i) nas expressões de tratamento; Exemplos: Vossa Alteza, Vossa Majestade, Vossa Santidade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Magnífico Reitor, Sr. Diretor, Sra. Coordenadora, etc.; j) nos nomes comuns sempre que personificados ou individualizados; Exemplos: o Amor, o Ódio, a Virtude, a Morte, o Lobo, o Cordeiro, a Cigarra, a Formiga, a Capital, a República, a Transamazônica, a Indústria, o Comércio, etc. 55 X. FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM palavras com duplo sentido. Manuel Bandeira, poeta maior, escreveu um texto chamado "Poema só para Jayme Ovalle". Para um poema cujo tema é essencialmente a solidão, o título é intencionalmente ambíguo. No poema de Bandeira, "só" pode referir-se a "poema" ("poema solitário", por exemplo) ou a "Jayme Ovalle" ("poema feito exclusivamente para Jayme Ovalle", por exemplo). É importante também destacar o papel da pontuação. Compare a frase "Só você não conseguirá a resposta" com "Só, você não conseguirá a resposta". Parecem iguais. As palavras são as mesmas, a ordem das palavras é a mesma, mas a vírgula faz a diferença. an Na primeira, "só" significa "apenas"; na segunda, "sozinho/a". Vale lembrar a expressão "a sós", invariável: "Quero ficar a sós"; "Queremos ficar a sós"; "Ele quer ficar a sós"; "Eles querem ficar a sós". Não faça confusão. Quando "só" significa "sozinho/a", varia, ou seja, tem singular e plural. Quando significa "somente, apenas", não varia, não tem plural. E a expressão "a sós" é fixa, invariável. Outros exemplos de frases ambíguas: "Encontrei seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às 15h." (O escritório era da pessoa com quem se estava falando ou do chefe dela?) Ao saber que um sobrinho havia levado uma mordida, minha mulher perguntou: "Afinal, quem mordeu o Pedro?" A resposta foi imediata: "Foi a cachorra da namorada do João neurótica." (Quem mordeu o Pedro foi: 1. a cachorra, que é neurótica e pertence à namorada do João? 2. a cachorra, que pertence à namorada neurótica do João? 3. a namorada do João, que, além de ser uma "cachorra", é uma neurótica? ) ruptura da ordem lógica da frase. É um recurso muito utilizado nos diálogos, que procuram reproduzir na escrita a língua falada. Também permite a caracterização de estados de confusão mental. Exemplo: . "Deixe-me ver... E necessário começar por... Não, não, o melhor é tentar novamente o que foi feito ontem." 56 repetição sistemática de termos ou de estruturas sintáticas no princípio de diferentes frases ou de membros da mesma frase. E um recurso de ênfase e coesão. Exemplo: Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia. (Manuel Bandeira) [WLLLS]5 aproximação de palavras de sentidos opostos. Exemplos: Na ofuscante CLARIDADE daquela manhã, pensamentos SOMBRIOS o perturbavam. é a coordenação de termos ou orações sem utilização de conectivo. Esse recurso costuma imprimir lentidão ao ritmo narrativo. Exemplo: "Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio ruida pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira." (Graciliano Ramos) palavra que perdeu o sentido original. Exemplos: salário (= pagamento que era feito em sal) secretária (= móvel em que se guardavam segredos) azulejos (= ladrilhos azuis) omissão de um ou mais termos de uma oração, o qual se subentende, se presume. Exemplos: Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para se plantar. (Omissão do verbo HAVER) Na memorável "Canto triste" (música de Edu Lobo e letra de Vinicius de Moraes), há um belo exemplo de elipse: "Onde a minha namorada? Vai e diz a ela as minhas penas e que eu peço, peço apenas que ela lembre as nossas horas de poesia...". No trecho "Onde a minha namorada?", está subentendido um verbo ("está", "anda" etc.). E bom lembrar que existe um caso específico de elipse, que alguns preferem chamar de "zeugma". Trata-se da omissão de termo já citado na frase. E o caso, por exemplo, de "Ele primeiro foi ao cinema, depois, ao teatro". Em "depois, ao teatro", não se repetiu a forma verbal "foi", expressa na primeira oração ("Ele primeiro foi ao cinema"). 57 lullda;l=LNLok é a inversão da ordem natural das palavras. Exemplo: "De tudo, ao meu amor serei atento antes" (ordem indireta ou inversa) Em vez de "Serei atento ao meu amor antes de tudo" (ordem direta) KIRIN consiste em, aproveitando-se do contexto, utilizar palavras que devem ser compreendidas no sentido oposto do que aparentam transmitir. E um poderoso instrumento para o sarcasmo. Exemplo: Muito competente aquele candidato! Construiu viadutos que ligam nenhum lugar a lugar algum. [NEL IZOLE palavra empregada fora de seu sentido real, literal, denotativo. Exemplos: Eliana não SE DOBROU às desculpas do namorado que a deixou esperando por uma hora. Ontem à noite choveu CANIVETES! Na base de toda metáfora está um processo comparativo: Senti a seda do seu rosto em meus dedos. (Seda, na frase acima, é uma metáfora. Por trás do uso dessa palavra para indicar uma pele extremamente agradável ao tato, há várias operações de comparação: a pele descrita é tão agradável ao tato quanto a seda; a pele descrita é uma verdadeira seda; a pele descrita pode ser chamada seda.) WINE ocorre quando uma palavra é usada para designar alguma coisa com a qual mantém uma relação de proximidade ou posse. Exemplo: Meus olhos estão tristes por que você decidiu partir. (Olhos, na frase acima, é uma metonímia. Na verdade, essa palavra, que indica uma parte do ser humano, esta sendo usada para designar o ser humano completo.) (CNIoJiENGojd=ATk emprego de palavras apropriadas na tentativa de se imitar o som de alguma coisa. Exemplos: Não conseguia dormir com o TIC-TAC do relógio da sala. 60 "Lá vem o vaqueiro pelos atalhos, tangendo as reses para os currais. Blem... blem... blem... cantam os chocalhos dos tristes bodes patriarcais. E os guizos finos das ovelhinhas ternas dím... dím... dím... E o sino da igreja velha: bão... bão... bão..." (Ascenso Ferreira) ld a;1[;1:4)=6 uso de um dos atributos de um ser ou coisa que servirá para indicá-lo. Exemplos: . Na floresta, todos sabem quem é o REI DOS ANIMAIS. (REI DOS ANIMAIS = LEÃO) A CIDADE MARAVILHOSA torce para um dia sediar os Jogos Olímpicos. (CIDADE MARAVILHOSA = RIO DE JANEIRO) ld R=0)SLSjIok repetição de um termo da oração para se dar ênfase a ele. Exemplos: A MIM só me restou a esperança de dias melhores. Casos de pleonasmos considerados estilísticos: Camões, em "Os Lusíadas", escreveu "De ambos os dous a fronte coroada". (Esta frase está na ordem inversa. Na ordem direta seria "A fronte de ambos os dous coroada." E "dous" é uma forma, hoje em desuso, equivalente a "dois". Observação: A palavra "ambos" é da mesma família das palavras "ambivalente", "ambidestro", "ambívio" ("encruzilhada"), "ambígeno" ("proveniente de duas espécies diversas") etc. "Ver com os próprios olhos". É óbvio que ninguém vê com as orelhas, nem vê com os olhos de outra pessoa. Mas essa combinação é aceita justamente por ser considerada expressiva, sobretudo pela palavra "próprios": "Vi com meus próprios olhos." Um outro bom exemplo de pleonasmo consagrado é "abismo sem fundo". Pouquíssimas pessoas sabem que, na origem, a palavra "abismo" significa "sem fundo". Ao pé da letra, "abismo" é "lugar sem fundo". Quando se perde a noção da origem de uma palavra, é natural que ocorram ligeiras mudanças em seu significado, o que justifica certos pleonasmos, como o de "abismo sem fundo". Afinal, hoje em dia, o sentido corrente de "abismo" não é de "lugar sem fundo" e sim de "lugar muito fundo”. Convém lembrar que existe a forma paralela "abisso", hoje pouco usada. É dela que se forma o adjetivo "abissal". Apesar de o substantivo "abisso" estar fora de moda, o adjetivo "abissal" é mais usado que "abismal": "A ignorância dele é abissal/abismal." Ambas as formas são corretas e equivalentes. 61 Wi MESIS EE é a propriedade que tem a mesma palavra de assumir significados diferentes. Exemplos: Lúcia bateu a porta. (fechou) Roberto bateu o carro. (ttombou) Meu coração bate rápido. (pulsa) Em uma propaganda da Bradesco Seguros de automóveis vemos, na foto, um pincel de barbeiro, usado para espalhar o creme de barbear no rosto do cliente, e a legenda: "Esta cidade está cheia de barbeiros" (alusão aos maus motoristas) ido MENIJadok é o uso repetido da conjunção (do conectivo), entre elementos coordenados. Esse recurso costuma acelerar o ritmo narrativo. Exemplos: "O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora." (Machado de Assis) "No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego Trabalhe, e teima, e lima, e sofre, e sua!" (Olavo Bilac) [testo SMS: EDINIAINT O) (ou ainda METAGOGE): consiste em atribuir características de seres animados a seres inanimados ou características humanas a seres não-humanos. Exemplos: "A floresta gesticulava nervosamente diante do lago que a devorava. O ipê acenava- lhe brandamente, chamando-o para casa." As estrelas sorriem quando você também sorri. SBIS] Figura pela qual a concordância das palavras se faz de acordo com o sentido, e não segundo as regras da sintaxe. A Silepse pode ser de pessoa, número ou gênero. Exemplos: "Os brasileiros somos roubados todos os dias." Quem diz ou escreve a frase dessa forma põe o verbo na primeira pessoa do plural para deixar claro que é brasileiro e é roubado. Nessa frase, por exemplo, a concordância não foi feita com "os brasileiros", mas com o sentido, com a idéia que se quer enfatizar. E claro que teria sido possível empregar a forma "são" ("Os brasileiros são roubados..."), no entanto, o enfoque mudaria completamente. 62 REDUNDÂNCIA: palavra ou expressão desnecessária, por indicar idéia que já faz parte de outra passagem do texto. Exemplos: Você sabe o que significa "elo"? Além de sinônimo de argola, figurativamente elo pode significar "ligação, união". Então "elo de ligação" é outro belíssimo caso de redundância. Basta dizer que alguma coisa funciona como elo, e não que funciona como "elo de ligação”. O mesmo raciocínio se aplica em casos como o de "criar mil novos empregos". Pura redundância. Basta dizer "criar mil empregos". Se é consenso, é geral. É redundante dizer "Há consenso geral em relação a isso". Basta dizer que há consenso. Prefiro mais é errado. A força do prefixo (pre) dispensa o advérbio (mais). Diga sempre: prefiro sair sozinha; prefiro comer carne branca. Nada mais! Outros exemplos de redundância: "Acabamento final" (O acabamento vem no fim mesmo) "Criar novas teorias" (O que se cria é necessariamente novo) "Derradeira última esperança" (Derradeira é sinônimo de última) "Ele vai escrever a sua própria autobiografia" (Autobiografia é a biografia de si mesmo) "Houve contatos bilaterais entre as duas partes" (Basta: "bilaterais entre as partes”) "O nível escolar dos alunos está se degenerando para pior" (E impossível degenerar para melhor) "O concurso foi antecipado para antes da data marcada" (Será que dá para antecipar para depois?) "Ganhe inteiramente grátis" (Se ganhar só pode ser grátis, imagine inteiramente grátis. Parece que alguém pode ganhar alguma coisa parcialmente grátis) "Por decisão unânime de toda a diretoria" (Boa foi a decisão unânime só da metade da diretoria!) "O juiz deferiu favoravelmente" (Se não fosse favoravelmente, o juiz tinha indeferido) "Não perca neste fim de ano, as previsões para o futuro" (Ainda estamos para ver as previsões para o passado!) EjoJBaeEjok colocação inadequada de algum termo, contrariando as regras da norma culta em relação à sintaxe (parte da gramática que trata da disposição das palavras na frase e das frases no período). Exemplos: Me esqueci (em lugar de: Esqueci-me). Não falou-me sobre o assunto (em lugar de: Não me falou sobre o assunto) Eu lhe abracei (por: Eu o abracei) A gente vamos (por: A gente vai) Tu fostes (por: Tu foste) 65 ALGUMAS MANEIRAS DE FALAR OU ESCREVER ERRADO A TAUTOLOGIA é um dos vícios de linguagem que consiste em dizer ou escrever a mesma coisa, por formas diversas, meio parecida com pleonasmo ou redundância. É um artifício de linguagem que, raramente, até fica enfático no corpo do texto. Nos processos policiais, certidões e escrituras, além dos milhares de erros cometidos, é muito comum o vicio de repetir com outras palavras o que está fartamente explícito . Observe a lista abaixo. Se vir alguma que já usou, procure não utilizar mais. - Habitat natural; - Criar novos empregos; - Certeza absoluta; - Retornar de novo; - Número exato; - Frequentar constantemente; - Quantia exata; - Empréstimo temporário; - Sugiro, conjecturalmente; - Compartilhar conosco; - Nos dias, e inclusive; - Surpresa inesperada; - Como prêmio extra; - Completamente vazio; - Juntamente com; - Colocar algo em seu respectivo lugar; - Em caráter esporádico; - Escolha opcional; - Expressamente proibido; - Continua a permanecer; - Terminantemente proibido; - Passatempo passageiro; - Em duas metades iguais; - Atrás da retaguarda; - Destaque excepcional; - Planejar antecipadamente; - Sintomas indicativos; - Repetir outra vez / de novo; - Há anos atrás; - Sentido significativo; - Vereador da cidade; - Voltar atrás; - Outra alternativa; - Abertura inaugural; - Detalhes minuciosos / pequenos detalhes; | - Pode possivelmente ocorrer; - À razão é porque; - A partir de agora; - Interromper de uma vez; - Ultima versão definitiva; - Anexo (a) junto a carta; - Obra-prima principal; - De sua livre escolha; - Gritar/ Bradar bem alto; - Superávit positivo; - Propriedade característica; - Vandalismo criminoso; - Comparecer em pessoa; - Palavra de honra; - Colaborar com uma ajuda / auxílio; - Conviver junto; - Matriz cambiante; - Exultar de alegria; - Com absoluta correção/ exatidão; - Encarar de frente; - Demasiadamente excessivo; - Comprovadamente certo; - Individualidade inigualável; - Fato real; - À seu critério pessoal; - Multidão de pessoas; - Abusar demais; - Amanhecer o dia; - Exceder em muito; - Almirante da Marinha; - Preconceito intolerante; (Só existem almirantes na Marinha) - Medidas extremas de último caso; - Manter o mesmo time; - De comum acordo; 66 - Labaredas de fogo; - Erário público; (Os dicionarios ensinam que erário é o tesouro público, por isso, basta dizer somente erário) - Despesas com gastos; - Monopólio exclusivo; - Ganhar grátis; - Países do mundo; - Viúva do falecido; - Expectativas, planos ou perspectivas para o futuro. - Inovação recente; - Velha tradição; - Beco sem saída; - Discussão tensa; - Imprensa escrita; - Sua autobiografia; - Sorriso nos lábios; - Goteira no teto; - General do Exército; (Só existem generais no Exército) - Brigadeiro da Aeronáutica; (Só existem brigadeiros na Aeronáutica) 67 No português do Brasil, há acentuada tendência para o uso das formas obtidas pelo acréscimo de "-s". Observe que, quando paroxítonas, essas formas de plural não recebem acento gráfico. Destaque-se cânon, cujo plural é a forma cânones. Os substantivos terminados em "-x" são invariáveis; a indicação de número depende da concordância com algum determinante: o tórax/os tórax, um climax/alguns climax, uma (ou um) xerox/duas (ou dois) xerox... Existem alguns substantivos terminados em "-x" que apresentam formas variantes terminadas em "-ce"; nesses casos, deve-se utilizar a forma plural da variante: o cálix ou cálice/ os cálices, o códex ou códice/ os códices... Os diminutivos com o sufixo "-zinho" (e mais raramente "-zito”) fazem o plural da seguinte forma: o plural da palavra original sem o "s" + o plural do sufixo (-zinhos ou -zitos). Exemplos: botão + zinho (botõe + zinhos = botôezinhos) balão + zinho (balõe + zinhos = balõezinhos) pão + zinho (pãe + zinhos = pãezinhos) papel + zinho (papei + zinhos = papeizinhos) anzol + zinho (anzoi + zinhos = anzoizinhos) colar + zinho (colare + zinhos = colarezinhos) flor + zinha (flore + zinhas = florezinhas) Observações: No caso de diminutivos formados a partir de substantivos terminados em existe acentuada tendência na língua atual do Brasil para limitar-se o plural à terminação da forma derivada: colarzinho/colarzinhos, florzinha/florzinhas, mulherzinha/mulherzinhas. Essa forma de plural, no entanto, é repudiada pela norma culta. No caso das palavras luzinha e cruzinha, o sufixo para o diminutivo é "inho" (a letra "z" pertence à raiz da palavra). Não se aplica, portanto, a regra acima. Basta pôr a desinência “s": luzinhas e cruzinhas. Existem muitos substantivos cuja formação do plural não se manifesta apenas por meio de modificações morfológicas, mas também implica alteração fonológica. Nesses casos, ocorre um fenômeno chamado metafonia, ou seja, a mudança de som entre uma forma e outra. Trata-se da alternância do timbre da vogal, que é fechado na forma do singular e aberto na forma do plural. Observe os pares abaixo: 70 singular (0) - plural (6) aposto apostos caroço caroços corno cornos corpo corpos corvo corvos esforço esforços fogo fogos imposto impostos miolo miolos osso ossos poço poços porto portos povo povos socorro socorros forno fornos jogo jogos olho olhos ovo ovos porco porcos posto postos reforço reforços tijolo tijolos É importante que você atente na pronúncia culta desses plurais quando estiver utilizando a língua falada em situações formais. PLURAL DE PALAVRAS COMPOSTAS A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados ligadamente (sem hífen) Comportam-se como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés... Nesse sentido, para fazer o plural de uma palavra composta, é preciso antes verificar em que classe gramatical ela se encaixa. Basicamente, uma palavra composta pode ser um substantivo ou um adjetivo. No caso de "pombo-correio", por exemplo, temos um substantivo composto. Afinal, "pombo-correio" é nome de algo. Se é nome, é substantivo. O segundo passo é verificar a classe gramatical de cada elemento formador da palavra composta. No caso de "pombo-correio", tanto "pombo" quanto "correio" são substantivos. Dizem as gramáticas que, quando o segundo substantivo indica idéia de semelhança ou finalidade em relação ao primeiro, há duas possibilidades de plural: variam os dois ou varia só o primeiro. "Pombo-correio" se encaixa nesse caso. Um pombo-correio nada mais é do que "variedade de pombo que se utiliza para levar comunicações e correspondência", como n diz o próprio Aurélio. O segundo substantivo ("correio") indica finalidade em relação ao primeiro ("pombo"). Deduz-se, pois, que o plural de "pombo-correio" pode ser "pombos- correio" ou "pombos-correios”. Vejamos outros exemplos de substantivos compostos que se encaixam nesse caso: "carro- bomba", "homem-bomba", "público-alvo", "samba-enredo", "caminhão-tanque", "navio- escola", "couve-flor", "banana-maçã", "saia-balão" e tantos outros de estrutura semelhante (dois substantivos, com o segundo indicando semelhança ou finalidade em relação ao primeiro). Um carro-bomba, por exemplo, é um carro feito com a finalidade específica de explodir; assim como um homem-bomba é um indivíduo (normalmente um terrorista) que amarra explosivos em seu corpo com o mesmo fim. Um público-alvo é uma determinada parcela da população. Um samba-enredo é um samba feito para contar o enredo do desfile de uma escola. Uma couve-flor é uma couve semelhante a uma flor. A saia-balão é uma saia que lembra um balão. E por aí vai. Sendo assim, o plural de cada um desses substantivos compostos apresenta-se desta maneira: "carros-bomba" ou "carros-bombas", "homens-bomba" ou "homens-bombas", "públicos-alvo" ou "públicos-alvos", "sambas-enredo" ou "sambas-enredos", "caminhões-tanque" ou "caminhões-tanques", "navios-escola" ou "navios-escolas", "couves-flor" ou "couves-flores", no "bananas-maçã" ou "bananas-maçãs", "saias-balão" ou "saias-balões”. Convém aproveitar a ocasião para lembrar que, quando o segundo substantivo não indica semelhança ou finalidade em relação ao primeiro, só há uma possibilidade de plural: flexionam-se os dois elementos. E o que ocorre com "cirurgião-dentista", "tio-avô", "tia-avó", "tenente-coronel", "bicho-papão", "rainha-mãe", "decreto-lei" e tantos outros. Vamos ao plural: "cirurgiões-dentistas" (ou "cirurgiães-dentistas"), "tios-avôs" (ou "tios-avós"), "tias- nom no nom avós", "tenentes-coronéis", "bichos-papões", "rainhas-mães", "decretos-leis". Vejamos agora o caso de "cavalo-marinho". Trata-se de substantivo composto formado por um substantivo ("cavalo") e um adjetivo ("marinho"). Aqui não há segredo: variam os dois elementos. O plural, então, só pode ser "cavalos-marinhos". Esse princípio pode ser aplicado em relação a todos os substantivos compostos formados por duas palavras, das quais uma seja substantivo e a outra, um adjetivo ou numeral. Encaixam-se nesse caso muitas e muitas palavras. Veja algumas: obra-prima, primeira- dama, queixo-duro, primeiro-ministro, amor-perfeito, capitão-mor, cachorro-quente, boa-vida, curta-metragem, quarta-feira, sexta-feira, bóia-fria. O plural de todos esses compostos é feito com a flexão dos dois elementos: obras-primas, primeiras-damas, queixos-duros, primeiros- ministros, amores-perfeitos, capitães-mores, cachorros-quentes, boas-vidas, curtas- metragens, quartas-feiras, sextas-feiras, bóias-frias. Tome cuidado com o caso de compostos em que entram "grão" e "grã", como "grão-duque", "grá-fina", "grâ-fino", "grá-cruz". Só varia o segundo elemento: "grão-duques", "grá-finas", "grá-finos", "grã-cruzes". Merece destaque "terra-nova" (tipo de cão), que, segundo alguns 72 [DA A forma reduzida "extra" vem do adjetivo "extraordinário". Como "extra" significa "fora de", "extraordinário" significa "fora do ordinário", ou seja, fora do que é comum, normal, ordinário. Por ser grande, a palavra "extraordinário" não fugiu de um processo lingúístico implacável: a redução. Com isso, o prefixo passou a ter também o sentido do adjetivo. Nesse caso, sua flexão é normal, como a de um adjetivo qualquer: "hora extra", "horas extras". Em tempo: quando usado como prefixo, nada de flexioná-lo. O plural de "extra-oficial" é “extra-oficiais"; o de "extra-sístole" é "extra-sístoles". Embora não existam regras rígidas para o plural de siglas, é usual e perfeitamente aceitável o uso do "s": CDs, CEPs, IPVAs, IPTUSs, Ufirs... Cuidado, porém, quanto ao mau uso do apóstrofo. O apóstrofo, em português, é para indicar a omissão de fonema/letra: copo de água = copo d'água; galinha de Angola = galinha d'angola. Não se justifica, portanto, o uso do apóstrofo para indicar o acréscimo da desinência "s" para indicar o plural. [Ui "Reveses", com "s", é o plural de "revés", sinônimo de "insucesso", "derrota". Já "revezes" é a forma da segunda pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo "revezar", que se escreve com "z" porque é da mesma família de "vez". "Revezar" é produto de "re + vez + ar" e significa "substituir alternadamente": "Quero que tu te revezes com o Fernando na prova de natação." LM G JUR TA E Apesar da palavra "lilás" ser um substantivo (uma flor), ela empresta a tonalidade de sua cor para virar adjetivo que, pela regra geral, não iria para o plural, como em certos adjetivos compostos, onde o segundo elemento é um substantivo: "calças azul piscina", " vestidos amarelo- limão". No entanto, muitos dicionários dão como plural de lilás a forma "lilases". O mais interessante é que lilás pode ser também o plural de "lilá". Assim, podemos ter as seguintes combinações: no singular, "camisa lilá", "camisa lilás"; e no plural, "camisas lilás" e "camisas lilases”. 75 Assim também acontece com "gris" que, a princípio, é um animal (substantivo) que empresta a tonalidade da cor de seu pêlo (azul-acinzentado) para se tornar um adjetivo. Dessa forma, gris pode ser singular ou plural, tendo também a forma "grisses" como um segundo plural. Exemplo: "...e tudo nascerá mais belo, o verde faz do azul com o amarelo o elo com todas as cores para enfeitar amores gris (ou grises)" - verso da música NENHUM DIA, de Dijavan. ESPECIMEN Além do plural "espécimens", a palavra espécimen possui a forma "especímenes". Cuidado, entretanto, com a pronúncia dessas palavras. São todas proparoxítonas (a sílaba tônica é a antepenúltima) e consequentemente acentuadas, o que certamente ajuda a pronunciá-las corretamente. 76 XII. ORAÇÕES SUBORDINADAS Você já deve saber que período é uma frase organizada em orações. Já deve saber também que no período simples existe apenas uma oração, chamada "absoluta", e que no período composto existem duas ou mais orações. Essas orações podem se relacionar por meio de dois processos sintáticos diferentes: a subordinação e a coordenação . Na subordinação, um termo atua como determinante de um outro termo. Essa relação se verifica, por exemplo, entre um verbo e seus complementos: os complementos são determinantes do verbo, integrando sua significação. Conseguentemente, o objeto direto e o objeto indireto são termos subordinados ao verbo, que é o termo subordinante. Outros termos subordinados da oração são os adjuntos adnominais (subordinados ao nome que caracterizam) e os adjuntos adverbiais (subordinados geralmente a um verbo). No período composto, considera-se subordinada a oração que desempenha função de termo de outra oração, o que equivale a dizer que existem orações que atuam como determinantes de outras orações. Observe o seguinte exemplo: Percebeu que os homens se aproximavam. Esse período composto é formado por duas orações: a primeira estruturada em torno da forma verbal "percebeu"; a segunda, em torno da forma verbal "aproximavam". A análise da primeira oração permite constatar de imediato que seu verbo é transitivo direto (perceber algo). O complemento desse verbo é, no caso, a oração "que os homens se aproximavam" . Nesse período, a segunda oração funciona como objeto direto do verbo da primeira. Na verdade, o objeto direto de percebeu é "que os homens se aproximavam". A oração que cumpre papel de um termo sintático de outra é subordinada; a oração que tem um de seus termos na forma de oração subordinada é a principal. No caso do exemplo dado, a oração "Percebeu" é principal; "que os homens se aproximavam" é oração subordinada. Diz-se, então, que esse período é composto por subordinação. Ocorre coordenação quando termos de mesma função sintática são relacionados entre si. Nesse caso, não se estabelece uma hierarquia entre esses termos, pois eles são sintaticamente equivalentes. Observe: Brasileiros e portugueses devem agir como irmãos. Nessa oração, o sujeito composto "brasileiros e portugueses", adjetivos substantivados, apresenta dois núcleos coordenados entre si: os dois substantivos desempenham um mesmo papel sintático na oração. No período composto, a coordenação ocorre quando orações sintaticamente equivalentes se relacionam. Observe: Comprei o livro, li os poemas e fiz o trabalho. 7 uma forma verbal do modo indicativo ou do subjuntivo e que são introduzidas, na maior parte dos casos, por conjunção subordinativa ou pronome relativo. No segundo período, a oração subordinada "ser ela a mulher ideal" apresenta o verbo numa de suas formas nominais (no caso, infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa ou pronome relativo. Justamente por apresentar uma peça a menos em sua estrutura, essa oração é chamada de reduzida. As orações reduzidas apresentam o verbo numa de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e não apresentam conjunção ou pronome relativo (em alguns casos, são encabeçadas por preposições). Como você já viu, as orações subordinadas substantivas desempenham funções que no período simples normalmente são desempenhadas por substantivos. As orações substantivas podem atuar como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto. Por isso são chamadas, respectivamente, de subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas e apositivas. Essas orações podem ser desenvolvidas ou reduzidas. As desenvolvidas normalmente se ligam à oração principal por meio das conjunções subordinativas integrantes "que" e "se". As reduzidas apresentam verbo no infinitivo e podem ou não ser encabeçadas por preposição. SUBSTANTIVAS SUBJETIVAS As orações subordinadas substantivas subjetivas atuam como sujeito do verbo da oração principal. Exemplos: 1. E fundamental o seu comparecimento à reunião. 2. É fundamental que você compareça à reunião. 3. E fundamental você comparecer à reunião. O primeiro período é simples. Nele, "o seu comparecimento à reunião" é sujeito da forma verbal é. Na ordem direta é mais fácil constatar isso: "O seu comparecimento à reunião é fundamental". Nos outros dois períodos, que são compostos, a expressão "o seu comparecimento a reunião" foi transformada em oração ("que você compareça a reunião" e "você comparecer à reunião"). Nesses períodos, as orações destacadas são subjetivas, já que desempenham a função de sujeito da forma verbal "é". A oração "você comparecer à reunião", que não é introduzida por conjunção e tem o verbo no infinitivo, é reduzida. Quando ocorre oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração principal sempre fica na terceira pessoa do singular. As estruturas típicas da oração principal nesse caso são: 80 a) verbo de ligação + predicativo - é bom..., é conveniente... é melhor..., é claro..., está comprovado..., parece certo..., fica evidente..., etc. Observe os exemplos: E preciso que se adotem providências eficazes. Parece estar provado que soluções mágicas não funcionam. b) verbo na voz passiva sintética ou analítica - sabe-se..., soube-se..., comenta- se..., dir-se- ia..., foi anunciado..., foi dito..., etc. Exemplos: Sabe-se que o país carece de sistema de saúde digno. Foi dito que tudo seria resolvido por ele. c) verbos como convir, cumprir, acontecer, importar, ocorrer, suceder, parecer, constar, urgir, conjugados na terceira pessoa do singular. Exemplos: Convém que você fique. Consta que ninguém se interessou pelo cargo. Parece ser ela a pessoa indicada. Muitos autores consideram que o relativo "quem" deve ser desdobrado em "aquele que”. Tem-se, assim, um relativo (que), que introduz oração adjetiva. Outros autores preferem entender que "Quem usa drogas" é o efetivo sujeito de experimenta. Esta nos parece a melhor solução. OBJETIVAS DIRETAS As orações subordinadas substantivas objetivas diretas atuam como objeto direto do verbo da oração principal. Exemplos: Todos querem que você compareça. Suponho ser o Brasil o país de pior distribuição de renda no mundo. Nas frases interrogativas indiretas, as orações subordinadas substantivas objetivas diretas podem ser introduzidas pela conjunção subordinativa integrante "se" e por pronomes ou advérbios interrogativos. Exemplos: Ninguém sabe / se ela aceitará a proposta. / como a máquina funciona. / onde fica o teatro. / quanto custa o remédio. / quando entra em vigor a nova lei. / qual é o assunto da palestra. 81 Com os verbos "deixar, mandar, fazer" (chamados auxiliares causativos) e "ver, sentir, ouvir, perceber" (chamados auxiliares sensitivos) ocorre um tipo interessante de oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Exemplos: Deixe-ME REPOUSAR. Mandei-OS SAIR. Ouvi-O GRITAR. Nesses casos, as orações destacadas são todas objetivas diretas reduzidas de infinitivo. E, o que é mais interessante, os pronomes oblíquos atuam todos como sujeitos dos infinitivos verbais. Essa é a única situação da língua portuguesa em que um pronome oblíquo pode atuar como sujeito. Para perceber melhor o que ocorre, convém transformar as orações reduzidas em orações desenvolvidas: Deixe que eu repouse. Mandei que eles saíssem. Ouvi que ele gritava. Nas orações desenvolvidas, os pronomes oblíquos foram substituídos pelas formas retas correspondentes. E fácil perceber agora que se trata, efetivamente, dos sujeitos das formas verbais das orações subordinadas. OBJETIVAS INDIRETAS As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas atuam como objeto indireto do verbo da oração principal. Exemplos: Duvido de que esse prefeito dê prioridade às questões sociais. Lembre-se de comprar todos os remédios. [COMPLETIVAS NOMINAIS As orações subordinadas substantivas completivas nominais atuam como complemento de um nome da oração principal. Exemplos: Levo a leve impressão de que já vou tarde. Tenho a impressão de estar sempre no mesmo lugar. Observe que as objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto as completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome. Nos exemplos dados acima, as orações subordinadas complementam o nome impressão. 82 Com a vírgula, a oração "que mora na Itália" não restringe. Deixa de ser restritiva e passa a ser explicativa. Nosso amigo só tem uma irmã, e ela mora na Itália. Veja outro caso: "A empresa tem cem funcionários que moram em Campinas". O que acontece quando se coloca vírgula depois de "funcionários"? Muda tudo. Sem a vírgula, a empresa tem mais de cem funcionários, dos quais cem moram em Campinas. Com a vírgula depois de "funcionários", a empresa passa a ter exatamente cem funcionários, e todos moram em Campinas. Uma oração subordinada adverbial exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Exemplos: Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida. Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida. No primeiro período, "naquele momento" é um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal senti. No segundo período, esse papel é exercido pela oração "Quando vi o mar", que é, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, já que é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (vi, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo algo como: Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida. "Ao ver o mar" é uma oração reduzida porque apresenta uma das formas nominais do verbo (ver é infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (a, combinada com o artigo 0). Se você já estudou os adjuntos adverbiais, você viu que sua classificação é feita com base nas circunstâncias que exprimem. Com as orações subordinadas adverbiais ocorre a mesma coisa. A diferença fica por conta da quantidade: há apenas nove tipos de orações subordinadas adverbiais, enquanto os adjuntos adverbiais são pelo menos quinze. As orações adverbiais adquirem grande importância para a articulação adequada de idéias e fatos e por isso são fundamentais num texto dissertativo. Você terá agora um estudo pormenorizado das circunstâncias expressas pelas orações subordinadas adverbiais. E importante compreender bem essas circunstâncias e observar atentamente as conjunções e locuções conjuntivas utilizadas em cada caso. 85 CAUSA A idéia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato. As orações subordinadas adverbiais que exprimem causa são chamadas causais. A conjunção subordinativa mais utilizada para a expressão dessa circunstância é "porque". Outras conjunções e locuções conjuntivas muito utilizadas são "como" (sempre introduzindo oração adverbial causal anteposta à principal), "pois", "já que", "uma vez que", "visto que”. Exemplos: As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve outra alternativa a não ser cancelá-lo. Já que você não vai, eu não vou. Por ter muito conhecimento (= Porque/Como tem muito conhecimento), é sempre consultado. (reduzida de infinitivo) A idéia de conseguência está ligada àquilo que é provocado por um determinado fato. As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem o efeito, a consequência daquilo que se declara na oração principal. Essa circunstância é normalmente introduzida pela conjunção "que", quase sempre precedida, na oração principal, de termos intensivos, como "tão, tal, tanto, tamanho". Exemplos: A chuva foi tão forte que em poucos minutos as ruas ficaram alagadas. Tal era sua indignação que imediatamente se uniu aos manifestantes. Sua fome era tanta que comeu com casca e tudo. Condição é aquilo que se impõe como necessário para a realização ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. A conjunção mais utilizada para introduzir essas orações é "se"; além dela, podem-se utilizar "caso, contanto que, desde que, salvo se, exceto se, a menos que, sem que, uma vez que" (seguida do verbo no subjuntivo). Exemplos: Uma vez que você aceite a proposta, assinaremos o contrato. Caso você se case, convide-me para a festa. Não saia sem que eu permita. Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente o melhor time será o campeão. 86 CONCESSÃO A idéia de concessão está diretamente ligada à idéia de contraste, de quebra de expectativa. De fato, quando se faz uma concessão, não se faz o que é esperado, o que é normal. As orações adverbiais que exprimem concessão são chamadas concessivas. A conjunção mais empregada para expressar essa relação é "embora"; além dela, podem ser usadas a conjunção "conquanto" e as locuções "ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, apesar de que”. Exemplos: Embora fizesse calor; levei agasalho. Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da população continua à margem do mercado de consumo. Foi aprovado sem estudar ( = sem que estudasse / embora não estudasse). (reduzida de infinitivo) COMPARAÇÃO) As orações subordinadas adverbiais comparativas contêm fato ou ser comparado a fato ou ser mencionado na oração principal. A conjunção mais empregada para expressar comparação é "como"; além dela, utilizam-se com muita frequência as estruturas que formam o grau comparativo dos adjetivos e dos advérbios: "tão... como" (quanto), "mais (do) que", "menos (do) que”. Exemplos: Ele dorme como um urso (dorme). Sua sensibilidade é tão afinada quanto sua inteligência (é). Como se pode perceber nos exemplos acima, é comum a omissão do verbo nas orações subordinadas adverbiais comparativas. Isso só não ocorre quando se comparam ações diferentes ("Ela fala mais do que faz." - nesse caso, compara-se o falar e o fazer). CONFORMIDADE As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam idéia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um caminho, um modelo adotado para a execução do que se declara na oração principal. A conjunção típica para exprimir essa circunstância é "conforme"; além dela, utilizam-se "como, consoante e segundo" (todas com o mesmo valor de conforme). Exemplos: Fiz o bolo conforme ensina a receita. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos iguais. Segundo atesta recente relatório do Banco Mundial, o Brasil é o campeão mundial de má distribuição de renda. 87 XIV. ORTOEPIA E PROSÓDIA Ortoepia trata da correta pronúncia das palavras. Exemplo: "advogado", e não "adevogado" (o d é mudo). Prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras. Exemplo: "rubrica" (palavra paroxítona), e não "rúbrica" (palavra proparoxitona). Dessa forma, segue abaixo uma lista das principais palavras que normalmente apresentam dúvidas quanto à sua pronúncia e tonicidade corretas. ACRÓBATA / ACROBATA: esta palavra, COMO MUITAS OUTRAS DE NOSSA LÍNGUA, admite as duas pronúncias: acróbata, com ênfase na sílaba "cró", ou acrobata, com força na sílaba "ba". Também é indiferente dizer Oceânia ou Oceania, transístor ou transistor (com força na sílaba "tor", com o "ô" fechado). ALGOZ (carrasco): palavra oxítona, cuja pronúncia do "o" deve ser fechada (algôz, = arroz). AUTÓPSIA / NECROPSIA: apesar de autópsia ter como vogal tônica o "6", a forma necropsia, que possui o mesmo significado, deve ser pronunciada com ênfase no "i". AZÁLEA / AZALÉIA: segundo os melhores dicionários, estas duas formas são aceitáveis; AVARO (indivíduo muito apegado ao dinheiro): deve ser pronunciada como paroxítona (acento tônico na sílaba va), e por terminar em "o", não deve ser acentuada. BIOTIPO: o Dicionário Novo Aurélio - Século XXI apresenta o termo "biótipo" (proparoxitono/acentuado), mas faz referência a "biotipo" (palavra paroxítona) por ser a pronúncia corrente no Brasil. Já o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa registra tanto a palavra biótipo quanto a palavra biotipo . BOÊMIA: de origem francesa, relativa à cidade de Boéme, esta palavra tem sua sílaba forte no "ê", e não no "mi". CARÁTER: paroxítona que apresenta o plural caracteres, tendo o acréscimo da letra c, e o deslocamento do acento tônico da sílaba ra para a sílaba te, sem o emprego de acento gráfico. CATETER, MISTER e URETER: Todas possuindo sua acentuação tônica na última sílaba (tér), sendo assim oxítonas. 90 CHICLETE / CHOPE / CLIPE / DROPE: quando se referindo a uma só unidade de cada um destes produtos, deve-se falar "um chiclete, um chope, um clipe, um drope", e não "um chicletes, um chopes, um clipes, um dropes". Existe, ainda, a variante "chiclé" (um chiclé, dois chiclés). CUPIDO e CÚPIDO: a primeira forma (paroxítona e sem acento) significa o deus alado do amor; a segunda (proparoxítona) tem o sentido de ávido de dinheiro, ambicioso, também pode ser usada como possuído de desejos amorosos. EXTINGUIR: a sílaba "guir" desta palavra deve ser pronunciada como nas palavras "perseguir", "seguir", "conseguir". Isso também vale para "distinguir". FLUIDO: pronuncia-se como a forma verbal "cuido", verbo cuidar (com força no u). Assim também GRATUITO, CIRCUITO, INTUITO, fortuito. No entanto, o partiçipio do verbo fluir é "fluído", acontecendo aqui um hiato, onde a vogal tônica agora passa a ser o "í". IBERO: Pronuncia-se como paroxiítona (ênfase na sílaba BE, IBÉRO). INEXORÁVEL (= austero, rígido, inabalável...): esse "x" lê-se como os de exemplo, exame, exato, exercício, isto é, com o som de "z". LÁTEX: tendo seu acento tônico na penúltima sílaba e terminando com a letra x, é uma palavra paroxítona, e como tal deve ser pronunciada e acentuada. MAQUINARIA: o acento tônico deve recair na sílava "ri", e não sobre a sílaba "na" NÉON: muitos dicionários apresentam esta palavra como paroxítona, sendo acentuada por terminar em "n"; no entanto, o dicionário Michaelis Melhoramentos, recentemente editado, traz as duas grafias: néon (paroxítona) e neon (oxítona). NOVEL e NOBEL: palavras oxítonas que não devem ser acentuadas. OBESO: palavra paroxítona que deve ser pronunciada com o "e" aberto (obéso). Também são abertos o "e" de outras paroxítonas como "coeso" (coéso), "obsoleto" (obsoléto), o "o" de "dolo" (dólo), o "e" de "extra" (éxtra) e o "e" de "blefe" (bléfe). Apresentam-se, porém, fechados o "e" de "nesga" (nêsga), o de "destro" (dêstro), e o "o" "torpe" (tôrpe). OPTAR: ao se conjugar este verbo na 1? pessoa do singular do presente do indicativo, deve- se pronunciar "ópto", e não "opito". Assim também em relação às formas verbais "capto, adapto, rapto" - todas com força na sílaba que vem antes do "p". PROJÉTIL / PROJETIL: ambas as formas têm o mesmo significado, apesar de a primeira ser paroxítona e a segunda oxítona. Plurais: PROJETEIS / PROJETIS. PUDICO (aquele que tem pudor, envergonhado): palavra paroxítona (ênfase na sílaba "di"). 91 RECORDE: deve ser pronunciada como paroxítona (recórde). RÉPTIL / REPTIL: mesmo caso da palavra PROJÉTIL. Plurais. RÉPTEIS / REPTIS. RUBRICA: palavra paroxítona, e não proparoxítona como se costuma pensar (ênfase na sílaba "bri"). RUIM: palavra oxítona (ruím). RUPIA / RÚPIA: a primeira forma se refere à moeda utilizada na Indonésia (força no "i") e a segunda é relativa a uma planta aquática (com ênfase no "ú"). SUBSÍDIOS: a pronúncia correta é com som de "ss", e não "z" (subssídios). SUTIL e SÚTIL: a primeira forma, sendo oxítona, significa "tênue, delicado, hábil"; a segunda, paroxítona, significa "tudo aquilo que é composto de pedaços costurados". TÓXICO: pronuncia-se com o som de "ks" = tóksico. 92 CARTUCHO: canudo de papel, de plástico, ou de metal; CARTUXO: pertencente à Cartuxa, ordem religiosa fundada por São Bruno. CAVALEIRO: aquele que anda a cavalo; CAVALHEIRO: homem de boas maneiras. CEGAR: tirar a visão de; SEGAR: ceifar, cortar. CELA: aposento de religiosos ou de prisioneiros; SELA: arreio de cavalo, 3º p. s., pres. ind., v. selar. CELEIRO: depósito de provisões; SELEIRO: fabricante de selas. CENÁRIO: decoração de teatro; SENÁRIO: que consta de seis unidades. CENSO: recensseamento; SENSO: juízo claro. CENSUAL: relativo ao censo; SENSUAL: relativo aos sentidos. CÉ(PJTICO: que ou quem duvida; SE(PÍTICO: que causa infecção. CERRAÇÃO: nevoeiro espesso; SERRAÇÃO: ato de serrar. CERRAR: echar; SERRAR: cortar. CERVO: veado; SERVO: servente, escravo. CESSAÇÃO: ato de cessar (interromper); SESSAÇÃO: ato de sessar (peneirar). CESTA: utensílio geralmente de palha para se guardar coisas; SESTA: hora de descanço, normalmente após o almoço; SEXTA: ordinal feminino de seis. CHÁCARA: quinta, sítio; XACARA: narrativa popular em versos. 95 CHALÉ: XALE; COCHA: COLCHA: COXA: CICLO: SICLO: CILÍCIO: SILÍCIO: CINTO: SINTO: CÍRIO: SÍRIO: COCHO: COXO: COMPRIDO: CUMPRIDO: COMPRIMENTO: CUMPRIMENTO: CONCELHO: CONSELHO: CONCERTO: CONSERTO: CORINGA: CURINGA: CORÇO: CORSO: COSER: COZER: casa campestre de estilo suíço; cobertura para os ombros. gamela; cobertura em tecido para cama; parte da perna. período; moeda judaica. cinto ou cordão de pêlo ou Lã áspera para penitências; elemento químico. correia em couro para prender as calças à cintura; 12 pessoa do singular do presente do indicativo do verbo sentir. vela grande de cêra; relativo à Síria. vasilha feita com tronco de madeira escavada; pessoa que manca. longo; particípio passado do verbo CUMPRIR. uma das medidas de extensão (+ largura e altura); ato de cumprimentar alguém, saudação, ou de cumprir algo. jurisdição administrativa, município; opinião, parecer, reunião coletiva superior, tribunal. apresentação ou obra musical, entrar em acordo (do verbo concertar*); ato ou efeito de consertar, reparar algo que está danificado. tipo de vela que se coloca em algumas embarcações; carta que muda de valor segundo a combinação que o parceiro tem em mão. cabrito selvagem; natural da Córsega, desfile de carros ou carruagens. costurar; cozinhar. 96 DECENTE: DESCENTE: DISCENTE: DOCENTE: DECERTAR: DISSERTAR: DEFERIMENTO: DIFERIMENTO: DEGRADADO: DEGREDADO: DELATAR: DILATAR: DESCRIÇÃO: DISCRIÇÃO: DESCRIMINAR: DISCRIMINAR: DESMITIFICAR: DESMISTIFICAR: DESPENSA: DISPENSA: DESTRATAR: DISTRATAR: EMERGIR: IMERGIR: EMIGRANTE: IMIGRANTE: decoroso, limpo; que desce, vazante; relativo a alunos; relativo a professores. lutar, pelejar; discorrer. concessão, atendimento; adiamento. (Assim também: DEFERIR = CONCEDER; DIFERIR = ADIAR, DIVERGIR.) que está aviltado, diminuído (degradação); aquele que está no degredo, exilado. denunciar (delação); retardar, adiar (dilação). ato de descrever, tipo de redação, exposição; reserva ao falar, qualidade daquele que é discreto, prudência. inocentar, absolver (DESCRIMINAÇÃO); distinguir, diferenciar, separar (DISCRIMINAÇÃO). fazer cessar a mitificação (A CONVERSÃO EM mito) existente a respeito de pessoa ou coisa; livrar ou tirar da mistificação (engano, burla, abuso da credulidade). compartimento para se guardar alimentos; demissão. insultar; romper um trato, desfazer um contrato. (Obs. Quando um contrato é rompido, o documento que se assina chama-se DISTRATO.) vir à tona, subir; mergulhar, descer. pessoa que sai do próprio país (EMIGRAR, EMIGRAÇÃO); º pessoa que entra num país estrangeiro (IMIGRAR, IMIGRAÇÃO). 97
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